Capítulo Único
olhou para suas mãos sujas de tinta sem entender como isso tinha acontecido. Ele tinha esses episódios de se perder em si mesmo e acordar todo sujo. Dessa vez, era tinta. Mas já tinha sido barro, grama e uma vez se viu até mesmo perdido meio a roupa suja. E, sempre que isso acontecia, ele parecia estar criando. Não era um criar físico, mesmo que às vezes fosse. Era um sentimento. Era algo que ele não sabia controlar. Uma força maior que ele não conseguia explicar.
A parede do seu quarto estava com cores diferente. Tons de verde e azul se mesclavam no que parecia uma onda. Uma força da natureza que tinha adentrado seu quarto pronta para levá-lo junto.
não sabia porque isso acontecia, ou quando isso acontecia, mas ele sabia que viria. A sensação de ser levado pelos sentimentos e tirado de si mesmo. Ocasionalmente ele se sentia perdido. Submerso em um oceano de sensações.
No dia seguinte ele acordava, colocava um sorriso no rosto e ia novamente para escola. O vento no seu rosto enquanto pedalava sua bicicleta em direção a casa do namorado. era especial. sabia que o garoto faria tudo por ele e que, mesmo sem entender, tinha estado ao seu lado nas piores crises.
Era por isso que colocava um sorriso no rosto quando encontrava os olhos azuis do seu namorado, sempre brilhando ao vê-lo mesmo que continuasse sério.
— Bom dia! — disse segurando o rosto do garoto, se abaixando para beijá-lo.
— Bom dia. — respondeu contido. estava acostumado com o quão na dele podera ser. Ele estava sempre escondendo suas emoções, com os dois pés no chão e equilibrando o ambiente ao seu redor.
sabia sobre as fugas de . Ele já tinha presenciado algumas delas e isso sempre lhe preocupava. Toda vez que dormia no apartamento que dividia com os amigos, ele tinha vontade de prender o namorado na cama. Primeiro fazer coisas proibidas para menores e depois fazer o namorado ficar.
tinha esse ímpeto dentro dele de simplesmente sair e ir para onde quer que sua mente quisesse. Corridas de madrugada, visitas noturnas à piscina comunitária, festas da escola. Nessa última, ia junto. Sempre com bons alucinógenos, era o lugar favorito de .
Por causa dos remédios, não podia usar nenhuma das substâncias. Porém era o momento que o estado mental de se aproximava ao do namorado. parecia sempre ausente. Sempre perdido em pensamentos, ideias, vontades impulsivas.
tinha medo, mas ao mesmo tempo, amava o suficiente para querer-lo feliz.
— disse que hoje vai ter festa de novo.
— Na escola? — levantou as sobrancelhas, aguardando destravar a própria bicicleta.
— Aham. — não era de muitas palavras.
Os dois garotos saíram pedalando pela cidade, se questionando se deveriam virar a direita para a escola ou talvez o parque fosse um caminho mais agradável pelo calor que fazia. A vida parecia simples, mas que na cabeça de , não tinha nada de simples naquilo.
Quando a noite caiu, se sentiu diferente. Ele queria saber explicar, mas não conseguia. Sabia que o apagão estava vindo novamente e ninguém, nem mesmo , poderia impedir.
Ele se arrumou para festa na casa do namorado mas, mesmo com beijos e carinhos, não se sentia presente.
percebeu que o namorado estava estranho, mas nenhuma das coisas que estavam habituados a fazer tinham funcionado. estava ali, mas ao mesmo tempo não estava.
Ir à escola à noite ainda era estranho. As luzes coloridas e a música eletrônica deixava o ambiente diferente. Depois da terceira ou quarta festa, os diretores da escola desistiram de lutar contra a tradição dos alunos. Agora, toda sexta depois da semana de provas, eles sabiam que os alunos do último ano iam invadir à noite.
De início, sentia o baque de tantos estímulos visuais. Aquilo era o suficiente para deixar sua mente mais agitada do que era. A música alta também contribui para que ele entrasse no transe.
O grande problema, é que nem sempre as pessoas ao redor percebiam. Eles encontraram seus amigos em um canto, ofereceu a bala da vez e não pensou duas vezes em aceitar. Um copo de vodka foi colocado na mão de que começou a beber mesmo sabendo que não deveria.
Em meia hora, e Elliott pulavam na pista de dança, rodeados de seus amigos e completamente imersos na música eletrônica que saía dos alto falantes.
O tema daquela noite era neon. Todos vestiam roupas brancas e alguns alunos começaram a distribuir tintas e pulseiras.
— Você está muito sério e sem cor. — puxou para ele, dando um beijo no namorado e sujando seu rosto de tinta amarela.
ria sem parar de como o rosto do garoto estava. A luz negra refletia os dentes brancos, agora destacados no meio a traços amarelo e laranja que tinha desenhado.
