Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Sexta-Feira, Casa da null.

Os olhos de null estavam inchados e suas pálpebras avermelhadas, um resultado de seu choro compulsivo desde que havia chegado em casa após o último dia de aula. O motivo do choro era bem simples: término de namoro. Pois é, null Manson havia levado um pé na bunda, na frente de todo o colégio, durante a hora da saída.
— EU ODEIO VOCÊ, FINN GUSMAN! — Gritou, pegando um travesseiro e jogando no chão de seu quarto.
Pela milésima vez, relembrou as palavras dele.
null, não dá mais, acabou.”
“O quê?”
“Nós. Eu sei que isso vai doer, mas agora que vamos pra faculdade... Quero seguir minha vida sem me preocupar com uma namoradinha de colégio ciumenta no meu pé. Estou terminando com você, null.”

Depois disso, ele levou um tapa na cara e ela saiu correndo. Não havia sido uma cena das mais empolgantes de se ver.
null olhou-se rapidamente no espelho ao lado de sua cama e bufou irritada. Estava com uma aparência tão feia que nunca mais queria sair de casa. Resolveu voltar para debaixo das suas cobertas. Lá, além de quente, era mais seguro.

Sexta-Feira, Casa do null.

— E aí, null, conseguiu falar com a null? — Foi o que null perguntou, assim que viu o melhor amigo sair do banheiro.
null apenas resmungou um “não” e se jogou no sofá, olhando os meninos jogarem vídeo-game. Ligara diversas vezes para null e nada de ela atender. Isso o deixava frustrado. Queria muito bater na cara de Finn Gusman por ter terminado com ela na frente de todo o colégio. Perdeu essa oportunidade pois estava cabulando aula para fumar com Hillary, uma garota da turma de história.
— Sabe de uma coisa, null? — null apareceu com um pente e apontou para a cara do loiro. — Você deveria ir à casa da null, trazer ela aqui...
— E então bolamos um plano para nos vingarmos de Finn Gusman! — null completou.
— Por que nós chamamos ele pelo nome completo mesmo? Não seria mais fácil...
— Cala a boca, null. Eu vou à casa da null, null e null vão para a internet procurar algo que possa nos ajudar, e, null, você vai ao mercado. — null olhou para o relógio em seu pulso. — Quero todos aqui em meia hora.

Sexta-Feira, Casa da null.

null tocou a campainha e a mãe de null abriu a porta, sorrindo para o garoto.
— A null tá ai? — Ele perguntou, entrando na casa.
— Está lá em cima, se debulhando em lágrimas, tadinha... — Ela segurava uma bandeja de cookies e ofereceu para o garoto, que aceitou. — Você soube que o tal Finn Gusman terminou com ela? Sempre soube que ele não era bom o suficiente para minha filha...
— É por isso que estou aqui, tia. Eu e os meninos vamos ajudar null a se vingar de Finn Gusman! — Ele sorriu novamente, mostrando sua covinha.
— Vou colocar esses cookies numa vasilha, então, para vocês e os garotos fazerem um lanchinho.
O loiro então subiu as escadas que o levariam para o quarto da melhor amiga, que conhecia havia tantos anos. Tá, talvez não fossem tantos assim, mas o suficiente. Ele bateu algumas vezes na porta e não recebeu resposta.
null? — Gritou do lado de fora. — Abre a porta.
— Não! — A menina gritou do lado de dentro.
— Abre logo!
— Vai embora!
— Eu tenho maconha! — Apelou e ficou sem resposta, por alguns segundos. — Yeah!
— Se pensa que pode me convencer com maconha, está muito enganado, senhor null Night. — A voz de null estava bem próxima da porta.
— Ah é? E se eu disser que, além de maconha, temos um plano para nos vingarmos de Finn Gusman?
A porta abriu e os melhores amigos se encararam por alguns segundos.
— Deus, o que aconteceu com você? Parece uma bruxa! — Foi a primeira coisa que null disse antes de null bufar e se jogar de volta na cama.

Sexta-Feira, Mercado.

Os olhos de null passeavam pelas prateleiras tentando achar os produtos que null e null haviam separado para a vingança contra Finn Gusman.
— Papel higiênico, cola super-bonder, peixe...— Ele foi listando em sua mente. — Ah, creme depilatório!
Sorriu e empurrou o carrinho até a parte de produtos para garotas. Estava procurando o creme mais barato quando escutou vozes femininas.
— Você viu o fora que a null levou do Finn Gusman? — Perguntou baixo, como se fosse um segredo.
— Claro que eu vi, e eu já sabia que isso ia acontecer. — Disse outra voz. null reconheceu aquele timbre estridente, mas não podia afirmar nada, afinal não conseguia ver o rosto das meninas.
— Sério? Como?
— Ele terminou com ela por causa de mim! — Respondeu. — Estamos tendo um caso há meses, e aquela pateta da null nem percebeu.
null levou as mãos à boca e empurrou o carrinho, disposto a descobrir de quem era aquela voz. Mal pode acreditar quando viu quem era.
Sua namorada o estava traindo com Finn Gusman?????

