Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Olhava para meu irmão e claramente via que não estava melhorando. Era como se algo o puxasse para baixo. Na verdade, nós dois estávamos sendo levados para o mais profundo mar, e mesmo que estivéssemos tentando nos salvar, parecia que estávamos nos afogando cada vez mais naquilo tudo. Eu o amava, mas eu era apenas o seu irmão mais velho. Sabia que precisava de lutar por nós dois, só que eu não estava mais conseguindo nem fazer isso por mim mesmo. Via tentando, se esforçando, e ainda assim, eu não estava conseguindo por mais que quisesse. Não sabia o que havia de errado comigo. Porém sabia que eu queria salvá-lo, nem que fosse de mim mesmo. Não queria desistir, entretanto estava vendo a hora que me deixaria levar, incapaz de conter tudo o que estava dentro de mim.
A tela do meu celular se acendeu, um número nas notificações de um contato que não estava salvo, mas eu sabia quem era. Candy. Desde que fui embora ela me manda mensagens querendo saber como eu estava. Nunca a respondi. Porém por um momento tive uma ideia. Encarei que estava sentado em sua cama, então levantei da poltrona que tinha em seu quarto, e me sentei ao seu lado. Pensei em tocá-lo, mas sabia que aquele contato poderia não ser bom.
— Está acordado? — perguntei em um tom baixo, olhando seus olhos fechados. Talvez eu devesse lhe deixar em paz.
Ele se mexeu, seus olhos se abriram, então encarou meus olhos com profundidade por alguns segundos. Meu peito apertou. estava muito mal, e mesmo que não soubesse como reagir aquilo, precisava tentar salvá-lo mesmo que eu não tivesse salvação. Sua mão se ergueu para tocar meu rosto, e segurei o ar com toda a minha força, como se me contivesse a resistir ao toque antes mesmo de fazê-lo. Mas então lembrou que não deveria mais fazer, que era o melhor para nós dois, então sua mão desceu, e ele soltou o ar.
— Estou? Me diga você — respondeu baixo.
— Infelizmente sou — falei, porque eu preferia qualquer coisa do que a realidade que me encontrava. Umedeci meus lábios, e soltei o ar. suspirou e dava para ver em seus olhos o jeito que ele estava, e que minhas palavras haviam piorado tudo. Eu não queria aquela realidade, queria uma onde nós fôssemos apenas nós dois novamente, onde sorrir com ele era fácil de novo. Seus olhos se fecharam, e isso me fez suspirar. — Se você pudesse ser outra pessoa, quem seria? — perguntei deixando meus olhos cansados caírem pelo seu rosto, então me deitei ao seu lado, bem de frente para ele. Então seus olhos voltaram a se abrir. Ficou pensativo com minha pergunta, deixei meus olhos rolarem pelo quarto todo até voltar para os meus.
— Talvez um cara chamado . — Levantou um ombro, me olhando intrigado por aquela pergunta repentina. O olhei pensativo, e concordei com a cabeça sobre o nome que tinha sugerido.
— Diferente que nem você — sussurrei vendo seus olhos ficarem fixos nos meus. — Combina contigo — disse com um semblante de sorriso em meus lábios. — E como o é? — quis saber, deixando meu olhar cansado transmitir curiosidade. Seus olhos piscaram lentamente.
— Acho diferente também — concordou exatamente baixo. — Não sei se combina comigo. — Uni as sobrancelhas de leve quanto aquilo. — Corajoso. — Assenti quanto aquilo. — Forte, determinado e gentil — falou baixinho. — Se importa com todos, até com aqueles que ele nunca viu na vida. Isso o torna humilde também. — Retorceu seus lábios. — Por quê?
Fiquei prestando atenção no que falava, o engraçado é que achava que ele era tudo o que estava falando. Mesmo que gentil fosse algo que não combinava conosco, mas o achava gentil com a nossa mãe. Eu os amava juntos. Se importar realmente era um problema para nós, porém achava que lidava com aquela parte bem melhor do que eu.
— Shiu. Claro que combina. Não pense nisso, ok? Só no que o é — pedi, o olhando com atenção.
Ele retorceu os lábios, então apenas assentiu com a cabeça. Lhe dei um pequeno sorriso quando concordou comigo, esperando que aquilo pudesse fazer com que melhorasse pelo menos 1%. Então torceu seus lábios em um sorriso pequeno também. Por mais que não parecesse ver aquele sorriso mesmo que tão pequeno quanto o meu, já me deixou minimamente melhor.
— E se eu falasse que você pode ser o ? — perguntei sem tirar os olhos dele, e não respondi o seu porquê, vendo como me olhava intrigado.
— Eu ia tentar ser ele da melhor forma que eu puder — respondeu com sinceridade. Balancei minha cabeça. — Conta pra mim o que você tem em mente — pediu baixinho. Gostei de ver como estava curioso sobre aquilo.
— Não posso te falar — contei fazer um biquinho. — Mas você ainda confia em mim? — perguntei, pois se não confiasse mais, não sei se poderia fazer muita coisa por ele.
Ele ficou olhando em meus olhos por uns segundos. Seus tons ficaram mergulhados nos meus, e pensei por um segundo que sua resposta seria negativa, que não confiava mais em mim.
— O que você tá aprontando, ? — tentou colocar humor no tom de voz. Mordi de leve meu lábio inferior com sua pergunta. Pensei até em responder, mas tinha medo dele recusar a ideia, então apenas neguei com a cabeça demonstrando que não iria responder, o vendo unir um pouco mais suas sobrancelhas. — Eu sempre confiei em você — respondeu bem sério. — Sempre vou confiar. — O que falou me deixou calmo.
— Então, vem comigo — disse levantando da cama. — Pega dinheiro — avisei, porque não podíamos usar nossos cartões quando poderiam ser facilmente localizados. franziu de leve o cenho, mas assentiu sem questionar. Ótimo, concordou sem nem ao menos falar nada. O olhei se levantar, pegar uma mochila que vi que tinha dinheiro dentro.
— Pronto. — disse baixinho, pegando só a sua jaqueta jeans na poltrona.
— Dinheiro dentro da mochila. Estava pensando em fugir, ? — perguntei em tom de brincadeira. Ele me olhou com um semblante leve. — Espero que na sua fuga lembrasse de me colocar na mochila também. — falei, apesar de achar que poderia ir muito bem embora sem nem ao menos me avisar.
— Estava pensando em assassinar nosso pai primeiro. Então depois fugir — contou como se fosse sério, apesar de ser um sonho nosso mesmo. Odiávamos aquele homem. — Você seria meu parceiro no crime, só estava arquitetando melhor um plano para te contar e ver se você topava. — Piscou um olho. Soltei um riso nasalado, e ele o ar de forma leve. ainda conseguia ter seu humor, isso era algo já. Ponderei com a cabeça.
— Certamente eu aceitaria antes mesmo que me contasse o plano — disse a ele com um semblante de sorriso em meus lábios. Eu toparia qualquer coisa que me chamasse para fazer, e também o levaria para qualquer lugar, não o deixaria mais para trás. Eu não conseguia mais viver sem ele, essa era a realidade.
—Seria mesmo meu parceiro no crime, ? — ergueu ambas sobrancelhas. — Não temos salvação de todo jeito mesmo, o que é um crime na conta? — deu de ombros, estava brincando ainda.
— Seria qualquer coisa que você quisesse, — respondi olhando bem sério para ele, o vendo soltar um suspiro baixo. Não estava brincando e nem nada do tipo, estava sendo totalmente sincero. Seria qualquer coisa mesmo, apenas para vê-lo bem novamente. — Não temos. Tio Lu tem um lugar reservado para nós bem ao lado dele — falei me lembrando do Lúcifer de Constantine, quando o nomearam como Lu. riu fraco.
— Eu lembro. Meu traficante, meu cantor particular… — eu tinha lhe dito isso uns anos atrás no seu aniversário antes que nos beijássemos pela segunda vez. — Não tenho dúvidas não — comentou com obviedade, mas com o tom de brincadeira. Sorri bem fraco para ele.
— Isso. E mais o que você me pedir para ser. — Mesmo que meu peito doesse com aquilo, sim, eu sempre seria qualquer coisa que ele quisesse, principalmente seu irmão e melhor amigo.
— Você sabe que é o suficiente para mim — comentou baixinho.
Apenas assenti, mesmo querendo acreditar naquilo era difícil depois de tudo. Mas não queria ficar pensando nessas coisas agora. Então tentei afastar aqueles pensamentos para o mais longe possível, ou sabia que iria me fechar ainda mais. Vi desviar meus olhos dele, abaixando a cabeça. Nos conhecemos muito bem para saber o que se passava um com o outro.
— Eu acho que você fica ótimo de jaqueta jeans — comentei, e de forma que nunca tinha me sentido antes, eu estava sem graça com isso.
— Obrigado, . — Sorriu fraco com seu elogio.
Apenas assenti. Não precisava me agradecer. Então me levantei rapidamente, saindo de seu quarto e indo até o meu, ouvindo meu irmão me seguir, mas me esperou na porta. Entrei em meu closet e fui até meu cofre. Abri e peguei alguma grana que tinha guardado ali caso precisasse. Coloquei dentro do bolso de uma parka militar, e a vesti. Não era muito pesada, até porque estávamos no verão, e não tinha nem muita necessidade de casaco. Então sai olhando para por um segundo, e esperando que aquele meu plano desse certo. Já chamando um Uber, que estava a poucos minutos do nosso prédio. Descemos e o carro já estava à nossa espera.
Entrei no banco de trás e puxei meu irmão, mas soltei sua mão logo depois, me xingando mentalmente por ter feito aquilo. Não pude deixar que ficou olhando para mão que eu havia pegado a viagem toda sem falar nada. Não falei nada, o motorista nos levou até onde ele podia, geralmente onde me deixavam mesmo toda vez que voltava até aquele lugar. Meu irmão então ergueu a cabeça olhando onde estávamos. Paguei em dinheiro e desci, assim que fez o mesmo. Seguimos juntos até o bazar onde Candy trabalhava, mas parei na porta, olhando para meu irmão alguns segundos.
— A partir de agora você é o , e eu sou o , mas pode me chamar de . Ok? — falei baixo com ele, vendo seus olhos me encararem. — Só uma coisa. e são o que um do outro? — mordi meu lábio inferior ao perguntar aquilo. Fiquei encarando sua expressão, seus dentes mordendo seu lábio inferior do mesmo jeito que eu fazia, esperando por sua resposta.
e . Tá. — Balançou a cabeça em concordância. Seu ar falhou um pouco com sua pergunta e mordi meu lábio inferior com um pouco de força assim como ele tinha feito com o dele também. — Não quero que eles sejam irmãos — respondeu extremamente baixo. O que falou quase me fez sorrir, mas apenas concordei.
— Ótimo, eles não são irmãos. Quer que eles tenham se conhecido onde? — era a última pergunta antes de entrarmos naquela. Vi que ficou pensando, e sabia que ele tinha uma resposta para minha pergunta, mas que não queria me dar.
— Me diz você. Onde eles vão ter se conhecido? — perguntou sério, olhando nos meus olhos.
