FFOBS - 12. River Of Tears, por Açucena

Postada em:< 07/01/2017

Capítulo Único


15/03/2017
Segunda-feira, 08:30 a.m.
Escola Secundária de High Spring


O dia estava claro e ensolarado. Era o primeiro dia de aula depois das férias do natal, mas agora nada seria como antes. Agora não era mais a namorada burra de Dean Sanders Jr. O Dean. Muitas coisas aconteceram nas férias, coisas boas e coisas ruins, mais ruins do que boas, mas tudo bem. As aulas estavam de volta, e o último ano do colegial estava ali pronto para dizer adeus.
- Você não sabe o que eu vi no final da festa de ontem. – disse assim que se aproximou.
- O que você viu? – se virou e fingiu interesse no que a amiga falava.
- Prof. Spielberg e Carly Grant. Se beijando, no lago. – arregalou os olhos enquanto falava. teve a mesma reação.
- Professor Spielberg de história? É impossível, ele sempre coloca ela para fora da sala. – estava tão chocada quanto imaginara que a amiga estivesse. - Pra quem mais você contou?
- Pra você. Justice e Jenny viram. – assentiu com a cabeça. – Mas os meninos viram também. E filmaram. – disse revirando os olhos.
- O quê?? – Será que eles não se cansavam de fazer essas brincadeiras idiotas? – Quando você diz os meninos...
- Eu digo, Dean, Aaron, Chester.
- Idiotas. – cuspiu.
- Você ainda não falou nada com o Dean? – perguntou.
- Não. Nós não temos mais nada para conversar. Você sabe de tudo aquilo. – O tom de voz de era amargo e frio.
- Você sabe como o Dean é, ele sempre foi um babaca. Eu concordo com você. Mas eu também sei que ele te ama, de verdade. – disse se sentando ao lado de .
- Você vai defender ele agora? Mesmo depois de eu ter escutado ele dizendo como foi ótimo transar com a aeromoça durante a viagem até Cancun? Vai mesmo tomar o partido desse idiota? – disse nervosa.
- De qual idiota estamos falando? - Justice se aproximou das amigas com Jenny em seu encalço.
- Eu chuto no Dean. – Jennifer disse revirando os olhos e se sentando. - Espero que você não esteja considerando voltar para ele. Sabe, ele te traiu com a aeromoça, com a empregada dele, com a sua, com todas as garotas da escola, exceto nós três. E ainda é um idiota.
- Eu não estou pensando em voltar com ele. Eu quero que ele suma. – disse séria.
- Só tem um problema nisso tudo. -Justice disse enquanto comia uma barra de cereal. As garotas voltaram seus olhares para ela. – As aulas começaram. E para evitar o Dean, você vai ter que evitar todos os outros. Porque os meninos ainda são amigos.
- Não apenas os meninos, não é? – disse encarando Justice.
- O que quer dizer? – Justice arqueou uma sobrancelha.
- Você está com o Aaron e Jennifer vive se pegando com o Chester. Não acho que vocês vão se distanciar deles para fazer companhia para . – sempre fora a mais sincera entre as quatro.
- também é nossa amiga, . – Jennifer disse séria.
- Eu não preciso que vocês briguem por isso. - disse. – Eu não tenho problemas com Aaron e nem com Chester, apesar de achar que os dois sejam tão babacas quanto Dean é.
A conversa foi interrompida pela chegada do Senhor Hanshoe, professor de matemática. E as quatro ficaram sem conversar até o final da aula. Depois de algumas cansativas horas estudando geometria, era hora da pior aula do dia. Aula de Literatura com a Senhorita Martin. Dean, Chester e Aaron haviam acabado de chegar. Atrasados como de costume.
- Já vamos começar a nos dividir para fazer o trabalho do semestre. Eu vou escolher as duplas nas próximas aulas. Portanto, pensem no tema. Os trabalhos vão ser sobre as escolas literárias contemporâneas. As especificações eu irei passar depois. A metade da média de vocês vai para esse trabalho. Então eu sugiro que se preparem minimamente e levem a sério. Contrário do que fizeram ano passado ao querer apresentar aquele desaforo como trabalho final. - Senhorita Martin dizia enquanto escrevia na lousa.
- Eu odeio literatura. Eu não consigo entender nada. – disse.
- Você sempre diz isso, mas sempre sai com as melhoras notas. - disse revirando os olhos. – Cala a boca.
abriu a boca para protestar, mas desistiu.
Era uma boa aluna, não era algo questionável. Mas às vezes ficava insegura, sobre seu desempenho, sua vida, escolhas, sobre si mesma. E agora com o término do relacionamento perfeito com o quarterback do Lobos da Colina, o que mais fazia era se sentir insegura.

13/03/2017
Segunda-feira, 01:20 p.m.
Escola Secundária de High Spring


Era hora do almoço. estava com , escolhendo o que comer e ouvindo a amiga falar sobre como alguém era irritante e sádico. era uma de suas melhores amigas, mas às vezes a irritava o tanto que a loira falava de si mesma e de seus problemas. A maioria das vezes problemas sexuais. Isso era com toda certeza extremamente irritante. Mas era fiel, e sincera. gostava dessas características.
- O que aquelas pessoas estão fazendo na nossa mesa? – mudou de assunto de repente, fazendo olhar para a mesa que elas normalmente se sentavam.
- Queria saber. - e foram em direção a mesa ocupada.
- Saiam. – disse séria, e as pessoas olharam para ela assustadas.
- Perdeu alguma coisa aqui? – Uma das garotas, com uma roupa meio estranha disse.
- Essa mesa é minha. – disse sem piscar.
- Nossa. – completou com a mesma expressão séria.
- Eu não vi nome de ninguém aqui. – Uma garota de cabelo loiro disse, algumas pessoas da mesa já se levantavam.
Um garoto com sardas e cabelo arrepiado estava passando com dois copos cheios de suco em mãos, sem pensar duas vezes, como sempre. colocou o pé em sua frente e o fez tropeçar e derrubar todo o conteúdo dos dois copos na garota loira.
- Eu disse, saia! – disse mais uma vez, e a garota bufando de ódio saiu da mesa ensopada de suco, e com o garoto a tiracolo pedindo milhões de desculpas. As outras pessoas da mesa saíram olhando para trás abismadas.
- Para alguém do seu tamanho você consegue salvar o dia direitinho. – disse.
- Só porque eu tenho um e cinquenta e três de altura não quer dizer que eu seja indefesa. – disse abrindo seu refrigerante.
- Você não tem nada de indefesa. – sorriu.
- O que acha de irmos ao shopping ver a nova coleção da Versace? – perguntou. - Fazer comprar sempre faz esquecer chifres.
- . – a repreendeu.
- Falei alguma mentira?
revirou os olhos e começou a comer devagar. Pensando bem, não era uma má ideia. Comprar sempre era algo revigorante. Talvez a faria esquecer tudo se passava em sua cabeça.

Flashback
25/01/17
Sábado, 08:30 p.m.
Casa do Chester Harper


Estavam todos na festa na piscina do Chester. havia dito que não iria. Não estava nos planos chegar da viagem de férias a tempo. Mas acabou indo. E encontrando Justice no estacionamento. A piscina estava extremamente lotada, toda a escola estava ali. Justice decidiu pegar uma bebida na cozinha, e foi atrás. Quando chegaram, enquanto a amiga foi direto ao freezer, se encostou no batente da porta, onde conseguia ouvir o que estavam falando na varanda. Uma voz familiar chamou sua atenção.
- Vocês não adivinham quem comeu a aeromoça mais gostosa do avião no voo de volta de Cancun? – Uma risada familiar.
Quando se aproximou viu que eram costas familiares, muito familiares.
- Meu garoto! – Alguém parabenizou, e ouviu mais risadas.
- Qual é o ranking das mais gostosas que você comeu. Top dez. – viu Aaron perguntar.
-É fácil. Em ordem crescente. Bree Murphy. – Era possível ver a pessoa que falava contar nos dedos ao enumerar as garotas. - Jenny Cavill, Carly Grant, Devlin Grant, a empregada dos Muller, a aeromoça de Cancun, a garota do intercambio da Itália ano passado, a empregada lá de casa, a babá do meu irmão, e uma garota que eu conheci em Cancun. – Depois de falar a pessoa tomou um gole grande de cerveja.
- E a ? – Aaron perguntou de novo. sempre jurara que Aaron era seu amigo.
- não entra nessa lista. Ela é diferente, especial. – Não era possível que aquilo estivesse acontecendo.
- Mas se ela estivesse na lista. Ela ficaria na frente da garota de Cancun? – Aaron insistiu.
- Naaah. – A outra pessoa disse e todos começaram a rir.
Era demais não era? Ouvir tudo aquilo, sobre todas as traições que o namorado perfeito havia cometido. E ainda por cima estar num ranking abaixo da mais gostosa que ele havia ficado. Com certeza humilhante. Todas as garotas citadas pela pessoa que ela achava ser seu novo ex-namorado, foram conhecidas por ele enquanto eles estavam namorando. Se aquela era a lista das melhores, quantas mais teria? Jenny Cavill? Jennifer era sua amiga! Como ela pode se sujeitar a isso? Como eles puderam?
deixou cair no chão o resto de classe que tinha e foi até a varanda, os rapazes arregalaram os olhos assustados e num rompante, puxou o ombro da pessoa que ainda ria, e a virou. O choque a paralisou. Não era possível.
- Como você pode? – disse com o rosto vermelho de raiva.
- . Não é o que você está pensando. – Dean disse com os olhos mais arregalados ainda.
- Eu ouvi! Seu idiota! Eu não quero ver você nunca mais. Acabou. Nós não temos mais nada! Não preciso de explicação! Eu não quero explicação! Eu quero que você morra! Eu queria que nunca tivesse te conhecido! – gritou e saiu da varanda correndo.
FLASHBACK