Sexta-Feira, casa da null.

— Melhorou? — null saiu do banheiro vestida e maquiada decentemente. null deu um falso suspiro aliviado.
— Me diga como Finn Gusman teve coragem de terminar com você agora mesmo! — A menina deu um sorriso fraco pela primeira vez no dia.
— Você sempre sabe como me animar, hum?
— Ainda estou achando você meio tristinha. Vem cá.
null a puxou pela mão e os dois caíram na cama, pernas entrelaçadas e cosquinhas. Esse era um dos únicos momentos em que conseguia ter um contato íntimo desse jeito com ela, e ele aproveitava cada segundo.
Talvez agora que não existia mais Finn Gusman em sua vida, eles pudessem ficar juntos. Pensamentos assim rondavam a cabeça de null de vez em quando.

Sexta-Feira, Casa do null.

— Espera aí. Vocês estão ficando malucos? — Questionou null, assim que terminou de escutar o plano maluco de null e null.
— Totalmente loucos... — null acendeu um cigarro e passou para null.
— Vocês não acham que eu fico sexy fumando? Talvez eu pudesse fazer algum comercial de cigarros...
— Cala a boca, null. Foca aqui. — null deu um tapa na cabeça do amigo. — Não estamos malucos, null. O plano é bem simples e vai funcionar perfeitamente. Vamos nos vingar de Finn Gusman e...
— E de Camille Ferrer também! — Concluiu null, entrando na sala e jogando as compras no chão.
— Camille Ferrer não é a sua namorada? — Perguntou null, arredando para o amigo sentar ao seu lado no sofá.
— Finn Gusman e Camille Ferrer estavam tendo um caso, null!
— O QUÊ?
— COMO ASSIM?
— NÃO!
— Deixo meu cabelo com topete ou sem topete?
— JAMES!
Os cinco amigos se olharam pensativos.
— Então vamos nos vingar dos dois e ainda iremos a uma festa! — null terminou sua frase.
— Eu acabei de descobrir que estava sendo traído e você quer ir a uma festa? — null perguntou.
— Faz parte do plano. — null deu de ombros.
— Não faz, não. — Disseram null e null em uníssono.
null levantou e colocou suas mãos na cintura.
— Se vamos fazer isso, precisa ser feito logo. Já são sete da noite, e temos que colocar o plano em ação. — Ela pegou as sacolas e viu o creme depilatório. — Vamos acabar com eles, null!

Sexta-Feira, rua da casa de Camille Ferrer.

Agachados e escondidos atrás de várias plantas e arbustos, null e null se preparavam para o plano infalível que null e null haviam inventado. O garoto procurava algo em sua mochila, enquanto a menina observava com um binóculo o outro lado da rua. Ela podia ver o carro bonito de Camille estacionado.
— Sabe null, ainda não entendo como esses dois tiveram coragem de fazer algo assim comigo. — Ela disse soltando um suspiro. — Digo, pensei que Camille fosse minha amiga.
— Todos pensamos, null.
null parou de mexer em sua mochila e colocou o creme depilatório em sua mão na grama, olhou para a garota que ele costuma chamar de melhor amiga em sua frente e não soube responder como alguém poderia ao menos pensar em trair ela. Ela era tão bonita. Eram poucas as vezes em que ele ficava sem palavras, mas quando isso acontecia, eram os gestos que ele fazia que contavam. Puxou null para mais perto e abraçou sua amiga. Braços em volta um do outro, respirações ritmadas, corações se unindo como um só.
A cabeça de null, antes encostada no peito de null, se levantou e seus olhares se encontraram, esqueceram nesse exato momento como se respirava. Estavam tão perto que seus narizes quase se encostavam. Eles sabiam o que estava prestes a acontecer, e eles queriam isso. Talvez esse desejo estivesse reprimido a muito tempo.
— Ei, o que vocês estão fazendo?
A voz de null foi como um choque e fez os dois se distanciarem imediatamente. Sem graça, se levantaram e seguiram null para o outro lado da rua.
— Ei null, vem aqui! — Gritou null e recebeu um tapa na cabeça dado por null, que fez sinal de silêncio.
null colocou seu binóculo de novo e olhou para a janela do quarto de Camille.
— Você consegue ver alguma coisa? — Perguntou null.
— Na verdade, não, talvez ela esteja dormindo, mas também pode estar no computador... Preciso que você distraia ela.
— Distrair como?
— Assim, você toca a campainha enquanto eu e os meninos nos escondemos, quando abrirem a porta você diz que precisa falar com Camille, aqui fora. Então enquanto ela tá descendo, eu e os meninos subimos.
— Eu não sei se consigo fingir que nada aconteceu, null.
— É claro que consegue null. Agora vai lá e faz o que eu te disse.

