Capítulo Único
“Senhorita Daves, por meio desta carta queremos lhe informar que você foi aceita na Winners Arts School .“
O resto da carta eu nem lembro o que dizia, EU FUI ACEITA, caramba, EU FUI ACEITA.
Corri para ligar para a pessoa que mais vibraria com essa notícia, fora mim.
- Atende, atende.
- ...
- Eu passei, eu fui aceita.
Não precisei dizer mais nada para que ele entendesse.
- Ah, meu Deus, você foi aceita. Não consigo acreditar, quer dizer, acredito sim. Você é ótima.
- Eu entendi – sorri. – Eu estou tão feliz.
- Você já contou pra os seus pais?
- Ainda não, a primeira coisa que fiz foi ligar para você. Oh, Deus. Tenho que ver onde vou ficar, será que tem vaga na casa da escola?
- Você já tem onde morar, você vai morar aqui. – me disse firme.
- Sério que posso ficar aí? - perguntei, empolgada.
- Claro que sim.
- , eu já disse que te amo e que você é a melhor pessoa que existe nesse mundo?
- Sim, mas pode repetir. – ele riu.
- Eu te amo e você é a melhor pessoa que existe. Agora vou desligar que preciso organizar tudo, beijos e te amo.
- Também te amo, .
era simplesmente a melhor pessoa que eu poderia ter na minha vida. O melhor amigo, a melhor pessoa, o melhor incentivador de sonhos, o melhor namorado inventado – isso se deve ao fato que já fingimos namorar, pra que eu me livrasse de um garoto. Acreditem se quiser, mas perdemos o bv juntos, naquele dia.
***
- Minha nossa, . O que você tem nessa mala? Chumbo?
- Isso por que você ainda não viu as outras três que eu trouxe.
- Você deve ter pago uma fortuna por excesso de peso.
- Só um pouquinho. – eu fiz um gesto com a mão e sorri.
- Vai subindo que eu vou pegar as outras malas.
- É por isso que eu te amo. –disse e o beijei na bochecha.
Fui olhar a casa, enquanto ele pegava as coisas e minutos depois ele terminou.
- Pronto, suas bombas já estão dentro de casa. Bem vinda ao seu novo lar.
- Será que um dia serei capaz de te agradecer?
- Claro que sim.
- É. Quando eu for uma grande estrela vou te levar pra todas as festas.
- Daí vou ser obrigado a sair em todas as revistas? – ele fez cara de repúdio.
- Não, a estrela serei eu. Você vai passar despercebido. – respondi como se fosse óbvio e com um pouco de graça na voz.
- Mal foi aceita e já está se achando. Medo do que pode estar por vir. – fingiu estar mesmo com medo e lhe dei uma tapa. - Seu quarto é esse. Sei que não é lá o melhor quarto que você já viu, mas pensei que poderia o deixar com sua cara.
- Claro, tá ótimo – e eu não estava mentindo, o quarto era mais que eu esperava. É que meu amigo não era tão ligado em luxo quanto eu, então esperei bem menos. – Espero que não se importe que eu pinte essas paredes e deixe bem menininha, como você diz.
- Não esperava coisa diferente de você. – me abraçou por trás e beijou meu rosto.
Era meu primeiro dia e eu estava uma pilha de nervos. Estava com medo de não ser tão boa quanto as outras pessoas, de ser apenas mais uma naquele lugar, ou seja, de não me destacar. Porque era essa minha meta, eu queria ser a melhor. Aquele era meu pontapé inicial para chegar às alturas. Eu iria me destacar, ser a melhor de todas e depois disso meu futuro seria super brilhante devido aos inúmeros holofotes e flashs que viriam sobre mim. Eu pretendia e iria ser uma estrela.
Agradeci por ver que a primeira aula era de canto. Era o meu foco ali, embora eu quisesse ser boa em tudo, mas o canto era o meu maior triunfo.
- Que tal nos apresentarmos? – um professor lindo, e mais novo do que eu esperava pra já estar ensinando em um lugar tão renomado como aquele, sugeriu.
Um burburinho começou na sala, uns dizendo que iria ser ótimo, outros dizendo que seria legal e até mesmo alguns dizendo que tinham vergonha.
- Mas aqui é uma escola de artes, então vamos nos apresentar de maneira artística, e como a aula é de canto, cantem alguma música. Pode ser uma música que diga algo sobre você, ou apenas uma música que mostre sua potência vocal. Apenas cantem.
Pensei em diversas músicas, músicas super altas, baixas, que tinha mais a ver comigo, que não tinham. Só sei que o professor deve ter percebido minha agitação e apontou pra mim.
- Você. – olhei pra ele assustada e ele continuou. – Quero que você comece.
Embora eu estivesse assustada demais, escolhi a música que passava em minha mente naquele exato momento e comecei a cantar Royals da Lorde.
Era uma música baixa comparada a outras que já tinham passado em minha mente, mas eu poderia e iria aumentar algumas notas, fora que eu amaria ter o posto de rainha.
O resto da sala me acompanhou fazendo os vocais ou batendo em algo, nada que me fizesse deixar de ser o centro da minha apresentação. Saiu maravilhoso.
- Pensou nessa mudança agora, ou já tinha feito isso outras vezes?
- Tudo feito nesse momento – sorri nervosamente.
- Parabéns, mesmo com alguns errinhos, eu jamais seria capaz de dizer que fez isso tudo de improviso.
- Obrigada – sorri e saí do centro da sala.
- E aí, como foi a aula?
- Ótima, arrasei no canto.
- Modéstia nunca foi seu ponto forte. – disse rindo e eu ri também.
- Eu só não posso me diminuir, ninguém chega ao topo se não acreditar em si mesmo. Mas agora é sua vez, como foi seu dia?
- Você sabe, fiz um monte de trabalho que estagiário de direito não deveria fazer, mas que eu faço porque sei que não fazer também me prejudicaria.
- Que merda.
- Que nada, melhor que passar o dia tirando Xerox. Aquela máquina velha tira a paciência de qualquer um.
Nós dois rimos.
- Que tal vermos um filme? – ele sugeriu.
- Romance. – sugeri.
- Terror. – ele discordou.
Olhamos-nos como se nenhum fosse ceder, até que sugeriu.
- Uma ação que tenha amor também.
- Ótima escolha – falei sorrindo. – Faço as pipocas.
- E eu vou comprar sorvete e refrigerante.
Estávamos deitados no chão da sala, com um monte de pipocas caídas ao nosso redor e cobertos por um edredom.
- Essa mulher é idiota ou o que? Ela vai ferrar com todo o plano.
- Ela é mulher, você esperava mais o que de uma mulher? – falou rindo.
- , fale mais uma coisa desse tipo e eu quebro a sua cara.
- Claro, afinal, você é super forte. – ele desdenhou e eu dei um murro em seu braço.
- Ai. Até que pra uma garota, você bate forte demais, .
- Me irrite e levará milhares desse. – lancei lhe um olhar ameaçador e ele riu. – Agora, cala a boca que eu quero assistir.
Voltamos a assistir e não nos falamos até que o filme terminasse.
- Gostou? – ele perguntou, com um lindo sorriso no rosto.
- Sim. E como podemos ver, sem a mulher o cara não seria feliz. Ela foi a grande estrela do filme.
- Você sempre com essa mania de ser estrela.
- Eu já sou uma estrela, baby. O mundo apenas não sabe ainda.
- Agora, me deixa guardar essas coisas.
POV .
Naquela noite, depois te ter visto um filme, ou seja, apenas dois dias depois da ter vindo morar comigo, eu percebi que não seria tão normal morar com ela.
A garota estava com um short minúsculo de dormir, eu até acho que pra dormir com aquilo é melhor dormir de calcinha. E, como se não bastasse isso, no outro dia fui acordá-la para ir estudar – ela é péssima com horários – e descubro que ela resolveu dormir sem blusa, apenas com sutiã.
- Ai, meu Deus! – exclamou e depois se cobriu. – O que você...
- Vim te acordar, você está quase atrasada.
- Ér... – ela tentou falar e eu, para acabar logo com aquela cena estranha e patética, resolvi falar algo.
- Tem café na mesa, vou ter que sair agora. Ah, e tente dormir mais vestida.
Sugeri e sai logo do quarto, escutando um grito seu.
- DESCULPA.
Talvez o incidente do sutiã não tenha sido suficiente para tomar mais cuidado. Enquanto eu vivia me policiando para não andar nem de cueca e muito menos nu pela casa, ela vivia esquecendo a toalha e me pedindo para levar para ela e consequentemente me obrigando a ver a sombra de seu corpo. Fora às vezes que ela se esqueceu de fechar a porta e passei na frente do seu quarto e a vi só de lingerie – mas essa parte eu nem contei a ela.
- ?
Entrei em casa e tava tudo escuro, suspeitei que não estivesse em casa e segui direto para o meu quarto.
- Ahh! – ouvi o grito da assim que acendi a lâmpada. – O que você tá fazendo aqui?
- Como assim o que estou fazendo aqui? Você está no meu quarto.
- Mas você disse...
Ela parou de falar assim que me viu a olhando dos pés a cabeça.
A criatura estava de sutiã e calcinha – se é que se pode chamar aquela coisa minúscula, vermelha e rendada de calcinha.
- Para de me olhar assim! – ela ordenou.
- O que você tá fazendo aqui? – tentei manter o foco em outra coisa.
- Eu estava apenas procurando... – não a olhar estava sendo difícil e impossível. – Eu já mandei não me olhar assim.
- Toma – tirei o cobertor da minha cama e lhe enrolei. – Continua de onde parou.
Ela me olhou um pouco irritada, mas continuou.
- Eu só estava procurando um negócio daquele de barbear.
- E você não poderia se vestir antes disso? – perguntei, demonstrando que isso era o mínimo que ela poderia fazer, e novamente me olhou irritada.
- Eu já tinha tirado minha roupa pra tomar banhou quando lembrei. Fora que você disse que chegaria mais tarde. E outra, é só uma lingerie.
- Isso nunca é pouco pra um homem, mesmo eu sendo eu e você sendo você.
- Não vejo nada demais. – disse, parecendo convicta de que não errou.
- Então tá – fingi ter me dado por vencido. – Agora vaza.
- Tá, mané.
Assim que ela saiu, eu decidi algo. Se ela queria agir como se não precisasse se preocupar com mais ninguém naquela casa, eu faria o mesmo. A deixaria louca assim como ela estava me deixando.
Hora de voltar a ser o cara que mora sozinho.
POV .
- Hoje, iremos fazer um trabalho que abrange praticamente todas as aulas que vocês já tiveram. Quero que formem grupos de no máximo cinco pessoas e façam o clipe de qualquer música. Por favor, sejam os mais perfeitos possível, isso tudo vai para o site da nossa instituição e lá só se mostra coisa de alto nível. Caso alguém apareça com algo que não seja no mínimo ótimo, não irá ter vaga.
Um fala fala tomou conta da sala. Cada um que começasse a escolher seus grupos.
- Ol, ol. – o professor gritou. – Posso dizer algumas coisas ou vocês já sabem demais?
Rapidamente as vozes cessaram.
- Como pensei. – disse e continuou. – Tomem muito cuidado com a qualidade da imagem e som, isso atrapalha muito. Figurino é tão importante quanto o resto, mas o que mais quero que se preocupem é com a escolha da estrela do clipe. Claro que todos podem participar, mas se certifiquem que todos atuam e cantam bem. Um sorriso dado em um momento dramático, ou o inverso e uma nota não alcançada, podem colocar o clipe de vocês entre os piores da história da nossa instituição. Vale lembrar que somos bem críticos e que vocês devem manter notas ótimas, principalmente os bolsistas.
Se eu já queria ser ótima, agora eu seria maravilhosa. Eu era bolsita e definitivamente não podia tirar alguma nota baixa e mesmo sem esse fato, eu não aceitava ficar em nenhuma posição que não fosse a primeira. A Winners Arts School era alvo de diversos olheiros do meio artístico, um fracasso e poderíamos acabar com nossas carreiras antes mesmo de começar.
- Quer entrar no nosso grupo? Até agora somos três. Eu, o Matt e a Aysha. – Mandy disse.
- Claro que quero. – como eu poderia me negar a entrar em um grupo de pessoas tão boas?
- Quem mais poderemos chamar?
- O Harry é um ótimo aprendiz de produtor musical. Se quisermos arrasar, temos que o ter.
- Sabia que você era uma ótima escolha para nosso grupo. – ela disse e foi chamar Harry.
- Que tal amanhã fazermos uma reunião? Pode ser na minha casa, depois da aula. – Matt sugeriu e nós concordamos. – Ótimo, então até amanhã.
- ? Por que, por que você está assim? – perguntei surpresa com o que estava vendo.
Assim que entrei em casa encontrei bem deitado no sofá vestindo apenas uma boxer branca.
Ele por acaso não percebia que era um pouco constrangedor eu ver como ele era dotado?
- Você chegou mais tarde ontem. Achei que fosse chegar hoje também.
