Capítulo Único
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Los Angeles, Estados Unidos, 07 de Agosto de 2015 – 22h25 pm
Estava escurecendo quando uma mulher de longos cabelos negros adentrou aquele pub antigo e pouco conhecido. Ela usava um short jeans tão curto que mal cobria suas pernas, um cropped preto mostrando sua barriga lisa e por cima uma jaqueta da mesma cor tentava cobrir um pouco do seu corpo. Os saltos de suas botas faziam um barulho constante sobre o chão de madeira, chamando a atenção de todos.
Os homens queriam se aproximar, lançavam-lhe um olhar de cobiça e pura luxúria, e ela sorria com os lábios pintados de vermelho e piscava os olhos azuis cobertos de maquiagem preta. Ela andou rebolando até o balcão, onde se inclinou e ergueu o dedo indicador chamando o bartender que como um cachorrinho enfeitiçado se arrastou até ela. A morena o puxou pelo colarinho da camisa e fez o seu pedido bem próximo a orelha dele, num tom quente, e por fim, arrastou a sua língua desde o lóbulo da orelha até o queixo dele, afastando-se com um sorriso malicioso. As mulheres ali dentro sentiam seus corpos começarem a borbulhar de ódio e inveja daquela desconhecida.
Xingavam-na de todos os nomes possíveis, mas ela pouco se importava. Ou, fingia não se importar.
Vadia? Vagabunda?
Ela era mais do que aquilo, de qualquer forma.
O mesmo bartender voltou com o pedido dela, um copo com vodca, o qual ela bebeu num só gole, se inclinou novamente puxando o dinheiro de dentro do seu top e colocando sobre a mão do homem. Ele a puxou grosseiramente pela nuca, lambeu o pescoço dela com posse, e sussurrou uma safadeza no ouvido da mulher, que permaneceu imóvel esperando o próximo passo do homem. Ele enfiou sem cerimônias um papel dobrado dentro do top dela, sem impedir que seus dedos tocassem a pele do colo da mulher, ele sorriu malicioso e piscou um dos olhos, a soltando.
Ela sorriu, por fora.
Mas, ninguém era capaz de saber o que ela sentia por dentro.
Ajeitou a jaqueta em seu corpo e desceu do banco, andando em direção a porta da saída, mas antes de alcança-la foi impedida por outro homem, que segurou seu braço e sorriu lascivo.
- Já te disseram que você é um pedaço de mal caminho? – ele sussurrou aproximando seus corpos, o hálito de álcool sendo sentido de longe.
- Todos os dias. – ela piscou tentando se afastar dele.
- Qual o nome da gostosa? – ele apertou a cintura dela, impedindo que ela se movimentasse.
- Se me soltar, prometo que saberá bem mais do que o meu nome. – ela tentou forçar um sorriso e ele negou.
- Não preciso saber seu nome. – ele aproximou seu rosto do dela.
- Mas, eu adoraria saber o seu nome. – ela inclinou o rosto para trás. – . – ela disse baixo, esperando que ele se distraísse falando o nome dele, dando a ela a oportunidade de sair dali.
- Jake. – ele disse simplesmente, voltando a se inclinar sobre a mulher, segurando-a com posse, como se ela pertencesse a ele.
***
A porta foi fechada bruscamente, fazendo um barulho estridente soar por todo o apartamento, bagunçou os cabelos pretos apertando o botão do elevador sem cessar. Os olhos estavam arregalados e lágrimas queriam saltar dos seus olhos castanhos, o corpo todo tremia e as imagens vista minutos atrás não sumiam de sua mente. Ele era todo correto e responsável, e até gostava de receber o título de bom moço.
O cara certo para se casar.
Seus pensamentos estavam nublados e sentia-se como um idiota. Como não notou, durante os longos dois anos e meio em que esteve junto a Lauren, que estava sendo usado e manipulado? Enganado debaixo do seu próprio nariz.
Burro!
Era óbvio que a mulher não o amava, só estava interessada no que ele tinha para lhe proporcionar como: o dinheiro, o status e os contatos que ele tinha em vários lugares.
Os punhos cerraram quando a porta abriu e ouviu a voz melosa, fina e irritante de Lauren soar por todo o corredor, as lágrimas de cobra correndo pelo rosto avermelhado dela, o homem apertou mais forte o botão esperando que as portas prateadas abrissem antes que ela o alcançassem porque por Deus ele não iria se aguentar se ela o tocasse. Tinha nojo dela.
- Você não pode me deixar assim! – ela disse andando até o homem. – Não é nada do que você está pensando, amor. Eu juro, por Deus , eu nunca faria isso com você. – ela abotoava os botões da camisa rosa enquanto falava.
- Você acha que eu tenho cara de idiota? Que tem “trouxa” escrito na minha testa? – ele virou de frente para a mulher elevando o seu tom de voz.
- ... – ela sussurrou com a voz trêmula, dando um passo para trás.
- Você estava seminua em cima de outro homem no sofá da sua casa, Lauren. Vai querer me dizer que ele estava de agarrando? Que você foi obrigada? Você tem quantos anos, garota?
- Eu tenho vinte e...
- Cala a boca! Não se faça de espertinha. – ele fechou os olhos respirando fundo. – Eu te odeio, sua vadia. Não quero te ver ou ouvir teu nome nunca mais, você ouviu? – ele aproximou dela.
- Eu te amo... – ela deixou duas lágrimas caírem do seu rosto.
- Você ouviu? – ele segurou o braço dela, apertando a carne em seus dedos sem se importar com a coloração roxa que logo tomava aquela parte do corpo dela. Lauren arregalou os olhos assentindo. – Muito bom. – ele a empurrou, e a mulher se desequilibrou caindo sentada no chão do corredor, observando enquanto o ex-namorado entrava no elevador, a porta atrás de si abriu revelando um homem sem camisa, os cabelos bagunçados e marcas de batom pelo pescoço. Ela fechou os olhos chorando baixinho.
*
entrou em seu carro com uma fúria dentro de si que acreditava que nada no mundo conseguiria diminuir. Queria sumir, queria beber até cair e esquecer tudo que estava sentindo. Tudo que havia visto. Era injusto que o cara que mais acreditava no amor fosse tratado como um otário.
Então, enquanto estacionava em frente a um pub pouco conhecido e antigo, chegou à conclusão de que seria diferente. Seria aqueles caras sem coração, que só pensam em zoar e usar o corpo de alguma vadia gostosa, iria beber... Mas, beber como nunca antes e esquecer de tudo. Ia tentar tirar de si aquele sentimento de querer ser amado.
Empurrou a porta observando o local inteiro, muitas pessoas bebiam encostadas ao balcão, enquanto outras dançavam animadas alguma música eletrônica desconhecida.
Deu um passo para dentro do ambiente, fechando a porta, escutando um zumbido dentro da sua cabeça, balançou a cabeça e fixou seu olhar no bar. Estava passando próximo à uma mesa, quando viu uma mulher de cabelos pretos sendo puxada pelo braço por um homem, enquanto outro cara, sentado na mesa passava sem pudor algum a mão pelas coxas fartas da morena. chegou a dar um passo para tentar ajudá-la, mas lembrando-se da sua decepção ao ver Lauren com outro homem, voltou atrás seguindo até o balcão. Não demorou nem meio minuto para ser atendido por um bartender, que mais olhava os dois homens com a mulher ali em frente, do que para o rosto do cliente que servia.
sentou-se de frente para pista e inclinado em direção ao “triângulo amoroso”, bebericava um whisky com gelo bem lentamente, apreciando um gosto forte em sua língua, e aproveitava para analisar a situação que acontecia na sua frente. A morena parecia não gostar do que estavam fazendo, inclinando o corpo para longe dos homens, que a cada minuto que passava tornava seus toques mais violentos e abusados.
Corriam seus dedos pelas coxas, barriga e braço dela, mas em alguns momentos, viu o homem sentado a cadeira dedilhar a virilha da morena, ao mesmo tempo, que o homem atrás da mulher apertava com força os seios dela. Ninguém ao redor parecia se importar, enquanto aquela desconhecida era abusada na frente de todos, sem ter um ajuda. O moreno sentia seu coração impulsioná-lo a ajuda-la, mas seguindo seu lado racional e magoado, continuava ali sentado observando a cena e bebendo doses e mais doses de alguma bebida.
***
- Gostosa para cacete! – o homem sentado na cadeira à sua frente, chamado Paul, dizia enquanto acariciava suas coxas. – Senta no meu colo, vadia! – ele puxou a cintura dela e Jake a virou de costas para Paul empurrando-a para sentar bem em cima dele.
Sentia-se enojada, perguntava-se se ninguém tinha um coração bondoso ali e notava que ela estava sendo abusada sem o seu consentimento na frente de todos. Aparentemente, ninguém se importava, e afinal, ela era só mais uma vadiazinha gostosa que veio se aparecer e seduzir os homens dali. Paul subia a sua mão da coxa dela para a virilha, apertando-a levemente e sussurrando absurdos na orelha da mulher. Ela queria ser forte e sair dali.
Queria parar de aceitar aquela situação...
Não era a primeira vez que algum homem se aproveitava assim de e sabia que não seria a última, mas ela tinha que parar de assisti-los a tornarem em um objeto sexual. Tinha que se libertar. Como ouvira uma vez com outras palavras, “não pode aceitar o amor que acredita merecer”, porque com toda certeza, ela merecia mais do que acreditava.
Jake aproximou seu rosto da morena e passou a beijar o seu pescoço, apertando seus seios e gemendo obscenidades no ouvido dela, arregalou seus olhos clamando para conseguir sair dali.
Paul ficou em pé num pulo a trazendo consigo e grudando mais ainda seu corpo ao da morena, enquanto Jake acenava para um bartender que estava no canto do balcão, e começaram a se afastar da mesa em que estavam, até que foram interrompidos por um braço que segurou a mão da morena.
Ela encarou os olhos castanhos escuros do homem, analisou os traços masculinos dele, os cabeços bagunçados. Ele era lindo. Ele sorriu levemente, a mão que não estava no braço dela, segurava um copo com um liquido na cor âmbar, os outros dois homens a puxaram para trás deles e empurraram o corpo dele para trás.
- Ela já está reservada. – Jake disse sério.
- Ei! Eu não sou uma mercadoria, seu ridículo. – ela chiou, e Paul segurou o queixo dela com um sorriso ladino, e sussurrou “quieta, gatinha, sem miar”. E ela revirou os olhos.
- Eu só queria convidá-la para uma dança. – o homem desconhecido deu de ombros encarando a mulher.
- Não hoje, cara! Entra na fila, quem sabe essa gostosinha não acha um horário vago para você outro dia... – Jake deu dois tapinhas no ombro do moreno rindo e virou de costas, acompanhando e Paul em direção à saída.
Pronto, era o fim.
Eles iam se aproveitar de de todas as maneiras, posições e gostos. Já estava com os olhos fechados enchendo-se de lágrimas, quando sentiu o aperto no seu braço desaparecer.
Ergueu o olhar, encontrando Jake caído no chão ao seu lado com o nariz sangrando e Paul lutando com outro homem. estava boquiaberta, não conseguia entender o que estava de fato acontecendo ali, enquanto Paul distribuía socos e chutes para cima do homem de cabelos castanhos bem escuros que se defendia com as mãos dando passos pequenos e coordenados para trás. Era o mesmo homem que momentos antes tinha lhe segurado o braço.
Era até bonito de se ver a forma como ele lutava, claramente um profissional, talvez ele fosse um lutador ou treinava há muito tempo, pois o jeito que inclinava seu corpo para trás e transferia um golpe para frente atacando seu adversário deixava claro que não estava sendo por um impulso ou sorte, mas estava sendo pensado antes de executá-lo. Foi entre uma piscada e uma nova lágrima que o homem sem nome deu um soco tão forte em Paul, que o fez ir ao chão, gritando de dor.
Jake estava ficando em pé e ela sabia que tudo aquilo ia acabar de uma maneira muito sangrenta para que continuasse ali, então sendo impulsiva como sempre, correu até o moreno que limpava com os dedos um corte em seu supercílio e agarrou a mão dele, puxando-o com ela para fora do pub numa corrida desenfreada.
e corriam como se as suas vidas dependessem daquilo, viraram algumas ruas e passaram por dois becos, antes de sair próximo de uma praça, que coincidentemente, era perto do apartamento da morena. Voltaram a andar normalmente até o banco de granito, e só quando sentaram respirando fundo, foi que notou que as suas mãos estavam entrelaçadas. Ela, quase como se tivesse tocado uma tocha de fogo, puxou sua mão para seu colo despertando a atenção do moreno que balançou a cabeça. Ele inclinou o corpo para frente bagunçando os cabelos e soltou um gemido de dor, fazendo com que o analisasse.
- Você está bem? – ela o questionou e ele ergueu seus olhos até fixar seu olhar ao dela.
- Ótimo, melhor impossível. – ele disse amargo e ela revirou os olhos.
- Mal-educado. – ela chiou e a encarou.
- Melhor mal-educado do que uma vadia. – ele soltou sem nem pensar o quanto magoaria a mulher que ainda nem sabia o nome.
- Idiota. – ela ficou em pé na frente dele. – Não precisava ter “defendido” a vadia aqui. – ela fez aspas, apontou para seu próprio corpo franzindo a testa, por fim, empurrou o moreno para trás sendo puxada por ele.
Caíram no gramado da praça e começou a rir desesperado, enquanto tentava ficar em pé novamente, sendo impedida pelo homem que gargalhava da situação.
- Você está bêbado, estranho? – ela o questionou e o moreno a analisou de joelhos na sua frente.
- Não sou estranho e não estou bêbado. – ele revirou os olhos, e em seguido, sentou-se na grama.
- Você é um estranho para mim, e se você não está bêbado, está fora do normal. – ela implicou.
- . – ele estendeu a mão para a morena. - E eu não estou bêbado, só não estou acreditando em como o meu dia está sendo uma montanha-russa.
- Bem-vindo à vida! – ela disse sarcástica e ele deu um sorriso envergonhado.
Continuaram sentados na grama, num silencio constrangedor e o pensamento longe, o pulso do homem latejando e o corpo dela ardendo, sentia-se nojenta. Queria levantar dali, se trancar em seu quarto e chorar. Estava cansada de ser usada, vendida, comprada...
Quando foi o momento em que se perdeu daquele jeito?
O moreno a analisou e notou a lágrima que desceu do olho direito dela, passando pela maça do rosto, queixo até pingar sobre os seios dela, e o peito dele encheu-se de compaixão e culpa.
- Sinto muito. – ele sussurrou e o encarou. – Eu não quis te falar que você é uma vadia, me perdoe, eu só estou bravo com algumas coisas e... Eu não sei. Acho que bebi demais. – ele riu envergonhado.
- Tudo bem, já estou acostumada com isso... – ela disse baixo, um tom de voz sofrido e tão pouco usado pela tão viva e forte .
- Acostumada a ser tratada como um objeto? – ele a encarou. – Você conhece aqueles caras? – ela olhou para suas mãos e negou, cerrou os olhos. – E porque estava deixando eles a tratarem daquele jeito?
- Gato, não é porque você me ajudou a sair fora daquela enrascada que eu vou te contar todos os meus problemas. – ela ficou em pé, ajeitou a barra do seus shorts e deu as costas para o homem.
O moreno ficou sentado encarando a mulher andar sem parar ou olhar para trás, ela era um mistério e não conseguia acreditar que uma mulher tão bonita deixasse com que outros homens a tratassem como qualquer uma. Ficou embasbacado com a atitude dela, e sentia o punho latejar e um rastro de sangue cobrir a lateral do seu rosto. Fechou os olhos, soltando um pequeno gemido de dor, e pensando no que fazer da sua vida dali em diante.
estava determinada a subir a rua de sua casa e nunca mais ver aquele homem tão atraente aos seus olhos, quando parou ao ouvir um pequeno gemido. Olhou para trás observando com os olhos fechados e uma careta de dor. Seus olhos fizeram uma análise minuciosa sobre o rosto e até o corpo dele, não podia negar que ele era um cara de encher os olhos, lindo até demais, tinha uma voz rouca e sedutora e as mãos dele eram grandes e quentes. Observou o sangue que saia da sobrancelha dele e sentiu no dever de ajuda-lo, afinal, ela não tinha sido mais uma vez abusada por dois homens graças aquele homem.
Ele nem a conhecia e fora o único de dentro daquele pub que a ajudou.
Virou-se e olhou para a janela do seu apartamento logo em frente e suspirou, indo em direção ao moreno que permanecia com os olhos fechados, ela cruzou os braços como um escudo.
- . – ela disse chamando a atenção dele que abriu os olhos assustado e confuso. – Eu me chamo . – ela deu de ombros e ele sorriu. Um sorriso tão fofo que esquentou o coração gelado da morena.
- Bonito nome. – ele disse a olhando.
- Obrigado. – ela disse, de repente, sentindo-se tão tímida. – Bom, vamos logo, acho que eu te devo uma. – estendeu a mão para o homem, que aceitou de bom grado e ficou em pé, acompanhando a mulher.
***
Los Angeles, Estados Unidos, 07 de Agosto de 2015 – 23h35pm
Começaram a andar em direção à rua, deixando a praça para trás e aproximando-se do prédio da mulher. Um ao lado do outro, num silêncio adequado para o momento, observando o céu começar a escurecer, o dia dando lugar à noite. O dia quente ficando uma noite fria. parou em frente do prédio, retirando de dentro do bolso da jaqueta uma chave dourada e dando passagem ao homem. Ela indicou o elevador para o moreno, entraram dentro do cubículo e juntos ficaram olhando os números trocarem conforme iam passando pelos andares, até pararem no quarto andar, saíram do elevador e voltaram a andar juntos até a porta do apartamento da mulher. O prédio era antigo, silencioso e aparentava ser, incrivelmente, um ambiente familiar.
A mulher de longos cabelos negros abriu a porta e empurrou com o quadril, fazendo um pequeno barulho, revelando aos poucos o seu pequeno e humilde apartamento. achou o lugar bonito e bem organizado e sentou-se no sofá, mesmo sem ter recebido um convite, e ela riu dando de ombros. Seguiu até o banheiro voltando de lá com uma caixinha de primeiros socorros, e já sem a jaqueta de couro preta, o que não passou despercebido pelos olhos atentos do homem.
- Sua casa é bonita. Eu gostei daqui. – ele comentou olhando ao redor, enquanto sentava-se na mesinha de centro, ficando de frente para o homem.
- Eu também gosto daqui. É silencioso. – ela comentou enquanto retirava de dentro da caixa um algodão e álcool. – Talvez isso vá arder um pouco, mas é melhor do que inflamar e tudo mais, ok? – ela o encarou, após ter molhado o algodão, e ele assentiu fechando os olhos.
passou delicadamente o algodão sobre a sobrancelha do homem sentindo-o tremer sobre seu toque e vendo o algodão antes branco ficar vermelho por conta do sangue, continuou limpando o ferimento com calma e delicadeza, prestando atenção em cada traço do moreno. Descartou ao seu lado o algodão sujo e pegou um band-aid na caixa retirando as fitas e grudando sob o corte, agora sendo vigiada pelo homem, deu um sorrisinho antes de segurar a mão dele e limpar os pequenos cortes feitos entre os dedos.
Quando terminou permaneceu sentada de frente para ele com suas mãos unidas, sentindo algo diferente, um sentimento bom. Era difícil sentir-se bem ao lado de um homem, era tão complicado manter-se tranquila e em paz. Sempre que fechava os olhos era aterrorizada pelos seus fantasmas do passado, talvez fosse por isso que não conseguia ter um relacionamento duradouro. Por isso que não conseguia ser amada.
Talvez, no fim de tudo, não merecesse ser amada.
Era quebrada demais, uma boneca sem concerto.
Ele apertou a mão dela, mas isso a assustou, fazendo com que se sobressaltasse e ficasse de pé tremendo dos pés à cabeça, franziu a testa confuso.
- Desculpe, eu fiz algo errado? – ele a questionou.
- Não. Eu só estava pensando que talvez eu devesse fazer algo para bebermos. – ela disse a primeira coisa que surgiu em sua mente. – Talvez um chá ou café? O que prefere?
- Não precisa de nada disso. – ele disse com a voz contida. – Obrigado pelo curativo. – ele sorriu agradecido.
- Não foi nada... – ela deu de ombros abraçando seu próprio corpo. Ele a olhou e seguiu seu olhar até a porta dando indícios que estava pronto para ir embora. – Você já vai?
- Acho que sim, está tarde, e você deve querer descansar.
- Não, quero dizer, pode ficar aqui... Eu estava mesmo pensando em tomar um chá bem quentinho. – ela disse com um sorriso aparecendo nos lábios e ficando de costas para ele, enquanto ia até a cozinha.
Ela andava de um lado para o outro dentro do cômodo, colocando a água para o chá, retirando algumas bolachas salgadas do armário e uma vasilha com cookies feitos no dia anterior, colocando em cima da pequena mesa que estava encostada a parede. sentou-se na cadeira e ficou olhando enquanto a mulher não parava quieta enquanto arrumava tudo ao seu redor. Voltou a se lembrar do que ela tinha dito e em como aparentou estar amargurada, não conseguiu conter suas perguntas.
- Porque disse que está acostumada com o que houve hoje? – ele a questionou e colocou duas xicaras na mesa.
- Porque estava naquele pub hoje? Você não parece ser esse tipo de pessoa, que curte esses pubs mal conhecidos... – ela comentou debochada, fugindo claramente do assunto abordado por ele, o moreno riu balançando a cabeça negativamente, enquanto a mulher sentava-se na cadeira em frente a dele e apoiava o bule com chá sobre um pano.
- Teve uma época em que gostava bem mais... – ele refletiu. – Eu queria simplesmente esquecer que eu me chamo e que descobri que minha futura noiva me traía debaixo do meu nariz. – ele segurou o bule e serviu as xícaras dos dois, o observou tentando detectar alguma mentira naquele história.
- Você tem uma noiva? E descobriu que ela te trai? – ela o questionou franzindo a testa.
- Eu sei, eu sei... É horrível. – ele assoprou o liquido. – Eu tinha uma namorada e que futuramente se tornaria minha noiva, até que hoje eu a encontrei seminua em cima de um homem na sala da casa dela. Trágico e humilhante, não? – ele sorriu sem humor algum.
- E o que você fez? – se empolgou com a história, segurou a xícara em suas mãos e inclinou-se sobre a mesa, cruzando as pernas como de índio na cadeira. – Bateu nele? Gritou com ela?
- Isso não é uma novela, mocinha. – ele disse rindo, e ela fez uma careta. – Eu fiquei muito bravo e decepcionado. Eu queria mata-lo e, talvez, esganá-la... Mas, no que adiantaria tudo isso? – ele disse sério bebendo o liquido.
- Aliviaria sua raiva, ué. – ela disse sorrindo.
- Talvez, mas eu simplesmente gritei “sua vagabunda”, joguei a aliança na cara dela e sai do apartamento dela batendo a porta com muita força. – ele deu de ombros.
- Isso aliviou sua raiva? – ela ergueu uma sobrancelha.
- Não. – ele confessou. – Mas, eu nunca agrediria uma mulher e se eu fosse bater naquele cara, ele sairia morto daquela sala... E bom, eu não quero ser preso por homicídio. Mas, o que você faria?
- Eu... Eu daria muitos tapas no meu “namorado traidor” e arrastaria a mulher pelos cabelos até a rua do jeito que ela tivesse. – ela disse pensativa. – Se estivesse nua, seria melhor ainda. – ela riu maquiavélica e ele a acompanhou. - E, logicamente, nunca mais iria querer vê-lo na minha frente.
- Bater naqueles caras, lá no pub, aliviou um pouco da minha raiva. – ele comentou depois de um tempo em silêncio e ela ergueu o olhar até encontrar os olhos castanhos dele.
- Obrigado. – ela falou olhando para suas mãos. – Por ter me defendido lá, sabe?
- Eu não poderia deixar que aqueles caras continuassem a maltratar uma dama como você. – ele sorriu galanteador. – Iria me sentir como cúmplice de um crime.
- Entendo, mas você não tinha a obrigação nem o dever de me defender... E fez mesmo assim. – ela o encarou e sorriu.
- Então, obrigado. – ele estendeu a mão até segurar a dela sobre a mesa. – Por ter cuidado de mim e feito até uns curativos.
- Eu não poderia deixa-lo gemendo de dor naquela praça, então, não foi nada. – ela deu de ombros e riu.
Eles sorriram juntos terminando de comer as bolachas e beberem seus chás, logo que terminaram, arrumaram a cozinha e voltaram para sala vendo pela janela a chuva que começava a cair naquela noite. sentou-se no sofá abraçando suas pernas e olhando para que estava com os braços apoiados nas pernas analisando a estante dela cheia de fotos.
Ela suspirou e, pela primeira vez em toda sua vida, quis contar para alguém que não a conhecesse e que poderia com toda certeza do mundo a julgar ou nem se importar com seus sofrimentos, tudo que vinha passando e aguentando há exatos um ano, três meses e cinco dias.
Ela olhou para seu corpo sentindo-se enojada.
Como alguém poderia amá-la? Como, um dia, poderia encontrar o amor? Um cara que lhe desse valor e a amasse com todos os seus defeitos e qualidades?
Um cara que não fosse ficar relembrando o seu passado sujo?
Ela suspirou, e um soluço dando início ao choro baixo, despertou a atenção de que a encarou preocupado, mas sem ter certeza se podia se aproximar dela.
- Eu sou uma acompanhante de luxo. – ela revelou aquilo sem nem respirar. – Garota de programa, puta, vadia, prostituta. E todos os outros derivados que você conhecer. – ela deixou as lágrimas rolarem dos seus olhos, e a encarou embasbacado.
Como aquela linda mulher poderia ser uma garota de programa? Ele estava assustado, nunca imaginaria que ela tivesse aquela profissão, aliás ele nem conseguia pensar nisso como profissão... Estava triste por ela, sentindo uma compaixão tão grande, mas sem entender como ela poderia viver essa vida por livre e espontânea vontade. continuava a olhar para o chão quando voltou a falar.
- Sabe, não foi uma escolha minha. – ela disse como se tivesse lido os pensamentos dele. ergueu o seu olhar até o rosto dela. – Eu fui obrigada... Eu nunca contei isso para ninguém e, por algum motivo, não aguentou mais guardar tudo isso. Eu posso te contar? – ela o encarou as lagrimas manchando o seu rosto. – Você pode ficar longe de mim e pode sentir nojo de mim, só me deixa falar, por favor.
- Pode falar. – ele disse num sussurro e ela assentiu.