- ? – disse de repente.
- Sim. – olhou para ela.
- Você ouviu o que a Jennifer disse mais cedo?
- Do que você fala?
- Da parte do “ele traiu você com a escola toda, exceto com nós três.” – levantou as sobrancelhas.
- Ah, claro. Lembra do que eu te disse? Para observar ela? – disse olhando como um psicopata.
- O que exatamente eu devo observar?
- Ela ficou com seu ex-namorado idiota barra babaca sem coração. Mentiu para você. E deve ter sido falsa mais vezes.
- Você acha que Justice está acobertando ela? – perguntou.
- Não sei. A Justice é o rabo da Jennifer. É bem provável que ela soubesse disso. – disse terminando seu almoço.
- Os meninos, que eu achava que eram meus amigos, o Dean, a Jennifer e a Justice. Eu estou cercada de cobras traiçoeiras prontas para morder meu calcanhar. – disse.
- Eu nunca confiei nelas. Sempre achei elas muito boas. Nunca confie em alguém muito bom.
- Eu sou boa. Sua teoria não está certa. – disse encarando a amiga.
- Você não é totalmente boa. – disse sorrindo. – Você é meio boba, quase tapada. Mas é gentil e doce com quem está perto. Mas lembra como você jogou o refrigerante no cabelo da líder de torcida que estava sentada perto do Dean ano passado só porque queria sentar perto dele? Ou quando você adorou quando fez aquela garota sair chorando da sala e implicou com ela todos os dias até ela mudar de escola? Você e o Dean sempre tinham piadas de mal gosto sobre o cabelo dela. Sobre o jeito dela, sobre como ela falava.
- Tudo bem, . Eu entendi que também sou uma babaca e que sou parecida com o Dean. – revirou os olhos.
- Sabe por que eu acho que a Jennifer não te contou sobre ela e Dean? E por que ela está te aconselhando a não voltar com ele? – disse.
- Por quê? – perguntou.
- Não acha estranho que ela sempre tenha dito o quanto Dean e os meninos era uns idiotas? Bom, se fosse eu que quisesse muito um cara, logo depois do término, eu tentaria me aproximar... – interrompeu .
- Tentaria se aproximar do cara, se aproximando do melhor amigo dele. E afastando a ex dele, dizendo a ela que eles não devem voltar. – concluiu o raciocínio.
- Gosto quando você começa a pensar como a pessoa que é. – disse e as duas sorriram.
foi desperta pelo toque de seu celular sinalizando que havia chegado uma mensagem.
- Preciso ir. Te vejo na sala. – disse e saiu correndo.
acompanhou a amiga com o olhar, até sentir a presença de alguém. Dean. Não teria como sair correndo e fingir que não o viu. Mas não importava, sairia assim mesmo.
- , por favor. – Dean disse. - Só quero pedir desculpas. – O olhar de Dean era o tipo de olhar que não era possível dizer não. Um pedido de desculpas parecia o mínimo que ele poderia fazer depois de tudo isso.
- Diga! – disse bufando e se sentou novamente.
- Eu queria me desculpar. Por tudo que você ouviu. E eu fiz. Eu realmente sinto muito. – Dean olhou para baixo e riu sem humor. – Eu lamento tanto. Eu sempre estrago tudo. Sempre sou o babaca que pensa com a outra cabeça e põe tudo a perder. Eu sempre ponho tudo a perder. Eu lamento tanto que tenha feito você sofrer. Queria que você soubesse o quanto. Eu realmente sinto muito. – Dean olhava para . E de alguma forma, ela podia perceber que era verdade.
- Você ficou com a minha empregada! Você ficou com Jennifer Cavill! – gritou a última parte.
- Eu sei. Eu errei muito. Muito. Não tem desculpa. – Dean disse.
- Você ficou com Jennifer quando? – precisar resolver esse outro assunto.
- Na festa do último dia de aula. Do ano passado. – Dean disse olhando para baixo.
- NA MINHA FESTA? - gritou.
- Não! – Dean disse assustado. – Na festa da piscina da .
- Você ficou com a Jennifer na casa da ? – perguntou incrédula.
- No banheiro da piscina. – Dean disse sem graça.
- Justice sabia?
- Não sei. – Dean a encarou confuso.
- Você já pediu desculpas. Agora chega. Não se aproxime mais de mim. – disse se levantou da mesa.
- . Por favor, eu expliquei. Está tudo bem entre a gente, não é? Você pode perdoar uma pulada de cerca. Pode perdoar isso. Não significou nada. Você sabe que eu amo você. – Dean disse sorrindo e olhou para com aquele olhar que ele fazia quando queria convencê-la de fazer algo que não queria.
- Não significou nada. – respondeu para si mesma, sorrindo. – Coisas sempre significam algo, e isso tudo que você fez, significa muito. Essas suas mentiras e traições, isso é patológico, Dean. Sabe o que não significa nada? - se levantou, pegou o copo com suco de mamão, e jogou todo sobre os cabelos loiros de Dean. Que apenas fechou os olhos, e continuou estático. – Isso não significa nada. Você não significa nada!
deixou Dean e todos os outros alunos boquiabertos e saiu, disposta a resolver uma outra pendencia.
Precisava questionar Jennifer. Precisava era fazer com que ela sangrasse. Como ela pode fazer tudo isso?
havia conhecido Jennifer quando ainda eram da oitava série. Já conhecia , mas elas não eram tão próximas. Eram amigas de uma garota chamada Grace. e só eram amigas por causa de Grace e então ela se mudou para se preparar para ir para faculdade. E e tiveram que sobreviver, foi então que conheceram a engraçada, amável e completamente desajuizada Jennifer. Uma garota morena, de estatura mediana, com longos cabelos pretos. se identificou muito com ela, enquanto era mal-humorada e irônica, e nunca estava muito disposta a ouvir os problemas de , Jenny estava sempre lá. No primeiro ano, Jenny virou líder de torcida, enquanto e não tinham muito ânimo para atividades físicas. Foi no primeiro ano também, que conheceu Justice, outra líder de torcida que foi apresentada por Jennifer. Justice era ruiva, com belos olhos azuis. Era a garota mais linda do colégio, com toda certeza. E era extremamente inteligente e irônica. se entendeu com ela. No primeiro ano, ela também conheceu Dean. No primeiro jogo da temporada, e , foram assistir Justice e Jenny como animadoras de torcida. E então a coisa clichê dos olhares se encontrando aconteceu, e algumas semanas depois estavam juntos. Eles combinavam perfeitamente, Dean era alto, com cabelos loiros, mais queimados pelo sol do que propriamente loiros, a pele era bronzeada e tinha lindos olhos azuis, assim como o lindo sorriso brilhante. Já tinha os cabelos castanhos, pele extremamente branca, com algumas sardas, olhos castanho-claros e a boca extremamente vermelha. Eles eram o casal mais perfeitos que poderia existir. E com o namoro com Dean, conhecera Aaron e Chester. Os três rapazes eram os mais populares e lindos da escola, com toda certeza. E no primeiro ano, até quase o último, eram um grupo inseparável. Dean, , , Justice, Aaron, Chester e Jenny. Para tudo estava bem, mas ela se enganara. Aparentemente todos ali sabiam das traições de Dean, e o acobertavam.

FLASHBACK
29/01/2017
Domingo, 05:40 p.m.
Casa da Muller


não enxergava muita coisa em sua frente. Esbarrou em várias pessoas para chegar até o carro. Tinha impressão de ter até derrubado algumas. Chegar em casa foi algo difícil, quase chocou o carro contra outras coisas quatro vezes. Quando enfim pisou em casa, tudo que fez foi desmontar sobre a cama e chorar até dormir.
Não se lembrava de muita coisa. Só conseguia ouvir alguém batendo na porta, um barulho longe.
- ?! – Não era longe, era bem na sua porta. acordou com parada no batente de sua porta. - Posso entrar?
balbuciou alguma coisa parecida com um sim, e tentou se arrumar nos lençóis.
- Eu soube o que aconteceu. – disse se sentando na cama, sua postura denunciava que ela estava desconfortável.
- Todo mundo sabia, não sabia? – disse depois de alguns minutos em silêncio, e acenou com a cabeça.
- Por que não me contou? Por que me deixou ser idiota esse tempo todo? – gritou e abaixou a cabeça.
- Eu vi o Dean com a Carly Gold, e ele me implorou para não contar para você. Disse que estava bêbado, e que não iria acontecer de novo, nunca mais. – suspirou. – Depois eu soube de mais alguns boatos, mas quando eu coloquei ele contra a parede, ele negou. – riu sem humor.
- Se lembra aquela vez que eu te disse no segundo ano que você ficaria melhor sem ele? – continuou. – Que ele não era verdadeiro, não te merecia? Ele me disse para não me meter mais, senão ia sobrar para mim. E você também não gostou do que eu disse.
se jogou na cama, com a cabeça cheia demais até para falar.
- Nós não éramos... Não somos tão próximas assim. Se eu contasse a você que ele te traía você iria acreditar nele e iria brigar comigo. - disse.
- Que ótimas amizades eu tinha. Justice nem sequer veio atrás de mim para ver como eu estava ontem. Jennifer ficou com meu namorado. Você sabia da traição e nunca me disse nada, Aaron e Chester também. – riu de novo.
- Eu sinto muito. Você não merecia isso. – disse.
- O que mudou? O que fez você vir aqui? – perguntou incerta.
- Eu me importo com você. Eu sei que nunca fomos, e talvez nunca seremos tão próximas, mas eu realmente queria ver como você está. – disse olhando nos olhos de .
- Você ficou com ele também?
- Não. – sorriu. – Ele não faz meu tipo.
então desmontou novamente e deitou no colo de .
- Eu não sei por que todas essas coisas acontecem comigo. – disse.
- A culpa não é sua. Dean e os outros são idiotas. – disse.
- E quanto à Jenny? Eu contava tudo sobre meu namoro para ela. E ela me apunhala pelas costas dessa maneira.
- Eu nunca confiei nela. Ela tem um olhar perigoso. – disse séria.
- Eu confiava nela, acho que o pior de tudo não é o Dean, é a Jennifer. – disse se levantando. – Eu vou resolver isso agora.
- Não. Não vai! – disse.
- É claro que eu vou!
- Não, . Não vai! Se você for agora, vai ser pior. Vai chorar, vai mostrar para ela que foi atingida. Ela não se importa com você a ponto de ficar sem dormir porque quebrou sua confiança. Ela vai ter o que merece. Confie em mim. Por enquanto só observe ela. Aja naturalmente.
- Agir naturalmente?? – gritou.- Quer que eu trate bem aquela traidora?
- Não. Só não quero que deixe transparecer que você sabe sobre ela e Dean. Se pegar ela desprevenida, a vingança vai ser maior. Acredite. – disse. – Eu acho que ela sabe que você sabe, então vamos ver como ela vai agir.
- E você vai me ajudar nisso? – perguntou incerta.
- Por que você acha que eu estou aqui?
FLASHBACK

foi desperta de suas lembranças quando se chocou com outra pessoa no corredor. Era um cara. Da mesma altura que ela. Ele tinha olhos castanhos e cabelos castanho claros. Era bonito, e definitivamente nunca o havia visto. O rapaz a encarou por alguns instantes e então abaixou a cabeça e deu a volta, seguindo seu caminho e deixando o de livre.
- Desculpe! – gritou. E o rapaz olhou para trás, como se um pedido de desculpas depois de um encontrão fosse coisa de outro mundo. sorriu para ele, que se virou e seguiu seu caminho.
A essa altura, ela nem se lembrava do que estava indo fazer.