- E baseado em que você concluiu isso?
- Baseado no fato que você chegou tarde ontem.
Suspirei.
- Isso são eventos que não acontecem diariamente. Lembre-se de se vestir adequadamente quando chegar a hora que eu volto pra casa.
- Claro, não vai se repetir.
Acontece que se repetiu. Bastou chegar a noite para eu o encontrar novamente deitado no sofá, de box preta e dessa vez ele dormia.
Me aproximei um pouco e não sei se foi o suco que tomei, a comida que comi ou a preocupação com o clipe, mas eu reparei o corpo do , como nunca tinha reparado antes. Ele já não era mais tão magro quanto antes, seus braços estavam mais grossos, e seu peitoral tinha uma forma bem mais atraente que anos atrás.
O que tinha dado em mim, afinal?
Balancei a cabeça tentando apagar esses pensamentos e resolvi o acordar como seu comportamento merecia.
- Acorda, idiota. – joguei uma almofada em seu rosto e lhe dei um soco.
- O que foi? Quem morreu? Onde vamos nos esconder? – ele pulou do sofá, assustado.
- O que foi, é que você novamente está deitado só de cueca no sofá. E aonde você vai se esconder eu não sei, mas deveria pensar em um lugar. Ainda não morreu ninguém, mas vai morrer se você continuar assim. E a vítima será .
- Desculpa. – não sei se foi impressão minha, mas achei seu sorriso bastante cínico. – Esqueci que você tava aqui.
- Faz um mês que estou morando com você, não acha um pouco tarde pra esquecer-se desse fato?
- Acho que é porque finalmente estou me sentindo a vontade novamente. Mas prometo tomar mais cuidado.
- Vamos, . – Mandy gritou por mim.
- Já estou indo, deixa só eu ligar pra o .
- Tem namorado? – Matt perguntou.
- Eu divido apartamento com ele.
Liguei para , mas caiu direto na caixa postal, então deixei apenas uma mensagem.
“, provavelmente vou chegar em casa só a noite. Você poderia me pegar na casa de um amigo meu? Ainda tenho medo de andar por aqui sozinha. Ah, e se puder, poderia comprar as tintas pra pintar meu quarto? Te pago assim que chegar, a cor você já sabe qual é, escolhemos juntos outro dia. Beijos, você é a melhor pessoa do mundo, te amo."
- Podemos ir agora?
- Claro.
Entramos no carro do Matt – era conversível – e fomos em direção a sua casa.
- E aí? Quem vai fazer o que? – Aysha indagou assim que sentamos.
- Fico responsável por toda produção musical. – Harry logo se ofereceu. – Também posso ajudar nas filmagens.
- Eu posso pedir pra o pessoal da agência do meu pai descolar o nosso figurino. – Matt, que era filho do dono de uma grande agência de modelos, sugeriu. – Assim não precisamos nos preocupar com essa parte.
- Ótimo – eu disse. – E o resto das coisas?
- Que tal escolhermos primeiro a música? Depois pensamos nas outras coisas. – Harry sugeriu. – Eu trouxe algumas, pensei no potencial de cada um.
Começamos a escutar as músicas, até que Harry novamente falou.
- Sei que essas músicas são as famosinhas de sempre, mas o que quero com isso vai muito além de um trabalho, é cair na boca do povo, e esse é o público que tá sempre na internet. Uma batida boa e diferente, uma boa voz e boa atuação e pum, se divulgarmos bem, termos ao menos cinco minutos de holofotes.
- Você é ótimo, Harry! – Mandy exclamou empolgada.
- Já vi acontecer em outras escolas com amigos meus. Podemos fechar sempre esse mesmo grupo e alternar de estrela dos clipes. Assim todo mundo chama atenção, embora eu prefira ficar apenas como produtor.
- Depois a gente vai colocando músicas mais desconhecidas também. – Aysha disse.
- Isso. – Harry concordou. – E qual será a música e a pessoa escolhida?
- Você não tem ninguém em mente? – Mandy perguntou.
- Vocês todos são ótimos, mas poderíamos começar com a . Ela tem cara de quem canta Demi Lovato. – ele riu.
- E canto mesmo.
- Vamos te colocar pra cantar Heart Attack. Assim, podemos até inovar e mostrar o garoto, pra mudar um pouco do clipe original. Eu e as meninas podemos ficar como banda, o Matt faz o garoto.
Até tentei disfarçar, mas todos devem ter notado minha imensa felicidade. Eu iria arrasar naquele clipe o suficiente pra ser a primeira opção sempre.
Logo começamos um papo sobre a música, até que me ligou.
- Oi.
- Comprei suas tintas, você me deve umas boas pratas. – rimos. – Que horas vou te buscar?
- Daqui a vinte minutos você sai, já vamos ter terminado aqui.
- Me passa o endereço por mensagem.
- Okay.
- Te amo, .
- Te amo, .
O era mesmo pontual, pela hora que chegou, ele saiu exatamente 20 minutos depois da nossa ligação.
- Já estou vivendo o começo da minha vida de famosa. – eu disse rindo e entrando no carro. – Acabo de ganhar o papel principal do clipe, tenho um motorista pra me buscar e além de tudo ele é pontual.
- Eu iria sugerir que começássemos a pintar seu quarto hoje, porque assim eu poderia te ajudar mais, só que agora acho isso uma péssima ideia.
- É uma ótima ideia .– dei pulinhos no banco do carro e bati palmas.
- Será que não posso pintar seu quarto usando apenas uma boxer? Não quero sujar minha roupa.
- Se você fizer isso, te mato.
Nós dois rimos.
- É tão difícil assim me ver só de cueca?
- É tão difícil assim me ver de calcinha e sutiã? – devolvi a pergunta em um tom vencedor.
- Tenho que admitir que é sim.
Eu não esperava aquela resposta e foi impossível não ficar sem graça.
POV .
Estávamos pintando o quarto da e eu tinha que admitir que fazia tempo que eu não me sentia tão bem em morar em Nova York. Sempre gostei das minhas farras, da liberdade de levar quem eu quisesse para minha casa, mas a morando comigo deu mais vida a aquele apartamento.
Não conseguia imaginar aquele lugar sem o som de suas risadas, o cheiro de comida queimada sempre que ela tentava cozinhar, os meus barbeadores jogados no banheiro e até mesmo da sombra do seu corpo no box do banheiro toda vez que ela me pedia a toalha.
- No que você tá pensando? – ela finalmente falou algo, depois que eu disse que era difícil vê-la quase sem roupa.
Ri e balancei a cabeça antes de falar.
- Em como tá sendo bom você morar aqui. Achei que fosse pirar em ter que aguentar uma mulher que além de tudo é bem fresca, morando comigo. Mas está sendo ótimo.
- Eu achei que isso aqui era uma zona e já estava com nojo de tudo, agora sou eu que mais faço bagunça aqui. – ela disse rindo. – Também tô achando ótimo morar aqui.
Paramos um pouco de pintar as paredes e ficamos nos encarando com um sorriso no rosto.
Mas que clima era aquele que começou a surgir entre a gente? Senti vontade de beijá-la e até pensei em fazer isso, mas esperei qualquer reação dela que me mostrasse que estava certo sobre o clima, como não aconteceu, cansei de ficar parado ali, então voltei a pintar.
- Resumindo, estamos vivos e bem, mesmo depois de pouco mais de um mês. – brinquei.
- Isso mesmo. – rimos e ela também voltou a pintar.
POV .
Dormi menos do que eu esperava e o motivo também não foi nada esperado. Até agora eu não conseguia acreditar que perdi meu sono pensando no , mais especificamente no clima – ao menos eu senti – que surgiu entre a gente enquanto pintávamos o meu quarto. E o fato de eu ter que dormir no seu quarto só piorou tudo, mesmo ele tendo ido dormir no sofá.
Sei lá, é que eu tinha a impressão que conforme os dias passavam, eu conhecia mais a versão do , homem. e esquecia aos pouco o , melhor amigo..
Mas eu não podia pensar nisso, era errado. Estávamos morando sobre o mesmo teto e confundir as coisas poderia causar uma catástrofe.
- Vamos nos reunir hoje no intervalo das aulas. Temos que decidir mais coisas e ver um dia pra ir na agencia do pai do Matt. – Aysha me disse, tirando-me dos meus pensamentos.
- Claro, vou estar lá.
Tinham se passados cerca de uma semana e estávamos todos na agência, provando dezenas de roupas que uma mulher chamada Kaline nos mostrava.
- Essa vai ficar ótima em você. – ela me mostrou a roupa mais linda que já vi.
- Nossa, é linda.
- Vai provar. – Mandy me incentivou.
Entrei no provador e coloquei a roupa, não sei o que iriam achar, mas eu estava me sentindo perfeita.
- Você está linda. – Kaline disse, e as meninas concordaram empolgadas.
- A roupa é linda, mas você a deixou perfeita, . Você está perfeita. – Matt disse e eu pude jurar que ele estava tentando flertar comigo.
E eu não estava errada, nos dias que se seguiram ele me elogiou ainda mais e cada dia as cantadas ficavam mais descaradas. Ele falava comigo todos os dias no whatsapp e sempre se oferecia pra me levar em casa – eu sempre negava.
***
Tinha chegado o grande dia da amostra dos clipes, resolvemos fazer uma festa para isso. Eu já pretendia chamar o , mas depois do Matt me convidar e sem querer, querendo, eu dizer que já tinha com quem ir e que era meu colega de apartamento que agora também era meu paquera, estar presente era obrigação.
POV
- Eu achei que você já tivesse parado com essa mania de me fazer de namorado. – eu disse, impaciente.
- Mas é que eu preciso. – disse, com voz de criança. – Você já estava convidado, a única alteração é que agora você vai ser meu paquera, nem namorado é. O que tem demais?
- Acontece que nós não namoramos nem nos paqueramos, . Nem um com o outro, nem com outras pessoas. E se continuarmos com essa mania de fingir estarmos juntos, vamos ficar solteiros para o resto da vida.
- Então a sua preocupação é pegar mulher na festa? – não sei se foi impressão minha, mas ela parecia um pouco irritada com essa possibilidade.
- Tudo bem. – eu disse e dei um longo suspiro. – Vamos bancar o casal apaixonado, mas, por favor, não invente isso para mais ninguém.
Eu esperava que ela pulasse em meus braços para agradecer, mas ela apenas disse:
- Tá bom.
Sabia que aquilo era estranho, então fui atrás dela.
- O que você tem?
- Nada. – respondeu rápido.
- Você escutou eu dizendo que topo te ajudar?
- Escutei e obrigada. Agora, pode me dar licença? Preciso me trocar.
- Okay.
E mesmo sabendo que tinha algo errado, fui embora.
- Nossa, acho que não estou vestido a sua altura. Tem certeza que só uma festa pra mostrar os clipes?
- Tenho. – ela disse, rindo.
- E por que tá assim, super produzida?
- Hoje é meu dia de estrela. – levantou as mãos pra o alto e mandou beijo para mim. – Agora, vamos, quero chegar depois da hora marcada, mas nem tanto.
- , você está linda! – duas amigas dela exclamaram. – Oi – disseram quando me viram.
Posso me gabar dizendo que elas quase babaram?
- HAM, HAM – fez um barulho na garganta para que as meninas parassem de me olhar. – , essas são Mandy e Aysha. Meninas esse é o , meu namorado.
Não era apenas pra mentir pra o outro amigo dela? Eu não era apenas uma paquera? Lembro-me de termos combinado assim.
- Oi, Mandy! – abracei a menina e beijei seu rosto. – Oi, Aysha! – repeti o que fiz com a outra.
- Ér... Será que podemos roubar sua namorada uns minutinhos? Precisamos rapidamente dela.
- Claro.
E sumiram entres as pessoas.
Minutos depois voltou toda empolgada.
- Vamos lá pra frente, vai começar. – e saiu me puxando pelo braço.
Eu sabia que ela levava a carreira dela a sério, mas eu não fazia ideia do quanto ela estava nervosa até o momento que sentamos e vi sua mão tremendo.
- Fica calma, você vai arrasar. – falei e segurei sua mão.
Ela sorriu e apertou a minha mão.
E por incrível que pareça parecíamos mesmo um casal. Ali sentados de mãos dadas e trocando sorrisos, ninguém diria que estávamos fingindo. Na verdade tudo que eu estava fazendo era sincero.
Um professor começou a falar e depois deu play nos vídeos. Realmente estavam muito bons, se eu não soubesse o quanto a era talentosa, duvidaria muito que ela fosse capaz de fazer melhor que eles.
- É agora, o meu vai começar agora. – disse apertando ainda mais minha mão, e eu sorri pra ela.
O grupo da arrasou. Não sou de escutar músicas daquele estilo, mas estava ótimo. Nunca a tinha visto tão linda como naquele clipe e sua voz estava mais que perfeita.
- Tá tudo perfeito. – eu disse, antes de terminar.
- Shiii – disse vidrada no telão.
