Capítulo Único
Baviera.
sempre foi um garoto calmo, amava a natureza e os animais. Todos em sua família acharam que ele ia se tornar um veterinário, porém ele escolheu a fotografia. Olhar pela lente de vidro, esperar o momento certo para o click era a sensação mais surreal que ele sentia, até hoje.
Passou seu final de faculdade planejando seu futuro, já tinha bons clientes, conseguiu um estágio – e agora era seu emprego fixo, em um dos jornais mais importantes na Alemanha, além de conquistar sua casa. tinha conseguido tudo, tudo que almejou na vida profissional, mesmo não conquistando tudo na vida pessoal. Sentia falta de um momento único, com uma pessoa única, que ao chegar ao fim, aceitou de bom grato perder de tal forma.
Agora em sua casa, estava no deck de madeira de eucalipto, jogando a bolinha para seu grande amigo, Rolf. Ele era sem dúvidas o cachorro mais atrapalhado que ele já teve, além de lindo com seus pelos todos cheios de matinhos, ele o amava. Rolf foi resgatado da rua, um assistente que quase cortiu a patinha dele, mas pelo cuidado e amor que tinha, ele melhorou e teve o devido tratamento. Estavam juntos desde a universidade, aos cinco meses do cachorro, além de comemorar a casa e a formação, ele comemorou um novo amigo.
Agora, estava descansado, aproveitava as férias para poder reformar a casa e atender os clientes fixos, além de fotografar as paisagens alemãs.
Frankfurt.
estava terminando um documentário na editora. Seu sonho havia se realizado depois que passou a trabalhar para o jornal da cidade, ou melhor, da região seu orgulho era estampado na primeira página, a coluna do dia era feita por ela. tinha se formado em jornalismo, gostava de dialogar e assistir o jornal desde pequena imitava o “Boa Noite” do jornalista e lia o jornal toda manhã, na verdade, usava a parte para crianças primeiro e depois lia as notícias. Quando estava no colegial descobriu seu amor pela escrita, e juntou seu sonho ao seu amor. Sua casa também não ficava fora dos seus sonhos; Era perto de seus pais, como sempre foi uma garota caseira que gostava de ver filmes e ter reuniões de família, optou por estar perto deles mesmo com seu próprio cantinho.
aquele dia estava com a produção em ativa – e até demais, ela escrevia uma matéria de mulheres independentes que conseguiram mudar o próprio destino. Ela tinha feito um ótimo trabalho de campo. Com aquele jeito meigo e um sorriso estrondeante ela conseguia fazer tudo fluir da melhor forma possível.
•
Baviera.
E um dia calmo nascia na Baviera. O som aquecendo cada pedacinho que tocava, os pássaros cantando, e o som da rua ficando mais agitado. Junto, um pequeno vídeo circulava nas redes sociais, era a coisa linda e ao mesmo inacreditável.
O Parque Nacional da Floresta da Baviera, conhecido por nenhuma árvore ter sido cortada há mais de uma década. E para todos que moravam ali perto, era um grande orgulho. Entretanto, algo suspeito despertou a curiosidade de uma das moradoras. Era lindo se não fosse tão perigoso, era um grupo de homens que traficam animais selvagens e levavam para o parque nacional, eles, além de disparem o animal, usavam um selecionador para poder fazer o trabalho sujo. Com toda a braveza dentro de si, e só com sua bicicleta – o meio de transporte que usou para ir atrás deles, a mulher sem pensar duas vezes pegou a arma que estava em um dos contrabandistas e tirou do alcance deles, mesmo com eles portanto algumas armas e ligou para a polícia, em sussurros, ela avisou o que estava acontecendo e torceu para que não achassem que era um trote.
Depois de salvar a vida dos leõezinhos, ela ficou lá por um tempo, dando o depoimento para os policiais e aproveitou para poder conhecer os animaizinhos de perto. E naquele momento, onde um vídeo que um dos oficiais fizeram foi subido para as redes sociais, a narração junto da imagem deixou Baviera e praticamente o mundo todo apaixonado pela a ação da mulher. Naquela semana o os jornais foram até o local, conversaram com a mulher – Leah, e fizeram boas matérias. E claro que o jornal de e desejavam conteúdos para a notícia.
•
Baviera.
estava com sua câmera bem protegida em sua bolsa e presa no banco da frente. Ele dirigia devagar com a janela do carro aberta e seu braço apoiando na janela, o celular estava acoplado no painel do carro deixando os acordes calmos saírem pelas caixas de som. Ele tinha um amor guardado pela Celine Dion a ponto de ouvi-la com muita frequência.
No local, parou o carro em frente à casa de Leah, fez algumas fotos e depois a seguiu até o local que ela havia encontrado, junto da bicicleta da mulher. Conversam brevemente sobre o fato e depois voltaram para a residência. Leah agradeceu e se retirou da área do parque, como dali era caminho para sua casa, ele resolveu ficar um pouco por lá. Sentado no banco do passageiro com a porta aberta e olhando as fotos que tirou, ele escutou o som de um carro se aproximando.
— É aqui – ouviu a voz de um homem afirmando. – Vou tirar as fotos, tudo bem?
— Nenhum problema, vou descrever o lugar.
Aquela voz era familiar, doce e um pouco fina, dispersou uma memória antiga. Era brincadeira do universo. olhou na direção da mulher e a viu com sua fiel bolsa de couro sintético vermelha.
— ? Holfmann? – disse com a câmera na mão.
A garota o olhou, analisou, estranhou e puxou nas lembranças aquela pequena falha na sobrancelha.
— Diehl! – abriu um sorriso. – Não espera vê-lo aqui.
— Oi! Quanto tempo – caminharam em direção um ao outro até a distância ficar menor. – Eu vim fotografar para o jornal e você?
— Fazer a matéria sobre a Leah – guardou o caderno. – Coincidência não? – riu.
— Muita, você já foi até lá?
— Até a Leah?
— Isso.
— Não, eu irei lá depois que o fotógrafo terminar de tirar as fotos.
mexia no zíper da blusa, uma mania que tinha desde que se entendia por gente e ficava nervosa. Era tanto tempo sem se verem que aquele pequeno diálogo parecia um sacrifício.
— Você está trabalhando no jornal?
— Estou, de Frankfurt e você?
— Para o de Baviera – riram.
— Então é aceitável que dois rivais possam conversar em paz? – ela questionou.
— Só se aceitar tomar um café, ou um chocolate quente cremoso – ele mexeu na câmera por pura ansiedade.
olhou para o lado viu o seu amigo e fotógrafo registrando o local para a coluna eletrônica, e apertou seu caderno que levava para todo o lugar. Queria colocar a conversa em dia, matar a saudade de conversar com , poder olhar as covinhas dele enquanto sorria, sentir aquela mesma paz quando estava ao lado dele.