14/03/2017
Terça-feira, 09:00 a.m.
Escola Secundária de High Spring


As dúvidas, já bastante esclarecidas, sobre a fidelidade de Jennifer ainda estavam por sua mente. Estavam na aula de história, tentando interpretar o papel que queria. Tentando soar normal. se sentava no quarto lugar da última fila do canto, ao seu lado, Dean na sua frente, Jennifer atrás dela, e Justice atrás de . Chester e Aaron sentavam atrás de Jennifer, nas últimas cadeiras da fila. Era aula de história, com Professor Spielberg.
- Vocês poderiam comparar o nazismo na segunda Guerra com algo dos dias de hoje? – o professor perguntou, e Emma Anderson, a primeira da turma, respondeu.
às vezes queria ser mais como ela. Era bonita e tão doce, e tão inteligente. Além de muito querida por todos da escola.
- Vocês entendem como isso foi ruim... – O professor Spielberg foi interrompido por um aluno do outro lado da sala.
- Não sei se era tão ruim assim, professor. – A sala toda se virou para ver de onde a frase saia. – Sabe, se não tivessem imigrantes aqui no nosso país hoje em dia, todo mundo teria emprego. E não teríamos atentados terroristas. Os alemães estavam certos, eles deviam mesmo se enaltecer.
- O que é enaltecer? – Jennifer perguntou a alguém.
- Uma raça pura sempre vai ser melhor que uma mistura bizarra. – O garoto que disse riu no final de sua fala.
- Bom. – Professor Spielberg se sentou, impactado com a fala de seu aluno. – Nem sempre é assim. E também não devemos julgar um povo pelo comportamento de alguns indivíduos. E na maior parte, os imigrantes só trabalham com os empregos que a população do país rejeita. E quanto a isso de mistura de raças, você realmente acredita que exista uma superioridade racial, quando você mesmo vem de um país como o nosso? – A turma olhava do professor para o aluno. E o Sr. Spielberg parecia tão chocado com a ideia do garoto quanto assustado.
- Bom, vindo de alguém que é descendente de ingleses, e que não tem nenhum cachorro vira lata, isso fica um pouco hipócrita, não acha? – O garoto perguntou com um sorriso irônico. Fazendo com que a turma toda ficasse sem entender o que se passava.
O sinal então tocou. Enfim a mudança de aula. Claro que sempre existiria garotos babacas na turma. Babacas como o Dean, e babacas inteligentes como o neonazista da sala. Aula de literatura, e só então que percebeu que não havia pensado nem um instante sobre o tema de seu trabalho. Era um péssimo sinal.
- Espero que já tenham pensado no tema de seus trabalhos. – Senhorita Martin disse arqueando a sobrancelha. Um silencio mortal se instaurou na sala. – Bom, eu já separei as duplas. Sem questionamentos.
Tudo que conseguia pensar era em como não queria fazer esse trabalho com Jennifer, Justice e Dean. Preferia até ficar sem nota, mas jamais faria um trabalho com essas três pessoas.
- Bom, vamos ser rápidos nisso. Não discutam isso agora. Vocês têm três meses para isso. As duplas serão: Dean e Jennifer, Justice e Claire, Brian e Lena, Cassidy e Georgia, Caroline e Aaron, Missy e Chester, e Adam, Owen e , Oliver e Michaela, Connor e Jeffrey... – Quem diabos era Owen?
- Quem é Owen? – perguntou para , que deu de ombros. É claro que não saberia.
- Quem é esse Owen? – perguntou novamente, desta vez a Dean. Que se virou rapidamente e apontou com o queixo, para um garoto que estava sentado na frente do neonazista, mas não conseguia ver seu rosto.
- É um idiota. Lembra do cara que tentou entrar para o time ano passado, que os caras jogaram ele no lago, e esconderam as roupas? – Dean disse.
- Aquele esquisito que vocês penduravam pela cueca no armário? – n disse.
- Quando você diz em voz alta, parece que está descrevendo um episódio de Todo Mundo Odeia o Chris. – Dean riu.
- Vocês sempre foram cruéis. – disse anotando algo em seu caderno.
- Você também ria dessas brincadeiras. – Dean disse olhando para ela e arqueando um pouco as sobrancelhas. Aquela expressão devia ser patenteada por ele.
- Mas não acho mais graça. – disse séria.
- Você e sua Smurf de estimação jogaram suco naquela garota ontem. Eu ouvi dizer que viram ela chorando no banheiro. E depois você jogou suco de mamão em mim.
-Não chame a assim. E as duas pessoas mereceram. Você principalmente. Agora se vira e me deixa em paz. – disse ríspida e Dean sorriu e se virou.
O resto da aula passou rápido. No final, quando foi falar com Senhorita Martin sobre uma indicação de leitura, encontrou-a conversando com o garoto que ela esbarrara outro dia.
- Eu não posso fazer esse trabalho com ela. - Ele dizia.
- Eu disse que era sem reclamações. – Senhorita Martin disse séria.
- Eu não vou fazer esse trabalho. – O garoto disse trincando os dentes.
- Senhor Queen, pense nisso como uma forma de fazer amigos novos. Tenho certeza que a Senhorita Muller ficaria chateada se soubesse dessa sua resistência.
O garoto do esbarrão era Owen Queen? O garoto bonito do esbarrão era o estranho do Owen Queen? repetiu algumas vezes para ver se conseguia achar sentido naquilo.
- Com certeza eu ficaria chateada. – disse sem perceber, e os olhares dos outros dois se voltaram para ela.
- Está vendo, Senhor Queen? Por que vocês dois não conversam um pouco sobre o trabalho. Com certeza terão ótimas ideias. Juntos. – Senhorita Martin enfatizou o “juntos”, e os deixou.
- Não vai ser assim tão ruim. Quer dizer, não é a pior coisa do mundo fazer um trabalho comigo, não é? – disse atraindo a atenção de Owen. – Eu sei que meus amigos barra ex-namorado fizeram coisas horríveis com você no passado. Mas eu queria dizer que eu não sou eles. E que se você me der uma chance, nós podemos até nos dar bem. – terminou a frase com um sorriso que ela sabia que amoleceria o garoto.
- Nós nunca vamos nos dar bem. – Owen disse sério.
- Tenho certeza que com um pouco de esforço isso pode mudar. – disse sorrindo de novo. - Só uma chance, Owen. – disse e fez sua melhor cara de cão abandonado.
Owen olhou para ela por alguns instantes e então se virou e saiu. acompanhou seus movimentos até ele sumir no corredor.
- Você não consegue ficar longe deles, não é? Dos homens difíceis? – Justice disse baixo ao se aproximar de .
- Você sabe do que eu gosto. – disse, e sorriu acompanhada pela amiga.

15/03/2017
Quarta-feira, 08:00 am.
Escola Secundária de High Spring


- Então você vai mesmo fazer o trabalho de literatura com aquele cara? – Dean disse ao se aproximar de na entrada.
- Quem te disse isso? – perguntou sem encara-lo.
- Eu soube. Sabe, , eu sei que nós não estamos bem, nada bem, na verdade. Mas não precisa passar por isso. Fazer um trabalho desses com esse idiota. – Dean disse sério.
- Eu não estou fazendo com ele por falta de opção. Eu não me importo na verdade.
- Qual é, ? Quando você virou a irmã que cuida dos necessitados? – Dean riu irônico.
- Eu não sou idiota igual a você. Não estou fazendo caridade. Nem quero falar disso com você.
saiu pisando firme, deixando Dean estático. Será que ela não poderia fazer uma coisa sem que todo mundo apontasse para ela? Será que era tão difícil assim as pessoas perceberem que ela só ia fazer um trabalho. E era com um garoto diferente, bonito e um tanto exótico. Mas era só isso.
- Oi! – disse se sentando perto de que mexia no celular distraidamente.
- Olá, perigosa. Eu soube que Owen está querendo fugir de você. Como é a sensação? – perguntou e riu.
- Não tem graça, . – bufou. – E aliás, ele só está assustado. Ele é como um lindo filhote de cachorro que nunca recebeu carinho. Ele está assustado por tudo que passou no passado. Talvez esteja achando que se ele fizer esse trabalho comigo, o Dean pode querer acertar contas.
- Bom, por fazer um trabalho, eu acho que não. Mas você se ouviu falando? Lindo cachorrinho? Qual é, , você achava ele estranho até o ano passado, disse que ele te dava ânsia. - disse se virando para a outra.
- Eu não posso ter mudado? Ter meu espirito evoluído? - riu.
- Bom, pelo menos não é com o Dean. – disse e gargalhou. – Meu Deus, olha a Jessica. Ali com aquele vestido verde. Será que ela acordou no século errado? Que roupa horrível.
- Ela só está tentando se mostrar como realmente é. – olhou para a amiga e piscou. – Bizarra.
- Vocês viram o que está bombando no Twitter hoje? – Justice disse ao se aproximar, cessando as risadas de e .
- Não. Algum nude do Dean? – perguntou e riu.
- Já está com saudades? – Justice perguntou rindo.
- Ele era bom. Bem bom, na verdade. – riu e mordeu o lábio.
- Sempre achei que Dean fosse do tipo que se satisfaz, vira para o lado e dorme. – disse.
- Eu achava. Os boatos eram esses, na verdade. Mas eu posso garantir que não é bem assim. Na verdade, ele sabe muito bem como fazer as coisas. – disse saudosa.
- Ele é virginiano não é? Soube que virginianos sabem bem como fazer esse tipo de coisa. – Justice disse.
- Só não são melhores que pessoas de escorpião. – disse.
- Quem é de escorpião? – perguntou.
- Ninguém que vale a pena ser dito. – disse arqueando a sobrancelha. – Qual era a novidade que você ia contar, Justice?
- Ah! Eu não sei se vocês viram, mas achei melhor mostrar. Eu não sei quem publicou, ninguém sabe. – Justice disse e mostrou a tela do celular a e .
- O que é isso? Um tipo de piada? - disse.
Na tela do celular estava uma enquete. “Piores pessoas que não fariam falta”. Na enquete, as pessoas sugeriam alguns nomes e outras apenas votavam. O nome de estava em primeiro lugar na votação. Seguido por Dean, Chester e Aaron e depois . Justice e Jennifer não eram nem citadas.
- Quem fez isso? Alguém do nono ano? – perguntou nervosa.
- Eles nos odeiam. Todas essas pessoas nos odeiam. – disse chocada.
- Não sabia que você se importava com a opinião deles. – Justice perguntou.
- Eu não gosto de ser odiada. Não quero que as pessoas me odeiem. – disse.
- Não faça drama, . Eu só quero saber quem foi que fez essa idiotice, para que eu possa arrancar os pulmões dessa pessoa com as minhas unhas. – disse e se levantou, e Justice não viram alternativa a não ser segui-la.
seguiu pisando firme até a sala de aula. Onde algumas pessoas já estavam.
- Você viu essa droga? – disse jogando o celular sobre Dean que ria de algo em seu próprio celular.
Dean arqueou a sobrancelha e revirou os olhos.
- Vi agora a pouco. Você sabe quem fez isso? – Ele perguntou sério.
- Se eu soubesse, essa pessoa já estaria morta. – disse com sangue nos olhos.
- Eu vou descobrir quem fez isso. E essa pessoa vai ter o que merece. Com certeza. Ele está muito morto. – Dean disse sério.
- ? Não vai falar nada? – Chester perguntou com um sorriso de escarnio no rosto.
- está impressionada que as pessoas odeiem ela. – Justice disse revirando os olhos.
- Você sempre achou que eles te amavam? - Chester riu. – Depois do tanto que vocês implicam com as nerds e as meninas feias, eu fico espantado que não tenha só vocês quatro na lista. – Chester riu.
- Não tem graça, Chester. E você também está lá. – disse fazendo bico.
- Eu considero isso um prêmio de reconhecimento. – Chester riu, seguido de Dean e Aaron. – A temporada de Meninas Malvadas Rainhas da Escola acabou. Você não é mais o topo da cadeia. Nenhum de nós é mais. – Chester disse.
A Senhorita Martin entrou na sala. Estavam tendo aulas demais com ela, pelo gosto de . Quando a professora entrou na sala, muita gente ainda estava de pé, rindo e comentando a enquete.
- Eu não me importo com a opinião de vocês quanto aos últimos acontecimentos. Então, se eu vir alguém falando, mostrando ou sequer pensando nessa enquete idiota. As coisas não vão ficar muito agradáveis. – Senhorita Martin disse.
- Senhorita Martin? – Chester chamou.
- Sim.
- Quando você estava no seu último ano, as pessoas também tramavam secretamente queimar os populares em fogueiras? – A turma fez a careta que sempre fazia quando Chester abria a boca.
- Não, Chester. Só se queimavam bruxas na minha época. – Senhorita Martin disse ironicamente e se virou para o quadro.
- Quantos anos você tem? Quinhentos? – Aaron perguntou rindo.
- Fiz trinta e quatro no último dezessete de novembro. – A professora disse. – E se fizer mais uma pergunta sobre esse assunto, eu vou esquecer que estou de bom humor e jogar um apagador em você. – Senhorita Martin se virou novamente para o quadro.
- Parece que alguém não dormiu de calça jeans. – Dean comentou e riu.
- Parece. – disse séria.