A cada segundo de clipe eu ficava mais impressionado com a beleza dela no clipe. Aquela pose de estrela combinava mesmo com ela. Por mim eu passaria a noite vendo aquilo, mas infelizmente o clipe acabou.
- Ficou bom? – ela virou e me olhou, ansiosa.
- Ficou maravilhoso! Você estava linda, cantou perfeitamente bem. Maravilhosa.
se jogou em meus braços e nos abraçamos.
- Devo muito a você, sabia? – ela indagou enquanto me olhava, ainda abraçada a mim.
- Você não precisou de mim pra fazer nada disso, não mesmo.
Sorrimos um para o outro e novamente um clima surgiu. Quando achei que iríamos nos beijar, um cara apareceu.
- Nós arrasamos. Vem cá. – ele a segurou pelo braço e ela me encarou.
- Vou ali, mas já volto. – balancei a cabeça em um sim. – Ah, Matt esse é o , meu namorado. , esse é o Matt.
Pude ver que o carinha ficou bem desconfortável e logo juntei nome a pessoa. Ele era o garoto que estava dando em cima dela.
- Parabéns pelo clipe, ficou perfeito.
- Vocês já estão namorando? Pensei que... – acho que ele não tinha escutado meu elogio. – Esquece, vamos logo, .
Eles demoraram mais do que eu esperava, mas depois chegou.
- Agora vamos curtir a festa, vem dançar.
Eu não era o melhor na dança, mas até que estava mandando bem. Já tínhamos dançado umas cinco músicas e quando eu ia pedir para descansar, uma música lenta começou a tocar.
- Vem mais pra perto. – pedi e ela veio.
Passei a mão pela sua cintura e me aproximei ainda mais dela. Ela colocou a mão no meu pescoço e apoiou o queixo em meu ombro.
- Acho que o Matt estava mesmo a fim de você, viu como ele ficou?
- Já superou, o vi dando uns beijinhos na menina enquanto dançávamos.
Rimos.
- Você estava maravilhosa naquele clipe.
Ela levantou o rosto e me encarou com um sorriso.
- Tava mesmo?
- Você sabe que sim. Era impossível desviar o foco de você.
Ela colocou seus olhos nos meus e ficamos ali nos olhando olho no olho.
- Você é ótimo, sabia? Nesses dois meses eu só consigo ver o quanto você é ótimo.
E sem mais uma palavra colamos nossas testas e fechados os olhos na mesma hora. Não nos beijamos de imediato. Comecei a passar meu nariz pela pele de seu rosto, dei- lhe um selinho, – onde pude perceber que ela sorria de lábios fechados – colamos novamente nossas testas e só então, depois disso, passei a mão em volta do pescoço e a puxei pra mim.
Segundos depois de começarmos a nos beijar, senti-a puxando levemente os cabelos da minha nuca e intensifiquei ainda mais o beijo.
Não sei quanto tempo ficamos nos beijamos, pra ser bem sincero perdi toda a noção de tempo e espaço. Eu só conseguia pensar em como o toque e o beijo dela me deixavam com sensações pouco conhecidas por mim, e eu também torcia pra que ela sentisse o mesmo.
Paramos de nos beijar e voltamos a dançar, até que Aysha chegou.
- Vem tirar uma foto, você também pode vir, .
Eu e apenas nos olhamos, demos as mãos e fomos tirar a foto.
Na volta pra casa o silêncio dentro do carro estava tão grande que, como as pessoas dizem, estava ensurdecedor. Vez ou outra eu a olhava e ela estava sempre na mesma posição: com a cabeça encostada na janela olhando as ruas de Nova York.
Chegamos e entramos em silêncio, mas já não aguentava mais ficar calado. Provavelmente o silêncio era culpa do nosso beijo, então eu iria deixar esse assunto de lado e conversar como antes até que ela quisesse tocar no assunto. O que não dava era pra ficarmos mudos.
- Vou fazer hambúrguer, você quer? – perguntei já indo pra cozinha.
- Não, obrigada. Tô cansada, vou para o meu quarto.
- Boa noite, dorme com Deus.
- Você também.
POV
Desde que eu e o nos beijamos que as coisas ficaram um pouco diferentes em casa. Nessa uma semana que se passou a gente evitava tocar um no outro e as declarações de o quanto a gente se amava e éramos gratos pela amizade se reduziram a zero.
Mas não era hora de pensar nisso, o clipe tinha sido postado ontem na internet e meu foco agora era saber o quanto a gente estava se saindo em visualizações.
- Advinha quem está em primeiro lugar nas visualizações? – Harry falou comigo, assim que entrei na escola.
- A gente? Sério?
- Não é nenhum número absurdo, mas ainda sim somos os mais assistidos.
- Minha nossa, não posso acreditar! – exclamei e o abracei.
- Espero que tenhamos no mínimo um milhão de visualizações.
- Você sonha alto. – eu disse.
- Somos capazes.
E a gente era mesmo capaz. Depois de uma semana e meia no ar, nosso clipe já tinha um milhão de visualizações e esse número só aumentava. Assim como os comentários, seguidores e pedidos por mais clipes.
- Vocês deveriam fazer mais clipes como aquele. Os cinco são os maiores nomes das nossas salas, atualmente. Em nome da instituição e do talento que sei que você tem, estou aqui disposto a ajudar no que for preciso. – Ian, nosso professor/lindo/talentoso de canto, falou.
Ele tinha pedido para que nós cinco ficássemos depois da aula.
- Eu já estou pensando em músicas que podemos fazer covers. Como da primeira vez, acho que a gente tem que fazer desses cantores teens, mesmo. Depois vamos mesclando.
- A gente pode fazer outro da Demi. – Aysha sugeriu.
- Pensei em: I really don’t care. Você poderia cantar junto com a .
- E um da Taylor, sou fã dela. – Mandy batia palmas, empolgada.
- Pode ser a nova dela, assim, podem cantar você e o Matt.
- Se precisarem de mim para qualquer coisa, estou aqui. – Ian disse e nós agradecemos.
Logo depois de marcarmos uma mini reunião na casa do Matt, Ian me chamou.
- Se quiser melhorar ainda mais sua potência vocal, conte comigo. Posso ajudar no que for preciso.
- Claro, vou lhe procurar sim.
- Você é ótima, . Vai longe.
- Obrigada.
Nas semanas seguintes nos dedicamos tanto às aulas quanto a criação de nossos clipes. Criamos um canal no youtube, assim como uma conta no twitter.
Só sei que essa correria toda estava me deixando exausta e consequentemente, os deslizes que eu cometia antigamente, como deixar porta aberta enquanto eu me trocava, e coisa assim, acabaram voltando a acontecer.
- ! – exclamei enquanto procurava algo pra me cobrir, já que estava só de calcinha e sutiã.
Depois do beijo, isso tornava as coisas bem mais constrangedoras.
- Eu vi a porta aberta e vim te perguntar de qual sabor você quer a pizza.
- Pode pedir de qualquer um, agora vaza daqui. – e fechei a porta na cara dele.
Tinha esquecido completamente que tinha marcado de sair com o pessoal do grupo e nosso professor Ian, só lembrei quando o Matt – ele não tinha desistido tanto de mim assim – mandou uma sms dizendo que passaria na minha casa com os outros às 8:00 p.m. Me arrumei o mais rápido possível, e as sete e quarenta sai do quarto pronta.
- Toda essa produção pra comer pizza?
- Vou sair.
- Ah, você deveria ter avisado, nunca vou conseguir comer aquela pizza toda.
- Eu tinha esquecido completamente que marquei de sair.
- Ultimamente me sinto morando sozinho novamente, mal te vejo em casa. E quando está, é trancada nesse quarto.
- ... – suspirei. – Estou me dedicando à música, quase sempre quando estou fora é porque estou ensaiando, fazendo aulas extras de canto, algo assim.
- Tudo bem, por mim. É só que te ver trancada dentro do quarto sempre me dá a impressão que tá odiando ficar aqui.
Mas o que eu poderia fazer? Ele esperava o que de mim? Desde que a gente se beijou que nada é do mesmo jeito e agora eu tinha mais clipes pra gravar, foi pela minha carreira que eu tinha vindo para aquela cidade, que tinha ido morar com ele. Minha carreira era meu foco principal.
- Tudo mudou depois daquele beijo.
Quase pulei de susto quando ele tocou naquele assunto. Eu realmente não esperava.
- Não, é que... – tentei dizer algo que prestasse, mas nada saía.
- Olha, você não precisa mudar por causa disso. Tá na cara que aquilo foi um erro. – ele achava nosso beijo um erro? – É só a gente não repetir isso, a vida segue.
E antes que a gente pudesse falar mais alguma coisa, o telefone tocou e foi atender.
- É o porteiro, ele disse que tem um pessoal te esperando lá em baixo.
Sem dizer uma palavra, fui embora.
Dentro do elevador eu senti vontade de gritar, quebrar algo, de chorar. Aquele beijo tinha tirado meu sono algumas vezes nessas duas últimas semanas e o só via aquilo como um erro. Sou uma idiota.
POV
Se a gente mal se via antes de falarmos do beijo, depois disso vi a menos ainda. E eu não sei se ela estava me evitando ou simplesmente eu tinha me tornado uma pessoa pouco interessante mediante a dimensão que aqueles clipes estavam tomando.
Pelo que eu pude acompanhar e entender, uma tal de Cher Lloyd tinha visto um clipe que eles tinham feito, amou e chamou a menina que fazia a voz da Demi – no caso, a – pra tocar a música com ela ao vivo. Obviamente os cinco foram na casa da tal Cher, a cantou com ela, eles gravaram e postaram, o que fez com que a Demi visse e comentasse dizendo que foi muito bem representada. Teve outros famosos que comentaram clipes deles também, mas eu sabia mais desses. Ah, e agora eles iam gravar um pouco sobre seus dias pra uma revista adolescente.
A estava trilhando o caminho que sempre sonhou e aparentemente não sobarava lugar para mim.
Cheguei em casa e vi que tinha uma mensagem na caixa postal do telefone. Cliquei pra escutar.
“Linda, aqui é o Ian, consegui um apartamento pra você gravar pra revista. É de uma amiga minha, nada muito luxuoso, mas como você mesmo disse, não precisa. Tenho certeza que é melhor que a opção de gravar no seu. Se quiser podemos passar lá amanhã pra ver se você quer colocar algo. Ah, e tava conversando com uns amigos meus, como eu mesmo te disse, não vai demorar muito pra você poder brilhar de forma independente. Você não precisará fazer mais covers e nem do seu grupo. Sempre acreditei em você. Beijos, minha preferida.“
Sentei, possesso de raiva. Tava na cara que aquele cara tinha interesse nela e como se não bastasse isso, descubro que ela tinha vergonha de onde mora e que vai abandonar seus amigos. Escutei a porta abrir e a vi entrando, ótima hora pra eu falar tudo que queria.
- O Ian, que se eu não me engano é seu professor, e que agora suspeito que seja algo mais, ligou e disse que já conseguiu o apartamento pra você fingir que mora lá e também disse que como ele mesmo te falou, você logo, logo vai brilhar sozinha, sem precisar de quem te ajudou a chegar onde está chegando.
Ela paralisou onde estava, nem mesmo a porta ela fechou. Seu silêncio só me enchia ainda mais de raiva.
- O gato comeu a sua língua, estrela preferida? – perguntei cheio de sarcasmo.
- Ele te disse isso?
Era isso que ela iria falar?
- Não, linda. – respondi possesso de raiva. – Ele deixou na caixa postal.
- E por que você escutou o que não era pra você?
- Por que eu não posso adivinhar quem deixou o recado e o assunto até que eu escute ele, fora que se não lembra, sou o dono desse apartamento vergonhoso, acho que tenho direito de ouvir minha própria caixa postal.
- Ah, sim.
Foi tudo que ela disse e também foi o que bastou pra que eu perdesse o resto da minha paciência.
- É sério que vai bancar a louca e não vai falar nada sobre a mensagem dele? Ah não ser que você opte por não passar essa noite aqui, você terá que falar sobre isso.
- O que quer que eu diga? Você está irritado e magoado, não posso tirar esse direito seu.
- Ah, você não pode mesmo. – respondi tentando manter o controle.
- , todos ou outros do grupo ou moram com os pais, sozinho ou dividem apartamento com pessoas do mesmo sexo. Achamos que seria estranho eu dizer que dividia apartamento com um amigo, quem acreditaria nisso? Fora que...
- Você não divide apartamento com um amigo.
- Como?
- A gente já foi amigos, hoje não somos mais que meros conhecidos. Dois estranhos se falam mais que a gente dentro desse apartamento. Fora que a que eu tinha como amiga, podia ser uma grande cabeça de vento, podia querer a fama mais do que a maioria das coisas, mas ela não sentia vergonha de quem era e muito menos pensava em descartar as pessoas como se elas não fossem nada, só porque não precisa mais delas.
- , eu não tenho vergonha de você, nem de nada da minha vida. Tem como entender que é apenas pra ficar mais normal?