Sexta-Feira, na porta da casa da Camille.

null tocou a campainha e esperou que viessem atender, suas mãos soavam e ele mordia os lábios irritado com a demora. Os amigos já estavam preparados para subir na árvore que daria direto no quarto de Camille.
— Olá null. — Uma mulher de 40 e tantos anos abriu a porta sorrindo para o menino.
— Olá senhora Ferrer, a Camille está?
— Claro querido, suba.
— Ahn, na verdade, eu prefiro que ela venha aqui fora... — Ele sorriu forçado.
A senhora Ferrer apenas assentiu e entrou na casa para chamar Camille. null deu o sinal, era agora ou nunca.

Sexta-Feira, quarto da Camille.

Os quatro amigos entraram no quarto cor de rosa da garota e torceram o nariz para a cor. O creme depilatório continuava na mão de null, null e null procuravam o vestido que Camille iria usar no baile de formatura no domingo, null olhava para o pote de tinta em sua mão e para o pote de condicionador.
— Aqui! — null olhou para o vestido e sorriu satisfeita. Camille Ferrer iria pagar.
Pegou a tesoura que null segurava e deu o vestido para o garoto. Com sorte, Camille só veria o estado do vestido no domingo e não daria tempo de comprar um novo. Fez dois cortes no busto, e outros em partes aleatórias do vestido.
null achou o tapa-olho que a menina usava e sorriu travesso, era um ótimo lugar para encher de creme depilatório. Camille Ferrer não teria mais sobrancelha para arquear. Riu imaginando o quão feia ela ficaria.
null tirou todo o condicionador do pote e encheu com tinta. Ele quase sentiu pena, mas ai lembrou que agora quem teria o cabelo mais bonito seria ele e não mais ela.

Sexta-Feira, na porta da casa da Camille.

— Na verdade, Camille, eu estou terminando com você. — null observou, escondida, a cara que Camille fazia e quase soltou uma risada.
— Mas, null, você não pode fazer isso. Nós vamos ao baile juntos! — Ela respondeu histérica. — E você não tem outra garota para ser par!
— Ele tem sim, linda. — null sorriu falsamente para a rival e logo todos os meninos apareceram.
— Quem? Você? — Respondeu com deboche.
— Eu mesma, querida, e acho melhor você tomar cuidado, entendeu?
— É, toma cuidado! — Reforçou null.
— Adeus, Camille. Vá procurar Finn Gusman e veja se ele quer ir com você. Acho que vocês se merecem.
Os cinco amigos saíram então pela rua deserta comemorando a vitória da primeira parte do plano, agora eles estavam quase prontos para a segunda. Um pouco longe, null pensava se null realmente havia falado sério quando disse que ia ao baile com null. Não podia ser, ele ia convida-lá.
Ela e null não faziam um bom casal de rei e rainha do baile...
Resolveu afastar esses pensamentos de sua cabeça e correu para alcançar seus amigos, falaria com null mais tarde e tudo se esclareceria.

Sexta-Feira, rua da casa de Finn Gusman.