- Quando eu completei dezoito anos, a minha mãe faleceu. Ela, na época, era casada com um outro homem, e meu pai morava em outro estado, então eu fui praticamente obrigada a continuar morando com o meu padrasto. Eu nunca me dei muito bem com ele, mas sempre o aceitei, porque amava ver minha mãe feliz e sabia que ela o amava. Depois de seis ou sete meses da morte da minha mãe, o meu padrasto começou a me encurralar... – ela fechou os olhos apertando seus braços mais ainda contra seu corpo. – Ele não me deixava mais sair de casa com minhas amigas, eu sentia o olhar dele sobre mim quando eu estava no banho ou me trocando, e uma vez, ele entrou no meu quarto e ficou me olhando dormir. Era horrível, mas eu não tinha ninguém para contar, para me ajudar. Eu pensava que conseguiria fugir, caso ele tentasse algo mais sério. Eu era ingênua e burra. Quando eu completei dezenove, na mesma noite, ele entrou no meu quarto. Até hoje eu me lembro daquela maldita noite. Eu estava dormindo, quando comecei a sentir um frio estranho e então mãos subindo pelas minhas pernas, minha camisola sendo rasgada e o cheiro de álcool que emanava dele. Ele... Ele... – e ela começou a chorar, aproximou o seu corpo do dela e a abraçou.
- Está tudo bem. Não precisa me contar sobre isso. – ele disse baixinho e ela afastou-se dele limpando as lágrimas.
- Foram três meses vivendo assim. Eu queria morrer. Eu só pensava no quanto eu queria morrer ou... Ou fugir. – ela deu de ombros. – E foi numa noite qualquer, após ele ter me usado como todas as noites, eu me vesti e peguei uma mochila com algumas coisas, roubei todas as economias que ele guardava atrás de um quadro, além do dinheiro que minha mãe tinha deixado para mim, e fugi. Vim para cá... Los Angeles, uma cidade grande, onde eu poderia me esconder e viver minha vida. Consegui alugar esse apartamento e me manter por um ou dois meses com o dinheiro que eu tinha, mas não conseguia encontrar nenhum emprego. E então, um cara apareceu, me convidou para dançar numa boate... Comecei dançando, fazendo strip-teaser e servindo bebidas para alguns caras ricos que iam até aquela boate. Mas, eu ganhava pouco, e então surgiu o primeiro convite. Um empresário rico queria uma noite e o dinheiro era equivalente há um mês de trabalho naquela boate. Quando notei estava envolvida nesse mundo, e isso já faz dez meses. – ela limpou as lágrimas. – Eu odeio a minha vida, odeio meu corpo e tudo que eu já deixei fazerem comigo, eu tenho nojo de mim. Será que é pedir muito que alguém me ame pelo que eu sou e não pelo meu corpo? Será que é sonhar muito em mudar de vida e ser alguém decente?
Ela notou o olhar fixo que tinha sobre ela, e sentiu-se acuada, o homem estava com nojo dela e isso era óbvio. Então, como uma menininha medrosa se afastou mais dele, ficando quieta num canto abraçando-se como um escudo. Ele observou os traços femininos dela, o jeito delicado, forte e abusado dela agir. Agora conseguia entender porque ela não tentou se defender antes no pub, ela sentia que aquilo era o que merecia. Que não tinha uma luz no fim do túnel, que ela não merecia uma vida melhor e mais decente, que ela não merecia carinho, cuidado e amor.
notou, com um sorriso nos lábios, que era melhor do que Lauren mil vezes só por ter lutado contra o padrasto e fugido. Por ter tentado cuidar de si mesma, mesmo que de um jeito falho, e por ter continuado com aquele olhar frágil e crente no amor, num futuro melhor.
Ele, no fim, entendeu o motivo de ter ido até aquele pub naquela noite, talvez ele fosse a luz no fim do túnel daquela mulher, poderia ser ele que a ajudaria a sair daquela vida e dar a volta por cima. Afinal, porque não ajudar uma pessoa que precisava de sua ajuda?
- Você já tentou desistir disso? Se afastar dessa vida? – ele perguntou sério e ela o encarou.
- Uma vez. – ela disse pensativa. – Mas, não deu muito certo. – ele aproximou-se dela.
Não foi por mal, mas , notando a aproximação dele se afastou mais ainda, tremendo dos pés à cabeça. Estava com medo, mesmo acreditando que ele nunca tentaria fazer nada com ela, não poderia negar que ainda sentia calafrios ao imaginar ser abusada outra vez.
Quantas vezes ela já havia abusado do álcool para dormir com todos aqueles caras ricos que a contratava por uma noite?
Não se lembrava quando foi a última vez que tivera relações com outro cara e que estivesse lúcida, acordada e com vontade de fazer aquilo. Sentia-se com ódio de si mesmo, por ter permitido que sua situação chegasse até aquele ponto e não ter tentado efetivamente mudar isso. franziu a testa e voltou a se afastar, notando o medo e desespero da mulher, sentiu-se chateado por ela pensar que ele faria algo contra ela. Ele olhou para frente e respirou fundo.
- Eu acho que posso te ajudar. – ele disse por fim, chamando a atenção dela.
- Me ajudar? Como? – ela ergueu a sobrancelha e ele a encarou.
- Eu sou CEO em uma grande empresa. – ele disse e ela franziu a testa. – Eu sou um chefe executivo. – deu de ombros e ela abriu a boca.
- Você acha que eu sou burra e não sei o que é CEO? – ela revirou os olhos ultrajada e ele riu.
- Só confirmando... A questão é que eu trabalho na filial de Los Angeles, porém, há duas semanas fui convidado para ir para a Matriz em Nova York. E, com tudo que aconteceu hoje, eu decidi aceitar. – ele contou à ela. – Eles já haviam comentado que eu vou precisar de uma assistente lá, já que terei que liderar uma equipe e serão vários compromissos, por ser agora chefe executivo na matriz. Com isso, eu quero te fazer um convite. – ela arregalou os olhos já entendo onde ele queria chegar. – Você quer trabalhar comigo?
- O quê? – ela deu um pulo do sofá. – Você só pode ser louco. Você quer que eu abandone Los Angeles e vá para Nova York? Ser uma assistente? Eu nem tenho roupas para isso, nem potencial... Eu não sei nada sobre executivos e empresas e... Ah meu Deus! Onde você pensa que eu vou morar?
- Ei! Ei! Calma. Nós podemos resolver tudo isso. Eu compro algumas roupas para você, não tem problema! Seria bom você mudar de Estado. E, você aprende, não é nada difícil, eu prometo. – ele disse com um sorriso nos lábios. – E, você encontrou esse apartamento, não é? Podemos encontrar um em Nova York para você! Então, você aceita?
- O que você quer? – ela ficou de frente para ele, uma lágrima brotando em seus olhos.
- O que eu quero? – ele a questionou, confuso.
- Isso, o que você quer? – ela voltou a perguntar cruzando os braços. – Isso é uma tentativa para me levar para cama? Porque olha, eu sou um pouco cara... – ela disse e ele riu.
- Você deve pensar que todos os homens são iguais. – ele balançou a cabeça. – Eu quero te ajudar. É isso que eu quero. É terrível saber que uma mulher tão bonita e inteligente como você, está desperdiçando a vida vendendo a si própria, então a única coisa que eu quero é te ajudar a sair dessa vida. É isso que você quer?
- Você só quer me ajudar, sem segundas intenções ou com outro interesse? – ela aproximou dele aos poucos.
- Isso, só te ajudar. – ele respondeu no momento em que ela se sentou ao lado dele.
- Obrigado. – ela o abraçou tão apertado que seus corpos esquentaram automaticamente, e ele riu.
- Isso é um sim? – ele perguntou sorrindo.
- Sim, eu aceito a sua ajuda!
***
Passou uma semana desde o dia em que conheceu , e recebeu dele uma proposta que mesmo sendo precipitada, era a única coisa que a fazia acreditar que poderia mudar de vida.
Estava animada, no dia seguinte, estaria embarcando com o homem em direção à Nova York. Então, arrumava suas coisas dentro de duas malas médias. Algumas roupas que ainda poderia usar, fotos, livros tudo ia sendo colocado dentro de sua mala. A casa já estava completamente arrumada, o aluguel pago até o fim do mês, a passagem dentro da sua carteira. Estava animada como há muito tempo não ficava.
Quando se deitou, lá fora já estava bem escuro, e mesmo sem sentir sono algum se forçou a fechar os olhos e dormir.
Los Angeles, Estados Unidos, 14 de Agosto de 2015 – 7h15am
acordou num susto quando ouviu seu despertador seguido do celular tocando alto ao lado da sua cama. Primeiro, desligou o despertador. Em seguida, atendeu o celular sem nem olhar quem ligava para ela.
Era . Ele disse que em meia hora estaria em frente ao prédio dela para irem ao aeroporto, avisou que não poderiam se atrasar e mais vários avisos, que pouco fez questão de escutar. Depois de desligar a chamada, correu para o chuveiro e tomou um banho bem quente, colocou uma calça jeans clara e uma regata rosa. Os cabelos foram presos, antes de sair de casa arrastando as malas e a bolsa, trancou a porta respirando fundo tendo certeza que aquela decisão era a certa.
Desceu até o térreo e se despediu da dona do prédio, entregando a chave do apartamento. Abriu o portão, ao mesmo tempo, que o carro do seu mais novo amigo encostava ali.
estava lindo, usava uma calça de linho preta e uma camisa social vinho, os cabelos estavam bem arrumados e um sorriso de lado encantador, ele desceu do carro e se aproximou da morena, depositando um singelo beijo na testa dela e pegando as malas da mulher. Ele colocou dentro do porta malas junto as suas malas e abriu a porta do passageiro, esperando a mulher entrar no carro, ela sorriu sentando-se no banco.
Eram poucas coisas que fazia amolecer o seu coração. E essas poucas coisas eram: o sorriso de , o beijo na testa que ele sempre dava nela e algumas ações delicadas, como abrir a porta do carro para ela. achava a coisa mais linda isso, e o seu coração derretia toda vez que acontecia. Chegaram alguns minutos depois no aeroporto, fizeram o check-in e logo estavam sentados aguardando o embarque. Ambos estavam silenciosos demais. De um lado, estava preocupado com questões da empresa, sua nova função e equipe, estava durante toda aquela semana sendo muito cobrado pelo seu chefe e aquilo o deixava quieto e pensativo.
No outro lado, tinha que estava toda ansiosa para chegar logo em outra cidade e começar a trabalhar em algo bom. E com medo do vôo, muito medo. Poderia não demonstrar mais morria de medo de altura, e só em pensar que estaria lá no alto, dentro de um avião, começava a tremer. Depois de alguns minutos, o voo deles foi chamado, e ambos se levantaram trocando um sorriso tímido e embarcando finalmente. As poltronas deles estavam no canto direito, e enquanto todos sentavam em seus lugares, estava parada em pé no meio do corredor olhando para a pequena janela. O número da sua poltrona era, exatamente, a da janela e a morena estava tremendo. encostou sua mão delicadamente no braço da mulher e aproximou seu rosto do dela.
- Você está bem? – ele a perguntou calmo.
- Eu tenho medo de altura. – ela suspirou sem olhá-lo. - Ei, não tem problema. – ele a moveu para o lado, deslizando sua mão até entrelaçar seus dedos, sentou-se na poltrona da janela e a puxou para a poltrona do lado do corredor. – Pronto, problema resolvido. Está melhor assim? – ele sorriu e ela o encarou.
- Bem melhor. – ela disse sorrindo.
soltou suas mãos abrindo a bolsa, colocou o seu celular no modo avião ao mesmo tempo que fazia o mesmo com o seu aparelho. Uma aeromoça passou por eles, entregando um travesseiro e um coberto para cada um, outra passou servindo algo para eles comerem ou beberem. Eles não aceitaram nada. Os avisos começaram, colocaram o cinto e logo o avião estava andando pela pista. tremeu e olhou para que olhava para fora pela janela, a mão dele apoiada em sua própria perna, a morena sentiu seu coração acelerar e não se importou quando segurou a mão dele e deitou a cabeça no ombro do moreno, fechando os olhos e pensando somente no futuro.
apertou a mão dela levemente e sorriu, amava quando agia delicada e fofa, como se ela deixasse a sua armadura de lado e mostrasse o seu lado frágil. Era os momentos que ele mais se deixava encantar pela mulher.
***
Nova York, Estados Unidos, 14 de Agosto de 2015 –13h50pm
O voo foi tranquilo, em cinco horas e conversaram sobre o futuro e o novo emprego da morena, assistiram filme e dormiram uma hora e pouquinho, sendo acordados pela aeromoça que avisou que o avião já tinha pousado e que era hora de desembarcarem.
Pegaram suas malas e colocaram no carrinho, indo em direção a saída, só naquele momento que pensou: para onde iria? Ainda não tinha dinheiro o bastante para pagar um hotel, não conheci nenhum lugar que estivesse alugando apartamento, estava perdida. Enquanto isso, chamava um táxi, sem nem imaginar que a mulher estava surtando. Ela se aproximou e tocou o braço dele.
- O que foi? – ele a encarou confuso.
- Você conhece algum apartamento? – ela perguntou.
- O que? – ele franziu a testa. – Conheço alguns, mas o que é que tem isso?
- Eu preciso encontrar um para alugar até o fim da noite. – ela disse sincera e ele virou-se totalmente para ela.
- Porque? – ele a questionou.
- Onde você acha que eu vou dormir? Eu preciso de uma casa... – ela o respondeu.
- É claro que não, quer dizer, você pode alugar um apartamento para você... Mas não precisa ser agora. – ele falou. – Você pode ficar no meu apartamento por uns dias até você receber e ter encontrado um apartamento legal para alugar.
- Você já estava fazendo tanto por mim, não posso abusar da sua boa vontade. – ela disse tímida, negando com a cabeça, e ele riu.
- Eu quero te ajudar, e nunca pensei em te deixar jogada por NY, eu te trouxe para cá e vou te ajudar. – ele disse sério. – Podemos comprar suas roupas nova e procurar um apartamento para você, mas sem pressa, fique no meu apartamento o tempo que precisar. – ele sorriu e ela o abraçou o agradecendo.
Com o coração cheio de gratidão, adentrou o táxi ao lado de , indo em direção à nova residência do mais velho. A mulher olhava as ruas com um olhar encantado, mas sem perder a sua postura, e em poucos minutos, o automóvel estacionava de frente há um prédio residencial chique e bem grande. pagou a corrida para o motorista enquanto estava parada em frente ao portão automático, esperando-o.
Entraram no hall de entrada, segurando firme sua bolsa de lado e arrastando uma mala de rodinha preta, aproximou-se do porteiro conversando rapidamente antes de receber uma chave e suas correspondências, ele agradeceu o homem mais velho – que não tirava os olhos escuros do corpo esbelto da morena –, e não notou quando deu um sorrisinho para o homem e piscou um dos olhos azuis, provocando-o. Ela virou de costas andando até o elevador, segurando-se para não rir.
Ela poderia odiar sua “profissão”, mas sabia, e até gostava em alguns momentos, o quanto conseguia chamar a atenção e provocar os homens à sua volta.
Qual é? Ela sabia que era bonita e desejável, porque não se aproveitar disso?
E, afinal, aquele porteiro com as suas poucas rugas ao redor dos olhos, os cabelos pretos quase ficando grisalhos, com certeza, não tinha mais tantas ereções assim. O elevador abriu e os dois entraram no cubículo, e assim que as portas metálicas fecharam-se, a morena soltou uma risadinha, pensando em como todos os homens, sendo velhos ou novos, são iguais...
Poxa, aquele senhor tinha idade de ser o seu pai...
Pai.
Essa única palavra conseguiu matar o sorriso que tinha nascido em seus lábios, fazendo-a franzir a testa e fazer uma pequena careta despertando mais ainda a atenção de , que a observava atentamente.
- Você começa a rir sozinha e então... Porque essa cara? – ele disse a despertando.
- Lembrei de algo desagradável. – ela deu de ombros balançando a cabeça. – Mas, preciso elogiar, que prédio incrível. – a morena virou de frente para o espelho do elevador e ajeitou seus cabelos.
- Obrigado. – ele respondeu. – Mas, você ainda não viu nada. – ele deu de ombros e ela o encarou, distraindo-se antes mesmo de olhar realmente para o moreno, quando as portas abriram revelando uma sala enorme. – Bem vinda a minha casa.
- O que? – ela paralisou encarando o cômodo grande, claro e espaçoso, riu puxando-a para fora do elevador junto com suas coisas. – Você mora na cobertura? Você. Mora. Na. Cobertura?! ! – ela grunhiu confusa e histérica.
- Não é a cobertura. – ele deu de ombros rindo envergonhado. – Moro no 14° andar, mas o meu apartamento é duplex. Na verdade, do meu andar até o 24° andar, todos os apartamentos são duplex. Então, esse andar e o de cima é todo meu. Minha casa. – ele sorriu docemente enquanto ela dava passos tímidos para o meio da sala.
- Uau. – ela disse admirada.
A morena observava cada detalhe atentamente. A sala tinha dois sofás creme de frente para uma televisão grande, e tinha alguns quadros nas paredes, a parede principal era toda de vidro sendo coberta por uma cortina longa e azul clara. Na lateral do cômodo, perto da parede de vidro, estava a escada que levava para o andar superior, perto da escada tinha uma porta de madeira que estava abrindo e guardando o seu casaco. Os olhos dela procuravam conhecer cada parte daquele apartamento, virando seu corpo mais para o lado, viu uma mesa com um enfeite de bronze e um corredor. Ainda teve curiosidade de olhar para trás de si, vendo ao lado da televisão um outro pequeno corredor que continha somente uma outra porta, que estava aberta revelando um banheiro social. a encarou com um pequeno sorriso e ela o acompanhou andando em direção ao corredor. As cores das paredes mudaram do tom pastel para um laranja vivo, e logo, estava dentro de uma cozinha muito bem equipada.
- Quer conhecer lá em cima? – a convidou, e saiu andando rapidamente passando pelo homem, que riu divertido.
Ela subiu as escadas devagar encontrando um corredor que se dividia em dois. Para o lado esquerdo tinham duas portas fechadas e para o lado direito somente uma porta. Ela ficou parada ali olhando o corredor que tinha como decoração alguns porta-retratos com fotos do homem que terminava de subir as escadas junto à sua família. O moreno a alcançou.
- Aqui é o meu quarto. – ele apontou para o lado direito. – É uma suíte enorme e exagerada. – ele riu. – Aqui será seu quarto. – ele segurou a mão dela levando-a para o lado esquerdo.
- Por enquanto. – ela replicou e ele deu de ombros, abrindo a porta.
O quarto era bem espaçoso, diferente de todos os lugares que um dia ela viveu, tinha uma pequena varanda e um guarda-roupa grande demais para ela. A cama ficava no centro do quarto, o carpete era felpudo e caramelo, era tudo muito clean e bonito. Automaticamente, amou aquilo tudo.
Ela virou-se para o moreno e sorriu. Voltou a olhar para dentro do quarto, sentindo seu coração se encher de esperança, gratidão, carinho. Os olhos ficaram marejados em segundos, pois nunca ninguém tinha lhe dado algo sem querer outra coisa em troca, nunca ninguém tinha lhe estendido a mão e feito algo que pudesse mudar a sua vida, e então, ela estava ali no centro de um quarto para ela, que fora oferecido por um estranho. Um desconhecido. Que estava lhe dando a oportunidade de sair do mundo em que vivia e ser alguém melhor...
As lágrimas transbordaram pelo seu rosto sem sua permissão, e notou como o corpo da mulher mudou a posição, andou até estar perto o bastante para tocar o braço dela, e a virou para si, observando-a. Ele franziu a testa preocupada, mas antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, sentiu seu corpo ser abraçado.
Os braços de estavam em volta da cintura dele, o rosto dela grudado no peito dele, os cabelos longos dela batendo delicadamente em seus dedos, o perfume dela invadindo seu olfato... Era um abraço quente e aconchegante.
- Obrigado. – ela sussurrou com o máximo de sinceridade que tinha em si mesma. – Muito obrigado, !
- Ei. – ele afastou-se levemente, erguendo o rosto de para si. – Não precisa me agradecer. Espero que você encontre sua felicidade aqui em New York. – ele sorriu.
- Eu também espero. – ela assentiu afastando-se completamente dele.
Ele guardou suas mãos dentro do bolso da calça e ficou olhando para que, no momento, estava parada olhando a rua movimentada pela pequena varanda. Ela voltou a olhar para dentro do quarto, e ele acenou para fora, gesticulando que iria para seu quarto e lhe deixaria ali. Antes que ele se fosse, porém, ela o parou lhe questionando algo que tinha notado.
- Isso daqui está tão arrumado... Esse apartamento já era seu antes de resolver vir trabalhar aqui? – ela o questionou curiosa.
- Sim. Eu já morei um tempo aqui quando estava no início da faculdade, depois que me mudei para Los Angeles, então aqui sempre foi minha casa. – ele a respondeu já perto da porta. – Deu para notar?
- Uhum. – ela assentiu rindo. – Os porta-retratos, o cheiro de casa limpa, tudo em seu devido lugar... Logo notei que isso daqui já era seu há muito tempo.
- É, estou em casa, afinal de contas... – ele olhou para o corredor e suspirou. – Vou para meu quarto. Sinta-se em casa, e bom, amanhã já iremos conhecer nosso novo local de trabalho. – ele piscou um dos olhos, antes de fechar a porta do quarto dela, deixando-a sozinha com seus pensamentos e temores.
Nova York, Estados Unidos, 04 de Setembro de 2015 –08h25am
Naquele dia faziam duas semanas que e haviam chegado em New York, no dia seguinte ao que chegaram na cidade, os dois foram conhecer o prédio da American Corporation Express, sendo apresentados aos diretores e gerentes. foi apresentada como sua assistente pessoal, e logo estava assinando um contrato de seis meses com a Empresa, também conheceram a sala grande e chique de , e mostraram-lhe a mesa onde ficaria, na sala de espera de frente para a porta da sala de , que mesmo sendo pequena e com um espaço mínimo ela gostou.
Ficaria ao lado de outra mesa que estava Alyson, uma garota de 21 anos, muito simpática que se apresentou como secretária de um dos gerentes. Mas, a coisa que mais lhe deixou chateada naquele dia, foram os olhares que todos, sem exceção, lançaram lhe assim que pisou seus pés dentro do prédio. Tudo bem, ela entendia que não estava usando uma saia de grife e nem Louboutins, mas precisavam encará-la com caretas desenhando seus rostos?
Era constrangedor.
Na verdade, até que estava apresentável usando uma calça jeans clara, sapatilhas azuis e um casaco preto que escondia sua blusa azul marinho, mas, de qualquer forma, assim que saiu da empresa com ao seu lado decidiu que precisava de roupas novas.
Mesmo que tivesse que assaltar seu pequeno cofre com suas economias, o que acabou não sendo necessário. a olhou e, então sorriu, dizendo que adoraria levá-la ao shopping, pois sabia que ela iria precisar de roupas sociais para ir ao trabalho. Ela tentou negar, mas, o homem era cabeça-dura e não deixou que ela retirasse um dólar sequer da sua carteira, pagando tudo que ela quis com um entusiasmo sem igual. Ela o agradeceria até o fim de sua vida, tinha certeza.
E agora ali estava em frente ao espelho do seu quarto observando suas novas roupas em seu corpo, totalmente diferente do que estava acostumada, hoje estava usando uma saia preta de cintura alta que delineava suas curvas do quadril com o comprimento até o joelho, uma camisa de seda cinza, e por cima, um terninho preto que passava de sua cintura com as mangas arregaçadas, e nos pés usava um salto alto preto fechado.
Sentia-se linda, e mesmo com o corpo bem mais escondido, continuava com a sua aura de sedução e pouca inocência. Prendeu os cabelos num coque formal e delineou seus lábios com o seu eterno e adorado batom vermelho. Pegou em cima da cama sua bolsa e desceu as escadas indo até a cozinha onde encontrou sentado tomando seu café enquanto lia o jornal da manhã, o homem nem mesmo reparou que ela tinha entrado no cômodo mantendo os olhos fixos nas notícias do dia.
A morena pegou do armário um copo e abriu a geladeira servindo-se com suco, e só assim, chamou a atenção do moreno que ergueu a cabeça do jornal e analisou a mulher dos pés até a cabeça ficando com a boca seca automaticamente, os olhos fixos no corpo dela. Era difícil não reparar nela. Muito difícil. Com os dias, notou que tinha o seu lado menina e travesso, mas, sempre conseguia deixar tudo malicioso e quente. Com o tempo, provavelmente, acostumou-se com sua aura sensual, e, o que antes era um personagem, tornou-se ela mesma.
E, era difícil não sentir uma excitação crescente quando olhava para ela. ainda estava babando no corpo de sua roommate, quando ouviu uma gargalhada sonora, erguendo seu olhar para os olhos azuis dela, totalmente confuso. estava encostada no balcão, as pernas cruzadas e o copo de vidro grudado em seus lábios vermelhos, o corpo totalmente relaxado enquanto encarava o moreno.
- O que foi? – ele perguntou desconfortável segurando a xicara de café.
- Melhor tirar uma foto, . – ela ergueu uma sobrancelha sorrindo.
- Foto? Do que, ? – ele bebeu um gole de café e dobrou o jornal deixando ao seu lado.
Ela levou o copo até a pia, ajeitou a saia em seu corpo e caminhou sem pressa alguma até estar de frente para o homem, inclinou o corpo sobre a mesa e passou a ponta da língua sobre os seus lábios, umedecendo-os. Observou com luxúria brilhando em seus olhos o quanto conseguia afetar com seus atos, e mesmo que estivesse longe das ruas, ainda não tinha perdido o seu jeito de sensualizar tudo.
- Uma foto minha para ficar olhando sempre que quiser. – ela deu um sorriso com falsa timidez e ele, automaticamente, inclinou seu próprio corpo para mais perto dela. – Assim não precisa ficar babando em mim toda hora que eu entrar no mesmo cômodo que você estiver. – ela mordeu o lábio e arregalou os olhos, afastando-se.
saiu da cozinha rindo divertida, enquanto continuava sentado do mesmo jeito, sentindo seu corpo mais quente. Ouviu a voz melodiosa dela o chamar para irem logo senão iriam se atrasar, mais tudo que conseguia lembrar era dos lábios vermelhos de e o corpo dela tão próximo do seu, lhe provocando descaradamente. Ele ficou de pé e surgiu na sala, em silêncio, pegou seu casaco de dentro do pequeno quartinho debaixo das escadas, guardou suas chaves do carro, carteira e celular no bolso da calça. Andou até pressionar o botão do elevador e destravar a chave de segurança, que impedia que qualquer pessoa parasse em seu andar, e então olhou para ao seu lado.
