Capítulo Único
“Am I asking all these questions for nothing?
I'm wondering if anyone's there
And I really need to make a confession
I hate to say that I'm a little bit scared, yeah”
caminhava de um lado para o outro no backstage do seu próximo concerto. Queria acalmar-se, queria respirar fundo, queria parar de pensar que tudo aquilo era demasiado para ele. Esperavam-no lá fora e o atraso de dez minutos já ia originar várias explicações à sua equipa de gestão. Olhou o telemóvel atirado ao acaso para um dos sofás do pequeno espaço e deixou que um suspiro fugisse pelos seus lábios. tinha razão em muitas coisas. Sempre tivera. Além de ser a sua melhor amiga, era aquela que ele sempre amara e ver os anos passarem e as coisas não evoluírem, era algo tão frustrante como esquecer-se de uma das suas letras em palco.
- , querido, tens mais cinco minutos. – Scarlett, uma das garotas da gestão, espreitou pela porta e informou.
Respirou fundo mais uma vez e concentrou-se no seu trabalho e naquilo que tinha para fazer. Foi o concerto mais longo que alguma vez deu. Ao chegar ao quarto de hotel, correu para o portátil que trouxera consigo e apressou-se a ligar o Skype. Talvez atendesse e ele pudesse, enfim, ver o sorriso dela e sentir que estava tudo bem. A garota ligou a sua câmara. Encontrava-se com o seu pijama preferido em tons de azul e com gatinhos, o seu cabelo apanhado no alto da cabeça e cara de quem precisava de dormir.
- , desculpa. – pediu, assim que se habituou à presença dela mesmo que fosse por aquele meio de comunicação. – Eu…
- Esquece, . Eu é que tenho de pedir desculpa. – ela suspirou e encarou a enorme janela ao seu lado. – É o teu trabalho e eu tenho que compreender.
- Sim, mas tu tens razão. Eu devia bater o pé e não devia deixar que fizessem comigo tudo o que querem.
- Um dia tu aprendes a fazer isso. – ela murmurou. – Deixa lá, não vale a pena estarmos a chorar mais sobre o leite derramado.
- Eu só quero que saibas que eu queria ir. Queria mesmo. Queria estas férias mais do que qualquer outra coisa. Sinto a vossa falta. Muita. A tua principalmente.
- Tudo bem. Eu também sinto a tua falta.
- Eu sei que ainda estás magoada comigo. – suspirou, coçando a nuca.
- Não é isso, . Eu não estou magoada contigo. Já entendi muito bem e há muito tempo que a vida muda, as pessoas mudam, as circunstâncias mudam e que esse é o rumo natural de como tudo ocorre no mundo. Não posso fazer nada para o mudar e, por isso, também não posso deixar que me magoe. – ela disse, finalizando com um encolher de ombros. – Olha, se não te importas, eu tenho mesmo que ir dormir. Amanhã tenho aula cedo e, bem, tu sabes… Tenho que estudar e tudo o resto. Quero mesmo conseguir entrar em Cambridge.
- Sim, claro. Vai lá. Boa noite, . Dorme bem.
- Tu também.
Encerraram a ligação e deixou-se cair na cama. Estava cansado. Arriscava dizer que estava exausto. Ele tinha mudado tanto assim? Estava diferente em quê? Para pior ou melhor? Tinha mesmo esquecido os amigos? Só se lembrava deles de vez em quando? Ele já não era o que brincava e corria, fingindo que, um dia, iria estar exatamente onde estava? Eram tantas perguntas e tão poucas respostas. Ele nem sequer sabia se valia ainda a pena continuar a questionar-se. Não sabia se ainda tinha alguém por perto que continuasse a vê-lo como ele se via, inalterado pela fama apesar do tempo que passava fora. E, ele tinha que admitir, tinha medo. Tinha muito medo de que todos eles estivessem certos. Tinha medo de ter mudado sem se aperceber. Tinha medo de ser um peão num jogo de marketing que ele ainda mal compreendia. Tinha medo de deixar de ser quem era para apenas ser só mais um dos muitos que se deixam levar pela sua nova posição.
, por sua vez, revirava-se na cama sem conseguir dormir. Ela não queria ter sido tão dura com o melhor amigo. Não de todo. Mas ele precisava de acordar. Também ela tinha medo de o perder. Um medo insano que a consumia. Eles tinham crescido juntos, sempre juntos e o facto de ele ter conseguido conquistar o seu sonho, deixava-a feliz por ele e tão orgulhosa que não queria que ele abdicasse do que tinha conseguido por nada. Porém, ela sabia que também não queria que ele perdesse a essência preocupada, leal, compreensiva que sempre tivera. Queria que ele tivesse o mundo mas não queria que ele deixasse de ser o mundo para ela. E era justamente este medo que a fazia agir assim, tal como um mecanismo de autodefesa. Se calhar, se repetisse muitas vezes para si própria que isto era a ordem normal e que ela entendia, isso passasse a ser verdade e não doesse tanto vê-lo seguir o seu caminho tão distinto do dela.