Depois de alguns minutos ouvindo falar de Orações Subordinadas, jogou um pedaço de papel sobre a mesa de .
- Veio do outro lado. – se virou para o lado e viu Owen a encarando. Devia ser dele, o que quer que fosse aquele papel.
“Preciso falar com você depois dessa aula. SOZINHA.”
Ele realmente era tímido. olhou para ele acenou e sorriu. E Owen virou para frente com a expressão fria como gelo.

A aula terminou rápido. enrolou até que todos saíssem. Estavam arrumando as coisas em sua bolsa pela terceira vez, quando percebeu a presença de alguém, só podia ser Owen.
- Oi. – disse ao se virar. – Queria falar comigo?
- Sim. – Owen disse olhando para o lado. – É possível que eu já esteja pendurado nessa matéria. Então eu vou fazer esse trabalho com você. Mas eu tenho condições. - Ele disse sério, sem encarar .
- Tudo bem. – tentou sorrir, passar confiança.
- Não quero que seus amigos fiquem por perto. Principalmente seu namorado. – Ao dizer a última parte, ele a olhara nos olhos.
- Tudo bem. Mas Dean não é meu namorado. Mesmo assim, ele não vai te incomodar. – disse e sorriu. - Quando nós podemos nos encontrar?
- Nos encontrar? – Aparentemente, ele havia se surpreendido.
- Sim, para começar o trabalho, lembra? – riu e Owen ficou vermelho. – Que tal hoje, na minha casa, às cinco? – disse e mordeu o lábio.
- Tudo bem. – Owen disse com a voz fraca.
tirou um papel e uma caneta da bolsa, e escreveu seu endereço.
- Não se atrase. – Entregou a ele e piscou.
Sem dar tempo para Owen dizer qualquer coisa, se virou e saiu da sala. Agora era tudo questão de tempo, ela teria ele. É, seria bem mais fácil do que pensara. Owen iria para sua casa, e lá não resistiria muito tempo.

15/03/2017
Quarta-feira, 04:50 p.m.
Casa da Muller


Faltavam dez minutos para as cinco. Tudo estava mais do que certo. Só estavam e a empregada em casa. A nova empregada, já que depois do que Dean havia feito, e os pais demitiram a antiga. Nada mais justo.
Tudo estava na mais perfeita ordem, demorara uma hora no banho, tudo devia estar em seu exato lugar. Quando o alarme tocou, denunciando que o horário marcado havia chegado, ouviu a empregada abrir a porta e saiu do quarto correndo.
- Tudo bem, deixa comigo. – disse a empregada, que deixou os dois sozinhos na sala, e Owen com o olhar confuso. – Você é bem pontual.
- Você disse para ser. – sorriu e puxou Owen depressa até seu quarto, onde fechou a porta.
- Então, o que pensou para o trabalho? – disse se sentando e indicando a Owen fazer o mesmo.
- Temos que decidir o que fazer primeiro. Um seminário, ou... - Owen parou de falar de repente. – Essa empregada foi a que seu namorado te traiu? – olhou para ele surpresa e envergonhada.
-Não. Ela já foi demitida. – Como ele sabia disso? – Como você sabe disso? – perguntou confusa.
- Você não tem ideia das coisas que a gente descobre quando só se observa. – Owen disse olhando para o teto.
- Como o que, por exemplo? - perguntou.
- Tudo. Professores que ficam com alunos, alunos gays, quem trai quem, quem fica com quem. Quem tem coisas pra esconder, quem é burro.
- E você descobre tudo isso só observando? Não teria como você saber que o Dean me traiu com a minha empregada sem conversar com ele ou com quem sabia. – disse séria.
- Engano seu. – Owen disse, encerrando o assunto.
- Você já foi traído? – perguntou.
- O quê? – Owen parecia não acreditar na pergunta.
- Você sabe muito mais de mim e da minha vida, do que eu de você. Eu acho justo. – Owen parecia não querer falar, mas disse mesmo assim.
- Sim.
- Como foi? – perguntou.
- Eu me declarei, e minutos depois ela estava beijando outro cara. Estávamos juntos a um ano. – Owen tinha o timbre triste.
- Sinto muito. Quem ela é? – perguntou.
- Você não a conhece, ela não é daqui.
- Ela é uma idiota. Você não merecia isso. Foi ela quem mais perdeu te traindo. – disse tocando a mão de Owen.
- O que você está falando? Você não me conhece. – Owen disse incrédulo.
- Eu sei que você é melhor do que todos meus amigos. Não trata ninguém mal e é bonito, tímido, doce. – sorriu.
- Você não me conhece. – Owen riu seco.
- Por que você não aceita que o que eu disse é verdade? – olhou para ele.
- Não se engane a meu respeito. Eu posso ser pior do que seu ex. – Owen disse sério.
- Não, ninguém pode. – disse e abaixou a cabeça.
Depois de alguns instantes, sentiu a mão de Owen tocar sua mão.
- Eu disse que você era diferente. – sorriu e Owen fez uma careta, que devia ser um sorriso, e que ela achou extremamente adorável.

16/03/17
Quinta-feira, 08:10 a.m.
Escola Secundária High Springs


- Alguém está de bom humor. – ouviu Justice dizer assim que chegou a escola e se aproximou da mesa em que ela e os outros estavam.
- Não. – disse e sorriu. – É bom que estejam todos aqui reunidos, eu quero dizer uma coisa.
Todos os olhares se voltaram a . Menos o de Jenny.
- A partir deste instante, eu não quero que vocês se aproximem do Owen Queen. Sem brincadeiras sem graça, sem qualquer coisa que possa ofender ou magoar. Se eu souber de alguma coisa que vocês fizeram, eu vou arrancar seus olhos e nunca mais falar com vocês de novo.
- Parece que as coisas estão mais sérias do que eu achei. – Justice disse rindo e n piscou.
Dean se levantou rapidamente e saiu pisando firme. E acabou derrubando um garoto com seus livros e uma maquete no caminho. Os olhares de todos da mesa se voltaram para ele.
- Alguém está com o coração partido. – Aaron disse e riu, acompanhado de Chester.
- Qual é o seu problema? Precisa mesmo ficar esfregando na cara dele que está dando para outro cara? – Jennifer disse alto, quase teatralmente e se levantou, refazendo os passos de Dean.
- E a batalha começa. – Chester disse irônico.
- Parece que sim, vamos ter uma briga de garotas na lama, ? – Aaron perguntou.
- Por que você não vai...- foi interrompida por seus próprios pensamentos. – Não sabia que Jennifer estava tão próxima assim a ele. – Disse olhando para Justice.
- Ah, nem eu. – A ruiva gaguejou.
- Dean não brinca em serviço, garota. Mas se quiser brigar por alguém, que seja por mim. Eu sou bem melhor. – Aaron disse e sorriu.
Aaron às vezes era mesmo melhor que Dean. Era mais alto, mais forte e sua pele negra reluzia. Ele era do time e era um dos melhores. Em critério de babaquisse, estava atrás de Dean e Chester. Dean não se importava muito com as pessoas, sempre com ele, e por incrível que pareça, às vezes com . Chester era um idiota que só queria arrumar um lugar para colocar o pênis. Aaron era diferente. Era inteligente, bem educado e extremamente religioso, adepto ao escolhi esperar. Tinha uma das melhores médias e provavelmente iria direto fazer Medicina em uma faculdade importante. nunca entendeu bem o que ele fazia com eles. Tudo bem que às vezes Aaron era tão insuportável quanto os outros, mas ele não humilhava as pessoas, nem batia nelas. Só ria. Não que isso seja certo, mas talvez fosse um pecado menor.
- ? Está aí? – despertou de sua análise sobre Aaron quando a chamou pelo que parecera ser a sétima vez.
- Sim.
- Vamos para sala. Em que mundo você estava? – perguntou se levantando e sendo seguida por . A essa altura a mesa já estava vazia.
- Pensava no Aaron. E em como, minimamente, ele é diferente do Chester e do diabo do Dean. – disse enquanto caminhava para a sala.
- Aaron não é de tudo ruim. A Justice ainda é apaixonada por ele e eu até acho que formam um casal bonito. Sabia que as pessoas gostam dele de verdade? Pelo menos algumas, já que as outras ligam tudo que o a dupla infernal faz a ele também. Mas o que podemos fazer se ele escolheu esse caminho? – deixou com essa pergunta na cabeça até o final do dia.

16/03/17
Quinta-feira, 04:20 p.m.
Escola Secundária High Springs


- Não via a hora dessa aula acabar. Sabe, qual a necessidade de termos aula de filosofia. - disse enquanto se dirigiam ao estacionamento da escola. – Que tal irmos no shopping falar do falso ataque da Jennifer hoje? – sorriu.
- Desculpe, amiga, mas eu tenho meu trabalho com o Owen. E já está marcado. – sorriu amarelo.
- Você realmente está levando isso a sério, não é? – disse.
- Estou. E sabe, eu falei com ele. Ele não é um idiota, é boa pessoa. Mas tem a autoestima tão baixa. – revirou os olhos.
- Ele deveria tomar cuidado para não ser estuprado por você. – gargalhou.
- Não vai acontecer. Ele tem algo diferente. Queria que você o conhecesse. – disse.
- Talvez quando vocês se assumirem. – brincou.

16/03/17
Quinta-feira, 17:10 p.m.
Escola Secundária High Springs


- Que bom que veio. – disse ao abrir a porta. – Pensei que não viria. Está atrasado dez minutos. – Sorriu.
- É porque hoje eu realmente queria vir. – Owen disse, ainda no batente da porta.
- Isso significa que no outro dia não? – disse embasbacada.
- É. Eu achei que seria muito horrível e quis que acabasse logo. – Owen disse olhando para baixo.
- E foi? – perguntou encarando-o.
- Sabe que não. Talvez só ruinzinho. – Owen disse e sorriu. Era um sorriso tão lindo.
Eles sorriram, e talvez as coisas não precisassem ser afoitas e forçadas. Talvez eles poderiam se conhecer devagar e se apaixonar. Não que naquele momento já não estivesse derretida por ele. Ela só queria que ele se sentisse da mesma forma.

Alguns meses depois
03/07/17
Terça-feira, 04:30 p.m.
Casa da Muller


- O que você acha de colocarmos aquele poema que eu te mandei no final do trabalho? – perguntou.
- Eu gostei. Pode colocar. – Owen disse.
Depois de alguns meses as coisas estavam mais diferentes do que se podia imaginar.
e Owen estavam muito próximos. Sempre ficavam juntos, seja fazendo o trabalho, seja no cinema ou outras coisas. Depois que começou a se envolver mais seriamente com sua pessoa secreta, sobrava menos tempo para , e com a escassez de amigos que tinha, acabava recorrendo a Owen. O que foi melhor, no fim.
Jennifer ainda lambia o chão que Dean pisava. E Justice e Aaron ainda estavam juntos. Havia semanas que não falava com Dean. Eles se evitavam, mas constantemente flagrava o rapaz a encarando.
Mas tudo estava em seu devido local. Inclusive aquela pessoa com o cabelo amarrado em um coque frouxo, lendo um livro, sentado perto da janela, onde o sol batia em seu cabelo e pele e refletia como se ele fosse quase um deus dourado.
- Algum problema? – foi desperta de seus pensamentos por seu deus dourado.
- Não. – Sorriu. – É só que essa luz te favorece.
- Obrigada. – Ele sorriu. – Você não devia estar lendo o outro livro? - Ele arqueou uma sobrancelha.
- Eu deveria. Mas sabe como é, você está no meu quarto. E é uma distração gigante. – Owen aproximou seu rosto ao de .
- Você é a coisinha mais preciosa do mundo, sabia? – Owen disse e beijou-a delicadamente. – Eu gosto de ficar perto de você. Me faz esquecer que o mundo é escuro e cheio de terrores. – Ele disse sério.
- Você pegou essa frase de Game of Thrones? - sorriu.
- Eu estou falando sério. – Owen continuou. – Se não fosse por você, eu já teria desistido de tudo a muito tempo.
- Não. – arregalou os olhos e o abraçou. – Pare com isso. Eu estou aqui agora, e não tem escuridão, nem terrores aqui. Está tudo bem.
- Está. – Owen sorriu. – Por sua causa, n Muller. – Owen disse sério. – Você que me faz querer viver, você é a única razão.
Sempre que Owen dizia isso, era como se o céu se abrisse, afinal, quem não amaria ser a razão da existência de um homem. Dean nunca havia dito algo assim, nem nada parecido. O que só fazia com que pensasse cada vez mais no quanto era grata por ter Owen ao seu lado.