- Prefiro te olhar pessoalmente, . – ele desceu seus olhos castanhos por todo o corpo dela, malícia pingando de sua voz rouca, fazendo o corpo da mulher arrepiar-se sem o seu próprio consentimento. – E, não me provoque, , se não quiser arcar com as consequências depois. – ele finalizou assim que as portas metálicas abriram.
***
O dia poderia até ter começado com as provocações dos dois, mas logo que entraram no prédio da ACE, suas feições e postura mudaram para mais sérios. Estavam em local de trabalho e sabiam se colocar em seus lugares. O elevador abriu e saíram para o escritório silencioso. O corredor principal estava vazio, as portas fechadas, Alyson organizava alguns papéis em sua mesa e vozes baixas vinham da pequena cozinha que tinha no corredor à esquerda. acenou levemente para Alyson e sorriu para antes de andar até sua sala. A morena deu um beijo no rosto da colega de trabalho e sentou-se de frente para sua mesa, ligando seu computador e já puxando alguns papéis de dentro da gaveta.
Ela gostava muito do que fazia ali. Sabia que era pouco tempo para já dizer que estava realizada com tudo que acontecia em sua vida, mas durante aquelas semanas, sentia-se bem e realizada, sim! Como há muito tempo não se sentia. tinha lhe dado a oportunidade que ela sempre pedira aos céus, e ela tinha agarrado com todas suas forças, e não abriria mão nunca do que estava tendo ali.
Não poderia decepcioná-lo.
Tinha que dar o seu melhor e mostrar que merecia aquele emprego.
Nem notava como o tempo passava enquanto digitava alguns documentos e organizava outros em pastas por ordem alfabética. Alguns momentos, ligava no ramal dela e lhe pedia para levar algum documento ou um café para ele, o que a morena fazia no mesmo minuto, com um sorriso simples nos lábios. Também o ajudava a organizar suas pastas, salvar arquivos e mandar e-mails para os novos e antigos fornecedores, supervisores, gerentes e, até mesmo, os futuros clientes da empresa. Quando notava estava indo para seu horário de almoço com Alyson, e quando voltava saia juntos com outros empresários para o seu horário de almoço.
Minutos após sumir pelo elevador, o telefone tocou, e atendeu agendando uma reunião com o para dali uma semana com um possível cliente. Ela digitava rapidamente a agenda do seu chefe, quando Alyson começou a cantarolar alguma música lhe chamando a atenção. A menina estava com as pernas sobre a mesa enquanto passava mais algumas camadas do seu rímel preto, sem se importar por estar sem nenhuma postura em seu local de trabalho. deu uma risada baixa.
- Que foi, senhora certinha? – a garota lhe perguntou, e balançou a cabeça negativamente, pensando em como o termo “certinha” não tinha nada a ver com ela.
- Só estou pensando o que o seu chefe pensaria se te visse desse jeito. – ela virou a cadeira de frente para a nova amiga e piscou um dos olhos.
- Ele amaria a visão, certeza. – a menina respondeu abusada.
Elas riram, mas pararam quando o elevador apitou, abrindo lentamente as portas, Alyson soltou uma exclamação de surpresa retirando as pernas com pressa da mesa quase caindo da cadeira, borrando um pouco o rímel no canto do olho direito. Enquanto que continuou parada olhando do elevador até sua colega de trabalho tentando segurar a risada que ficou presa em sua garganta. As portas do elevador, finalmente, se abriram revelando com Josh Smith, o chefe de Alyson. Os dois conversavam distraidamente e pararam ficando de costas para as duas esperando uma mulher vir até eles.
Ela era surpreendentemente linda.
Tinha os cabelos loiros até a cintura, os olhos verdes chamativos, os lábios finos e um sorriso digno de capa de revista. franziu a testa sentindo seu peito palpitar. Não tinha gostado do jeito que tinha olhado para aquela mulher, mesmo sem saber o motivo, e isso foi o bastante para dar as costas para aquela cena ridícula e ficar em pé apertando um botão da impressora para imprimir um documento que ele tinha lhe pedido antes de sair para o seu almoço.
Alyson soltou uma risadinha baixa, e a morena a fuzilou com os olhos, ignorando a colega de trabalho, que deu de ombros voltando-se para seu próprio computador. ouviu despedir-se de Josh e da mulher desconhecida e caminhar até sua mesa, e foi aí que tudo desandou.
A máquina até um minuto antes estava com um botão verde aceso, os outros estavam apagados e parecia que nem tão cedo iria imprimir o único papel que a morena queria, mas foi somente se aproximar, que todos os botões ficaram acesos, a impressora começou a fazer um barulho estranho e então...
Eram folhas para todos os lados.
soltou uma exclamação e colocou as mãos na boca assustada. ficou parado olhando para ela. Josh e a loira ficaram perto da porta do escritório do homem olhando a cena com diversão nos olhos. Alyson virou a cadeira olhando para amiga e, sem querer, soltou uma risada.
- Ai meu Deus! – disse antes de começar a apertar mais botões.
Começou a empurrar as folhas para dentro da máquina, e procurar o fio que desligaria àquela máquina endemoniada, mas não encontrava de jeito nenhum. Já estava quase chorando quando a impressora parou de lançar folhas pelo escritório e apagou completamente. Ela ergueu os olhos marejados e encontrou segurando o fio perto da parede com um sorriso de lado, a morena balançou a cabeça abaixando-se. Todos já tinham voltado aos seus afazeres, e agora ela estava ajoelhada no chão recolhendo as várias cópias desnecessárias. Estava inclinando-se para pegar uma folha perto da sua mesa quando uma mão segurou o papel, ela ergueu o olhar, encontrando também ajoelhado na sua frente com algumas folhas em seu braço. Em silêncio recolheu tudo e se levantou, colocando tudo sobre sua mesa e pegando a folha menos amassada e entregou para que já estava de pé à sua frente.
- Desculpa. – ela sussurrou.
- Você é um desastre. – ele disse divertido. – Ainda bem que eu gosto disso em você, .
E então, ele riu. se deu conta que gosta da risada dele e odeia gostar tanto assim da risada dele.
Ela balança negativamente a cabeça e sorri timidamente assentindo, segura a cópia do documento que pedira a moça e inclina-se até colocar uma mecha, que escapou do penteado da mulher, atrás da orelha dela. Ele dá as costas à ela andando lentamente até a porta do seu escritório e ainda está paralisada quando ouve a voz rouca dele.
- Arrume todos esses papéis e tente não imprimir mais milhões de cópias desnecessárias, senhorita . – ele a encara por cima do ombro e ela sabe que está tudo bem.
Após o susto, ligou novamente a impressora, mas jurou que nunca mais ficaria perto daquela máquina assustadora. Alyson não estava em sua mesa, e esse foi o único momento em várias horas, que a morena teve um tempo sozinha e em silêncio. Sentou-se em sua cadeira e apoiou seu rosto nas suas mãos, pensando em tudo que estava acontecendo consigo.
Aquele trabalho... Ela gostava, mas ás vezes, pensava se era capaz com tudo aquilo. Ela sempre ficava olhando para Alyson digitando e falando ao telefone com homens e mulheres tão importantes, e a garota era sempre tão confiante, com uma dicção perfeita... Mesmo tão nova, sabia se comportar como uma pessoa elegante, de classe. E então, lembrava-se de todas as mulheres que conheceu durante o pouco tempo em que estava ali, todas lindas e elegantes. Falavam sempre claramente, delicadas e inteligentes. Muito inteligentes.
E então, tinha ela.
O que ela sabia daquele mundo? O que ela sabia sobre comprar, vender, financiar, administrar, planejar, negociar?
A American Corporation Express era uma das primeiras empresas de grande referência em Marketing e Propaganda. não fazia parte disso. Não da parte artística e criativa da empresa, mas, na parte do financeiro da empresa. Mas, ainda assim, o que ela poderia acrescentar nessa empresa, tanto na área criativa quanto na financeira? ficava assustada sempre quando alguém se dirigia à ela, pois tinha medo de alguém descobrir o seu passado, perceber que ela não tinha nada de bom e agradável, e aquilo a deixava desolada. Porque ela queria e muito ser útil para aquele lugar.
Acrescentar.
Ouviu uma porta se abrir e ergueu o rosto, vendo Alyson anotando algo em seu bloquinho rosa e andar até sua mesa. E então, sabia que era hora de voltar ao trabalho. Conversavam pouco, as duas sempre estavam ocupadas digitando algo importante ou sendo chamadas até a sala dos seus chefes. Já estava anoitecendo e o prédio já estava vazio quando as duas desligaram seus computadores e ajeitaram suas saias sociais em seu corpo.
- Ótimo dia, ! – Alyson abraçou a nova colega. – Estou com tanta vontade de sair e beber. Quer ir comigo?
- Você tem idade para beber? – a morena encarou a loira com um sorriso zombeteiro em seus lábios.
- Idiota. Eu já sou maior de idade, ok? – ela pegou a sua própria bolsa. – Vamos?
pensou. Poderia aceitar, mas não queria... Não queria entrar numa boate e beber. Isso lhe fazia lembrar quem um dia ela foi. E ela odiava a pessoa que era até pouco tempo atrás. Então, sorriu. Ao mesmo tempo, a porta do escritório de abriu.
- Desculpa, Ally, mas passo dessa vez. – ela deu de ombros com um sorriso educado.
- Ok! Boa noite . – ela deu um beijo na colega. – Boa noite, Senhor . – acenou para que trancava sua sala, o homem acenou, virando-se para que já segurava sua bolsa encostada em sua mesa.
- Está pronta? – ele a questionou e ela assentiu o seguindo para o elevador.
***
Nova York, Estados Unidos, 14 de Setembro de 2015 – 20h08pm
Só era possível ouvir a voz da repórter falando sobre alguma coisa que tinha ocorrido em New York no jornal televisivo, enquanto estava sentado no sofá lendo um livro e bebendo café. estava em seu quarto terminando de escovar seus dentes, após ter jantando. Era uma noite fria e calma, ambos queriam somente descansar, após uma quarta-feira de muito trabalho e cansaço. Estavam no meio da semana ainda e só em pensar nisso batia um sono, uma vontade de deitar naquele sofá confortável e ficar a noite e o dia todo ali jogado. deu uma leve risada com seus pensamentos desconexos e voltou a focar-se nas palavras do livro. Ouviu os passos delicados da morena e a observou passar à sua frente sentando-se no outro sofá.
dobrou as pernas sobre o sofá, usava uma calça e blusa de moletom cinza e rosa,apoiou sobre suas coxas uma agenda, e colocou ao seu lado uma pasta média preta, voltando a escrever algo enquanto confirmava nos papéis da pasta.
Ela estava tão nerd naquele momento, mas tão linda.
Os cabelos negros estavam presos num coque bagunçado – bagunçado mesmo, tinha várias mechas soltas caindo sobre seu rosto –, um óculos preto de grau em seu rosto e que deslizava pelo seu nariz, fazendo com que ela de tempo em tempo ajeitasse com seu dedo indicador e a caneta que ela utilizava para escrever sem parar, por alguns segundos, ela mordia a tampa com o olhar perdido e confuso.
Ele já sabia o que ela estava fazendo tão empenhada. Estava reescrevendo algum dos seus compromissos em sua agenda e organizando mais documentos importantes para o dia seguinte.
Tão organizada e dedicada com o seu novo trabalho. Mas, se ele estava tão cansado, imagina ela?
ergueu-se, colocou o marca-página no livro e o abandonou sobre a mesa de descanso junto a xícara de café, e andou até arrancar da mão de a agenda, fazendo com que ela o encarasse boquiaberta e com indícios de irritação em seu semblante.
- , se você tiver feito eu borrar o que estava escrevendo, eu vou... – ela respirou fundo fechando os olhos.
- Você vai? – ele a provocou escondendo o caderno atrás de si.
- ! Isso é importante e é para você mesmo. – ela suspirou abrindo os olhos. – É sua agenda, seus compromissos, os seus documentos importantes... Preciso terminar isso... Por favor.
- Não, . – ele negou recolhendo a caneta e a outra pasta andando até a mesa de canto, encostada na parede e guardando tudo na gaveta. – Você precisa descansar e deixar o trabalho na empresa. – ele piscou um olho.
- Você é impossível. – ela jogou a cabeça para trás apoiando-se no encosto do sofá fechando os olhos.
- Sou mesmo. – ele riu divertido e voltou-se até o sofá em que ela estava. – Vamos assistir um filme, fazer pipoca e ficar relaxando nesse sofá confortável, ok? Pode ser? – ele perguntou com um sorriso fofo e abriu um olho o analisando. Foi impossível dizer não.
- Ok! Pode ser. – ela sorriu.
pulou do sofá gritando que ele podia escolher o filme enquanto que a mesma iria preparar a pipoca e mais alguma coisa gostosa para eles comerem. Ele deu risada e procurou entre seus DVD’s algo legal para assistir, acabou escolhendo Jogos Vorazes: A Esperança 1, enquanto que cantarolava alguma música da cozinha.
Ela apareceu minutos depois sentando ao seu lado no sofá com um balde de pipoca e um prato com vários cookies com gotas de chocolate, ele sorriu cobrindo-os com o cobertor que tinha buscado em seu quarto. Ela o olhou colocando o prato de cookies no colo dele e o balde de pipoca em seu próprio colo, enfiou a mão ali dentro e trouxe para sua boca as pipocas quentinhas e arqueou a sobrancelha para o moreno.
Ele deu play no filme.
Pegou um pouco da pipoca e aconchegou-se mais ainda sobre o sofá, assistindo em silêncio o filme, os dois falavam pouco e soltavam algumas exclamações ao decorrer do filme. Já tinham acabado de comer tudo e os utensílios estavam no chão vazios quando o filme acabou, mas nenhum dos dois queriam ir para seus quartos e ficarem o restante da noite sozinhos. tomou a iniciativa pegando entre os DVD’s outro filme, dessa vez, ela disse que queria “um filme romântico, por favor”.
E colocou dentro do aparelho o CD do filme Love, Rosie!
nem pensou em reclamar, porque só de olhar o sorriso que a morena dava, era o bastante para ele aceitar o que ela quisesse. Eles voltaram para suas posições de antes, mas em algum momento do filme, apoiou suas pernas sobre as deles – que estava apoiada na mesa de centro – e a encarou.
A mulher olhava, sem nem piscar, o filme com um sorriso nos lábios, segurava as pontas do cobertor sobre seus seios tentando se esquentar mais, e deu-se conta que em algum momento ela iria embora dali. Em algum momento, assim como Rosie e Alex, ambos seguiriam suas vidas. Talvez ela continuasse como sua assistente na ACE, mas com certeza, ela iria para um apartamento seu e lhe deixaria ali sozinho.
E por algum motivo desconhecido, sentiu seu coração apertar dentro do seu peito com a possibilidade de ficar ali sozinho, sem a companhia dela.
o encarou e sorriu.
O moreno automaticamente sorriu com ela, puxando as mãos pequenas e frias dela para dentro das suas mãos grandes e quentes, fazendo com que o corpo dela se apoiasse no seu próprio. Ele a abraçou de lado e puxou mais para cima o cobertor, esquentando os dois, enquanto terminavam de ver o filme que contava mais uma história de amor.
***
Nova York, Estados Unidos, 15 de Setembro de 2015 – 09h30pm
O prédio todo encontrava-se numa agitação que não tinha presenciado ainda. As secretárias andavam atrás dos seus chefes anotando pedidos e ordens ao todo vapor, Ally digitava algo que Josh lhe deixara em sua mesa pela manhã extremamente concentrada. As duas salas de reuniões do seu andar estavam sendo usadas pelos seus superiores e estava trancado em sua sala com um possível cliente há uma hora inteira.
ainda não sabia quem era esse cliente, já que quem o atendera fora Alyson – pois no momento em que o homem chegou, estava no andar acima pegando algumas pastas que pedira minutos antes –, mas ouvira a loira falar que o homem já era um senhor grisalho, mais boa pinta, riquíssimo e um dos empresários mais influentes no ramo da ACE, o que queria dizer: eles precisavam que esse Senhor Henrich assinasse um contrato milionário com a empresa. E o responsável por convencê-lo a isso era o seu próprio chefe, .
E pelo visto ele conseguiria, já que estava um bom tempo conversando com esse homem. estava concentrada em um arquivo no computador quando seu telefone tocou. Ela atendeu, apertando um botão e virou-se totalmente para o aparelho.
- American Corporation Express, , em que posso ajudar?
- Senhorita , pode me trazer o relatório de criações da semana passada? – ouviu a voz rouca de soar pelo telefone.
- Claro, Senhor , o que o senhor pediu que eu separasse ontem? – ela confirmou já ficando de costas para a mesa abrindo a gaveta do outro móvel.
- Esse mesmo!
- Ok. Já estarei levando.
- Obrigado. – e desligou.
colocou o telefone no gancho e ficou em pé retirando da gaveta a pasta preta e conferindo se era o material que o seu chefe tinha pedido. Não se importava de chama-lo por senhor e ser chamada de senhorita, achava até engraçado já que os dois viviam juntos e tinham uma grande amizade, mas sabia que ali dentro ele era o chefe e ela, a subordinada.
Minimizou o arquivo que lia e bloqueou a tela, em seguida, pegando o seu bloco de notas e uma caneta. Abriu a porta do escritório do seu chefe ainda sem encarar quem estivesse ali dentro, caminhou até parar ao lado da mesa e entregou nas mãos do moreno a pasta, riscando algo o bloquinho em suas mãos, abriu a pasta analisando a primeira folha. Nenhum dos dois ainda tinha notado o olhar de surpresa e malicia que o senhor sentado à frente de lançava para a morena. Um sinal de reconhecimento cintilou em seus olhos e ele soltou uma risada, chamando a atenção dos outros dois, que o olharam.
, confuso. , amedrontada e surpresa.
Por um descuido, a morena deixou que seu bloquinho de papel caísse no chão e ela se agachou segurando contra seu peito sentindo seus batimentos cardíacos aumentarem gradativamente. Ela olhou para aquele homem grisalho ainda sem acreditar no que seus olhos viam e ele sorriu. Aquele sorriso nojento e lascivo de sempre.
O mais velho olhou para e falou sem pudor.
- Interessante. – ouviu a voz grossa de Marcus Henrich soar por todo o escritório. – Um fetiche muito interessante... Confesso que eu já tinha pensado nisso antes. – e olhou para dos pés à cabeça.
- Fetiche? – questionou confuso.
- O Chefe e a empregada. – Henrich mexeu as mãos dando de ombros. – Já pensei em usá-la assim, mas não tinha tido essa oportunidade. Esperto, Senhor . – ele inclinou-se saudando o homem, e então, o entendimento veio sobre que ficou de pé num instante.
- Usá-la? – ele olhou para , e a mulher estava petrificada virada para a janela de vidro atrás da mesa dele, os olhos fixos num ponto qualquer.
- Não vou contar seu segredinho, , sei como essa putinha é gostosa. – ele disse sorrindo. – Senti sua falta, docinho. – e ergueu a mão tocando a barra da saia cinza e justa da mulher, que deu um pulo para trás, quase caindo no chão.
- Não toque nela! – esbravejou saindo de trás da mesa e colocando-se na frente de .
- Ei, eu sei que ela é sua, nesse momento, pois você pagou... – o homem ergueu as mãos e cerrou os punhos, observou a musculatura dele toda tensa. – Mas, mais tarde, posso pagar um programinha e ela será minha por umas horinhas. – ele deu uma risada, já estava erguendo o braço para esmurrar o homem, quando sentiu a mão delicada da morena envolver a sua.
- Senhor . – ela sussurrou e ele a olhou por cima do ombro.
o puxou para si, fazendo com que o corpo dele ficasse de frente para o seu, ela deu um sorriso que não chegou nem perto dos seus olhos tão azuis. Ela acariciou a mão dele e ajeitou a gravata vermelha que ele usava, sem nunca encará-lo nos olhos. ergueu o rosto dela com calma e observou os olhos marejados da mulher. Ela se aproximou mais ainda dele, totalmente ciente que estavam sendo assistidos por Marcus.
- Não faça isso! Por favor. – ela pediu suavemente. – Não esqueça onde você está e o porquê dele estar aqui. A Empresa precisa do apoio da empresa dele. – ela abaixou os olhos e suspirou.
Afastou seu corpo de e saiu da sala, sem olhar para trás, o coração batendo disparado em sua caixa torácica, as mãos trêmulas, os olhos lacrimejando, o medo e a repulsa tomando todo seu corpo. Fechou a porta e observou o andar, todos estavam ainda em suas mesas fazendo seu trabalho em silêncio e concentrado, e a única coisa que pensava era como queria se trancar dentro do seu quarto e chorar.
A reunião de e Marcus ainda durou vinte minutos, tempo que Alyson foi chamada para ficar junto com seu chefe numa pequena reunião na sala do final do corredor, o que ocasionou a solidão de ali naquela parte do andar. A porta abriu-se e esperou tanto que saísse junto com Henrich, mas não foi isso que aconteceu.
O homem saiu sozinho com um sorriso malicioso nascendo em seus lábios. Ela o analisou por um minuto, – ele era alto, os cabelos curtos grisalhos, os olhos cor de mel, uma barba crescida que lhe dava ânsia e algumas rugas no canto dos seus olhos, – desviando seus olhos em seguida. Sentiu o toque dele em seus cabelos, a mão áspera dele descendo por seu ombro e ultrapassando o pequeno decote de sua blusa, brincando com alça do seu sutiã. Ela fechou os olhos, e então, empurrou sua cadeira para longe se afastando do toque dele. Ele sorriu e inclinou-se sobre a mesa.
- Ainda é o mesmo preço? – ele a questionou erguendo a sobrancelha. Ela não respondeu. – Aqui está meu cartão com o meu número, me liga! Estou louco de vontade de te ter outra vez. – ele mordeu o lábio inferior enquanto estendia a mão para ela com o cartão preto. – Pegue! – ele disse rude.
- Não! – ela respondeu ficando de pé. – Eu não faço mais isso. – ela disse segura, mas, isso só fez com que Marcus risse dela jogando o cartão de qualquer maneira sobre a mesa e dando-lhe as costas, antes de piscar um dos olhos e mandar um beijo para a mulher.
Quando conseguiu sair de sua sala, já não estava em sua mesa, um bilhete escrito às pressas estava sobre a mesa explicava que ela não estava sentindo-se bem e tinha ido para casa, o moreno sentiu seu coração apertar. Ele voltou para dentro de sua sala e mandou um e-mail para as secretárias dos outros empresários – que teriam uma reunião ainda aquele dia com ele – explicando que teriam que remarcar a reunião para o dia seguinte, desligou tudo e trancou sua porta, despedindo-se rapidamente de Alyson que já estava em seu lugar outra vez. Acelerou o carro entre as avenidas o máximo que pôde, precisava ver e mantê-la segura em seus braços. Não tinha palavras para descrever o que sentiu quando ouviu as palavras daquele velho maldito e o olhar amedrontado de . Ele só queria acolhê-la e fazer com que ela ficasse bem.
Estacionou o carro em sua vaga habitual, apertou incansavelmente o botão do elevador, ficou batendo os pés no chão com pressa quando o mesmo estava subindo e parando de andar em andar, até que puxou a chave que liberava o seu andar e as portas metálicas abriram revelando a sua sala grande e silenciosa. Tudo estava vazio e escuro. As luzes apagadas e nenhum barulho era ouvido. Ele retirou o paletó jogando sobre o sofá e arregaçou as mangas começando a subir os degraus em silêncio buscando ouvir qualquer zumbido que fosse. Por menor que fosse, tinha que escutar e achá-la. Assim que atingiu o andar de cima olhou para a porta do quarto dela entreaberta, andou devagar até abrir e analisou o quarto da mulher. O pijama dela ainda estava sobre a cama, a bolsa jogada perto do criado-mudo, o celular e um cartão preto caído perto da varanda e os sapatos altos ao lado da porta. Ele entrou no quarto vasculhando com seus olhos por ela.
Até que a encontrou.
Ela estava sentada no chão entre a parede e o seu guarda-roupa – o corpo parcialmente escondido pelo móvel negro –, os joelhos encostados ao seu tronco, o rosto escondido pelas mãos, os cabelos longos, negros e bagunçados caiam sobre seus ombros que tremiam. Ela chorava, os soluços baixos que poderiam passar despercebidos, mas não por ele.
aproximou-se silenciosamente e sentou ao lado da mulher, passou seus braços com delicadeza pelo corpo dela puxando-a para si com calma. Pensou que ela poderia se sobressaltar e afastar-se, mas em nenhum momento isso passou pela mente dela. sabia que ele estava ali desde o momento em que ele abriu a porta do quarto. Os passos dele eram inconfundíveis e quando sentiu o perfume amadeirado dele perto de si, tudo que queria era que a abraçasse e levasse embora de si toda dor e medo. Todo nojo e repulsa do seu passado.
Ele a apertou contra si, sentindo sua camisa ficar molhada pelas lágrimas dela, e ouviu em silêncio os soluços dela aumentarem aos poucos. Ele a afastou minimamente de si e tocou o queixo dela com seu dedo indicador, erguendo o rosto dela para olhá-la nos olhos. Ela piscou os olhos e, então, o encarou. Sem máscaras, sem medo, só ela.
Ela inteiramente ali, toda quebrada e destroçada, frente a frente com ele.
E ele a questionou com os olhos. E ela o respondeu.
- Ele foi o primeiro. – ela sussurrou, a voz fraca e abatida. – Ele foi o homem que me fez o primeiro convite. Como eu tinha te dito naquele dia, era por uma noite. E então, ele me convidou outra vez para acompanha-lo numa festa de gala. Ele pagou meu vestido, maquiagem e cabelereiro. Todos os homens me olharam naquele dia, e então, comecei a ouvir os cochichos e as frases esquisitas: “Nossa, ela foi cara?”, “Nossa, que coisinha linda!”, “Henrich, que bom gosto. Onde a encontrou?”, “Eu quero uma noite também”.
Eu era boba e inocente, mas depois, quando conversei com outras mulheres que estavam lá e acompanhavam esses empresários descobri qual era o meu papel daquela noite ao lado dele: uma acompanhante de luxo, ou melhor, uma prostituta de luxo. Esse homem me pagou várias vezes para outras festas, fora as vezes que me levava para um motel barato durante as semanas. Era duas vezes por semana. Foi durante essas festas que surgiram outros e mais outros, e então, eu já tinha uma agenda... Um homem para cada dia, tarde e noite. – ela engasgou com o choro e ele a observava em silêncio, absorvendo as palavras. – O tal do Henrich sumiu após três meses, não me explicou os motivos, somente disse que não queria mais os meus serviços. Eu agradeci aos céus, o odiava com todas as minhas forças, a única coisa que me mantinha fazendo os programas com ele era o dinheiro, obviamente... Tudo era pelo dinheiro.– afastou seu corpo dela e bagunçou os cabelos nervoso com a situação, a história, a vida dela.
