Capítulo 1
- Não consigo mais. – falou e me deu as costas para entrar em casa.
- Você está desistindo de tudo? – perguntei e ela virou-se para mim novamente.
- Isso não vai nos levar a lugar nenhum. Do que adianta insistir no erro?
- Você está falando igual à sua família.
- Talvez seja porque eu pertença a essa família.
- Você está brincando, né? Diz que isso é uma brincadeira.
- Não é, . E não torne as coisas mais difíceis, por favor.
- No que você se tornou? – perguntei depois de um longo tempo – O que fizeram com aquela garota que eu estava acostumado a estar todos os dias? Cadê a minha menina? É ridículo perceber que eu nunca te conheci de verdade, . Você é simplesmente uma estranha, alguém que eu já pensei que conhecia... É simplesmente uma .
- ...
- Você largou a linha, não tem motivo nenhum para eu permanecer aqui. Você fez sua escolha e nem se importou comigo. Talvez não tenha o direito de falar mais nada.
Virei-me e saí, deixando-a sozinha na porta da sua casa. Era absurda a angústia que eu estava sentindo.
The Smiths tocava no último volume enquanto eu estava jogada na minha cama bagunçada.
Puta merda, eu queria que ele estivesse aqui.
Puta merda, eu não queria ir para a universidade amanhã.
As batidas na minha janela começaram e eu quase pulei da cama; era ele que estava ali. Assim que abri, imediatamente seus braços me envolveram.
- The Simths, querida?
- A melhor banda de corações partidos. – respondi e ele passou as mãos pelos seus cabelos cor de mel que estavam bagunçados. – Você é um fodido, sabia?
- Era a melhor forma. – respondeu e deitou-se na cama. Deitei ao seu lado e ele passou os dedos pelos meus cabelos. – Brian escutou?
- Era incrível como meu pai não conseguia parar de sorrir. Minha mãe só me mandou vir pro quarto e deitar. Você sabe, amanhã é dia de Yale.
- Vamos nos encontrar lá daqui a uma semana, querida.
- Eu sei, eu sei. Mas nós não temos culpa de nada disso, . Não temos culpa das brigas das nossas famílias, a culpa não é nossa. – falei e ele me abraçou forte.
- Já parou para pensar que nós somos iguais àquela história de Shakespeare?
- Romeu e Julieta? – perguntei e ele concordou. – Não fala isso, . Eles são uma tragédia e nós somos tudo, menos uma tragédia.
sorriu concordando e selou nossos lábios, mas fomos interrompidos pelas batidas na porta. Apontei para o banheiro e rapidamente entrou ali. Levantei-me da cama e abri a porta. Era meu pai.
Era o pai dela. Cara mais filho da puta que Brian não tinha. Fez com que escolhesse a universidade mais distante da cidade, pensando que iria nos separar. Mas ele não contava que eu tinha sido chamado para a mesma universidade. Não só ele, mas minha família também não tinha a mínima ideia de qual universidade eu escolhera. Nossas famílias eram as mais ricas da região e eram rivais desde antes de e eu sermos planejados; todos falavam que essa rivalidade era passada de geração para geração e eles nunca aceitariam sangue de misturado com o de . Nunca.
- O que foi, pai?
- Você está com alguém aqui?
- Estou com quatro caras. The Smiths, não está escutando?
- Eu pensei que aquele garoto estivesse aqui.
- Pensou errado. Nós terminamos, lembra?
- Melhor coisa que você já fez...
- Tá pai, agora eu quero dormir. Tchau. – respondeu e, logo após isso, escutei a porta se fechar. Saí do banheiro e a abracei forte, sentindo suas lágrimas molharem minha blusa. – Eu não aguento mais isso. Se eu pudesse nascer de novo, nunca teria escolhido nascer com esse sobrenome.
- Você quer sair daqui?
- Eu tenho que acordar cedo, lembra?
- Eu venho te deixar antes das nove.
- Somente porque nós só vamos nos ver daqui a uma semana.
dirigia rapidamente pelas ruazinhas da cidade, até que paramos em frente a uma casa pequena cercada por jardins e de costas para o riacho.
- Era da minha tia avó. Minha avó conta que ela morreu cedo.
- Deve ser legal aqui.
- Venho aqui às vezes, é um bom lugar para pensar. – respondeu e passou o braço por meus ombros, pegou a chave do bolso e abriu a porta. A casa era linda. Objetos antigos faziam parte da decoração, além dos diversos quadros de músicos, filmes e dos atores da década de 50 que enfeitavam a parede.
- Olha, amor, é o James Dean. – falei animada ao apontar para o quadro de um dos meus cineastas favoritos.
- Que filme esse cara fez?
- Deixa para lá. Mas sabia que seus olhos me lembram os dele?
- O que muda, querida, é que os meus são mais bonitos.
- Idiota. – respondi e ele me puxou para sentar entre suas pernas no grande sofá verde que tinha ali. – Sabe, , às vezes eu queria que tudo fosse diferente.
- Diferente como?
- Que nós não morássemos em uma cidade pequena, que nossas famílias não fossem rivais. Mas, tipo, agora vamos para Yale e toda essa merda vai acabar.
- Você quer casar comigo?
- Está louco? Como nós vamos casar?
- Aqui e agora. Nenhum de nossos pais abençoaria mesmo...
- Aceito. – cortei-o e ele se levantou do sofá, me levantando em seguida. conduziu-me até o quintal da casa onde tinha algo como um píer. Sentei ali e antes dele se sentar à minha frente, pegou uma rosa e colocou-a atrás da minha orelha.
- , você aceita ser minha esposa? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?
- Aceito. – respondeu e meu corpo encheu-se de paz. Nós éramos um do outro e absolutamente nada mudaria isso. – , você aceita ser meu marido? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?
- Sim. – respondi e ela deu o sorriso mais lindo que pude ver, eu queria registrar aquela cena e ficar com ela para sempre.
- Até que a morte nos separe.
- Não, querida. A morte não vai ser suficiente para acabar com nós dois.
- E que os anjos digam amém.
- Eles estão dizendo. Estão mesmo. – respondi e selei nossos lábios. Suas mãos passavam ora nos meus cabelos, ora em minha nuca, disparando todos os meus sentidos. deitou no tablado e eu fiquei por cima dela, a beijando por toda a pele exposta que a blusa azul permitia. Em poucos minutos nossas roupas já estavam bem longe de nossos corpos.
- Eu amo você.
- Eu também te amo, senhora .
sorriu e depositou um beijo em meu pescoço, pressionou as unhas nas minhas costas e, naquele momento, nós pertencíamos um ao outro, de corpo e alma.
Acordamos cedo. Às sete, e eu já estávamos na sacada da minha janela.
- Cuidado, ok? Daqui a uma semana eu vou estar lá.
- Vai dar tudo certo, meu anjo. Tenho que ir agora, daqui a pouco meus pais acordam. – falei e ele riu ao me abraçar. – Quero que fique com isso.
- Sua pedra de Ahava.
- Fique com ela. – respondi e beijou minha testa, me abraçando mais forte.
- Eu amo você.
- Eu também te amo. – me deu um rápido beijo e em minutos já estava descendo a árvore, entrei no quarto quando o vi dobrar a esquina.
O tempo parecia passar mais rápido do que o normal. As nove em ponto, Jeff chegou para me buscar, colocou as malas no carro e, pela primeira vez, eu me sentia livre.
- Ansiosa, senhorita ? – Jeff perguntou-me ao me olhar pelo retrovisor, abaixando rapidamente para ligar o radio.
- Agora eu sou um anjo livre. – falei ao passar o dedo pela pulseira com o pingente de um anjo que havia me dado há algum tempo.
Tudo foi rápido demais. Jeff não teve tempo de frear e eu não tive nem tempo de gritar. O sorriso ainda estampava o meu rosto. Antes de ficar inconsciente, eu era embalada por nossa música, sua imagem dava vida ao meu cérebro e, naquele momento, eu só tinha uma certeza, a que eu amava mais do que qualquer coisa nesse mundo.
- Você está desistindo de tudo? – perguntei e ela virou-se para mim novamente.
- Isso não vai nos levar a lugar nenhum. Do que adianta insistir no erro?
- Você está falando igual à sua família.
- Talvez seja porque eu pertença a essa família.
- Você está brincando, né? Diz que isso é uma brincadeira.
- Não é, . E não torne as coisas mais difíceis, por favor.
- No que você se tornou? – perguntei depois de um longo tempo – O que fizeram com aquela garota que eu estava acostumado a estar todos os dias? Cadê a minha menina? É ridículo perceber que eu nunca te conheci de verdade, . Você é simplesmente uma estranha, alguém que eu já pensei que conhecia... É simplesmente uma .
- ...
- Você largou a linha, não tem motivo nenhum para eu permanecer aqui. Você fez sua escolha e nem se importou comigo. Talvez não tenha o direito de falar mais nada.
Virei-me e saí, deixando-a sozinha na porta da sua casa. Era absurda a angústia que eu estava sentindo.
The Smiths tocava no último volume enquanto eu estava jogada na minha cama bagunçada.
Puta merda, eu queria que ele estivesse aqui.
Puta merda, eu não queria ir para a universidade amanhã.
As batidas na minha janela começaram e eu quase pulei da cama; era ele que estava ali. Assim que abri, imediatamente seus braços me envolveram.
- The Simths, querida?
- A melhor banda de corações partidos. – respondi e ele passou as mãos pelos seus cabelos cor de mel que estavam bagunçados. – Você é um fodido, sabia?
- Era a melhor forma. – respondeu e deitou-se na cama. Deitei ao seu lado e ele passou os dedos pelos meus cabelos. – Brian escutou?
- Era incrível como meu pai não conseguia parar de sorrir. Minha mãe só me mandou vir pro quarto e deitar. Você sabe, amanhã é dia de Yale.
- Vamos nos encontrar lá daqui a uma semana, querida.
- Eu sei, eu sei. Mas nós não temos culpa de nada disso, . Não temos culpa das brigas das nossas famílias, a culpa não é nossa. – falei e ele me abraçou forte.
- Já parou para pensar que nós somos iguais àquela história de Shakespeare?
- Romeu e Julieta? – perguntei e ele concordou. – Não fala isso, . Eles são uma tragédia e nós somos tudo, menos uma tragédia.
sorriu concordando e selou nossos lábios, mas fomos interrompidos pelas batidas na porta. Apontei para o banheiro e rapidamente entrou ali. Levantei-me da cama e abri a porta. Era meu pai.
Era o pai dela. Cara mais filho da puta que Brian não tinha. Fez com que escolhesse a universidade mais distante da cidade, pensando que iria nos separar. Mas ele não contava que eu tinha sido chamado para a mesma universidade. Não só ele, mas minha família também não tinha a mínima ideia de qual universidade eu escolhera. Nossas famílias eram as mais ricas da região e eram rivais desde antes de e eu sermos planejados; todos falavam que essa rivalidade era passada de geração para geração e eles nunca aceitariam sangue de misturado com o de . Nunca.
- O que foi, pai?
- Você está com alguém aqui?
- Estou com quatro caras. The Smiths, não está escutando?
- Eu pensei que aquele garoto estivesse aqui.
- Pensou errado. Nós terminamos, lembra?
- Melhor coisa que você já fez...
- Tá pai, agora eu quero dormir. Tchau. – respondeu e, logo após isso, escutei a porta se fechar. Saí do banheiro e a abracei forte, sentindo suas lágrimas molharem minha blusa. – Eu não aguento mais isso. Se eu pudesse nascer de novo, nunca teria escolhido nascer com esse sobrenome.
- Você quer sair daqui?
- Eu tenho que acordar cedo, lembra?
- Eu venho te deixar antes das nove.
- Somente porque nós só vamos nos ver daqui a uma semana.
dirigia rapidamente pelas ruazinhas da cidade, até que paramos em frente a uma casa pequena cercada por jardins e de costas para o riacho.
- Era da minha tia avó. Minha avó conta que ela morreu cedo.
- Deve ser legal aqui.
- Venho aqui às vezes, é um bom lugar para pensar. – respondeu e passou o braço por meus ombros, pegou a chave do bolso e abriu a porta. A casa era linda. Objetos antigos faziam parte da decoração, além dos diversos quadros de músicos, filmes e dos atores da década de 50 que enfeitavam a parede.
- Olha, amor, é o James Dean. – falei animada ao apontar para o quadro de um dos meus cineastas favoritos.
- Que filme esse cara fez?
- Deixa para lá. Mas sabia que seus olhos me lembram os dele?
- O que muda, querida, é que os meus são mais bonitos.
- Idiota. – respondi e ele me puxou para sentar entre suas pernas no grande sofá verde que tinha ali. – Sabe, , às vezes eu queria que tudo fosse diferente.
- Diferente como?
- Que nós não morássemos em uma cidade pequena, que nossas famílias não fossem rivais. Mas, tipo, agora vamos para Yale e toda essa merda vai acabar.
- Você quer casar comigo?
- Está louco? Como nós vamos casar?
- Aqui e agora. Nenhum de nossos pais abençoaria mesmo...
- Aceito. – cortei-o e ele se levantou do sofá, me levantando em seguida. conduziu-me até o quintal da casa onde tinha algo como um píer. Sentei ali e antes dele se sentar à minha frente, pegou uma rosa e colocou-a atrás da minha orelha.
- , você aceita ser minha esposa? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?
- Aceito. – respondeu e meu corpo encheu-se de paz. Nós éramos um do outro e absolutamente nada mudaria isso. – , você aceita ser meu marido? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença?
- Sim. – respondi e ela deu o sorriso mais lindo que pude ver, eu queria registrar aquela cena e ficar com ela para sempre.
- Até que a morte nos separe.
- Não, querida. A morte não vai ser suficiente para acabar com nós dois.
- E que os anjos digam amém.
- Eles estão dizendo. Estão mesmo. – respondi e selei nossos lábios. Suas mãos passavam ora nos meus cabelos, ora em minha nuca, disparando todos os meus sentidos. deitou no tablado e eu fiquei por cima dela, a beijando por toda a pele exposta que a blusa azul permitia. Em poucos minutos nossas roupas já estavam bem longe de nossos corpos.
- Eu amo você.
- Eu também te amo, senhora .
sorriu e depositou um beijo em meu pescoço, pressionou as unhas nas minhas costas e, naquele momento, nós pertencíamos um ao outro, de corpo e alma.
Acordamos cedo. Às sete, e eu já estávamos na sacada da minha janela.
- Cuidado, ok? Daqui a uma semana eu vou estar lá.
- Vai dar tudo certo, meu anjo. Tenho que ir agora, daqui a pouco meus pais acordam. – falei e ele riu ao me abraçar. – Quero que fique com isso.
- Sua pedra de Ahava.
- Fique com ela. – respondi e beijou minha testa, me abraçando mais forte.
- Eu amo você.
- Eu também te amo. – me deu um rápido beijo e em minutos já estava descendo a árvore, entrei no quarto quando o vi dobrar a esquina.
O tempo parecia passar mais rápido do que o normal. As nove em ponto, Jeff chegou para me buscar, colocou as malas no carro e, pela primeira vez, eu me sentia livre.
- Ansiosa, senhorita ? – Jeff perguntou-me ao me olhar pelo retrovisor, abaixando rapidamente para ligar o radio.
- Agora eu sou um anjo livre. – falei ao passar o dedo pela pulseira com o pingente de um anjo que havia me dado há algum tempo.
Tudo foi rápido demais. Jeff não teve tempo de frear e eu não tive nem tempo de gritar. O sorriso ainda estampava o meu rosto. Antes de ficar inconsciente, eu era embalada por nossa música, sua imagem dava vida ao meu cérebro e, naquele momento, eu só tinha uma certeza, a que eu amava mais do que qualquer coisa nesse mundo.
Capítulo 2
Acordei num pulo. Meu coração estava acelerado e eu suava frio. Aquele tinha sido o pior pesadelo de toda a minha vida.
estava coberta de sangue, completamente inconsciente, mas ela sorria e o único som que eu escutava era a melodia da nossa música.
“If I could just see you everything would be all right, If I had seen you, this darkness would turn to light.”
Aquela música nunca me soou tão ruim. E aquele sorriso nunca me pareceu tão perturbador.
- ! ! ! – reconheci a voz de , meu primo e colega de sala da minha namorada. Abri a porta e ele quase me empurrou para dentro.
- O que aconteceu, cara?
- Acho melhor você sentar...
- O que você aprontou dessa vez? Cara, delegacia de novo?
- , a ...
- O que tem a , ?
- Ela...
- Fala, caralho! – gritei e o sacudi pelos ombros. – , o que aconteceu com a minha namorada?
- , se acalma.
- Eu não quero me acalmar, porra! – gritei e ele passou as mãos pelos cabelos, nervoso. – Quer saber? Eu vou ligara para ela. – peguei o telefone, apertei rapidamente a discagem rápida e começou a chamar.
- Ela não vai te atender. Ela sofreu um acidente, cara. Ela está em uma sala de cirurgia. – falou ao mesmo tempo em que a voz dela avisava que a ligação iria para a caixa postal.
Se o misto de desespero e dor tivesse nome, juro que seria .
Meu primo gritava como se facas o estivessem perfurando e chorava como um bebê abandonado, sozinho, sem nenhuma chance de vida.
- Eu preciso vê-la! – gritou ao descer as escadas da casa da família desesperadamente. – Eu preciso dela, !
- Eu vou levar você. – falei e nós saímos da casa. Dirigi até o hospital e, antes que eu pudesse estacionar, se jogou, entrando ali correndo. gritava com as atendentes, que o olhavam assustadas, como se estivessem com medo dele fazer alguma loucura.
- Você não pode vê-la.
- Eu não posso? Ela é minha namorada e, se estou falando que vou vê-la, é porque vou.
saiu correndo pelos corredores e eu o seguia, até que ele parou na frente do centro cirúrgico. Naquele corredor existiam rostos conhecidos. Eles nos olhavam assustados, e eu não sabia se era por carregarmos no sobrenome ou se era pela situação de . Antes que a família se manifestasse pela nossa presença, a porta abriu-se e três enfermeiros traziam uma garota deitada na maca. Eu reconheci a dona daqueles cabelos negros e pele morena. Era . caiu no chão antes mesmo do medico falar alguma coisa.
Dor. Era tudo o que eu sentia. A porta branca abriu-se e saiu de lá numa maca. Minha garota não estava acordada, mas sua expressão era serena, como se estivesse num sonho bom, longe daquele pesadelo.
“Ela não acordou.” “Ela respira devagar, as chances são mínimas.”
foi levada para o quarto. Sua família foi atrás, enquanto fiquei sentado naquele corredor, onde meus piores pesadelos viravam realidade.
- Acho melhor voltarmos para casa.
- Pode ir , eu vou ficar aqui.
- .
Era o pai dela. Senti o ódio crescer em meu corpo; era tudo culpa dele. Era culpa daquele merda por estar a caminho de Yale, era culpa dele nós não irmos juntos daqui a uma semana para o campus de Stanford. Era culpa dele estar naquele quarto de hospital e não no seu, um quarto repleto de pôsteres das suas séries e filmes favoritos.
- Nós não queremos brigar, . – lhe respondeu e eu ri ao me levantar.
- Realmente, . Não tem mais motivo para brigar, creio que ele já conseguiu o que queria.
- Eu não queria ver minha filha machucada...
- Jura? – ironizei – Você a machucou até o ultimo momento! Como acha que ela se sentia cada vez que a impedia de sair, quando a controlava... Como acha que ela se sentiu no dia em que você mandou aqueles caras atrás da gente? Como você acha que ela se sentiu no dia que você levantou a mão para batê-la? Você, Brian, diz para Deus e o mundo que dá tudo pela sua menina, mas nunca foi capaz de dar a coisa que ela mais precisava. Liberdade.
- , eu não sei o que te falar...
- Você nunca soube. Por que seria agora que saberia? – falei e lhe dei as costas. ficou ao meu lado e deu três tapinhas nas minhas costas. – E, antes que eu me esqueça, eu vou visitá-la. E não vai ser você que vai me impedir.
Brian não falou mais nada e nem virei para ver sua reação, pouco me importava também.
- Você vai para casa?
- Já disse que vou ficar aqui, .
- E se a titia perguntar por você?
- Diga a verdade, eles não podem fazer mais nada.
concordou e seguiu em direção ao elevador, eu dobrei e fui rumo à ala de internação. Não foi difícil achá-la, a quantidade de gente com o sobrenome que estavam naquele corredor era enorme. Esperei sentado no chão. Ninguém me importunou, brigou ou algo que eu já estava acostumado, todos estavam focados em saber o que realmente estava acontecendo com a herdeira da família de Brian . Aos poucos, a quantidade de pessoas foi diminuindo até que não restou ninguém. Finalmente eu iria vê-la. Depois de me certificar que estava sozinho, entrei no quarto. Se eu já estava quebrado antes de entrar ali, agora eu era um vazio, um peso morto. estava pálida, mas o seu sorriso ainda era o mesmo, sua delicadeza ainda estava ali. Parecia estar dormindo, como se estivesse presa num sonho bom.
Mas de sonho aquilo ali não tinha nada. Ela estava deitada em uma cama com aparelhos ligados a fios, tubos fixados em seu rosto e corpo. Até no seu peito, próximo ao coração, tinha algo como um tubo.
- Meu amor... O que fizeram com você? Te encheram de tubos e agulhas. – passei meus dedos por sua face onde ainda estavam presentes alguns arranhões. – Hoje eu sonhei com você. Resolvi dormir depois que te deixei em casa, querida. Se eu soubesse... Nunca teria deixado você ir. – lágrimas caíam e, em vão, eu tentava limpá-las. Nada iria funcionar sem ela aqui. Apertei o cordão que havia me dado mais cedo. – Sabe, querida, no meu sonho tocava a nossa música. Aquela em que ligamos o rádio e foi a primeira a tocar.
Segurei sua mão livre e comecei a cantar baixinho, como se ela pudesse escutar cada verso, como se assim ela fosse voltar para mim.
- Você lembra quando disse que sentia muito por seus pais não terem abençoado nossa união? Mas Deus nos abençoou, querida. E ele não vai tirar você de mim... Nós não somos uma tragédia, . – segurei sua mão e depositei um beijo ali. A cada bip do aparelho, uma ponta de esperança brotava em meu peito, mesmo a chance dela florescer sendo mínima. – Você sempre vai ser o meu anjo. Eu te amo, , você sempre vai ser a minha mulher.
- Menino . – aquela voz tinha me pegado de surpresa. Eu conseguia reconhecê-la pelo tom e saberia exatamente quem era mesmo com a iluminação fraquíssima. sempre falava dela, sempre a tinha como uma referência. – O que você ainda faz por aqui? É tão tarde.
- Eu prometi que ficaria com ela para sempre.
- Você me lembra alguém. – e o silêncio instalou-se naquele quarto. – Eu sou a avó da sua menina.
- Eu sei e me desculpe, não notei que a senhora estava aqui.
- Estou aqui desde antes de você chegar. – respondeu e levantou-se do sofá que estava encostado na parede. – Me chame de Julie. Você vai passar a noite aqui?
- Pretendo.
- Acho melhor você ir para casa. Coma alguma coisa, descanse e volte amanhã.
- Amanhã de manhã a família dela vai estar aqui...
- Eu sou da família dela, . E creio que, desde ontem, ela já tem outro sobrenome.
- Não oficialmente...
- Mas espiritualmente. E isso vale muito mais que uma folha de papel.
- Obrigado.
- Não agradeça, você fez minha neta feliz e isso basta.
- E vou continuar fazendo, vai acordar. – respondi e o silencio angustiante pairou no quarto.
- Você tem os olhos da sua tia-avó Elizabeth.
- Você conheceu a...
- Liz. Ela era minha melhor amiga, garoto. E vocês têm muito mais em comum do que esse par de olhos que mudam de cor de acordo com a vontade de sei lá quem. – Julie respondeu e riu fraco, deu três tapinhas em minhas costas. – Se você não se importa, preciso cantar para ela, assim ela não tem pesadelos.
“Isn't she lovely? Isn't she wonderful? Isn't she precious?”
Capítulo 3
- Ela quer ver você. – Julie falou e eu quase caí ao me levantar. havia acordado na noite anterior depois de duas semanas desacordada. Julie ligou para mim na mesma hora e, às três da madrugada, cheguei ao hospital. Mesmo não podendo entrar, fiquei ali a esperando. E agora ela tinha voltado para mim.
- ... – sussurrou assim que me reconheceu – Você veio!
- Eu estou aqui desde que soube que estava na cirurgia.
- Minha avó me contou. Ela gosta de você, sabia?
- Pelo menos alguém nos abençoou. – respondi e ela riu fraco.
- Deite aqui.
- Tem certeza?
- Será que eu não posso ter meu marido deitado na mesma cama que eu? Ou maca, tanto faz.
- Você é uma idiota. – falei e ela riu baixo. – Eu escrevi uma carta para você.
- Uma carta?
- É, todos os dias que eu vinha aqui escrevia algo. Aí juntei tudo e deu uma carta.
- Leia para mim.
- Eu queria esperar você sair daqui.
- Leia agora, por favor. Eu amo sua voz.
- Certo. – falei e peguei o papel que estava dobrado em meu bolso.
“Querida,
Te vejo dormir e lembro de todas as noites em que passamos juntos, de todas as noites em que confidencias e carinhos foram trocados, de todas as noites em que fizemos amor, de todas as noites em que você chorou e eu estava lá, de todas as noites em que eu estava puto por alguma coisa e você estava lá para me acalmar. Eu lembro de todas as noites em que estivemos juntos. E essa não é diferente, a única coisa que muda é que você não vai lembrar. Mas, se serve de consolo, eu estou usando jeans, uma blusa que eu acho que é verde, mas você iria dizer que era azul, estou de tênis, meus olhos no momento são verdes e eu estou te olhando com uma cara de idiota. Aquela velha cara de idiota que você conhece perfeitamente.
Sabe, , esses últimos dias sem você tem sido uma espécie de teste e muita coisa aconteceu. Meus pais descobriram sobre Yale. Mas eles não descobriram que nos casamos. Eles não sabem sobre nossos planos, sobre como vamos ter uma família maravilhosa e vamos ficar velhinhos juntos, sobre como até o fim de nossas vidas você vai continuar me chamando de idiota ou de babaca. Eles não sabem como a nossa vida vai continuar sendo regada a Pink Floyd, Lifehouse e até aquela banda gay que você gosta, McFly, né? Eles não sabem de nada disso e nem vão saber. Apenas nós dois, como sempre foi.
Enfim, querida, eu só queria te dizer que te amo muito e isso não vai mudar nunca. Você vai sair dessa cama, vão te tirar esses tubos e agulhas e você vai voltar a ser minha morena que gosta de beber de vez em quando e adora esconder os meus Marlboros. Volta logo para mim, ok? Eu vou estar aqui te esperando, mesmo que demore. Alias, nós não somos uma tragédia.”
- Eu amo você. – falou enquanto lágrimas molhavam sua face. – É por isso que eu queria falar com você por último.
- Eu sou sua última visita de hoje? – perguntei e ela riu fraco, passando as mãos por meus cabelos.
- Eu amo tanto os seus cabelos, parecem que eles foram queimados pelo sol. Mas eu também amo os teus olhos que vivem oscilando de azul a um amarelo que é desconhecido pelos outros, eu poderia olhá-los até o nascer do sol. Eu amo a forma que você me abraça e me beija, sabe? Parece que nossos lábios foram feitos para estarem juntos, assim como nossos corpos. , eu te amo muito e eu só quero te agradecer por ser a melhor coisa que já me aconteceu nessa vida.
- ...
- , eu quero que você me prometa que vai continuar com nossos planos. Quero que você siga com sua vida, quero que não desista. Eu sempre vou amar e vou estar com você, independente de qualquer coisa. – sussurrou e eu a abracei. – Cante para mim.
- Por que você está falando assim? Como se estivesse se despedindo?
- Cante para mim, meu amor. Eu amo tanto a sua voz.
- Qual música?
- A nossa. A mesma que estava tocando no rádio no momento do acidente. Escutei você cantando para mim, sabia? Por isso eu voltei.
- E você vai ficar.
- Apenas cante, meu amor. Apenas cante. Sua voz me ajuda a ter sonhos bons e a não ter medo.
“How long have I been in this storm? So overwhelmed by the ocean's shapeless form Water's getting harder to tread With these waves crashing over my head Ela passou suas mãos por meus cabelos e eu fiz carinho em seus braços.
If I could just see you Everything would be all right If I had see you This darkness would turn to light And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost into your eyes And know everything will be all right And know everything is all right
chorava e eu estava na mesma situação. só poderia estar brincando ou tendo uma alucinação, ela não poderia estar falando sério. Ela não iria morrer, ela tinha voltado para mim.
I know you didn't bring me out here to drown So why am I ten feet under and upside down Barely surviving has become my purpose 'Cause I'm so used to living underneath the surface If I could just see you Everything would be all right If I had see you This darkness would turn to light And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost into your eyes And know everything will be all right And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost inyo your eyes And know everything would all right And know everything is all right Everything is all right Yeah Everything is all right Yeah”
- Tudo vai ficar bem, meu amor. Eu sempre vou estar com você, na suas melhores lembranças e no seu coração.
- Eu te amo, . – sussurrei e a beijei na testa. fechou os olhos e sua mão foi soltando a minha levemente.
- Obrigada por cantar para eu dormir. Eu vou ter bons sonhos para sempre. Eu te amo, .
- ...
- Você cantou e eu voltei, você cantou e vou estar com você para sempre. Eu te amo, , lembra que eu sempre vou ser a sua garota, sua mulher.
- ...
- Eu te amo. – sussurrou e sua mão já não estava mais segurando a minha. Uma última lágrima molhava seu rosto e eu me levantei da cama, enxuguei e a beijei na testa novamente.
- Fala comigo, meu amor. Fala comigo. – pedi, mas não me respondeu mais nada, a única coisa que eu escutei foi o som cortante do aparelho que media seus batimentos cardíacos. – , pelo amor de Deus! Alguém me ajuda! – gritei e imediatamente o médico entrou no quarto, seguido dos pais dela e da avó. – Julie, pelo amor de Deus, Julie, não. É a minha menina, Julie! – e ela me abraçou forte e afagou meus cabelos, igual como costumava fazer.
- Ela sempre vai amar você, .
- Ela não pode ir! Façam alguma coisa! – gritei e Julie me apertou ainda mais em seus braços.
- A nossa menina se foi, . Agora ela sempre estará com você.
Foi a última coisa que escutei antes que minha visão ficasse turva e eu caísse no chão.
Julie
Ele chorava em meus braços e, por alguns momentos, vi Stephen naquele menino. Enquanto ele agonizava pedindo a volta de sua menina, também conseguia ver Liz. Meu amado Stephen e minha amada Liz. Até que ele caiu. O menino , único herdeiro de Ryan , caiu aos pés de uma . Os médicos foram chamados e rapidamente o garoto foi atendido. foi para um quarto e ficou desacordado enquanto aplicavam-lhe uma mistura de soro com calmante. Fiquei ao seu lado o tempo inteiro até que os seus avós chegaram.
- . – August falou e eu saí do lado do menino.
- August e Celina .
- O que aconteceu com o meu neto?
- Ele foi internado porque desmaiou.
- Você encontrou o aonde? – August perguntou ao chegar perto do neto.
- No quarto que está internada. Ela se foi. – respondi e ambos olharam-me surpresos.
- Meus pêsames, Julie.
- Eu já estava preparada. Já vi isso acontecer e não foi em um sonho.
Celina e August ficaram calados, passei meus dedos pelos cabelos enrolados do menino e saí do quarto. Eu já sabia qual era o final daquela história... E ele não era nenhum pouco agradável de conviver-se. E Celina sabia muito bem disso.
- ... – sussurrou assim que me reconheceu – Você veio!
- Eu estou aqui desde que soube que estava na cirurgia.
- Minha avó me contou. Ela gosta de você, sabia?
- Pelo menos alguém nos abençoou. – respondi e ela riu fraco.
- Deite aqui.
- Tem certeza?
- Será que eu não posso ter meu marido deitado na mesma cama que eu? Ou maca, tanto faz.
- Você é uma idiota. – falei e ela riu baixo. – Eu escrevi uma carta para você.
- Uma carta?
- É, todos os dias que eu vinha aqui escrevia algo. Aí juntei tudo e deu uma carta.
- Leia para mim.
- Eu queria esperar você sair daqui.
- Leia agora, por favor. Eu amo sua voz.
- Certo. – falei e peguei o papel que estava dobrado em meu bolso.
“Querida,
Te vejo dormir e lembro de todas as noites em que passamos juntos, de todas as noites em que confidencias e carinhos foram trocados, de todas as noites em que fizemos amor, de todas as noites em que você chorou e eu estava lá, de todas as noites em que eu estava puto por alguma coisa e você estava lá para me acalmar. Eu lembro de todas as noites em que estivemos juntos. E essa não é diferente, a única coisa que muda é que você não vai lembrar. Mas, se serve de consolo, eu estou usando jeans, uma blusa que eu acho que é verde, mas você iria dizer que era azul, estou de tênis, meus olhos no momento são verdes e eu estou te olhando com uma cara de idiota. Aquela velha cara de idiota que você conhece perfeitamente.
Sabe, , esses últimos dias sem você tem sido uma espécie de teste e muita coisa aconteceu. Meus pais descobriram sobre Yale. Mas eles não descobriram que nos casamos. Eles não sabem sobre nossos planos, sobre como vamos ter uma família maravilhosa e vamos ficar velhinhos juntos, sobre como até o fim de nossas vidas você vai continuar me chamando de idiota ou de babaca. Eles não sabem como a nossa vida vai continuar sendo regada a Pink Floyd, Lifehouse e até aquela banda gay que você gosta, McFly, né? Eles não sabem de nada disso e nem vão saber. Apenas nós dois, como sempre foi.
Enfim, querida, eu só queria te dizer que te amo muito e isso não vai mudar nunca. Você vai sair dessa cama, vão te tirar esses tubos e agulhas e você vai voltar a ser minha morena que gosta de beber de vez em quando e adora esconder os meus Marlboros. Volta logo para mim, ok? Eu vou estar aqui te esperando, mesmo que demore. Alias, nós não somos uma tragédia.”
- Eu amo você. – falou enquanto lágrimas molhavam sua face. – É por isso que eu queria falar com você por último.
- Eu sou sua última visita de hoje? – perguntei e ela riu fraco, passando as mãos por meus cabelos.
- Eu amo tanto os seus cabelos, parecem que eles foram queimados pelo sol. Mas eu também amo os teus olhos que vivem oscilando de azul a um amarelo que é desconhecido pelos outros, eu poderia olhá-los até o nascer do sol. Eu amo a forma que você me abraça e me beija, sabe? Parece que nossos lábios foram feitos para estarem juntos, assim como nossos corpos. , eu te amo muito e eu só quero te agradecer por ser a melhor coisa que já me aconteceu nessa vida.
- ...
- , eu quero que você me prometa que vai continuar com nossos planos. Quero que você siga com sua vida, quero que não desista. Eu sempre vou amar e vou estar com você, independente de qualquer coisa. – sussurrou e eu a abracei. – Cante para mim.
- Por que você está falando assim? Como se estivesse se despedindo?
- Cante para mim, meu amor. Eu amo tanto a sua voz.
- Qual música?
- A nossa. A mesma que estava tocando no rádio no momento do acidente. Escutei você cantando para mim, sabia? Por isso eu voltei.
- E você vai ficar.
- Apenas cante, meu amor. Apenas cante. Sua voz me ajuda a ter sonhos bons e a não ter medo.
“How long have I been in this storm? So overwhelmed by the ocean's shapeless form Water's getting harder to tread With these waves crashing over my head Ela passou suas mãos por meus cabelos e eu fiz carinho em seus braços.
If I could just see you Everything would be all right If I had see you This darkness would turn to light And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost into your eyes And know everything will be all right And know everything is all right
chorava e eu estava na mesma situação. só poderia estar brincando ou tendo uma alucinação, ela não poderia estar falando sério. Ela não iria morrer, ela tinha voltado para mim.
I know you didn't bring me out here to drown So why am I ten feet under and upside down Barely surviving has become my purpose 'Cause I'm so used to living underneath the surface If I could just see you Everything would be all right If I had see you This darkness would turn to light And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost into your eyes And know everything will be all right And I will walk on water And you will catch me if I fall And I will get lost inyo your eyes And know everything would all right And know everything is all right Everything is all right Yeah Everything is all right Yeah”
- Tudo vai ficar bem, meu amor. Eu sempre vou estar com você, na suas melhores lembranças e no seu coração.
- Eu te amo, . – sussurrei e a beijei na testa. fechou os olhos e sua mão foi soltando a minha levemente.
- Obrigada por cantar para eu dormir. Eu vou ter bons sonhos para sempre. Eu te amo, .
- ...
- Você cantou e eu voltei, você cantou e vou estar com você para sempre. Eu te amo, , lembra que eu sempre vou ser a sua garota, sua mulher.
- ...
- Eu te amo. – sussurrou e sua mão já não estava mais segurando a minha. Uma última lágrima molhava seu rosto e eu me levantei da cama, enxuguei e a beijei na testa novamente.
- Fala comigo, meu amor. Fala comigo. – pedi, mas não me respondeu mais nada, a única coisa que eu escutei foi o som cortante do aparelho que media seus batimentos cardíacos. – , pelo amor de Deus! Alguém me ajuda! – gritei e imediatamente o médico entrou no quarto, seguido dos pais dela e da avó. – Julie, pelo amor de Deus, Julie, não. É a minha menina, Julie! – e ela me abraçou forte e afagou meus cabelos, igual como costumava fazer.
- Ela sempre vai amar você, .
- Ela não pode ir! Façam alguma coisa! – gritei e Julie me apertou ainda mais em seus braços.
- A nossa menina se foi, . Agora ela sempre estará com você.
Foi a última coisa que escutei antes que minha visão ficasse turva e eu caísse no chão.
Julie
Ele chorava em meus braços e, por alguns momentos, vi Stephen naquele menino. Enquanto ele agonizava pedindo a volta de sua menina, também conseguia ver Liz. Meu amado Stephen e minha amada Liz. Até que ele caiu. O menino , único herdeiro de Ryan , caiu aos pés de uma . Os médicos foram chamados e rapidamente o garoto foi atendido. foi para um quarto e ficou desacordado enquanto aplicavam-lhe uma mistura de soro com calmante. Fiquei ao seu lado o tempo inteiro até que os seus avós chegaram.
- . – August falou e eu saí do lado do menino.
- August e Celina .
- O que aconteceu com o meu neto?
- Ele foi internado porque desmaiou.
- Você encontrou o aonde? – August perguntou ao chegar perto do neto.
- No quarto que está internada. Ela se foi. – respondi e ambos olharam-me surpresos.
- Meus pêsames, Julie.
- Eu já estava preparada. Já vi isso acontecer e não foi em um sonho.
Celina e August ficaram calados, passei meus dedos pelos cabelos enrolados do menino e saí do quarto. Eu já sabia qual era o final daquela história... E ele não era nenhum pouco agradável de conviver-se. E Celina sabia muito bem disso.
Capítulo 4
Acordei numa cama de hospital. Minha cabeça doía como se eu estivesse levado milhares de cadeiradas.
- Vó? Vô? – perguntei quando sentei na cama, sentindo um ardor em meu braço. Olhei e vi que tinha uma agulha ali.
- ! Que ótimo você ter acordado!
- Ok, vó. Agora pode pedir para alguém tirar isso do meu braço? E será que eu posso ver a ?
- , a ...
- Então foi verdade? Não foi um pesadelo?
- Não, querido. Você estava alterado e desmaiou, eles te trouxeram para cá e te aplicaram a medicação.
- Quero me despedir dela! Eu preciso...
- Ela já foi enterrada, . E você já se despediu, morreu em seus braços.
- Não! – sussurrei e minha avó tentou me abraçar – Por quanto tempo eu dormi, vó?
- Três dias.
- Cadê o Ryan?
- Ele é seu pai. E foi efetuar sua matrícula em Stanford, volta amanhã.
- Eu não vou para porcaria nenhuma! Eu não vou passar anos na minha vida numa porra de universidade! – gritei e tentei fazer força no braço para sair da cama. Ele começou a sangrar quase instantaneamente.
- Chama o enfermeiro, August, agora! Você tem uma agulha no braço, !
- Eu quero ir embora daqui!
- Você vai! Assim que o medico te liberar, entendeu? Agora, Ryan , você vai se acalmar e deixar o enfermeiro ajeitar essa porcaria que você fez! – minha avó falou e em minutos o cara entrou, tirou a agulha do meu braço, limpou o sangue e achou outra veia para que pudesse enfiar a agulha.
- Você precisa se acalmar, senhor . – falou e eu revirei os olhos.
- Só vou me acalmar quando estiver longe daqui.
- Querido...
E eu senti meu corpo relaxar e minhas pálpebras fecharem.
Celina
Depois de três horas, acordou. Falou rapidamente com a mãe e fingiu dormir. Alexia saiu do quarto deixando-me sozinha com ele. Fiquei perto da cama e lhe cutuquei, sorriu, mas continuou com os olhos fechados.
- Pode parar de fingir, garotão.
- A mamãe já foi?
- Já, e seu avô também. – respondi, ele sentou na cama e me deu a mão.
- Vó...
- Eu sei que você quer sua menina. Te acobertei muitas saídas, lembra? Aliás, quem te deu mesmo a chave daquela casa?
- Você.
- Vou contar uma história para você.
- História? Ah, vó, pelo amor de Deus.
- Cala e escuta, ok?
“Não sei se você vai acreditar em mim querido, mas essa é a história de duas famílias que você conhece e parece odiar. , muito antes de você e nascerem, até mesmo antes de eu nascer, a rivalidade dessa família começou. O que era por conquista de terras e bens preciosos foi para o campo que nenhum dos patriarcas imaginaram: a rivalidade no amor.
“Há muito tempo, o filho mais velho de Hazard, seu antepassado, apaixonou-se por uma . O nome dela era Clary. Ambos tinham 15 anos e já estavam prometidos a primos, pois assim a linhagem da família se manteria pura. Só que Clary tinha uma irmã bastarda, filha de Julian com uma empregada da casa, a qual era apaixonada por Draco e, com a rejeição, entregou a data da fuga para o pai. Hazard jurou naquele dia que preferia ver sua filha morta do que ter seu sangue misturado com o de uma . Carniel, pai de Clary, descobriu ao mesmo tempo por um informante e também mandou seus empregados irem atrás dos dois. Draco e Clary foram mortos a mando dos próprios pais. Homens que colocaram o ódio acima dos filhos. A meia irmã cega pelo ódio de ter sido rejeitada e mais ainda por seu amor ter sido morto, jurou que sangue de e nunca se misturariam porque nunca daria certo. Ela enfiou uma faca na própria barriga.
“E isso foi passando de geração para geração, o ódio parecia já nascer com cada um que nascia... Até que a minha mãe, sua bisa, após casar-se com o próprio primo, herdeiro legítimo, teve dois filhos, Elizabeth e eu. No mesmo ano, nasceram os filhos de Henrique , Stephen e Juliet.
- Juliet é a Julie, avó de ?
- Exatamente.
“Nós estudamos na mesma escola, . Eu sempre fui a mais distante dos três, mas Stephen, Julie e Liz tinham uma ligação inexplicável, parecia coisa de outro mundo, sabe? Só que Liz e Stephen se apaixonaram e resolveram fugir. Meu pai ficou com ódio, . Puro ódio. Mandou os empregados irem atrás deles e trazer Liz de volta qualquer custo. Eles atiraram covardemente contra o menino, mas Liz colocou-se na frente dele e a bala entrou no lado esquerdo do seu peito. Stephen pegou sua arma e atirou em vão contra os empregados e, num ato de loucura, atirou contra a própria cabeça.
“Naquela noite, , eu perdi uma irmã, mas Julie perdeu muito mais. Perdeu as duas pessoas que mais amava na vida, um irmão e sua melhor amiga. Ela nunca mais foi a mesma, sabe? Passou a lidar com a morte de uma maneira que eu jamais vi.
“Enfim, um tempo depois da morte de Stephen e Liz, nós duas juramos que nenhum descendente saberia daquilo e que o ódio ficaria escondido no túmulo de nossos antepassados. Mas Julie casou-se com o primo e eu também, o seu avô. Tivemos nossos filhos e as divergências comerciais, a busca por terras continuaram e, como se fossem predestinados, você e nasceram no mesmo dia, na mesma maternidade. E, depois daquele dia, vocês se encontraram novamente e a história voltou a se repetir. Dessa vez sem balas, mas a vontade de separar de uma ainda era a mesma.”
- É uma espécie de maldição né?
- Não sei, . Mas nunca o sangue das duas famílias se uniu, querido. Nunca.
- Isso tudo por conta de algo que aconteceu há mais de um século.
- E foi carregado até hoje.
- tinha razão.
- Razão em que?
- Se nós pudéssemos nascer de novo, não escolheríamos nascer nessa família.
Fiquei calada e passei meus dedos por seus cabelos bagunçados. Ele tinha razão. Mas talvez aquilo fosse uma sina, algo como um castigo de Deus por pai ter mandado matar a própria filha que estamos pagando até hoje.
- Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.
- Isso é Shakespeare sabia, querido?
- Era o favorito dela. Apesar de ela não gostar de tragédias.
- Quando você vai arrumar suas malas para a universidade, ?
- Eu já disse que não vou para a universidade, Ryan. – repeti pela quinta vez durante o almoço.
- , é pai, não Ryan. – minha mãe opinou, ficando calada quando Ryan a olhou sério.
- Ele não é meu pai.
- Eu fiz de tudo para aceitarem sua matrícula atrasada em Stanford, passei quase dois dias lá, ! Stanford era seu sonho desde garotinho.
- Era o sonho que você moldava em mim, Ryan.
- Você não pode ficar sem estudar.
- Já terminei o colegial, papai. – ironizei e ri fraco.
- Você não pode desistir do seu sonho de infância.
- Era o seu sonho, Ryan. Já te falei isso e, para a sua informação, sonhos mudam. – respondi e sai da mesa, ignorando os gritos dele e de minha mãe.
Capítulo 5
Dois meses, querida.
Dois meses sem o teu abraço, cheiro, sorriso. Dois meses sem ninguém para tentar arrumar o meu cabelo ou para dizer o quanto é legal ver os meus olhos mudarem de cor. Dois meses sem ter um colo para repousar quando as coisas em casa parecem não funcionar, dois meses sem ter nossos corpos descobrindo segredos... Dois meses sem você.
Agora, desculpe-me o clichê, tudo ficou sem cor, sem graça. Era você que dava vida a tudo, mas nem vida você tem mais... Agora não tem mais ninguém para dividir uma Budweiser ou Heineken na madrugada enquanto fazíamos resumos e resumos. Não tem mais ninguém para ficar jogado no parque até tarde, não tem mais ninguém para tomar as minhas carteiras de Marlboro. Agora, eu fumo três dessas por dia. Por falar nisso, desculpe-me, estou fumando enquanto te escrevo e provavelmente estarei fumando quando ler isso a você. O cigarro tornou-se o meu melhor amigo, querida. Tenho fumado muito e rápido, talvez assim a morte chegue mais cedo.
Enfim, eu queria que você estivesse aqui. Talvez assim eu consiga sentir vivo, sabe? Eu estou respirando e meu coração está batendo, mas estar vivo é a ultima coisa que estou fazendo. Para falar a verdade, eu só me sinto vivo quando durmo e você visita meus sonhos. É incrível o bem que isso me faz e o quanto me sinto feliz, mas acabo derramando umas lágrimas quando acordo, pois sei que não vou poder te ver e muito menos te tocar.
Não agora. Mas talvez em um futuro que espero que vire presente logo. Eu já não aguento ficar aqui sem você.
- Espero que tenha gostado, querida. – falei ao dobrar a folha e colocar entre as flores. – Semana que vem trago as amarelas e lilás, ok? Essas vermelhas estavam tão bonitas. Agora tenho que ir trabalhar, meu amor. – passei a mão pela lápide e fechei meus olhos.
- ?
- Oi, Julie.
- Veio trazer flores à ?
- E ler a carta.
- Ela sempre amou sua voz. Deve estar feliz. E ah, também tenho certeza que ela amou as rosas.
- Obrigado. – respondi e ela sorriu fraco. – Você já vai? Estou de carro, posso te dar uma carona.
- Ainda não, querido. Tenho um irmão e uma melhor amiga para visitar.
Julie
faleceu dois anos após a morte de .
Ele descobriu um tumor inoperável no cérebro e aceitou aquilo perfeitamente. Continuou trabalhando na oficina mecânica que construiu e continuava levando flores e lendo suas cartas para minha neta toda semana. sabia que iria e aceitou a morte como uma velha amiga.
E quando ela veio, ele estava pronto.
faleceu em um domingo, estava ao lado da lápide de quando teve mais uma de suas convulsões. Quando cheguei já era tarde, o menino já estava desacordado e com a respiração falha. De nada adiantou o socorro, o pranto e o desespero. O menino tinha ido finalmente encontrar sua amada, assim como Stephen foi atrás de Liz.
No final das contas, tinha razão. Eles não eram uma tragédia, eram amor da mais pura forma, onde, mesmo os corpos estando longe, a alma sempre estará ligada. Era a sina deles.
E agora, além de visitar Stephen, Liz e , eu visitava . Aqueles que um dia sonharam em juntar as duas famílias amaldiçoadas pelo destino.
Fim
Nota da autora: Oi, gente, espero que vocês gostem, foi tudo na pressa, mas foi de coração, espero que vocês gostem dessa fanfic o tão quanto adorei escreve-la. Obrigada
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
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