— Agora é a sua vez de distraí-lo null. — null falou assim que chegaram na frente da enorme casa.
— Eu não consigo nem olhar na cara dele, null, quanto mais distraí-lo...
null, não estrague os planos, você vai tocar essa campainha e inventar uma desculpa e ponto final. — Disse null. — null vai ficar com você para garantir que tudo corra bem, null e null venham comigo.
Os três meninos se dirigiram para os fundos casa, onde entrariam escondidos, e deixaram null e null sozinhos. Ainda estavam sem graça pelo acontecimento de uma hora atrás, mas não podiam ficar assim para sempre, então resolveram que iriam conversar.
null...
— Olha Clar...
Os dois falaram ao mesmo tempo e riram, quebrando um pouco o gelo.
— Olha, eu não sei o que aconteceu naquela hora mas eu espero que aquilo não interfira em nada na nossa amizade. — Ela falou olhando para seu melhor amigo que deu de ombros.
— Tanto faz.
Ela apertou a campainha e suspirou. Era hora de encarar Finn Gusman, o mesmo idiota que terminou o namoro pela manhã. null se escondeu.
Foi ele quem abriu a porta. Usava uma camisa xadrez com as mangas enroladas no cotovelo, calça jeans e meias. O cabelo escuro caía em seus olhos azuis e null se segurou para não se jogar nos braços do ex-namorado. Finn a encarou com a sobrancelha erguida e uma expressão de surpresa tomava conta de seu rosto, afinal esperava que null ainda estivesse em seu quarto chorando. Isso fez a garota se sentir orgulhosa de si mesma.
— Oi null. — Ele disse encostando o ombro no batente da porta. — O que está fazendo aqui?
— Eu... Eu não sei. — Sorriu amarelo por ter titubeado. — É só que eu quero saber se... Você sabe.
— Se eu estou saindo com outra garota?
Ela concordou levemente com a cabeça. null rolou os olhos observando a cena.
— Eu não vou mentir para você null, eu estou sim.
— Não vai mentir para mim? Que diferença faz agora não mentir se você mentiu durante todo esse tempo? — Ela perguntou calmamente olhando para seus pés. — Você e a Camille são nojentos!
— Como você sabe da Camille? — A garota não respondeu e isso fez com que Finn colocasse as mãos no ombro de null.
— Sai, você tá me apertando. — Ela reclamou, mas Finn não a soltou.
— Espero que você não abra a boca para ninguém e...
— Tira as mãos dela, Gusman. — A voz de null soou ameaçadora à alguns passos de distância. Finn deu uma risada.
— E se eu não quiser, Shidmit?
— Vai se arrepender.
— Isso é uma ameaça?
— Não, é um aviso. — Ele cruzou os braços assim que chegou do lado de null e Finn a soltou. — Bom garoto. — Sorriu metido.
Mas dois segundos depois sentiu o punho fechado de Finn Gusman atingir sua bochecha perto da boca. Cuspiu o sangue e continuou com o sorriso no rosto. Podia não ser mais forte que Finn, mas era bom de briga e bom de desvio.
null estava em choque olhando para seu melhor amigo.
null retribuiu o soco e aproveitou para dar mais dois, antes de seus amigos aparecerem e segurarem ele e Finn.
null continuava parada apenas olhando. Sempre quis dois garotos brigando por ela...
— Faz alguma coisa null! — Gritou null e ela balançou a cabeça despertando do transe.
— PAROU! — Gritou e todos a olharam. Ela fez os meninos soltarem Finn e chegou bem perto do rosto do ex-namorado. — Agora, eu vou sair daqui com o seu carro e vou para onde eu quiser com meus amigos, e se você abrir a boca para dizer que eu roubei seu maldito Jeep, conto para todos aquele seu segredinho.
Finn torceu o nariz e null jogou o cabelo para o lado pegando a chave no bolso do garoto. Ele era apenas mais um idiota que havia passado pela sua vida, e definitivamente não merecia sua tristeza.
Ela conseguiu elevar sua autoestima e seu jeito de pensar sobre seu relacionamento já acabado há muito tempo. E no caminho para a tal festa que null e null haviam falado, ela se sentiu feliz outra vez.
Quem foi que disse que vingança matava a alma e a envenenava mesmo?
Sua alma parecia mais viva do que nunca.

Elevate a little higher, Let's throw a party in the sky
(Elevar um pouco mais alto, vamos dar uma festa no céu)
And celebrate.
(E celebrar)
Elevate until we're flying, move, move your feet
(Elevar até que estejamos voando, mova, mova seus pés)
Ultil you levitate.
(Até você levitar)
Come on let's Elevate.
(Venha, vamos elevar)


Ela não sabia há quanto tempo estava no carro, mas sabia que não era pouco, ela e null já haviam bebido três energéticos e estavam no banco de trás do Jeep. Um cigarro quase no fim pendia entre os lábios ressecados de null e seu cabelo bagunçado o deixava sexy ao ponto de null se perder em pensamentos enquanto o observava. null já havia desistido de ficar acordado e estava com a cabeça encostada na janela do carro. null se encontrava na mesma situação, e null dirigia perdido em pensamentos. Restando apenas mais uma vez a mistura de respirações dos dois melhores amigos ali naquele banco.
null passou o braço ao redor da cintura de null para ficar mais confortável (e sentir melhor seu cheiro), e ele aproveitou para fazer carinho nela com sua mão livre. Eles não sabiam o que estava acontecendo ali, mas era algo bom e ambos estavam gostando. A menina adormeceu, deixando um confuso null sozinho com seus pensamentos.

Sábado, carro do Finn Gusman.