Mas aquilo... Aquele ato fez o coração da morena diminuir e apertar mais ainda dentro do seu corpo. Ela abraçou seu próprio corpo, sentindo-se amolecer. estava com a cabeça entre as mãos pensando em tudo que tinha ouvido quando ouviu os passos acelerados de , correndo até o banheiro do corredor, ele ficou em pé num pulo a seguindo. Chegou na porta do banheiro, ao mesmo tempo, que ajoelhava-se sobre o piso claro e cuspia no vaso, entre lágrimas. Ele suspirou e sentou ao lado da mulher, segurando os cabelos dela para o alto, acariciando as costas dela com carinho.
Quando ela terminou, ele a levantou e a ajudou a escovar os dentes, a levou até o quarto dela e deitaram juntos. Ele a abraçou, e mesmo contra sua própria vontade e sabendo que seria errado, enfiou seu rosto no peito dele respirando fundo segurando as lágrimas.
- Você tem nojo de mim. – ela disse baixinho quebrando o silêncio do cômodo.
- Nunca, . – ele ergueu o rosto dela com sua mão quente. – Não tenho e nunca vou ter nojo de você, pois eu sei que você teve seus motivos, mas mesmo assim, deixou tudo para trás e quis dar à volta por cima. E é essa que está aqui comigo, é essa que eu tenho orgulho. – ele olhou intensamente para ela. – Eu só fico pensando como tiveram coragem de roubar a sua pureza e inocência, tiveram a coragem de criar feridas numa mulher como você, . Isso acaba comigo, me deixa revoltado. – ele confessou e percebeu o porquê ela tinha pensando aquilo, o seu ato de deixar de abraça-la poderia ter feito com que ela acreditasse que ele tinha nojo dela, mas tinha que deixar claro que nunca sentira isso por ela, não por ela. – E não pense que estou te afastando ou que deixei de abraça-la por sentir repulsa de você, pois aquele só era o meu eu revoltado e nervoso pensando como eu queria ter te conhecido antes para impedir que fosse criado essas cicatrizes em você. – ele disse a voz sumindo aos poucos. fechou os olhos sentindo as lágrimas mancharem seu rosto.
- Obrigado. – ela sussurrou. – Obrigada por estar aqui comigo. – ela disse sentindo os dedos dele limparem suas lágrimas e sorriu minimamente, apertando seus braços mais ainda ao redor de .
- Você é linda, , nunca pense que é menos que isso. – ela o ouviu dizer e o encarou uma última vez, antes de esconder seu rosto no peitoral dele e fechar os olhos, esperando dormir ainda escutando a voz dele soar com tanto carinho e sinceridade em seus ouvidos.
***
Nova York, Estados Unidos, 26 de Setembro de 2015 – 11h00am
Depois do dia em que viu novamente Henrich e contou mais coisas do seu passado para , algumas coisas mudaram. Primeiro, tornou-se muito mais atencioso e protetor. , por sua vez, um dia depois que tinha chorado abraçada a acordou decidida a esquecer aquele seu momento de fraqueza e continuar firme e forte como sempre fora. E, bom, tinham os seus trabalhos na ACE... E lá estava tudo muito agitado.
O que aconteceu foi que após mais algumas reuniões gerais com o Senhor Henrich e os sócios de sua empresa, o contrato foi assinado e agora a American C. Express tinham mais um trabalho importantíssimo a fazer. Tinham que entregar uma campanha que seria responsável por divulgar a Henrich’s & Cia, dali uma semana, e pelo que ouvia de e, inclusive, de Alyson é que a campanha ainda estava pela metade e que não estava nem perto de estar pronta e perfeita como os clientes queriam.
Também não podia deixar de lado que nos dias que se seguiram Marcus aparecia quase sempre lá na empresa, e entre um andar e outro, ele sempre aproximava-se de sua mesa com sorrisos maliciosos, mas de um jeito louco e – fofo, diga-se de passagem -, sempre surgia do além para salvá-la daquela situação. Mas, a única coisa que ele não sabia era que sempre que ela voltava para sua mesa sozinha, sempre tinha algo abandonado por Marcus por ali.
Na primeira vez, era outro cartão negro com número do celular pessoal e whatsapp dele. Na segunda vez, uma flor vermelha exuberante por demais. Na terceira, uma camisinha. E nas últimas duas vezes, mais camisinhas e um dólar.
Tudo foi parar na lata do lixo, enquanto a mulher se sentia humilhada.
De qualquer forma, naquele dia em especial, estava em sua mesa digitando concentrada um texto quando o elevador abriu revelando Marcus e sua secretária, bonita demais para ser somente isso, Alyson os recebeu pedindo que esperassem na sala de espera.
- O Senhor Henrich chegou, pode avisar o Senhor ? – Ally aproximou-se da mesa da morena. – Vou avisar o meu chefinho. – sorriu dando as costas à colega que se colocou de pé e caminhou até o escritório do chefe.
- Senhor . – bateu na porta e abriu uma fenda pequena observando o lugar escuro e silencioso, só podia ver os cabelos castanhos de por cima do computador. Ela sorriu entrando. – ?
- Ah, Oi . – ele disse assim que notou a porta fechada. – O que foi? – minimizou a janela que lia e encostou-se em sua poltrona relaxando.
- O senhor Henrich chegou. Vim te avisar, a reunião deve começar logo, não é? – ela sentou na cadeira de frente para mesa.
- Oh, sim! – ele ajeitou a gravata e arrumou os fios rebeldes dos cabelos. – Tinha esquecido de avisar, mas hoje todas as secretárias e assistentes irão participar da reunião. Precisamos de alguém anotando tudo que decidirmos. – ele ficou em pé sendo acompanhado por ela.
- Oh, claro! Vou preparar minhas coisas então. – ela disse com um sorriso simples nos lábios saindo porta afora.
***
A reunião deu-se início vinte minutos depois, tinha no total dois diretores de criação, um supervisor de marketing, uma supervisora de desenhos gráficos, e Josh, e o cliente da campanha: Marcus Henrich.
As únicas secretárias presentes eram: Alyson, a ruiva que chegara com Henrich, Anne – secretária de um dos diretores –, e . Cada uma sentada ao lado do seu chefe com seus blocos de anotações abertos à sua frente e a caneta em mãos não paravam de escrever um minuto sequer durante todo o tempo de reunião. O primeiro diretor de criação mostrou o que tinha sido criado até ali e comentando sobre isso e aquilo, que para falar a verdade, não entendia nada. também não entendia muito bem, mas acima de tudo sabia ler muito bem as expressões de um cliente seu... E as expressões e sussurros de Marcus demonstravam que ele não estava gostando nada do que estava sendo apresentado ali. Entre uma cor citada por Mariah e uma fonte por Anthony, o som de uma cadeira sendo empurrada para trás foi ouvido. Todos pararam de falar enquanto olhavam para Henrich ficando em pé e olhando sério para o rosto de todos os presentes.
- Parem de falar! – ele disse rude. – Isso está horrível. Uma merda. Um trabalho feito por criancinhas e não é por isso que eu assinei com vocês, então eu só tenho um aviso: se na próxima semana eu chegar e me for apresentado algo assim, eu deixarei vocês falando sozinhos e não pagarei um misero dólar do qual foi combinado. Estamos entendidos? - todos, sem exceção, ficaram em silêncio enquanto observavam o homem deixar a sala de reuniões reclamando de algo para a ruiva.
Quando notou os dois homens responsáveis pela criação e desenvolvimentos da campanha estavam em pé, um apontando para o outro, falando alto e zangados. estava com a mão na testa pensativo, Josh passava alguma informação para Alyson e Mariah rabiscava algo no projeto chamado de merda pelo seu cliente. inclinou a cabeça para um lado observando os rabiscos desordenados que a mulher fazia sobre os carros velozes antes bem desenhados ali e uma ideia surgiu em sua cabeça.
Mas, calou-se com medo de ser ridicularizada e chamada de intrometida. ficou em pé e começou a dar ordens aos homens e a mulher, decidindo que eles tinham que entregar algo para ele e o senhor Smith até o final do dia e que fosse no mínimo perfeito e da maneira que o cliente tinha feito questão. saiu da sala o seguindo em silêncio e ficou durante as duas horas seguintes desenhando em seu bloco a ideia que tivera dentro da sala de reuniões, nem sabia direito qual tinha sido o pedido feito pela empresa Henrich’s, mas estava gostando do resultado.
Mas, de qualquer maneira, ninguém veria aquilo.
Isso é claro se Alyson não tivesse visto, quando por um descuido seu enquanto atendia uma chamada, deixou o bloco aberto sobre sua mesa. A loira pegou em suas mãos sem chamar a atenção da morena e observou os traços, as cores e a frases de impacto, estava encantada pelo desenho quando ouviu um resmungo e o caderno foi tirado por entre suas mãos.
- Intrometida. – falou divertida.
- Você desenha bem, ! – ela falou sentando-se abrindo seu bloco de notas.
- Obrigado.
- Não sabia que você gostava de... – ela já ia completar sua frase quando releu a mesma frase que estava escrita sobre o desenho da morena, mas dessa vez, em seu bloco acompanhado pela discussão da sala de reuniões. – Ei. Espera! Você teve uma ideia para a campanha da reunião de hoje? – os olhos da morena encontraram os seus e ela assentiu corando. – Você precisa mostrar isso ao senhor . Isso está perfeito! – a mais nova falou empolgada.
- Não posso. – respondeu baixinho.
- Você deve... Qual é, ? – Alyson chiou.
- Vão me chamar de intrometida e abusada. – ela disse revirando os olhos.
- Claro que não. – a loira ficou em pé. – Tem noção de que essa sua ideia e desenho podem salvar a empresa de perder bilhões de dólares? – ela sussurrou a parte final da frase fazendo com que arregalasse os olhos.
***
- Tem certeza que vale a pena? – perguntou outra vez para a mulher enquanto parava no meio do caminho entre sua mesa e a porta do escritório de .
- Absoluta. Vai logo, .
E ela foi.
Bateu na porta ouvindo uma exclamação positiva para que abrisse a mesa, entrou no escritório – agora mais claro e agitado – enquanto digitava furiosamente em seu computador e empurrava sua cadeira para longe da mesa puxando pastas e mais pastas de dentro de um móvel atrás dele.
Ele a olhou, mas não parou para questioná-la o que tinha ocorrido, continuou abrindo a pasta e analisando o pedido feito por Marcus enquanto observava o projeto que Andrew tinha lhe enviado há cinco minutos. Era a mesma porcaria de antes, o que alterava era a fonte e a cor. O que aqueles caras estavam pensando? Eram dois bilhões de dólares que poderiam ser jogados pela janela do prédio que estava em jogo naquele momento. E estavam em contagem regressiva, ainda por cima. sentou-se na cadeira de frente para mesa e respirou fundo chamando a atenção de que a encarou confuso.
- Aconteceu algo?
- Qual foi o pedido do senhor Henrich para essa campanha? – ela perguntou.
- Ele disse que gostaria que fosse algo que pudesse aparecer desde um outdoor como num comercial de televisão. Algo feroz, vivo e intenso como a marca dele. Que chamasse a atenção para a área de sua empresa que é automotivo.
- A empresa dele é como uma concessionária?
- Tipo isso. – ele assentiu abrindo o e-mail.
- Eu tive uma ideia. – ela falou e ele permaneceu em silêncio aguardando que ela completasse seu raciocínio. – Para a campanha.
- Você teve? – ele perguntou, e ela assentiu envergonhada. – Qual foi sua ideia?
- Posso te mostrar? – ela o questionou e ele assentiu empolgado estendendo a mão para ela quando a morena revelou o bloco de notas.
Ele abriu na página marcada por um laço vermelho e deu-se de cara com um desenho incrivelmente bem desenhado, os traços bem marcados e era surpreendentemente o que ele esperava dos diretores de criação. O slogan na parte superior direita era um H grande entrelaçado com as outras letras sendo puxado por um laço que aos poucos ia tornando-se o rosto de um tigre branco. O animal estava no centro e ao seu redor havia pássaros, e na parte superior esquerda dava-se início à uma pista de corrida com a traseira de um carro, a fumaça que saía do escapamento era similar com chamar de fogo e era dessas chamas que uma frase era formada.
A frase de impacto era um misto do que tinha explicado sobre o pedido de Marcus. Em letras pequenas e delicadas, na parte inferior, lia-se: “Os sonhos não vão determinar o lugar em que você vai chegar e podem até produzir a força necessária para alcançar certos lugares. Mas, somente os nossos carros irão te deixar livres para chegar até lá”.
abriu e fechou a boca algumas vezes enquanto pensava no que tinha acabado de fazer. Ele deu a volta na mesa, sentou ao lado da mulher e a abraçou sem proferir uma palavra sequer.
- Você está nos salvando, ! – ele sussurrou. – Por que pensou nisso? Não sabia que desenhava tão bem. Isso ficou incrível. Perfeito. Uau! – ele falava afobado e ela soltou uma risada.
- Obrigado. Eu gosto de desenhar um pouco, . Espero que isso ajude, talvez, vocês consigam usar algo disso daí. – ela deu de ombros e ele negou. - Por mim, usaremos esse desenho todo. – ele a respondeu olhando admirado para o desenho em suas mãos. – Obrigado, ! – ele apertou a mão dela nas suas sorrindo agradecido, e ela assentiu deixando seu olhar se perder nos olhos dele.
***
Nova York, Estados Unidos, 03 de Outubro de 2015 – 17h00am
Todo o pessoal do escritório estava silencioso enquanto faziam suas tarefas, enquanto os superiores aguardavam pela análise da Campanha da Empresa do Sr. Henrich. No dia anterior, tinham recebido o mesmo junto ao seu sócio para a apresentação da campanha e fora um sucesso, tanto Marcus quanto seu sócio aprovaram a campanha – que viera totalmente da ideia de – e saíram felizes da ACE deixando um orgulhoso e agradecido a . Mas, somente aquilo não era o bastante. Ainda precisavam saber como a campanha seria recebida pelo público e se chamaria a atenção de futuros consumidores tanto quanto a marca de Henrich gostaria. Então, aquelas primeiras vinte quatro horas em que a campanha estava sendo exposta pelo mundo eram essenciais para saber se o trabalho deles tinha sido bem-sucedido ou não.
No início da manhã o novo slogan da Henrich’s & Cia estavam em vários outdoors espalhados pela capital de Nova York, após as séries e jornais importantes passava o comercial feito para divulgar a empresa e nas revistas entregues pelo início da tarde já estavam nas bancas vendendo ao todo vapor. Então, quando Anthony entrou no escritório de sem nem pedir permissão para , a morena já sabia que o publicitário tinha boas notícias.
Não demorou muito para ligar pedindo que ela pedisse que Josh e mais um monte de outros diretores fossem até a sua sala, e quando todos já estavam lá dentro, ela e Ally ficaram sentadas juntas escutando as palmas e as risadas em forma de comemoração. A campanha e todo o seu pacote tinha sido um sucesso, muito bem recebido pelas pessoas em gerais, e provavelmente, naquele mesmo momento vários consumidores estavam enchendo as lojas de Marcus em busca de novos modelos de carros.
Um tempo depois todos saíram da sala de , deixando a porta aberta, e um moreno sorridente se despedindo de todos. O homem ergueu os olhos até a morena que estava com o rosto apoiado nas mãos olhando para um ponto fixo no chão, enquanto esperava por alguma ordem do chefe, já que não tinha mais nada para fazer. Ele andou lentamente até ela, ao mesmo tempo que ouvia Josh dizer para Alyson que todos do setor iriam sair cedo para uma comemoração. Afinal, não é todo dia que se ganha dois bilhões de dólares, não é? ergueu a cabeça quando notou parado perto de sua mesa a encarando, ela se arrumou do jeito que conseguiu e o encarou com um sorriso nos lábios.
- Parabéns. A campanha foi um sucesso. – ela disse casualmente.
- Parabéns para nós. – ele a respondeu. – Afinal, foi a sua ideia responsável para o nosso sucesso. Então, obrigado, !
- Não foi bem assim... – ela passou os dedos pelos cabelos e ele balançou a cabeça negativamente.
- Não fale nada, é a verdade, e você sabe. – ele inclinou-se sobre a mesa brincalhão. – Agora, eu tenho um convite para você.
- Para mim? – ela questionou confusa e ele assentiu. – Qual?
- O pessoal do departamento todo vai sair para comemorar e eu gostaria que você fosse comigo, afinal, você nos ajudou muito. E, precisamos de uma diversão, não é? – ele deu um sorriso de canto que fez o coração de parar por um segundo. Ela sorriu e não demorou muito a aceitar.
- Claro. Agora? – ela disse entusiasmada.
Ele assentiu e em poucos minutos estavam os dois deixando o prédio comercial ao lado de Alyson, Josh e Maggie indo em direção ao estacionamento. estava animada, fazia tempo que não saia para dançar e beber algum drink colorido. E, não estava temerosa, porque afinal o que poderia acontecer de tão grave naquela noite comum?
***
Nova York, Estados Unidos, 03 de Outubro de 2015 – 23h18am
dançava ao lado de Alyson enquanto segurava um copo com uma bebida azul clara, era divertido e gostoso dançar ao lado de uma amiga e sem pensar que dali alguns minutos teria um homem lhe dando algumas notas de dinheiro para ela pagar um boquete para ele no banheiro ou transar dentro do carro dele. Era como se aquela sua antiga realidade fosse exatamente isso: antiga, passado, irreconhecível, inexistente.
Estava feliz por agora ser somente . Sem problemas, sem programas, sem toda a nojeira do seu passado.
estava sentado numa mesa conversando alegremente com Josh, enquanto que Meggie – sim, a mesma loira que vira tempos antes saindo do elevador com os dois homens ali presentes – beijava intensamente uma ruiva perto do bar. arregalou os olhos e, então, caiu na risada dando-se conta que a loira gostava era de outro tipo de fruta. Em pensar que sentira ciúmes daquela mulher com .
Ciúmes?
Quando se deu conta do que pensara, parou de rir automaticamente, levando seus olhos até que a observava entre uma palavra ou outra trocada com Josh, ele sorriu para a mulher que acenou brevemente virando-se de costas confusa. O que fora aquilo? O que estava pensando?
Lógico que não tinha sentido ciúmes de , não ciúmes carnal, do tipo “estou apaixonada por ele e essa vadia está dando em cima dele”, era só algo como “eu não gostei dela chamando a atenção dele”. Simples.
Balançou a cabeça negativamente e resolveu voltar para a mesa, precisava beber algo e descansar seus pés que estavam já doendo naqueles saltos vermelhos. Ela sentou-se de frente para e sorriu para os homens que a acompanharam, um garçom aproximou-se e ela inclinou-se sobre a mesa mordendo o lábio inferior.
- Tequila! Por favor, dois shots de tequila. – ela umedeceu os lábios e segurou os cabelos num rabo de cavalo chamando atenção tanto dos seus chefes ali sentados quanto do garçom parado à sua frente. – Que calor, gente!
- Muito calor. – o garçom murmurou e o encarou dando-se conta do que estava fazendo e o que seu ato tinha causado nos homens ali. Ela deu uma risadinha. – Mais alguma coisa?
- Traga tequila para nós dois também. – Josh disse e o garçom assentiu indo até o bar. – Aqui está bem quente! – ele disse observando uma gota de suor correr lentamente pela lateral da nuca até sumir pelo vão do decote dela, não deixou de notar o olhar do amigo e o empurrou com o ombro raivoso.
- Tente não ficar bêbada, . – ele a alertou. – Eu não vou cuidar de gente bêbada, ok? – ele disse contrariado olhando para qualquer lugar menos para o rosto da morena, pelo menos, não olhava até escutar a risada divertida da mulher.
- , eu não fico bêbada, nunca! Não se preocupe. – uma piscadela e ele já estava pulsando e pensando em mil coisas proibidas que gostaria de fazer com aquela mulher.
Ficaram ainda mais algum tempo no bar, tomaram os shot de tequila sendo provocados pelo olhar malicioso de que lambia na ponta do dedo um pouco de sal, bebia a tequila e chupava tentadoramente o limão. Algum tempo depois de terminarem de beber a tequila, Alyson surgiu do além com o batom vermelho levemente borrado e puxou Josh pela mão até a pista de dança, falando arrastado que o seu “chefe preferido precisava se divertir”. Eles ficaram perto demais um do outro na pista, enquanto dançavam uma música eletrônica, o homem segurando a cintura da loira que ria divertida.
resolveu que também queria dançar e puxou até perto do casal que dançavam como velhos amigos, e os dois começaram a fazer passos doidos e sem ritmo algum, enquanto riam um do outro. segurava a cintura de e o balançava de um lado para o outro, para segundos depois, ele segurar a mão dela e a girar em seu próprio eixo. Ela soltava gargalhadas que o divertia, e o abraçava carinhosamente dando passos para um lado e o outro junto a ele, dançando ao som de uma música desconhecida por ambos.
Cansaram minutos depois e resolveram se despedir de Josh e Alyson que pareciam envoltos em uma piada interna deles.
e pagaram as suas contas no bar e pegaram suas coisas, saindo do bar um pouco alegre demais. O moreno disse que não estava bêbado e entrou no carro, dirigindo tranquilo até seu apartamento, enquanto estava com o corpo virado para a janela e a cabeça encostada no vidro com os olhos fechados como se estivesse dormindo. O pior – ou talvez, melhor – é que ambos não estavam bêbados mesmo, estavam alegres até porque estavam com uma certa quantidade de álcool circulando suas correntes sanguíneas, mas bêbados não. estacionou o carro em sua vaga e quando estava pronto para chamar , a viu abrir os olhos e destravar sua porta, saindo do veículo. Andaram lado a lado até o elevador, em alguns momentos, suas mãos roçavam causando uma sensação tão boa e tentadora. As portas metálicas abriram e os dois entraram ficando encostados na parede do fundo em silêncio.
Tell me what you want
(Me diga o você quer)
What you like
(O que você gosta)
It's okay
(Está tudo bem)
I'm a little curious too
(Eu estou um pouco curiosa também)
Tell me if it's wrong
(Me diga se isso é errado)
If it's right
(Se é certo)
I don't care
(Eu não me importo)
I can keep a secret could, you?
(Eu consigo guardar um segredo, e você?)
estava com os olhos fixos nas portas prateadas bem fechadas enquanto olhava o T de térreo ser trocado pelo número 1. Uma longa espera até o seu andar, suas mentes rodando, uma nova vontade louca e insana tomando seus seres. Era tentador demais, desejoso demais.
permitiu-se virar sua cabeça analisando o perfil de ao mesmo tempo que o homem a olhava, os olhos escuros dele a devorando aos poucos. Ela suspirou e fechou os olhos decidindo o que era certo ou não fazer. Notou que, pela primeira vez na sua vida, estava pesando os prós e os contras, pensando e analisando o que deveria ou não fazer... Exatamente quando não deveria pensar em nada. Não iria perder nada se tentasse, ou perderia? Não, não perderia.
Abriu os olhos no mesmo segundo que tinha tomado sua decisão. Abriu os olhos somente para notar a proximidade que o corpo do moreno estava do seu. Abriu os olhos somente para voltar a fechá-los quando sentiu a pressão dos lábios de nos seus.
Ele a beijou com doçura e intensidade.
Prendendo o seu corpo na parede gelada do cubículo, segurando a nuca dela e saboreando o gosto dela em sua língua, os lábios macios contra os seus. Era tudo na quantidade certa, os movimentos, as línguas se entrelaçando, as respirações ofegantes. Ouviram uma campainha baixinha e afastou minimamente puxando uma chave pequena do painel e girando para abrir o hall de seu apartamento. Ele entrelaçou seus dedos nos da mulher e a puxou para fora do elevador. Ficaram parados por menos de um segundo vendo as portas fecharem quando foram despertados pela bolsa preta da mulher tocar o chão, e então, estava grudada a ele.
A morena empurrou o homem até encostá-lo na parede ao lado do elevador e o beijou novamente, enfiando suas mãos no cabelo dele e o puxando contra seu corpo. não precisou de muito tempo para raciocinar, puxando a cintura dela contra a sua e a beijando com tanto empenho quanto antes. Arrastou seus dedos pela calça social da mulher e a ergueu, fazendo com que a mesma entrelaçasse suas pernas pela cintura do homem, que aos tropeços a levou até a mesa na lateral da sala, empurrando o que tinha ali em cima e a apoiando ali, passando suas mãos grandes pelo corpo dela, das coxas até a cintura, e então, até a nuca puxando levemente os cabelos negros dela, descendo seus beijos até a garganta dela, puxando para si o perfume floral. apertava os músculos tensos do braço dele em suas mãos, apertava suas pernas ao redor dele e suspirava com os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás.