— Na escola — disse encarando aqueles tons que sempre fariam tudo dentro de mim ficar acelerado. Então puxei o ar. — O garoto que me provocou até conseguir me fazer falar com ele — completei, tentando não soltar a respiração de uma forma pesada. — O que acha? — perguntei, se ele não concordasse, poderia mudar facilmente a história.
Vi a forma como ficou quando disse sobre termos nos conhecido. Sabia que não estava sendo original, e muito menos de onde tinha tirado aquilo, mas certamente não tinha sido uma boa ideia quando a surpresa estava estampada bem em seus olhos. Até que sorriu e concordou. Me perguntei se por um momento ele estaria falando aquilo apenas para me agradar, mas não queria entrar em uma discussão agora.
— Acho essa história perfeita. — respondeu baixinho, lambendo seus lábios e esperando qual seria o próximo passo.
— Certo. Qualquer coisa que quiser saber depois, eu te respondo. Só peço que seja o — pedi, pois eu não tinha ideia de qual seria a sua reação ao ver Candy e como nós éramos “próximos”.
encarou meus olhos e assentiu. Olhei uma última vez para ele, e empurrei a porta da loja. O sino tocou e uma cabeça surgiu por cima do balcão. Os olhos da garota se abriram, e de repente ela se levantou e veio correndo em minha direção. Parei no meio da loja e Candy me empurrou pelo peito.
— Por que você não respondeu minhas mensagens?! — esbravejou e bateu com suas mãozinhas em meu peito. — Você é um babaca! — berrou comigo, mas antes que eu conseguisse responder, ela simplesmente me abraçou, passando os braços ao redor de minha cintura. Por um tempo fiquei sem reação, apenas olhando para a garota, mas retribui o abraço.
— Como você está? — perguntei e ela me olhou com os olhos estreitados.
— Você não vai mesmo responder, né? — apenas neguei com a cabeça, e ela me soltou, suspirando de forma pesada. Então olhou para o lado, vendo .
— Desculpa, eu não tinha te visto. Você veio com ele ou está querendo comprar algo? — perguntou se ajeitando e dando um sorriso largo, que me fez estreitar os olhos em sua direção. Não respondi, deixei que o fizesse. Apenas saí andando olhando algumas roupas.
— Vim com ele. — Ouvi dizer que tinha vindo comigo, mas não o olhei.
— O que você fez com as minhas coisas? — questionei.
— Trouxe de volta para cá, pegue o que quiser. — Candy sacudiu sua mãozinha no ar, e apenas concordei.
— Como você se chama? — perguntou da forma mais gentil. Continuei mexendo nas roupas, iríamos precisar de novas.
— Candice. Mas pode me chamar de Candy — a garota respondeu com entusiasmo, me fazendo olhá-la. estendeu a mão para a garota em um comprimento educado.
— Ele chegou não tem nem cinco minutos e já está mostrando os dentes assim? — impliquei com ela vendo como sorria para meu irmão.
— Alguém está nervoso aqui. Ciúmes? — certamente a resposta seria positiva, mas apenas peguei umas peças de roupa, e a ignorei.
Percebi que se calou e virou o rosto, claramente incomodado com o que eu tinha acabado de fazer sem querer. Quis tocar em seu rosto e fazer com que me olhasse, para poder falar que estava tudo bem, que não era para se incomodar comigo ou qualquer coisa do tipo, mas me mantive calado.
— Como você se chama, jovem príncipe. — Sabia que ela estava me provocando de volta. — Espera. Antes que me diga o seu nome, só para saber. Ele te ajudou a roubar um banco desta vez, ? — Quase ri daquilo, mas apenas olhei para a garota.
— Sim. Ele me ajudou a roubar outro banco. — Debochei, revirando meus olhos.
— Príncipe? — riu fraco daquilo, negando com a cabeça. — E eu sou o , Candy. Fica à vontade para fazer apelido desse nome. — Deu de ombros como um passe livre mesmo.
— É, ela está dando em cima de você. Candy tem essa mania de querer tudo que tenha um pau entre as pernas. — A garota me deu o dedo do meio na mesma hora junto com a língua. Vi meu irmão negar com a cabeça, rindo um pouco.
— Não posso fazer nada se ele é encantador. — Ergueu as sobrancelhas, então se virou para . — Ele é chato contigo também? — perguntou baixinho como se não fosse para que eu ouvisse. Meu irmão abriu mais o sorriso achando cômico ela.
— Ainda não sou surdo, eu ouvi daqui sua ridícula. — Rebati e ela apenas me deu de novo o dedo do meio sem me olhar. Abusada.
— Não tenho nada de encantador não. — Ele fez uma careta com isso. — Chato? Ah ele é um anjo. — Tentou não ser debochado, mas não conseguiu e acabei mordendo meu lábio pra não rir daquilo.
— Debochado — resmunguei sobre o anjo, e Candy gargalhou com aquilo tudo, debochando também. Não falei nada, eu estava fodido com aqueles dois.
— Estava sendo sincero, poxa. — Debochou de novo. Olhando a garota rir de forma debochada também. Devolvi o olhar dele até ele desviar.
— Claro que estava — debochei de volta, e olhando de uma forma divertida. — Mais tarde discutimos sobre isso — declarei erguendo um pouco meu rosto e fazendo um bico.
— Ah, cala a boca você também. — Candy mandou apontando para o por ter negado que era encantador. Ele arregalou os olhos e acabou levantando os braços em total rendição. Ri nasalado daquele dois. Esperava sinceramente que aquilo desse certo. — Você não me conhece, mas saiba que se eu falo algo, é para concordar! — Eu acabei rindo.
— Ou ela morde a sua bunda — avisei, e Candy me lançou um olhar me mandando calar a boca também, me fazendo unir as sobrancelhas.
— Sua cara de bunda não me intimida. — Ela disse, e revirei meus olhos e voltei minha atenção para as roupas.
— Sou um ser extremamente encantador — disse de prontidão, se corrigindo logo em seguida. Dando mais umas risadas. Vi meu irmão pegando meu sorriso, e abaixei um pouco o rosto. As coisas eram estranhas, mas eu queria conseguir superar aquilo. não tinha nada a ver com o . — Uhhh mordida na bunda. — Brincou, rindo fraco.
— Isso aí! Encantador. — Piscou um olho para ele me fazendo revirar os olhos, jogando umas peças de roupa em meu ombro. Vi coçando sua bochecha fazendo em seguida até uma pose de “encantador”, sorrindo fraco. — Vou morder para arrancar pedaço. — Candy colocou as mãos na cintura.
— Sexy — respondeu baixo sobre morder para arrancar pedaço. Ergui minha cabeça, mas a careta que ele fez... eu acabei rindo.
— Ele é gay, Candy. Não vai seduzir o mordendo sua bunda. — Coloquei pilha, segurando o riso que quis sair.
A garota ficou olhando para por alguns segundos como se analisasse o que eu havia dito, depois se virou para mim. Eu quase gargalhei com meu irmão segurando a risada colocando a mão em sua boca. Candy ainda ficou olhando para ele com aquela cara de besta agora.
— Você está falando sério? — ela quis saber. Apenas dei de ombros, que ficasse com a dúvida, e ergueu a sobrancelha..
— Ele tá falando sério — respondi mais seriamente. Mordi minha língua querendo rir, e ele claramente viu isso, e me olhou com os olhos estreitados. Gay! Eu não estava acreditando que ele tinha mesmo comprado aquela minha ideia, não tinha nada de gay, muito pelo contrário. Ele era bem hetero mesmo! — Só fico com meninos mesmo. — Abriu os braços, querendo rir daquilo.
— Então tá né. Nem tudo pode ser perfeito. — Suspirou como se ficasse triste, então se virou para mim. abriu os braços e fez um biquinho triste. — Eu não posso beijá-lo, mas você pode. — Meus olhos se abriram um pouco mais, assim como os de , e a ridícula riu. — Você tinha que ter visto a sua cara! — berrou rindo até agora, e meu irmão me acompanhou.
— Hm... — olhei para de cima a baixo. — Será que eu sou o tipo dele? — perguntei fazendo uma careta tentando de forma alguma me afastar com a minha própria pergunta, entrando na brincadeira dela como faria, mesmo que aquilo fosse difícil. O tipo dele era garotas, não eu. riu baixinho.
— Dá uma voltinha para eu ver se faz meu tipo. — Estalou a língua no céu da boca ao fazer o movimento com o dedo para que eu girasse.
Dei uma voltinha bem devagar para ele olhar tudo mesmo, e parei fazendo uma pose com dois dedos levantados é um biquinho. Bem ridículo mesmo. gargalhou. Não consegui segurar o suspiro que saiu quando simplesmente gargalhou daquela forma. Aquilo foi tão bom. Podia não conseguir mais fazê-lo rir assim, mas pelo menos Candy tinha conseguido, e eu não podia ficar mais grato por isso. Estava tão feliz em vê-lo sorrir e rindo que nem ao menos conseguia sentir ciúmes daquela situação toda. Eu o amava demais, e ver meu irmão bem, estava sendo tudo para mim.
— O que achou? Pega ou passa? — perguntei rindo um pouco.
— Vocês estão me fazendo de palhaça, não estão? — perguntou colocando as mãos na cintura. soltou a risada com ela perguntando aquilo porque também não me aguentei.
— Eu tenho mesmo cara de hétero? Nem de bi? — perguntou como se estivesse ofendido, mas sabia que estava desviando da minha pergunta.
— Não. O gosta de pau. — Fiz um bico. apontou para mim. — Você que lute caçando outro. — Dei de ombros virando o rosto. Então a morena me bateu com uma blusa, e riu com isso me fazendo olhar feio para ele, mas ele me mostrou a língua. Uni as sobrancelhas com aquele afrontoso.
— Idiota — Candy reclamou.
— Sim. Só pau me agrada mesmo. — Suspirou baixo e retraiu os lábios para não rir de novo, porém, soltou um riso baixo. Candy fez uma careta, e eu neguei com a cabeça rindo um pouco. — Eu me distraí com a pose. Desculpa — respondeu minha pergunta, sorriu de canto. Gostei de ver o sorriso que deu em minha direção, ele aqueceu um pouco o meu peito, mesmo que se apertasse. Podia ter sido o seu tipo um dia, mas hoje não mais.
— Vale nada — resmunguei com um leve sorriso em meus lábios.
Como podia ser atraente até mesmo passando a mão no cabelo daquele jeito? Tudo nele me chamava atenção, e isso chegava a ser surreal as vezes. Não entendia como aquilo podia ser até mesmo real, eu amar tanto meu irmão daquela forma. Nada tinha mudado desde a última vez que meus lábios tocaram os seus, parecia só que havia ficado mais intenso apesar de tudo. Sinceramente não sabia mais como parar aquilo, como parar de amá-lo.
— Nunca disse que valia — falou baixinho, sorrindo um pouquinho cínico. Sorri fraco com o que me respondeu.
— O apartamento em cima da padaria ainda está vago? — perguntei logo mudando de assunto, até porque tínhamos que ficar em algum lugar. Candy fez uma careta.
— Lá é pequeno para vocês. Só tem uma cama — comentou, e eu apenas dei de ombros para aquilo.
— Você se incomoda de dividir a cama, ? — perguntei olhando para meu irmão.
— Só você não me chutar dela, tá tudo certo, Hazza. — Olhei para com um pequeno sorriso em meus lábios gostando do apelido.
— Poxa, já estava pensando se te daria uma bicuda ou um coice — disse em um tom divertido, piscando um olho. Fiquei olhando para por um momento quando piscou seu olho, então abaixei o olhar, pegando uma camisa de botão.
— Você acorda sem coberta. — Devolveu, estreitando os olhos em minha direção.
— Tenta. Você vai ver onde a coberta vai estar enfiada. — Ergui minhas sobrancelhas.
— Tenta. Só tenta. — Apontou para mim, deixando meus olhos estreitados.
— Espera que vou pegar a pipoca para ver essa briga. — Candy colocou pilha, já rindo e olhando para nós dois, esperando a resposta de .
— Sabemos quem vai ganhar essa discussão — disse já se achando, até sorrindo de canto.
— Sabemos. Eu. — Ergui minhas sobrancelhas de forma presunçosas.
— Não. Sabemos que você, no caso, iria perder bem feio. — Fiz um biquinho como se lamentasse minha derrota, mas depois sorriu maldoso.
— É isso que veremos. — Estreitei os olhos em sua direção.
— Coitado. Vai perder tão feio. — Se gabou com aquela vitória como se já contasse com ela.
O olhei de rabo de olho como que dizia que depois veríamos aquilo. Eu o chutaria para fora da cama.
— Vem cá escolher alguma coisa para você. Gostei dessa, acho que te serve — disse para que viesse para perto.
Levantei uma camisa preta com a estampa do Guns, não daria em mim, mas era bem mais magro, certamente caberia. Ele se aproximou, a olhou e balançou a cabeça em concordância, pegando ela. Sorri fraco, parecendo ter gostado mesmo. Ficou segurando ela e foi para a prateleira atrás de mim começando a procurar por mais, ele tinha entendido. Estar ali com ele escolhendo roupas de alguma forma me deixou mais leve.
— Não dá trela para essa folgada, daqui a pouco está te chamando de “meu amor”, aí teremos uma briga — avisei e vi Candy revirando os olhos, e vi me olhando também e forçou outro sorriso engraçado nos lábios. Aquilo me incomodou.
— Ok. Então sem brigas no paraíso, por favor — comentou com o tom leve.
— Ok! Já entendi que você não quer que eu chegue perto dele. — Ergueu as mãos em rendição, e eu fiz um biquinho. — Que paraíso, meu amor? — Candice soltou, me fazendo encará-la, e ela me olhou de volta com as sobrancelhas erguidas.
— Não sei de nada não. — Virei de volta para as roupas.
— Pode chegar sem enfiar a língua na garganta dele. — Deixei bem claro, porque mesmo eu sendo , nunca iria anular os ciúmes que eu sentia do , e não queria que Candy ficasse dando em cima dele, ainda mais na minha frente. Sabia que gostava de mim, mas ela realmente não podia ser um macho que queria pegar. — Eu avisei. Você deu ideia, olha aí. — falei com estreitando meus olhos em sua direção. — Vale bosta nenhuma. Gostou de como ela te chamou? — questionei, pronto para jogar um sapato em sua cabeça dependendo da resposta. Não aguentou e riu um pouco baixo.
— Charlie vai chutar a sua cara se te ouvir falando isso. — Torci o nariz com Candice falando aquilo. — Posso te chamar de meu amor também, . — Fiz uma careta com aquilo.
— Não sabia que você era tão ciumento assim, . — Resolveu brincar, me olhando brevemente com as sobrancelhas erguidas. — Como que ela me chamou mesmo? Repete pra mim. — pediu, segurando a risada e sabendo que poderia ser agredido ali. Umedeci meus lábios, e Candy me olhou com a provocação do meu irmão, querendo rir. Ela adorava ver o circo queimar.
— Ela já me chuta por nada mesmo. — Dei de ombros mexendo nas araras, e até mesmo achando algumas roupas que tinha pegado ali pela primeira vez. — Não, obrigado. — Sai andando procurando por calças. Meu olhar voltou para meu irmão com o que disse. — Você não viu nada. — resmunguei para como se já não soubesse que eu era ciumento, mas tudo bem. — Meu amor — falei para provocar de volta. — Mas nunca será o dela. Uma pena, não é mesmo. — Estalei a língua no celular da boca.
piscou seus olhos rapidamente e parou de me olhar no mesmo momento. Então forçou uma risada. Vi que minha provocação o acertou de um jeito bem ruim, e quis me desculpar com aquilo. Talvez não devesse mais provocar daquela forma. Eu o conhecia, e aquela risada não era autêntica. O olhei em forma de desculpa, sabia que entenderia.
— Eu também não sabia que você era ciumento, . — Candy disse colocando a mão na cintura. — Só porque lhe convém — Candy disse fazendo cara de nojenta, e depois olhou para o . — Mas é você quem decide. — Piscou um olhou para ele. Safada oferecida. Mas tudo bem, pelo menos meu irmão estava rindo, já era válido.
— ‘Meu amor’ já é manjado e cafona demais. Não acho que combina comigo. — Foi o que respondeu em tom de brincadeira, mas também para acabar com aquilo. Pensei em dizer que combinava sim, mas me mantive calado. Ele me olhou de uma forma me pedindo para não me preocupar, mas era impossível.
— Você é sem graça. — Candy deu língua para ele como a boa abusada que era.
— Sou mesmo — concordou com ela, rindo um pouco.
— Você não vai levar essa blusa, ela é horrível. — Apontou para a minha mão onde tinha uma camisa colorida.
— Me obriga. — Rebati em tom de abuso mesmo, então ela me deu o dedo do meio, o que ignorei totalmente. — O pessoal está por aí? Podíamos fazer algo hoje, acho que o vai gostar de conhecer a galera — disse, então olhei para .
— Está todo mundo aqui, não tem muito para onde ir. Vou mandar uma mensagem no grupo. , você gosta de jogos de tabuleiro? Ou prefere vídeo game? Aí a gente já combina o que vamos fazer hoje — perguntou para que sorriu, e ela já foi tirando o celular do bolso e mandar mensagem para o pessoal.
— Jogos de tabuleiro são muito melhores! — pelo menos para o .
— Ótimo! — Candy disse empolgada e saiu andando com seu celular na mão.
Por um momento fiquei olhando escolhendo as roupas, e ele parecia empolgado. Ver aquilo me fez bem, eu queria vê-lo mais daquele jeito.
— Ei, Candy, você tem alguns apetrechos aí? Sabe? De colocar nas roupas e tal? — perguntou curioso.
— Claro. — Saiu correndo e foi para trás do balcão revirando algumas coisas, então começou a colocar caixas em cima dele. sorriu, então ficou animado. — Vem cá. Olha aqui. Isso é tudo que eu tiro das roupas que não dão para aproveitar. Tem uns buttons aqui também. — Se abaixou e voltou com uma lata na mão. Me aproximei curioso junto com meu irmão para ver o que tinha ali.
— Posso levar algumas dessas coisas? — pediu a ela, abrindo um sorriso ainda maior. — Por favor. — Colocou a jaqueta e pegou alguns buttons, colocando onde achava melhor e sorriu de lado.
Então parei um momento ao ver o sorriso de meu irmão vir. Respirei fundo e admirando por um pouco de tempo antes que fosse pego fazendo aquilo, a forma como seus olhos brilhavam. Eu queria muito que aquilo conseguisse salvar ele já que eu mesmo não estava conseguindo fazer aquilo. Achei fofo meu irmão sendo educado.
— Pega o que você quiser. — Candy disse e começou a mexer nas caixas separando alguns. — Olha esses. São bem legais. — Colocou umas tachas coloridas, pratas e pretas sobre o balcão. — Eu tenho uma caixa de botão também. — Soltou toda empolgada se abaixando e pegando uma caixa de plástico grande. — Eu separo por cor. — Então a abriu, e cada quadrado era uma cor. Ele riu um pouco mais.
— Se deixar ela se empolga. Cuidado — avisei, olhando para ambos, contente com a cena. Sorri de leve para , aquilo era algo que não sabia sobre ele, logo quando achei que sabia de tudo.
— Jura? Obrigado! — piscou seus olhos e sorriu um pouco mais, separando algumas coisas. Olhando umas linhas também que tinha em algumas caixas. — Vou precisar de tesoura também. — Retorceu os lábios, ficando bem pensativo no que pretendia fazer. — Caralho, dá pra colocar nas calças — falou sobre as tachas, mostrando a calça preta para ela. Candy olhou com atenção. — Ah não tem problema. Isso é bem maneiro mesmo. — Olhou para mim e apontou para a caixa que ela mostrou. Sorri de leve para . — Isso tá explodindo minha mente — comentou, apontando para tudo aquilo e depois fazendo um movimento na frente da sua cabeça como se explodisse. Eu não conseguia parar de olhar para ele sentindo como meu coração batia tão rápido. O amava tanto que parecia que tinha momentos que aquilo não caberia dentro de meu peito.
— É sim — concordei sobre ser maneiro. Estava satisfeito com ele empolgado também. sorriu de leve com a minha resposta.
— Juro juradinho. — A garota balançou a cabeça. — Tenho uma aqui para te emprestar, mas depois você me devolve. — Pegou uma tesoura embaixo do balcão e colocou junto com as coisas que já tinha separado. — Vai ficar ótima. Você pode jogar cloro nela. Vai ficar uns manchados bem legais. — Sugeriu, já toda empolgada. — Tem umas correntes aqui também. Você gosta? Tem a maior cara de badboy. Vai arrasar com as correntes por aqui. — Ela mexeu em umas gavetas e colocou várias correntes de vários tipos e tamanhos no balcão.
— Valeu! Vou devolver sim, prometo. — Sorriu fechado, vendo-a oferecer mais coisas que o fizeram surtar mais ainda. — Boa ideia do cloro. — Estalou os dedos no ar. — Vi umas camisetas sem estampa alguma, vou pegar também. Você sabe onde vende ou você tem spray colorido? — questionou, ficando pensativo. — Tenho cara de badboy? — riu disso, e eu concordava. — Eu sou quase uma flor. — Acabou soltando um pouco mais a risada, e até eu acabei rindo daquilo. — Vou querer as correntes sim. — Pegou algumas até colocando na frente da calça para ver.
— Vou pegar para você. As latas de spray você vai conseguir na loja de tinta, mas ela já fechou. Amanhã cedo você pode passar lá. — A morena informou enquanto saia pela loja bem louca indo pegar as camisas lisas para . — Pode ser uma flor, mas tem cara de molhador de calcinhas. — Eu normalmente ficaria com ciúmes daquilo, mas foi tão engraçado a forma que falou, que eu acabei rindo, negando com a cabeça. Ele mordeu sua boca, e negou de leve também, mas se aguentou e riu mesmo, estava sendo tão bom vendo aquele sorriso de volta em seus lábios. Me fez até mesmo respirar fundo. — Você tem cara de que adora um buraco molhadinho. — Candy soltou sem a menor vergonha na cara, me tirando mais uma risada daquilo. Meu irmão soltou outra gargalhada.
— Ela sai com cada uma — comentei e olhei para . Não era só calcinha que aquele desgraçado molhava. Ele me olhou e riu baixo.
— Loja de tinta. Perfeito! — fez uma nota mental. — Prefiro molhar cuecas. Mas obrigado, Candy. — Piscou um olho pra mim, ainda naquela brincadeira de ser gay. Gargalhei vendo sorrir. Tinha sido ótimo aquilo. Eu nunca imaginei ouvir aquilo da sua boca. — Gostei dela — disse, parecendo sincero, sorrindo fraco. — Depende do buraco que você tá falando. — Fez um biquinho torto respondendo a garota, mas logo voltou a rir.
— Ela é ótima. Difícil não gostar. — Levantei minimamente os ombros. Concordou comigo com o sorriso amigável nos lábios. — Achei que vocês se dariam bem. Você vai adorar a Charlie. Ela dá literalmente coices — contei sobre a loira encapetada, mas esperava que ela não ficasse me jogando em cima da Candy de novo.
— Já sei que vou rir dos coices — comentou ainda com o semblante leve e curioso.
— Ah, vai rir mesmo. Ela adora me dar coice. — Revirei meus olhos. Charli era legal, mas às vezes tinha vontade de enforcar ela.
— Vou querer até pipoca para ver esses coices em você — respondeu bem animado para ver uma cena daquelas, rindo nasalado.
— Capaz que ela jogue a pipoca na sua cara — contei lembrando do humor da doida.
— Ela é dessas que desperdiça comida? Que coisa feia. — brincou, rindo um pouco.
— Ela não se importa — falei rindo fraco. Às vezes achava até mesmo o humor de Charli parecido com o meu. Ele riu baixo. — Não sabia que você gostava de customizar roupa — mudei de assunto, realmente gostando daquilo. Seu rosto se virou e ficamos nos olhando por alguns segundos.
— Talvez eu saiba — comentou, descendo meus olhos para meu sorriso leve e então voltou olhar as coisas rapidamente.
— Alguma coisa que eu não sabia sobre você — comentei baixinho, aproveitando que Candy não tinha voltado com as camisas ainda.
— Algumas jaquetas minhas não vieram daquele jeito da loja — sussurrou para mim.
— Sério? Pensei que comprava daquele jeito — falei, gostando demais que ele fazia aquilo com as roupas dele.
— Sério sim — respondeu baixinho, lambendo meus lábios os quais acabei encarando sem querer.
— Se ficar legal vai ter que fazer nas minhas também. — Subi meu olhar e sorri de leve.
— Vou pensar no seu caso — respondeu brincando, me empurrando de leve.
Ele olhou para Candy que se aproximou com as camisas, entendendo que não deveríamos estar daquela forma perto dela. Então apenas voltou a separar as coisas que queria como se nada tivesse rolado. Mas senti o olhar dela sobre mim. Merda, não tenha pegado nada, por favor.
— Ok, pensa mesmo. — disse e me afastei para disfarçar, eu tinha sentido que havia olhando para de outro jeito. Droga.
Meu irmão apenas balançou a cabeça. Fui para a parte dos calçados, pegando um par de bota da all star preto.
, tem tênis aqui. Dá para você customizar também — falei mais alto, para que soubesse daquela parte ali. Peguei chinelo também, e fui caçar um casaco e bermuda.
— O que ele é seu? — Candy surgiu do meio de uma arara perguntando em um sussurro. Uni as sobrancelhas.
— Você está parecendo uma velha fofoqueira — reclamei. — É meu amigo. Por que? — perguntei sem me importar que ouvisse.
— Gostei dele — disse e eu fiz um bico.
— Para de me provocar com isso — mandei agora em tom baixo.
— Então fala o que ele é seu! — murmurou toda irritada.
— Já falei. O que você quer que eu fale, demônia?! — reclamei pegando duas bermudas que gostei.
— Você gosta dele. Quero que me fale o que ele é seu. — Travei o maxilar com a sua acusação.
, a Candice está querendo saber o que a gente é. — Soltei para ela passar vergonha e parar com aquela merda. A doida me socou no braço.
— O acordou com o palhaço hoje. — Deu um sorriso amarelo. — Idiota.
virou para nós com um sorriso confuso nos lábios, o cenho franzido.
— Somos amigos — repetiu o que eu tinha dito quase que no mesmo tom de voz, me olhando por alguns míseros segundos.
— Ok. Mas você gosta dele — a morena resmungou e saiu andando, indo arrumar as nossas coisas.
Fui até o balcão deixar algumas coisas ali e procurei meu irmão pela loja, o achando sentado em um banquinho na parte onde ficavam os tênis, onde eu estava antes, ele estava vendo quais sapatos serviam.
— Oi. — falei com ele o conhecendo bem e sabendo que estava com dor ainda por causa daquela bosta de acidente. Peguei um tênis que era seu número e me sentei na sua frente, no chão com as pernas cruzadas. — Prova esse — pedi, já desamarrando o que estava em seu pé, e colocando o outro com cuidado e calma. — O que acha? — perguntei dando um pequeno sorriso e voltando a olhá-lo. — Mais tarde eu posso fazer uma passagem em você... Se quiser — ofereci baixinho só para que ele ouvisse. Queria que ficasse bem, então poderia me esforçar mais para que isso acontecesse. Seus olhos ficaram fixos nos meus.
— Ei — disse ao olhar para cima, mas abaixou a cabeça. — Ficou ótimo. — Sorriu da mesma forma. Sorri fraco para ele gostando de como tinha ficado o tênis e concordando comigo. — Sério mesmo? — perguntei surpreso. — Eu quero e adoraria mesmo. Mas não precisa se forçar a isso. — falou extremamente baixo. Sabia que tinha algo de errado e que estava tentando me esconder às coisas, ele estava com dor.
— Sabe que não vai dar certo esconder nada de mim, né — falei para ele o olhando por alguns segundos. Ele fez um biquinho torto e balançou a cabeça em concordância. — Quer provar outro? Eu pego — ofereci. Segurei seu olhar. — Sim — afirmei sem desviar, eu faria a massagem se quisesse. Puxei o ar de forma pesada, então sorri fechado para ele. — e . Lembra? — disse bem baixinho, olhando para com atenção. — Só precisamos comprar a pomada para que eu faça — avisei, e voltei a desamarrar o seu tênis.
— Sei sim. Você sempre vai saber me ler — murmurou, desviando seus olhos meus. Nós sempre iremos ler um ao outro. Quis pedir para não se esconder, mas tudo bem. Ele podia fazer aquilo quando eu andava fazendo muito o mesmo. — Tá ótimo assim. Não precisa não. — Sorri mais abertamente, e dei um mais. Tínhamos escolhido então um tênis para . Fui pego de surpresa quando seus dedos tocaram meu rosto, e meu ar ficou preso. Meu irmão colocou uma mecha atrás da minha orelha, mas logo percebeu o que houve e se afastou. Precisava parar de me afetar com aquilo, porém eu não tinha muito também o que fazer quando amava demais seus toques. Então afastou sua mão rapidamente ainda olhando para mim. — Desculpa — murmurou bem baixo. — Obrigado, — agradeceu com um sorriso no canto.
— Tudo bem. — disse de forma suave para ele. — Nada, . — Sorri fechado para ele.
— O que vocês estão fofocando? — Candy apareceu rindo com o celular na mão.
— Se fosse para você saber, estaríamos falando alto. — Ergui minhas sobrancelhas. Vi rindo com o fora que dei em Candy. Ela era intrometida tinha hora, e já estava acostumada com meus foras também.
— Olha que lindo, comprou uma ferradura nova. — Rebateu revirando os olhos. — Nós vamos para a casa do Jack. Apareçam lá às 20hs. Eu vou ter que fechar a loja agora e ir na minha avó dar os remédios dela. Aí vou tomar um banho e apareço lá também. — Avisou e eu concordei com a cabeça, vendo que parecia ter sido despertado de seus pensamentos.
— Eu pego a chave do apartamento com o Malaquias na padaria? — perguntei enquanto calçava o tênis em , já amarrando em seguida.
— Sim. Mandei uma mensagem para ele também falando que a margarida tinha aparecido. Ele ficou feliz e disse que você está devendo um mês de aluguel. — Aquilo me fez rir, negando com a cabeça.
— Ok. Eu pago quando chegar lá. — falei e levantei do chão.
— Já anotei o que vocês pegaram, depois me pagam. Coloquei as coisas nas sacolas também. Eu tenho que ir. Mexam rápido esses traseiros gostosos. — Candy começou a bater as mãos como se fôssemos vacas em um rebanho.
Meu irmão riu alto. Acabei rindo fraco, pegando o tênis que tinha provado, e enfiando dentro de uma sacola também, e as levando comigo. Candice pegou sua bolsa e foi conosco até a porta.
— É um prazer te conhecer, . — Deu dois beijos na bochecha dele, e depois me deu um na minha. Achei agradável a forma como meu irmão sorriu quando a morena fez aquilo.
— O prazer foi meu, Candy — riu mais um pouquinho dos beijos dela em seu rosto.
— A gente se vê daqui a pouco. — Então saiu correndo pela rua afora bem louca.
— Vamos. — Acenei com a cabeça para me acompanhar. — Não ria do tamanho do lugar, tá? O nosso quarto é maior do que o apê todo — avisei com meu irmão enquanto andávamos juntos. Ele pegou algumas coisas da minha mão para me ajudar carregar.
— Ah, o não vai se importar em nada com o tamanho do apê. que lute — riu fraco disso.
— Ótimo — falei, o olhando contente sentindo que meu plano poderia dar realmente certo. Era o que precisávamos.
A padaria não era longe. Então logo chegamos. Fui falar com Malaquias e o velho quase me acertou com um saco de pão reclamando que sumi sem falar nada e que também não tinha atendido ao telefone. Me desculpei, e paguei os dois meses de aluguel a ele. O que tinha ficado para trás, e um para frente. Caso fôssemos embora antes, ele não ficaria no prejuízo. Então me entregou a chave e puxei para vir comigo. Subimos uma escada estreita ao lado da padaria, e abri a porta no final dela, dando um chute, porque ela travava sempre. Entrei sentindo como estava quente ali. Acendi a luz. Estava como eu havia deixado. Dei espaço para meu irmão entrar.
— Bem-vindo à nossa humilde residência — falei mordendo de leve o lábio inferior, gesticulando apresentando o lugar que era extremamente simples. O vi entrar e tirar sua jaqueta assim que acendi as luzes. — Pode perguntar o que quiser agora — declarei fechando a porta e colocando as sacolas sobre a cama, e ele fez o mesmo, me olhando e respirando fundo.
— Foi aqui que você ficou naqueles meses. — olhou o apartamento reparando nele, mas não falei nada, apenas deixei. Não respondi sobre sua afirmação. — Você parece leve, bem e... em casa. É diferente e surpreendente pra mim — disse em um tom leve, sentando na cama perto das sacolas. — Você gosta de ser o ?
— Imaginei que acharia isso.— suspirei. — não era completo sem o com ele — contei, porque independente se eu gostava ou não, estar ali sem nunca foi bom. Sempre sentia sua falta e o imaginava comigo. — Todos os dias pensava como seria se estivesse aqui, mas sempre achei que você não aceitaria. Que não ia gostar. Porque aqui não tem nada de parecido com a nossa realidade. — Fiz um pequeno bico o olhando. — Mas agora achei que essa realidade poderia nos fazer bem, porque ela nos leva para longe de tudo que nos puxa para baixo, tipo, nosso pai — confessei, porque sabia que o motivo também de nós sermos daquele jeito era daquele filho da puta. Então me sentei ao seu lado na cama. — Posso ver como estão suas costelas? — pedi, mas não fiz menção de tocá-lo sem que deixasse. Ele sorri de leve, fazendo uma leve careta em seguida.
Gostei da forma como ele sorriu com carinho, já tinha muito tempo que não via aquele tipo de sorriso vindo dele. não falou nada, apenas ficou calado me ouvindo, e agradeci por isso, pois se tivesse me interrompido certamente teria perdido a coragem de falar. Então assentiu.
— Odeio a nossa realidade. — Soltou em voz alta com um tom amargo. — Odeio nosso pai. Odeio a falsidade e as mentiras à nossa volta. — Fechou seus olhos por alguns segundos. — Não me importo com o luxo. Não me importo com meu carro, meu quarto, minhas roupas e nenhum imóvel. Só me importo com você. — Voltou a me olhar e meus olhos pegaram os seus. — O tá completo agora? Com o ? — perguntou baixinho. — Ainda tenho sequelas do acidente — avisou bem baixinho mesmo. Então puxou a blusa para cima e a tirou para que eu visse como estava.
Franzi meus lábios em uma linha reta. Sabia que ele não estava bem. O médico passava as coisas para nós, mas meu irmão fingia que estava tudo bem mesmo sabendo que não precisava fazer aquilo de mim. Meus olhos seguiram os seus movimentos. Me sentei mais perto dele vendo como sua pele ainda estava marcada. Puxei o ar e deixei meus dedos gelados tocarem onde estava marcado.
— Eu também odeio — concordei com ele. Nós podíamos ter dinheiro, mas o karma que nos trazia, eu preferia não ter nada. Fez um bico um pouco triste por ter concordado. — Só me importo contigo também. Por isso que quis te trazer para cá — contei sorrindo fraco para ele, soltando o ar lentamente. Quis abraçá-lo apertado naquele momento. Sorriu fraco, parecendo ter ficado feliz. — Está. A metade dele está aqui — disse baixinho para ele, sem tirar meus olhos dos seus, e seu sorriso ficou maior. Independente se estivesse comigo ou com outra pessoa, sempre seria a minha metade. — Dói aqui? — perguntei pressionando bem de leve.
Porque sabia que se estivesse doendo não precisaria de muita coisa. Ele virou seu rosto para não ver a expressão em meu rosto, sabia que não gostava de falar do acidente e eu também não. Tentei ignorar o fato de sua pele se arrepiar com meu toque, culpando apenas a nossa diferença de temperatura. Ele não sentia nada por mim, meus toques não podiam lhe causar nada de diferente.
— Então tudo está perfeito. — Mordeu sua língua entre aquele sorriso grande. Sorri de volta para meu irmão. — Dói sim — murmurou, parecendo odiar assumir aquilo apenas pelo seu tom de voz. Torci meus lábios, então apertei de leve em outro lugar, vendo seu corpo retrair um pouco. Ok, aquilo não era bom.
— Era isso que eu queria ver de novo. Esse sorriso — contei a ele admirando como ficava lindo daquele jeito. Lembrei da última vez que disse que seu sorriso era meu, aquilo apertou meu coração com força, então apenas segurei as coisas dentro de mim me proibindo aquilo.
— Você sempre vai ser o principal motivo dele. Pelo menos os mais verdadeiros. — deixou sua voz sair baixinha.
Seus olhos ganharam um brilho fazendo meu coração bater mais forte, eu tinha conseguido fazer com que sorrisse daquele jeito especial, e vê-lo daquela forma me preencheu, me aquecendo. Sabia que não podia ficar assim, mas não tinha como controlar. Sorri fraco para , e assenti. Queria ser mesmo de novo o motivo de seus sorrisos.
— Você anda colocando gelo? — perguntei preocupado com aquilo. Meus dedos foram deslizando por sua pele. Eu sentia tanta saudade de tocá-lo. Engoli em seco.
— Você acha que a nossa mãe não anda me obrigando a colocar gelo? — Virou seu rosto para me olhar ao responder aquilo.
— Certo, então eu vou tomar o lugar dela já que não está aqui. Vou colocar gelo para fazer para dar tempo de colocar nisso antes de você dormir — avisei o olhando sério agora. Iria cuidar direito dele como não andava fazendo. Precisava ficar perto de para que melhorasse, talvez vendo ele bem de novo, eu pudesse finalmente me encontrar.
— Ok, mãe. — Levantou os braços, deixando um bico aparecer.
— Me chama de mãe de novo que te jogo em uma vala e nunca mais vão te achar — ameacei fechando a cara como se falasse mesmo sério. Abusadinho mesmo.
— Credo, garoto. Uma vala? — fez uma careta. — Tá assistindo filme de psicopata demais. Devo ficar com medo mesmo? — Olhou em minha direção desconfiado.
— Você não sabe da metade dos assassinatos que passam na minha mente diariamente. — Brinquei dando um sorriso maldoso de lado como se realmente pensasse naquilo, mas tudo o que eu pensava grande parte do meu dia era em mesmo. Ele não saía da minha mente nem por nada, e eu já tinha meio que desistido de não pensar nele.
— Olha... Não duvido nada dos assassinatos na sua mente não — respondeu bem sério, olhando para ele em análise. Então sorriu em diversão por isso.
— Cada assassino digno de serial killer — disse piscando um olho só para ele, rindo fraco e negando com a cabeça. arregalou os olhos como se estivesse impressionado e curioso quanto aos assassinatos.
— Quando for assassinar alguém me chama pra ver. — Piscou seus olhos bem pidão, mas riu baixo. Acabei rindo alto. Nós dois não valemos nada mesmo.
— Pode deixar que chamo sim. Você vai me ajudar. — Pisquei um olho para , sorrindo de lado. Ele soltou uma risada, negando com a cabeça.
— Ajudo sim. Já disse para gente começar com nosso pai essa vida de crime. — Balançou as sobrancelhas em sugestão, rindo mais.
— Fechado. Já temos a nossa primeira vítima. — Sorri para ele, rindo em seguida.
— Perfeito. Depois combinamos como vai ser, tem que ser genial! — disse pensativo sobre o assassinato, batucando meus dedos no seu queixo.
— Com certeza que será. — Pisquei um olho em sua direção com um sorriso de lado como se já estivesse pensando em um plano mirabolante para assassinar nosso odiado pai. — Vou comprar um gel ou uma pomada para passar. Vai aliviar um pouco. — falei voltando ao assunto, me afastando para levantar e ir lá comprar.
— Preciso fazer os exercícios que me mandaram fazer, os alongamentos e toda essa merda. — O ouvi resmungar sobre os conselhos do médico. — Obrigado — sussurrou com a voz falha. Sorri de leve com seu agradecimento.
— Amanhã vamos fazer os exercícios duas vezes por dia. Quando acordarmos e depois a noite. Os alongamentos podemos fazer agora para começar. — Sabia que se fosse para fazer sozinho não faria, exatamente como não estava fazendo como deveria. Iria fazer junto com ele para ajudá-lo a ficar motivado. Queria que ficasse saudável novamente. — Por nada. — disse, e não consegui. Quando levantei da cama, dei um beijo no topo de sua cabeça. — Vai ficar tudo bem — sussurrei e me afastei.
— Consegui um personal trainer para mim mesmo. E quanto vai ser tudo isso? — Brincou, sorrindo de leve. Meu olhar subiu para seu rosto com sua pergunta. — Ei, uma vez por dia acho que é o suficiente. — Estreitei meus olhos com aquilo. — Mas tudo bem, antes de dormir eu coloco. — Por fim assentiu.
— Um sorriso já pagaria tudo — respondi com sinceridade. Assistiu um pouco o sorriso fraco, então respirou fundo e abaixou a cabeça. — Um sorriso verdadeiro — completei. Era tudo o que importava para mim. — Larga de ser preguiçoso. — Belisquei a lateral de sua barriga de leve. Deu um pulinho para o lado e um tapa na minha mão. — Acho bom mesmo — resmunguei. sorriu com o beijo que lhe dei, e quase voltei e lhe dei mais um apenas para vê-lo sorrir novamente.
— Como eu disse você costuma ser o dono desses sorrisos. Então ... — abriu os braços em sinal de que aquele pagamento eu já teria de toda forma. Concordei com a cabeça. — Não estou sendo preguiçoso não — resmungou, bufando em seguida.
Sua resposta me pegou de jeito, apertou meu coração, e meu ar parou por um segundo. Eu queria demais ser dono daqueles sorrisos de novo, mas não podia. Aquilo não podia ser tão difícil assim. Ri fraco com seu pulinho e o tapinha em minha mão.
— Está sim. Preguiçoso e reclamão. — Completei levantando uma sobrancelha. Tentei pegar sua língua que colocou para fora. Afronta dessas!
— Sei que é difícil, mas acredita em mim, por favor — pediu bem baixinho mesmo. Meus olhos se abriram um pouco com o que disse. Às vezes esquecia que sabia me ler tão bem daquela forma sem que nenhuma palavra sequer fosse dita.
— Tudo bem. — Foi tudo o que falei lhe dando um pequeno sorriso para não pensar naquilo também. Sabia que não deveria pensar nas coisas, mas ainda assim era difícil quando a ferida ainda estava aberta, e sangrava. Ele só desviou o olhar e virou seu rosto. — Vai arrumando as coisas. Pode escolher o lado que quer do armário e da cama. — Quis demais dar um beijo em seu ombro naquele momento antes de ir.
— Pode deixar. — Sorriu de leve para mim, pegando sua camisa de novo e a vestiu rapidamente, esboçando uma careta. então se levantou e abriu o armário para poder escolher seu lado. Tirei minha parka e peguei um pouco de dinheiro, colocando no bolso da frente da minha calça e o celular no outro. — Ei — ouvi me chamar antes de sair. — Obrigado por me trazer aqui.
— Tem um lugar onde eu guardo a grana, depois te mostro onde é. Estou no celular, qualquer coisa que precisar da rua só me mandar mensagem que eu posso trazer, tá? — disse e já fui saindo do apartamento, mas parei quando me chamou. — Eu não estava mais conseguindo te salvar, achei que esse lugar conseguiria — contei e saí, fechando aquela porta que sempre enterrava.
— Ok, mostra sim. E caso eu lembre, mando mensagem, sim. — Piscou para mim, voltando a pegar as coisas das sacolas.
Desci as escadas rapidamente e no final dela respirei profundamente. Finalmente parecia que estava melhor. Eu estava feliz com isso apesar de ainda sentir tudo aquilo que me puxava para baixo dentro de mim, me arrastando para o fundo, sem parar. Balancei a cabeça e segui para a farmácia ali perto. Comprei pomada, gel, bolsa térmica para congelar, e uns adesivos para contusão que vinham com remédio para aliviar dor. Na volta parei na padaria e comprei uma fatia de torta de chocolate para e Coca-Cola. Não demorei muito. Entre no apê e sorri de leve para meu irmão.
— Trouxe uma coisa que você vai gostar — avisei e fui até o balcão. Peguei um prato, o lavei e coloquei a torta dentro. Sentia o olhar curioso de em mim. — É a melhor que já comi na vida. — Sorri de leve, e me virei para pegar um garfo, colocando junto com o prato. — Comprei algumas coisas para suas costelas. Acho que pode ajudar — contei e tirei as coisas da sacola. Coloquei a bolsa térmica no freezer. Estava distraído com as coisas quando senti o beijo em sua bochecha e segurei a vontade de virar meu rosto para o mesmo lado do seu. Droga.
— Ah você não fez isso! — respondeu parecendo ter ficado bem feliz. Concordei com a cabeça. Quando coloquei a torta no prato, o sorriso que me deu foi lindo. Então fiquei olhando-o pegar o garfo e comer, e a cara que fez quando provou fez tudo dentro de mim se revirar. Eu sabia que estava olhando daquele jeito, então deixei meu olhar cair para o prato que estava entre nós. Ele fechou seus olhos e soltou um suspiro prolongado. — Puta merda, é mesmo muito gostosa! — encostou de lado no balcão, soltando o ar mais uma vez ao comer mais um pedaço. — Obrigado mesmo por tudo isso. Você é o melhor. — disse baixinho antes de me afastar. Sorri fraco para ele. — Vai me deixar comer esse pedaço todo sozinho mesmo? — pegou um pedaço da torta com o garfo e estendeu na minha direção. Olhei para o garfo com o pedaço de bolo.
— Eu fiz. Achei que você iria gostar — contei. Estava querendo ver meu irmão bem. — Muito. A esposa do Malaquias é uma ótima cozinheira — comentei, pois ela quem tinha me salvado e me ensinado muitas coisas na cozinha nos meses que fiquei morando ali. — Não precisa agradecer. Eu faço qualquer coisa por você. — Não falei nada sobre ser o melhor, porque eu sabia que estava longe de ser. — Não estou com fome, obrigado. Pode comer, trouxe só para você mesmo. — Sorri de novo para ele, que comeu a torta em silêncio. Olhei para comendo a torta parecendo que estava mesmo gostando dela, e isso me distraiu um pouco.
— Só por essa torta imagino que tudo deva ser perfeito mesmo que ela faça — comentou em resposta, lambendo meus lábios. Notei ele abaixar seus olhos assim que o peguei me olhando comer a torta e engoli a seco. sorriu para mim depois do beijo que meu deu. Neguei com a cabeça com o que disse. — Eu não te mereço mesmo. — Retraiu os lábios, negando com a cabeça depois de ter ficado me encarando por alguns segundos. Ele terminou de comer a torta e ouvi meu irmão falar comigo. — Claro. — Uni as sobrancelhas o vendo levando as coisas até a pia e lavando. — Valeu mesmo por isso — agradeceu extremamente baixo, olhando para meu rosto.
— Amanhã eu vou pedir o almoço dela. Você vai ver. Melhor do que aquelas comidas frescas que nossos pais adoram — falei rindo um pouco. — Não fale isso — pedi baixinho sentindo como doeu, porque... Não, eu não ia voltar até lá. Mordi meus lábios com certa força me obrigando a colocar todas as coisas para começar a sair do lugar de volta onde deveria ficar. Eu era a porra de uma bagunça infernal! Ele abaixou a cabeça, deixando o ar ser solto. — Não sabia que você sabia segurar uma esponja. — Zombei rindo um pouco. soltou a risada espirrou água em mim por causa disso. Fechei meus olhos com a água espirrando em mim.
— Aposto que sim. Odeio aquelas gororobas milionárias que eles pedem. Sempre fico com fome depois que como e tenho que roubar comida de madrugada. — lembrou disso. Gostei do jeito que riu, ainda mais a careta que fez, porque foi nostálgico. — Inclusive você também — riu um pouco mais. Fiz uma cara de nojo para as comidas que nossos pais gostavam. Eram péssimas mesmo. — É só a verdade. — Fiquei olhando fixamente para com o que sussurrou. Se ele não me merecia, quem iria merecer? Aquilo fez meu peito doer mais um pouco odiando aquela sensação. — Tudo bem que nem eu sabia que eu sabia — zoei também, rindo mais um pouco. Ri um pouco alto por nem ele saber que sabia segurar uma esponja.
— Eu ia mesmo. Ficava morrendo de fome. — Rolei meus olhos. Adorava também pedir McDonald’s de madrugada depois daqueles jantares horríveis. Sorriu nostálgico. — Você falando isso me machuca — decidi pela primeira vez falar aquilo, quando todas as vezes que eu me feria dizia que estava tudo bem, mas não estava mais, não queria mais ficar sentindo aquilo dentro de mim. me olhou com pesar e dor estampado em seus olhos .
— Já vi até a mamãe comendo escondida. — Negou com a cabeça ao se lembrar disso. — Me perdoa por só te machucar. — Engoliu a seco, voltando a abaixar a cabeça para respirar fundo.
— Ela é maior safada também. Fala que está uma delícia, mas já vi cuspindo tudo em um guardanapo e sorrindo como se estivesse adorando — contei dando uma pequena risada lembrando da nossa mãe. Ela era maravilhosa demais. Ele gargalhou com o que contou sobre nossa mãe e até bateu palmas. — Não quero suas desculpas, nunca quis nenhuma delas. Eu só queria te merecer. Só isso. — As palavras saíram com dor de meu peito, eu não conseguia esconder, era difícil, quase impossível. Mordi meus lábios abaixando a cabeça e segurando com tudo a vontade que senti de chorar naquele momento. Odiava aquele sentimento de agonia me tomando daquela forma.
— Ela é a mulher mais incrível que há no mundo, mesmo! — disse bastante convicto, rindo muito. — , eu sou um bosta. Eu sou a porra de uma merda na vida de qualquer pessoa. Como você quer me merecer? Eu não valho a pena. — Ergui minha cabeça ouvindo sua voz embargada, então o encarei. Meu peito se apertou com extrema força. Olhou para mim enquanto lágrimas escorriam de seus olhos, levando sua mão até meu rosto, alisando meu queixo e depois tocou meu maxilar. Suspirei fraco com seu toque. Não dava para ficar resistindo. — Você é perfeito — sussurrou. Vi ele secar seu rosto com a outra mão, tirando a minha do seu rosto, respirando fundo. Neguei com a cabeça, se fosse perfeito, ele não teria ido embora. Segurou meu rosto quando ele negou e me olhou feio. — Para de ser teimoso e ficar negando. — Apertei de leve sua bochecha e quando o soltei apertei a ponta do seu nariz para quebrar um pouco aquele clima pesado.
— Ela é mesmo. A amo demais. — Era estranho falar em voz alta, mas era verdade. Ela e sempre seriam meus únicos amores. sorriu de um jeito admirado para mim. — Por favor, não chora — pedi, mas segurava minhas lágrimas também. Ele fechou seus olhos e escondeu meu rosto. Não, aquilo estava tudo errado! Não queria que se escondesse de mim, só queria que não se machucasse mais ao ponto de chorar. Então apenas agi sem pensar muito e fui até meu irmão, segurando seu rosto e o levantando, deixando meus polegares secarem sua pele molhada. Por mais que aquilo também me machucasse, vê-lo daquele jeito era bem pior. — Eu não acho isso de você, e não importa o que fale ou faça. Tudo o que quero é merecer você. — Segurei minha vontade de chorar com todas as minhas forças. Precisava ser forte por nós, não podia mais falhar com ele. — Eu sou teimoso mesmo. Fazer o que? — levantei um pouco meus ombros, dando um sorriso de lado. Ri com apertando a ponta do meu nariz daquele jeito fofo. Sentia saudades daquilo.
— Também a amo demais — comentou ainda com o sorriso nos lábios. Fiquei olhando com certa admiração ao falar que também amava a nossa mãe. Foi bonito ver tal coisa. — Desculpa! Desculpa mesmo — pediu baixinho, fungando e engolindo o choro. Ele merecia muito melhor, muito muito melhor do que eu. Merecia o mundo todo e eu não era nem um município.
— Vamos só parar com isso, por favor. — pedi olhando em seus tons segurando o choro que também queria vir. — Em vez de nos desculpar um com o outro, vamos apenas procurar fazer com que tudo fique bem novamente. O que acha? — pedi dando um pequeno sorriso na esperança que aceitasse aquilo. assentiu com a cabeça, realmente parando de chorar agora.
Nós já estávamos ferindo demais um ao outro, não precisávamos continuar nos apunhalando daquela forma. Então peguei o gel que tinha comprado.
— Você pode tirar a camisa, por favor. Quero passar um pouco disso. A moça da farmácia disse que alivia bastante a dor. — Sacudi o frasco na minha mão. O vi tirar a camisa e tentei não olhar para seu corpo, ou sabia que meu desejo de o tocar só ficaria maior, então permaneci encarando seus olhos.
— Valeu mesmo por isso — agradeceu extremamente baixo, olhando para o meu rosto.
— Tudo bem. — Sorri para ele. — Agora me deixa cuidar disso. — Virei e fui me sentar no meio da cama, cruzando minhas pernas. — Vem — chamei batendo no espaço à minha frente. E quando se sentou, coloquei um pouco de gel em minha mão sentindo como era gelado. — Não pula, tá — pedi, porque seria capaz que recuasse por causa de como aquilo era gelado.
— Vou tentar — respondeu de forma leve, virando seu rosto para olhar o gel em minha mão.
Então levei minha mão até seus hematomas e passei no local gentilmente, fazendo mesmo uma passagem até o gel ser absorvido por sua pele ignorando qualquer coisa que pudesse sentir naquele momento. Senti suspirando quando minha mão estava em sua costela, mas não falei nada, certamente era só por causa do gel. Aquela região tinha ficado bem mais quente agora. Levantei e peguei o adesivo de contusão. Ele esticava, então o puxei e colei na maior parte que estava machucado.
— Pronto. — falei deixando minha mão deslizar até sua cintura.
— Obrigado mesmo — agradeceu de novo, de forma rouca agora.
— Por nada. — Sorri fraquinho para ele.
Queria cuidar dele todos os dias da minha vida, fazer com que ficasse bem, que sorrisse novamente. Respirei fundo, e pensei em chegar mais perto para lhe abraçar. Vi seu corpo vindo para trás e minha mão apertou suavemente sua cintura quase o puxando para que suas costas se apoiassem em meu peito, e assim poder abraçá-lo. Mas antes que tomasse a decisão de fazer isso, meu celular vibrou em meu bolso, me fazendo dar um pequeno pulo com um susto. Me afastei e peguei o aparelho, vendo que era Candy falando que tinha separado roupa de cama e banho para nós. Ela havia me emprestado da última vez quando sua avó era compulsiva em comprar coisas do tipo. Sua reação foi se levantar em um pulo. Pegando sua camisa de novo e a vesti. Uni as sobrancelhas com o pulo que deu para fora da cama.
— Não se mova assim! — disse levemente contrariado. Olhei bravo para vendo seus ombros se encolhendo por causa da bronca. — Vai se machucar assim. — Tentei ser mais calmo agora. O vi pegar a água e voltei a atenção para o celular.
— Foi mal. — Fez um biquinho. — Não faço mais — falou mais baixo e voltou sua atenção ao copo de água.
— Toma cuidado — apenas pedi por fim, não queria que se lesionasse por causa de algum movimento brusco.
— Vou tomar sim. — Sorriu de leve para mim, então apenas concordei.
— Teremos roupa de cama de florzinha — falei mostrando as fotos que a morena tinha mandado. — Eu quero a amarela. Você que se vire — soltei em tom divertido.
— Não tem problema. Eu gosto de rosa. — Deu de ombros, sorrindo em diversão.
— Também gosto, mas eu prefiro amarelo — disse me jogando para trás na cama, e parando para pensar um pouco. Eu não queria que houvesse briga entre nós, então quis esclarecer uma coisa. — A Candy tem sentimentos por mim, mas não é recíproco. — Levantei o ombro minimamente fazendo um pequeno bico. — Tentei beijar ela uma vez, mas... — suspirei de forma pesada fechando meus olhos. Vi a forma como ficou quando lhe contei sobre ter beijado a Candy e desviei o olhar brevemente, porque de alguma forma me senti como se tivesse traído ele e agora estava contando a verdade. Foi estranho falar aquilo, mas senti que eu precisava colocar aquilo para fora. — Não deu certo. Não era a Candy quem eu queria beijar, não era ela quem estava na minha cabeça naquele momento — contei ainda de olhos fechados e umedeci meus lábios. — Ela sabe disso, então não insistiu. Disse que não queria metades também. — Abri meus olhos e o encarei. — Mas todo mundo fica falando para a gente ficar, especialmente a Charli. Só que isso nunca vai rolar.
— Por que nunca vai rolar? — perguntou baixinho. — Por que você disse que eu era gay para ela? — O vi se aproximar da cama novamente, se sentando ao meu lado. Franzi o nariz com sua pergunta. — Obrigado por me deixar a par disso tudo. — Pareceu estar sendo sincero naquilo. Concordei com a cabeça com seu agradecimento. — Sei que eu não tenho direito algum de falar nada, esboçar nada e mesmo se você me dissesse que tinha algo com ela, eu tinha que aceitar. — Então desviou seus olhos de mim. — Eu entendo a Candy, é impossível não ter sentimentos por você quando você é incrível, quando você é simplesmente a pessoa mais perfeita que qualquer um de nós poderíamos ter conhecido. — Voltou seus olhos até os meus. Não falei nada sobre o que falou em seguida. Me mantive calado. Porque do que merda adiantava ser aquilo que falava se eu não era capaz de fazê-lo querer ficar comigo, se foi atrás de outra pessoa quando pensei que tínhamos algo. — Vou tentar não surtar por ciúmes. Prometo. — Forçou um sorriso de leve. Levantei meus olhos de forma sutil.
— Porque Candy sabe, assim como eu, que nunca vou ser completo se ficar com ela. Não é dela de quem gosto, e não adianta forçar nada. Sabemos disso. — Mordi meu lábio inferior e olhei para baixo, suspirando. Meu irmão respirou fundo, balançando a cabeça em concordância. — Porque eu sou um babaca que sente ciúmes do que nunca será meu. — Doeu demais falar aquilo, e ainda assim não consegui olhar para meu irmão. Gostava dele, sabia disso, mas não queria mais falar aquilo em voz alta porque me fazia soar como um idiota. franziu seu cenho. — Quem sou eu para falar que você não pode ter ciúmes de algo? — perguntei erguendo minha cabeça. — Você tem o direito de sentir qualquer coisa, — disse o olhando sério. — Te contei isso porque não quero que exista nenhum mal entendido. E eu respondo qualquer coisa que quiser saber.
— Eu sei bem como é forçar algo — murmurou pra si mesmo. — Não fala isso — pediu baixo. — Você não é um babaca. — Levantei meus ombros minimamente sobre falar que eu não era um babaca. Sabia que eu era um, ainda mais pelas coisas que fiz com ele todos esses anos, por todos os meus surtos. — Você tem todo direito do mundo pra me proibir de sentir qualquer coisa. Eu sei que não tenho merda de direito algum — rebateu no mesmo momento. — Quero te falar uma coisa que eu sei que vai ser egoísta, eu sei que vai, e também sei que não tenho moral, não tenho direito mesmo. — Suspirou fraco. Fiquei o encarando esperando pelo que tinha para me dizer. Não sabia nem mais o que esperar, então apenas deixei meus olhos nos seus. — Eu sempre senti o mesmo por você. Você tem todo direito do mundo de não acreditar em minhas palavras, mas é a verdade. Eu sempre fui louco por você, e por causa disso eu... Fiz aquilo com nós dois. Não foi por nunca ser seu, não foi por não sentir o mesmo, não foi por você não ser bom o bastante para me fazer ficar. Não foi nada disso. Eu fui tentar nos braços de outra pessoa porque eu sempre fui apaixonado por você e sempre vou ser. Mas depois de quase sermos pegos na sala de casa pelo nosso pai eu deixei o medo me tomar. — Então suas palavras me pegaram. Eu não conseguia reagir ouvindo meu irmão dizer o que sentia por mim. Parecia surreal, sentia que estava em um dos meus sonhos loucos onde falávamos tudo o que sentimos um pelo outro totalmente lúcidos. Pisquei meus olhos algumas vezes com ele falando que ficou com outra pessoa porque era apaixonado por mim, aquilo não fez sentido. Mas depois o que completou me fez entender melhor as coisas. Não sabia o que falar, sinceramente. — Eu nunca fui dela, eu menti naquela noite. Ela, assim como a Candy, também percebeu que eu era incompleto. Nunca consegui te esquecer por nenhum segundo, nenhum momento. Eu errei com você, errei com ela. Errei com todos. — Ele passou suas mãos em seu rosto. Umedeci meus lábios e abaixei a cabeça. — O não merece outra chance, ele sabe disso — murmurou. Segui ouvindo o que disse. Olhando para minhas mãos agora. — Mas o pode ter uma única chance para lutar por você? — Então voltou a me encarar. Ergui a cabeça com sua pergunta. Eu ainda estava digerindo aquilo tudo que tinha soltado em cima de mim. Sentindo um turbilhão me tomando com força. Meus pensamentos estavam desenfreados demais.
— Não tenho, . Como te proibir de algo se não tem como controlar isso? Ainda mais depois de tudo que já fiz. Seria hipocrisia demais da minha parte — falei com ele dando um longo suspiro. — Você não precisa lutar por nada, porque eu sempre vou ser seu. — Foi o que respondi, fechando os olhos e fazendo um pequeno bico tentando pensar ainda. — Eu preciso de um tempo para pensar em tudo — declarei, abrindo meus olhos e o olhando.
— Porque eu simplesmente não tenho esse direito depois de tudo que te fiz. Eu não tenho direito de sentir ciúmes seu — rebateu. — Me perdoa por ter jogado isso tudo em você. — Fez uma careta de leve. — Espero um dia recuperar sua confiança também. — Soltou o ar, abaixando a cabeça agora.
— Shiu. — Fiz um bico. — Para de pensar no que aconteceu para trás, ok? Não estamos vivendo nele, e sim no presente. Então aqui, hoje, agora, você tem qualquer direito do mundo — rebati, e eu mesmo estava tentando deixar tudo para trás. Meu irmão suspirou pesadamente e por fim assentiu com a cabeça, concordando. — Tanto quanto o podem lutar pelo e pelo — reformulei minha resposta, mesmo que eu já fosse dele. Se queria ver isso com seus próprios olhos, tudo bem poderia lhe mostrar sem problema algum. Seus olhos vieram até os meus e ficaram me encarando de um jeito diferente, como um símbolo de esperança estampado agora em seus orbes . — Não! — soltei rapidamente, e o olhei. — Não se desculpe por isso. Foi bom. Na verdade, foi ótimo. — Lambi meus lábios e segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos, finalmente me permitindo aquele toque novamente. — Eu só não esperava nada disso, sabe. Eu achava que tinham sido outras coisas, tudo mesmo, menos isso que me falou — contei dando um longo suspiro, e fechei meus olhos, sentindo alisar levemente minha mão com seu polegar. — Mas… — ergui minha cabeça. Abri meus olhos, e o olhei com atenção. — Eu acredito em você. De verdade. Não estou falando da boca para fora e nem nada do tipo. Sei que está sendo sincero, e que não falaria nada do tipo apenas porque contei sobre o lance com a Candy e sobre o que eu sinto. — Então voltei a olhar para as nossas mãos, e segurei a dele com mais força. — Eu quero isso de volta, sabe. Poder te tocar e não achar que você pensa que isso é errado. Porém agora, você me disse a verdade, e eu acredito nela. — Sorri fraco e o olhei, vendo um sorriso carinhoso em seus lábios enquanto seus olhos não saiam dos meus. — Obrigado por isso, era o que eu estava precisando — agradeci. Sabia que tinha deixado subentendido o que sentia por ele, mas ainda assim sentia falta das palavras na minha boca. — Estou há muito tempo apaixonado por você, . Tanto tempo que acho que isso não vai passar. — Respirei fundo por ter colocado aquilo para fora, e senti meu corpo todo tremendo de dentro para fora, com medo e nervoso, pois uma parte minha ainda achava que falando aquilo, meu irmão iria embora.
— Vou lutar por você para todo sempre, independente se você for o ou o . Porque eu não consigo ficar com mais ninguém e nem quero — falou mais sério, olhando diretamente dentro dos meus olhos, deixando o que sentia transbordar por eles. Uni as sobrancelhas puxando o ar sentindo como aquilo tinha acabado de bagunçar absolutamente tudo de ver. — Obrigado por acreditar em mim e não precisa agradecer. Deveria ter te falado isso há algum tempo também. — Abriu um pouquinho seu sorriso e deixou o ar sair pesadamente. Apenas assenti. — Espero de verdade que não passe porque… — mordeu seu lábio inferior e apertou nossos dedos. Fiquei o olhando esperando que continuasse enquanto meu coração batia tão rápido que estava prestes a sair pela minha boca. — Eu quero ser seu de verdade. Não como uma promessa feita enquanto estamos completamente bêbados ou chapados. Quero ser seu em todos os momentos. — Mais uma vez eu via sinceridade em seus olhos.
… — eu ia começar a dizer que queria ser dele também, mas a porcaria do celular começou a tocar desviando a minha atenção totalmente. — Inferno — reclamei e olhei para a tela do iPhone vendo que era Candice. Odeie ela naquele momento. — O que foi? — atendi irritado.
— Ops, acho que empatei a foda do casal. — Rolei meus olhos, e levantei da cama. — Anda logo! Já são oito da noite! Estamos esperando você e todo mundo está ansioso para conhecer o seu namoradinho… Digo, . — Aquilo me fez esfregar a mão em meu rosto e jogar meu cabelo para trás.
— Ok, já estamos indo — avisei e antes que ela falasse qualquer gracinha, encerrei a ligação. Voltei e me sentei na cama, ao lado de e então passei os olhos pelo apartamento pensando em guardar minhas roupas para poder pensar um pouco, mas vi que já haviam sido guardadas. Um pouco sem graça agora para voltar no assunto de antes quando tínhamos sido cortados. — Você arrumou tudo — soltei dando um pequeno sorriso de lado. — Obrigado — sussurrei, então apoiei minha cabeça em seu ombro, apenas ficando calado agora, sentindo ainda o que suas palavras estavam fazendo dentro de mim. é apaixonado por mim. Aquilo não parecia ser real.