Eles acordaram com uma luz forte em seus rostos, uma lanterna. Olharam confusos para a janela de null e perceberam um policial colocando a luz na cara de cada um. null franziu o cenho e bufou. O que seria agora?
— Mas senhor, eu tenho todos os documentos aqui olha, até minha carteira de motorista...— Disse null mostrando os papéis para o homem.
— Qual é o seu nome, jovem?
null null.
— Posso saber para onde estão indo à essa hora da madrugada? E estou sentindo cheiro de maconha...
Os olhos de null se arregalaram e ele tratou de sentar em cima de todos os cigarros que haviam feito durante o caminho. Se eles fossem pegos com essa erva... Os cinco jovens engoliram em seco.
— Acho que vou precisar revistar o carro.
— Pode revistar, enquanto isso eu vou ali mijar. — null disse sorrindo e saindo do carro, com todos os cigarros e com uma camisa preta sem o policial perceber.
Enquanto o homem olhava o banco de null, null aproveitou para colocar a camisa preta envolta da placa do carro, cobrindo-a. Ele ainda estava decidindo se deixava os cigarros na estrada (sim, ele havia acabado de perceber que estavam em uma estrada), ou se levava de volta para o carro e escondia, quando ouviu o policial falar.
— Ahá, eu sabia que vocês estavam fumando maconha! — Ele exibia um cigarro que fora esquecido embaixo do tapete.
— Fodeu.
null correu de volta para dentro do carro e fechou a porta rapidamente. null aproveitou o momento de distração do policial e pisou no freio. O carro era rápido e potente, e a placa estava coberta, ninguém os pegaria. Eles todos eram invencíveis.

— Pelo menos ainda temos nossos cigarros. — null sorriu contente.
— Cara, onde é que a gente tá?
— Olha ali, uma placa!

Welcome to Berkeley City

— Nós estamos em outra cidade?! — Exclamou null arregalando os olhos. null abriu a boca chocada.
— Ouvi falar que a festa daqui ia ser de arrebentar! — Foi a vez de null sorrir e fez um high five com null.
null, sério que você dirigiu até outra cidade só por causa de uma festa? — null se meteu entre os dois bancos da frente e olhou feio para o amigo. — Pensei que você fosse o inteligente do grupo.
— Relaxa null, estamos precisando de uma festa.
— Nossos pais vão nos matar! — Ela rolou os olhos e pegou seu celular enviando uma mensagem para sua mãe, dizendo que estava na casa de null e que voltaria apenas mais tarde. Pegou o celular dos amigos e fez a mesma coisa.
— Que horas são? — Perguntou null.
— São cinco da manhã. — Ela respondeu e encostou a cabeça de volta no ombro do garoto. Estavam cansados.

Sábado, na frente da casa onde seria a festa.

Os cinco jovens desceram do carro e olharam para a casa em sua frente. Parecia normal. Não havia nenhum sinal de que estava ocorrendo ou que havia ocorrido uma festa ali. Será que erraram de endereço?
— Que...
— É aqui mesmo, acabei de confirmar. — Falou null.
— Não entendo...
null e null tocaram a campainha.
null se escorou no Jeep e observou seus amigos idiotas.
Uma garota abriu a porta. Ela era magra, e tinha o cabelo preto pintado de loiro platinado nas pontas, era esquisito, mas ficava bonito nela. Ela usava um shorts jeans e uma camiseta preta curta que deixava aparecer sua barriga inexistente. null sentiu algo ao ver o olhar que null fez. Incômodo talvez?
— É... Nós viemos para a festa. — Ele foi o primeiro a falar e sorriu.
— Chegaram um pouco cedo demais, a festa é só de noite. — Ela respondeu também sorrindo.
null pigarreou.
— Pensamos que fosse sexta a noite, por isso viemos. — null explicou.
— E viemos de longe...
— De onde?
— Da cidade vizinha. — null respondeu. — Mas acho que já estamos indo de volta para lá, não é rapazes?
Ela sorriu forçada para os amigos patetas.
— Ah, que falta de educação a minha, nem me apresentei. — Falou a menina de cabelo esquisito. — Meu nome é null.
null, e esses são null, null, null e null. — Apontou para cada menino respectivamente.
— Se vocês quiserem, podem dormir aqui até a festa começar, o que acham?
null ia responder que achava uma péssima ideia, mas foi cortada por null e null.
— A gente fica.
null olhou confuso para os dois amigos, tudo bem que a tal null era gata, mas agora aceitar ficar na casa dela não era um pouco de abuso? Deu de ombros e foi para perto de null, ela parecia um pouco raivosa.

Sábado, casa da null.