Para ele, era a pessoa mais bonita do mundo. Isso não tinha nada a ver com os olhos azuis ou o sorriso que só era destinado a ele, era algo a mais. Era algo que fazia querer ficar ali.
Foi a vez de riscar o rosto do namorado com uma tinta verde. Os olhos de ficaram ainda mais brilhantes, o sorriso no seu rosto ainda maior, mas apesar de lindo, era o tipo de sorriso que tinha medo.
Talvez, se ele estivesse sóbrio, ele tivesse percebido.
Tintas, música, bebidas, dança e muito beijos. A noite de e seria uma noite para ser esquecida. Nenhum dos dois estava sóbrio o suficiente para entender. Nem eles, nem nenhum de seus amigos.
acordou no dia seguinte, seminu, jogado no sofá do apartamento que dividia com outros amigos.
— ? — ele chamou, a voz grossa e fraca, tentando lembrar como tinha chegado ali.
No chão, e mais outros 5 amigos estavam dormindo pesado, todos com peças de roupas faltando. Mas não havia nenhum sinal de .
— ??! — chamou de novo, se levantando para ir até o banheiro jogar uma água no rosto.
Ele continuou procurando o namorado pelo apartamento, mas não havia sinal do garoto. Suas roupas estavam no quarto de , jogadas no chão como eles provavelmente deixaram na noite anterior. O celular na cômoda, sem bateria.
lembrou vagamente de terem transado, mas não fazia ideia de como tinha chegado na sala ou até mesmo vestido a boxer.
Já eram 5 da tarde e continuava sem sinal do namorado. Já tinha ligado para hospitais e até mesmo para a delegacia. Não seria a primeira vez que saía nu pelas ruas da cidade.
Os adolescentes que tinham passado a noite, aos poucos foram acordando e indo embora. Até mesmo sua colega de apartamento o tinha deixado só.
Ele era o unico preocupado com .
— Ele já aparece. — foi o que a irmã do garoto disse quando ligou preocupado.
resolveu ir até o parque, o esconderijo favorito de , o lugar que tinham dado o primeiro beijo.
A bicicleta de estava jogada na frente da caverna. deixou a dele junto antes de entrar no escuro, iluminado apenas pela lanterna do celular.
— ! — ele chamou mais uma vez. O nome do namorado parecia sumir em seus lábios, como se aquela palavra não fosse mais real.
Como se não fosse mais real.
E então ele viu. A imagem feita com tinta neon, ainda fresca, no fundo da caverna. Uma representação em cores de e .
Uma mensagem de para .
Traços dos mais diversos versos tipos, criados com dedos, mãos e pés.
sabia o que aquilo significava e não teve como evitar uma lágrima descer em seu rosto. Aquilo era amor, e era a forma de dizer que o amava e que esse sentimento estaria ali. Mesmo que ele não estivesse .
A parede do seu quarto estava com cores diferente. Tons de verde e azul se mesclavam no que parecia uma onda. Uma força da natureza que tinha adentrado seu quarto pronta para levá-lo junto.
não sabia porque isso acontecia, ou quando isso acontecia, mas ele sabia que viria. A sensação de ser levado pelos sentimentos e tirado de si mesmo. Ocasionalmente ele se sentia perdido. Submerso em um oceano de sensações.
No dia seguinte ele acordava, colocava um sorriso no rosto e ia novamente para escola. O vento no seu rosto enquanto pedalava sua bicicleta em direção a casa do namorado. era especial. sabia que o garoto faria tudo por ele e que, mesmo sem entender, tinha estado ao seu lado nas piores crises.
Era por isso que colocava um sorriso no rosto quando encontrava os olhos azuis do seu namorado, sempre brilhando ao vê-lo mesmo que continuasse sério.
— Bom dia! — disse segurando o rosto do garoto, se abaixando para beijá-lo.
— Bom dia. — respondeu contido. estava acostumado com o quão na dele podera ser. Ele estava sempre escondendo suas emoções, com os dois pés no chão e equilibrando o ambiente ao seu redor.
sabia sobre as fugas de . Ele já tinha presenciado algumas delas e isso sempre lhe preocupava. Toda vez que dormia no apartamento que dividia com os amigos, ele tinha vontade de prender o namorado na cama. Primeiro fazer coisas proibidas para menores e depois fazer o namorado ficar.
tinha esse ímpeto dentro dele de simplesmente sair e ir para onde quer que sua mente quisesse. Corridas de madrugada, visitas noturnas à piscina comunitária, festas da escola. Nessa última, ia junto. Sempre com bons alucinógenos, era o lugar favorito de .
Por causa dos remédios, não podia usar nenhuma das substâncias. Porém era o momento que o estado mental de se aproximava ao do namorado. parecia sempre ausente. Sempre perdido em pensamentos, ideias, vontades impulsivas.
tinha medo, mas ao mesmo tempo, amava o suficiente para querer-lo feliz.
— disse que hoje vai ter festa de novo.
— Na escola? — levantou as sobrancelhas, aguardando destravar a própria bicicleta.
— Aham. — não era de muitas palavras.
Os dois garotos saíram pedalando pela cidade, se questionando se deveriam virar a direita para a escola ou talvez o parque fosse um caminho mais agradável pelo calor que fazia. A vida parecia simples, mas que na cabeça de , não tinha nada de simples naquilo.
Quando a noite caiu, se sentiu diferente. Ele queria saber explicar, mas não conseguia. Sabia que o apagão estava vindo novamente e ninguém, nem mesmo , poderia impedir.
Ele se arrumou para festa na casa do namorado mas, mesmo com beijos e carinhos, não se sentia presente.
percebeu que o namorado estava estranho, mas nenhuma das coisas que estavam habituados a fazer tinham funcionado. estava ali, mas ao mesmo tempo não estava.
Ir à escola à noite ainda era estranho. As luzes coloridas e a música eletrônica deixava o ambiente diferente. Depois da terceira ou quarta festa, os diretores da escola desistiram de lutar contra a tradição dos alunos. Agora, toda sexta depois da semana de provas, eles sabiam que os alunos do último ano iam invadir à noite.
De início, sentia o baque de tantos estímulos visuais. Aquilo era o suficiente para deixar sua mente mais agitada do que era. A música alta também contribui para que ele entrasse no transe.
O grande problema, é que nem sempre as pessoas ao redor percebiam. Eles encontraram seus amigos em um canto, ofereceu a bala da vez e não pensou duas vezes em aceitar. Um copo de vodka foi colocado na mão de que começou a beber mesmo sabendo que não deveria.
Em meia hora, e Elliott pulavam na pista de dança, rodeados de seus amigos e completamente imersos na música eletrônica que saía dos alto falantes.
O tema daquela noite era neon. Todos vestiam roupas brancas e alguns alunos começaram a distribuir tintas e pulseiras.
— Você está muito sério e sem cor. — puxou para ele, dando um beijo no namorado e sujando seu rosto de tinta amarela.
ria sem parar de como o rosto do garoto estava. A luz negra refletia os dentes brancos, agora destacados no meio a traços amarelo e laranja que tinha desenhado.
Para ele, era a pessoa mais bonita do mundo. Isso não tinha nada a ver com os olhos azuis ou o sorriso que só era destinado a ele, era algo a mais. Era algo que fazia querer ficar ali.
Foi a vez de riscar o rosto do namorado com uma tinta verde. Os olhos de ficaram ainda mais brilhantes, o sorriso no seu rosto ainda maior, mas apesar de lindo, era o tipo de sorriso que tinha medo.
Talvez, se ele estivesse sóbrio, ele tivesse percebido.
Tintas, música, bebidas, dança e muito beijos. A noite de e seria uma noite para ser esquecida. Nenhum dos dois estava sóbrio o suficiente para entender. Nem eles, nem nenhum de seus amigos.
acordou no dia seguinte, seminu, jogado no sofá do apartamento que dividia com outros amigos.
— ? — ele chamou, a voz grossa e fraca, tentando lembrar como tinha chegado ali.
No chão, e mais outros 5 amigos estavam dormindo pesado, todos com peças de roupas faltando. Mas não havia nenhum sinal de .
— ??! — chamou de novo, se levantando para ir até o banheiro jogar uma água no rosto.
Ele continuou procurando o namorado pelo apartamento, mas não havia sinal do garoto. Suas roupas estavam no quarto de , jogadas no chão como eles provavelmente deixaram na noite anterior. O celular na cômoda, sem bateria.
lembrou vagamente de terem transado, mas não fazia ideia de como tinha chegado na sala ou até mesmo vestido a boxer.
Já eram 5 da tarde e continuava sem sinal do namorado. Já tinha ligado para hospitais e até mesmo para a delegacia. Não seria a primeira vez que saía nu pelas ruas da cidade.
Os adolescentes que tinham passado a noite, aos poucos foram acordando e indo embora. Até mesmo sua colega de apartamento o tinha deixado só.
Ele era o unico preocupado com .
— Ele já aparece. — foi o que a irmã do garoto disse quando ligou preocupado.
resolveu ir até o parque, o esconderijo favorito de , o lugar que tinham dado o primeiro beijo.
A bicicleta de estava jogada na frente da caverna. deixou a dele junto antes de entrar no escuro, iluminado apenas pela lanterna do celular.
— ! — ele chamou mais uma vez. O nome do namorado parecia sumir em seus lábios, como se aquela palavra não fosse mais real.
Como se não fosse mais real.
E então ele viu. A imagem feita com tinta neon, ainda fresca, no fundo da caverna. Uma representação em cores de e .
Uma mensagem de para .
Traços dos mais diversos versos tipos, criados com dedos, mãos e pés.
sabia o que aquilo significava e não teve como evitar uma lágrima descer em seu rosto. Aquilo era amor, e era a forma de dizer que o amava e que esse sentimento estaria ali. Mesmo que ele não estivesse .