- É normal pra você fingir ser o que não é? Pra mim, não é. Ah, e você já contou a seus amigos que vai descartá-los daqui a uns dias?
- Eu não estou descartando ninguém, só estou seguindo meu caminho e às vezes somos obrigados a tomar decisões difíceis.
- É, aparentemente nesse seu caminho não tem vaga para quatro idiotas que deram duro pra fazer os clipes onde você quase sempre era a estrela e também não tem lugar pra o maior idiota de todos, que sou eu.
- Para de falar assim! Tenta entender...
- Não importa, eu não tenho que entender nada, nem era pra eu saber disso, não é mesmo? Bom, se o problema é realmente apenas o fato que você divide o apartamento com um cara, não precisa se preocupar, pode gravar aqui mesmo.
- Como assim? – perguntou confusa.
- Recebi uma proposta de emprego um pouco longe dessa parte da cidade, iria continuar morando aqui por você, mas aparentemente eu vou estar te fazendo um favor me mudando.
- Do que você tá falando, ? – pude ver lágrimas em seus olhos. Acho que além de cantora ela também tava virando uma ótima atriz.
- Vou dividir apartamento com um amigo meu, ele mora a cinco minutos do meu trabalho. Posso falar com o dono daqui e passar o aluguel pra o seu nome. Daí você faz o que quiser. Se quiser se mudar, se muda. Se quiser morar aqui, mora. Se quiser trazer seu namoradinho pra cá, também trás.
- Eu não namoro o Ian.
- Mas vai namorar. – disse como se fosse óbvio. – Mas você é livre pra isso, a vida é sua.
Acho que não consegui esconder meu ciúme.
- Vai bancar o enciumado depois de dizer que nosso beijo foi um erro?
- E não foi? Olha só a gente discutindo agora. Eu sou uma vergonha pra você e você é uma decepção pra mim. Faz algum sentido a gente beijar alguém que a gente não se orgulha de ter por perto? Pra mim, foi sim um erro.
- Se você diz. – foi o que ela disse, antes limpar algumas lágrimas.
Ouvimos a campainha do apartamento tocar e fui abrir a porta me perguntando quem seria, já que o porteiro não interfonou. Era Aysha e Matt.
- Sua namorada tá aí? – Aysha perguntou, com um belo sorriso.
- A tá sim. Entrem.
Falei e fui embora à frente. Eles entraram e se sentaram, enquanto ia ao banheiro lavar o rosto. Assim que a vi saindo do banheiro, falei:
- Ah, e ela não é minha namorada.
- Vocês acabaram? – a menina perguntou surpresa.
Quando ia falar algo. – mais uma de suas mentiras. – Eu disse:
- Podemos dizer que não foi um namoro de verdade. Ela daqui uns dias vai estar namorando de verdade, não contou a eles, ?
A vi me olhar incrédula e talvez um pouco magoada, mas eu não me importava.
- Vocês me dão licença, tenho uns processos para ler. Boa noite.
Aysha e Matt, claramente constrangidos com o clima e curiosos sobre o que eu disse, responderam:
- Boa noite.
POV
Tinha se passado uma semana desde o dia que eu e tínhamos discutido e suas palavras ainda me deixavam mal.
Eu resolvi gravar para revista no nosso apartamento mesmo. Embora eu não tenha certeza que ele estava sabendo disso, afinal, desde a nossa discussão que eu não o vejo. Ele sempre sai ou mais cedo ou mais tarde que eu, a volta era da mesma maneira. Se estava dentro de casa, era no quarto.
estava sendo infantil e estúpido, afina,l os dois se magoaram e ao menos eu, estava tentando consertar as coisas. Tinha gravado lá, falei dele na gravação, pedi para que Ian não me ajudasse em mais nada e resolvi que se tivesse que aparecer algo para mim, não seria com a ajuda dele, nem usando ninguém. Eu já não aguentava mais conviver daquela maneira e resolvi não ir à aula para poder conversar com ele.
- . – chamei, assim que o vi saindo do quarto.
- Oi. – disse, enquanto puxava umas malas do seu quarto.
- O que são essas malas?
- Eu te disse que iria embora, é isso que estou fazendo.
- ... – falei, já com vontade de chorar.
- Não precisa se preocupar, o aluguel desse mês, como você sabe, já está pago, você tem até o próximo mês pra resolver o que fazer. Como eu te disse, posso passar o aluguel para o seu nome.
Abri a boca algumas vezes tentando encontrar as palavras certas para falar.
- , eu sei você está magoado, mas não faz assim. Eu reconheço que errei, não sei se você sabe, mas eu gravei o lance da revista aqui mesmo, disse que dividia apartamento com você...
- Eu sei que você fez isso, me mandaram o link.
- Então! – exclamei levando as mãos ao alto. – Para de coisa e fica aqui. – pedi me aproximando dele, mesmo sabendo que provavelmente não iria adiantar. – Eu também pedi para o Ian não me ajudar mais, se tiver que rolar algum trabalho, não vai ser por ajuda dele.
- Você realmente pediu pra ele não ajudar, ou ele já conseguiu o que queria com você e te dispensou? – disse com um sorriso e tom cheio de sarcasmo.
Senti uma raiva tomar conta de mim. Como ele podia dizer isso?
Dei-lhe uma tapa no rosto.
- Nunca mais, nunca mesmo, ouse insinuar algo desse tipo. Acho que é realmente melhor você ir embora. Depois dessa eu não conseguiria passar mais um dia embaixo do mesmo teto que você.
Ele abriu a boca para falar algo, mas eu fui direto para o meu quarto e tranquei a porta. Fui tão burra, eu estava lá pedindo pra ele ficar e ele insinua que fui pra cama com meu professor. Só depois dele ir embora e eu perceber que de fato ele não voltaria, eu me permiti chorar.
Seria normal eu falar que estava sentindo como se tivesse terminado um casamento? Minha vontade de chorar não passava e eu me dividia entre a culpa e a raiva.
Mas eu tinha certeza que fiz minha parte, tentei arrumar as coisas, ele que foi um estúpido. O pior é que agora eu percebia que estava apaixonada pelo estúpido.
Acontece que tudo tinha acabado – se é que começou – e a vida segue.
***
- Alô?
- Senhorita . Aqui é da gravadora Victorious, você teria interesse em vir aqui para fazermos uma reunião.
- Eu? Reunião? De que seria?
- Suponho que gostaria de gravar um ep. Estou certo?
- Sim, sim.
- Venha amanhã na gravadora às nove da manhã e conversaremos sobre essa possibilidade.
- Oh, meu Deus. Claro que vou estar aí. Até amanhã. Meu Deus.
O homem riu do outro lado da linha.
- Até amanhã, senhorita .
Eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Uma gravadora me ligou para gravar um ep.
Parte da minha felicidade acabou quando acabei teclando os primeiros números do celular do e me lembrando que há um mês ele me magoou e me tratou pior do que qualquer outro cara. Era um dos momentos mais felizes da minha vida e eu não podia mais compartilhar com ele.
***
POV
- Por que você não diz logo a essa garota que a ama?
- O que? – perguntei, tirando os olhos da tela do computador.
- Faz dois meses que você tá aqui e não tem um dia se quer que você não olhe coisas sobre ela.
- Eu estraguei tudo com ela, falei coisas que sei que ela não vai perdoar.
- Se ela sentir metade do que você sente, ela perdoa, sim. Deixa eu ver isso aqui. – falou e tomou o notebook de mim. – Ela vai fazer uma festa de lançamento do ep dela hoje lá na Winners Arts School. Você deveria ir lá.
- O que? Tá louco?
- Não. – ele disse como se eu fosse idiota. – Você é louco por ela, vai lá e se desculpa.
- Ah é, super fácil. Chego lá e digo o que?
- A verdade, ué.
- E qual seria a verdade?
- Que seja lá o que ela fez contigo, você já perdoou. E seja lá o que você fez pra ela, você tá fortemente arrependido, e sem esquecer o fato que você a ama.
Demorei uns segundos processando a ideia e não me parecia tão bizarra assim.
- Você acha que deveria?
- Eu não acho, tenho certeza. Você é louco por ela, não é possível que só você sinta algo.
- É isso, eu vou. Mas não sei se consigo fazer isso.
- Claro que consegue, eu vou contigo. Vamos lá, dude, levanta daí e luta pela mulher da sua vida.
- Tô bem pra ir em uma festa?
- Dá pra o gasto. – disse rindo e menos de um minuto depois já estávamos fora do apartamento.
Eu sabia que ela tava fazendo um pouco de sucesso, mas confesso que quando vi fotógrafos na porta da Winners Arts School eu travei e entrei em pânico.
- Eu não vou consegui fazer isso. Você tá vendo aqueles fotógrafos? Eu não consigo.
- Mentira que você vai dá pra trás agora. Tá um frio imenso e você me fez sair de casa pra nada? Você vai entrar nem que seja a força.
- Mas eu não consigo.
- Seja homem. Você é um homem ou um rato? – Roger disse.
- Acho que estou mais pra rato.
- Para de bancar a menininha, ou você entra nesse lugar, ou eu te bato e você entra desmaiado.
- Odeio você, Roger.
- Também te amo, mulherzinha.
- ? O que você tá fazendo aqui? E vestido assim? – Mandy perguntou bastante surpresa. – A me falou algumas coisas que aconteceram achei que tivesse sumido da vida dela.
- Preciso falar com a . Eu tenho que consertar as coisas.
- Eu não deveria fazer isso, porque você foi um idiota com ela. Mas ela está no camarim, como você é homem e não vai conseguir entrar lá, pegue o microfone e fale o quer, é o único meio de chamar atenção dela sem estragar todo o momento de glória da garota. Porque depois que a festa começar de fato, não vou permitir que você faça nada.
- Microfone? – perguntei assustado.
- Quer ou não quer resolver as coisas?
- Quero.
- Então pegue aquele microfone e chame por ela. – apontou para o microfone no palco e eu movido por uma força desconhecida fui até lá e peguei.
- .
Vi um segurança vindo em minha direção, mas Mandy o mandou parar.
- Sei que está reconhecendo minha voz, se você não vier até aqui, não vou parar de te chamar.
Nada dela aparecer.
- , por favor. Eu vou desmaiar, tá todo mundo olhando pra mim. Tem um segurança prestes a me atacar. Aparece pelo amor de Deus.
Chamei mais algumas vezes e ela não aparecia, quando estava prestes a desistir, a vi saindo de uma sala.
- O que você está fazendo? – Ela perguntou apenas mexendo os lábios.
Soltei o microfone e fui em sua direção.
- Eu fui um estúpido, sei que dois meses é tempo demais pra vir pedir desculpas, mas é que eu sabia que você provavelmente estaria com ódio de mim. Eu fui um estúpido, . Eu não tentei te entender, não reconheci quando você fez a coisa certa, te tratei mal e ainda fui embora. Mas é que, eu estava com tantos ciúmes de você com aquele cara e ao mesmo tempo estava com medo do que sentia, porque eu nunca senti algo assim por ninguém. Sei que não justifica e que continuo sendo um estúpido, mas estou aqui pra te pedir perdão. Eu precisei ficar sem você pra perceber o quanto eu te quero por perto, você é a mulher da minha vida, . E mesmo que você ignore tudo isso e me dê outra tapa, eu não vou me arrepender do que estou fazendo, porque eu precisava mesmo vir aqui e ter a certeza que fiz o que podia para ter a mulher que eu amo de volta.
- Ama?
- Sim – sorri nervoso. – Eu te amo, coisa metida e nada modesta. Eu amo seu jeito todo fresquinho de fazer as coisas, amo sua voz, seu beijo, sua falta de modéstia, seu jeito sonhador, amo até o cheiro de queimado que você deixa na casa toda vez que tenta cozinhar. Amo você, . Eu amo você.
- Eu imaginei diversas formas de você me pedir desculpas e passei esses dois meses esperando alguma delas. – ela não vai me perdoar. – Mas em nenhuma delas tudo era tão perfeito como agora.
Ela sorriu e eu sorri todo bobo também.
- Então você me perdoa?
- Você não é o único que ama alguém aqui, eu também te amo, . Te amo.
E sem se preocupar com mais nada eu a puxei para mim e a beijei. Agora não era mais de mentirinha, era de verdade. Nós agora éramos um casal.
- , você aceita namorar comigo de verdade?
- Claro que aceito, suspeito que sempre tivemos um relacionamento, a gente só não conseguia ver. Aceito, mil vezes aceito.
- Eu te amo, .
- Eu te amo, .
O resto da carta eu nem lembro o que dizia, EU FUI ACEITA, caramba, EU FUI ACEITA.
Corri para ligar para a pessoa que mais vibraria com essa notícia, fora mim.
- Atende, atende.
- ...
- Eu passei, eu fui aceita.
Não precisei dizer mais nada para que ele entendesse.
- Ah, meu Deus, você foi aceita. Não consigo acreditar, quer dizer, acredito sim. Você é ótima.
- Eu entendi – sorri. – Eu estou tão feliz.
- Você já contou pra os seus pais?