A casa de null era simples, mas completamente linda. Ela contou que fazia faculdade de design na cidade e que havia alugado essa casa com o dinheiro que recebia no estágio e com a ajuda dos pais. Era um lugar bonito e confortável, apesar de pequeno. null havia adorado. Mas ainda estava sentindo ciúmes de null com null.
— Tem apenas dois quartos então, vão ter que se apertar... — null disse enquanto eles subiam as escadas. — Você pode dormir no meu, null. — Ela sorriu simpática.
null retribuiu o sorriso de uma maneira quase verdadeira e seguiu a menina para o quarto no fim do pequeno corredor. Os meninos ficaram no quarto ao lado. Sentia pena deles que teriam que se apertar e muito.
— Tem um sofá naquele outro quarto, espero que eles consigam dormir bem. — null pareceu ler os pensamentos de null.
— É espero que sim também. — Ela respondeu simplesmente e tirou os sapatos ficando apenas de meias.
Observou o quarto de null e percebeu que era bem legal.
— Gostei do seu quarto.
— Obrigada, agora me conta, se vocês queriam vir pra festa de sexta, por que chegaram no sábado de manhã?
— É uma longa história...
E lá se foram algumas horas conversando, deixando claro para null que na verdade null era uma garota muito legal e divertida.
— Só mais uma coisinha, rola alguma coisa entre você e algum dos meninos? — null perguntou.
— Talvez com o null, eu não sei, somos melhores amigos mas parece que está se tornando mais que isso, sabe? — Ela desabafou e suspirou antes de pegar no sono.

O primeiro à acordar fora null, já se passava das quatro da tarde, o que provava que ele havia dormido muito mais que o necessário. Ele estava deitado no sofá do quarto em que estava dividindo com seus amigos, sorriu pequeno ao ver que null e null dormiam na mesma cama, com certeza caçoaria dos amigos mais tarde, caso lembrasse. null estava deitado em uma rede, provavelmente teria dor nas costas quando acordasse. null suspirou e olhou para a mochila ao seu lado, sem se dar conta, os garotos haviam trazido roupas e cuecas para todos. Ainda bem que eram prevenidos.
Ele trocou a blusa que estava por um moletom cinza e meias da mesma cor, e saiu do quarto sem fazer barulho. Estava ponderando se chamava null para dar uma volta, mas decidiu que era melhor descer e fumar um pouco para clarear as ideias. Depois do que havia acontecido entre os dois, ele estava ponderando tudo o que fazia, controlando todos os seus impulsos... Isso era desgastante. Então se sentou no primeiro degrau e ficou olhando para a porta fechada enquanto tragava sua erva.
Ou talvez fumar fosse apenas um pretexto para null ir até ele, pois sabia que a amiga conseguia sentir e reconhecer o cheiro da maconha de longe.

null acordou e encontrou null dormindo ao seu lado, toda coberta. O frio que o quarto exalava era congelante, então levantou rapidamente e achou um moletom de null no meio do bagunçado guarda-roupa. Jogou por cima de sua blusa de manga comprida e calçou novamente os tênis. Penteou o cabelo e saiu do quarto sem fazer barulho. O cheiro de cigarro invadia seu nariz.
Desceu lentamente as escadas até se sentar ao lado de seu melhor amigo. Os dois ficaram silêncio por alguns segundos que pareceram minutos.
— Você quer sair daqui? — Foi null quem falou primeiro.
— Para onde vamos? — Ela perguntou já se levantando e puxando o amigo pela mão.
— Sei um lugar, null.
Os dois sorriram um para o outro e saíram da casa, indo em direção ao carro de Finn Gusman.

Forget about your day, under the milky way
(Esqueça seu dia, sob a via láctea)
I know a place where we can go
(Eu sei um lugar onde podemos ir)