04/07/17
Quarta-feira, 08:00 p.m.
Escola Secundária High Spring


- Bom dia, flor do dia! - disse assim que chegou na sala para , que digitava algo no celular. – ?
- Sim. – A loira respondeu seu olhar.
- O que foi? – perguntou e se sentou.
- Nada. – disse olhando para a amiga. – Bom dia! Eu estava mesmo esperando você chegar.
- Alguma novidade? – disse estreitando o olhar.
- Na verdade, sim. Dean está fazendo o trabalho com a Jennifer, lembra? O de literatura. Eu ouvi dizer que eles estão ficando.
- Ah. – olhou para o chão. – Não que seja algo da minha conta.
- . Você não vai deixar a Jennifer se safar e ficar com o Dean, não é? Você não vai deixar ela conseguir o que quer, não depois de te trair. – disse séria.
- Não me importo muito com isso mais, e se me importasse, o que eu iria fazer? – disse virando para frente.
- Dean finge que não, mas ele ainda gosta de você. Dá para ver no jeito que ele te olha. É só você pedir a ele, pelos velhos tempos que não fique com ela, que todo castelo de sonho da Jennifer vai cair.
Parecia algo interessante de se fazer. Depois que se envolvera com Owen, Jennifer e sua inveja havia sumido da lista de prioridades, mas agora, pensando bem, não era justo mesmo deixar ela ser feliz em paz.

04/07/17
Quarta-feira, 11:30 a.m.
Escola Secundária High Spring


- Dean! – disse assim que o sinal para o almoço tocou. – Você tem um minuto? Eu preciso falar com você.
- Tá bem. - Dean disse, e parecia estar bem espantado com o convite.
- Eu sei que nós não temos nos falado. E exatamente por isso, pelo motivo disso, eu queria te pedir algo. Pelos velhos tempos. – Dean riu sem humor.
- Se você pedir mais uma vez para não fazer nada com aquele... - o repreendeu com o olhar. - Se você for...
- Não, Dean! Você pode ficar quieto e me escutar. – disse e acabou se aproximando um pouco dele, sem intenção. – Eu só queria te pedir, por mim. Se você ainda gosta de mim como disse que gosta. Eu queria pedir para você não se envolver com a Jenny. Pode ficar com qualquer pessoa, sério. Mas ela não, por favor.
Eles ficaram parados ali, se olhando nos olhos por alguns segundos e então Dean sorriu.
- Por que você está sorrindo? – perguntou confusa.
- Problemas no paraíso? – Dean disse a encarando.
- O quê?
- Se você se importa tanto com o fato de eu estar ou não com a Jennifer, é porque você ainda sente alguma coisa. Você pode até dizer que é só para ela não ficar comigo e acabar com os planos dela, mas eu sei, e você também sabe que não é isso. – Dean disse tocando o rosto de levemente.
- O quê? Do que você está falando? – riu sem humor.
- Eu conheço você melhor do que você mesma. Eu tenho certeza que você e a pensaram por meses em como acabar com a Jenny depois de descobrir que eu fiquei com ela. – Dean disse e se aproximou mais um pouco.
- Você está tão errado. Eu não passei meses remoendo isso. Eu passei meses conhecendo alguém maravilhoso, que você nunca vai ser. E, na verdade, você está certo em uma coisa, eu não quero que a Jennifer consiga o que quer, que é ficar com você. Mas depois dessa conversa eu mudei de ideia, o que pode ser pior para alguém do que ficar ao seu lado.
tentou se desvencilhar de Dean e sair da sala, mas ele a segurou mais forte e a prendeu entre seu corpo e uma mesa.
- Você sabe que me magoa dizendo isso. E é por isso que diz. , eu sei que fiz você sofrer muito e toda vez que você me vê, você tenta me espetar de uma forma diferente, tentando me fazer sofrer também.
- Você não sabe do que está falando. – disse sem encará-lo.
- Eu sei. – Dean disse baixo e sentiu sua respiração quente bater contra a pele de seu rosto. – Eu sei que você adorava me dar balas de canela, mesmo se eu não gostasse porque você gostava do meu hálito depois, eu sei que você gosta das músicas da Sia e que tem uma playlist para cada dia da semana. Que tinha uma playlist no Youtube só com músicas que te faziam lembrar de mim, e que você tirava print de todas minhas fotos que postei em redes sociais e guardava em uma pasta no seu celular. Eu sei que você ama banho quente, que ama a praia, que adora ficar sozinha e que quase ninguém sabe tudo de você, porque você não deixa. E que essa sua pose de garota má é só para disfarçar sua fragilidade. E sabe como eu sei tudo isso? Eu sei porque eu amo você, , amo de verdade. Mesmo que tenha cometido vários erros. E eu sei que esse cara parece certo, porque ele é melhor que eu, e eu não duvido que seja. Mas é que eu não vou desistir de você só porque você acha que encontrou um príncipe. Não é assim que as coisas funcionam. – Dean sorriu e aproximou o rosto do de , que agora já o encarava fixamente. – Você vindo aqui, e pedindo para eu me afastar da Jennifer, só prova que, por mais que ele seja muito melhor que eu, você não o ama. – os lábios de Dean e encostaram, dando início a um beijo tímido.
- Pensa nisso. – Dean disse e beijou sua testa. – Pode ficar tranquila, Jennifer não vai me ter. – dizendo isso, ele sorriu e saiu da sala, deixando estática.
estava totalmente perdida. Só conseguiu pensar em mandar uma mensagem para , pedindo à amiga para encontrá-la na sala.

- Parabéns! Eu entrego minha vida a você e você joga no lixo como se fosse uma coisa qualquer. – se assustou e quando se virou para porta, Owen estava lá.
- Owen? Do que você está falando? – estava totalmente confusa.
- Não seja cínica, . Eu vi você e o Dean aqui dentro da sala. – Owen estava extremamente exaltado.
- Ah. – disse e se jogou na cadeira. – Se você viu, você sabe que não aconteceu nada.
- Vocês se beijaram! – Owen gritou e chutou uma carteira, que caiu no chão e se chocou com as outras fazendo um barulho estrondoso.
- Owen! Eu não beijei ele. Ele... – foi interrompida.
- Para de falar que não. Eu vi! Você estava com ele, abraçada! Você podia ter fugido, mas você ficou. E eu não acredito que você fez isso comigo. – Owen jogava mais carteiras, assustando ainda mais . – Você não deve se surpreender se amanhã descobrir que eu me matei. Mas você nem vai se importar porque vai estar dando para o cara que você diz odiar. Você não passa de uma vagabunda, assim como as outras.
- Owen você está me assustando. Por favor, pare.
- Assustando? Por favor, você ainda não viu nada. – Owen parou de se aproximar de quando algumas pessoas chegaram.
- O que está acontecendo aqui? – Senhorita Martin gritou enquanto ia até a amiga. – Sr. Queen, me acompanhe agora. Você também, .
- Senhorita Martin, está muito assustada, eu vou acalmá-la e depois vou com ela a sua sala, tudo bem? – Senhorita Martin acenou depois que ponderar por algum tempo, e se foi levando um Owen completamente diferente do que se lembrava.
- O que aconteceu aqui? – perguntou, e tudo que conseguiu fazer foi chorar.

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- Eu não acredito que ele fez isso. – disse enquanto andava de um lado para o outro depois que contara o que havia acontecido.
- Ele quem? – perguntou baixo.
- Dean foi bem imprevisível, mas eu me referi ao Owen. esse cara é perigoso! Você não pode continuar com ele. Você viu o que ele fez? Tem ideia do que ele poderia ter feito se eu não tivesse chegado?
- Quebrado uma carteira na minha cabeça? – riu sem humor.
- , me prometa. – levantou o olhar para encarar a amiga. – Me prometa que você vai se afastar desse cara. Por favor! Me prometa!
- Tudo bem. – disse com um sorriso amarelo.
- Sobre o Dean. Acho que ele conhece a gente mais do que eu imaginei. E eu tenho vontade de morder minha língua, mas talvez ele realmente goste de você de verdade. - disse se sentando.
- Tudo bem, eu acredito nisso também. Mas depois de tudo que ele fez, eu não sei se conseguiria ficar com ele de novo. – disse encarando o nada.
- E eu que achei que minha vida amorosa era complicada. – disse e concordou.

07/07/17
Sexta-feira, 04:30 p.m.
Casa da Muller.


- , você tem visita. – A empregada chamou.
pensou um pouco nas possibilidades e torceu para ser , até Jennifer ela preferia ver, tudo menos as duas pessoas que complicavam tanto a vida dela. Mas para seu azar, uma delas estava bem ali, em pé na soleira da porta, com aquela expressão que sempre mantinha no início, quando estavam se conhecendo, e ele insistia em dizer que não sentia nada por ela.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou antes de terminar de descer as escadas.
- Eu queria falar com você. – Owen disse mais com os olhos do que com a voz.
- Não sei se temos algo para falar? – disse seca.
- Por favor. – Owen disse pausadamente.
- Tudo bem. Entre.
guiou Owen até seu quarto.
- É melhor falarmos aqui, onde não tem cadeiras que você pode usar para tentar arremessar em mim. – disse séria e caminhou até a janela.
- , eu nem sei o que dizer. Isso foi tão errado. Eu estou me odiando nesse momento por ter feito isso. Você não tem noção do quanto. Sério. – Owen se sentou na cama e colocou as mãos na cabeça, apoiando os cotovelos nas pernas.
- Se odiar não muda o fato de que se a não chegasse, eu não sei o que teria acontecido.
- Não. – Owen se levantou e abraçou de surpresa. – Eu jamais faria qualquer coisa contra você. Contra o Dean, eu não sei. Mas contra você nunca. – Owen segurou o rosto de e disse. – Eu quero pedir desculpas por tudo que eu disse na hora da raiva. Eu só falei aquilo porque queria te machucar, porque eu estava muito machucado. , se coloque no meu lugar. O que você teria feito se fosse eu e qualquer outra garota, por exemplo?
No fundo, Owen estava certo. Ela não podia ter deixado Dean se aproximar tanto assim, eles praticamente se beijaram. Não era justo com Owen, que sempre esteve ali, com ela, sendo doce e amável. A raiva dele poderia ser compreendida, afinal, quem nunca fez algo assim na hora da raiva. E não acreditava muito que Owen faria algo contra ela, sabe, ele não era capaz de machucar nem uma mosca.
- Tudo bem! - disse por fim. – Mas, por favor, Owen. Nunca mais faça isso de novo. Por favor.
- Nunca. – Owen a beijou. – Mais. Eu prometo a você. Estamos bem, então?
- Estamos. – disse e mordeu o lábio.
- O que foi? – Owen perguntou.
- vai me matar.
- Por quê? – Owen perguntou confuso.
- Ela queria que eu terminasse com você. Ela acha que você pode ser perigoso. – disse enquanto acariciava o rosto de Owen.
- Não, eu não sou. Tem muita gente perigosa por aí, pessoas ruins, falsas, mentirosas. Mas eu não sou uma delas. – Owen disse sério.
- Não é. – sorriu.

10/07/17
Segunda-feira, 08:00 a.m.
Casa da Shield


- Posso saber o motivo disso? – perguntou ao entrar no carro.
- Bom dia para você também. – riu. – É que eu precisava falar com você de um jeito que você não fugisse e que não pudesse me bater.
- O que foi que você fez, Muller? E você sabe que você estar dirigindo não me impede de te bater, não é? – disse séria encarando .
- Eu não terminei com o Owen.
- O quê? – Aquilo tinha pegado realmente de surpresa.
- Ele foi até minha casa para conversarmos. , a reação dele foi exagerada, mas ele estava certo. Eu praticamente beijei o Dean e ele viu. Eu errei nisso, e ele não merecia. Resolvi dar a ele mais uma chance e por favor, por mim, prometa que não vai tocar nesse assunto nunca mais. – disse rápido o discurso já ensaiado enquanto olhava , que tinha o olhar fixo na rua.
-Ele conseguiu fazer você assumir a culpa do erro dele. – riu em humor. – Nunca achei que diria isso, mas você estava melhor com o Dean.
Aquelas palavras cortaram fundo. E tanto quanto fizeram o resto do caminho caladas. Mas pode perceber que a amiga estava com raiva, pelo tanto que tremia e apertava as mãos.
Quando chegaram na escola, durante todo o percurso até a sala de aula, e ouviram risadas e comentários que nenhuma das duas entenderam.
- Tem alguma coisa estranha. – disse ao se sentar.
- Oi. – Aaron disse e se sentou no lugar de Dean.
- O que está acontecendo agora? Outra enquete? – perguntou.
- Não, é um pouco pior. Alguém filmou um professor com um aluno e espalhou na internet. É por isso que eu estou aqui. – Aaron disse sem graça.
- Não me diga que vocês que espalharam? – perguntou.
- Não. , eu juro que não fomos nós, e quando nós descobrirmos quem foi, esse cara vai pagar.
- O quê? – disse com a voz mais fina que o normal e tomou o celular da mão de Aaron, quando ouviu o próprio celular vibrar, alertando que ela também receberá o vídeo.
A descrição do vídeo era “orgia na sala dos professores”. E no vídeo, estavam a Senhorita Martin e uma aluna se beijando. Parecia alguém familiar, mas não podia ser, quer dizer, não. Definitivamente não. Mas era. Quem estava com Senhorita Martin no videio era , em partes do vídeo, não tinha como negar que era ela.
Quando percebeu do que se tratava e olhou para a amiga, só conseguiu ver sair correndo da sala.
- O quê? Eu ... – disse.
- Vai atrás dela. – Aaron disse, e concordou.
Só havia um lugar no qual teria ido. Apenas um lugar onde ela poderia ficar sem ser descoberta pelos urubus da escola.
- Oi. – disse assim que chegou embaixo na arquibancada do campo de futebol.
- Eu quero ficar sozinha, . – disse com a voz embargada.
- Não quer, não. – se sentou ao lado dela no chão. – Por que você nunca me contou sobre isso?
- Por quê? , você está vendo o que aconteceu? Você acha que se eu tivesse contado seria menos traumático?
- Não se envolver com um professor seria menos traumático. – disse abraçando a amiga. – Eu estou aqui, vai ficar tudo bem. E outra, eu não estou nem aí que você goste de mulheres. Só estou brava porque você não me contou, e se fosse para ficar com um professor por que não escolheu um mais bonito? – disse e riu.
- Eu gosto da Caroline. Gosto de verdade. Por mais que na maior parte do tempo ela só me veja como um disque foda. – disse áspera.
- Ela sempre me pareceu uma vaca. – disse e sorriu. – Vem, você não pode ficar por aí escondida. Vamos enfrentar isso logo.
- , eu não sei. Eu...- disse.
- , desde quando alguém teve alguma coisa a ver com quem você transa? Vamos juntas.
Quando voltaram, o corredor já estava vazio, assim como a sala. Os outros deveriam estar no ginásio, jogando queimada. e conseguiram se trocar sem que fossem incomodadas por outros alunos curiosos. Assim que chegaram ao ginásio, encontraram Justice e Jennifer sentadas na arquibancada.
- , como você está? – Justice disse assim que as viu.
apenas acenou com a cabeça e se sentou ao lado dela. olhou para o outro lado da arquibancada e Owen estava lá sentado. Ocupado com o celular. estava com Justice e Jenny, e por mais problemas que tivessem, Autu acreditava que elas não fariam mal a amiga, e então resolveu falar com o namorado.
- Oi. – disse ao se sentar beijando o rosto de Owen em seguida. – Você não devia estar jogando queimada?
- No dia em que me disserem a finalidade desse jogo, eu começo a participar. – Owen disse sarcástico. - Como está sua amiga? Eu soube o que houve. Muito chato. – Disse mudando o tom radicalmente.
- Ela vai ficar bem, eu espero. – n suspirou.
Ao passar os olhos involuntariamente pela tela do celular do namorado, n percebeu que ele pesquisava algo sobre armas.
- Não me diga que você também é um daqueles caras loucos para se alistar? – Perguntou olhando para Owen fingindo falar sério.
- Eu gosto de armas. Só isso. – n entrou no piloto automático enquanto o namorado começava a falar da potência e da quantidade de tiros disparados por certa arma. E assim foi até o fim da aula. Quando ela se juntou as amigas a caminho do vestiário.
- É engraçado quando as garotas mais femininas têm um vídeo de sexo gay espalhado por aí. Foge o estereotipo de lésbica caminhoneira. – Ao passarem pela porta ouviram alguém dizer.
- Aposto que a Senhorita Martin era o homem, não é, ? – Carly Grant, com sua voz fanha disse.
saiu em disparada, pronta para arrancar os olhos da garota, e por um momento pensou em deixar, mas lembrou que o futuro da amiga também estaria em jogo, e resolver intervir, com ajuda de Justice, segurando pelos ombros.
- Dá um tempo, Grant. Ou você quer que todo mundo saiba com quem você tem ficado? Porque parece que não é só a que tinha vídeos comprometedores espalhados por aí! – Jennifer disse.
- Eu juro que vou machucar qualquer um que disser algo assim de novo. – disse se sentando. A sua voz fina e delicada não combinava com aquela frase, por mais que ela adorasse usar. O que a fazia ficar engraçada, pelo menos na cabeça de .
- Mensagem do Aaron. Ele pediu para a gente encontrar ele e os meninos na sala agora. – Justice disse séria. – E então? Vamos? – Antes que todas respondessem se levantou, antes mesmo de se trocar e saiu a passos largos.
- O que foi? – disse assim que chegou na sala.
Só Aaron, Chester e Dean estavam sentados lá, e pareciam estar preocupados. Exceto Dean, que tinha um sorriso debochado no rosto.
- É que a gente descobriu umas coisinhas. – Aaron disse sorrindo de lado. - Chester conseguiu descobrir de que computador veio o vídeo sobre você, aquela enquete idiota e umas outras postagens imbecis.
- Chester? – As três disseram incrédulas em uníssono.
- Alguém me devia favores. – Chester riu ladino. – E eu não entendi o espanto de vocês, eu sou bem inteligente, okay?
- Fala logo o que descobriram! – disse.
- Eu descobri que tudo que tinha sido postado por aquela conta, enquete, posts xingando professores e alunos e agora o vídeo da , tudo isso foi enviado de um computador daqui. – Chester disse. – Usei minha influência para descobrir quem tinha tido acesso a esse computador no dia que colocaram a enquete e o vídeo na internet.
- Você conseguiu me surpreender. – Jennifer disse enquanto revirava os olhos.
- O que importa é que foram duas pessoas que fizeram isso. – Dean disse ainda com o sorriso estampado no rosto. – Quem colocou a enquete foi o Jeffrey, o esquisito da nossa sala.
- Vou anotar isso no meu celular, para depois agredir ele. - disse. – Continue.
- A parte mais engraçada, a melhor parte, na verdade. Sabe, , eu não queria ver você passar por isso, mas você escolheu. Não é mais meu problema. – Todos olharam para , deixando a garota confusa. Ela não tinha enviado o vídeo. – Sabe quem colocou o vídeo da sua melhor amiga ficando com a professora na internet e espalhou isso para a escola toda? – Dean riu alto, acompanhado por Chester. - Seu querido namorado, Owen. – Dean disse e terminou a frase com um sorriso no rosto.
- Não. O Owen não faria isso. Ele não é assim. – Não podia ser verdade, não podia. – Você que é assim. O que me garante que você não fez isso e só está culpando ele para nos afastar? – disse nervosa.
- . – disse sem humor e sem olhar a amiga. – Se tiver sido ele, ele vai pagar caro. – Disse pronunciando devagar todas as silabas.
- Se não acredita, por que não pergunta a ele? – Aaron disse. – Fala com ele. – E sorriu debochado. - E pergunta como ele explica isso.
Aaron levantou seu celular na altura dos olhos de e ela pode ver um vídeo das câmeras de segurança. E para um vídeo desse tipo, estava até que bem nítido. E nessa filmagem era inegável que era Owen sentado no computador, ela reconheceria seu cabelo em qualquer lugar. não se conteve e deu zoom para tentar ver o que ele estava fazendo. E para seu choque e tristeza, não era totalmente nítido, mas era possível ver que ele assistia um vídeo, o vídeo da .
- Temos que agradecer a escola por usar esse sistema de segurança tão eficaz, não é? – Chester disse e Dean riu ainda mais debochado. Ele realmente parecia feliz com aquilo.
se sentia tão traída, ao mesmo tempo estava em negação. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Não com o Owen. Ele não podia ter feito isso, mas tudo bem talvez fosse só um mal-entendido, não é? Por mais que tudo indicasse o contrário.
- Eu vou falar com ele. Só para provar para que vocês estão mentindo e que tudo é um mal-entendido. – disse e nem sabia se acreditava no que estava dizendo. - Me espera aqui, está bem? – Disse a .
procurou em vários lugares. Não tinham aula nesse horário, então era difícil achar Owen. E havia saído tão depressa da sala que nem trouxera seu celular. Estava cansada de procurar quando enfim encontrou Owen e Jeffrey na Biblioteca.
- ...A espingarda que eu te disse não vai servir, eu pensei numa AKA 47, pode ser mais eficaz pra esse tipo de presa. – Owen disse rindo animado, deviam estar falando de caçadas. Owen amava caçar. E olhando-o ali sentia que ele não seria capaz de fazer nada assim a alguém que ela gostasse tanto.
- Owen. – n estava nervosa demais para ser polida. – Eu preciso falar com você. Agora. É urgente.
- Tudo bem, linda. – Owen disse segurando a mão dela. – Nos vemos depois, Jeff.
Eles caminharam até as mesas e se sentaram. se sentia ridícula por falar aquilo, ao mesmo tempo não queria perguntar com medo da resposta ser sim, ela não saberia como reagir se fosse verdade. Mas precisava provar para que tudo aquilo era só mais um plano do Dean. Mais uma coisa ridícula que ele faria para tê-la de volta.
- Descobriram quem colocou o vídeo da na internet. Foi alguém daqui da escola, e de um computador daqui. - respirou fundo. Sua cabeça e coração falavam coisas opostas. - Eles viram você nas câmeras. Foi você, não foi? Eu quero acreditar que não, mas algo me diz que foi. Porque as evidências estão na minha cara. – disse e pode sentir uma lágrima solitária escorrendo até o canto de sua boca.
- A mereceu. – Um choque atingiu o corpo de quando ela ouviu aquelas palavras frias. – Eu só fiz o que precisei para mostrar a ela que ninguém deve se meter no nosso namoro. Ela não devia ter mandado você terminar.
- Como você... – perdeu o folego. – Ela é minha amiga, Owen. Que tipo de sádico é você? – estava realmente chocada. Mas não sabia se era por ele admitir sem negar, ou por aparentemente não se importar com que havia feito.
- Ela mereceu. Eu disse que a mereceu. – Owen disse friamente.
- Você... – se levantou. Estava fora de si. Ninguém podia fazer aquilo com . Owen poderia ter feito qualquer coisa com , mas não com . - Seu monstro sádico e cruel. Eu me arrependo tanto de ter conhecido você. Você não consegue imaginar o nojo que estou só de lembrar de tudo. – As palavras de eram carregadas de raiva e podiam ser escutadas a distância. – Eu odeio você. Não chega perto de mim. Nunca mais.
saiu correndo e foi direto para o carro. Tinha que falar com , mas como encararia a amiga sabendo que seu namorado colocou aquilo por sua causa. nunca mais falaria com ela de novo. Talvez tivesse acordado tarde. Se tivesse terminado com Owen como sugeriu, tudo seria mais fácil. Mas ela gostava dele. Adorava. Ele foi um desvio de toda loucura que ela esteve antes. De todas atitudes más e cruéis. E agora, a pessoa em qual ela se espelhava para ser melhor tinha feito isso. Sua cabeça estava confusa. Mais confusa que nunca. só queria ir para casa e esquecer que aquele dia havia acontecido.