— Arrumei sim. — respondeu baixinho, sorrindo de lado, mas ainda olhando para baixo. — Por nada. — Respirou fundo, então ele alisou meu cabelo. Fechei meus olhos com seus dedos em meus cachos. — Eu senti sua falta — sussurrou extremamente.
— Eu também senti — sussurrei de volta suspirando bem fraco. — Só você sabe mexer no meu cabelo assim — comentei totalmente relaxado, até esquecendo que Candy tinha acabado de me irritar.
— Olha só, bom saber — respondeu com a voz leve, sem parar com o carinho suave e terno. — Estamos atrasados para algo? — questionou, se afastando um pouco para me olhar. Gemi fraquinho com isso.
— Não, volta aqui. — O puxei para perto de novo, colocando sua mão em meu cabelo para continuar. riu fraquinho e realmente continuou passando seus dedos naquele mesmo carinho de antes. — Queria ficar aqui contigo a noite toda só sentindo seus dedos em meus cachos — confessei dando um suspiro. — O pessoal está nos esperando na casa do Jack.
— Posso ficar fazendo isso quando formos dormir, então? — perguntou em um tom de pedido, e só pelo seu tom eu sabia que ele estava sorrindo. Saber que queria fazer aquilo me deixou feliz. — É muito longe daqui? — seus dedos torciam bem suavemente meu cabelo e sua cabeça se encostou na minha.
— Pode — falei baixinho, sabia que aquela seria a melhor noite que eu não tinha em muito tempo. — Não. Vamos andando. É há dois quarteirões daqui — contei e virei um pouco a minha cabeça, olhando para . — Você está bem para andar um pouco?
— Hm, então dá para ficarmos uns minutinhos assim, não é? — sua voz tinha aquele tom manhoso. — Estou sim. Você está cuidando muito bem de mim. — Sorriu levemente para mim, descendo sua mão do meu cabelo e alisou de leve a lateral do meu rosto. Seus toques sempre iriam acabar comigo.
— Por mim a gente fingia de doido e nem ia mais, porém tenho certeza que Candice vai aparecer aqui e jogar essa porta no chão, e depois bater nela com a gente — contei rindo um pouco, porque ela era nervosa as vezes. — Estou? Finalmente, então — ri fraquinho.
— Apanhar com uma porta não deve ser bom — comentou com humor e riu nasalado. — Você sempre cuidou de mim. Não começa. — Então senti ele apertar minha costela de leve.
— Concordo. — Fiz uma careta. — Shiu. — Levei meu indicador até seus lábios, o passando sobre ele, e rindo um pouquinho. tentou mordê-lo em resposta, rindo também. — Cachorro mesmo. — Apertei sua coxa de leve.
— Bom, você rosna e eu mordo. — Brincou, estalando a língua no céu da boca e ainda usou aquele tom de quem tinha total razão.
— Eu diria que somos um casal perfeito então — ri um pouco mais, e apertei sua coxa de novo em tom de cócegas.
— É claro que somos. — Afirmou, dando um sorriso e apertou minha costela de novo em resposta às minhas cócegas, e dei um pulinho.
— Não faz! Eu não posso revidar! — reclamei fazendo um bico, o qual ele apertou com seus dedos.
— Só porque você me ajudou com essas drogas de machucados, então não vou iniciar uma guerra de cócegas ou nem vou conseguir caminhar para a casa do Jack — respondeu, soltando uma risada e realmente parando com as cócegas.
— Isso aí. Não começa. — Soltei rindo um pouco mais. — Queria ficar mais, porém temos que ir, ou a Candy vai encher o nosso saco. — Fiz uma careta, então me aproximei e dei um beijo em sua bochecha. Eu morria de saudade disso. — Vamos? — perguntei, mas meus lábios ainda tocavam sua pele, me fazendo puxar o ar e depois o soltar em um suspiro.
— Vamos ter todo tempo do mundo para ficarmos assim — sussurrou e senti que ele estava sorrindo abertamente, deixando que seus dedos voltassem para o meu cabelo perto da nuca e ficassem deslizando ali de forma sutil, me deixando arrepiado. — Uhum — respondeu, mas não se afastou e nem tirou sua mão do meu cabelo, apenas senti ele esfregar de leve seu rosto em meus lábios, então o beijei novamente.
— Espero que sim — falei bem baixinho, porque eu queria ficar perto dele sem que ninguém atrapalhasse. — Então levanta — pedi, e como antes não me movi um centímetro sequer para longe de , e dei outro beijo em sua bochecha. Sim, estava me aproveitando só um pouquinho.
— Vamos sim — respondeu com bastante confiança. — Vou levantar. — Mas também não se mexeu, seus dedos apenas subiram mais em meus cachos, onde ele voltou a torcê-los de leve e depois soltar naquele carinho de antes. Céus, ! Uni as sobrancelhas e soltei o ar de forma pesada. — Que saudades dos seus beijos — sussurrou, suspirando baixo.
— Quando você levantar, eu levanto — avisei, mas não querendo que ele se levantasse. Estava bom ali com ele, perto daquele jeito quando tínhamos passado meses sem nem ao menos nos olharmos direito. — Eu morro de saudades dos seus — disse tão baixo, que talvez nem tivesse ouvido.
— Certo. — Balançou a cabeça em concordância, mas não se levantou, continuou o carinho sem intenção de parar. — Ah, … — suspirou e então levou minha mão até seus lábios e senti ele distribuir uns beijos em todo meu dorso e em meus dedos também. Aquilo me pegou de um jeito que me tirou o ar.
— Eu amo quando você é doce também — contei baixinho ainda me recuperando do seu ato, então dei vários beijos em suas bochechas, mas lentos, sem a menor pressa, aproveitando cada segundo de sua pele quente e macia.
— Sério? — perguntou parecendo feliz com isso e deu mais beijinhos em resposta, sorrindo abertamente. — É bom te tocar assim, ficar contigo dessa forma. — Seus olhos vieram até os meus assim que confessou isso.
— Uhum. — E aquilo me fez lembrar que a gente nunca tinha ficado assim, sempre nos tocávamos de forma bruta, chega de luxúria e sem pudor, querendo tomar um ao outro com o pouco tempo que tínhamos. — Nunca achei que deixaria alguém me tocar assim, mas como sempre, contigo tudo é diferente — confessei dando mais um suspiro e outro beijo em sua bochecha.
— É realmente diferente tudo contigo também. Até mesmo a forma como eu respiro muda, as batidas do meu coração, a temperatura da minha pele, a maneira como eu te olho e como eu me sinto com seus olhos em mim… jamais senti isso com ninguém — contou baixinho, extremamente sério. E mais uma vez ele roubou meu ar e tudo dentro de mim, não que ele precisasse fazer isso, porque era tudo dele mesmo.
— Ah, . — Soltei em um suspiro e levei a minha mão até seu rosto, o virando para mim, então passei meu nariz pela lateral do seu, sentindo ele fazer o mesmo em resposta. Eu queria tanto beijar seus lábios mesmo que tivesse pedido um tempo para pensar. — Sei que te pedi um tempo para digerir tudo o que me disse e continua dizendo, mas… — retrai meus lábios, porque eu não sabia como falar, o que fazer mais depois de tudo. Tinha medo de fazer algo errado de novo.
— Talvez eu entenda o que está sentindo — ele sussurrou, descendo seus dedos de meus cachos e agora segurando minha nuca. Uni as sobrancelhas novamente prendendo os lábios em uma linha reta, porque acreditava que me entendia quando ele era o único realmente capaz disso. — Sei que é recente, exatamente tudo que aconteceu, e também entendo que possa estar… inseguro? — torceu de leve seus lábios parecendo procurar um adjetivo melhor. Eu não sabia exatamente como descrever a forma como estava me sentindo quanto tinha um monte de emoções dentro do meu peito uma atropelando a outra. — E se estiver, está tudo bem, não tiro sua razão. Mas eu estou combinando comigo mesmo de não deixar o meu medo me atrapalhar de novo porque te perder não é uma opção. — suspirou pesado e encostou sua testa na minha. E ele tinha total razão. Se eu deixasse o medo de qualquer coisa me tomar agora, seria como se estivesse voltando alguns anos. — Você quer me beijar? Porque se for isso, eu também quero. Céus, você não faz ideia do quanto eu sinto falta dos seus lábios nos meus — contou de maneira sôfrega. Engoli em seco sentindo um frio bem forte na barriga naquele momento, porque foi como se eu quisesse beijar um garoto a primeira vez, e o pior disso tudo, é que nem quando isso aconteceu, me senti dessa forma.
— Só, por favor, me segura. Não me deixa fugir — pedi baixinho e minha outra mão segurou a sua com certa pressão. Eu sentia que a qualquer momento poderia ser jogado para meses atrás, e isso me faria querer desaparecer, mas eu não queria que isso acontecesse novamente. — Eu quero te beijar todo o momento desde que fiz isso pela primeira vez — sussurrei para ele o que era a mais pura verdade. Queria beijá-lo o tempo todo. — Sóbrio, bêbado, chapado… De qualquer jeito, em qualquer estado, eu sempre quero te beijar — confessei da mesma forma que ele.
— Não vou deixar de segurar mais, nunca mais. , eu não vou aceitar te perder, estou falando sério. Não é uma opção, então se você tentar fugir, eu vou ter que te dar uns tapas — contou, sorrindo de leve no final e mordeu seu lábio em seguida. Ri nasalado e concordei com a cabeça, ele podia fazer qualquer coisa, desde que não me deixasse correr e me esconder em qualquer lugar. — Ótimo, porque eu também sempre senti o mesmo e tive muito medo disso. Você sabe… — soltou o ar e rolou seus olhos. Assenti, sabia do seu medo. — Vou querer sempre te beijar também. Mas eu posso esperar o tempo que for, o tempo que você quiser. Sei que vai valer a pena. — Sorriu de leve para mim, se aproximando e beijando minha bochecha.
— Você sempre terá o meu coração, — falei baixinho, então me afastei, o olhando e sorrindo fraco. Eu queria muito beijá-lo, muito mesmo, mas só precisava pensar um pouco antes mesmo que tivesse certeza do que sentia por ele. Tinha muita coisa dentro de mim. Senti meu celular vibrar de novo, e rolei meus olhos. — Vamos, ou eu vou cometer um assassinato — pedi, porque não queria brigar com a Candice, já sabendo que era ela de novo.
— O meu também é seu — ele sussurrou, sorrindo de leve para mim também e então assentiu com a cabeça, realmente se levantando agora.
E nós seríamos sempre assim. Um do outro para sempre. Era o que eu queria acreditar depois de tudo o que aconteceu, porque sentia que se não me agarrasse a isso, não restaria muita coisa de quem um dia já foi. Eu o amava, isso era um fato que não dava mais para ser contestado, e por mais que estivesse vendo que sentia o mesmo por mim, isso ainda doía, porque as coisas não se resolviam assim por mais que eu quisesse. Existia uma ferida aberta e exposta em meu peito por mais que tentasse tampa-la todos os dias, mas sabia que juntos poderíamos dar um jeito naquilo tudo. Havia lhe feito uma promessa desde quando éramos pequenos, não sairia nunca do seu lado, então eu ficaria ali até o fim. Porque ele fazia parte de mim, da minha alma, da minha carne, do meu coração.
Now that it's raining more than ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my umbrela


FIM



Nota das autoras: A continuação é 17. Hate that I love you.

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