“That I've been on this train too long
People getting off and on
Praying that I don't forget where I belong”
- Não quero saber, Scarlett. Diz-lhes que quero falar com eles. – insistia pela milionésima vez.
- Mas não pode ser assim. Tu não os podes desrespeitar.
- Eu preciso de ir a casa. Preciso de ver os meus amigos. Chega dessa vida de loucura. – o garoto protestava.
Depois de uma noite de sono, tinha ficado compreendido que ele também tinha que ter uma posição em que conseguia exigir os seus próprios direitos. Não podia correr o mundo todo e viver em hóteis a compor sem que lhe dessem, pelo menos, uma semana para rever todos aqueles que tinha deixado na sua antiga vida. Droga, ele nem sequer queria falar em antiga vida! Ele era apenas o . Só isso. Como sempre fora.
- Afinal, o que é que se passa? – a elegante loira sentou-se no sofá em frente a ele, os seus olhos azuis a seguirem os seus movimentos pela sala.
- Eu… Eu estou a perder toda a gente. Toda. Eu não tenho mais capacidades para me sentir assim. Não quero me sentir assim.
- Perder toda a gente? – a expressão facial dela tornou-se confusa. – O que queres dizer com isso, ? Não achas que estás a exagerar?
- Exagerar? Parece-te? Há quanto tempo é que não vou a casa? Há quanto tempo é que não vês um amigo meu por aqui porque me têm dito que eu preciso de me concentrar se quiser manter-me em boas posições nos tops? – o tom de voz dele, apesar de calmo, era incisivo. – Tenho estado nisto há demasiado tempo. Só tenho 18 anos. Preciso de me manter no meu lugar, de saber quais são as minhas raízes e de não as esquecer.
- Mas tu fazes isso. – a outra bufou.
- Não, eu não tenho feito. Eu saiu com quem vocês me dizem para sair, vou para onde vocês me mandam ir. Pergunto-me se eu ainda tenho algum controle na minha vida.
- Mas é claro que tens. – a mulher, na casa dos seus trinta anos, disse, começando a rabiscar nos seus papéis. – Sempre tiveste.
- Que bonita ilusão. Os meus pais sempre me disseram que a vida é como uma viagem de comboios.
- Não é uma…
- Já sei que vais dizer que não é uma ilusão mas deixe-me terminar. Os meus pais sempre me disseram que a vida é como uma viagem de comboios em que existem diversas estações e apeadeiros e que, como em qualquer viagem, nela entram e saem pessoas. Entrei para este comboio que anda constantemente a uma velocidade que me consome. E as pessoas que têm saído são muitas mais do que aquelas que têm entrado. Tenho perdido amigos que tenho há anos simplesmente porque já nem sequer lhes pergunto como estão, porque vivo neste comboio e porque me veem a sair por aí com outras pessoas aparentando ter tempo livre para elas e nunca para eles quando eu só estou a cumprir ordens.
O conflito interno dentro de si era imenso como um enorme furacão que parecia ganhar força de cada vez que se aproximava da costa. Precisava de frear as suas emoções. Tinha ouvido, demasiadas vezes, que a fama era um bilhete de ida sem volta e que a sua vida nunca mais seria a mesma. Ele sabia disso. Tinha a certeza disso. Ele sentia isso na própria pele, experienciava isso na primeira pessoa. A fama levava tanto ou mais do que aquilo que nos dava.
- Tens que te acalmar. Eu vou ver o que posso fazer. – Scarlett falou, erguendo os olhos do papel.
- Faz alguma coisa mesmo, por favor. Estou cansado de pedir todas as noites a uma entidade superior qualquer para, por favor, não me deixar nunca esquecer a onde pertenço.
Ela assentiu levemente com a cabeça e ergueu-se, dirigindo-se à porta.
- Aproveita o teu dia livre. Tens livre acesso à piscina, ao bar, ao restaurante e a todo e qualquer serviço do hotel. Se precisares de mais alguma coisa, basta dizeres. A Camilla vai passar por aqui mais logo e assim tens companhia.
revirou os olhos. Não era que não apreciasse a companhia dela, nada disso. A questão era que, ultimamente, tudo o que queria era que o deixassem trazer os seus antigos amigos, , parte da sua antiga vida. Suspirou e assentiu sabendo que aquela era uma batalha que não podia ser travada apenas num dia e viu a loira abandonar o espaço.
“And every time I ask myself
Am I turning into someone else?