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10/07/17
Segunda-feira, 03:00 p.m.
Casa do Jeffrey Collins


- Ela sabe! – Owen disse rápido. Jeffrey quase conseguia sentir o desespero nas palavras do outro.
- Do que você está falando? – Perguntou calmo se sentando relaxado na poltrona da grande sala.
- sabe sobre o vídeo. Sabe que fui eu quem espalhou. Alguém conseguiu ver pelas câmeras. Ela não quer me ver mais. – Owen dizia enquanto andava de um lado para o outro.
- O que você fez? Você surtou com ela? Chorou? – Jeffrey perguntou. Esperava que Owen realmente não tivesse feito a cena que ele imaginara.
- Não. Eu disse a verdade. Eu achei que seria melhor. – Owen disse enquanto jogava seu corpo pesadamente sobre o sofá. – Eu fiz como você falou. Eu não deixei ela ver minhas fraquezas e nem implorei para ela voltar. Se ela me visse frágil e doente ela não ia mais querer ficar comigo.
- Owen. -Jeffrey disse respirando fundo. – Você fez certo, cara. Você não pode chorar na frente dela e nem implorar. Mulher gosta de correr atrás.
- Eu sei. É só que... desde que ela olhou para mim, ela me ajudou com isso da depressão. Ela me ajudou a ver quem eu sou. E eu gosto tanto dela. Eu faria qualquer coisa por ela. Só que eu deveria ter mandado aquele vídeo de outro lugar. Eu não estou nem aí para a mas eu amo a e eu não sei se consigo viver sem ela. - Owen estava visivelmente desesperado e triste.
- Você sabe que só está nessa depressão pelo que os amigos dela e ela falavam e faziam com você, não é? E outra, você a viu com aquele idiota do Dean. O que impede dela ter usado essa desculpa esfarrapada só para terminar com você? – Jeffrey disse.
- Não. Cara, a não é assim. Não mais. – Owen disse e se levantou, voltando a andar pela sala.
- Pensa, Owen Queen. Você acha que alguém como ela mudaria tão rápido? Owen, olha as pessoas que ela anda. Ela continua andando com o ex dela. Você não deveria se importar. – Jeffrey se levantou e foi até Owen e segurou no ombro do garoto. – Eu sou vizinho do Dean, eu posso afirmar que ele é um babaca. Lembra de como eu era amigo dele? Quando éramos crianças? E como depois para aparecer para os amigos novos do time de futebol ele não pensou duas vezes em fazer tudo que fez comigo? Todas aquelas brincadeiras idiotas, aquelas humilhações que nós. – Jeffrey dizia com o dedo no peito de Owen. – Que nós, Owen. Aguentamos nossa vida inteira? Ele era meu melhor amigo e depois foi o causador de todos os meus problemas. Você se esqueceu disso? – Jeffrey soltou um longo suspiro. – Ele vai ter que me enfrentar uma hora, e eu vou seguir com tudo. Se você ainda quiser, você sabe a ideia.
Owen não conseguia raciocinar muito. Jeffrey estava certo sobre tudo. Sobre o que fazer para ficar com , sobre como agir com ela e com os outros. Sobre como ela deveria ainda estar com ele... mas será que era realmente possível que aquelas coisas todas que viveram fossem mentiras?
- Tudo bem, cara. Eu vou nessa! – Owen disse e saiu. Sem responder o que Jeffrey queria ouvir. Afinal, nem ele mesmo sabia o que fazer. Queria ir até e implorar seu perdão, mas ela acharia que ele era um idiota sentimental. E ela não podia jamais saber mais do que sabia sobre os monstros e loucuras que se passavam em sua cabeça.
Owen estava no jardim caminhando para fora da propriedade dos Collins quando ouviu portas de carro sendo fechadas e um assovio. Quando Owen se virou para ver de onde vinha, foi surpreendido por um soco extremamente forte que o derrubou. E antes de conseguir se levantar, ele recebeu outro e mais outro.
- Isso é pelo que você fez com a . – Ouviu uma voz dizer. Dean. E então outro soco. – E isso é por achar que poderia ficar com a minha garota. – Um chute no estômago. - Ela é minha e você devia apanhar muito mais só por pensar que em algum momento ela foi sua.
Depois disso a voz e a violência sumiu. Assim como a consciência.

Owen recobrou os sentidos, e não sabia se havia passado ali, jogado no chão, horas ou minutos. Só sabia que isso nunca mais iria acontecer, que ele nunca mais iria apanhar assim de alguém. Por ter feito nada. Dean chamou de “minha garota”, e talvez fosse mesmo, e Jeffrey estivesse certo, agora já não fazia diferença. Estava quebrado. Tudo nele estava. Só havia uma coisa que Owen queria mais do que morrer, e ele cuidaria disso, com certeza. Se levantou com dificuldade e foi até a porta de Jeffrey novamente, apertou a campainha e esperou abrirem a porta.
- O que aconteceu com você? – Jeffrey arregalou os olhos. Seu estado devia ser mesmo o pior.
- Eu topo.

11/07/17
Terça-feira, 08:00 a.m.
Escola Secundária High Springs


- Oi, . – disse séria assim que saiu do carro no estacionamento. não sabia o que dizer ou fazer. Estava com vergonha e com medo da reação da amiga. E depois que soube a verdade sobre Owen, ficara com mais vergonha ainda. Mas aparentemente queria confrontá-la, afinal. Isso era a cara dela.
- Oi. – disse sem graça.
- Você desapareceu ontem. Eu espero que tenha sido porque ficou com vergonha demais para me encarar. – O tom de continuava inquisidor.
- , eu sinto muito. De verdade. Eu devia ter escutado você. Eu devia. E eu não fiz isso e olha o que aconteceu. – A voz de começou a ficar embargada. – Sinto muito.
- Não faça uma cena e comece a chorar, . Não foi você que colocou aquilo. Eu não sou idiota. – respirou fundo - Está tudo bem. Mas se você voltar com ele, pode esquecer que eu sou ou fui sua amiga.
- Eu já terminei. Não quero vê-lo nunca mais. – disse olhando para o chão. Aquilo ainda doía. A vergonha que sentia por ter namorado Owen e por ter sido traída dessa forma a machucava muito.
- Que bom. Olha só você. Dois ex-namorados em menos de um ano. – disse e jogou algo em . – Você deixou sua mochila ontem aqui. E aí, quer fazer a caminhada da vergonha agora ou prefere esperar alguém chegar para ir gritando vergonha atrás de nós? – disse irônica.
sabia que estava ferida, ela estava mutilada. Mas, mesmo assim, estava bem com . Se fosse ao contrário, talvez ela não reagisse da mesma forma. Talvez ela não precisasse ir longe para aprender a ser melhor, bastava observar quem estava ao seu lado.
Quando chegaram na sala, encontraram apenas Dean, Aaron e Chester, que estavam rindo alto de algo
- Qual é a de vocês? Antes passavam a maior parte do tempo no campo ou matando aula. Agora só ficam aqui dentro. – disse ao se aproximar, com a tira colo.
- Aqui é como se fosse nosso covil. – Dean disse e riu.
- O que aconteceu com a sua mão? – perguntou chocada e percebeu os ferimentos pequenos nas juntas da mão direita de Dean.
- Isso? Ah, você deveria ver o outro cara. – Chester disse e riu acompanhado dos outros dois.
- Eu lavei sua honra, . – Dean disse ao se levantar e abraçar a garota de lado. – E a sua também, por mais que você não ande merecendo. – Disse olhando para .
Ele havia batido em Owen, provavelmente. E por mais assustador que isso fosse, estava em um dilema, sentir pena ou felicidade por alguém ter quebrado a cara daquele idiota.

11/07/17
Terça-feira, 13:00 p.m.
Escola Secundária High Spring


Depois do almoço, e foram até seus armários. E quando chegaram lá encontraram o armário de repleto de fotos e colagens. Eram fotos do vídeo, fotos de com os amigos, fotos de outros casais gays e xingamentos de todos os tipos.
- Isso só pode ser brincadeira. – disse abrindo o armário e revirando os olhos.
- Sapata! – Alguém gritou. – Você precisa de um homem. – virou para ver de onde estavam vindo os gritos e foi surpreendida por um saco de alguma coisa nojenta e fedorenta que jogaram nela. piscou os olhos atônita.
- Idiota!! - gritou.
- Isso está acontecendo? – ainda estava estática. – Feliz pelo que o seu namorado fez, ? Está se divertindo agora? – disse gritando e começou a andar em direção aos banheiros.
- , espera. – tentou correu atrás dela.
- Não vem atrás de mim, . Me deixa em paz! – gritou.
Ótimo. Tudo estava numa montanha russa. Tudo estava perfeito, e então tudo um desastre. Depois tudo voltou a seu devido lugar, e agora tudo estava um furacão. voltou para a sala e se sentou lá sozinha. Precisava pensar.
Precisava colocar na sua cabeça o que estava errado e certo na sua vida. No momento, tudo errado. Era uma pessoa ruim, tinha uma vida vazia e amigos ruins, exceto . Ela gostava de se sentir superior e de ser o topo da cadeia. Estaria mentindo se dissesse que não, mas sabia que no final, isso fazia dela uma pessoa ruim.
Owen era bom para ela, mas tinha feito aquilo com , e magoar era o que ela não queria. Assustar , jogar cadeiras na direção dela, tudo bem. Mas fazer ser humilhada daquela maneira, não era justo!
- O que foi, rainha do drama? – Jennifer disse ao se sentar.
- O que foi, Jennifer? – respondeu mal-humorada.
- Ei, eu só perguntei como você está, . – Jennifer disse.
- Eu estou bem. Você viu a ? - disse olhando para baixo.
- Eu a vi indo embora com o pai. Por isso que é bom ter pais influentes. – Jennifer disse pensativa. – , eu soube o que aconteceu, que foi o Owen que postou aquele vídeo. Soube que o Dean bateu nele também. E eu acho que ele merece mesmo. E deve ter sido feio, já que ele nem veio para escola. Eu soube também que a escola está investigando o caso da . Eles vão saber que foi ele, e ele está acabado.
- Chega, Jennifer! – gritou. – Eu sei o que está acontecendo, não precisa vir aqui me deixar a par de tudo. Chega, tá bem?
Jennifer revirou os olhos e se levantou.
- Pediram para avisar que não teremos a próxima aula. A Senhorita Martin não vem hoje. Nem consigo imaginar o porquê. Só teremos a próxima, de geografia. – Jennifer disse e se levantou.
Foi por isso que ela tinha aparecido. Para avisar sobre a aula e para dançar sobre o caixão de . E o pior que não poderia nem bater nela, ou algo do tipo. Ela realmente era muito desprezível, e insuportável.