Got my mind on your body
(Estou com minha mente no seu corpo)
And your body on my mind
(E seu corpo na minha mente)
Got a taste for the cherry
(Quero provar dessa fruta)
I just need to take a bite
(Só preciso dar uma mordida)
Don't tell your mother
(Não conte pra sua mãe)
Kiss one another
(Vamos nos beijar)
Die for each other
(E morrer uma pela outra)
We're cool for the summer
(Estamos de boa durante o verão)
afastou-se dela e soltou suas pernas da cintura do homem, descendo da mesa e empurrando-o com uma mão até estar de frente para o sofá, o empurrou para sentar ali e sentou-se sobre ele. Passou as mãos sobre o abdômen do homem até segurar as duas laterais da camisa social do moreno, deu um sorriso malicioso, e por fim, puxou a camisa observando alguns botões soltar de suas casas e cair sobre o sofá fazendo com que sorrisse. Ele a segurou e a beijou passando sua mão pela cintura dela e afastando-se, em seguida, para retirar a blusa dela. ergueu os braços permitindo que tirasse sua blusa e passasse a beijar seu busto, enquanto ela arranhava as costas dele, movendo seu corpo para trás e para frente causando uma fricção gostosa entre suas regiões íntimas. Ela afastou-se e ajoelhou-se de frente para o homem que a encarou com os olhos brilhando em malicia e desejo. Ela puxou o zíper para baixo da calça dele, tirou os sapatos e meias dele e apertou a coxa do homem lambendo os lábios, e então afastou-se, sorriu enquanto engatinhava de costas até estar no centro do tapete da sala dele. Arqueou uma sobrancelha enquanto abria sua própria calça e a retirava do seu corpo, empurrando com os pés os seus sapatos altíssimos para longe de si. Puxou seus cabelos de suas costas e jogou para trás de si, mordeu o lábio inferior e encostou todo o seu corpo no tapete deslizando suas mãos pelo seu corpo, provocando-o. Ouviu um arfar, o barulho de roupas tocando o chão e então sentiu mãos lhe tocando, lábios beijando seu corpo.
subiu seus beijos pelas coxas, passando pela barriga lisa até beijar-lhe os lábios novamente, dessa vez, abrindo o fecho do sutiã preto rendado que a morena usava jogando para longe. Afastou seus lábios do dela a observando abrir os olhos nublados, ele sorriu, e mergulhou sua cabeça no vão entre os seios dela. Engoliu um dos seios dela, beijando e sugando-o, mordendo o mamilo com vontade, enquanto sua outra mão apertava o mamilo entre seu polegar e indicador, causando uma sensação incrível na mulher que arqueava o corpo, subindo sua perna pela coxa dele. Ele desceu seus beijos molhados por todo o corpo dela, sentindo as mãos dela contra seu corpo, massageando seu membro por dentro de sua boxer o fazendo gemer contra seus seios arrebitados. Ele retirou as últimas peças que cobriam os seus corpos, e pincelou seu membro na entrada molhada dela, mas antes que fizesse qualquer coisa, o empurrou para o lado e engatinhou até pegar a calça preta dele e procurar dentro da carteira uma camisinha. Obviamente a encontrou e voltou para o corpo sarado do homem que estava parado a analisando por completo, ela riu e abriu com os dentes a embalagem, inclinando-se sobre o homem para vestir seu membro. Ele a puxou para o seu lado e colocou-se sobre a mulher, beijando-a ao mesmo tempo que a penetrava lentamente. Deixou seus lábios perto um do outro, enquanto gemiam e sussurravam palavras desconexas, estocando com mais força, intensidade e rapidez contra o corpo delicado de . As pernas dela ao redor de sua cintura lhe davam mais espaço para estocar mais fundo nela, e sentir tão perto o corpo quente e suado dela contra o seu, era o paraíso. Meu Deus, queria se perder dentro daquela mulher.
Permanecer com seu corpo grudado ao dela para sempre.
Quando atingiram o máximo do prazer suspiraram juntos, enquanto saia de dentro dela e caía ao seu lado, a puxando para seu corpo.
Ele a beijou outra vez.
Não se cansava do gosto irresistível que tinha.
Take me down into your paradise
(Me leve para o seu paraíso)
Don't be scared cause I'm your body type
(Não fique com medo, eu sou seu tipo físico perfeito)
Just something that we wanna try
(Isso é só uma coisa que queremos experimentar)
Cause you and I
(Porque eu e você)
We're cool for the summer
(Estamos de boa durante verão)
Tell me if I won
(Me diga se eu ganhei)
If I did
(E se eu ganhei)
What's my prize?
(Qual é o prêmio?)
A sala estava escura e tudo estava silencioso demais. abriu os olhos, após dormir um pouco com seu corpo nu grudado ao corpo de , e observou o teto branco. Seu corpo estava relaxado como nunca antes e tudo dentro de si tremia. A sensação que estava sentindo desde o momento em que sentiu o moreno dentro de si era indescritível, não havia palavras que pudesse explicar o quão tinha sido tê-lo beijando e devorando seu corpo com tudo de si.
Apoiou a mão sobre o peito dele e deitou sua cabeça ali observando o rosto sereno do homem, mas, notou o sorrisinho que se formava aos poucos nos lábios carnudos do moreno. Ela riu e arrastou suas unhas como garras pelo peitoral dele, o fazendo franzir a testa e soltar uma gargalhada.
- Cócegas? Mulher, você quer me matar! – ele disse rindo enquanto abria os olhos e tentava segurar as mãos dela.
- Ei! – ele segurou com uma mão os pulsos da mulher e com a outra mão passou a fazer cócegas nela, fazendo com que ela risse jogando seu corpo contra o tapete. – Ai! Não! Pará, por favor, ! Cócegas, não!
- Você estava fazendo em mim e eu não posso? – ele perguntou divertido inclinando seu corpo contra o dela.
- Não. Não pode. Ai! Estou sem ar. – ela ria mais ainda, e então ele parou as cócegas, suavizando seu toque para uma carícia mais íntima e delicada, passando seus dedos pela lateral do corpo dela, delineando os seios dela. – Hm... – ela mordeu o lábio fechando os olhos.
- Não faz isso. – ele sussurrou aproximando seus rostos e tocando o lábio dela. – Isso é demais para mim. – ele confessou baixinho contra os lábios dela e sentiu as mãos dela se soltarem do seu toque e correr pela suas costas até tocar sua bunda e pressionar seus corpos, ela gemeu contra a orelha dele.
- Já está duro, ? Pronto assim para mim? – ela falou lascivamente beijando a nuca dele.
- Esse é o seu efeito em mim. Impossível não ficar duro e pulsando por você, . – ele disse com malicia.
E ele estava mesmo mais do que pronto para tê-la outra vez, mas num minuto ela estava embaixo dele, e no outro estava em pé usando somente aquela calcinha preta rendada que era a peça mais pequena que já tinha visto em sua vida. Como podia usar algo tão pequeno que deixava tudo tão à mostra assim? Ela soltou uma risadinha e sussurrou algo como “só vai me ter outra vez, se conseguir me alcançar, ”. E então, estava correndo em direção as escadas. ainda esperou um minuto respirando fundo e dando um tempo de vantagem para a morena, quando a morena estava no quinto degrau ele ficou de pé e bateu as mãos, chamando a atenção dela que riu pulando dois degraus de uma vez, e escutou os passos apressados dele percorrendo a sala. Agora, só era possível ouvir as risadas dela, os passos dos dois na escada e a porta de um dos quartos sendo aberta. alcançou o andar superior ao mesmo tempo que entrava no quarto do moreno e deixava a porta aberta, ele caminhou devagar preparando-se para segurá-la contra si.
Entrou no quarto e viu sentada na beira da cama, as pernas cruzadas, os cabeços negros cobrindo os seios e as mãos apoiando seu corpo atrás, ele andou lentamente até estar com seu corpo perto do dela, inclinou-se sobre a mulher tomando os lábios dela contra os seus. E não precisavam de mais nada.
Já sabiam como passariam o resto da madrugada.
E era inegável o quanto aquilo era gostoso e viciante.
***
Nova York, Estados Unidos, 04 de Outubro de 2015 – 10h25am
Os raios solares foram os responsáveis por despertar do sono profundo em que se encontrava, abriu os olhos preguiçosamente, piscando rapidamente tentando localizar-se. Olhou ao redor do quarto e girou seu corpo até encontrar o vazio ao seu lado, os lençóis brancos bagunçados, seu corpo cobertor por uma calcinha preta simples e um lençol. Olhou para o teto lembrando-se da noite anterior e a madrugada que passou com . Entre tantos beijos e carícias... Meu Deus, aquilo era o paraíso. O moreno sabia usar tudo tão bem: suas mãos, sua boca, seu membro grande dentro de si, uau, era tudo bom demais para ser verdade. Deu-se conta que pela primeira vez durante toda a sua vida sexual nunca tivera alguém como junto de si em uma cama. Ele era mais do que bom, ele a fazia atingir o céu e querer mais, sempre mais. Nunca sentira tanto prazer assim, talvez fosse porque antes era paga para sentir prazer e naquele momento, não estava sendo paga, mas somente convidada a sentir junto à ele.
Ficou de bruços na cama observando a varanda do quarto, enquanto criava coragem para sair dali. O perfume dele estava em todo canto daquele quarto, o que deixava mais excitada e encantada com tudo aquilo.
Levantou-se e procurou ao redor do cômodo por sua roupa, lembrando-se que estavam tudo na sala, então viu uma camisa preta social do homem sobre a poltrona do quarto, e resolveu usar aquela peça mesmo. Abotoou os primeiros botões e prendeu os cabelos num coque, deixando para trás o quarto, enquanto descia os degraus em direção a cozinha, seus pés tocando o chão gelado causava uma sensação térmica gostosa e lhe deixava mais despertar a cada passo.
Parou na entrada da cozinha observando , que estava de costas para a porta, cozinhando algo. Ele usava uma boxer preta e o seu corpo másculo estava todo descoberto para os olhos admirados de analisar sem pudores. O homem cantarolava alguma música pop que tocava no rádio ligado e virava uma panqueca no ar, enquanto o cheiro de café tomava todo o cômodo. andou devagar e sem fazer nenhum barulho, tentando agir normalmente. Afinal, não sabia o que iria acontecer entre eles dali para frente? Abriu a geladeira e a olhou por cima do ombro, um sorriso formando-se em seus lábios.
- Bonita camisa, combinou contigo. – ele disse divertido e sorriu retirando uma jarra de suco da geladeira.
- Obrigado. Não encontrei minhas roupas. – ela disse baixinho e tímida. – Bom dia! – ela acenou e colocou a jarra sobre o armário ficando de costas para o homem.
- Bom dia. – ele a respondeu desligando o fogo. – Eu dobrei e deixei sobre o sofá, queria saber como iria aparecer aqui na cozinha. – ela o olhou confusa. – Me surpreendeu que você tenha pego minha camisa. – ele disse sincero.
- Ah, desculpa, eu posso... – ela colocou as mãos nos botões envergonhada e ele segurou suas mãos, só agora ela notava o quão perto ele estava de si.
- Não. Eu gostei! Gostei muito. – ele disse a analisando. – Você fica muito melhor nela do que eu. – ele piscou um dos olhos e aproximou seus corpos.
Permaneceram em silêncio, um olhando para o outro, buscando respostas de perguntas não pronunciadas. Era difícil saber o que fariam dali para frente, qual passo tomar, qual atitude ter, o que dizer. abaixou os olhos analisando o corpo de , as tatuagens desconhecidas por ela expostas ali no corpo dele e o tronco delineado, as mãos grandes dele ao lado do seu corpo. Ela ergueu a mão e tocou uma das tatuagens negras que estavam no abdômen dele, suspirou enquanto fechava os olhos, segurando a cintura da mulher.
- Não sabia que você tinha tatuagens! – ela comentou delineando os desenhos com a ponta dos seus dedos.
- Também não sabia que você tinha uma. – ele arrastou o seu dedo indicador até a barra da calcinha dela e puxou para baixo só um pouco revelando uma pequena âncora. Ela sorriu. – E agora? – ele encostou suas testas e perguntou temeroso.
Ela pensou no que deveria responder. Era o certo falar que não deveriam se envolver, que era errado. Ela é toda errada, até pouco tempo fazia parte de um mundo escuro o qual não conhece e nunca faria parte. Ele merecia alguém melhor e mais limpo que ela. Mas, a respiração calma dele tocando seus lábios entreabertos, o perfume amadeirado dele a envolvendo, o corpo quente dele tão perto do seu... Era demais para a pobre mulher.
- Agora? – ela afastou minimamente e o encarou, ele assentiu. – Agora você me beija e a gente faz sexo ali sobre o seu balcão. – ela piscou um dos olhos, passou suas mãos ao redor do pescoço dele inclinando seu corpo sobre o dele.
não perdeu um minuto pensando no que iria acontecer depois daquilo, somente puxou a cintura da mulher para perto de si, desceu suas mãos até as coxas fartas de e a puxou para cima. Beijando-se intensamente e selvagemente, ele andou aos tropeços até o balcão e empurrou com uma mão as coisas que estavam ali em cima – em sua maioria revistas e talheres – e sentou a morena ali. Desceu seus beijos para o pescoço da mulher enquanto suas mãos tratavam de retirar a calcinha dela e massagear seus grandes lábios arrancando suspiros dela.
O moreno abriu a camisa que ela usava para cobrir-se e abaixou sua cabeça sugando um dos seios arrebitados dela, distribuía beijos e lambidas sobre o colo da mulher, causando arrepios gostosos de sentir na mulher. tentava ao máximo retribuir as sensações que sentia, descendo suas mãos até a bunda dele e depois o membro coberto dele, seus pés subindo e descendo sobre as pernas dele. subiu sobre o corpo de , fazendo com que a mulher deitasse sobre a bancada fria e arranhasse o corpo do moreno, levando suas mãos até a cueca dele e empurrando para longe do corpo do homem, mordendo e sugando a orelha dele. E então, logo estavam movendo-se um contra o outro, juntos numa corrida em busca de prazer e alívio.
***
Nova York, Estados Unidos, 17 de Outubro de 2015 – 18h15am
A morena estava sentada em sua cama observando o Sol trocar seu posto no alto céu pela Lua. Sua cabeça estava cheia que até mesmo ler um livro não estava conseguindo. Faziam exatamente treze dias em que ela e estavam mantendo uma relação estranha e surpreendentemente gostosa. Durante a manhã eles se cumprimentavam com um “bom dia” feliz e um selinho gostoso, iam juntos para o trabalho como sempre e passavam o dia todo agindo exatamente como sempre agiram. O chefe e a secretária, como era o certo. Mas, entre uma reunião e outra, ela recebia uma mensagem maliciosa demais dele, e em algumas vezes, acabavam dando alguns amassos no sofá do escritório dele. Quando o expediente acabava voltavam para o apartamento do moreno, preparavam o jantar juntos e assistiam alguma série que gostavam, depois transavam loucamente no sofá, no chão, na cama dele, no chuveiro ou onde fosse possível, e então, o ciclo voltava ao início. Não tinha definido o que estavam tendo, não tinha nem mesmo conversado sobre o que estavam fazendo, simplesmente decidiram em silêncio que aquilo era bom demais para parar. Mas, o que estavam tendo?
Meu Deus, aquilo era bom. Era muito bom. Mas, isso ia acabar machucando um dos dois. fechou os olhos encostando a cabeça na cabeceira da cama e respirando fundo lembrando da noite anterior e do que sentiu quando ele a olhou após o sexo. Sabia o que era aquelas palpitações em seu coração, já tinha lido sobre aquilo, só que diferente de uma garota normal, nunca tinha sentido aquilo. E ela não sabia amar. Não podia amar ninguém. Ela era quebrada demais, imperfeita demais, impura demais para sentir algo tão puro e bonito por alguém.
Ela só sabia foder com força, transar sem compromisso, ser paga para vender seu corpo. Ela só tinha sido apresentada aquilo, e ter visto aquele brilho diferente nos olhos escuros de , foi o que a fez despertar e notar que ele podia se apaixonar. Ele poderia. E ela não podia. Acima de tudo, não queria machuca-lo, e naquele momento, sabia que teria que tomar uma decisão e rápido.
Ouviu os passos calmos nas escadas e abriu os olhos olhando para sua porta, foram poucos segundos, para que a mesma abrisse revelando usando a mesma calça social que usou para trabalhar e a camisa aberta nos primeiros botões e arregaçadas até os antebraços, ele entrou no quarto com um sorriso simples. Ele sentou-se ao lado de e passou suas mãos pelo cabelo dela, jogando para trás sorrindo.
- Carinho, o jantar já chegou. Eu pedi comida tailandesa para nós hoje. – ele disse carinhoso demais e fechou os olhos aceitando de bom grado o cafuné que ele a fazia. – Nem sei se você gosta desse tipo de comida. – ele disse baixo.
- Eu nunca experimentei. – ela o respondeu desencostando suas costas da cabeceira. – É boa? – ela abriu os olhos azuis e ele assentiu.
- Deliciosa. – ele aproximou seus lábios e a beijou com calma. – Vamos? – ele levantou-se e estendeu a mão para a morena, que aceitou automaticamente, enquanto sua mente rodava com tudo que estava sentindo.
O jantar foi divertido, enquanto experimentavam novas comidas e comentavam sobre coisas de suas vidas. As partes legais e menos problemáticas, pelo menos, contou boas recordações que tinha de sua mãe e ouviu histórias da infância de . Comentaram um pouco sobre o trabalho, nada muito tensos, e logo estavam falando sobre o futuro. O que planejavam, os seus sonhos e objetivos, o que queriam para si dali dois, cinco ou dez anos. Era engraçado se imaginar dali alguns anos, então, disse que gostaria de viver um dia de cada vez e que o que viesse seria bem recebido por ela. sorriu com a coragem dela de aproveitar cada momento com toda intensidade que tinha dentro de si. Depois de jogarem as embalagens fora e lavarem os pratos enquanto cantavam juntos alguma música adolescente, eles sentaram-se no chão da sala e ficaram assistindo um filme meloso que passava no canal de filmes. Diferente do que esperava, o moreno não inclinou-se sobre si para retirar suas peças de roupa e transar com ela enquanto o filme rolava. Não, ele inclinou-se sobre ela e a beijou com devoção e calma. Delicadeza e carinho. Quase como se ela fosse uma boneca de porcelana que poderia facilmente se quebrar sobre seus dedos. Ela o abraçou fortemente sentindo seu coração bater cada vez mais rápido dentro de sua caixa torácica. Ele alisou seu rosto e sorriu olhando em seus olhos tão profundamente que ela se sentiu nua de um jeito que jamais esteve. E então, ela viu ali dentro algo que nunca vira no olhar de outro homem. Mas, mais do que isso, ela sentiu. Ele estava se envolvendo. Ele estava se encantando por ela. Ele poderia facilmente se apaixonar por ela.
Mas, não, ele não poderia. Não por ela.
Não se apaixone por mim, .
Por favor, não se apaixone.
Eu não sei amar. Eu não posso amar. Eu quero amar, mas não sei como sentir algo tão intenso e bonito.
Era somente o que passa por seus pensamentos conflituosos enquanto ela o encarava de volta.
Então, deu-lhe um beijo na testa e a puxou para dentro dos seus braços, voltando a assistir ao filme que estava próximo do final.
E tinha tomado sua decisão.
***
Nova York, Estados Unidos, 18 de Outubro de 2015 – 08h05am
acordou, mas permaneceu com seus olhos fechados, passou suas mãos pelo lado direito de sua cama em busca do corpo quente e pequeno de , pensando em como queria abraça-la e voltar a dormir com seu corpo aconchegado ao dela.
Ela era incrível em tudo.
Ela era doce e meiga, era divertida e moleca, era sensual e quente como o inferno. Era o verão e o inverno. Era uma menina no corpo de uma mulher. E ele estava cada vez mais encantado. Ok, talvez mais do que isso. Talvez estivesse mesmo se envolvendo e caindo de paixão pela mulher.
Diferente do que qualquer pessoa pensaria, ele não se importava com o passado dela, sabia que não gostaria de ter vivido o que viveu se tivesse tido escolha, mas ela não o teve. E se hoje, naquele momento, ela tinha como escolher em ser alguém melhor, era isso o que importava para ele. Ela não tinha culpa de ter sido abusada quando mais jovem, e muito menos, por não ter tido uma chance. Mas, se eles tinham se esbarrado não poderia ter sido coincidência, tinha que ter um motivo. E ele sabia, no fundo, tinha certeza era porque tanto ela quanto ele precisavam de um amor e uma nova chance.
E agora, juntos, teriam esse amor e essa chance.
Quando passou seus dedos no outro lado da cama, o encontrou vazio e gelado, abriu os olhos instantaneamente e ergueu a cabeça olhando ao redor, a porta estava entreaberta e as roupas dela não estavam no chão como na noite anterior. Apurou os ouvidos buscando escutar qualquer ruído que fosse, mas não escutou nada, o apartamento estava num silêncio completo. Passou as pernas para fora da cama e estava quase ficando em pé indo procura-la quando seus olhos fixaram-se num papel dobrado sobre o travesseiro ao lado do seu. Ele segurou o papel, ao mesmo tempo, que sentia seu coração bater irregularmente.
“...
Não sei como escrever isso sem machuca-lo, sem formar feridas em nós dois, mas sei que isso é preciso.
Quero que saiba que esses dois meses em que eu tive a chance de conhecê-lo foram os melhores de toda a minha vida. Nunca vou saber como agradecer a quem quer que tenha te colocado naquele pub, naquela noite de 07 de agosto. Você me salvou naquela noite e durante todos os dias que se seguiram. Você me deu uma nova chance de ser alguém melhor do que estava sendo até aquele dia. Tirou-me daquele inferno e vida de merda que eu levava, me levou para longe daquele mundo o qual eu sempre vou me envergonhar de ter vivido. Me deu um emprego, um lugar para morar e uma nova e estranha vontade de viver. Mas, além disso, deu-me vontade de amar e ser amada.
, os últimos quatorze dias em que vivemos juntos, e dessa vez, juntos como um casal me marcaram de um jeito... Único.
O jeito que você me tocou, me beijou e me teve, não é normal e nunca foi o que eu tive de outra pessoa.
Você é o cara mais carinhoso e apaixonante que eu já tive o prazer de conhecer.
E isso, só torna as coisas mais difíceis para mim... Porque mesmo com a vontade que eu tenho de amar e ser amada... Eu sei, , que não sou capaz disso.
Eu não nasci para o amor. Não sei amar e não sei receber amor.
Não aprendi o que é isso. A vida miserável que eu vim tendo durante esses vinte anos somente me ensinou o que é foder, transar, chupar, trepar... Só me ensinou o que existe de mais baixo e lascivo possível.
Não tem nada de bonito o mundo em que vivi.
E é por isso que eu tomei a minha decisão.
Eu estou saindo da sua vida antes que seja tarde e você se apaixone por mim. Estou saindo da sua vida antes que eu te machuque por não saber corresponder um sentimento tão digno como o amor. Estou saindo da sua vida para que alguém que saiba amar possa te amar da maneira que você merece.
Você é incrível, .
O cara certo para se casar e ter filhos. O cara certo para ser amado.
O cara certo para uma garota completa e sem grandes problemas.
E infelizmente, essa garota não sou eu.
Sinto muito por não ter tido coragem de me despedir direito e deixar somente essa carta. Eu sei que vai ficar preocupado, então, calma, eu te aviso para onde estou indo.
Estou voltando para Los Angeles, para o meu apartamento.
Mas, não se preocupe, não voltarei para a vida da qual você me tirou.
Vou procurar um emprego digno e me reerguer.
Obrigado por tudo que fez por mim, carinho.
.”
releu a carta três vezes antes de se dar conta de que ela estava indo embora. Aquilo estava extremamente errado e ela estava enganada. Totalmente errada.
Primeiro, ela não estava saindo da sua vida antes dele se apaixonar por ela, porque, ele já estava apaixonado por ela.
Segundo, ela sabia sim amar e receber amor. Ele sabia que sim, pois todos os dias em que eles estiveram juntos, ele viu a chama nos olhos dela, os toques dela não lhe deixavam dúvidas de que ela poderia amá-lo.
E terceiro e mais importante, ela era sim a garota certa para ele.
Então, não precisou pensar muito quando colocou a primeira roupa que encontrou pelo chão e saiu apressado até o estacionamento. Dirigia apressado pelas avenidas em direção ao aeroporto. Precisava alcança-la antes que ela entrasse no avião, esperava que chegasse a tempo. Mas, mesmo que quando chegasse o voo já tivesse partido, ele entraria no próximo avião com destino a Los Angeles e lhe traria de volta para New York, de onde ela nunca deveria ter saído.
Ele estacionou de qualquer maneira o carro e correu. Correu pelo saguão como se sua vida dependesse daquilo, parou por um segundo olhando a tela de avisos dos voos e viu que o avião com destino para Los Angeles sairia dali vinte e cinco minutos. O portão de embarque já estava aberto e era o de número 7, ou seja, estava muito longe do local em que ele estava. Respirou fundo e voltou a correr, subindo pelo lado esquerdo da escada rolante, subindo uma pequena rampa e passando por pessoas que o olhavam assustadas e confusas. Ele correu tanto que sentia o suor correr por suas costas deixando sua camiseta branca úmida, mas, ele não pararia até tê-la em seus braços.
Estava chegando perto do portão 7 quando viu os cabelos negros de aproximando-se da moça que pegava as passagens, ela estava segurando uma bolsa preta e sua cabeça estava baixa como se estivesse triste. Ele correu mais rápido e a chamou. Uma, duas, três vezes até que ouviu seu nome ser chamado. Ela parou, recolhendo sua mão que estava erguida para entregar a passagem, e virou o corpo para trás vendo um suado, ofegante e corado andar apressado até onde ela estava.
O moreno parou de frente para ela, e inclinou-se para frente, apoiou uma das mãos nos joelhos e ergueu o dedo indicador pedindo um minuto para ela, respirava afoito e desesperado, procurando acalmar seus batimentos cardíacos e recuperar o ar. deu um passo à frente e acariciou os cabelos úmidos dele, sussurrando:
- Você está bem?
Ele ergueu o tronco e a encarou. A voz calma e baixa dava um contraste com o olhar decidido e intenso dela. Ele segurou a mão dela e entrelaçou seus dedos.
- Não estou. – ele a respondeu e ela arregalou os olhos, preocupada. – Porque a mulher por qual eu estou apaixonado resolveu sair da minha vida. – ele disse de uma vez, como se estivesse arrancando um band-aid, e abriu a boca surpresa pela revelação.
- O que? – ela murmurou.
- Você está completamente errada, . – ele falou sabendo que tudo que diria não tinha sido pensado e planejado, mas que seria acima de tudo sincero e de coração. – Não está saindo da minha vida antes que eu me apaixone por você, porque eu já estou apaixonado por você. E como não me apaixonar por uma mulher como você? Tão inteligente, carinhosa e dedicada. Tão amável, brincalhona e companheira. Está errada quando diz que não sabe amar. – ele a elogiava deixando-a com os olhos arregalados. – Você sabe, sim, talvez não tenha total confiança e certeza nisso, mas você sabe amar. , você tem me amado todas as vezes que me olhou nos olhos enquanto fazíamos amor. Porque poderia até parecer que estávamos somente transando, mas eu me dei conta de que todas as vezes que eu te tocava era mais que sexo, algo tão carnal. Era amor, e você me retribuía com a mesma quantidade de sentimento. Você pode me amar, ! Se você não sabe como é retribuir esse sentimento, a gente aprende juntos. Porque, você também estava errada sobre a garota certa, pois você é sim a garota certa para mim. A minha garota problemática e linda. – ele segurou o rosto dela entre suas mãos vendo algumas lágrimas rolarem pelo rosto claro dela.
- E se eu ferrar com tudo? – ela murmurou chorosa.
- Não vai. – ele falou sincero. – Mas, se ferrar com tudo, a gente concerta. – sorriu.
- E se eu te magoar? – ela perguntou.
- Não vai me magoar. – limpou uma lágrima que escorria da bochecha rosada dela.
- Eu não sei amar, . – ela disse baixinho.
- Mas, mesmo assim, me ama, não é? – ele perguntou, e não era de um jeito convencido, era só buscando a verdade dela.