— Aceito, mas tem condição!
— E qual seria?
— Me encontre às quinze horas na cafeteria, preciso terminar a matéria.
— Claro – ele guardou o crachá que o identificava. Tudo para não dar problema a , caso o amigo dela visse a identidade no pescoço do homem. – Eu posso? – apontou para o caderninho da moça.
— Sim – entregou. abriu em uma página em branco e pegou a caneta que estava presa, ao clicar no objeto metálico ele desenhou com sua letra um pouco feia, seu nome e o número de seu celular, deixando um risco embaixo do nome e número. – Aqui – apertou a caneta fechando novamente. – Você me manda mensagem quando estiver livre, e eu passo o endereço de uma cafeteira.
— Eu envio sim, espero não atrapalhar você.
— Não vai – sorriu. – Mando mensagem – guardou a caneta.
— Estarei no aguardo.
Ele sorriu para ela, que colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, estava tímida. e não sabiam o certo se aproximavam-se para um abraço e um beijo de despedida, ou se só saiam e o voltava para o caminho que tinham que seguir. Eis que , apenas deu um pequeno passo, colocou sua mão no ombro dele para poder se apoiar na ponta dos pés e dar um beijo na bochecha do rapaz. Ele ainda era mais alto que ela.
saiu e foi em direção do amigo, Fritz. voltou para seu carro, guardou a câmera e dirigiu para sua casa.
•
Rolf estava brincando com o pano quando ele ouviu a chave balançar ao destrancar a porta. O cachorro saiu correndo alegremente, balançando seu rabinho freneticamente e pulando em , quase o derrubando. Era um São Bernardo, lindo, com quatro anos e o pelo todo bem cuidado.
— Hey amigo! – fez carinho no corpo de Rolf. – Eu senti saudades também, eu vou preparar seu almoço – colocou a chave dentro da gaveta da mesa do hall. – Desculpa a demora – deixou o tênis de lado depois que Rolf parou de pular nele. – Não imaginei que iria demorar tanto.
Rolf tinha uma alimentação regrada, seu pequeno anjo tinha diabete, e para poder ter uma vida mais saudável e sem problemas, passou a fazer a refeição dele depois da supervisão da veterinária do bichinho. Pegou o pote de ração e colocou no chão. Por último, e não tão menos importante, ele fez seu almoço.
Aproveitaria para arrumar a casa, ajeitar ela na verdade, não sabia o que aconteceria depois do café, mas não tinha planos de dormir com ela. A verdade é que seu plano era mostrar a casa para ela.
A última conversa de e , ele se recordava como ela disse que queria a futura casa, mas sabia que não podia sair de Frankfurt pois não acharia um lugar em conta para fazer. Mesmo tendo em mente de vender a casa para ela, algo aconteceu, e daquele dia em diante, nunca mais falou com a garota.
•
estava terminando a entrevista, escrevia rapidamente em seu caderno para não perder nenhum detalhe, ela era adepta ainda a forma antiga, não gostava muito de usar o gravador para poder escrever tudo. Era uma mania boba, mas uma mania que ela tanto amava.
— Leah, obrigada, você não sabe o quão feliz eu fico em entrevistar a senhora.
— Eu fiz o que todos deveriam fazer.
— Não tiro sua razão – guardou o caderno na mochila de Franja vermelha. – Estou indo, se precisar de alguma coisa, tirar alguma dúvida que surgir depois – se levantou e pegou o cartão. – Pode entrar em contato comigo.
— Pode deixar – sorriu.
— Obrigada pela estadia temporária – riu. Já estavam na porta.
— Não precisa agradecer, estarei na espera do exemplar.
— Receberá em primeira mão, tchau, tudo de bom.
— Igualmente – trancou a porta com um sorriso.
estava bem satisfeita com tudo, o seu caderno bem anotado, seu coração quentinho por ter feito seu trabalho da forma que queria. Ela havia deixado Fritz no hotel e caminhado até a casa de Leah, agora, sentada em um banco da praça, enviou uma mensagem para . A mesma mensagem que havia sido apagada por várias vezes, se perguntava se era certo se encontrar com ele, se não havia ninguém na vida dele e talvez pudesse causar uma confusão. estava perdida, até o momento que enviou a coisa mais simples e boba.
Mesmo sendo boba, ela recebeu a localização.
Chegou primeiro, pois estava no centro. Já estava com uma mesa redonda para eles, ela jogava paciência no celular enquanto o esperava.
— Eu acho que demorei – ele disse tirando o casaco. Nitidamente ele viu a garota jogando.
— Não demorou – riu colocando a mão na boca. – Eu gosto desse joguinho, até hoje.
— Me preocupei – acompanhou na risada. – Com licença – pediu antes de sentar. – Já fez seu pedido?
— Ainda não, vamos pedir juntos? – a mania ainda existia. – Se não achar estranho – sorriram.
levantou a mão e educadamente chamou uma das garçonetes que trabalhavam no local. A moça se aproximou com o celular e uma caneta própria.
— Boa tarde – a garota falou com um sorriso.
— Boa tarde – disse . – Nós vamos querer... O de sempre, não é? – olhou para . Ele concordou com a cabeça.
— Um cappuccino com espuma, um pouco mais de leite sobre o café e um pouco de canela, por favor – os dois pediram juntos quase rindo pela sintonia que ainda exista entre eles.
— E desejam comer alguma coisa?
— Quer? Eu estou sem fome, só quero mesmo o Cappuccino.
— Não obrigada – respondeu. A garçonete saiu com um sorriso. – Está trabalhando para o jornal regional?
— Também, mas no momento estou de férias, além de trabalhar como fotógrafo a parte, aqui tem muito casal que gosta de tirar fotos na floresta, principalmente no lago.
— Devem ser fotos lindas, você sempre teve um olhar perfeito para fotos, a forma que você capturava tudo com a maior simplicidade e harmonia.
— Você gostava delas.
— Ainda gosto – mexia no celular. – Pode ser que sempre vejo seu trabalho – sorriu para ele ao mostrar o celular.
ficou acanhado, as bochechas rosadas desalinhando seu cabelo. Ele mudava o olhar entre as três coluninhas de fotos todas dele, olhou o user da garota e tentou se lembrar-se por algum descuido ela curtiu as fotos ou curtida as mesmas. Respirava calmamente, mantendo a ansiedade estabilizada e as covinhas aparecendo.