Os dois melhores amigos estavam comendo um hambúrguer que tinham acabado de comprar, com seus milkshakes, parados em uma rua deserta esperando que escurecesse. null abraçava suas pernas, pois tinham quebrado sem querer o aquecedor do carro de Finn, então o carro estava congelando.
— Por que estamos tomando coisa gelada com todo esse frio? — Se questionou null.
— Seu lábio ainda tá cortado. — null observou e corou logo que se deu conta do que havia falado, agora null pensaria que ela ficou olhando para sua boca!
— Você estava olhando para a minha boca, null?
— Ahn, é meio impossível não notar, ok?
A menina rolou os olhos e fingiu prestar atenção nas árvores que balançavam fazendo folhas caírem. O frio era insuportável.
—Não era exatamente aqui que eu ia te trazer, mas com esse frio não tem muito o que fazer...
null pareceu ler os pensamentos da melhor amiga e isso a fez rir fraco.
— Acho que devemos voltar, o frio tá muito forte. — Ela respondeu simplesmente.
Num ímpeto de coragem e impulso, null puxou null e a abraçou forte numa maneira de esquentá-la. Essa proximidade dos corpos sempre fazia seus corações baterem um pouco mais rápido e suas respirações ficarem um pouco irregulares. Não sabiam que sentimentos eram aqueles, mas tudo parecia se encaixar quando estavam juntos daquela forma.
null levantou a cabeça e olhou nos olhos de seu melhor amigo. Como num flashback ela se sentiu atrás do arbusto e null chegando para chamá-los. Mas agora não havia null, era só eles dois e um carro em uma rua deserta. E estavam tão próximos. A mão de null chegou na altura do rosto de null e ele acariciou a bochecha rosada e os lábios rachados da garota, antes de colocar a mão em sua nuca e a puxar para o melhor beijo que já tivera em toda a sua vida.
Era diferente. Diferente de qualquer outra coisa que já haviam provado. O beijo deles se completava e se sincronizava de uma forma tão impressionante que pareciam já ter feito aquilo milhões e milhões de vezes.
Quando precisaram do oxigênio para respirar, os olhos de null estavam arregalados.
— O que foi isso?
— Eu não sei mas... Quero mais.
— Mas null...
— Cala a boca. Aproveita esse momento.

No need to be afraid, come on I’ll demonstrate
(Não precisa ter medo, vamos lá, vou demonstrar)
Take you to outer space, here we go, here we go
(Vou leva-lá para o espaço sideral, aqui vamos nós)

Sábado, casa da null


— Onde diabos vocês dois se meteram? — null perguntou assim que null e null cruzaram a porta de entrada da casa.
— Saímos para comer.
Disse simplesmente e null deu de ombros.
— Já são oito da noite. — Informou null. — Vai ter festa!
null! Ainda bem que você chegou, nós precisamos nos arrumar, vem! — A menina foi puxada escada a cima por null.
Deus que vida corrida era aquela?
Depois de responder milhares de perguntas sobre como foi passar a tarde com null, as duas finalmente foram se arrumar. E quando terminaram, a festa já estava rolando no andar de baixo. null sentia o cheiro forte da maconha começando a se impregnar em cada fresta da casa.
Desceram as escadas e foram em direção a null e null. null tomou a bebida de null e engoliu uma bala de null.
Céus, ela iria ficar muito louca.

Oh Oh Oh, if you wanna party
Oh Oh Oh, and I know you're down
Oh Oh Oh
If you wanna party
If you wanna party…

Elevate a little higher
Let's throw a party in the sky and celebrate
Elevate until we're flying
Move, move your feet
Until you levitate
Come on let's elevate!

Elevate, elevate!


A sala estava rodando para null. Ela estava tão louca que nem sabia onde estava e nem onde null estava. Não se lembrava de vê-lo desde o começo da festa... Ele havia sumido, logo quando ela mais precisava. Segurou-se no corrimão da escada e subiu, cambaleante, tentando focar a visão para não cair. Precisava vomitar.
Chegou ao banheiro no andar de cima e foi direto até o vaso sanitário, a música alta parecia que ia explodir seus ouvidos. Vomitou um pouco da bebida, mas ainda podia sentir o ectasy e a fumaça da maconha correndo pelas suas veias e seu cérebro. Ela se apoiou na pia e deu descarga, antes de usar enxaguante bucal. Precisava de null.
Precisava de alguém ali com ela naquele momento, alguém que a impedisse de pensar em Finn Gusman e na traição horrível que ele cometeu com ela. Mas onde diabos havia se metido seu melhor amigo?
null, você tá legal? — Um null em um estado pior do que ela surgiu na porta do banheiro sorrindo.
Não tinha null, mas tinha null. Ele já servia.

Enquanto isso null se perguntava onde sua melhor amiga havia se metido, ele não bebeu tanto, portanto ainda estava sóbrio. Mas sua sobriedade não o estava ajudando naquele momento, já que a casa estava tão cheia que era impossível achar qualquer um de seus amigos ali no meio. Resolveu subir as escadas e ver se algum estava lá por cima.

— Eu não tô nada legal, null, meu namorado me traiu! — Ela exclamou.
— Se serve de consolo, ele te traiu com a minha namorada, então estamos na mesma.
— O que nós fizemos de errado?
Ele não respondeu. Não conseguia pensar em resposta alguma. Só sentia o álcool e a embriaguez, o levando a fazer uma coisa extremamente estupida.
null beijou null.
E ela retribuiu.

null observava tudo do lado de fora do banheiro.