- Ainda não, a primeira coisa que fiz foi ligar para você. Oh, Deus. Tenho que ver onde vou ficar, será que tem vaga na casa da escola?
- Você já tem onde morar, você vai morar aqui. – me disse firme.
- Sério que posso ficar aí? - perguntei, empolgada.
- Claro que sim.
- , eu já disse que te amo e que você é a melhor pessoa que existe nesse mundo?
- Sim, mas pode repetir. – ele riu.
- Eu te amo e você é a melhor pessoa que existe. Agora vou desligar que preciso organizar tudo, beijos e te amo.
- Também te amo, .
era simplesmente a melhor pessoa que eu poderia ter na minha vida. O melhor amigo, a melhor pessoa, o melhor incentivador de sonhos, o melhor namorado inventado – isso se deve ao fato que já fingimos namorar, pra que eu me livrasse de um garoto. Acreditem se quiser, mas perdemos o bv juntos, naquele dia.
- Minha nossa, . O que você tem nessa mala? Chumbo?
- Isso por que você ainda não viu as outras três que eu trouxe.
- Você deve ter pago uma fortuna por excesso de peso.
- Só um pouquinho. – eu fiz um gesto com a mão e sorri.
- Vai subindo que eu vou pegar as outras malas.
- É por isso que eu te amo. –disse e o beijei na bochecha.
Fui olhar a casa, enquanto ele pegava as coisas e minutos depois ele terminou.
- Pronto, suas bombas já estão dentro de casa. Bem vinda ao seu novo lar.
- Será que um dia serei capaz de te agradecer?
- Claro que sim.
- É. Quando eu for uma grande estrela vou te levar pra todas as festas.
- Daí vou ser obrigado a sair em todas as revistas? – ele fez cara de repúdio.
- Não, a estrela serei eu. Você vai passar despercebido. – respondi como se fosse óbvio e com um pouco de graça na voz.
- Mal foi aceita e já está se achando. Medo do que pode estar por vir. – fingiu estar mesmo com medo e lhe dei uma tapa. - Seu quarto é esse. Sei que não é lá o melhor quarto que você já viu, mas pensei que poderia o deixar com sua cara.
- Claro, tá ótimo – e eu não estava mentindo, o quarto era mais que eu esperava. É que meu amigo não era tão ligado em luxo quanto eu, então esperei bem menos. – Espero que não se importe que eu pinte essas paredes e deixe bem menininha, como você diz.
- Não esperava coisa diferente de você. – me abraçou por trás e beijou meu rosto.
Era meu primeiro dia e eu estava uma pilha de nervos. Estava com medo de não ser tão boa quanto as outras pessoas, de ser apenas mais uma naquele lugar, ou seja, de não me destacar. Porque era essa minha meta, eu queria ser a melhor. Aquele era meu pontapé inicial para chegar às alturas. Eu iria me destacar, ser a melhor de todas e depois disso meu futuro seria super brilhante devido aos inúmeros holofotes e flashs que viriam sobre mim. Eu pretendia e iria ser uma estrela.
Agradeci por ver que a primeira aula era de canto. Era o meu foco ali, embora eu quisesse ser boa em tudo, mas o canto era o meu maior triunfo.
- Que tal nos apresentarmos? – um professor lindo, e mais novo do que eu esperava pra já estar ensinando em um lugar tão renomado como aquele, sugeriu.
Um burburinho começou na sala, uns dizendo que iria ser ótimo, outros dizendo que seria legal e até mesmo alguns dizendo que tinham vergonha.
- Mas aqui é uma escola de artes, então vamos nos apresentar de maneira artística, e como a aula é de canto, cantem alguma música. Pode ser uma música que diga algo sobre você, ou apenas uma música que mostre sua potência vocal. Apenas cantem.
Pensei em diversas músicas, músicas super altas, baixas, que tinha mais a ver comigo, que não tinham. Só sei que o professor deve ter percebido minha agitação e apontou pra mim.
- Você. – olhei pra ele assustada e ele continuou. – Quero que você comece.
Embora eu estivesse assustada demais, escolhi a música que passava em minha mente naquele exato momento e comecei a cantar Royals da Lorde.
Era uma música baixa comparada a outras que já tinham passado em minha mente, mas eu poderia e iria aumentar algumas notas, fora que eu amaria ter o posto de rainha.
O resto da sala me acompanhou fazendo os vocais ou batendo em algo, nada que me fizesse deixar de ser o centro da minha apresentação. Saiu maravilhoso.
- Pensou nessa mudança agora, ou já tinha feito isso outras vezes?
- Tudo feito nesse momento – sorri nervosamente.
- Parabéns, mesmo com alguns errinhos, eu jamais seria capaz de dizer que fez isso tudo de improviso.
- Obrigada – sorri e saí do centro da sala.
- E aí, como foi a aula?
- Ótima, arrasei no canto.
- Modéstia nunca foi seu ponto forte. – disse rindo e eu ri também.
- Eu só não posso me diminuir, ninguém chega ao topo se não acreditar em si mesmo. Mas agora é sua vez, como foi seu dia?
- Você sabe, fiz um monte de trabalho que estagiário de direito não deveria fazer, mas que eu faço porque sei que não fazer também me prejudicaria.
- Que merda.
- Que nada, melhor que passar o dia tirando Xerox. Aquela máquina velha tira a paciência de qualquer um.
Nós dois rimos.
- Que tal vermos um filme? – ele sugeriu.
- Romance. – sugeri.
- Terror. – ele discordou.
Olhamos-nos como se nenhum fosse ceder, até que sugeriu.
- Uma ação que tenha amor também.
- Ótima escolha – falei sorrindo. – Faço as pipocas.
- E eu vou comprar sorvete e refrigerante.
Estávamos deitados no chão da sala, com um monte de pipocas caídas ao nosso redor e cobertos por um edredom.
- Essa mulher é idiota ou o que? Ela vai ferrar com todo o plano.
- Ela é mulher, você esperava mais o que de uma mulher? – falou rindo.
- , fale mais uma coisa desse tipo e eu quebro a sua cara.
- Claro, afinal, você é super forte. – ele desdenhou e eu dei um murro em seu braço.
- Ai. Até que pra uma garota, você bate forte demais, .
- Me irrite e levará milhares desse. – lancei lhe um olhar ameaçador e ele riu. – Agora, cala a boca que eu quero assistir.
Voltamos a assistir e não nos falamos até que o filme terminasse.
- Gostou? – ele perguntou, com um lindo sorriso no rosto.
- Sim. E como podemos ver, sem a mulher o cara não seria feliz. Ela foi a grande estrela do filme.
- Você sempre com essa mania de ser estrela.
- Eu já sou uma estrela, baby. O mundo apenas não sabe ainda.
- Agora, me deixa guardar essas coisas.
POV .
Naquela noite, depois te ter visto um filme, ou seja, apenas dois dias depois da ter vindo morar comigo, eu percebi que não seria tão normal morar com ela.
A garota estava com um short minúsculo de dormir, eu até acho que pra dormir com aquilo é melhor dormir de calcinha. E, como se não bastasse isso, no outro dia fui acordá-la para ir estudar – ela é péssima com horários – e descubro que ela resolveu dormir sem blusa, apenas com sutiã.
- Ai, meu Deus! – exclamou e depois se cobriu. – O que você...
- Vim te acordar, você está quase atrasada.
- Ér... – ela tentou falar e eu, para acabar logo com aquela cena estranha e patética, resolvi falar algo.
- Tem café na mesa, vou ter que sair agora. Ah, e tente dormir mais vestida.
Sugeri e sai logo do quarto, escutando um grito seu.
- DESCULPA.
Talvez o incidente do sutiã não tenha sido suficiente para tomar mais cuidado. Enquanto eu vivia me policiando para não andar nem de cueca e muito menos nu pela casa, ela vivia esquecendo a toalha e me pedindo para levar para ela e consequentemente me obrigando a ver a sombra de seu corpo. Fora às vezes que ela se esqueceu de fechar a porta e passei na frente do seu quarto e a vi só de lingerie – mas essa parte eu nem contei a ela.
- ?
Entrei em casa e tava tudo escuro, suspeitei que não estivesse em casa e segui direto para o meu quarto.
- Ahh! – ouvi o grito da assim que acendi a lâmpada. – O que você tá fazendo aqui?
- Como assim o que estou fazendo aqui? Você está no meu quarto.
- Mas você disse...
Ela parou de falar assim que me viu a olhando dos pés a cabeça.
A criatura estava de sutiã e calcinha – se é que se pode chamar aquela coisa minúscula, vermelha e rendada de calcinha.
- Para de me olhar assim! – ela ordenou.
- O que você tá fazendo aqui? – tentei manter o foco em outra coisa.
- Eu estava apenas procurando... – não a olhar estava sendo difícil e impossível. – Eu já mandei não me olhar assim.
- Toma – tirei o cobertor da minha cama e lhe enrolei. – Continua de onde parou.
Ela me olhou um pouco irritada, mas continuou.
- Eu só estava procurando um negócio daquele de barbear.
- E você não poderia se vestir antes disso? – perguntei, demonstrando que isso era o mínimo que ela poderia fazer, e novamente me olhou irritada.
- Eu já tinha tirado minha roupa pra tomar banhou quando lembrei. Fora que você disse que chegaria mais tarde. E outra, é só uma lingerie.
- Isso nunca é pouco pra um homem, mesmo eu sendo eu e você sendo você.
- Não vejo nada demais. – disse, parecendo convicta de que não errou.
- Então tá – fingi ter me dado por vencido. – Agora vaza.
- Tá, mané.
Assim que ela saiu, eu decidi algo. Se ela queria agir como se não precisasse se preocupar com mais ninguém naquela casa, eu faria o mesmo. A deixaria louca assim como ela estava me deixando.
Hora de voltar a ser o cara que mora sozinho.
POV .
- Hoje, iremos fazer um trabalho que abrange praticamente todas as aulas que vocês já tiveram. Quero que formem grupos de no máximo cinco pessoas e façam o clipe de qualquer música. Por favor, sejam os mais perfeitos possível, isso tudo vai para o site da nossa instituição e lá só se mostra coisa de alto nível. Caso alguém apareça com algo que não seja no mínimo ótimo, não irá ter vaga.
Um fala fala tomou conta da sala. Cada um que começasse a escolher seus grupos.
- Ol, ol. – o professor gritou. – Posso dizer algumas coisas ou vocês já sabem demais?
Rapidamente as vozes cessaram.
- Como pensei. – disse e continuou. – Tomem muito cuidado com a qualidade da imagem e som, isso atrapalha muito. Figurino é tão importante quanto o resto, mas o que mais quero que se preocupem é com a escolha da estrela do clipe. Claro que todos podem participar, mas se certifiquem que todos atuam e cantam bem. Um sorriso dado em um momento dramático, ou o inverso e uma nota não alcançada, podem colocar o clipe de vocês entre os piores da história da nossa instituição. Vale lembrar que somos bem críticos e que vocês devem manter notas ótimas, principalmente os bolsistas.
Se eu já queria ser ótima, agora eu seria maravilhosa. Eu era bolsita e definitivamente não podia tirar alguma nota baixa e mesmo sem esse fato, eu não aceitava ficar em nenhuma posição que não fosse a primeira. A Winners Arts School era alvo de diversos olheiros do meio artístico, um fracasso e poderíamos acabar com nossas carreiras antes mesmo de começar.
- Quer entrar no nosso grupo? Até agora somos três. Eu, o Matt e a Aysha. – Mandy disse.
- Claro que quero. – como eu poderia me negar a entrar em um grupo de pessoas tão boas?
- Quem mais poderemos chamar?
- O Harry é um ótimo aprendiz de produtor musical. Se quisermos arrasar, temos que o ter.
- Sabia que você era uma ótima escolha para nosso grupo. – ela disse e foi chamar Harry.
- Que tal amanhã fazermos uma reunião? Pode ser na minha casa, depois da aula. – Matt sugeriu e nós concordamos. – Ótimo, então até amanhã.
- ? Por que, por que você está assim? – perguntei surpresa com o que estava vendo.
Assim que entrei em casa encontrei bem deitado no sofá vestindo apenas uma boxer branca.
Ele por acaso não percebia que era um pouco constrangedor eu ver como ele era dotado?
- Você chegou mais tarde ontem. Achei que fosse chegar hoje também.
- E baseado em que você concluiu isso?
- Baseado no fato que você chegou tarde ontem.
Suspirei.
- Isso são eventos que não acontecem diariamente. Lembre-se de se vestir adequadamente quando chegar a hora que eu volto pra casa.
- Claro, não vai se repetir.
Acontece que se repetiu. Bastou chegar a noite para eu o encontrar novamente deitado no sofá, de box preta e dessa vez ele dormia.
Me aproximei um pouco e não sei se foi o suco que tomei, a comida que comi ou a preocupação com o clipe, mas eu reparei o corpo do , como nunca tinha reparado antes. Ele já não era mais tão magro quanto antes, seus braços estavam mais grossos, e seu peitoral tinha uma forma bem mais atraente que anos atrás.