— Agradeço – ainda estava tímido. – E você?
— Estou trabalhando no jornal principal da Frankfurt, faço parte da coluna da primeira página, publico artigos, notícias e amo enaltecer todas as atitudes positivas das mulheres.
não perdia a oportunidade de falar muito sobre o que gostava de falar, amava explicar com detalhes determinados assuntos até mesmo o que ela tinha prazer em fazer.
— Você vê?
— Sim – ele sorriu fofo. – Pelo site, às vezes aparece logo quando abro, seu nome lá parece que tem alguns brilhos, mas lembro que você é assim com a escrita – tirou risos da garota. – Intensa com as palavras.
— Você gosta?
— Das palavras? Gosto, da autora? Não muito – brincou.
— O Cappuccino de vocês – colocou na frente de cada um.
— Obrigada – agradeceu. – Então, vamos sair?
— Pode ser, quer ir em um lugar específico?
— A verdade é que não sei, eu tenho até amanhã para ficar aqui e não estou com vontade de passar a reportagem para a nuvem.
Ele pensou brevemente, não para onde levá-la, mas se apresentaria a casa dele que também era do sonho dela.
— Tem um lago, podemos ir uma parte de carro – tomou seu cappuccino. – Mas a outra metade, ou mais da metade só dá para ir a pé.
— Topo – bebeu também. – Vamos depois do Cappuccino? Eu deixo a bolsa no seu carro? – estava animada.
Ele então terminou seu cappuccino e esperou a garota, ambos pagaram sua metade. deixou a bolsa no porta malas antes de entrar no carro juntamente com um saco de ração e algumas compras que tinha feito antes de encontrar com a garota.
— Você tem um cachorro – confirmou enquanto colocava o cinto. – Qual?
— O mais brincalhão e bipolar que você pode imaginar, Rolf, um São Bernardo. Toda vez que estamos brincando, ele olha para a bolinha, olha para minha mão e acha mais gostoso morder minha mão do que a bolinha – mostrou a mão com algumas marcas de mordidas. — Ele deve ser a coisa mais linda, mesmo sendo bipolar, ou o dono dele não o alimentando direito – brincou.
— Claro, eu passo um ano sem dar ração para o Rolf, e em falar em ração, eu preciso voltar antes das cinco tudo bem?
— Tudo, algum problema?
— Rolf tem diabete, então eu faço refeições específicas, sabe, para ajudar a controlar – ele parou o carro para os perdeste passarem. – E com isso passei a fazer refeições regradas e certinhas.
— Sem problemas, aproveito e conheço a bolinha de pelos bipolar e divertida – viu a covinha aparecendo no rosto dele. – Espero que ele não me estranhe.
— Ele é mais dado do que defensor, e não existe uma pessoa que não goste de você.
— Às vezes você exagera, .
— Não, claro que não – parou o carro em cima da grama. – É aqui, quer levar a bolsa ou deixar aqui mesmo?
— Não sei – soltaram o cinto. – O que você recomenda.
— Levar, talvez você queria escrever coisas aleatórias – se esticou para o banco de trás. – Eu, estou levando minha câmera – pendurou no pescoço enquanto um sorriso mínimo aparecia nos lábios da garota.
Eles desceram do carro e pediu para abrir o porta malas, ainda a conhecia bem, ela gostava de escrever em lugares novos, escrever coisas só para ela, expressar tudo que ainda sentia e guardava dentro de si.
Caminharam pela trilha, lado a lado, conversavam tanto que não perceberam o tempo passar. O lago Rachel era sem dúvida lindo e já podia percebê-lo através dos troncos fortes das árvores. Andavam agora com um pouco de cuidado pelas pedras que tinham pela margem até chegarem perto da água. As leves ondas causadas pelo vento gélido, e o reflexo do céu na água. Era como uma pintura, contemplava , os fios voando sutilmente, o pequeno sorriso nos lábios corados. Ele podia passar horas a olhando, sabia que nunca ia se cansar e que nunca ia perder a beleza.
— Eu não sei como não tive coragem de vir até aqui ainda – se referia a Baviera. – É tão lindo, e vi as casas adentro da floresta, eu senti um quentinho pelo o corpo todo.
— Você ainda tem essa vontade?
— É um sonho inalcançável.
— Não se você vier morar para cá – sentava-se.
— Ou isso é real, ou é um pretexto para me ter por perto.
— É uma forma de dizer que aqui você realiza seu sonho.
— Tem o jornal ainda – sentou ao lado dele e pegou o caderno. – Não posso sair de lá.
— Você envia o material para elas por e-mail?
— Sim – escrevia.
— Então pode morar aqui – tirou risos da garota. – De tudo, eu sei que você realizou, mas a casa, você precisa ter.
— Eu não posso ter tudo.
— Realmente, mas quem às vezes não é de nós que conseguimos – viu ela olhar torto para ele. – Não estou falando em subir no outro .
— Você às vezes me faz lembrar das nossas promessas, no sentido de que eu abandonei metade delas, ou até mais, e você nossa – fechou o caderno. – Você seguiu com tudo e no fim ainda fez todas as promessas, podia ter deixado para trás ou então não ter feito nem metade delas, mas você fez.
— Você diz com tanta certeza.
— Porque sempre foi fácil compreender você, você nunca quebrou uma promessa, nem que contaria que eu estava comendo doce escondido da minha mãe, bem quando eu coloquei aparelho.
— É você está certa – riu. – Mas não foi com todas as promessas, por exemplo – se ajeitou. – Eu não fui procurar tratamento para a ansiedade.
— DIEHL! – a jornalista praticamente gritou. – Você não tem juízo? Você sabe que isso é muito importante.
— Aprendi a lidar com ela.
— Mas mesmo assim, e eu achei que tinha criado juízo – ajeitou o cabelo jogando para trás.
— Eu tenho juízo – mexia na câmera. – Mas eu uso ele em outros momentos – tirou uma foto dela.
— Sei os momentos, até que horas quer ficar aqui?
— Podemos ficar mais um pouco, eu vou andar para tirar algumas fotos, quer vir?
— Já vou, vou escrever um pouco.
— Está bem.
ficou sentado ao lado dela um pouco, o perfume floral da garota, inesquecível. E combinava tão bem com a garota. Uns minutos depois ele se levantou, ia tirar as fotos que amava, mostrar como ele via o muito através da lente, e um mundo que considerou até hoje ser o mais perfeito. Quando se juntou a ele, as fotos da garota passaram a ser mais frequentes, ela amava ser fotografada por ele.
Na volta para casa, a última foto, e a mais linda de todas, para ele, o sorriso, o olhar para baixo e o vento empurrando devagar os fios para trás, deu a melhor foto do dia.
•
A noite surgia com seu céu estrelado e a lua cheia iluminando o topo das árvores, estava lindo da forma que e gostavam.
— Gostei dessa – olhava as fotos. – Você me passa?
— Claro, quando chegarmos lá peço para a Alexa ligar o Macbook.
— Você comprou uma, é bem o seu tipo – ria.
— Enquanto eu posso, eu compro, ela ajuda lembrar-me de algumas coisas – também ria. – É logo ali – apontou.
— Como? – entendeu que ele se referia a residência. – Eu não... achei que você morasse mais na cidade.
— Não, depois que sai de Frankfurt, depois que terminamos a faculdade, eu voltei para cá, como você se lembra, mas não voltei até a casa dos meus pais, eu peguei essa, a casa da família do meu pai, em outras palavras, do meu avô – abria o portão automático. – E então eu só reformei ela, até porque ela é de madeira – disse bestamente o óbvio. Desligou o carro.
— Não vamos sair pelo portão?
— Eu pensei pela porta de acesso da garagem, mas pode ser, vou pegar as compras.
pegou o saco de ração e abriu o portão, também ajudou com as sacolas de compra. Os dois subiram o pequeno degrau de acesso da casa, e ele destrancou, dando passagem para a moça.
ficou admirada. Era da forma como eles haviam descrevido há anos atrás, quando sem querer o desejo de ter uma casa quase que no centro da floresta se tornou igual para os dois. Mas sua atenção mudou completamente quando um cachorro corria totalmente feliz em direção dela e de . Rolf dessa vez segurava o osso de brinquedo na boca.
— Ah, meu garoto – o acariciou. – Tenho uma amiga para apresentar a você. esse é Rolf, Rolf não seja mau educado e a comprimente, por favor.
O cachorro sentou e levantou a patinha para a mulher, que se derreteu toda com a educação do animalzinho. deixou Rolf a cheirar para depois fazer carinho no topo da cabeça.
— Ele é um bom garoto.
— Rolf é o amor da minha vida, educado como sempre e bagunceiro vinte quatro horas por dia – sorriram. – Vem grandão, vamos ver como está sua água.
— Onde eu coloco?
— Em cima da bancada, por favor.
— Você tem lugar para fazer uma fogueira – ela olhou através da porta francesa. – Até isso você fez.
— Morar aqui e não ter um lugar para tomar chocolate quente e comer marshmallow, seria um erro muito grave.
— Mas ninguém liga falando da fumaça?
— Não, está na planta da casa, então não tem problema – guardou as coisas na dispensa. — Quer? – ele pegou o saco de marshmallow.
— Que pergunta, – os olhos dela brilhavam. – Você quer ajuda?
— Pode cortar os legumes para o Rolf? Eu vou ao quarto pegar as cobertas, volto rapidinho.
— Ok.
começou a cortar os legumes e percebeu que até nisso Rolf a acompanhava, ele ficou sentado o tempo todo, com os grandes olhos castanhos torcendo para que um pedaço caísse para ele. E na frente da banca via passando com os cobertores para a parte externa da casa.
— Tudo pronto, quer acender?
— Sim!
— Você parece uma criança feliz, Rolf, você vai comer com a gente lá fora. Obrigada, .
— Por nada – ficou apoiada na bancada. – Ele é bem mimado – viu o homem misturar com pedaços de frango cozinho e sem tempero.
— Eu faço o que posso, vamos para fora, eu deixei quase tudo pronto.
Com o pote na mão, Rolf acompanhou eles e ficou a espera. tinha colocado em cima de uma mesinha para o cachorro não pegar antes da hora, pois nesse meio tempo ele ensinava como acender a fogueira, com a pederneira. Não era difícil, mas como a garota nunca tinha usado, a primeira vez não deu muito certo.
E logo estava os três em volta do fogo, Rolf tinha comido e estava deitado no calorzinho e tirando um bom cochilo. e seguram o graveto onde na ponta o marshmallow esquentava, o chocolate quente feito pela garota estava maravilhoso, o fotógrafo sentiu falta da bebida nos dias frios de Baviera.
— – tomou coragem. – Você acha que, mesmo depois de tudo podemos, sei lá, ter uma nova chance?
— Se estiver ao alcance do destino, sim.
— Eu sei que não foi certo ter bebido praticamente todas e falado que você não tinha coragem para nada muito menos assumir seu amor por uma garota, me perdoa?
— Eu te perdoei horas depois que cheguei em casa.
— Foi nesse dia que você resolveu fazer essa casa? – ajeitou o cobertor em suas costas.
— Sim, como dirigi por horas, eu tive muito o que pensar, até mesmo sobre meus sentimentos.
— Sentimentos, como uma palavra tão simples tem uma força gigante? E eu fui tão besta de dizer que não exista.
— O que?
— Sentimentos, , que eu sempre tive sentimentos por você, que desde que terminamos o colegial juntos e entramos na universidade, eu implantei a ideia que nunca era pra dar certo, não queria perder nossa amizade, não queria perder você.
— Vemos que mais uma vez, fizemos a mesma coisa sem saber – o fotógrafo sorriu. – Eu também pensei a mesma coisa e me afastei de você, mas eu arrumei a casa toda achando que eu podia me sentir perto de você, porém eu estava errado, se eu tivesse pelo menos beijado você e depois falado que te amo, me pergunto se tudo não estaria diferente, porque todo esse tempo não foi difícil continuar amando você.
— Mas tudo pode ser diferente.
segurou na blusa dele e o puxou para um beijo. Um beijo que devia ter acontecido há anos, mas o medo foi a pior barreira para aquele amor.
— , você sempre foi a montanha que me manteve de pé, a faísca que deixava meu coração bobo todas as vezes que olhava suas fotos, e o meu mundo, pois só descobri isso quando eu deixei você sozinha e não tive a coragem de dizer que eu te amo, Holfmann.
— Você conseguiu deixar a garota que sempre falava muito, sem palavras – estava corada. – Eu também te amo, .
Rolf ficou olhando os dois, ainda deitadinho. passou a noite na casa da floresta, a mesma que ambos projetaram quando passaram a ser amigos, melhores amigos.
Com um pouco de ajuste, ia até Baviera e até Frankfurt, mas quando conseguiu um acordo para trabalhar em home office, ela se mudou para Baviera, passou a ter a família que sempre sonhou ao lado de , e agora Rolf.
O destino sabia mesmo que: Para os dois ficarem juntos, era necessário se distanciar para sentir o amor impressionante.
sempre foi um garoto calmo, amava a natureza e os animais. Todos em sua família acharam que ele ia se tornar um veterinário, porém ele escolheu a fotografia. Olhar pela lente de vidro, esperar o momento certo para o click era a sensação mais surreal que ele sentia, até hoje.
Passou seu final de faculdade planejando seu futuro, já tinha bons clientes, conseguiu um estágio – e agora era seu emprego fixo, em um dos jornais mais importantes na Alemanha, além de conquistar sua casa. tinha conseguido tudo, tudo que almejou na vida profissional, mesmo não conquistando tudo na vida pessoal. Sentia falta de um momento único, com uma pessoa única, que ao chegar ao fim, aceitou de bom grato perder de tal forma.
Agora em sua casa, estava no deck de madeira de eucalipto, jogando a bolinha para seu grande amigo, Rolf. Ele era sem dúvidas o cachorro mais atrapalhado que ele já teve, além de lindo com seus pelos todos cheios de matinhos, ele o amava. Rolf foi resgatado da rua, um assistente que quase cortiu a patinha dele, mas pelo cuidado e amor que tinha, ele melhorou e teve o devido tratamento. Estavam juntos desde a universidade, aos cinco meses do cachorro, além de comemorar a casa e a formação, ele comemorou um novo amigo.
Agora, estava descansado, aproveitava as férias para poder reformar a casa e atender os clientes fixos, além de fotografar as paisagens alemãs.
Frankfurt.
estava terminando um documentário na editora. Seu sonho havia se realizado depois que passou a trabalhar para o jornal da cidade, ou melhor, da região seu orgulho era estampado na primeira página, a coluna do dia era feita por ela. tinha se formado em jornalismo, gostava de dialogar e assistir o jornal desde pequena imitava o “Boa Noite” do jornalista e lia o jornal toda manhã, na verdade, usava a parte para crianças primeiro e depois lia as notícias. Quando estava no colegial descobriu seu amor pela escrita, e juntou seu sonho ao seu amor. Sua casa também não ficava fora dos seus sonhos; Era perto de seus pais, como sempre foi uma garota caseira que gostava de ver filmes e ter reuniões de família, optou por estar perto deles mesmo com seu próprio cantinho.
aquele dia estava com a produção em ativa – e até demais, ela escrevia uma matéria de mulheres independentes que conseguiram mudar o próprio destino. Ela tinha feito um ótimo trabalho de campo. Com aquele jeito meigo e um sorriso estrondeante ela conseguia fazer tudo fluir da melhor forma possível.
Baviera.
E um dia calmo nascia na Baviera. O som aquecendo cada pedacinho que tocava, os pássaros cantando, e o som da rua ficando mais agitado. Junto, um pequeno vídeo circulava nas redes sociais, era a coisa linda e ao mesmo inacreditável.
O Parque Nacional da Floresta da Baviera, conhecido por nenhuma árvore ter sido cortada há mais de uma década. E para todos que moravam ali perto, era um grande orgulho. Entretanto, algo suspeito despertou a curiosidade de uma das moradoras. Era lindo se não fosse tão perigoso, era um grupo de homens que traficam animais selvagens e levavam para o parque nacional, eles, além de disparem o animal, usavam um selecionador para poder fazer o trabalho sujo. Com toda a braveza dentro de si, e só com sua bicicleta – o meio de transporte que usou para ir atrás deles, a mulher sem pensar duas vezes pegou a arma que estava em um dos contrabandistas e tirou do alcance deles, mesmo com eles portanto algumas armas e ligou para a polícia, em sussurros, ela avisou o que estava acontecendo e torceu para que não achassem que era um trote.
Depois de salvar a vida dos leõezinhos, ela ficou lá por um tempo, dando o depoimento para os policiais e aproveitou para poder conhecer os animaizinhos de perto. E naquele momento, onde um vídeo que um dos oficiais fizeram foi subido para as redes sociais, a narração junto da imagem deixou Baviera e praticamente o mundo todo apaixonado pela a ação da mulher. Naquela semana o os jornais foram até o local, conversaram com a mulher – Leah, e fizeram boas matérias. E claro que o jornal de e desejavam conteúdos para a notícia.
Baviera.
estava com sua câmera bem protegida em sua bolsa e presa no banco da frente. Ele dirigia devagar com a janela do carro aberta e seu braço apoiando na janela, o celular estava acoplado no painel do carro deixando os acordes calmos saírem pelas caixas de som. Ele tinha um amor guardado pela Celine Dion a ponto de ouvi-la com muita frequência.
No local, parou o carro em frente à casa de Leah, fez algumas fotos e depois a seguiu até o local que ela havia encontrado, junto da bicicleta da mulher. Conversam brevemente sobre o fato e depois voltaram para a residência. Leah agradeceu e se retirou da área do parque, como dali era caminho para sua casa, ele resolveu ficar um pouco por lá. Sentado no banco do passageiro com a porta aberta e olhando as fotos que tirou, ele escutou o som de um carro se aproximando.
— É aqui – ouviu a voz de um homem afirmando. – Vou tirar as fotos, tudo bem?
— Nenhum problema, vou descrever o lugar.
Aquela voz era familiar, doce e um pouco fina, dispersou uma memória antiga. Era brincadeira do universo. olhou na direção da mulher e a viu com sua fiel bolsa de couro sintético vermelha.
— ? Holfmann? – disse com a câmera na mão.
A garota o olhou, analisou, estranhou e puxou nas lembranças aquela pequena falha na sobrancelha.
— Diehl! – abriu um sorriso. – Não espera vê-lo aqui.
— Oi! Quanto tempo – caminharam em direção um ao outro até a distância ficar menor. – Eu vim fotografar para o jornal e você?
— Fazer a matéria sobre a Leah – guardou o caderno. – Coincidência não? – riu.
— Muita, você já foi até lá?
— Até a Leah?
— Isso.
— Não, eu irei lá depois que o fotógrafo terminar de tirar as fotos.
mexia no zíper da blusa, uma mania que tinha desde que se entendia por gente e ficava nervosa. Era tanto tempo sem se verem que aquele pequeno diálogo parecia um sacrifício.
— Você está trabalhando no jornal?
— Estou, de Frankfurt e você?
— Para o de Baviera – riram.
— Então é aceitável que dois rivais possam conversar em paz? – ela questionou.
— Só se aceitar tomar um café, ou um chocolate quente cremoso – ele mexeu na câmera por pura ansiedade.
olhou para o lado viu o seu amigo e fotógrafo registrando o local para a coluna eletrônica, e apertou seu caderno que levava para todo o lugar. Queria colocar a conversa em dia, matar a saudade de conversar com , poder olhar as covinhas dele enquanto sorria, sentir aquela mesma paz quando estava ao lado dele.
— Aceito, mas tem condição!
— E qual seria?
— Me encontre às quinze horas na cafeteria, preciso terminar a matéria.
— Claro – ele guardou o crachá que o identificava. Tudo para não dar problema a , caso o amigo dela visse a identidade no pescoço do homem. – Eu posso? – apontou para o caderninho da moça.
— Sim – entregou. abriu em uma página em branco e pegou a caneta que estava presa, ao clicar no objeto metálico ele desenhou com sua letra um pouco feia, seu nome e o número de seu celular, deixando um risco embaixo do nome e número. – Aqui – apertou a caneta fechando novamente. – Você me manda mensagem quando estiver livre, e eu passo o endereço de uma cafeteira.
— Eu envio sim, espero não atrapalhar você.
— Não vai – sorriu. – Mando mensagem – guardou a caneta.
— Estarei no aguardo.
Ele sorriu para ela, que colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, estava tímida. e não sabiam o certo se aproximavam-se para um abraço e um beijo de despedida, ou se só saiam e o voltava para o caminho que tinham que seguir. Eis que , apenas deu um pequeno passo, colocou sua mão no ombro dele para poder se apoiar na ponta dos pés e dar um beijo na bochecha do rapaz. Ele ainda era mais alto que ela.
saiu e foi em direção do amigo, Fritz. voltou para seu carro, guardou a câmera e dirigiu para sua casa.
Rolf estava brincando com o pano quando ele ouviu a chave balançar ao destrancar a porta. O cachorro saiu correndo alegremente, balançando seu rabinho freneticamente e pulando em , quase o derrubando. Era um São Bernardo, lindo, com quatro anos e o pelo todo bem cuidado.
— Hey amigo! – fez carinho no corpo de Rolf. – Eu senti saudades também, eu vou preparar seu almoço – colocou a chave dentro da gaveta da mesa do hall. – Desculpa a demora – deixou o tênis de lado depois que Rolf parou de pular nele. – Não imaginei que iria demorar tanto.
Rolf tinha uma alimentação regrada, seu pequeno anjo tinha diabete, e para poder ter uma vida mais saudável e sem problemas, passou a fazer a refeição dele depois da supervisão da veterinária do bichinho. Pegou o pote de ração e colocou no chão. Por último, e não tão menos importante, ele fez seu almoço.
Aproveitaria para arrumar a casa, ajeitar ela na verdade, não sabia o que aconteceria depois do café, mas não tinha planos de dormir com ela. A verdade é que seu plano era mostrar a casa para ela.
A última conversa de e , ele se recordava como ela disse que queria a futura casa, mas sabia que não podia sair de Frankfurt pois não acharia um lugar em conta para fazer. Mesmo tendo em mente de vender a casa para ela, algo aconteceu, e daquele dia em diante, nunca mais falou com a garota.
estava terminando a entrevista, escrevia rapidamente em seu caderno para não perder nenhum detalhe, ela era adepta ainda a forma antiga, não gostava muito de usar o gravador para poder escrever tudo. Era uma mania boba, mas uma mania que ela tanto amava.
— Leah, obrigada, você não sabe o quão feliz eu fico em entrevistar a senhora.
— Eu fiz o que todos deveriam fazer.
— Não tiro sua razão – guardou o caderno na mochila de Franja vermelha. – Estou indo, se precisar de alguma coisa, tirar alguma dúvida que surgir depois – se levantou e pegou o cartão. – Pode entrar em contato comigo.
— Pode deixar – sorriu.
— Obrigada pela estadia temporária – riu. Já estavam na porta.
— Não precisa agradecer, estarei na espera do exemplar.
— Receberá em primeira mão, tchau, tudo de bom.
— Igualmente – trancou a porta com um sorriso.
estava bem satisfeita com tudo, o seu caderno bem anotado, seu coração quentinho por ter feito seu trabalho da forma que queria. Ela havia deixado Fritz no hotel e caminhado até a casa de Leah, agora, sentada em um banco da praça, enviou uma mensagem para . A mesma mensagem que havia sido apagada por várias vezes, se perguntava se era certo se encontrar com ele, se não havia ninguém na vida dele e talvez pudesse causar uma confusão. estava perdida, até o momento que enviou a coisa mais simples e boba.
Mesmo sendo boba, ela recebeu a localização.
Chegou primeiro, pois estava no centro. Já estava com uma mesa redonda para eles, ela jogava paciência no celular enquanto o esperava.
— Eu acho que demorei – ele disse tirando o casaco. Nitidamente ele viu a garota jogando.
— Não demorou – riu colocando a mão na boca. – Eu gosto desse joguinho, até hoje.
— Me preocupei – acompanhou na risada. – Com licença – pediu antes de sentar. – Já fez seu pedido?
— Ainda não, vamos pedir juntos? – a mania ainda existia. – Se não achar estranho – sorriram.
levantou a mão e educadamente chamou uma das garçonetes que trabalhavam no local. A moça se aproximou com o celular e uma caneta própria.
— Boa tarde – a garota falou com um sorriso.
— Boa tarde – disse . – Nós vamos querer... O de sempre, não é? – olhou para . Ele concordou com a cabeça.
— Um cappuccino com espuma, um pouco mais de leite sobre o café e um pouco de canela, por favor – os dois pediram juntos quase rindo pela sintonia que ainda exista entre eles.
— E desejam comer alguma coisa?
— Quer? Eu estou sem fome, só quero mesmo o Cappuccino.
— Não obrigada – respondeu. A garçonete saiu com um sorriso. – Está trabalhando para o jornal regional?
— Também, mas no momento estou de férias, além de trabalhar como fotógrafo a parte, aqui tem muito casal que gosta de tirar fotos na floresta, principalmente no lago.
— Devem ser fotos lindas, você sempre teve um olhar perfeito para fotos, a forma que você capturava tudo com a maior simplicidade e harmonia.
— Você gostava delas.
— Ainda gosto – mexia no celular. – Pode ser que sempre vejo seu trabalho – sorriu para ele ao mostrar o celular.
ficou acanhado, as bochechas rosadas desalinhando seu cabelo. Ele mudava o olhar entre as três coluninhas de fotos todas dele, olhou o user da garota e tentou se lembrar-se por algum descuido ela curtiu as fotos ou curtida as mesmas. Respirava calmamente, mantendo a ansiedade estabilizada e as covinhas aparecendo.
— Agradeço – ainda estava tímido. – E você?
— Estou trabalhando no jornal principal da Frankfurt, faço parte da coluna da primeira página, publico artigos, notícias e amo enaltecer todas as atitudes positivas das mulheres.
não perdia a oportunidade de falar muito sobre o que gostava de falar, amava explicar com detalhes determinados assuntos até mesmo o que ela tinha prazer em fazer.
— Você vê?
— Sim – ele sorriu fofo. – Pelo site, às vezes aparece logo quando abro, seu nome lá parece que tem alguns brilhos, mas lembro que você é assim com a escrita – tirou risos da garota. – Intensa com as palavras.
— Você gosta?
— Das palavras? Gosto, da autora? Não muito – brincou.
— O Cappuccino de vocês – colocou na frente de cada um.
— Obrigada – agradeceu. – Então, vamos sair?
— Pode ser, quer ir em um lugar específico?
— A verdade é que não sei, eu tenho até amanhã para ficar aqui e não estou com vontade de passar a reportagem para a nuvem.
Ele pensou brevemente, não para onde levá-la, mas se apresentaria a casa dele que também era do sonho dela.
— Tem um lago, podemos ir uma parte de carro – tomou seu cappuccino. – Mas a outra metade, ou mais da metade só dá para ir a pé.
— Topo – bebeu também. – Vamos depois do Cappuccino? Eu deixo a bolsa no seu carro? – estava animada.
Ele então terminou seu cappuccino e esperou a garota, ambos pagaram sua metade. deixou a bolsa no porta malas antes de entrar no carro juntamente com um saco de ração e algumas compras que tinha feito antes de encontrar com a garota.
— Você tem um cachorro – confirmou enquanto colocava o cinto. – Qual?
— O mais brincalhão e bipolar que você pode imaginar, Rolf, um São Bernardo. Toda vez que estamos brincando, ele olha para a bolinha, olha para minha mão e acha mais gostoso morder minha mão do que a bolinha – mostrou a mão com algumas marcas de mordidas. — Ele deve ser a coisa mais linda, mesmo sendo bipolar, ou o dono dele não o alimentando direito – brincou.
— Claro, eu passo um ano sem dar ração para o Rolf, e em falar em ração, eu preciso voltar antes das cinco tudo bem?
— Tudo, algum problema?
— Rolf tem diabete, então eu faço refeições específicas, sabe, para ajudar a controlar – ele parou o carro para os perdeste passarem. – E com isso passei a fazer refeições regradas e certinhas.
— Sem problemas, aproveito e conheço a bolinha de pelos bipolar e divertida – viu a covinha aparecendo no rosto dele. – Espero que ele não me estranhe.
— Ele é mais dado do que defensor, e não existe uma pessoa que não goste de você.
— Às vezes você exagera, .
— Não, claro que não – parou o carro em cima da grama. – É aqui, quer levar a bolsa ou deixar aqui mesmo?
— Não sei – soltaram o cinto. – O que você recomenda.
— Levar, talvez você queria escrever coisas aleatórias – se esticou para o banco de trás. – Eu, estou levando minha câmera – pendurou no pescoço enquanto um sorriso mínimo aparecia nos lábios da garota.
Eles desceram do carro e pediu para abrir o porta malas, ainda a conhecia bem, ela gostava de escrever em lugares novos, escrever coisas só para ela, expressar tudo que ainda sentia e guardava dentro de si.
Caminharam pela trilha, lado a lado, conversavam tanto que não perceberam o tempo passar. O lago Rachel era sem dúvida lindo e já podia percebê-lo através dos troncos fortes das árvores. Andavam agora com um pouco de cuidado pelas pedras que tinham pela margem até chegarem perto da água. As leves ondas causadas pelo vento gélido, e o reflexo do céu na água. Era como uma pintura, contemplava , os fios voando sutilmente, o pequeno sorriso nos lábios corados. Ele podia passar horas a olhando, sabia que nunca ia se cansar e que nunca ia perder a beleza.
— Eu não sei como não tive coragem de vir até aqui ainda – se referia a Baviera. – É tão lindo, e vi as casas adentro da floresta, eu senti um quentinho pelo o corpo todo.
— Você ainda tem essa vontade?
— É um sonho inalcançável.
— Não se você vier morar para cá – sentava-se.
— Ou isso é real, ou é um pretexto para me ter por perto.
— É uma forma de dizer que aqui você realiza seu sonho.
— Tem o jornal ainda – sentou ao lado dele e pegou o caderno. – Não posso sair de lá.
— Você envia o material para elas por e-mail?
— Sim – escrevia.
— Então pode morar aqui – tirou risos da garota. – De tudo, eu sei que você realizou, mas a casa, você precisa ter.
— Eu não posso ter tudo.
— Realmente, mas quem às vezes não é de nós que conseguimos – viu ela olhar torto para ele. – Não estou falando em subir no outro .
— Você às vezes me faz lembrar das nossas promessas, no sentido de que eu abandonei metade delas, ou até mais, e você nossa – fechou o caderno. – Você seguiu com tudo e no fim ainda fez todas as promessas, podia ter deixado para trás ou então não ter feito nem metade delas, mas você fez.
— Você diz com tanta certeza.
— Porque sempre foi fácil compreender você, você nunca quebrou uma promessa, nem que contaria que eu estava comendo doce escondido da minha mãe, bem quando eu coloquei aparelho.
— É você está certa – riu. – Mas não foi com todas as promessas, por exemplo – se ajeitou. – Eu não fui procurar tratamento para a ansiedade.
— DIEHL! – a jornalista praticamente gritou. – Você não tem juízo? Você sabe que isso é muito importante.
— Aprendi a lidar com ela.
— Mas mesmo assim, e eu achei que tinha criado juízo – ajeitou o cabelo jogando para trás.
— Eu tenho juízo – mexia na câmera. – Mas eu uso ele em outros momentos – tirou uma foto dela.
— Sei os momentos, até que horas quer ficar aqui?
— Podemos ficar mais um pouco, eu vou andar para tirar algumas fotos, quer vir?
— Já vou, vou escrever um pouco.
— Está bem.
ficou sentado ao lado dela um pouco, o perfume floral da garota, inesquecível. E combinava tão bem com a garota. Uns minutos depois ele se levantou, ia tirar as fotos que amava, mostrar como ele via o muito através da lente, e um mundo que considerou até hoje ser o mais perfeito. Quando se juntou a ele, as fotos da garota passaram a ser mais frequentes, ela amava ser fotografada por ele.
Na volta para casa, a última foto, e a mais linda de todas, para ele, o sorriso, o olhar para baixo e o vento empurrando devagar os fios para trás, deu a melhor foto do dia.
A noite surgia com seu céu estrelado e a lua cheia iluminando o topo das árvores, estava lindo da forma que e gostavam.
— Gostei dessa – olhava as fotos. – Você me passa?
— Claro, quando chegarmos lá peço para a Alexa ligar o Macbook.
— Você comprou uma, é bem o seu tipo – ria.
— Enquanto eu posso, eu compro, ela ajuda lembrar-me de algumas coisas – também ria. – É logo ali – apontou.
— Como? – entendeu que ele se referia a residência. – Eu não... achei que você morasse mais na cidade.
— Não, depois que sai de Frankfurt, depois que terminamos a faculdade, eu voltei para cá, como você se lembra, mas não voltei até a casa dos meus pais, eu peguei essa, a casa da família do meu pai, em outras palavras, do meu avô – abria o portão automático. – E então eu só reformei ela, até porque ela é de madeira – disse bestamente o óbvio. Desligou o carro.
— Não vamos sair pelo portão?
— Eu pensei pela porta de acesso da garagem, mas pode ser, vou pegar as compras.
pegou o saco de ração e abriu o portão, também ajudou com as sacolas de compra. Os dois subiram o pequeno degrau de acesso da casa, e ele destrancou, dando passagem para a moça.
ficou admirada. Era da forma como eles haviam descrevido há anos atrás, quando sem querer o desejo de ter uma casa quase que no centro da floresta se tornou igual para os dois. Mas sua atenção mudou completamente quando um cachorro corria totalmente feliz em direção dela e de . Rolf dessa vez segurava o osso de brinquedo na boca.
— Ah, meu garoto – o acariciou. – Tenho uma amiga para apresentar a você. esse é Rolf, Rolf não seja mau educado e a comprimente, por favor.
O cachorro sentou e levantou a patinha para a mulher, que se derreteu toda com a educação do animalzinho. deixou Rolf a cheirar para depois fazer carinho no topo da cabeça.
— Ele é um bom garoto.
— Rolf é o amor da minha vida, educado como sempre e bagunceiro vinte quatro horas por dia – sorriram. – Vem grandão, vamos ver como está sua água.
— Onde eu coloco?
— Em cima da bancada, por favor.
— Você tem lugar para fazer uma fogueira – ela olhou através da porta francesa. – Até isso você fez.
— Morar aqui e não ter um lugar para tomar chocolate quente e comer marshmallow, seria um erro muito grave.
— Mas ninguém liga falando da fumaça?
— Não, está na planta da casa, então não tem problema – guardou as coisas na dispensa. — Quer? – ele pegou o saco de marshmallow.
— Que pergunta, – os olhos dela brilhavam. – Você quer ajuda?
— Pode cortar os legumes para o Rolf? Eu vou ao quarto pegar as cobertas, volto rapidinho.
— Ok.
começou a cortar os legumes e percebeu que até nisso Rolf a acompanhava, ele ficou sentado o tempo todo, com os grandes olhos castanhos torcendo para que um pedaço caísse para ele. E na frente da banca via passando com os cobertores para a parte externa da casa.
— Tudo pronto, quer acender?
— Sim!
— Você parece uma criança feliz, Rolf, você vai comer com a gente lá fora. Obrigada, .
— Por nada – ficou apoiada na bancada. – Ele é bem mimado – viu o homem misturar com pedaços de frango cozinho e sem tempero.
— Eu faço o que posso, vamos para fora, eu deixei quase tudo pronto.
Com o pote na mão, Rolf acompanhou eles e ficou a espera. tinha colocado em cima de uma mesinha para o cachorro não pegar antes da hora, pois nesse meio tempo ele ensinava como acender a fogueira, com a pederneira. Não era difícil, mas como a garota nunca tinha usado, a primeira vez não deu muito certo.
E logo estava os três em volta do fogo, Rolf tinha comido e estava deitado no calorzinho e tirando um bom cochilo. e seguram o graveto onde na ponta o marshmallow esquentava, o chocolate quente feito pela garota estava maravilhoso, o fotógrafo sentiu falta da bebida nos dias frios de Baviera.
— – tomou coragem. – Você acha que, mesmo depois de tudo podemos, sei lá, ter uma nova chance?
— Se estiver ao alcance do destino, sim.
— Eu sei que não foi certo ter bebido praticamente todas e falado que você não tinha coragem para nada muito menos assumir seu amor por uma garota, me perdoa?
— Eu te perdoei horas depois que cheguei em casa.
— Foi nesse dia que você resolveu fazer essa casa? – ajeitou o cobertor em suas costas.
— Sim, como dirigi por horas, eu tive muito o que pensar, até mesmo sobre meus sentimentos.
— Sentimentos, como uma palavra tão simples tem uma força gigante? E eu fui tão besta de dizer que não exista.
— O que?
— Sentimentos, , que eu sempre tive sentimentos por você, que desde que terminamos o colegial juntos e entramos na universidade, eu implantei a ideia que nunca era pra dar certo, não queria perder nossa amizade, não queria perder você.
— Vemos que mais uma vez, fizemos a mesma coisa sem saber – o fotógrafo sorriu. – Eu também pensei a mesma coisa e me afastei de você, mas eu arrumei a casa toda achando que eu podia me sentir perto de você, porém eu estava errado, se eu tivesse pelo menos beijado você e depois falado que te amo, me pergunto se tudo não estaria diferente, porque todo esse tempo não foi difícil continuar amando você.
— Mas tudo pode ser diferente.
segurou na blusa dele e o puxou para um beijo. Um beijo que devia ter acontecido há anos, mas o medo foi a pior barreira para aquele amor.
— , você sempre foi a montanha que me manteve de pé, a faísca que deixava meu coração bobo todas as vezes que olhava suas fotos, e o meu mundo, pois só descobri isso quando eu deixei você sozinha e não tive a coragem de dizer que eu te amo, Holfmann.
— Você conseguiu deixar a garota que sempre falava muito, sem palavras – estava corada. – Eu também te amo, .
Rolf ficou olhando os dois, ainda deitadinho. passou a noite na casa da floresta, a mesma que ambos projetaram quando passaram a ser amigos, melhores amigos.
Com um pouco de ajuste, ia até Baviera e até Frankfurt, mas quando conseguiu um acordo para trabalhar em home office, ela se mudou para Baviera, passou a ter a família que sempre sonhou ao lado de , e agora Rolf.
O destino sabia mesmo que: Para os dois ficarem juntos, era necessário se distanciar para sentir o amor impressionante.
Fim.
Nota da autora: Bom amores, eu realmente espero que tenham gostado da fanfic ❤
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.
❤
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.
❤