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Eles chegaram e estacionaram na vaga do diretor Lincoln. Sempre quiseram fazer isso, e aquilo era só uma das coisas da lista que eram consideradas essenciais para eles, para tornar aquele momento perfeito. Haviam arrumado tudo com calma durante a manhã, as armas e as munições estavam nas malas. Saíram do carro com elas penduradas no ombro, e cada um com uma AK-47 nas mãos, eles apoiavam as armas nos ombros, numa postura despreocupada. Como se estivessem indo para sua consagração.
Ninguém estava no jardim ou no estacionamento, uma pena. A entrada da escola estava vazia, e eles se olharam para ter certeza que o outro também estava ali. Abriram a porta principal, onde começava o corredor dos armários, algumas salas de aula e o refeitório. Lembraram de fechar a porta novamente e colocar uma lixeira para dificultar sua abertura. Já que estavam fazendo aquilo, tinham que ser espertos e fazer tudo direito.
Algumas pessoas estavam nos armários, três garotos do time de futebol. Atiraram neles, morreram rápido, e nem perceberam. Depois, cada um entrou em uma sala, e deram a mesma quantidade de tiros. Vinte e três. Eles gostavam daquele número. Não sabiam se todos haviam morrido, não tinham tempo para conferir. Seguiram o corredor, mas encontraram todas as salas vazias. A biblioteca estava aberta. Um entrou lá, as pessoas correram e gritaram feito porcos, mas ele atirou em quem conseguiu ver, até em uma garota que se escondeu debaixo da mesa. Ele a conhecia, era a primeira da turma, não merecia morrer, mas ela estava ali, ele não podia fazer nada. O outro foi para o refeitório, atirou em todos que estavam lá, muitos correram para o pátio. Mas muitos estavam no chão. Colocaram as malas no chão e recarregaram as armas.
Eles se encontraram no corredor. Assim com o Prof. Spielberg e Mr. Cortese. Eles correram assim que viram as armas, mas foram baleados pelas costas. Eles eram dois porcos. O banheiro masculino foi o próximo alvo. Encontraram algo interessante dentro da última cabine. Seria ótimo se os outros estivessem ali, mas não estavam.
- Não precisar fazer isso, cara. Nós éramos amigos, lembra? Somos amigos! - Ele tremia, e parecia um porco. – Por favor! Você não quer fazer isso.
Eles sabiam que ambos ali dariam tudo para matá-lo. Então, sem combinar, atiraram ao mesmo tempo. Dois tiros. E agora ele não era mais nada. Assim como ele dizia que eram, agora ele estava feio, e nenhuma roupa boa ou perfume bom melhoraria isso.
Saíram do banheiro, o laboratório estava trancado. Atiraram na maçaneta. Vários estavam escondidos lá, atiraram em quem conseguiram ver. Ouviram passos e gritos. Uma manada fugia em direção a porta da frente. Corriam e gritavam. Eles atiraram em alguns que conseguiram acertar. Andaram mais, conferiram para ver se alguém ainda estava lá. Não tinha mais ninguém. Os porcos haviam fugido, mas o circo estava armado, todos estavam lá fora. Era possível ver a polícia, mídia e muita gente. Eles tinham um plano. Não seriam pegos, não iriam para a cadeia.
Era a hora. Ficariam frente e frente, e se matariam com um tiro na cabeça. Ouviram um barulho. A polícia estava invadindo o lugar. Um conseguiu cumprir o trato e tirou sua vida rapidamente apertando o gatilho da arma. O outro fraquejou, sentiu medo. E não conseguiu.

****************************************************************************************************

decidiu ir a cantina comer algo, não comia direito desde o dia anterior. Estava pensando ainda sobre , sobre Owen. Sobre os motivos que ele tinha para ter feito aquilo, como ele parecia ser duas pessoas extremamente diferentes. Pediu um suco de laranja e uma omelete. Viu Chester e Aaron conversando com outra menina. Justice não iria gostar daquilo se visse. Não conseguia escutar o que eles falavam por causa da música alta do refeitório, as mesmas músicas de sempre escolhidas pelo diretor. E ela bem sabia como era a sensação de ser traída, iria falar com eles agora mesmo. Um barulho alto e forte chegou a seus ouvidos, e tudo que ela pensou em fazer foi se abaixar, viu pessoas caindo, pessoas sangrando. Quando olhou para a porta viu uma figura conhecida que segurava uma arma e atirava em todos. O reconheceu, mas preferiu não. Não teve tempo de ficar com raiva, de ficar irritada, triste ou desapontada. Fora atingida.

**************************************Um mês depois******************************************
10/08/17
Quinta- feira, 10:00 a.m.
Hospital Geral

Vim assim que soube que você acordou. – disse rápido ao entrar no quarto.
havia acabado de acordar e estava pronta para receber alta. Havia recobrado os sentidos há três dias, mas preferiu que ninguém soubesse, não estava pronta para ver alguém. Ainda não estava, mas precisava.
- Como você está? – perguntou sorrindo docemente.
- Não sei ainda. Talvez eu esteja numa grande nuvem de negação. – n suspirou. – Minha mãe não quis me contar tudo. Mas eu preciso, . Preciso para ver se consigo sentir algo que não seja esse grande nada. Porque é difícil ter tanta dor que você não consegue nem respirar, tanta dor que a única coisa que consegue sentir é um grande nada.
- Eu não sei de nada, . – disse e olhou para baixo.
- Eu sei que sabe. Por favor, . Por mim. – disse e segurou a mão da amiga, que tinha os olhos marejados.
- Muita gente morreu. O diretor, o prof. Spielberg, o zelador, a moça da cantina. O pessoal do clube de Matemática, Emma Anderson. Tanta gente. – riu nervosa. - Mas não é isso que você quer saber, não é? – acenou com a cabeça. Era difícil para as duas, mas precisava saber e , de um jeito estranho, entendia isso. – Jennifer levou um tiro nas costas, está paraplégica. Justice está morta. Elas estavam escondidas no laboratório. Chester e Aaron não tiveram nenhum arranhão. Eles correram para fora, mas estão sendo indiciados pelo bullying e toda a porcaria que fizeram, meu pai disse que eles devem ficar presos por um ano ou mais. Ou fazer serviço comunitário. A Justice nunca fez nada com eles, sabe. Ela era a melhor de nós. - disse e secou uma lágrima solitária que desceu por sua pele. Pelo tanto que seus olhos estavam inchados, podia perceber que ela havia chorado por dias.
- E ele? – ainda não sentia nada. Só um grande vazio, estava totalmente anestesiada.
- Jeffrey se matou. Owen foi pego, está preso e vai ser julgado no mês que vem. Meu pai disse que a defesa dele está querendo dizer que ele fez isso porque sofreu bullying e porque o Jeffrey fez a cabeça dele. O Owen estava depressivo e o Jeffrey só era um psicopata. Nessas horas, é bom ter um pai promotor. – disse e se sentou na cama.
- Nós causamos isso. Você sabe. Se eles sofriam bullying e resolveram fazer isso por causa do que nós fizemos a eles. Os culpados por todas essas mortes somos nós. E olha onde estamos. Estamos vivos. – disse se sentando.
- Nem todos nós, . – disse e percebeu a dor em sua voz novamente.
- Você foi vê-lo? Foi ao funeral? - perguntou sem olhá-la.
- Fui. – riu sem humor. – Não puderam abrir o caixão. Ele levou dois tiros no rosto. Os dois atiraram nele. – O tom de se tornou amargurado. - Colocaram uma foto dele em cima do caixão, e ele estava feio, ele teria odiado a foto, e teria feito eles trocarem. Ele não deve estar feliz. – disse saudosa. – Ele tinha ganho uma bolsa para Direito na melhor universidade do país por causa do futebol.
- Ele não daria um bom advogado. – As duas riram.
- Não, mas Dean era só um garoto. Ele cometeu erros. Muitos. Mas ele não merecia morrer assim. Ele merecia estar pagando por isso vivo. Entre nós. Ele era tão lindo, e morreu de forma tão covarde. – suspirou. – Chester me disse que vai sair por aí depois disso e vai sumir. Ninguém nunca mais vai vê-lo. E Aaron disse que vai sair dando palestras sobre bullying.
- É a cara dele. – riu e deixou o silêncio pairar sobre elas.
- O que você vai fazer? – disse depois de algum tempo.
- Vou sair da cidade. Eu preciso lidar com isso, preciso entender o que aconteceu, como aconteceu e o que eu preciso fazer para me perdoar. E para sentir alguma coisa. – riu sem humor.
- Fugir não é a melhor escolha.
- Eu não posso ficar aqui, . E nem quero. Minha mãe disse que recebi a confirmação de uma faculdade do outro lado do país. Eu vou para lá, me mudo no fim da semana que vem. E você devia fazer o mesmo. Devia ir embora dessa cidade horrível.
- Eu vou. Vou para Nova Iorque no final do ano e vou ficar lá. Caroline me chamou, ela vai fazer um curso e nós vamos morar juntas.
- Isso é ótimo, . – sabia que estava feliz por , não na intensidade merecida. Mas estava. – Espero que vocês sejam muito felizes lá. Espero mesmo.
surpreendeu com um abraço. E foi um dos melhores abraços já recebido por em anos.

17/08/17
Quinta-feira, 08:00 a.m.
Delegacia de High Springs


Faltavam algumas horas para a viagem. teria que prestar depoimento, para depois pegar um avião e sair da cidade. Estava esperando haviam quinze minutos e não via a hora de ser chamada. Ainda sentia aquela pressão no peito, aquele vazio, a insônia, a falta de sentimentos, a frieza. Lembrava de tudo, lembrava do namoro com Dean, dos bons momentos, dos ruins, lembrava de como Jennifer era ótima como líder de torcida, lembrava como Justice era linda e doce. E sentia também que tudo estava prestes a transbordar. A barragem iria estourar, e não teria nada que qualquer pessoa poderia dizer ou fazer que a ajudasse a conter isso depois.
O policial enfim a chamou, e ela entrou na sala. Depois de toda a introdução e condolências que sabia que não fariam diferença, ele fez a primeira pergunta.
- Você namorava Owen Queen. Nunca percebeu qualquer sinal de que ele faria isso?
E então a barragem estourou.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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