I'm praying that I don't forget just who I am”
Mais uma noite, mais um concerto, mais chamadas perdidas dos seus amigos durante todo o dia. ligou decidido para antes sequer de ligar a alguém da sua família. Não falava com ela há três dias e com a correria agitada dos seus dias, nem sequer tinha conseguido responder às mensagens que ela enviara há dois dias atrás repetindo que precisava dele. Agora que olhava bem para as palavras dela, não podia negar que algo de errado se deveria estar a passar. não era pessoa de ficar a pedir atenção ou de insistir quando alguém não lhe respondia. Nunca fora e sabia que não era agora que esses traços dela iam mudar. Ouviu a ligação chamar e chamar até ir abaixo por não ser atendida e repetiu o mesmo ato cerca de seis vezes. Era impossível que ela já estivesse a dormir e o mais provável é que só o estivesse a fazer pagar na mesma moeda. Merecia que ela não o entendesse e não visse que aquela era a rotina dele? Não, não merecia. Achava até que ela estava a ser infantil por estar a fazer-lhe a mesma coisa. Desistiu e atirou-se para o sofá. Depois de um breve telefonema para casa acabou por começar a jogar um videogame qualquer, esperando que a inquietação passasse. Ele não podia mesmo sentir-se culpado por seguir o seu sonho e se era essa a ideia que tinha com aquela sua atitude, estava tremendamente enganada se achava que ia conseguir. Ninguém se deve sentir culpado por seguir os seus sonhos.
Os dias foram passando e recebeu cada vez menos mensagens, telefonemas ou qualquer outro tipo de contacto por parte dos seus amigos. permanecia no seu silêncio e continuava a considerar que ela não ia parar de estar a fazer aquela tremenda fita para provar algum estúpido ponto. Teimosa como ele sabia que ela podia ser, obstinada como mais ninguém que ele conhecia, persistia naquela atitude de não atender, de não falar, de não querer saber. ligava para casa mais vezes e durante minutos mais longos, esperando aproximar-se da normalidade do seu lar, da sua cidade, das suas gentes. A mãe também não sabia nada da melhor amiga do rapaz. Os pais dela tinham deixado de lhes falar tão depressa como deixara de aparecer na vida de e, apesar da proximidade da residência de ambas as famílias, os pais dele não queriam intrometer-se num assunto que sabiam que o mais provável era que em nada se relacionasse com eles.
“I really wanna understand
I just wanna understand”
Um mês se passou sem que nenhuma notícia fosse dada. encontrava-se, invariavelmente, em mais um quarto de hotel. Scarlett informara-o de que, mais uma vez, Camilla iria estar com ele para passarem algum tempo juntos. Nada mudava e, no fundo, tudo estava diferente. Suspirou assim que ouviu a garota bater à porta do seu quarto e levantou-se para a abrir.
- Então, como vão as coisas por aqui? – ela perguntou assim que se sentou no enorme e confortável sofá depois de se terem cumprimentado. – Não estás com boa cara…
- Aqui está tudo igual ao que tu já conheces.
- Ainda com saudades de casa?
- Imensas.
- Deixa-te disso, . Tu tens que aproveitar mais a tua vida. Tens mesmo. – Camilla comentou, encolhendo os ombros com despreocupação. – Foi-te dada uma oportunidade que muitos querem e poucos têm. Não a deites ir pela birra de uma menina que se fosse a tua melhor amiga, com certeza deveria compreender.
- Tu não estás a perceber… Ela não é assim. – retrucou num murmúrio. – A , ela… Ela até podia ter-me dado a provar um gostinho daquilo que eu a estava a fazer passar durante uns dias mas isso duraria umas semanas no máximo. Não um mês. E certamente que os pais dela ainda falariam com os meus.
- E os teus outros amigos? Ninguém te diz nada?
- Eu só falo com o Bill e o James e eles são os dois bem claros quanto ao assunto.
- Queres dizer o quê com isso?
- Eles prometeram à que não me iriam contar nada e não contam. Não os vou forçá-los a quebrar uma promessa.
- Então, não tens outro remédio que não seja deixares-te disso.
- Eu quero compreender. Eu só quero compreender.
“I'm calling all my friends after midnight, yeah
To remind 'em that I'll always be there for them
It gets lonely when there's no one to talk to
But it's good to know that somebody cares”
Mais uma semana passara. Concertos e gravações, entrevistas sem fim, gravações de um vídeo. A vida permanecia preenchida e agitada. As horas a que lhe permitiam que dormisse eram escassas e quase vergonhosas. sabia que era o preço a pagar, estava perfeitamente consciente disso. Como já vinha sendo hábito, ligou para os dois amigos que sabia que atenderiam. Bill atendeu uns segundos após o primeiro sinal.
- Então, estás bem? – perguntou-lhe depois dos cumprimentos habituais.
- Vai-se andando. As últimas provas estão a dar cabo de mim, sabes como é. – Bill confessou. – Nunca fui muito adepto dos estudos.
- Já sabes o que vais fazer quando acabares?
- Recebi uma bolsa pelo desporto da escola, sabes? Acho que vou tirar contabilidade enquanto jogo em Ottawa.
- Para isso tens que estudar imenso. – gargalhou ao ouvir o curso que o amigo queria fazer.
- Yeah, eu sei. Muitos números, contas, só matemática… Mas alguém precisa de ficar a gerir a empresa do meu pai um dia mais tarde. Alguém da família.
- Claro. E a ? Como está? Já sei que não me podes dizer os motivos de ela não falar para mim.
- Ela vai estando bem. Tirando o que…
- O que o quê? O que aconteceu?
- Desculpa. Não posso falar nisso. – Bill soou bastante atrapalhado do outro lado da linha. – Mas ela está bem. Recebeu propostas de várias Universidades.
- Alguma notícia de Cambridge?
- Sabes bem que sim. – o outro informou, fazendo com que sorrisse involuntáriamente. A melhor amiga também estava a conseguir realizar o seu sonho. Isso era tudo.
A madrugada já ia avançada enquanto eles continuavam a conversar sobre tudo e sobre nada. Era bom quando isto acontecia. queria que eles soubessem que estava ali para eles, apesar de tudo. Apesar do tempo, da distância, da rotina que parecia consumir cada pedaço da sua vida. Queria que os amigos soubessem que ele ainda era a mesma pessoa. Não dissera nada acerca do assunto mas conseguira, finalmente, férias para poder estar presente na graduação dos amigos. Ia vê-los acabar aquilo que tinham começado juntos. Por um lado, ainda achava que tinha exagerado com ele mas queria mostrar-lhe que ele não se esquecia das suas origens. Já desistira dos telefonemas tardios, dos e-mails, das mensagens… Desistira de falar com ela. Pessoalmente, olhos nos olhos, talvez fosse capaz de lhe dizer tudo aquilo que queria. Talvez ela o ouvisse. Talvez ela entendesse que ele não tinha culpa de tudo aquilo.
Sentia-se bastante sozinho. Ultimamente, dava por si a desejar falar com alguém. Alguém que o entendesse verdadeiramente e não que apenas o ouvisse. Respirou fundo e pegou no telemóvel novamente, já pronto para dormir. Entrou no instagram e procurou a conta dela. Estivera bastante tempo sem postar qualquer coisa mas, naquela semana, ali estava a fotografia que lhe vinha a tirar o sono. sorria timidamente, um sorriso que sabia que não chegava aos seus olhos, abraçada por Mark, o capitão da equipe de futebol da escola. O seu estômago rugiu em fúria perante aquela imagem. A forma como Mark a abraçava, revelando uma certa intimidade, revelando que ele o podia fazer. estava mais distante dela do que nunca. Já não se falavam fazia longas semanas, ele não tinha ideia do que acontecia na vida dela e tudo podia ser classificado de pesadelo. Ela sempre fora o “e se…” da vida dele. Eram melhores amigos, eram mais do que isso. era a pessoa com quem ele sempre achara que ia ficar e vê-la com outra pessoa numa altura em que nem sequer se falavam, fazia-o ponderar acerca da hipótese de ser substituível na vida dela quando não havia ninguém que pudesse preencher o lugar dela. Bill e James ouviam-no com atenção qunado ele comentava estas coisas. James chegara a dizer que até ele achara sempre que e eram aquele casal que ficaria junto um dia. Enganara-se, tal como ele. Errados. Completamente, totalmente errados. Apesar de tudo isto, a presença destes dois amigos era mais do que podia desejar. Era bom sentir que, mesmo com tudo o que estava a acontecer, eles permaneciam, preocupavam-se, queriam saber dele e das rotinas que ele tinha sem sequer mostrarem uma pontinha de inveja.
“Cause we all get lost sometimes, yeah
Yeah we all get lost sometimes
But don't leave your heart behind
Cause we all get lost sometimes”
O carro parou, por fim, na porta de sua casa. Os seus pais não sabiam que ele ia para casa e queria surpreendê-los. Era hora do jantar e ele sabia, olhando o relógio, que os pais deviam encontrar-se juntos à mesa com a sua irmã, partilhando o seu dia um com o outro, os problemas, as dores de cabeça. Fora assim toda a vida e ele sabia que existiam coisas que não mudavam. Lembrava-se de se sentar depois dos trabalhos de casa já feitos e de contar como tinha sido o seu dia na escola. A maior parte das memórias incluíam , a menina extrovertida com que ele crescera. . A mera menção do nome dela era suficiente para que ele se sentisse abalado e com receio do que ia encontrar quando conversassem os dois. A menina tinha postado mais uma foto com Mark e ele não queria pensar na possibilidade de as coisas entre os dois serem mais sérias do que aquilo de que ele gostaria.
Tocou à campainha e deixou-se ficar à espera na soleira da porta até que a mãe veio abrir. Usava um avental azul na cintura e arregalou os olhos quando o viu, não acreditando na surpresa e lançando-lhe rapidamente os braços ao pescoço, puxando-o para um abraço apertado daqueles abraços que só uma mãe sabe dar.
- Manel! Vem cá! – chamou num tom de voz entusiasmado que emanava felicidade.
- Que foi, mulher? – o pai apareceu na porta com um ar preocupado que logo foi substituído pelo maior dos sorrisos. – Filho! Estás cá!
A sua irmã acabou por aparecer também com um sorriso enorme estampado no bonito rosto sabendo que era o irmão mais velho que tinha voltado para casa. A alegria de o reverem era quase palpável e, durante o seu percurso, ele podia distrair-se e não ligar tanto como devia mas, no fundo, não havia nada como regressar a casa.
~
caminhou pela rua que conduzia a casa de . A noite estava calma e amena, as estrelas viam-se no céu e ele tentava em vão que todo aquele cenário o acalmasse. Não se lembrava de ouvir a voz da amiga. Não se lembrava de a ouvir rir. Não se lembrava de a ver rolar os olhos naquela expressão tão dela e de sacudir o cabelo para trás com uma pose quase régia. Ele sentia falta dela. Muita. Avistou a casa de paredes brancas no final do quarteirão. A luz da sala estava acesa e projetava-se através da enorme janela de portadas brancas. Era agora. Ele ia finalmente fazer com que tudo se resolvesse. Eles podiam voltar a ser o par que sempre tinham sido. O carro do pai dela não se encontrava no seu lugar habitual parado à porta da garagem. Talvez já o tivesse arrumado. A casota do seu enorme collie estava vazia e ele devia também encontrar-se no interior. respirou fundo e bateu à porta. Os minutos pareciam não passar enquanto ele fixava os pés com medo de desviar o olhar até para as árvores do jardim. O som da porta a ser aberta fez o seu coração disparar e as suas pernas tremerem. Ele era capaz de se apresentar perante centenas ou milhares de pessoas, porém, na hora de resolver um problema com ela, a garota que conhecera toda a vida, parecia um miúdo a bater à porta do primeiro amor. O que, pensando bem, não estava longe da verdade.
abriu a porta. Ainda vestia a roupa que levara para a escola e ele nunca tinha visto ninguém tão bonito na sua vida. Os seus cabelos estavam apanhados no alto da cabeça de forma desleixada, uma leve maquilhagem cobria os seus olhos surpresos, os seus lábios tinham um tom rosado igual a mais nenhum. O seu vestidinho florido dava-lhe um ar de menina inocente mas o ar duro com que ela o olhou denunciava a mulher em que ela se estava a tornar. Ele amava tudo nela. Até o simples franzir de olho magoado que ela ostentava naquele instante.
- O que estás a fazer aqui? – ela perguntou, tentando soar fria.
- Eu… Eu… - balbuciou. – Vim ver-te. Não temos nos falado e eu… Eu sinto a tua falta, .
- Entra. Não quero ser falada porque tenho uma superstar parada à porta de casa. – ela murmurou, dando-lhe espaço para que entrasse.
Rocky, o cão dela, correu de encontro a ele, ladrando e abanando a cauda farfalhuda.
- Então, amigo, como estás? – baixou-se, afagando as orelhas do animal. – Também tive saudades tuas.
deixou-se ficar encostada na parede, os braços cruzados sobre o tronco num gesto de clara proteção. Não queria acreditar que ele estava realmente ali. Tinha finalmente parado de dar valor apenas à sua carreira? Será que percebera aquilo que estava a perder ao seu redor? ergueu-se e encarou-a de frente, mais calmo com a familiaridade do local.
- Acho que precisamos de conversar, não concordas?
- Não sei se temos muito para conversar, .
- Estás a brincar? Há séculos que não nos falamos. Nunca mais atendeste as minhas chamadas, não respondeste às minhas mensagens e estás a dizer-me que não sabes se temos muito para conversar? – ele perguntou abismado com a resposta que ela lhe dera.
- Eu… Eu sei que nunca mais nos falamos mas é… É justamente porque não temos nada para falar.
- Então nem me vais contar o que aconteceu para ficares assim? – ao vê-la silenciosa continuou. – Não vais dizer-me o que se passou para nem o Bill nem o James me poderem dizer o que aconteceu?
- Olha, . Eu entendo. Entendo mesmo. Sei que a maior parte das vezes em que disse que entendia era, na verdade, para chegar um dia em que eu iria realmente entender o que se estava a passar na tua vida. – ela falou quase sem parar para respirar. – E esse dia chegou. E eu entendo. Tu tens uma vida muito diferente da minha. Tão diferente que não podes atender o telemóvel. Tão diferente que não podias ter enviado uma mensagem a perguntar o que tinha acontecido comigo… - uma pequena lágrima rolou pela sua face apesar de as tentar conter a todo o custo. – Engoli o meu orgulho e disse-te que precisava de ti, . Tu sabes como eu não sou nada de fazer essas coisas.
- Eu sei. Eu sei que devia ter respondido.
- Mas não o fizeste.
- Eu fiz.
- Demasiado tarde.
- Quando consegui.
- Vais-me dizer que durante aquele dia todo não tiveste cinco minutos? Tens que ter tido, .
- Eu vou ser honesto contigo… Para que mentiria? É provável que eu tenha tido tempo e que não tenha reparado no telemóvel. Acontece-me. Eu ando sempre a correr e quando páro, muitas vezes, quero só sentar-me sem ouvir ninguém. Só eu, o meu silêncio e a minha calma. Desculpa.
- Precisava realmente de ti. Acho que precisas de entender isso. Falhaste-me. Eu fiquei magoada. Naquele dia, eu fiquei magoada com tudo e eu só precisava do meu melhor amigo e do rapaz que amei durante toda a minha vida. – calou-se abruptamente percebendo que tinha falado demasiado.
- O rapaz que tu…
- Esquece. Esquece isso. Nem sequer é esse o ponto. Naquele dia descobri que o meu pai traiu a minha mãe. Encontrei-o em casa. Aqui em casa, entendes? Eu tinha que decidir se contava ou deixava que o casamento deles continuasse a ilusão perfeita que sempre foi e eu… Eu precisava que tu tivesses atendido. Eu precisava que tu tivesses estado lá para mim, mesmo que longe. E eu queria dizer que compreendo. Raios como eu só queria compreender. Queria muito. Queria mais do que tudo. Mas eu não consigo. – falava incisiva. – Eu desejava sempre que tu não te esquecesses de quem eu sou. Constantemente. Desejava que a nossa amizade nunca sumisse mas a vida não é assim. Não é como eu quero. Nunca foi e eu simplesmente tenho que deixar de precisar de ti porque tu… Tu não vais estar aqui. Tu não vais dizer-me que vai ficar tudo bem. Tu não vais atender o telemóvel porque a tua vida é cheia e corrida, a tua agenda não pára. Tu não vais abraçar-me com força porque estás a quilómetros de distância. E eu? Eu não vou aguentar.
- , eu… Eu não sabia. Não tinha como saber.
- Tu tinhas como saber, . Mas a tua vida não te permite prestar atenção a quem está na tua vida mas longe.
- Toda a gente erra. Toda a gente falha. Toda a gente se perde, . – ele protestou, cansado e sentindo a culpa consumi-lo. Sabia que a vida familiar da amiga sempre fora de contos de fada. Os seus pais tinham uma relação que parecia incrível, ela crescera a acreditar no amor para sempre, nas relações que resultam, nos lares felizes e sem problemas porque sempre vivera assim. Agora, vira isso tudo destruído. Tudo. Tudo aquilo que sempre tivera a certeza de saber. Isso devia doer como o inferno e ele não estivera lá. – Eu sei que toda a gente se perde. Desculpa.
- Está na hora de ires, . Nós… não temos mais nada para dizer um ao outro que já não tenhamos dito. – ela caminhou até à porta e abriu-a deixando a brisa noturna entrar lembrando-os de que a vida tinha seguido para lá daquelas quatro paredes. – E eu também sei que toda a gente se perde. Tenta só não deixar o teu coração para trás. Porque toda a gente se perde mas nem toda a gente deixa aquilo que lhe faz bem, aquilo que o torna quem é para trás.
- …
- Desculpa, . Eu preciso disto. Eu preciso de me habituar a viver sem ti.
- Eu entendo. Espero que um dia ainda me perdoes por ter falhado.
depositou um beijo na testa de que fechou os olhos ao sentir os lábios dele e suspirou cansada e triste com toda aquela situação. Porém, ela precisava disso. Precisava de aprender a estar sem ele.
~
olhou as suas mensagens. Mark insistia para que ela se encontrasse com ele. “Toda a gente se perde.”… Sim, toda a gente se perdia e era exatamente assim que ela se encontrava: perdida. O que é que ela fazia com ele? Nunca sequer se interessara pela maneira de ele ser, nunca nada a fizera querer ir num encontro com ele. Porquê agora? A resposta apareceu clara na sua mente como uma epifania. Não, ela não podia ir ao baile de formatura com ele. Ela ia sozinha. Ia com os amigos. Ia ser feliz sem ter esses problemas a estragarem tudo. Não era justo. Não era com ele que queria ir. Nunca fora. Desde pequena que tinha imaginado aquele momento com . Tinha planeado tudo até ao mais ínfimo pormenor e, agora, sabia que não podia ser como sempre tinha sonhado mas também sabia que não podia deixar que fosse com uma pessoa que não a fazia sentir nada.
O resto da semana passou a voar. Tinham informado de que ainda teria mais um mês de férias para compensar todos os outros que não lhe deram. Scarlett tinha conseguido compensar o trabalho do jovem com as merecidas férias de que ele tanto precisava. Contrariamente ao que seria esperado, a notícia não foi recebida com alegria. planeava voltar para a América rapidamente para não estar por perto do baile a que imaginava que fosse com Mark e ao qual ele sempre acreditaria que a levaria.
- Filho? – Karen pediu permissão para entrar no quarto e sorriu para a mãe tirando os phones e sentando-se na cama. – A Scarlett disse-me agora que, afinal, tu tens mais um mês de férias.
-É verdade… - ele respondeu. Não tinha falado do assunto aos pais pois precisava mesmo de ir embora.
- Então, por que motivo fizeste as malas e marcaste voo? – a mãe sentou-se na ponta da cama dele, olhando-o preocupada e pressentindo que aquilo se relacionava com a ausência de .
- Eu… Eu não consigo estar aqui.
- Aqui? Em casa?
- Aqui, mãe. Eu não consigo saber que vai haver o baile e que…
- E que a vai com outra pessoa. – a progenitora completou calmamente, abraçando-o de seguida.
- Isso, mãe. Desculpa. – murmurou. – Eu volto para a semana. Prometo.
- Filho, eu sei que é difícil compreender esta tua nova vida. Eu sei que tens medo de mudar e de já não saberes quem és. Uma mãe sabe sempre tudo. Mas, olha o que te digo já que te conheço melhor do que ninguém… Fugir dos problemas, nunca foi uma coisa tua. Se não mudaste mais nada, porquê mudar isso?
Dito isto, a mulher deixou o quarto depois de dar um leve abraço ao seu filho e um beijo terno no alto da sua cabeça, fechando a porta atrás de si e deixando-o entregue aos seus pensamentos.
chegou ao baile sozinha. Estava contente com aquela decisão. Na porta, James, Bill e Catherine – os seus amigos de sempre – esperavam-na. Era uma noite diferente daquela que ela imaginara mas era a noite deles. A noite em que celebravam tudo o que tinham conquistado, os anos em que viveram juntos, o futuro que os esperava. Já não acreditava tanto em laços que os unissem para sempre, no entanto, naquela noite, não ia pensar em nada daquilo.
Era o típico baile de finalistas. Pares por todo o lado em momentos românticos, música alta, o rei e a rainha já nomeados… O ponche tinha sido batizado com álcool pelos jogadores da equipa de futebol e Mr. Carlson, o funcionário responsável, fingira não ver o que os seus alunos crescidos e que agora deixavam aquela escolad de vez tinham feito. As gargalhadas, os discursos bonitos sobre permanecerem sempre juntos, as decorações pomposas e as fotografias infindáveis. A Diretora acabou por os silenciar quando subiu ao palco e pediu a palavra.
- Meus caros e minhas caras alunas, foi tão bom ver-vos crescer durante estes anos. Se foi fácil? Não. Existiram muitas alturas em que os castigos não me pareceram suficientes para as dores de cabeça que vocês me dão mas os momentos felizes foram muitos mais, confesso. – ela disse, enxugando as suas lágrimas. – Temos entre nós alunos que entraram nas melhores Universidades do mundo e isso é uma honra para a nossa Escola. Sejam todos muito felizes. Sempre. E nunca se esqueçam das amizades que fizeram aqui. Levem-nas para a vida. Agora, pela primeira vez, quero chamar ao palco um convidado especial que todos vocês conhecem. , podes entrar, meu querido.
Um aplauso estourou no pavilhão. James e Bill assobiaram felizes. Não esperavam por aquilo mas, agora, pensando no amigo que tinham, era tão a cara dele querer marcar o dia deles de forma especial que seria insano ter imaginado que ele simplesmente ia ignorar um momento tão importante na vida deles. Catherine olhou a amiga preocupada. Os olhos de não largaram o palco ao ver o seu melhor amigo subir com o fato que ela sempre imaginara, a gravata a condizer com o seu vestido azul turquesa. Ele não se esquecera.
- Boa noite a todos! É ótimo estar aqui para vocês esta noite. Quero dedicar esta atuação a todos os finalistas! Parabéns! Vocês conseguiram e eu tenho a certeza que vos espera um futuro maravilhoso.
cantou umas três músicas até que chegou à última que cantaria naquela noite.
- Eu tenho falhado com algumas pessoas que são bastante importantes para mim. Tenho errado. Vacilei e isso, além de me ter feito pensar, serviu de inspiração para uma música que vos quero apresentar pela primeira vez aqui esta noite. O nome é “Understand” e eu quero dedicá-la a todos os meus amigos, especialmente aos meus melhores amigos e a uma pessoa especial que me disse, um dia, que todos nos perdíamos por vezes mas que o mais importante era não deixarmos que nesses momentos o nosso coração ficasse para trás. – sorriu para que o olhava extasiada e recebia pancadinhas de Catherine nas costas.
A música começou e expôs tudo o que sentia através da melodia que completara na noite anterior quando, finalmente, decidiu que não ia a lado nenhum e que ia estar ali pelos amigos.
“I really wanna understand
I just gotta understand, yeah
No I just need to, I need to understand
I really wanna understand, oh who I am”
Parou de cantar e continuou a tocar. Tinha preparado um discurso para ficar no meio da sua música. Um discurso que queria, mais do que tudo, que ouvisse. Porque ele queria compreender. Ele precisava de compreender. Contudo, ela também precisava de entender que ele não ia mudar quem tinha sido e que ela fazia parte da vida dele. Sempre fizera.
When you wake up (Quando acordas)
Your whole world's flipped (Todo o teu mundo está revirado)
It's just different and you gotta, you know (Está apenas diferentes e tu tens, tu sabes)
You gotta, you gotta go with it and (Tu tens, tu tens de ir com isto e)
That's just simply growing up (Isso é apenas crescer)
And not see it in a negative way (E não de uma maneira negativa)
You have to see it as it's been given to you (Tu tens que ver isto como se te tivesse sido dado)
I mean, as much as times can be crazy (Quero dizer, por mais que por vezes possa ser louco)
You're gonna feel like that's where you're supposed to be (Tu tens que sentir que é onde é suposto estares)
You're not gonna feel out of place anymore (Não te vais sentir mais for a do lugar)
You're gonna feel like that's where you are meant to be (Vais sentir que é onde tens de estar)
You don't have to pretend that it's easy all the time (Não tens que finger que é fácil todo o tempo)
You just let it go and, and grow with it (Tu só deixas ir e crescer com isso)
And you can't hold on (E tu não podes ficar preso)
To the old you (Ao teu antigoeu)
Or the old this (Ou ao antigoisto)
Or the old that (Ou ao antigo aquilo)
Because you know you change (Porque tu sabes que mudaste)
And it's not changing in a bad way (E não é mudar num mau sentido)
It's just changing (É apenas mudar)
Because that's what happens in life (Porque é o que acontece na vida)
You grow up (Tu cresces)
Everyone moves on (Todos seguem em frente)
You're just learning (Tu só estás a aprender)
You stay true to yourself (Tu continuas fiel a ti mesmo)
Changing isn't a bad thing (Mudar não é algo mau)
It never was (Nunca foi)
But at the end of the day, you know (Mas no final do dia, tu sabes)
You're the same person (Tués a mesma pessoa)
And, and where your heart is (E, e onde o teu coração está)
That doesn't change (Isso não vai mudar)
A música chegou ao fim sem que desviasse os olhos de . Os desta encontravam-se cheios de lágrimas que deixava escorregar pela sua cara livres sem que isso borrasse a sua maquilhagem. estava perfeita. Sempre estivera. Sempre fora. E ele era tão apaixonado por ela que não podia dar-se nunca mais ao luxo de a perder, de perder a melhor amiga, de perder a única pessoa que sempre sentira que o compreendia melhor do que ninguém, a pessoa com quem se sentia mais confortável.
Desceu do palco e aproximou-se da amiga, segurando as mãos dela e trazendo o seu corpo para perto.
- Estou perdoado?
Ela fungou, ainda sem o olhar e ele levantou o seu queixo suavemente. Os olhos dela estavam brilhantes devido ao choro. sentira cada palavra que ele tinha dito. Tinha ficado magoada com , sim. Tinha sido injusta com ele, também era verdade. E, no entanto, ainda melhor do que aquilo com que sonhara, ali estava ele. O mesmo fato que tinham planeado há anos atrás, a mesma cor, até as mesmas flores. Tudo estava em ordem. O vestido dela. Tudo. A diferença dos sonhos para a realidade, a diferença que tornava tudo melhor, é que os dois tinham crescido. Tinham experimentado a vida de formas bastante distintas e, ainda assim, agora, mais do que em qualquer outro momento, tinham a certeza de que os seus lugares eram um com o outro. Sempre. Era ali que pertenciam. Porque o coração não mudava por mais que os dias não fossem os mesmos, por mais que a distância imperasse. O coração seria sempre fiel e inabalável naquilo que sentia e ao lugar a que pertencia.
- Claro que estás. – ela disse, abraçando-o com força e escondendo o rosto no seu peito. Inalou profundamente o perfume dele.
voltou a erguer o queixo dela e murmurou:
- Lembraste de dizeres que eu sou o rapaz que sempre amaste? Eu queria dizer que… Também nunca houve mais ninguém para mim. Amo-te mesmo, .
Selou os seus lábios nos macios e convidativos dela e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se em casa. A vida mudara. Muita coisa mudara. Droga! Ele próprio mudara. mudara também. Nunca seria fácil. A vida nem sequer tinha o seu verdadeiro sabor quando era fácil. Eram coisas como estas, era a mudança que nos mostrava todos os dias que estávamos vivos e, desde que nunca nos esquecessemos da raízes que nos tinham levado a crescer até onde já tínhamos chegado, então, tudo ficaria bem. Tudo daria certo. Compreendiam que era inevitável. Compreendiam que crescer era inevitál. Compreendiam que nem sempre o destino ia deixar que estivessem na mesma fase das suas vidas. Eles compreendiam. Compreendiam que casa podia ser uma pessoa e que onde o coração pertencia, isso não mudava. Nunca. Finalmente, compreendiam.E compreender, fora tudo o que sempre quiseram.
Fim.
Nota da autora: Olá a todas!
Obrigada por lerem a minha fanfic. Sou portuguesa e, por isso, peço desculpa se encontrarem diferenças. Espero mesmo que gostem! Comentários e sugestões, podem deixar aqui que eu ficarei feliz de responder e ler todos eles.
Muito obrigada de novo!
Cate xx
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Muito obrigada de novo!
Cate xx
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