Domingo, carro do Finn Gusman

O clima não era dos melhores. Na verdade, não chegava nem perto de ser bom.
null dirigia o carro, null estava no banco de passageiro ao seu lado, null e null dormiam e null fingia que estava dormindo. Não aguentava olhar na cara de seus melhores amigos.
Sentia-se traído.
Engraçado não é?
Tudo está bem em uma hora e na outra nada faz sentido.
Foi assim com null e Finn, assim com null e Camille e agora null parecia estar provando o gosto amargo da traição.
Ele desceu do carro irritado assim que null o deixou em sua casa. Só queria dormir até que entrasse na faculdade. E ele realmente se jogou na cama assim que chegou em seu quarto, tomou uma aspirina e um boa noite cinderela na esperança de tirar o beijo de null e Camille de sua cabeça.

Domingo, ginásio do colégio.

null usava seu vestido dourado com preto e sorria animada para todos os seus amigos da escola. Ela se sentia feliz, apesar de não entender o motivo de null a ter ignorado durante todo o caminho de volta para casa. Não havia sinais de Finn ou Camille por ali e isso a deixava orgulhosa de si mesma e de seus amigos por a vingança ter dado certo.
Ela viu null do outro lado do salão e sorriu mais ainda animada por sua mais nova melhor amiga ter aparecido para o baile de formatura.
— Hey! — Se abraçaram.
— Onde os meninos estão? — null perguntou ao ver null sozinha.
null, null e null estão ajeitando os microfones, e null eu não sei. Ele não responde minhas mensagens e nem me atende.
— Bom, eu também não atenderia depois do que você fez ontem...
null franziu o cenho e fez uma cara confusa, ela não se lembrava muito da noite passada, mas se tivesse feito alguma merda, lembraria né?
— O que eu fiz ontem, null?
— Você não lembra? — A menina negou já desesperada.
— Você beijou o null!
— O QUÊ? — Gritou chamando atenção das pessoas a sua volta.

null chegou atrasado ao baile. Estava com a cara amarrada e os cabelos bagunçados, segurava escondida uma garrafa pequena de vodka e, no meio de seus dedos, seu inseparável cigarro de maconha. Viu null e null de um lado do salão, e viu que a garota estava vindo até ele. Isso o fez desviar o caminho e procurar seus amigos. Não falaria com null.
Então o diretor apareceu em cima do palco e chamou a atenção de todos os alunos.
Menos null e null. Eles se olhavam.
— E o rei e a rainha do baile são... null null e null null!
Eles arregalaram os olhos e caminharam lentamente até o palco.
null, eu preciso falar com você sobre noite passada. — Ela sussurrou, o menino rolou os olhos.
— Eu não to nem aí pra noite passada, null. — Disse entredentes.
null apenas engoliu em seco e forçou um sorriso quando recebeu a coroa. Ela não fez discurso e muito menos null, não tinham saco para isso mais.
— Por favor null, me escuta, eu não sabia o que estava fazendo...
— Para mim você sabia muito bem o que estava fazendo, null, não tente se fazer de santa agora, ok? Pensei que tivéssemos algo especial.
— Nós temos!
— Não, não temos! — Ele gritou já do lado de fora do colégio. — Tudo não passou de uma ilusão, null, foi tudo coisa de momento!
— Coisa de momento? Então por que você está tão chateado comigo e com null?
— Sabe, null, quando eu te tirei daquele quarto, minha intenção era fazer você sorrir e elevar sua autoestima que estava lá embaixo, e pelo que eu vi, você já está muito bem de novo. — Ele falou. — Você pensa que eu não sei que você nunca realmente amou Finn Gusman? Ou qualquer um de seus outros namorados? A verdade é que você sempre namorou por interesse no que esses garotos iriam te proporcionar, null. Você não ficou triste por Finn, o grande amor de sua vida, ter traído você, e sim por ele ter terminado! Ele foi o primeiro a te dar o fora e você não estava acostumada com isso. Espero que agora você já esteja, porque eu tô te dando o fora, null null.
Ele virou de costas e andou alguns passos, antes de parar. Esperava que a garota dissesse alguma coisa. Ela não disse nada. E então null foi embora, com as mãos ocupadas por sua pequena garrafa de vodka e seu cigarro. E null voltou para a festa de formatura e fingiu sorrisos.
Os dois seguiram rumos diferentes depois daquela noite.
Quem diria que, em um final de semana, uma amizade de anos iria acabar?
Era incrível o que a traição, o egoísmo e até mesmo a elevada autoestima podiam fazer com a sua vida. Aqueles jovens eram a prova real disso.


FIM



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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