- ... – ela fechou os olhos.
- Eu te amo, . – ele disse encostando suas testas. – Estou caindo de amores por você e só quero me entregar a isso. Eu só quero ser amado também. – ele respirou fundo fechando os olhos.
- Eu nunca ouvi um ‘eu te amo’, ! Eu sempre quis ser amada, mas nunca fui. – ela disse tristemente.
- Mas, agora é. E se você permitir, te amarei o tempo que eu viver. – ele fez uma promessa que aqueceu o coração de de uma maneira assustadoramente boa.
- Eu te amo. – ela sussurrou. – Eu deixo você me amar e eu irei te retribuir com tudo que há em mim, porque eu também estou apaixonada por você, ! – ela confessou, finalmente, e abriu os olhos encontrando os olhos azuis dela.
Não esperou nada mais para toma-la em seus braços e lhe dar um beijo de tirar o fôlego. Ao redor deles, algumas pessoas sorriam e batiam palmas entusiasmado pelo casal jovem que se declaravam um ao outro. afastou um pouco de e acariciou o rosto do moreno. Ele a questionou:
- Volta comigo para o meu apartamento, . Por favor? – ele fez uma carinha tão meiga que foi impossível não tocar os lábios dele com os seus outra vez.
- Com duas condições. – ela impôs e ele assentiu curioso e preocupado. – Primeiro, você vai me ajudar a encontrar um apartamento para mim, não podemos ficar vivendo no mesmo apartamento por muito mais tempo. – ele chiou e ela o encarou até que o moreno assentiu contrariado. – E segundo, no trabalho vamos manter o nosso profissionalismo e não iremos ficar de agarramento. Lá, você é o meu chefe e eu, a sua empregada. Ok? – ele fez uma expressão emburrada, mas assentiu.
- Eu tenho uma condição. – ele a segurou a cintura dela grudando seus corpos, ela deu de ombros e assentiu. – Você nunca mais vai fugir de mim, do que sentimos um pelo outro e sempre vai deixar claro o quanto me ama, ok? – ele falou autoritário e riu assentiu e grudando seus lábios. – E ah, todos os finais de semanas vamos ficar no meu apartamento! E isso não está sendo negociado, estou ordenando. – ele desceu as mãos até a bunda da mulher e ela gargalhou jogando a cabeça para trás.
- Ei! Isso são duas condições. – ela disse passando seus braços pelo pescoço do homem que sorriu carinhoso. – Ok, aceito suas condições, . – ele beijou a testa dela contente. – Vamos para casa, então!
- Ah, vamos sim, carinho. – ele a apertou mais ainda contra si, fazendo com que sentisse o membro dele pulsar contra sua região íntima. – Porque acordei hoje sozinho e abandonado por uma morena de olhos azuis e lábios vermelhos, e preciso urgentemente dar um castigo nessa mulher. – ele mordeu o lábio inferior e ela aproximou sua boca da orelha dele.
- E vai ser muito grande esse castigo? – ela o questionou maliciosa e ele arrastou seus lábios pelo pescoço dela até alcançar o ouvido da mulher.
- Esse castigo vai ser muito grande e duro de aguentar! – ele mordeu o lóbulo da orelha dela, arrancando uma gargalhada da mulher que lhe deu um tapa no ombro.
- Safado! - e então o beijou com carinho e um intenso e novo amor crescendo dentro deles.
Estava escurecendo quando uma mulher de longos cabelos negros adentrou aquele pub antigo e pouco conhecido. Ela usava um short jeans tão curto que mal cobria suas pernas, um cropped preto mostrando sua barriga lisa e por cima uma jaqueta da mesma cor tentava cobrir um pouco do seu corpo. Os saltos de suas botas faziam um barulho constante sobre o chão de madeira, chamando a atenção de todos.
Os homens queriam se aproximar, lançavam-lhe um olhar de cobiça e pura luxúria, e ela sorria com os lábios pintados de vermelho e piscava os olhos azuis cobertos de maquiagem preta. Ela andou rebolando até o balcão, onde se inclinou e ergueu o dedo indicador chamando o bartender que como um cachorrinho enfeitiçado se arrastou até ela. A morena o puxou pelo colarinho da camisa e fez o seu pedido bem próximo a orelha dele, num tom quente, e por fim, arrastou a sua língua desde o lóbulo da orelha até o queixo dele, afastando-se com um sorriso malicioso. As mulheres ali dentro sentiam seus corpos começarem a borbulhar de ódio e inveja daquela desconhecida.
Xingavam-na de todos os nomes possíveis, mas ela pouco se importava. Ou, fingia não se importar.
Vadia? Vagabunda?
Ela era mais do que aquilo, de qualquer forma.
O mesmo bartender voltou com o pedido dela, um copo com vodca, o qual ela bebeu num só gole, se inclinou novamente puxando o dinheiro de dentro do seu top e colocando sobre a mão do homem. Ele a puxou grosseiramente pela nuca, lambeu o pescoço dela com posse, e sussurrou uma safadeza no ouvido da mulher, que permaneceu imóvel esperando o próximo passo do homem. Ele enfiou sem cerimônias um papel dobrado dentro do top dela, sem impedir que seus dedos tocassem a pele do colo da mulher, ele sorriu malicioso e piscou um dos olhos, a soltando.
Ela sorriu, por fora.
Mas, ninguém era capaz de saber o que ela sentia por dentro.
Ajeitou a jaqueta em seu corpo e desceu do banco, andando em direção a porta da saída, mas antes de alcança-la foi impedida por outro homem, que segurou seu braço e sorriu lascivo.
- Já te disseram que você é um pedaço de mal caminho? – ele sussurrou aproximando seus corpos, o hálito de álcool sendo sentido de longe.
- Todos os dias. – ela piscou tentando se afastar dele.
- Qual o nome da gostosa? – ele apertou a cintura dela, impedindo que ela se movimentasse.
- Se me soltar, prometo que saberá bem mais do que o meu nome. – ela tentou forçar um sorriso e ele negou.
- Não preciso saber seu nome. – ele aproximou seu rosto do dela.
- Mas, eu adoraria saber o seu nome. – ela inclinou o rosto para trás. – . – ela disse baixo, esperando que ele se distraísse falando o nome dele, dando a ela a oportunidade de sair dali.
- Jake. – ele disse simplesmente, voltando a se inclinar sobre a mulher, segurando-a com posse, como se ela pertencesse a ele.
***
A porta foi fechada bruscamente, fazendo um barulho estridente soar por todo o apartamento, bagunçou os cabelos pretos apertando o botão do elevador sem cessar. Os olhos estavam arregalados e lágrimas queriam saltar dos seus olhos castanhos, o corpo todo tremia e as imagens vista minutos atrás não sumiam de sua mente. Ele era todo correto e responsável, e até gostava de receber o título de bom moço.
O cara certo para se casar.
Seus pensamentos estavam nublados e sentia-se como um idiota. Como não notou, durante os longos dois anos e meio em que esteve junto a Lauren, que estava sendo usado e manipulado? Enganado debaixo do seu próprio nariz.
Burro!
Era óbvio que a mulher não o amava, só estava interessada no que ele tinha para lhe proporcionar como: o dinheiro, o status e os contatos que ele tinha em vários lugares.
Os punhos cerraram quando a porta abriu e ouviu a voz melosa, fina e irritante de Lauren soar por todo o corredor, as lágrimas de cobra correndo pelo rosto avermelhado dela, o homem apertou mais forte o botão esperando que as portas prateadas abrissem antes que ela o alcançassem porque por Deus ele não iria se aguentar se ela o tocasse. Tinha nojo dela.
- Você não pode me deixar assim! – ela disse andando até o homem. – Não é nada do que você está pensando, amor. Eu juro, por Deus , eu nunca faria isso com você. – ela abotoava os botões da camisa rosa enquanto falava.
- Você acha que eu tenho cara de idiota? Que tem “trouxa” escrito na minha testa? – ele virou de frente para a mulher elevando o seu tom de voz.
- ... – ela sussurrou com a voz trêmula, dando um passo para trás.
- Você estava seminua em cima de outro homem no sofá da sua casa, Lauren. Vai querer me dizer que ele estava de agarrando? Que você foi obrigada? Você tem quantos anos, garota?
- Eu tenho vinte e...
- Cala a boca! Não se faça de espertinha. – ele fechou os olhos respirando fundo. – Eu te odeio, sua vadia. Não quero te ver ou ouvir teu nome nunca mais, você ouviu? – ele aproximou dela.
- Eu te amo... – ela deixou duas lágrimas caírem do seu rosto.
- Você ouviu? – ele segurou o braço dela, apertando a carne em seus dedos sem se importar com a coloração roxa que logo tomava aquela parte do corpo dela. Lauren arregalou os olhos assentindo. – Muito bom. – ele a empurrou, e a mulher se desequilibrou caindo sentada no chão do corredor, observando enquanto o ex-namorado entrava no elevador, a porta atrás de si abriu revelando um homem sem camisa, os cabelos bagunçados e marcas de batom pelo pescoço. Ela fechou os olhos chorando baixinho.
*
entrou em seu carro com uma fúria dentro de si que acreditava que nada no mundo conseguiria diminuir. Queria sumir, queria beber até cair e esquecer tudo que estava sentindo. Tudo que havia visto. Era injusto que o cara que mais acreditava no amor fosse tratado como um otário.
Então, enquanto estacionava em frente a um pub pouco conhecido e antigo, chegou à conclusão de que seria diferente. Seria aqueles caras sem coração, que só pensam em zoar e usar o corpo de alguma vadia gostosa, iria beber... Mas, beber como nunca antes e esquecer de tudo. Ia tentar tirar de si aquele sentimento de querer ser amado.
Empurrou a porta observando o local inteiro, muitas pessoas bebiam encostadas ao balcão, enquanto outras dançavam animadas alguma música eletrônica desconhecida.
Deu um passo para dentro do ambiente, fechando a porta, escutando um zumbido dentro da sua cabeça, balançou a cabeça e fixou seu olhar no bar. Estava passando próximo à uma mesa, quando viu uma mulher de cabelos pretos sendo puxada pelo braço por um homem, enquanto outro cara, sentado na mesa passava sem pudor algum a mão pelas coxas fartas da morena. chegou a dar um passo para tentar ajudá-la, mas lembrando-se da sua decepção ao ver Lauren com outro homem, voltou atrás seguindo até o balcão. Não demorou nem meio minuto para ser atendido por um bartender, que mais olhava os dois homens com a mulher ali em frente, do que para o rosto do cliente que servia.
sentou-se de frente para pista e inclinado em direção ao “triângulo amoroso”, bebericava um whisky com gelo bem lentamente, apreciando um gosto forte em sua língua, e aproveitava para analisar a situação que acontecia na sua frente. A morena parecia não gostar do que estavam fazendo, inclinando o corpo para longe dos homens, que a cada minuto que passava tornava seus toques mais violentos e abusados.
Corriam seus dedos pelas coxas, barriga e braço dela, mas em alguns momentos, viu o homem sentado a cadeira dedilhar a virilha da morena, ao mesmo tempo, que o homem atrás da mulher apertava com força os seios dela. Ninguém ao redor parecia se importar, enquanto aquela desconhecida era abusada na frente de todos, sem ter um ajuda. O moreno sentia seu coração impulsioná-lo a ajuda-la, mas seguindo seu lado racional e magoado, continuava ali sentado observando a cena e bebendo doses e mais doses de alguma bebida.
***
- Gostosa para cacete! – o homem sentado na cadeira à sua frente, chamado Paul, dizia enquanto acariciava suas coxas. – Senta no meu colo, vadia! – ele puxou a cintura dela e Jake a virou de costas para Paul empurrando-a para sentar bem em cima dele.
Sentia-se enojada, perguntava-se se ninguém tinha um coração bondoso ali e notava que ela estava sendo abusada sem o seu consentimento na frente de todos. Aparentemente, ninguém se importava, e afinal, ela era só mais uma vadiazinha gostosa que veio se aparecer e seduzir os homens dali. Paul subia a sua mão da coxa dela para a virilha, apertando-a levemente e sussurrando absurdos na orelha da mulher. Ela queria ser forte e sair dali.
Queria parar de aceitar aquela situação...
Não era a primeira vez que algum homem se aproveitava assim de e sabia que não seria a última, mas ela tinha que parar de assisti-los a tornarem em um objeto sexual. Tinha que se libertar. Como ouvira uma vez com outras palavras, “não pode aceitar o amor que acredita merecer”, porque com toda certeza, ela merecia mais do que acreditava.
Jake aproximou seu rosto da morena e passou a beijar o seu pescoço, apertando seus seios e gemendo obscenidades no ouvido dela, arregalou seus olhos clamando para conseguir sair dali.
Paul ficou em pé num pulo a trazendo consigo e grudando mais ainda seu corpo ao da morena, enquanto Jake acenava para um bartender que estava no canto do balcão, e começaram a se afastar da mesa em que estavam, até que foram interrompidos por um braço que segurou a mão da morena.
Ela encarou os olhos castanhos escuros do homem, analisou os traços masculinos dele, os cabeços bagunçados. Ele era lindo. Ele sorriu levemente, a mão que não estava no braço dela, segurava um copo com um liquido na cor âmbar, os outros dois homens a puxaram para trás deles e empurraram o corpo dele para trás.
- Ela já está reservada. – Jake disse sério.
- Ei! Eu não sou uma mercadoria, seu ridículo. – ela chiou, e Paul segurou o queixo dela com um sorriso ladino, e sussurrou “quieta, gatinha, sem miar”. E ela revirou os olhos.
- Eu só queria convidá-la para uma dança. – o homem desconhecido deu de ombros encarando a mulher.
- Não hoje, cara! Entra na fila, quem sabe essa gostosinha não acha um horário vago para você outro dia... – Jake deu dois tapinhas no ombro do moreno rindo e virou de costas, acompanhando e Paul em direção à saída.
Pronto, era o fim.
Eles iam se aproveitar de de todas as maneiras, posições e gostos. Já estava com os olhos fechados enchendo-se de lágrimas, quando sentiu o aperto no seu braço desaparecer.
Ergueu o olhar, encontrando Jake caído no chão ao seu lado com o nariz sangrando e Paul lutando com outro homem. estava boquiaberta, não conseguia entender o que estava de fato acontecendo ali, enquanto Paul distribuía socos e chutes para cima do homem de cabelos castanhos bem escuros que se defendia com as mãos dando passos pequenos e coordenados para trás. Era o mesmo homem que momentos antes tinha lhe segurado o braço.
Era até bonito de se ver a forma como ele lutava, claramente um profissional, talvez ele fosse um lutador ou treinava há muito tempo, pois o jeito que inclinava seu corpo para trás e transferia um golpe para frente atacando seu adversário deixava claro que não estava sendo por um impulso ou sorte, mas estava sendo pensado antes de executá-lo. Foi entre uma piscada e uma nova lágrima que o homem sem nome deu um soco tão forte em Paul, que o fez ir ao chão, gritando de dor.
Jake estava ficando em pé e ela sabia que tudo aquilo ia acabar de uma maneira muito sangrenta para que continuasse ali, então sendo impulsiva como sempre, correu até o moreno que limpava com os dedos um corte em seu supercílio e agarrou a mão dele, puxando-o com ela para fora do pub numa corrida desenfreada.
e corriam como se as suas vidas dependessem daquilo, viraram algumas ruas e passaram por dois becos, antes de sair próximo de uma praça, que coincidentemente, era perto do apartamento da morena. Voltaram a andar normalmente até o banco de granito, e só quando sentaram respirando fundo, foi que notou que as suas mãos estavam entrelaçadas. Ela, quase como se tivesse tocado uma tocha de fogo, puxou sua mão para seu colo despertando a atenção do moreno que balançou a cabeça. Ele inclinou o corpo para frente bagunçando os cabelos e soltou um gemido de dor, fazendo com que o analisasse.
- Você está bem? – ela o questionou e ele ergueu seus olhos até fixar seu olhar ao dela.
- Ótimo, melhor impossível. – ele disse amargo e ela revirou os olhos.
- Mal-educado. – ela chiou e a encarou.
- Melhor mal-educado do que uma vadia. – ele soltou sem nem pensar o quanto magoaria a mulher que ainda nem sabia o nome.
- Idiota. – ela ficou em pé na frente dele. – Não precisava ter “defendido” a vadia aqui. – ela fez aspas, apontou para seu próprio corpo franzindo a testa, por fim, empurrou o moreno para trás sendo puxada por ele.
Caíram no gramado da praça e começou a rir desesperado, enquanto tentava ficar em pé novamente, sendo impedida pelo homem que gargalhava da situação.
- Você está bêbado, estranho? – ela o questionou e o moreno a analisou de joelhos na sua frente.
- Não sou estranho e não estou bêbado. – ele revirou os olhos, e em seguido, sentou-se na grama.
- Você é um estranho para mim, e se você não está bêbado, está fora do normal. – ela implicou.
- . – ele estendeu a mão para a morena. - E eu não estou bêbado, só não estou acreditando em como o meu dia está sendo uma montanha-russa.
- Bem-vindo à vida! – ela disse sarcástica e ele deu um sorriso envergonhado.
Continuaram sentados na grama, num silencio constrangedor e o pensamento longe, o pulso do homem latejando e o corpo dela ardendo, sentia-se nojenta. Queria levantar dali, se trancar em seu quarto e chorar. Estava cansada de ser usada, vendida, comprada...
Quando foi o momento em que se perdeu daquele jeito?
O moreno a analisou e notou a lágrima que desceu do olho direito dela, passando pela maça do rosto, queixo até pingar sobre os seios dela, e o peito dele encheu-se de compaixão e culpa.
- Sinto muito. – ele sussurrou e o encarou. – Eu não quis te falar que você é uma vadia, me perdoe, eu só estou bravo com algumas coisas e... Eu não sei. Acho que bebi demais. – ele riu envergonhado.
- Tudo bem, já estou acostumada com isso... – ela disse baixo, um tom de voz sofrido e tão pouco usado pela tão viva e forte .
- Acostumada a ser tratada como um objeto? – ele a encarou. – Você conhece aqueles caras? – ela olhou para suas mãos e negou, cerrou os olhos. – E porque estava deixando eles a tratarem daquele jeito?
- Gato, não é porque você me ajudou a sair fora daquela enrascada que eu vou te contar todos os meus problemas. – ela ficou em pé, ajeitou a barra do seus shorts e deu as costas para o homem.
O moreno ficou sentado encarando a mulher andar sem parar ou olhar para trás, ela era um mistério e não conseguia acreditar que uma mulher tão bonita deixasse com que outros homens a tratassem como qualquer uma. Ficou embasbacado com a atitude dela, e sentia o punho latejar e um rastro de sangue cobrir a lateral do seu rosto. Fechou os olhos, soltando um pequeno gemido de dor, e pensando no que fazer da sua vida dali em diante.
estava determinada a subir a rua de sua casa e nunca mais ver aquele homem tão atraente aos seus olhos, quando parou ao ouvir um pequeno gemido. Olhou para trás observando com os olhos fechados e uma careta de dor. Seus olhos fizeram uma análise minuciosa sobre o rosto e até o corpo dele, não podia negar que ele era um cara de encher os olhos, lindo até demais, tinha uma voz rouca e sedutora e as mãos dele eram grandes e quentes. Observou o sangue que saia da sobrancelha dele e sentiu no dever de ajuda-lo, afinal, ela não tinha sido mais uma vez abusada por dois homens graças aquele homem.
Ele nem a conhecia e fora o único de dentro daquele pub que a ajudou.
Virou-se e olhou para a janela do seu apartamento logo em frente e suspirou, indo em direção ao moreno que permanecia com os olhos fechados, ela cruzou os braços como um escudo.
- . – ela disse chamando a atenção dele que abriu os olhos assustado e confuso. – Eu me chamo . – ela deu de ombros e ele sorriu. Um sorriso tão fofo que esquentou o coração gelado da morena.
- Bonito nome. – ele disse a olhando.
- Obrigado. – ela disse, de repente, sentindo-se tão tímida. – Bom, vamos logo, acho que eu te devo uma. – estendeu a mão para o homem, que aceitou de bom grado e ficou em pé, acompanhando a mulher.
***
Los Angeles, Estados Unidos, 07 de Agosto de 2015 – 23h35pm
Começaram a andar em direção à rua, deixando a praça para trás e aproximando-se do prédio da mulher. Um ao lado do outro, num silêncio adequado para o momento, observando o céu começar a escurecer, o dia dando lugar à noite. O dia quente ficando uma noite fria. parou em frente do prédio, retirando de dentro do bolso da jaqueta uma chave dourada e dando passagem ao homem. Ela indicou o elevador para o moreno, entraram dentro do cubículo e juntos ficaram olhando os números trocarem conforme iam passando pelos andares, até pararem no quarto andar, saíram do elevador e voltaram a andar juntos até a porta do apartamento da mulher. O prédio era antigo, silencioso e aparentava ser, incrivelmente, um ambiente familiar.
A mulher de longos cabelos negros abriu a porta e empurrou com o quadril, fazendo um pequeno barulho, revelando aos poucos o seu pequeno e humilde apartamento. achou o lugar bonito e bem organizado e sentou-se no sofá, mesmo sem ter recebido um convite, e ela riu dando de ombros. Seguiu até o banheiro voltando de lá com uma caixinha de primeiros socorros, e já sem a jaqueta de couro preta, o que não passou despercebido pelos olhos atentos do homem.
- Sua casa é bonita. Eu gostei daqui. – ele comentou olhando ao redor, enquanto sentava-se na mesinha de centro, ficando de frente para o homem.
- Eu também gosto daqui. É silencioso. – ela comentou enquanto retirava de dentro da caixa um algodão e álcool. – Talvez isso vá arder um pouco, mas é melhor do que inflamar e tudo mais, ok? – ela o encarou, após ter molhado o algodão, e ele assentiu fechando os olhos.
passou delicadamente o algodão sobre a sobrancelha do homem sentindo-o tremer sobre seu toque e vendo o algodão antes branco ficar vermelho por conta do sangue, continuou limpando o ferimento com calma e delicadeza, prestando atenção em cada traço do moreno. Descartou ao seu lado o algodão sujo e pegou um band-aid na caixa retirando as fitas e grudando sob o corte, agora sendo vigiada pelo homem, deu um sorrisinho antes de segurar a mão dele e limpar os pequenos cortes feitos entre os dedos.
Quando terminou permaneceu sentada de frente para ele com suas mãos unidas, sentindo algo diferente, um sentimento bom. Era difícil sentir-se bem ao lado de um homem, era tão complicado manter-se tranquila e em paz. Sempre que fechava os olhos era aterrorizada pelos seus fantasmas do passado, talvez fosse por isso que não conseguia ter um relacionamento duradouro. Por isso que não conseguia ser amada.
Talvez, no fim de tudo, não merecesse ser amada.
Era quebrada demais, uma boneca sem concerto.
Ele apertou a mão dela, mas isso a assustou, fazendo com que se sobressaltasse e ficasse de pé tremendo dos pés à cabeça, franziu a testa confuso.
- Desculpe, eu fiz algo errado? – ele a questionou.
- Não. Eu só estava pensando que talvez eu devesse fazer algo para bebermos. – ela disse a primeira coisa que surgiu em sua mente. – Talvez um chá ou café? O que prefere?
- Não precisa de nada disso. – ele disse com a voz contida. – Obrigado pelo curativo. – ele sorriu agradecido.
- Não foi nada... – ela deu de ombros abraçando seu próprio corpo. Ele a olhou e seguiu seu olhar até a porta dando indícios que estava pronto para ir embora. – Você já vai?
- Acho que sim, está tarde, e você deve querer descansar.
- Não, quero dizer, pode ficar aqui... Eu estava mesmo pensando em tomar um chá bem quentinho. – ela disse com um sorriso aparecendo nos lábios e ficando de costas para ele, enquanto ia até a cozinha.
Ela andava de um lado para o outro dentro do cômodo, colocando a água para o chá, retirando algumas bolachas salgadas do armário e uma vasilha com cookies feitos no dia anterior, colocando em cima da pequena mesa que estava encostada a parede. sentou-se na cadeira e ficou olhando enquanto a mulher não parava quieta enquanto arrumava tudo ao seu redor. Voltou a se lembrar do que ela tinha dito e em como aparentou estar amargurada, não conseguiu conter suas perguntas.
- Porque disse que está acostumada com o que houve hoje? – ele a questionou e colocou duas xicaras na mesa.
- Porque estava naquele pub hoje? Você não parece ser esse tipo de pessoa, que curte esses pubs mal conhecidos... – ela comentou debochada, fugindo claramente do assunto abordado por ele, o moreno riu balançando a cabeça negativamente, enquanto a mulher sentava-se na cadeira em frente a dele e apoiava o bule com chá sobre um pano.
- Teve uma época em que gostava bem mais... – ele refletiu. – Eu queria simplesmente esquecer que eu me chamo e que descobri que minha futura noiva me traía debaixo do meu nariz. – ele segurou o bule e serviu as xícaras dos dois, o observou tentando detectar alguma mentira naquele história.
- Você tem uma noiva? E descobriu que ela te trai? – ela o questionou franzindo a testa.
- Eu sei, eu sei... É horrível. – ele assoprou o liquido. – Eu tinha uma namorada e que futuramente se tornaria minha noiva, até que hoje eu a encontrei seminua em cima de um homem na sala da casa dela. Trágico e humilhante, não? – ele sorriu sem humor algum.
- E o que você fez? – se empolgou com a história, segurou a xícara em suas mãos e inclinou-se sobre a mesa, cruzando as pernas como de índio na cadeira. – Bateu nele? Gritou com ela?
- Isso não é uma novela, mocinha. – ele disse rindo, e ela fez uma careta. – Eu fiquei muito bravo e decepcionado. Eu queria mata-lo e, talvez, esganá-la... Mas, no que adiantaria tudo isso? – ele disse sério bebendo o liquido.
- Aliviaria sua raiva, ué. – ela disse sorrindo.
- Talvez, mas eu simplesmente gritei “sua vagabunda”, joguei a aliança na cara dela e sai do apartamento dela batendo a porta com muita força. – ele deu de ombros.
- Isso aliviou sua raiva? – ela ergueu uma sobrancelha.
- Não. – ele confessou. – Mas, eu nunca agrediria uma mulher e se eu fosse bater naquele cara, ele sairia morto daquela sala... E bom, eu não quero ser preso por homicídio. Mas, o que você faria?
- Eu... Eu daria muitos tapas no meu “namorado traidor” e arrastaria a mulher pelos cabelos até a rua do jeito que ela tivesse. – ela disse pensativa. – Se estivesse nua, seria melhor ainda. – ela riu maquiavélica e ele a acompanhou. - E, logicamente, nunca mais iria querer vê-lo na minha frente.
- Bater naqueles caras, lá no pub, aliviou um pouco da minha raiva. – ele comentou depois de um tempo em silêncio e ela ergueu o olhar até encontrar os olhos castanhos dele.
- Obrigado. – ela falou olhando para suas mãos. – Por ter me defendido lá, sabe?
- Eu não poderia deixar que aqueles caras continuassem a maltratar uma dama como você. – ele sorriu galanteador. – Iria me sentir como cúmplice de um crime.
- Entendo, mas você não tinha a obrigação nem o dever de me defender... E fez mesmo assim. – ela o encarou e sorriu.
- Então, obrigado. – ele estendeu a mão até segurar a dela sobre a mesa. – Por ter cuidado de mim e feito até uns curativos.
- Eu não poderia deixa-lo gemendo de dor naquela praça, então, não foi nada. – ela deu de ombros e riu.
Eles sorriram juntos terminando de comer as bolachas e beberem seus chás, logo que terminaram, arrumaram a cozinha e voltaram para sala vendo pela janela a chuva que começava a cair naquela noite. sentou-se no sofá abraçando suas pernas e olhando para que estava com os braços apoiados nas pernas analisando a estante dela cheia de fotos.
Ela suspirou e, pela primeira vez em toda sua vida, quis contar para alguém que não a conhecesse e que poderia com toda certeza do mundo a julgar ou nem se importar com seus sofrimentos, tudo que vinha passando e aguentando há exatos um ano, três meses e cinco dias.
Ela olhou para seu corpo sentindo-se enojada.
Como alguém poderia amá-la? Como, um dia, poderia encontrar o amor? Um cara que lhe desse valor e a amasse com todos os seus defeitos e qualidades?
Um cara que não fosse ficar relembrando o seu passado sujo?
Ela suspirou, e um soluço dando início ao choro baixo, despertou a atenção de que a encarou preocupado, mas sem ter certeza se podia se aproximar dela.
- Eu sou uma acompanhante de luxo. – ela revelou aquilo sem nem respirar. – Garota de programa, puta, vadia, prostituta. E todos os outros derivados que você conhecer. – ela deixou as lágrimas rolarem dos seus olhos, e a encarou embasbacado.
Como aquela linda mulher poderia ser uma garota de programa? Ele estava assustado, nunca imaginaria que ela tivesse aquela profissão, aliás ele nem conseguia pensar nisso como profissão... Estava triste por ela, sentindo uma compaixão tão grande, mas sem entender como ela poderia viver essa vida por livre e espontânea vontade. continuava a olhar para o chão quando voltou a falar.
- Sabe, não foi uma escolha minha. – ela disse como se tivesse lido os pensamentos dele. ergueu o seu olhar até o rosto dela. – Eu fui obrigada... Eu nunca contei isso para ninguém e, por algum motivo, não aguentou mais guardar tudo isso. Eu posso te contar? – ela o encarou as lagrimas manchando o seu rosto. – Você pode ficar longe de mim e pode sentir nojo de mim, só me deixa falar, por favor.
- Pode falar. – ele disse num sussurro e ela assentiu.
- Quando eu completei dezoito anos, a minha mãe faleceu. Ela, na época, era casada com um outro homem, e meu pai morava em outro estado, então eu fui praticamente obrigada a continuar morando com o meu padrasto. Eu nunca me dei muito bem com ele, mas sempre o aceitei, porque amava ver minha mãe feliz e sabia que ela o amava. Depois de seis ou sete meses da morte da minha mãe, o meu padrasto começou a me encurralar... – ela fechou os olhos apertando seus braços mais ainda contra seu corpo. – Ele não me deixava mais sair de casa com minhas amigas, eu sentia o olhar dele sobre mim quando eu estava no banho ou me trocando, e uma vez, ele entrou no meu quarto e ficou me olhando dormir. Era horrível, mas eu não tinha ninguém para contar, para me ajudar. Eu pensava que conseguiria fugir, caso ele tentasse algo mais sério. Eu era ingênua e burra. Quando eu completei dezenove, na mesma noite, ele entrou no meu quarto. Até hoje eu me lembro daquela maldita noite. Eu estava dormindo, quando comecei a sentir um frio estranho e então mãos subindo pelas minhas pernas, minha camisola sendo rasgada e o cheiro de álcool que emanava dele. Ele... Ele... – e ela começou a chorar, aproximou o seu corpo do dela e a abraçou.
- Está tudo bem. Não precisa me contar sobre isso. – ele disse baixinho e ela afastou-se dele limpando as lágrimas.
- Foram três meses vivendo assim. Eu queria morrer. Eu só pensava no quanto eu queria morrer ou... Ou fugir. – ela deu de ombros. – E foi numa noite qualquer, após ele ter me usado como todas as noites, eu me vesti e peguei uma mochila com algumas coisas, roubei todas as economias que ele guardava atrás de um quadro, além do dinheiro que minha mãe tinha deixado para mim, e fugi. Vim para cá... Los Angeles, uma cidade grande, onde eu poderia me esconder e viver minha vida. Consegui alugar esse apartamento e me manter por um ou dois meses com o dinheiro que eu tinha, mas não conseguia encontrar nenhum emprego. E então, um cara apareceu, me convidou para dançar numa boate... Comecei dançando, fazendo strip-teaser e servindo bebidas para alguns caras ricos que iam até aquela boate. Mas, eu ganhava pouco, e então surgiu o primeiro convite. Um empresário rico queria uma noite e o dinheiro era equivalente há um mês de trabalho naquela boate. Quando notei estava envolvida nesse mundo, e isso já faz dez meses. – ela limpou as lágrimas. – Eu odeio a minha vida, odeio meu corpo e tudo que eu já deixei fazerem comigo, eu tenho nojo de mim. Será que é pedir muito que alguém me ame pelo que eu sou e não pelo meu corpo? Será que é sonhar muito em mudar de vida e ser alguém decente?
Ela notou o olhar fixo que tinha sobre ela, e sentiu-se acuada, o homem estava com nojo dela e isso era óbvio. Então, como uma menininha medrosa se afastou mais dele, ficando quieta num canto abraçando-se como um escudo. Ele observou os traços femininos dela, o jeito delicado, forte e abusado dela agir. Agora conseguia entender porque ela não tentou se defender antes no pub, ela sentia que aquilo era o que merecia. Que não tinha uma luz no fim do túnel, que ela não merecia uma vida melhor e mais decente, que ela não merecia carinho, cuidado e amor.
notou, com um sorriso nos lábios, que era melhor do que Lauren mil vezes só por ter lutado contra o padrasto e fugido. Por ter tentado cuidar de si mesma, mesmo que de um jeito falho, e por ter continuado com aquele olhar frágil e crente no amor, num futuro melhor.
Ele, no fim, entendeu o motivo de ter ido até aquele pub naquela noite, talvez ele fosse a luz no fim do túnel daquela mulher, poderia ser ele que a ajudaria a sair daquela vida e dar a volta por cima. Afinal, porque não ajudar uma pessoa que precisava de sua ajuda?
- Você já tentou desistir disso? Se afastar dessa vida? – ele perguntou sério e ela o encarou.
- Uma vez. – ela disse pensativa. – Mas, não deu muito certo. – ele aproximou-se dela.
Não foi por mal, mas , notando a aproximação dele se afastou mais ainda, tremendo dos pés à cabeça. Estava com medo, mesmo acreditando que ele nunca tentaria fazer nada com ela, não poderia negar que ainda sentia calafrios ao imaginar ser abusada outra vez.
Quantas vezes ela já havia abusado do álcool para dormir com todos aqueles caras ricos que a contratava por uma noite?
Não se lembrava quando foi a última vez que tivera relações com outro cara e que estivesse lúcida, acordada e com vontade de fazer aquilo. Sentia-se com ódio de si mesmo, por ter permitido que sua situação chegasse até aquele ponto e não ter tentado efetivamente mudar isso. franziu a testa e voltou a se afastar, notando o medo e desespero da mulher, sentiu-se chateado por ela pensar que ele faria algo contra ela. Ele olhou para frente e respirou fundo.
- Eu acho que posso te ajudar. – ele disse por fim, chamando a atenção dela.
- Me ajudar? Como? – ela ergueu a sobrancelha e ele a encarou.
- Eu sou CEO em uma grande empresa. – ele disse e ela franziu a testa. – Eu sou um chefe executivo. – deu de ombros e ela abriu a boca.
- Você acha que eu sou burra e não sei o que é CEO? – ela revirou os olhos ultrajada e ele riu.
- Só confirmando... A questão é que eu trabalho na filial de Los Angeles, porém, há duas semanas fui convidado para ir para a Matriz em Nova York. E, com tudo que aconteceu hoje, eu decidi aceitar. – ele contou à ela. – Eles já haviam comentado que eu vou precisar de uma assistente lá, já que terei que liderar uma equipe e serão vários compromissos, por ser agora chefe executivo na matriz. Com isso, eu quero te fazer um convite. – ela arregalou os olhos já entendo onde ele queria chegar. – Você quer trabalhar comigo?
- O quê? – ela deu um pulo do sofá. – Você só pode ser louco. Você quer que eu abandone Los Angeles e vá para Nova York? Ser uma assistente? Eu nem tenho roupas para isso, nem potencial... Eu não sei nada sobre executivos e empresas e... Ah meu Deus! Onde você pensa que eu vou morar?
- Ei! Ei! Calma. Nós podemos resolver tudo isso. Eu compro algumas roupas para você, não tem problema! Seria bom você mudar de Estado. E, você aprende, não é nada difícil, eu prometo. – ele disse com um sorriso nos lábios. – E, você encontrou esse apartamento, não é? Podemos encontrar um em Nova York para você! Então, você aceita?
- O que você quer? – ela ficou de frente para ele, uma lágrima brotando em seus olhos.
- O que eu quero? – ele a questionou, confuso.
- Isso, o que você quer? – ela voltou a perguntar cruzando os braços. – Isso é uma tentativa para me levar para cama? Porque olha, eu sou um pouco cara... – ela disse e ele riu.
- Você deve pensar que todos os homens são iguais. – ele balançou a cabeça. – Eu quero te ajudar. É isso que eu quero. É terrível saber que uma mulher tão bonita e inteligente como você, está desperdiçando a vida vendendo a si própria, então a única coisa que eu quero é te ajudar a sair dessa vida. É isso que você quer?
- Você só quer me ajudar, sem segundas intenções ou com outro interesse? – ela aproximou dele aos poucos.
- Isso, só te ajudar. – ele respondeu no momento em que ela se sentou ao lado dele.
- Obrigado. – ela o abraçou tão apertado que seus corpos esquentaram automaticamente, e ele riu.
- Isso é um sim? – ele perguntou sorrindo.
- Sim, eu aceito a sua ajuda!
***
Passou uma semana desde o dia em que conheceu , e recebeu dele uma proposta que mesmo sendo precipitada, era a única coisa que a fazia acreditar que poderia mudar de vida.
Estava animada, no dia seguinte, estaria embarcando com o homem em direção à Nova York. Então, arrumava suas coisas dentro de duas malas médias. Algumas roupas que ainda poderia usar, fotos, livros tudo ia sendo colocado dentro de sua mala. A casa já estava completamente arrumada, o aluguel pago até o fim do mês, a passagem dentro da sua carteira. Estava animada como há muito tempo não ficava.
Quando se deitou, lá fora já estava bem escuro, e mesmo sem sentir sono algum se forçou a fechar os olhos e dormir.
Los Angeles, Estados Unidos, 14 de Agosto de 2015 – 7h15am
acordou num susto quando ouviu seu despertador seguido do celular tocando alto ao lado da sua cama. Primeiro, desligou o despertador. Em seguida, atendeu o celular sem nem olhar quem ligava para ela.
Era . Ele disse que em meia hora estaria em frente ao prédio dela para irem ao aeroporto, avisou que não poderiam se atrasar e mais vários avisos, que pouco fez questão de escutar. Depois de desligar a chamada, correu para o chuveiro e tomou um banho bem quente, colocou uma calça jeans clara e uma regata rosa. Os cabelos foram presos, antes de sair de casa arrastando as malas e a bolsa, trancou a porta respirando fundo tendo certeza que aquela decisão era a certa.
Desceu até o térreo e se despediu da dona do prédio, entregando a chave do apartamento. Abriu o portão, ao mesmo tempo, que o carro do seu mais novo amigo encostava ali.
estava lindo, usava uma calça de linho preta e uma camisa social vinho, os cabelos estavam bem arrumados e um sorriso de lado encantador, ele desceu do carro e se aproximou da morena, depositando um singelo beijo na testa dela e pegando as malas da mulher. Ele colocou dentro do porta malas junto as suas malas e abriu a porta do passageiro, esperando a mulher entrar no carro, ela sorriu sentando-se no banco.
Eram poucas coisas que fazia amolecer o seu coração. E essas poucas coisas eram: o sorriso de , o beijo na testa que ele sempre dava nela e algumas ações delicadas, como abrir a porta do carro para ela. achava a coisa mais linda isso, e o seu coração derretia toda vez que acontecia. Chegaram alguns minutos depois no aeroporto, fizeram o check-in e logo estavam sentados aguardando o embarque. Ambos estavam silenciosos demais. De um lado, estava preocupado com questões da empresa, sua nova função e equipe, estava durante toda aquela semana sendo muito cobrado pelo seu chefe e aquilo o deixava quieto e pensativo.
No outro lado, tinha que estava toda ansiosa para chegar logo em outra cidade e começar a trabalhar em algo bom. E com medo do vôo, muito medo. Poderia não demonstrar mais morria de medo de altura, e só em pensar que estaria lá no alto, dentro de um avião, começava a tremer. Depois de alguns minutos, o voo deles foi chamado, e ambos se levantaram trocando um sorriso tímido e embarcando finalmente. As poltronas deles estavam no canto direito, e enquanto todos sentavam em seus lugares, estava parada em pé no meio do corredor olhando para a pequena janela. O número da sua poltrona era, exatamente, a da janela e a morena estava tremendo. encostou sua mão delicadamente no braço da mulher e aproximou seu rosto do dela.
- Você está bem? – ele a perguntou calmo.
- Eu tenho medo de altura. – ela suspirou sem olhá-lo. - Ei, não tem problema. – ele a moveu para o lado, deslizando sua mão até entrelaçar seus dedos, sentou-se na poltrona da janela e a puxou para a poltrona do lado do corredor. – Pronto, problema resolvido. Está melhor assim? – ele sorriu e ela o encarou.
- Bem melhor. – ela disse sorrindo.
soltou suas mãos abrindo a bolsa, colocou o seu celular no modo avião ao mesmo tempo que fazia o mesmo com o seu aparelho. Uma aeromoça passou por eles, entregando um travesseiro e um coberto para cada um, outra passou servindo algo para eles comerem ou beberem. Eles não aceitaram nada. Os avisos começaram, colocaram o cinto e logo o avião estava andando pela pista. tremeu e olhou para que olhava para fora pela janela, a mão dele apoiada em sua própria perna, a morena sentiu seu coração acelerar e não se importou quando segurou a mão dele e deitou a cabeça no ombro do moreno, fechando os olhos e pensando somente no futuro.
apertou a mão dela levemente e sorriu, amava quando agia delicada e fofa, como se ela deixasse a sua armadura de lado e mostrasse o seu lado frágil. Era os momentos que ele mais se deixava encantar pela mulher.
***
Nova York, Estados Unidos, 14 de Agosto de 2015 –13h50pm
O voo foi tranquilo, em cinco horas e conversaram sobre o futuro e o novo emprego da morena, assistiram filme e dormiram uma hora e pouquinho, sendo acordados pela aeromoça que avisou que o avião já tinha pousado e que era hora de desembarcarem.
Pegaram suas malas e colocaram no carrinho, indo em direção a saída, só naquele momento que pensou: para onde iria? Ainda não tinha dinheiro o bastante para pagar um hotel, não conheci nenhum lugar que estivesse alugando apartamento, estava perdida. Enquanto isso, chamava um táxi, sem nem imaginar que a mulher estava surtando. Ela se aproximou e tocou o braço dele.
- O que foi? – ele a encarou confuso.
- Você conhece algum apartamento? – ela perguntou.
- O que? – ele franziu a testa. – Conheço alguns, mas o que é que tem isso?
- Eu preciso encontrar um para alugar até o fim da noite. – ela disse sincera e ele virou-se totalmente para ela.
- Porque? – ele a questionou.
- Onde você acha que eu vou dormir? Eu preciso de uma casa... – ela o respondeu.
- É claro que não, quer dizer, você pode alugar um apartamento para você... Mas não precisa ser agora. – ele falou. – Você pode ficar no meu apartamento por uns dias até você receber e ter encontrado um apartamento legal para alugar.
- Você já estava fazendo tanto por mim, não posso abusar da sua boa vontade. – ela disse tímida, negando com a cabeça, e ele riu.
- Eu quero te ajudar, e nunca pensei em te deixar jogada por NY, eu te trouxe para cá e vou te ajudar. – ele disse sério. – Podemos comprar suas roupas nova e procurar um apartamento para você, mas sem pressa, fique no meu apartamento o tempo que precisar. – ele sorriu e ela o abraçou o agradecendo.
Com o coração cheio de gratidão, adentrou o táxi ao lado de , indo em direção à nova residência do mais velho. A mulher olhava as ruas com um olhar encantado, mas sem perder a sua postura, e em poucos minutos, o automóvel estacionava de frente há um prédio residencial chique e bem grande. pagou a corrida para o motorista enquanto estava parada em frente ao portão automático, esperando-o.
Entraram no hall de entrada, segurando firme sua bolsa de lado e arrastando uma mala de rodinha preta, aproximou-se do porteiro conversando rapidamente antes de receber uma chave e suas correspondências, ele agradeceu o homem mais velho – que não tirava os olhos escuros do corpo esbelto da morena –, e não notou quando deu um sorrisinho para o homem e piscou um dos olhos azuis, provocando-o. Ela virou de costas andando até o elevador, segurando-se para não rir.
Ela poderia odiar sua “profissão”, mas sabia, e até gostava em alguns momentos, o quanto conseguia chamar a atenção e provocar os homens à sua volta.
Qual é? Ela sabia que era bonita e desejável, porque não se aproveitar disso?
E, afinal, aquele porteiro com as suas poucas rugas ao redor dos olhos, os cabelos pretos quase ficando grisalhos, com certeza, não tinha mais tantas ereções assim. O elevador abriu e os dois entraram no cubículo, e assim que as portas metálicas fecharam-se, a morena soltou uma risadinha, pensando em como todos os homens, sendo velhos ou novos, são iguais...
Poxa, aquele senhor tinha idade de ser o seu pai...
Pai.
Essa única palavra conseguiu matar o sorriso que tinha nascido em seus lábios, fazendo-a franzir a testa e fazer uma pequena careta despertando mais ainda a atenção de , que a observava atentamente.
- Você começa a rir sozinha e então... Porque essa cara? – ele disse a despertando.
- Lembrei de algo desagradável. – ela deu de ombros balançando a cabeça. – Mas, preciso elogiar, que prédio incrível. – a morena virou de frente para o espelho do elevador e ajeitou seus cabelos.
- Obrigado. – ele respondeu. – Mas, você ainda não viu nada. – ele deu de ombros e ela o encarou, distraindo-se antes mesmo de olhar realmente para o moreno, quando as portas abriram revelando uma sala enorme. – Bem vinda a minha casa.
- O que? – ela paralisou encarando o cômodo grande, claro e espaçoso, riu puxando-a para fora do elevador junto com suas coisas. – Você mora na cobertura? Você. Mora. Na. Cobertura?! ! – ela grunhiu confusa e histérica.
- Não é a cobertura. – ele deu de ombros rindo envergonhado. – Moro no 14° andar, mas o meu apartamento é duplex. Na verdade, do meu andar até o 24° andar, todos os apartamentos são duplex. Então, esse andar e o de cima é todo meu. Minha casa. – ele sorriu docemente enquanto ela dava passos tímidos para o meio da sala.
- Uau. – ela disse admirada.
A morena observava cada detalhe atentamente. A sala tinha dois sofás creme de frente para uma televisão grande, e tinha alguns quadros nas paredes, a parede principal era toda de vidro sendo coberta por uma cortina longa e azul clara. Na lateral do cômodo, perto da parede de vidro, estava a escada que levava para o andar superior, perto da escada tinha uma porta de madeira que estava abrindo e guardando o seu casaco. Os olhos dela procuravam conhecer cada parte daquele apartamento, virando seu corpo mais para o lado, viu uma mesa com um enfeite de bronze e um corredor. Ainda teve curiosidade de olhar para trás de si, vendo ao lado da televisão um outro pequeno corredor que continha somente uma outra porta, que estava aberta revelando um banheiro social. a encarou com um pequeno sorriso e ela o acompanhou andando em direção ao corredor. As cores das paredes mudaram do tom pastel para um laranja vivo, e logo, estava dentro de uma cozinha muito bem equipada.
- Quer conhecer lá em cima? – a convidou, e saiu andando rapidamente passando pelo homem, que riu divertido.
Ela subiu as escadas devagar encontrando um corredor que se dividia em dois. Para o lado esquerdo tinham duas portas fechadas e para o lado direito somente uma porta. Ela ficou parada ali olhando o corredor que tinha como decoração alguns porta-retratos com fotos do homem que terminava de subir as escadas junto à sua família. O moreno a alcançou.
- Aqui é o meu quarto. – ele apontou para o lado direito. – É uma suíte enorme e exagerada. – ele riu. – Aqui será seu quarto. – ele segurou a mão dela levando-a para o lado esquerdo.
- Por enquanto. – ela replicou e ele deu de ombros, abrindo a porta.
O quarto era bem espaçoso, diferente de todos os lugares que um dia ela viveu, tinha uma pequena varanda e um guarda-roupa grande demais para ela. A cama ficava no centro do quarto, o carpete era felpudo e caramelo, era tudo muito clean e bonito. Automaticamente, amou aquilo tudo.
Ela virou-se para o moreno e sorriu. Voltou a olhar para dentro do quarto, sentindo seu coração se encher de esperança, gratidão, carinho. Os olhos ficaram marejados em segundos, pois nunca ninguém tinha lhe dado algo sem querer outra coisa em troca, nunca ninguém tinha lhe estendido a mão e feito algo que pudesse mudar a sua vida, e então, ela estava ali no centro de um quarto para ela, que fora oferecido por um estranho. Um desconhecido. Que estava lhe dando a oportunidade de sair do mundo em que vivia e ser alguém melhor...
As lágrimas transbordaram pelo seu rosto sem sua permissão, e notou como o corpo da mulher mudou a posição, andou até estar perto o bastante para tocar o braço dela, e a virou para si, observando-a. Ele franziu a testa preocupada, mas antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, sentiu seu corpo ser abraçado.
Os braços de estavam em volta da cintura dele, o rosto dela grudado no peito dele, os cabelos longos dela batendo delicadamente em seus dedos, o perfume dela invadindo seu olfato... Era um abraço quente e aconchegante.
- Obrigado. – ela sussurrou com o máximo de sinceridade que tinha em si mesma. – Muito obrigado, !
- Ei. – ele afastou-se levemente, erguendo o rosto de para si. – Não precisa me agradecer. Espero que você encontre sua felicidade aqui em New York. – ele sorriu.
- Eu também espero. – ela assentiu afastando-se completamente dele.
Ele guardou suas mãos dentro do bolso da calça e ficou olhando para que, no momento, estava parada olhando a rua movimentada pela pequena varanda. Ela voltou a olhar para dentro do quarto, e ele acenou para fora, gesticulando que iria para seu quarto e lhe deixaria ali. Antes que ele se fosse, porém, ela o parou lhe questionando algo que tinha notado.
- Isso daqui está tão arrumado... Esse apartamento já era seu antes de resolver vir trabalhar aqui? – ela o questionou curiosa.
- Sim. Eu já morei um tempo aqui quando estava no início da faculdade, depois que me mudei para Los Angeles, então aqui sempre foi minha casa. – ele a respondeu já perto da porta. – Deu para notar?
- Uhum. – ela assentiu rindo. – Os porta-retratos, o cheiro de casa limpa, tudo em seu devido lugar... Logo notei que isso daqui já era seu há muito tempo.
- É, estou em casa, afinal de contas... – ele olhou para o corredor e suspirou. – Vou para meu quarto. Sinta-se em casa, e bom, amanhã já iremos conhecer nosso novo local de trabalho. – ele piscou um dos olhos, antes de fechar a porta do quarto dela, deixando-a sozinha com seus pensamentos e temores.
Nova York, Estados Unidos, 04 de Setembro de 2015 –08h25am
Naquele dia faziam duas semanas que e haviam chegado em New York, no dia seguinte ao que chegaram na cidade, os dois foram conhecer o prédio da American Corporation Express, sendo apresentados aos diretores e gerentes. foi apresentada como sua assistente pessoal, e logo estava assinando um contrato de seis meses com a Empresa, também conheceram a sala grande e chique de , e mostraram-lhe a mesa onde ficaria, na sala de espera de frente para a porta da sala de , que mesmo sendo pequena e com um espaço mínimo ela gostou.
Ficaria ao lado de outra mesa que estava Alyson, uma garota de 21 anos, muito simpática que se apresentou como secretária de um dos gerentes. Mas, a coisa que mais lhe deixou chateada naquele dia, foram os olhares que todos, sem exceção, lançaram lhe assim que pisou seus pés dentro do prédio. Tudo bem, ela entendia que não estava usando uma saia de grife e nem Louboutins, mas precisavam encará-la com caretas desenhando seus rostos?
Era constrangedor.
Na verdade, até que estava apresentável usando uma calça jeans clara, sapatilhas azuis e um casaco preto que escondia sua blusa azul marinho, mas, de qualquer forma, assim que saiu da empresa com ao seu lado decidiu que precisava de roupas novas.
Mesmo que tivesse que assaltar seu pequeno cofre com suas economias, o que acabou não sendo necessário. a olhou e, então sorriu, dizendo que adoraria levá-la ao shopping, pois sabia que ela iria precisar de roupas sociais para ir ao trabalho. Ela tentou negar, mas, o homem era cabeça-dura e não deixou que ela retirasse um dólar sequer da sua carteira, pagando tudo que ela quis com um entusiasmo sem igual. Ela o agradeceria até o fim de sua vida, tinha certeza.
E agora ali estava em frente ao espelho do seu quarto observando suas novas roupas em seu corpo, totalmente diferente do que estava acostumada, hoje estava usando uma saia preta de cintura alta que delineava suas curvas do quadril com o comprimento até o joelho, uma camisa de seda cinza, e por cima, um terninho preto que passava de sua cintura com as mangas arregaçadas, e nos pés usava um salto alto preto fechado.
Sentia-se linda, e mesmo com o corpo bem mais escondido, continuava com a sua aura de sedução e pouca inocência. Prendeu os cabelos num coque formal e delineou seus lábios com o seu eterno e adorado batom vermelho. Pegou em cima da cama sua bolsa e desceu as escadas indo até a cozinha onde encontrou sentado tomando seu café enquanto lia o jornal da manhã, o homem nem mesmo reparou que ela tinha entrado no cômodo mantendo os olhos fixos nas notícias do dia.
A morena pegou do armário um copo e abriu a geladeira servindo-se com suco, e só assim, chamou a atenção do moreno que ergueu a cabeça do jornal e analisou a mulher dos pés até a cabeça ficando com a boca seca automaticamente, os olhos fixos no corpo dela. Era difícil não reparar nela. Muito difícil. Com os dias, notou que tinha o seu lado menina e travesso, mas, sempre conseguia deixar tudo malicioso e quente. Com o tempo, provavelmente, acostumou-se com sua aura sensual, e, o que antes era um personagem, tornou-se ela mesma.
E, era difícil não sentir uma excitação crescente quando olhava para ela. ainda estava babando no corpo de sua roommate, quando ouviu uma gargalhada sonora, erguendo seu olhar para os olhos azuis dela, totalmente confuso. estava encostada no balcão, as pernas cruzadas e o copo de vidro grudado em seus lábios vermelhos, o corpo totalmente relaxado enquanto encarava o moreno.
- O que foi? – ele perguntou desconfortável segurando a xicara de café.
- Melhor tirar uma foto, . – ela ergueu uma sobrancelha sorrindo.
- Foto? Do que, ? – ele bebeu um gole de café e dobrou o jornal deixando ao seu lado.
Ela levou o copo até a pia, ajeitou a saia em seu corpo e caminhou sem pressa alguma até estar de frente para o homem, inclinou o corpo sobre a mesa e passou a ponta da língua sobre os seus lábios, umedecendo-os. Observou com luxúria brilhando em seus olhos o quanto conseguia afetar com seus atos, e mesmo que estivesse longe das ruas, ainda não tinha perdido o seu jeito de sensualizar tudo.
- Uma foto minha para ficar olhando sempre que quiser. – ela deu um sorriso com falsa timidez e ele, automaticamente, inclinou seu próprio corpo para mais perto dela. – Assim não precisa ficar babando em mim toda hora que eu entrar no mesmo cômodo que você estiver. – ela mordeu o lábio e arregalou os olhos, afastando-se.
saiu da cozinha rindo divertida, enquanto continuava sentado do mesmo jeito, sentindo seu corpo mais quente. Ouviu a voz melodiosa dela o chamar para irem logo senão iriam se atrasar, mais tudo que conseguia lembrar era dos lábios vermelhos de e o corpo dela tão próximo do seu, lhe provocando descaradamente. Ele ficou de pé e surgiu na sala, em silêncio, pegou seu casaco de dentro do pequeno quartinho debaixo das escadas, guardou suas chaves do carro, carteira e celular no bolso da calça. Andou até pressionar o botão do elevador e destravar a chave de segurança, que impedia que qualquer pessoa parasse em seu andar, e então olhou para ao seu lado.
- Prefiro te olhar pessoalmente, . – ele desceu seus olhos castanhos por todo o corpo dela, malícia pingando de sua voz rouca, fazendo o corpo da mulher arrepiar-se sem o seu próprio consentimento. – E, não me provoque, , se não quiser arcar com as consequências depois. – ele finalizou assim que as portas metálicas abriram.
***
O dia poderia até ter começado com as provocações dos dois, mas logo que entraram no prédio da ACE, suas feições e postura mudaram para mais sérios. Estavam em local de trabalho e sabiam se colocar em seus lugares. O elevador abriu e saíram para o escritório silencioso. O corredor principal estava vazio, as portas fechadas, Alyson organizava alguns papéis em sua mesa e vozes baixas vinham da pequena cozinha que tinha no corredor à esquerda. acenou levemente para Alyson e sorriu para antes de andar até sua sala. A morena deu um beijo no rosto da colega de trabalho e sentou-se de frente para sua mesa, ligando seu computador e já puxando alguns papéis de dentro da gaveta.
Ela gostava muito do que fazia ali. Sabia que era pouco tempo para já dizer que estava realizada com tudo que acontecia em sua vida, mas durante aquelas semanas, sentia-se bem e realizada, sim! Como há muito tempo não se sentia. tinha lhe dado a oportunidade que ela sempre pedira aos céus, e ela tinha agarrado com todas suas forças, e não abriria mão nunca do que estava tendo ali.
Não poderia decepcioná-lo.
Tinha que dar o seu melhor e mostrar que merecia aquele emprego.
Nem notava como o tempo passava enquanto digitava alguns documentos e organizava outros em pastas por ordem alfabética. Alguns momentos, ligava no ramal dela e lhe pedia para levar algum documento ou um café para ele, o que a morena fazia no mesmo minuto, com um sorriso simples nos lábios. Também o ajudava a organizar suas pastas, salvar arquivos e mandar e-mails para os novos e antigos fornecedores, supervisores, gerentes e, até mesmo, os futuros clientes da empresa. Quando notava estava indo para seu horário de almoço com Alyson, e quando voltava saia juntos com outros empresários para o seu horário de almoço.
Minutos após sumir pelo elevador, o telefone tocou, e atendeu agendando uma reunião com o para dali uma semana com um possível cliente. Ela digitava rapidamente a agenda do seu chefe, quando Alyson começou a cantarolar alguma música lhe chamando a atenção. A menina estava com as pernas sobre a mesa enquanto passava mais algumas camadas do seu rímel preto, sem se importar por estar sem nenhuma postura em seu local de trabalho. deu uma risada baixa.
- Que foi, senhora certinha? – a garota lhe perguntou, e balançou a cabeça negativamente, pensando em como o termo “certinha” não tinha nada a ver com ela.
- Só estou pensando o que o seu chefe pensaria se te visse desse jeito. – ela virou a cadeira de frente para a nova amiga e piscou um dos olhos.
- Ele amaria a visão, certeza. – a menina respondeu abusada.
Elas riram, mas pararam quando o elevador apitou, abrindo lentamente as portas, Alyson soltou uma exclamação de surpresa retirando as pernas com pressa da mesa quase caindo da cadeira, borrando um pouco o rímel no canto do olho direito. Enquanto que continuou parada olhando do elevador até sua colega de trabalho tentando segurar a risada que ficou presa em sua garganta. As portas do elevador, finalmente, se abriram revelando com Josh Smith, o chefe de Alyson. Os dois conversavam distraidamente e pararam ficando de costas para as duas esperando uma mulher vir até eles.
Ela era surpreendentemente linda.
Tinha os cabelos loiros até a cintura, os olhos verdes chamativos, os lábios finos e um sorriso digno de capa de revista. franziu a testa sentindo seu peito palpitar. Não tinha gostado do jeito que tinha olhado para aquela mulher, mesmo sem saber o motivo, e isso foi o bastante para dar as costas para aquela cena ridícula e ficar em pé apertando um botão da impressora para imprimir um documento que ele tinha lhe pedido antes de sair para o seu almoço.
Alyson soltou uma risadinha baixa, e a morena a fuzilou com os olhos, ignorando a colega de trabalho, que deu de ombros voltando-se para seu próprio computador. ouviu despedir-se de Josh e da mulher desconhecida e caminhar até sua mesa, e foi aí que tudo desandou.
A máquina até um minuto antes estava com um botão verde aceso, os outros estavam apagados e parecia que nem tão cedo iria imprimir o único papel que a morena queria, mas foi somente se aproximar, que todos os botões ficaram acesos, a impressora começou a fazer um barulho estranho e então...
Eram folhas para todos os lados.
soltou uma exclamação e colocou as mãos na boca assustada. ficou parado olhando para ela. Josh e a loira ficaram perto da porta do escritório do homem olhando a cena com diversão nos olhos. Alyson virou a cadeira olhando para amiga e, sem querer, soltou uma risada.
- Ai meu Deus! – disse antes de começar a apertar mais botões.
Começou a empurrar as folhas para dentro da máquina, e procurar o fio que desligaria àquela máquina endemoniada, mas não encontrava de jeito nenhum. Já estava quase chorando quando a impressora parou de lançar folhas pelo escritório e apagou completamente. Ela ergueu os olhos marejados e encontrou segurando o fio perto da parede com um sorriso de lado, a morena balançou a cabeça abaixando-se. Todos já tinham voltado aos seus afazeres, e agora ela estava ajoelhada no chão recolhendo as várias cópias desnecessárias. Estava inclinando-se para pegar uma folha perto da sua mesa quando uma mão segurou o papel, ela ergueu o olhar, encontrando também ajoelhado na sua frente com algumas folhas em seu braço. Em silêncio recolheu tudo e se levantou, colocando tudo sobre sua mesa e pegando a folha menos amassada e entregou para que já estava de pé à sua frente.
- Desculpa. – ela sussurrou.
- Você é um desastre. – ele disse divertido. – Ainda bem que eu gosto disso em você, .
E então, ele riu. se deu conta que gosta da risada dele e odeia gostar tanto assim da risada dele.
Ela balança negativamente a cabeça e sorri timidamente assentindo, segura a cópia do documento que pedira a moça e inclina-se até colocar uma mecha, que escapou do penteado da mulher, atrás da orelha dela. Ele dá as costas à ela andando lentamente até a porta do seu escritório e ainda está paralisada quando ouve a voz rouca dele.
- Arrume todos esses papéis e tente não imprimir mais milhões de cópias desnecessárias, senhorita . – ele a encara por cima do ombro e ela sabe que está tudo bem.
Após o susto, ligou novamente a impressora, mas jurou que nunca mais ficaria perto daquela máquina assustadora. Alyson não estava em sua mesa, e esse foi o único momento em várias horas, que a morena teve um tempo sozinha e em silêncio. Sentou-se em sua cadeira e apoiou seu rosto nas suas mãos, pensando em tudo que estava acontecendo consigo.
Aquele trabalho... Ela gostava, mas ás vezes, pensava se era capaz com tudo aquilo. Ela sempre ficava olhando para Alyson digitando e falando ao telefone com homens e mulheres tão importantes, e a garota era sempre tão confiante, com uma dicção perfeita... Mesmo tão nova, sabia se comportar como uma pessoa elegante, de classe. E então, lembrava-se de todas as mulheres que conheceu durante o pouco tempo em que estava ali, todas lindas e elegantes. Falavam sempre claramente, delicadas e inteligentes. Muito inteligentes.
E então, tinha ela.
O que ela sabia daquele mundo? O que ela sabia sobre comprar, vender, financiar, administrar, planejar, negociar?
A American Corporation Express era uma das primeiras empresas de grande referência em Marketing e Propaganda. não fazia parte disso. Não da parte artística e criativa da empresa, mas, na parte do financeiro da empresa. Mas, ainda assim, o que ela poderia acrescentar nessa empresa, tanto na área criativa quanto na financeira? ficava assustada sempre quando alguém se dirigia à ela, pois tinha medo de alguém descobrir o seu passado, perceber que ela não tinha nada de bom e agradável, e aquilo a deixava desolada. Porque ela queria e muito ser útil para aquele lugar.
Acrescentar.
Ouviu uma porta se abrir e ergueu o rosto, vendo Alyson anotando algo em seu bloquinho rosa e andar até sua mesa. E então, sabia que era hora de voltar ao trabalho. Conversavam pouco, as duas sempre estavam ocupadas digitando algo importante ou sendo chamadas até a sala dos seus chefes. Já estava anoitecendo e o prédio já estava vazio quando as duas desligaram seus computadores e ajeitaram suas saias sociais em seu corpo.
- Ótimo dia, ! – Alyson abraçou a nova colega. – Estou com tanta vontade de sair e beber. Quer ir comigo?
- Você tem idade para beber? – a morena encarou a loira com um sorriso zombeteiro em seus lábios.
- Idiota. Eu já sou maior de idade, ok? – ela pegou a sua própria bolsa. – Vamos?
pensou. Poderia aceitar, mas não queria... Não queria entrar numa boate e beber. Isso lhe fazia lembrar quem um dia ela foi. E ela odiava a pessoa que era até pouco tempo atrás. Então, sorriu. Ao mesmo tempo, a porta do escritório de abriu.
- Desculpa, Ally, mas passo dessa vez. – ela deu de ombros com um sorriso educado.
- Ok! Boa noite . – ela deu um beijo na colega. – Boa noite, Senhor . – acenou para que trancava sua sala, o homem acenou, virando-se para que já segurava sua bolsa encostada em sua mesa.
- Está pronta? – ele a questionou e ela assentiu o seguindo para o elevador.
***
Nova York, Estados Unidos, 14 de Setembro de 2015 – 20h08pm
Só era possível ouvir a voz da repórter falando sobre alguma coisa que tinha ocorrido em New York no jornal televisivo, enquanto estava sentado no sofá lendo um livro e bebendo café. estava em seu quarto terminando de escovar seus dentes, após ter jantando. Era uma noite fria e calma, ambos queriam somente descansar, após uma quarta-feira de muito trabalho e cansaço. Estavam no meio da semana ainda e só em pensar nisso batia um sono, uma vontade de deitar naquele sofá confortável e ficar a noite e o dia todo ali jogado. deu uma leve risada com seus pensamentos desconexos e voltou a focar-se nas palavras do livro. Ouviu os passos delicados da morena e a observou passar à sua frente sentando-se no outro sofá.
dobrou as pernas sobre o sofá, usava uma calça e blusa de moletom cinza e rosa,apoiou sobre suas coxas uma agenda, e colocou ao seu lado uma pasta média preta, voltando a escrever algo enquanto confirmava nos papéis da pasta.
Ela estava tão nerd naquele momento, mas tão linda.
Os cabelos negros estavam presos num coque bagunçado – bagunçado mesmo, tinha várias mechas soltas caindo sobre seu rosto –, um óculos preto de grau em seu rosto e que deslizava pelo seu nariz, fazendo com que ela de tempo em tempo ajeitasse com seu dedo indicador e a caneta que ela utilizava para escrever sem parar, por alguns segundos, ela mordia a tampa com o olhar perdido e confuso.
Ele já sabia o que ela estava fazendo tão empenhada. Estava reescrevendo algum dos seus compromissos em sua agenda e organizando mais documentos importantes para o dia seguinte.
Tão organizada e dedicada com o seu novo trabalho. Mas, se ele estava tão cansado, imagina ela?
ergueu-se, colocou o marca-página no livro e o abandonou sobre a mesa de descanso junto a xícara de café, e andou até arrancar da mão de a agenda, fazendo com que ela o encarasse boquiaberta e com indícios de irritação em seu semblante.
- , se você tiver feito eu borrar o que estava escrevendo, eu vou... – ela respirou fundo fechando os olhos.
- Você vai? – ele a provocou escondendo o caderno atrás de si.
- ! Isso é importante e é para você mesmo. – ela suspirou abrindo os olhos. – É sua agenda, seus compromissos, os seus documentos importantes... Preciso terminar isso... Por favor.
- Não, . – ele negou recolhendo a caneta e a outra pasta andando até a mesa de canto, encostada na parede e guardando tudo na gaveta. – Você precisa descansar e deixar o trabalho na empresa. – ele piscou um olho.
- Você é impossível. – ela jogou a cabeça para trás apoiando-se no encosto do sofá fechando os olhos.
- Sou mesmo. – ele riu divertido e voltou-se até o sofá em que ela estava. – Vamos assistir um filme, fazer pipoca e ficar relaxando nesse sofá confortável, ok? Pode ser? – ele perguntou com um sorriso fofo e abriu um olho o analisando. Foi impossível dizer não.
- Ok! Pode ser. – ela sorriu.
pulou do sofá gritando que ele podia escolher o filme enquanto que a mesma iria preparar a pipoca e mais alguma coisa gostosa para eles comerem. Ele deu risada e procurou entre seus DVD’s algo legal para assistir, acabou escolhendo Jogos Vorazes: A Esperança 1, enquanto que cantarolava alguma música da cozinha.
Ela apareceu minutos depois sentando ao seu lado no sofá com um balde de pipoca e um prato com vários cookies com gotas de chocolate, ele sorriu cobrindo-os com o cobertor que tinha buscado em seu quarto. Ela o olhou colocando o prato de cookies no colo dele e o balde de pipoca em seu próprio colo, enfiou a mão ali dentro e trouxe para sua boca as pipocas quentinhas e arqueou a sobrancelha para o moreno.
Ele deu play no filme.
Pegou um pouco da pipoca e aconchegou-se mais ainda sobre o sofá, assistindo em silêncio o filme, os dois falavam pouco e soltavam algumas exclamações ao decorrer do filme. Já tinham acabado de comer tudo e os utensílios estavam no chão vazios quando o filme acabou, mas nenhum dos dois queriam ir para seus quartos e ficarem o restante da noite sozinhos. tomou a iniciativa pegando entre os DVD’s outro filme, dessa vez, ela disse que queria “um filme romântico, por favor”.
E colocou dentro do aparelho o CD do filme Love, Rosie!
nem pensou em reclamar, porque só de olhar o sorriso que a morena dava, era o bastante para ele aceitar o que ela quisesse. Eles voltaram para suas posições de antes, mas em algum momento do filme, apoiou suas pernas sobre as deles – que estava apoiada na mesa de centro – e a encarou.
A mulher olhava, sem nem piscar, o filme com um sorriso nos lábios, segurava as pontas do cobertor sobre seus seios tentando se esquentar mais, e deu-se conta que em algum momento ela iria embora dali. Em algum momento, assim como Rosie e Alex, ambos seguiriam suas vidas. Talvez ela continuasse como sua assistente na ACE, mas com certeza, ela iria para um apartamento seu e lhe deixaria ali sozinho.
E por algum motivo desconhecido, sentiu seu coração apertar dentro do seu peito com a possibilidade de ficar ali sozinho, sem a companhia dela.
o encarou e sorriu.
O moreno automaticamente sorriu com ela, puxando as mãos pequenas e frias dela para dentro das suas mãos grandes e quentes, fazendo com que o corpo dela se apoiasse no seu próprio. Ele a abraçou de lado e puxou mais para cima o cobertor, esquentando os dois, enquanto terminavam de ver o filme que contava mais uma história de amor.
***
Nova York, Estados Unidos, 15 de Setembro de 2015 – 09h30pm
O prédio todo encontrava-se numa agitação que não tinha presenciado ainda. As secretárias andavam atrás dos seus chefes anotando pedidos e ordens ao todo vapor, Ally digitava algo que Josh lhe deixara em sua mesa pela manhã extremamente concentrada. As duas salas de reuniões do seu andar estavam sendo usadas pelos seus superiores e estava trancado em sua sala com um possível cliente há uma hora inteira.
ainda não sabia quem era esse cliente, já que quem o atendera fora Alyson – pois no momento em que o homem chegou, estava no andar acima pegando algumas pastas que pedira minutos antes –, mas ouvira a loira falar que o homem já era um senhor grisalho, mais boa pinta, riquíssimo e um dos empresários mais influentes no ramo da ACE, o que queria dizer: eles precisavam que esse Senhor Henrich assinasse um contrato milionário com a empresa. E o responsável por convencê-lo a isso era o seu próprio chefe, .
E pelo visto ele conseguiria, já que estava um bom tempo conversando com esse homem. estava concentrada em um arquivo no computador quando seu telefone tocou. Ela atendeu, apertando um botão e virou-se totalmente para o aparelho.
- American Corporation Express, , em que posso ajudar?
- Senhorita , pode me trazer o relatório de criações da semana passada? – ouviu a voz rouca de soar pelo telefone.
- Claro, Senhor , o que o senhor pediu que eu separasse ontem? – ela confirmou já ficando de costas para a mesa abrindo a gaveta do outro móvel.
- Esse mesmo!
- Ok. Já estarei levando.
- Obrigado. – e desligou.
colocou o telefone no gancho e ficou em pé retirando da gaveta a pasta preta e conferindo se era o material que o seu chefe tinha pedido. Não se importava de chama-lo por senhor e ser chamada de senhorita, achava até engraçado já que os dois viviam juntos e tinham uma grande amizade, mas sabia que ali dentro ele era o chefe e ela, a subordinada.
Minimizou o arquivo que lia e bloqueou a tela, em seguida, pegando o seu bloco de notas e uma caneta. Abriu a porta do escritório do seu chefe ainda sem encarar quem estivesse ali dentro, caminhou até parar ao lado da mesa e entregou nas mãos do moreno a pasta, riscando algo o bloquinho em suas mãos, abriu a pasta analisando a primeira folha. Nenhum dos dois ainda tinha notado o olhar de surpresa e malicia que o senhor sentado à frente de lançava para a morena. Um sinal de reconhecimento cintilou em seus olhos e ele soltou uma risada, chamando a atenção dos outros dois, que o olharam.
, confuso. , amedrontada e surpresa.
Por um descuido, a morena deixou que seu bloquinho de papel caísse no chão e ela se agachou segurando contra seu peito sentindo seus batimentos cardíacos aumentarem gradativamente. Ela olhou para aquele homem grisalho ainda sem acreditar no que seus olhos viam e ele sorriu. Aquele sorriso nojento e lascivo de sempre.
O mais velho olhou para e falou sem pudor.
- Interessante. – ouviu a voz grossa de Marcus Henrich soar por todo o escritório. – Um fetiche muito interessante... Confesso que eu já tinha pensado nisso antes. – e olhou para dos pés à cabeça.
- Fetiche? – questionou confuso.
- O Chefe e a empregada. – Henrich mexeu as mãos dando de ombros. – Já pensei em usá-la assim, mas não tinha tido essa oportunidade. Esperto, Senhor . – ele inclinou-se saudando o homem, e então, o entendimento veio sobre que ficou de pé num instante.
- Usá-la? – ele olhou para , e a mulher estava petrificada virada para a janela de vidro atrás da mesa dele, os olhos fixos num ponto qualquer.
- Não vou contar seu segredinho, , sei como essa putinha é gostosa. – ele disse sorrindo. – Senti sua falta, docinho. – e ergueu a mão tocando a barra da saia cinza e justa da mulher, que deu um pulo para trás, quase caindo no chão.
- Não toque nela! – esbravejou saindo de trás da mesa e colocando-se na frente de .
- Ei, eu sei que ela é sua, nesse momento, pois você pagou... – o homem ergueu as mãos e cerrou os punhos, observou a musculatura dele toda tensa. – Mas, mais tarde, posso pagar um programinha e ela será minha por umas horinhas. – ele deu uma risada, já estava erguendo o braço para esmurrar o homem, quando sentiu a mão delicada da morena envolver a sua.
- Senhor . – ela sussurrou e ele a olhou por cima do ombro.
o puxou para si, fazendo com que o corpo dele ficasse de frente para o seu, ela deu um sorriso que não chegou nem perto dos seus olhos tão azuis. Ela acariciou a mão dele e ajeitou a gravata vermelha que ele usava, sem nunca encará-lo nos olhos. ergueu o rosto dela com calma e observou os olhos marejados da mulher. Ela se aproximou mais ainda dele, totalmente ciente que estavam sendo assistidos por Marcus.
- Não faça isso! Por favor. – ela pediu suavemente. – Não esqueça onde você está e o porquê dele estar aqui. A Empresa precisa do apoio da empresa dele. – ela abaixou os olhos e suspirou.
Afastou seu corpo de e saiu da sala, sem olhar para trás, o coração batendo disparado em sua caixa torácica, as mãos trêmulas, os olhos lacrimejando, o medo e a repulsa tomando todo seu corpo. Fechou a porta e observou o andar, todos estavam ainda em suas mesas fazendo seu trabalho em silêncio e concentrado, e a única coisa que pensava era como queria se trancar dentro do seu quarto e chorar.
A reunião de e Marcus ainda durou vinte minutos, tempo que Alyson foi chamada para ficar junto com seu chefe numa pequena reunião na sala do final do corredor, o que ocasionou a solidão de ali naquela parte do andar. A porta abriu-se e esperou tanto que saísse junto com Henrich, mas não foi isso que aconteceu.
O homem saiu sozinho com um sorriso malicioso nascendo em seus lábios. Ela o analisou por um minuto, – ele era alto, os cabelos curtos grisalhos, os olhos cor de mel, uma barba crescida que lhe dava ânsia e algumas rugas no canto dos seus olhos, – desviando seus olhos em seguida. Sentiu o toque dele em seus cabelos, a mão áspera dele descendo por seu ombro e ultrapassando o pequeno decote de sua blusa, brincando com alça do seu sutiã. Ela fechou os olhos, e então, empurrou sua cadeira para longe se afastando do toque dele. Ele sorriu e inclinou-se sobre a mesa.
- Ainda é o mesmo preço? – ele a questionou erguendo a sobrancelha. Ela não respondeu. – Aqui está meu cartão com o meu número, me liga! Estou louco de vontade de te ter outra vez. – ele mordeu o lábio inferior enquanto estendia a mão para ela com o cartão preto. – Pegue! – ele disse rude.
- Não! – ela respondeu ficando de pé. – Eu não faço mais isso. – ela disse segura, mas, isso só fez com que Marcus risse dela jogando o cartão de qualquer maneira sobre a mesa e dando-lhe as costas, antes de piscar um dos olhos e mandar um beijo para a mulher.
Quando conseguiu sair de sua sala, já não estava em sua mesa, um bilhete escrito às pressas estava sobre a mesa explicava que ela não estava sentindo-se bem e tinha ido para casa, o moreno sentiu seu coração apertar. Ele voltou para dentro de sua sala e mandou um e-mail para as secretárias dos outros empresários – que teriam uma reunião ainda aquele dia com ele – explicando que teriam que remarcar a reunião para o dia seguinte, desligou tudo e trancou sua porta, despedindo-se rapidamente de Alyson que já estava em seu lugar outra vez. Acelerou o carro entre as avenidas o máximo que pôde, precisava ver e mantê-la segura em seus braços. Não tinha palavras para descrever o que sentiu quando ouviu as palavras daquele velho maldito e o olhar amedrontado de . Ele só queria acolhê-la e fazer com que ela ficasse bem.
Estacionou o carro em sua vaga habitual, apertou incansavelmente o botão do elevador, ficou batendo os pés no chão com pressa quando o mesmo estava subindo e parando de andar em andar, até que puxou a chave que liberava o seu andar e as portas metálicas abriram revelando a sua sala grande e silenciosa. Tudo estava vazio e escuro. As luzes apagadas e nenhum barulho era ouvido. