Última atualização: 26/11/2015

Capítulo 1

21 De Novembro de 2005

- O que é que se passa? – Sentia o meu corpo gelar. Não conseguia entender. – Por que, ? POR QUE, PORRA?
- Porque não dá! Não dá mais. – Os seus cabelos se misturavam com as lágrimas que escorriam rapidamente pelo seu rosto, borrando totalmente a sua maquiagem. – Eu não posso mais ficar com você, .
- Mas, por quê? Nós estávamos bem, eu não entendo o que se está a passar. – Me posicionei à sua frente, tentando impedir que saísse com a sua pequena mala. – , eu estou desesperado.
- PORQUE EU NÃO CONSIGO MAIS!
A mulher que eu amava mais que tudo, jogou rapidamente a mala no chão e chorava agora compulsivamente na minha frente. As suas bochechas estavam cobertas de preto e o choro se tornava cada vez mais intenso. E eu encontrava-me imóvel. Estático, sem saber o que fazer ou o que dizer para resolver aquela situação. Nunca vira assim. Sim, já a vira chorar várias vezes, mas não assim. Não tão desesperadamente, tão amargamente.
O choro começou a cessar. Tentei me aproximar e passar minha mão pelo seu rosto para enxugar as suas lágrimas, mas ela rapidamente se afastou. Passou a mão pelo rosto, prendeu os seus cabelos e levantou a cabeça, me encarando. Seus olhos se encontravam vermelhos por culpa do choro mas ela não os movia: olhava fixamente para mim como se me fosse dizer a coisa mais importante do mundo. E foi aí que eu tive a certeza que me iria deixar.
- Eu te amo. – Sua voz saiu fraca. – Mas nós somos completamente diferentes. Eu passo o dia estudando para concluir o meu curso. Você passa o dia jogando e já entrou na faculdade dois anos mais tarde. Eu procuro um pequeno emprego para nos sustentarmos sem ser por bolsas e dinheiro dos nossos pais. Você passa a noite no café com seus amiguinhos. Eu quero viajar. Você quer ficar para sempre nessa cidade. Eu quero tanta coisa. E você quer tão pouco. E eu pensei que meu amor poderia superar tudo isso, pensei que nada nos abalaria, muito menos as nossas diferenças. Mas como essas existem milhares. Eu te amo, mas eu não te posso amar mais do que a mim. Então eu tenho de ir. Os opostos se atraem, mas nem sempre foram feitos para permanecerem juntos.
Eu não sabia o que dizer. Minha boca secou, as palavras não saiam de nenhuma maneira. se inclinou e pegou novamente sua bolsa. Se aproximou de mim e depositou um leve beijo na minha bochecha, acariciando em seguida meu rosto. Permaneci imóvel, como se tivesse sido atingido por uma bala. Continuei imóvel quando senti a porta atrás de mim bater. tinha ido embora. Eu a perdera.

21 De Novembro de 2015


Despertei do pesadelo que já tivera mais de mil vezes. Infelizmente, continuava a ser a realidade. Me revirei na cama e procurei pelo alarme que não parava de tocar de forma infernal. O desliguei rapidamente e voltei a apreciar os lençóis daquela cama enorme naquele quarto de hotel maior ainda. Era a primeira vez que vinha a Londres em quase 10 anos, vivia agora nos Estados Unidos.
Suspirei e me levantei pesarosamente, procurando por algo para vestir. Acreditem, Reino Unido em novembro é tudo menos caloroso. Quando finalmente encontrei o moletom, enfiei o mesmo rapidamente e me aproximei da janela, observando as pessoas que andavam apressadamente na rua. Era sábado e as famílias felizes pareciam uma constante. Blargh.
Eu me tornara modelo. Sim, e solicitado por marcas de renome. Não era de certo o meu sonho, mas me proporcionara a vida que eu sempre desejei. A vida americana se tornara luxuosa e pomposa e eu era um dos modelos masculinos mais conhecidos, saia até em algumas revistas. Quer dizer, os meus affairs saiam nas revistas. Melhor maneira de esquecer um pé na bunda é se tornar modelo e ter um monte de garotas à disposição, pensam vocês. Não se enganem. Não se enganem mesmo. Até hoje eu não sei se a esqueci.

“Sometimes I start to wonder, was it just a lie?
If what we had was real how could you be fine?”

Flashback, 13 De Janeiro de 2005

- , seu idiota!
gritou, entre gargalhadas. Ambos estávamos no chão cobertos da roupa das nossas malas que eu atirara sobre assim que chegamos ao nosso novo apartamento. Joguei uma meia no seu nariz, a fazendo rir ainda mais, e a abracei em seguida.
Permanecemos deitados por cima das roupas sem falar nada mais de meia hora. Aquele era o nosso sonho desde o início do nosso namoro: viver juntos. Agora, que ambos estávamos na faculdade e tínhamos o apoio dos nossos pais, o estávamos concretizando.
- Você sabe que eu te amo apesar de você ser retardado, né? – perguntou, rindo baixo em seguida.
- Você sabe que eu te amo apesar de você me insultar, né? - Acabamos rindo juntos.
- , posso pedir uma coisa para você? – entrelaçou sua mão na minha e se voltou para mim, me observando atentamente. Assenti que sim com a cabeça. – Vamos fazer isso dá certo? Eu sou apaixonada por você desde o primeiro momento em que te vi. Mas eu sei que as nossas diferenças são grandes e eu tenho medo e…
- . – A interrompi calmamente. – Nós vamos dá certo. Eu te prometo, pequena.
Ela apenas me devolveu um sorriso e depositou um pequeno beijo nos meus lábios. Eu era louco por ela.

Fim de Flashback


Promessas… Me afastei da janela e observei o terno pousado em cima da cadeira junto à cama. Tinha sido uma oferta de uma das minhas sessões para a Armani e achara adequado para a ocasião. Sei lá, nunca tinha ido em algo assim mesmo. Decidi tomar um banho visto que o tempo já apertava graças à minha falta de disposição para abandonar a cama. Quando me preparava para tal, alguém bateu pesadamente na porta. A abri rapidamente, sabendo perfeitamente que apenas uma pessoa sabia onde eu me encontrava hospedado.
- Seu otário, você não sabe atender o raio do telemóvel? – adentrou meu quarto apressadamente, se jogando na cama e já se fazendo de convidado como sempre. – Nossa senhora, virou americano de vez, adotou a burrice dos seres e agora não sabe apertar o botãozinho verde é?
- Primeiro, os norte-americanos não são burros. – revirou os olhos. – Segundo, acabei de acordar. Terceiro, também senti sua falta, veado.
- Nossa, fala que sente minha falta e eu que sou o veado? – Rimos juntos e nos abraçamos rapidamente. voltou a se sentar. – Eu precisava ver com meus próprios olhos.
- Precisava ver o que?
- Que você não estava doente da cabeça para ir nesse troço.
- Claro que não, porque haveria de estar? – Encolhi os ombros, sorrindo de lado.
- Achei que você não teria coragem de ir. Sei lá, eu talvez não tivesse. Nenhum deles está contando com a sua presença, pensam que confirmou porque sim e que vai cancelar à última da hora. – soltou. – Só eu que sei que você está mesmo aqui. E mesmo assim eu tinha minhas dúvidas que você iria mesmo. Achei que realmente não conseguisse lidar com a situação.
- … - Minha voz saiu calma enquanto me dirigia para o banheiro. – Nem eu sei se vou conseguir lidar com a situação.
Fechei a porta do banheiro e entrei no banho. Tinha visto meus amigos ainda no mês anterior, eles iam consideráveis vezes a Nova Iorque. Recordar a última vez que os encontrara ainda em Inglaterra era doloroso…

And even though your friends tell me you're doing fine,
Are you somewhere feeling lonely even though he's right beside you?”

Flashback, 15 de Dezembro de 2005

- COMO ASSIM ELA TÁ SAINDO COM ESSE IDIOTA? – Minha voz saiu consideravelmente alta sendo que nos encontrávamos num café. Liam tentou segurar meu braço mas rapidamente o larguei. – Faz nem três semanas que nós terminamos, como isso?
- , se acalme por…
- Ah, Liam, cala a boca. Você realmente acha isso correto? – Cuspi as palavras, interrompendo meu amigo. apenas me observava com certa preocupação.
- , não tem o que achar correto ou errado. Ela está tentando seguir em frente e você deveria fazer o mesmo porque…
- Deveria fazer o mesmo nada! Ela me amava e me deixou por nada e eu…
- Você está sendo um idiota. – soltou. Suas palavras soaram firmes. – Ela não te deixou por nada. Ela te deixou porque não via um futuro com você, um futuro com o qual você nunca se preocupou. Ela partiu em busca de algo que você nunca deu para ela. Por não poder, por não querer, eu não sei. Mas ela se foi. E você deveria parar de tentar falar com ela e de chorar em cima de foto. E não negue, todos sabemos o caco que você está. Sim, é complicado e é terrível. Mas será ainda pior se você continuar alimentando a ideia de que ela vai voltar. Porque ela não vai. Ela se foi. E não importa o porquê. O que importa é que você tem de se reerguer. Apenas isso.

Fim de Flashback


tinha razão. raramente tinha razão mas, se não fossem suas palavras naquele dia, talvez eu nunca tivesse partido para os EUA. Talvez eu nunca tivesse recomeçado minha vida, largado a faculdade como sempre quis e perseguindo sonhos. me ajudou imensamente, como sempre.
Saí do banho, enrolei a toalha na cintura e observei meu rosto no espelho. A barba o contornava mas não de uma forma desleixada. As minhas feições haviam endurecido e eu já não era o garotinho de há dez anos. Eu era um homem. Maduro, experiente, com ambições. Eu crescera.
Desde o discurso de que eu nunca mais procurara saber de . Nunca mais procurara falar com ela. Nunca mais lhe enviara nada. Eu simplesmente a apaguei da minha vida. Era o melhor para mim. Eu não a via há dez anos. A iria voltar a ver hoje. No dia do seu casamento. O dia que eu sempre pensei que seria meu.

I wish that I could wake up with amnesia and forget about the stupid little things,
Like the way it felt to fall asleep next to you and the memories I never can escape…”

Flashback, 13 de Junho de 2005

e eu nos encontrávamos sentados no sofá assistindo o novo episódio de Doctor Who. Desviei um pouco o olhar do ecrã e a observei. Atenta ao que se passava na televisão, seus óculos se encontravam um pouco descaídos enquanto mordia seus lábios. Sempre assim quando assistia um episódio tenso.
- Com que idade você quer casar? – Soltei, fazendo com que desviasse rapidamente o olhar do ecrã.
- Como assim? – Me questionou, parecendo meia confusa. Eu apenas soltei um riso.
- É uma pergunta básica, com que idade você quer casar?
- Está pensando em me pedir em casamento é? – questionou, arqueando a sobrancelha. Pude ver que nascia um pequeno sorriso que ela tentava esconder. Como se ela conseguisse esconder alguma coisa de mim.
- Eu só quero casar com você. Seja com que idade for. Isso é o suficiente para mim.
abriu um sorriso e lançou seus braços em volta do meu peito, permanecendo encostada no mesmo durante o resto do episódio. Para ela desde que permanecêssemos juntos estava tudo certo.

Fim de Flashback


Me arranjei rapidamente devido à pressa de . Ainda faltavam duas horas para a cerimônia, mas o demônio estava claramente com o fogo na bunda. Peguei rapidamente nas chaves do carro e as abanei em frente a , me dirigindo até à porta.
- ! – soltou. – Você tem a certeza que quer ir?
Abanei a cabeça negativamente e sorri em seguida. Virei costas a e continuei meu caminho. Eu tinha que ir e ele sabia disso.

(…)


O casamento iria ser realizado num pequeno castelo. Quando chegamos fomos rapidamente abraçados por Liam e Niall, que nos esperavam animadamente. Não vi nenhuma das amigas de , talvez porque todas fossem damas de honra. Nós sempre havíamos sido um grupo chegado, desde o ensino médio. Eles ainda eram, eu agora era só próximo dos garotos. Mas me lembro bem de quão incrível era nossa amizade.
Fiz um pouco de conversa com os garotos mas meu estômago não parava de saltar. Me sentia extremamente aflito, tenso, tudo de mal que havia para sentir. Me afastei e eles prosseguiram a conversa sem nem notarem, visto que eu já não participava mesmo.
Precisava urgentemente de um local onde pudesse fumar. Caminhei até a parte traseira do castelo – que parecia gigantesco, pelo amor de deus – e quando achei um canto isolado me encostei a uma parede, retirando o maço de tabaco do bolso da minha calça. Levei rapidamente o cigarro à boca e senti meu coração desacelerar um pouco. Fechei os olhos e continuei sentindo os batimentos se acalmarem. Enquanto me recordava do dia do fim.

I remember the day you told me you were leaving, I remember the makeup running down your face.
And the dreams you left behind you didn't need them like every single wish we ever made…


- Além dessa barba péssima ainda me aparece fumando, você sabia que isso te faz mal?
Meus batimentos aumentaram compulsivamente no momento em que escutei a voz de . Todas as memórias pareciam voltar a uma velocidade louca. Prossegui de olhos fechados e esbocei um pequeno sorriso.
- Pensei que ao menos da barba você iria gostar.
- É algo que requer análise, não é, ?
Foi quando ouvi meu nome que abri os olhos. E finalmente a vi. Dez anos depois. Dez anos se haviam passado e ela parecia ainda mais bonita. sorria e usava um vestido de noiva que a deixava com os ombros descobertos. Seus cabelos se encontravam mais compridos do que eu me lembrava. Já suas bochechas permaneciam a coisa mais amorosa que eu já vira na vida.
E eu continuava claramente louco por ela.
- Você nem está tão bonita assim. – Soltei, a fazendo soltar um riso baixo.
- Sério que você está falando isso para uma noiva?
- Sério que você está casando e não é comigo?
As palavras saíram tão naturalmente que eu só percebi o que havia dito quando vi corar. Deus, você não sabe calar sua boca, ? Nossa senhora.
- , eu não…
- Eu também não acredito que estou casando e não é com você.
Ouvir aquelas palavras saírem da sua boca me trouxeram um misto de emoções horríveis. Meu estômago dava uns pulos tremendos. Será que ela ainda me amava? Ou estava apenas fazendo conversa comigo?
- Ele te trata bem? – Questionei, atirando o cigarro para o chão para não ter de a observar durante a pergunta.
- Sim, ele é maravilhoso. – Tiro certeiro no meu coração.
- Você o ama?
- Sim, eu o amo. – Outro tiro certeiro no meu coração. – Mas não como amei você.
Suspirei pesadamente e me aproximei dela. Nada e tudo fazia sentido no momento. Eu e sempre fazíamos sentido, sempre havíamos feito desde os quinze anos. Nós eramos tanto feitos um para o outro como tóxicos. Encostei minha mão e acariciei sua face lentamente. continuava me observando atentamente.
- Você acha que foi a decisão correta? – Continuei acariciando sua face calmamente.
- Eu realmente não tenho a certeza. – Ela soltou, suspirando. – Mas eu acho que sim. Eu sinto a sua falta todos os dias. Mas também não sei como viveria com alguém tão diferente.
- Eu sou outro homem agora, . – Levei minha mão até aos seus cabelos e os afaguei.
- Claro que é. E eu sou outra mulher. Se passaram dez anos, ambos mudamos. Mas ambos sabemos que continuamos opostos.
- Mas continuamos nos amando. – Minha voz saiu mais firme do que eu imaginara. – Você sabe que ainda me ama, não negue.
- Eu vou te amar para o resto da minha vida. – levou sua mão até à minha face, a acariciando. – Mas nós não podemos ficar juntos. Por muito que eu te ame eu tenho um compromisso. Eu tenho um plano de vida. E nós continuamos bem diferentes. Então eu vou te amar, mas no meu coração, vou guardar meu amor por você para sempre lá. Mas não posso ficar com você. Por muito que eu saiba que você é o amor da minha vida eu também sei o quanto a nossa relação seria tóxica.
E ali estava aquele olhar. O mesmo olhar de quando me abandonara há dez anos. Ela me estava abandonando de novo e eu sentia que meu coração ia explodir de dor como se fosse a primeira vez que tal acontecia. Mas dessa vez eu não permaneci imóvel. Eu esbocei um pequeno sorriso e lhe depositei um beijo na testa, me afastando em seguida. Como me dissera há dez anos, ela se fora. Para sempre.
- . – Parei meu caminho e me voltei para a observar. – Adorei a barba.
sorriu abertamente e eu retribuí o sorriso. Por dentro eu sabia que ambos estávamos com corações despedaçados. Eu porque a amava e a estava vendo casar com outro homem. Ela porque me amava mais do algum dia conseguiria amar ele. Ambos porque o nosso amor não era o suficiente para superar as nossas diferenças.
Nesse dia eu vi casar. Eu vi dançar com o seu marido. Eu a vi partindo o bolo e trocando juras de amor. Eu a vi partir em lua-de-mel. Eu a vi sair da minha vida definitivamente. Nada poderia doer mais que isso.
Quando cheguei ao hotel atirei rapidamente o casaco para cima da cama, me sentindo sufocar. Foi quando um pequeno papel caiu do bolso do mesmo. Estava dobrado e tinha escrito . Pude rapidamente reconhecer a escrita de .

Tell me this is just a dream, 'cause I'm really not fine at all…

Será que eu ainda teria uma hipótese? Será que o nosso amor ainda teria uma chance?


Fim.



Nota da autora: Oi minhas queridas ?
Queria agradecer desde já a quem leu, essa é a minha terceira participação num ficstape é sempre bom saber que alguém aprecia a sua história. Essa música é além de tudo uma que eu amo muito e espero que, se a amarem como eu, que gostem da minha “apresentação” da mesma. Peço para deixarem os seus comentários para ajudar um bocadinho o FFOBS, que bem merece, não acham?
Se quiserem ler outras fanfics minhas no site neste momento eu tenho quatro longas, “My Sister’s Murderer”, “Don’t Play Innocent”, “Greek Revolution” e “Baby, You Got Me Tied Down”. Tenho ainda duas shorts, uma no ficstape da Riri, 08. What Now, e outra no ficstape de One Direction, 14. Stand Up. Se quiserem falar um pouco com a portuguesa aqui o meu twitter @drunklouisgirl ?
Lots of love x



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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