O que tinha dado em mim, afinal?
Balancei a cabeça tentando apagar esses pensamentos e resolvi o acordar como seu comportamento merecia.
- Acorda, idiota. – joguei uma almofada em seu rosto e lhe dei um soco.
- O que foi? Quem morreu? Onde vamos nos esconder? – ele pulou do sofá, assustado.
- O que foi, é que você novamente está deitado só de cueca no sofá. E aonde você vai se esconder eu não sei, mas deveria pensar em um lugar. Ainda não morreu ninguém, mas vai morrer se você continuar assim. E a vítima será .
- Desculpa. – não sei se foi impressão minha, mas achei seu sorriso bastante cínico. – Esqueci que você tava aqui.
- Faz um mês que estou morando com você, não acha um pouco tarde pra esquecer-se desse fato?
- Acho que é porque finalmente estou me sentindo a vontade novamente. Mas prometo tomar mais cuidado.
- Vamos, . – Mandy gritou por mim.
- Já estou indo, deixa só eu ligar pra o .
- Tem namorado? – Matt perguntou.
- Eu divido apartamento com ele.
Liguei para , mas caiu direto na caixa postal, então deixei apenas uma mensagem.
“, provavelmente vou chegar em casa só a noite. Você poderia me pegar na casa de um amigo meu? Ainda tenho medo de andar por aqui sozinha. Ah, e se puder, poderia comprar as tintas pra pintar meu quarto? Te pago assim que chegar, a cor você já sabe qual é, escolhemos juntos outro dia. Beijos, você é a melhor pessoa do mundo, te amo."
- Podemos ir agora?
- Claro.
Entramos no carro do Matt – era conversível – e fomos em direção a sua casa.
- E aí? Quem vai fazer o que? – Aysha indagou assim que sentamos.
- Fico responsável por toda produção musical. – Harry logo se ofereceu. – Também posso ajudar nas filmagens.
- Eu posso pedir pra o pessoal da agência do meu pai descolar o nosso figurino. – Matt, que era filho do dono de uma grande agência de modelos, sugeriu. – Assim não precisamos nos preocupar com essa parte.
- Ótimo – eu disse. – E o resto das coisas?
- Que tal escolhermos primeiro a música? Depois pensamos nas outras coisas. – Harry sugeriu. – Eu trouxe algumas, pensei no potencial de cada um.
Começamos a escutar as músicas, até que Harry novamente falou.
- Sei que essas músicas são as famosinhas de sempre, mas o que quero com isso vai muito além de um trabalho, é cair na boca do povo, e esse é o público que tá sempre na internet. Uma batida boa e diferente, uma boa voz e boa atuação e pum, se divulgarmos bem, termos ao menos cinco minutos de holofotes.
- Você é ótimo, Harry! – Mandy exclamou empolgada.
- Já vi acontecer em outras escolas com amigos meus. Podemos fechar sempre esse mesmo grupo e alternar de estrela dos clipes. Assim todo mundo chama atenção, embora eu prefira ficar apenas como produtor.
- Depois a gente vai colocando músicas mais desconhecidas também. – Aysha disse.
- Isso. – Harry concordou. – E qual será a música e a pessoa escolhida?
- Você não tem ninguém em mente? – Mandy perguntou.
- Vocês todos são ótimos, mas poderíamos começar com a . Ela tem cara de quem canta Demi Lovato. – ele riu.
- E canto mesmo.
- Vamos te colocar pra cantar Heart Attack. Assim, podemos até inovar e mostrar o garoto, pra mudar um pouco do clipe original. Eu e as meninas podemos ficar como banda, o Matt faz o garoto.
Até tentei disfarçar, mas todos devem ter notado minha imensa felicidade. Eu iria arrasar naquele clipe o suficiente pra ser a primeira opção sempre.
Logo começamos um papo sobre a música, até que me ligou.
- Oi.
- Comprei suas tintas, você me deve umas boas pratas. – rimos. – Que horas vou te buscar?
- Daqui a vinte minutos você sai, já vamos ter terminado aqui.
- Me passa o endereço por mensagem.
- Okay.
- Te amo, .
- Te amo, .
O era mesmo pontual, pela hora que chegou, ele saiu exatamente 20 minutos depois da nossa ligação.
- Já estou vivendo o começo da minha vida de famosa. – eu disse rindo e entrando no carro. – Acabo de ganhar o papel principal do clipe, tenho um motorista pra me buscar e além de tudo ele é pontual.
- Eu iria sugerir que começássemos a pintar seu quarto hoje, porque assim eu poderia te ajudar mais, só que agora acho isso uma péssima ideia.
- É uma ótima ideia .– dei pulinhos no banco do carro e bati palmas.
- Será que não posso pintar seu quarto usando apenas uma boxer? Não quero sujar minha roupa.
- Se você fizer isso, te mato.
Nós dois rimos.
- É tão difícil assim me ver só de cueca?
- É tão difícil assim me ver de calcinha e sutiã? – devolvi a pergunta em um tom vencedor.
- Tenho que admitir que é sim.
Eu não esperava aquela resposta e foi impossível não ficar sem graça.
POV .
Estávamos pintando o quarto da e eu tinha que admitir que fazia tempo que eu não me sentia tão bem em morar em Nova York. Sempre gostei das minhas farras, da liberdade de levar quem eu quisesse para minha casa, mas a morando comigo deu mais vida a aquele apartamento.
Não conseguia imaginar aquele lugar sem o som de suas risadas, o cheiro de comida queimada sempre que ela tentava cozinhar, os meus barbeadores jogados no banheiro e até mesmo da sombra do seu corpo no box do banheiro toda vez que ela me pedia a toalha.
- No que você tá pensando? – ela finalmente falou algo, depois que eu disse que era difícil vê-la quase sem roupa.
Ri e balancei a cabeça antes de falar.
- Em como tá sendo bom você morar aqui. Achei que fosse pirar em ter que aguentar uma mulher que além de tudo é bem fresca, morando comigo. Mas está sendo ótimo.
- Eu achei que isso aqui era uma zona e já estava com nojo de tudo, agora sou eu que mais faço bagunça aqui. – ela disse rindo. – Também tô achando ótimo morar aqui.
Paramos um pouco de pintar as paredes e ficamos nos encarando com um sorriso no rosto.
Mas que clima era aquele que começou a surgir entre a gente? Senti vontade de beijá-la e até pensei em fazer isso, mas esperei qualquer reação dela que me mostrasse que estava certo sobre o clima, como não aconteceu, cansei de ficar parado ali, então voltei a pintar.
- Resumindo, estamos vivos e bem, mesmo depois de pouco mais de um mês. – brinquei.
- Isso mesmo. – rimos e ela também voltou a pintar.
POV .
Dormi menos do que eu esperava e o motivo também não foi nada esperado. Até agora eu não conseguia acreditar que perdi meu sono pensando no , mais especificamente no clima – ao menos eu senti – que surgiu entre a gente enquanto pintávamos o meu quarto. E o fato de eu ter que dormir no seu quarto só piorou tudo, mesmo ele tendo ido dormir no sofá.
Sei lá, é que eu tinha a impressão que conforme os dias passavam, eu conhecia mais a versão do , homem. e esquecia aos pouco o , melhor amigo..
Mas eu não podia pensar nisso, era errado. Estávamos morando sobre o mesmo teto e confundir as coisas poderia causar uma catástrofe.
- Vamos nos reunir hoje no intervalo das aulas. Temos que decidir mais coisas e ver um dia pra ir na agencia do pai do Matt. – Aysha me disse, tirando-me dos meus pensamentos.
- Claro, vou estar lá.
Tinham se passados cerca de uma semana e estávamos todos na agência, provando dezenas de roupas que uma mulher chamada Kaline nos mostrava.
- Essa vai ficar ótima em você. – ela me mostrou a roupa mais linda que já vi.
- Nossa, é linda.
- Vai provar. – Mandy me incentivou.
Entrei no provador e coloquei a roupa, não sei o que iriam achar, mas eu estava me sentindo perfeita.
- Você está linda. – Kaline disse, e as meninas concordaram empolgadas.
- A roupa é linda, mas você a deixou perfeita, . Você está perfeita. – Matt disse e eu pude jurar que ele estava tentando flertar comigo.
E eu não estava errada, nos dias que se seguiram ele me elogiou ainda mais e cada dia as cantadas ficavam mais descaradas. Ele falava comigo todos os dias no whatsapp e sempre se oferecia pra me levar em casa – eu sempre negava.
Tinha chegado o grande dia da amostra dos clipes, resolvemos fazer uma festa para isso. Eu já pretendia chamar o , mas depois do Matt me convidar e sem querer, querendo, eu dizer que já tinha com quem ir e que era meu colega de apartamento que agora também era meu paquera, estar presente era obrigação.
POV
- Eu achei que você já tivesse parado com essa mania de me fazer de namorado. – eu disse, impaciente.
- Mas é que eu preciso. – disse, com voz de criança. – Você já estava convidado, a única alteração é que agora você vai ser meu paquera, nem namorado é. O que tem demais?
- Acontece que nós não namoramos nem nos paqueramos, . Nem um com o outro, nem com outras pessoas. E se continuarmos com essa mania de fingir estarmos juntos, vamos ficar solteiros para o resto da vida.
- Então a sua preocupação é pegar mulher na festa? – não sei se foi impressão minha, mas ela parecia um pouco irritada com essa possibilidade.
- Tudo bem. – eu disse e dei um longo suspiro. – Vamos bancar o casal apaixonado, mas, por favor, não invente isso para mais ninguém.
Eu esperava que ela pulasse em meus braços para agradecer, mas ela apenas disse:
- Tá bom.
Sabia que aquilo era estranho, então fui atrás dela.
- O que você tem?
- Nada. – respondeu rápido.
- Você escutou eu dizendo que topo te ajudar?
- Escutei e obrigada. Agora, pode me dar licença? Preciso me trocar.
- Okay.
E mesmo sabendo que tinha algo errado, fui embora.
- Nossa, acho que não estou vestido a sua altura. Tem certeza que só uma festa pra mostrar os clipes?
- Tenho. – ela disse, rindo.
- E por que tá assim, super produzida?
- Hoje é meu dia de estrela. – levantou as mãos pra o alto e mandou beijo para mim. – Agora, vamos, quero chegar depois da hora marcada, mas nem tanto.
- , você está linda! – duas amigas dela exclamaram. – Oi – disseram quando me viram.
Posso me gabar dizendo que elas quase babaram?
- HAM, HAM – fez um barulho na garganta para que as meninas parassem de me olhar. – , essas são Mandy e Aysha. Meninas esse é o , meu namorado.
Não era apenas pra mentir pra o outro amigo dela? Eu não era apenas uma paquera? Lembro-me de termos combinado assim.
- Oi, Mandy! – abracei a menina e beijei seu rosto. – Oi, Aysha! – repeti o que fiz com a outra.
- Ér... Será que podemos roubar sua namorada uns minutinhos? Precisamos rapidamente dela.
- Claro.
E sumiram entres as pessoas.
Minutos depois voltou toda empolgada.
- Vamos lá pra frente, vai começar. – e saiu me puxando pelo braço.
Eu sabia que ela levava a carreira dela a sério, mas eu não fazia ideia do quanto ela estava nervosa até o momento que sentamos e vi sua mão tremendo.
- Fica calma, você vai arrasar. – falei e segurei sua mão.
Ela sorriu e apertou a minha mão.
E por incrível que pareça parecíamos mesmo um casal. Ali sentados de mãos dadas e trocando sorrisos, ninguém diria que estávamos fingindo. Na verdade tudo que eu estava fazendo era sincero.
Um professor começou a falar e depois deu play nos vídeos. Realmente estavam muito bons, se eu não soubesse o quanto a era talentosa, duvidaria muito que ela fosse capaz de fazer melhor que eles.
- É agora, o meu vai começar agora. – disse apertando ainda mais minha mão, e eu sorri pra ela.
O grupo da arrasou. Não sou de escutar músicas daquele estilo, mas estava ótimo. Nunca a tinha visto tão linda como naquele clipe e sua voz estava mais que perfeita.
- Tá tudo perfeito. – eu disse, antes de terminar.
- Shiii – disse vidrada no telão.
A cada segundo de clipe eu ficava mais impressionado com a beleza dela no clipe. Aquela pose de estrela combinava mesmo com ela. Por mim eu passaria a noite vendo aquilo, mas infelizmente o clipe acabou.
- Ficou bom? – ela virou e me olhou, ansiosa.
- Ficou maravilhoso! Você estava linda, cantou perfeitamente bem. Maravilhosa.
se jogou em meus braços e nos abraçamos.
- Devo muito a você, sabia? – ela indagou enquanto me olhava, ainda abraçada a mim.
- Você não precisou de mim pra fazer nada disso, não mesmo.
Sorrimos um para o outro e novamente um clima surgiu. Quando achei que iríamos nos beijar, um cara apareceu.
- Nós arrasamos. Vem cá. – ele a segurou pelo braço e ela me encarou.
- Vou ali, mas já volto. – balancei a cabeça em um sim. – Ah, Matt esse é o , meu namorado. , esse é o Matt.
Pude ver que o carinha ficou bem desconfortável e logo juntei nome a pessoa. Ele era o garoto que estava dando em cima dela.
- Parabéns pelo clipe, ficou perfeito.
- Vocês já estão namorando? Pensei que... – acho que ele não tinha escutado meu elogio. – Esquece, vamos logo, .
Eles demoraram mais do que eu esperava, mas depois chegou.
- Agora vamos curtir a festa, vem dançar.
Eu não era o melhor na dança, mas até que estava mandando bem. Já tínhamos dançado umas cinco músicas e quando eu ia pedir para descansar, uma música lenta começou a tocar.
- Vem mais pra perto. – pedi e ela veio.
Passei a mão pela sua cintura e me aproximei ainda mais dela. Ela colocou a mão no meu pescoço e apoiou o queixo em meu ombro.
- Acho que o Matt estava mesmo a fim de você, viu como ele ficou?
- Já superou, o vi dando uns beijinhos na menina enquanto dançávamos.
Rimos.
- Você estava maravilhosa naquele clipe.
Ela levantou o rosto e me encarou com um sorriso.
- Tava mesmo?
- Você sabe que sim. Era impossível desviar o foco de você.
Ela colocou seus olhos nos meus e ficamos ali nos olhando olho no olho.
- Você é ótimo, sabia? Nesses dois meses eu só consigo ver o quanto você é ótimo.
E sem mais uma palavra colamos nossas testas e fechados os olhos na mesma hora. Não nos beijamos de imediato. Comecei a passar meu nariz pela pele de seu rosto, dei- lhe um selinho, – onde pude perceber que ela sorria de lábios fechados – colamos novamente nossas testas e só então, depois disso, passei a mão em volta do pescoço e a puxei pra mim.
Segundos depois de começarmos a nos beijar, senti-a puxando levemente os cabelos da minha nuca e intensifiquei ainda mais o beijo.
Não sei quanto tempo ficamos nos beijamos, pra ser bem sincero perdi toda a noção de tempo e espaço. Eu só conseguia pensar em como o toque e o beijo dela me deixavam com sensações pouco conhecidas por mim, e eu também torcia pra que ela sentisse o mesmo.
Paramos de nos beijar e voltamos a dançar, até que Aysha chegou.
- Vem tirar uma foto, você também pode vir, .
Eu e apenas nos olhamos, demos as mãos e fomos tirar a foto.
Na volta pra casa o silêncio dentro do carro estava tão grande que, como as pessoas dizem, estava ensurdecedor. Vez ou outra eu a olhava e ela estava sempre na mesma posição: com a cabeça encostada na janela olhando as ruas de Nova York.
Chegamos e entramos em silêncio, mas já não aguentava mais ficar calado. Provavelmente o silêncio era culpa do nosso beijo, então eu iria deixar esse assunto de lado e conversar como antes até que ela quisesse tocar no assunto. O que não dava era pra ficarmos mudos.
- Vou fazer hambúrguer, você quer? – perguntei já indo pra cozinha.
- Não, obrigada. Tô cansada, vou para o meu quarto.
- Boa noite, dorme com Deus.
- Você também.
POV
Desde que eu e o nos beijamos que as coisas ficaram um pouco diferentes em casa. Nessa uma semana que se passou a gente evitava tocar um no outro e as declarações de o quanto a gente se amava e éramos gratos pela amizade se reduziram a zero.
Mas não era hora de pensar nisso, o clipe tinha sido postado ontem na internet e meu foco agora era saber o quanto a gente estava se saindo em visualizações.
- Advinha quem está em primeiro lugar nas visualizações? – Harry falou comigo, assim que entrei na escola.
- A gente? Sério?
- Não é nenhum número absurdo, mas ainda sim somos os mais assistidos.
- Minha nossa, não posso acreditar! – exclamei e o abracei.
- Espero que tenhamos no mínimo um milhão de visualizações.
- Você sonha alto. – eu disse.
- Somos capazes.
E a gente era mesmo capaz. Depois de uma semana e meia no ar, nosso clipe já tinha um milhão de visualizações e esse número só aumentava. Assim como os comentários, seguidores e pedidos por mais clipes.
- Vocês deveriam fazer mais clipes como aquele. Os cinco são os maiores nomes das nossas salas, atualmente. Em nome da instituição e do talento que sei que você tem, estou aqui disposto a ajudar no que for preciso. – Ian, nosso professor/lindo/talentoso de canto, falou.
Ele tinha pedido para que nós cinco ficássemos depois da aula.
- Eu já estou pensando em músicas que podemos fazer covers. Como da primeira vez, acho que a gente tem que fazer desses cantores teens, mesmo. Depois vamos mesclando.
- A gente pode fazer outro da Demi. – Aysha sugeriu.
- Pensei em: I really don’t care. Você poderia cantar junto com a .
- E um da Taylor, sou fã dela. – Mandy batia palmas, empolgada.
- Pode ser a nova dela, assim, podem cantar você e o Matt.
- Se precisarem de mim para qualquer coisa, estou aqui. – Ian disse e nós agradecemos.
Logo depois de marcarmos uma mini reunião na casa do Matt, Ian me chamou.
- Se quiser melhorar ainda mais sua potência vocal, conte comigo. Posso ajudar no que for preciso.
- Claro, vou lhe procurar sim.
- Você é ótima, . Vai longe.
- Obrigada.
Nas semanas seguintes nos dedicamos tanto às aulas quanto a criação de nossos clipes. Criamos um canal no youtube, assim como uma conta no twitter.
Só sei que essa correria toda estava me deixando exausta e consequentemente, os deslizes que eu cometia antigamente, como deixar porta aberta enquanto eu me trocava, e coisa assim, acabaram voltando a acontecer.
- ! – exclamei enquanto procurava algo pra me cobrir, já que estava só de calcinha e sutiã.
Depois do beijo, isso tornava as coisas bem mais constrangedoras.
- Eu vi a porta aberta e vim te perguntar de qual sabor você quer a pizza.
- Pode pedir de qualquer um, agora vaza daqui. – e fechei a porta na cara dele.
Tinha esquecido completamente que tinha marcado de sair com o pessoal do grupo e nosso professor Ian, só lembrei quando o Matt – ele não tinha desistido tanto de mim assim – mandou uma sms dizendo que passaria na minha casa com os outros às 8:00 p.m. Me arrumei o mais rápido possível, e as sete e quarenta sai do quarto pronta.
- Toda essa produção pra comer pizza?
- Vou sair.
- Ah, você deveria ter avisado, nunca vou conseguir comer aquela pizza toda.
- Eu tinha esquecido completamente que marquei de sair.
- Ultimamente me sinto morando sozinho novamente, mal te vejo em casa. E quando está, é trancada nesse quarto.
- ... – suspirei. – Estou me dedicando à música, quase sempre quando estou fora é porque estou ensaiando, fazendo aulas extras de canto, algo assim.
- Tudo bem, por mim. É só que te ver trancada dentro do quarto sempre me dá a impressão que tá odiando ficar aqui.
Mas o que eu poderia fazer? Ele esperava o que de mim? Desde que a gente se beijou que nada é do mesmo jeito e agora eu tinha mais clipes pra gravar, foi pela minha carreira que eu tinha vindo para aquela cidade, que tinha ido morar com ele. Minha carreira era meu foco principal.
- Tudo mudou depois daquele beijo.
Quase pulei de susto quando ele tocou naquele assunto. Eu realmente não esperava.
- Não, é que... – tentei dizer algo que prestasse, mas nada saía.
- Olha, você não precisa mudar por causa disso. Tá na cara que aquilo foi um erro. – ele achava nosso beijo um erro? – É só a gente não repetir isso, a vida segue.
E antes que a gente pudesse falar mais alguma coisa, o telefone tocou e foi atender.
- É o porteiro, ele disse que tem um pessoal te esperando lá em baixo.
Sem dizer uma palavra, fui embora.
Dentro do elevador eu senti vontade de gritar, quebrar algo, de chorar. Aquele beijo tinha tirado meu sono algumas vezes nessas duas últimas semanas e o só via aquilo como um erro. Sou uma idiota.
POV
Se a gente mal se via antes de falarmos do beijo, depois disso vi a menos ainda. E eu não sei se ela estava me evitando ou simplesmente eu tinha me tornado uma pessoa pouco interessante mediante a dimensão que aqueles clipes estavam tomando.
Pelo que eu pude acompanhar e entender, uma tal de Cher Lloyd tinha visto um clipe que eles tinham feito, amou e chamou a menina que fazia a voz da Demi – no caso, a – pra tocar a música com ela ao vivo. Obviamente os cinco foram na casa da tal Cher, a cantou com ela, eles gravaram e postaram, o que fez com que a Demi visse e comentasse dizendo que foi muito bem representada. Teve outros famosos que comentaram clipes deles também, mas eu sabia mais desses. Ah, e agora eles iam gravar um pouco sobre seus dias pra uma revista adolescente.
A estava trilhando o caminho que sempre sonhou e aparentemente não sobarava lugar para mim.
Cheguei em casa e vi que tinha uma mensagem na caixa postal do telefone. Cliquei pra escutar.
“Linda, aqui é o Ian, consegui um apartamento pra você gravar pra revista. É de uma amiga minha, nada muito luxuoso, mas como você mesmo disse, não precisa. Tenho certeza que é melhor que a opção de gravar no seu. Se quiser podemos passar lá amanhã pra ver se você quer colocar algo. Ah, e tava conversando com uns amigos meus, como eu mesmo te disse, não vai demorar muito pra você poder brilhar de forma independente. Você não precisará fazer mais covers e nem do seu grupo. Sempre acreditei em você. Beijos, minha preferida.“
Sentei, possesso de raiva. Tava na cara que aquele cara tinha interesse nela e como se não bastasse isso, descubro que ela tinha vergonha de onde mora e que vai abandonar seus amigos. Escutei a porta abrir e a vi entrando, ótima hora pra eu falar tudo que queria.
- O Ian, que se eu não me engano é seu professor, e que agora suspeito que seja algo mais, ligou e disse que já conseguiu o apartamento pra você fingir que mora lá e também disse que como ele mesmo te falou, você logo, logo vai brilhar sozinha, sem precisar de quem te ajudou a chegar onde está chegando.
Ela paralisou onde estava, nem mesmo a porta ela fechou. Seu silêncio só me enchia ainda mais de raiva.
- O gato comeu a sua língua, estrela preferida? – perguntei cheio de sarcasmo.
- Ele te disse isso?
Era isso que ela iria falar?
- Não, linda. – respondi possesso de raiva. – Ele deixou na caixa postal.
- E por que você escutou o que não era pra você?
- Por que eu não posso adivinhar quem deixou o recado e o assunto até que eu escute ele, fora que se não lembra, sou o dono desse apartamento vergonhoso, acho que tenho direito de ouvir minha própria caixa postal.
- Ah, sim.
Foi tudo que ela disse e também foi o que bastou pra que eu perdesse o resto da minha paciência.
- É sério que vai bancar a louca e não vai falar nada sobre a mensagem dele? Ah não ser que você opte por não passar essa noite aqui, você terá que falar sobre isso.
- O que quer que eu diga? Você está irritado e magoado, não posso tirar esse direito seu.
- Ah, você não pode mesmo. – respondi tentando manter o controle.
- , todos ou outros do grupo ou moram com os pais, sozinho ou dividem apartamento com pessoas do mesmo sexo. Achamos que seria estranho eu dizer que dividia apartamento com um amigo, quem acreditaria nisso? Fora que...
- Você não divide apartamento com um amigo.
- Como?
- A gente já foi amigos, hoje não somos mais que meros conhecidos. Dois estranhos se falam mais que a gente dentro desse apartamento. Fora que a que eu tinha como amiga, podia ser uma grande cabeça de vento, podia querer a fama mais do que a maioria das coisas, mas ela não sentia vergonha de quem era e muito menos pensava em descartar as pessoas como se elas não fossem nada, só porque não precisa mais delas.
- , eu não tenho vergonha de você, nem de nada da minha vida. Tem como entender que é apenas pra ficar mais normal?
- É normal pra você fingir ser o que não é? Pra mim, não é. Ah, e você já contou a seus amigos que vai descartá-los daqui a uns dias?
- Eu não estou descartando ninguém, só estou seguindo meu caminho e às vezes somos obrigados a tomar decisões difíceis.
- É, aparentemente nesse seu caminho não tem vaga para quatro idiotas que deram duro pra fazer os clipes onde você quase sempre era a estrela e também não tem lugar pra o maior idiota de todos, que sou eu.
- Para de falar assim! Tenta entender...
- Não importa, eu não tenho que entender nada, nem era pra eu saber disso, não é mesmo? Bom, se o problema é realmente apenas o fato que você divide o apartamento com um cara, não precisa se preocupar, pode gravar aqui mesmo.
- Como assim? – perguntou confusa.
- Recebi uma proposta de emprego um pouco longe dessa parte da cidade, iria continuar morando aqui por você, mas aparentemente eu vou estar te fazendo um favor me mudando.
- Do que você tá falando, ? – pude ver lágrimas em seus olhos. Acho que além de cantora ela também tava virando uma ótima atriz.
- Vou dividir apartamento com um amigo meu, ele mora a cinco minutos do meu trabalho. Posso falar com o dono daqui e passar o aluguel pra o seu nome. Daí você faz o que quiser. Se quiser se mudar, se muda. Se quiser morar aqui, mora. Se quiser trazer seu namoradinho pra cá, também trás.
- Eu não namoro o Ian.
- Mas vai namorar. – disse como se fosse óbvio. – Mas você é livre pra isso, a vida é sua.
Acho que não consegui esconder meu ciúme.
- Vai bancar o enciumado depois de dizer que nosso beijo foi um erro?
- E não foi? Olha só a gente discutindo agora. Eu sou uma vergonha pra você e você é uma decepção pra mim. Faz algum sentido a gente beijar alguém que a gente não se orgulha de ter por perto? Pra mim, foi sim um erro.
- Se você diz. – foi o que ela disse, antes limpar algumas lágrimas.
Ouvimos a campainha do apartamento tocar e fui abrir a porta me perguntando quem seria, já que o porteiro não interfonou. Era Aysha e Matt.
- Sua namorada tá aí? – Aysha perguntou, com um belo sorriso.
- A tá sim. Entrem.
Falei e fui embora à frente. Eles entraram e se sentaram, enquanto ia ao banheiro lavar o rosto. Assim que a vi saindo do banheiro, falei:
- Ah, e ela não é minha namorada.
- Vocês acabaram? – a menina perguntou surpresa.
Quando ia falar algo. – mais uma de suas mentiras. – Eu disse:
- Podemos dizer que não foi um namoro de verdade. Ela daqui uns dias vai estar namorando de verdade, não contou a eles, ?
A vi me olhar incrédula e talvez um pouco magoada, mas eu não me importava.
- Vocês me dão licença, tenho uns processos para ler. Boa noite.
Aysha e Matt, claramente constrangidos com o clima e curiosos sobre o que eu disse, responderam:
- Boa noite.
POV
Tinha se passado uma semana desde o dia que eu e tínhamos discutido e suas palavras ainda me deixavam mal.
Eu resolvi gravar para revista no nosso apartamento mesmo. Embora eu não tenha certeza que ele estava sabendo disso, afinal, desde a nossa discussão que eu não o vejo. Ele sempre sai ou mais cedo ou mais tarde que eu, a volta era da mesma maneira. Se estava dentro de casa, era no quarto.
estava sendo infantil e estúpido, afina,l os dois se magoaram e ao menos eu, estava tentando consertar as coisas. Tinha gravado lá, falei dele na gravação, pedi para que Ian não me ajudasse em mais nada e resolvi que se tivesse que aparecer algo para mim, não seria com a ajuda dele, nem usando ninguém. Eu já não aguentava mais conviver daquela maneira e resolvi não ir à aula para poder conversar com ele.
- . – chamei, assim que o vi saindo do quarto.
- Oi. – disse, enquanto puxava umas malas do seu quarto.
- O que são essas malas?
- Eu te disse que iria embora, é isso que estou fazendo.
- ... – falei, já com vontade de chorar.
- Não precisa se preocupar, o aluguel desse mês, como você sabe, já está pago, você tem até o próximo mês pra resolver o que fazer. Como eu te disse, posso passar o aluguel para o seu nome.
Abri a boca algumas vezes tentando encontrar as palavras certas para falar.
- , eu sei você está magoado, mas não faz assim. Eu reconheço que errei, não sei se você sabe, mas eu gravei o lance da revista aqui mesmo, disse que dividia apartamento com você...
- Eu sei que você fez isso, me mandaram o link.
- Então! – exclamei levando as mãos ao alto. – Para de coisa e fica aqui. – pedi me aproximando dele, mesmo sabendo que provavelmente não iria adiantar. – Eu também pedi para o Ian não me ajudar mais, se tiver que rolar algum trabalho, não vai ser por ajuda dele.
- Você realmente pediu pra ele não ajudar, ou ele já conseguiu o que queria com você e te dispensou? – disse com um sorriso e tom cheio de sarcasmo.
Senti uma raiva tomar conta de mim. Como ele podia dizer isso?
Dei-lhe uma tapa no rosto.
- Nunca mais, nunca mesmo, ouse insinuar algo desse tipo. Acho que é realmente melhor você ir embora. Depois dessa eu não conseguiria passar mais um dia embaixo do mesmo teto que você.
Ele abriu a boca para falar algo, mas eu fui direto para o meu quarto e tranquei a porta. Fui tão burra, eu estava lá pedindo pra ele ficar e ele insinua que fui pra cama com meu professor. Só depois dele ir embora e eu perceber que de fato ele não voltaria, eu me permiti chorar.
Seria normal eu falar que estava sentindo como se tivesse terminado um casamento? Minha vontade de chorar não passava e eu me dividia entre a culpa e a raiva.
Mas eu tinha certeza que fiz minha parte, tentei arrumar as coisas, ele que foi um estúpido. O pior é que agora eu percebia que estava apaixonada pelo estúpido.
Acontece que tudo tinha acabado – se é que começou – e a vida segue.
- Alô?
- Senhorita . Aqui é da gravadora Victorious, você teria interesse em vir aqui para fazermos uma reunião.
- Eu? Reunião? De que seria?
- Suponho que gostaria de gravar um ep. Estou certo?
- Sim, sim.
- Venha amanhã na gravadora às nove da manhã e conversaremos sobre essa possibilidade.
- Oh, meu Deus. Claro que vou estar aí. Até amanhã. Meu Deus.
O homem riu do outro lado da linha.
- Até amanhã, senhorita .
Eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Uma gravadora me ligou para gravar um ep.
Parte da minha felicidade acabou quando acabei teclando os primeiros números do celular do e me lembrando que há um mês ele me magoou e me tratou pior do que qualquer outro cara. Era um dos momentos mais felizes da minha vida e eu não podia mais compartilhar com ele.
POV
- Por que você não diz logo a essa garota que a ama?
- O que? – perguntei, tirando os olhos da tela do computador.
- Faz dois meses que você tá aqui e não tem um dia se quer que você não olhe coisas sobre ela.
- Eu estraguei tudo com ela, falei coisas que sei que ela não vai perdoar.
- Se ela sentir metade do que você sente, ela perdoa, sim. Deixa eu ver isso aqui. – falou e tomou o notebook de mim. – Ela vai fazer uma festa de lançamento do ep dela hoje lá na Winners Arts School. Você deveria ir lá.
- O que? Tá louco?
- Não. – ele disse como se eu fosse idiota. – Você é louco por ela, vai lá e se desculpa.
- Ah é, super fácil. Chego lá e digo o que?
- A verdade, ué.
- E qual seria a verdade?
- Que seja lá o que ela fez contigo, você já perdoou. E seja lá o que você fez pra ela, você tá fortemente arrependido, e sem esquecer o fato que você a ama.
Demorei uns segundos processando a ideia e não me parecia tão bizarra assim.
- Você acha que deveria?
- Eu não acho, tenho certeza. Você é louco por ela, não é possível que só você sinta algo.
- É isso, eu vou. Mas não sei se consigo fazer isso.
- Claro que consegue, eu vou contigo. Vamos lá, dude, levanta daí e luta pela mulher da sua vida.
- Tô bem pra ir em uma festa?
- Dá pra o gasto. – disse rindo e menos de um minuto depois já estávamos fora do apartamento.
Eu sabia que ela tava fazendo um pouco de sucesso, mas confesso que quando vi fotógrafos na porta da Winners Arts School eu travei e entrei em pânico.
- Eu não vou consegui fazer isso. Você tá vendo aqueles fotógrafos? Eu não consigo.
- Mentira que você vai dá pra trás agora. Tá um frio imenso e você me fez sair de casa pra nada? Você vai entrar nem que seja a força.
- Mas eu não consigo.
- Seja homem. Você é um homem ou um rato? – Roger disse.
- Acho que estou mais pra rato.
- Para de bancar a menininha, ou você entra nesse lugar, ou eu te bato e você entra desmaiado.
- Odeio você, Roger.
- Também te amo, mulherzinha.
- ? O que você tá fazendo aqui? E vestido assim? – Mandy perguntou bastante surpresa. – A me falou algumas coisas que aconteceram achei que tivesse sumido da vida dela.
- Preciso falar com a . Eu tenho que consertar as coisas.
- Eu não deveria fazer isso, porque você foi um idiota com ela. Mas ela está no camarim, como você é homem e não vai conseguir entrar lá, pegue o microfone e fale o quer, é o único meio de chamar atenção dela sem estragar todo o momento de glória da garota. Porque depois que a festa começar de fato, não vou permitir que você faça nada.
- Microfone? – perguntei assustado.
- Quer ou não quer resolver as coisas?
- Quero.
- Então pegue aquele microfone e chame por ela. – apontou para o microfone no palco e eu movido por uma força desconhecida fui até lá e peguei.
- .
Vi um segurança vindo em minha direção, mas Mandy o mandou parar.
- Sei que está reconhecendo minha voz, se você não vier até aqui, não vou parar de te chamar.
Nada dela aparecer.
- , por favor. Eu vou desmaiar, tá todo mundo olhando pra mim. Tem um segurança prestes a me atacar. Aparece pelo amor de Deus.
Chamei mais algumas vezes e ela não aparecia, quando estava prestes a desistir, a vi saindo de uma sala.
- O que você está fazendo? – Ela perguntou apenas mexendo os lábios.
Soltei o microfone e fui em sua direção.
- Eu fui um estúpido, sei que dois meses é tempo demais pra vir pedir desculpas, mas é que eu sabia que você provavelmente estaria com ódio de mim. Eu fui um estúpido, . Eu não tentei te entender, não reconheci quando você fez a coisa certa, te tratei mal e ainda fui embora. Mas é que, eu estava com tantos ciúmes de você com aquele cara e ao mesmo tempo estava com medo do que sentia, porque eu nunca senti algo assim por ninguém. Sei que não justifica e que continuo sendo um estúpido, mas estou aqui pra te pedir perdão. Eu precisei ficar sem você pra perceber o quanto eu te quero por perto, você é a mulher da minha vida, . E mesmo que você ignore tudo isso e me dê outra tapa, eu não vou me arrepender do que estou fazendo, porque eu precisava mesmo vir aqui e ter a certeza que fiz o que podia para ter a mulher que eu amo de volta.
- Ama?
- Sim – sorri nervoso. – Eu te amo, coisa metida e nada modesta. Eu amo seu jeito todo fresquinho de fazer as coisas, amo sua voz, seu beijo, sua falta de modéstia, seu jeito sonhador, amo até o cheiro de queimado que você deixa na casa toda vez que tenta cozinhar. Amo você, . Eu amo você.
- Eu imaginei diversas formas de você me pedir desculpas e passei esses dois meses esperando alguma delas. – ela não vai me perdoar. – Mas em nenhuma delas tudo era tão perfeito como agora.
Ela sorriu e eu sorri todo bobo também.
- Então você me perdoa?
- Você não é o único que ama alguém aqui, eu também te amo, . Te amo.
E sem se preocupar com mais nada eu a puxei para mim e a beijei. Agora não era mais de mentirinha, era de verdade. Nós agora éramos um casal.
- , você aceita namorar comigo de verdade?
- Claro que aceito, suspeito que sempre tivemos um relacionamento, a gente só não conseguia ver. Aceito, mil vezes aceito.
- Eu te amo, .
- Eu te amo, .
Fim
Nota da autora: Oieee, gente. Espero que vocês tenham gostado dessa fic, eu amei escrevê-la. Na verdade eu nem deveria tá fazendo short, quando tenho fics em andamento para finalizar, mas quem se importa? Hahaha. Bom, torço pra que vocês tenham se divertido ao ler.
Agora vou deixar meu quase obrigatório – não por ela, mas parte de mim mesma – obrigada a minha Pirralha. Mari, obrigada por ser sempre a minha primeira leitora. No mais, obrigada a vocês também. Beijos.
Outras Fanfics:
The better part of me(McFly/Andamento) - ffobs/t/thebetterpartofme.html
Secret ( McFly/Andamento) - /ffobs/s/secret.html
Our love is not a lie (Outros/Finalizada) - ffobs/o/olnl.html
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Agora vou deixar meu quase obrigatório – não por ela, mas parte de mim mesma – obrigada a minha Pirralha. Mari, obrigada por ser sempre a minha primeira leitora. No mais, obrigada a vocês também. Beijos.
Outras Fanfics:
The better part of me(McFly/Andamento) - ffobs/t/thebetterpartofme.html
Secret ( McFly/Andamento) - /ffobs/s/secret.html
Our love is not a lie (Outros/Finalizada) - ffobs/o/olnl.html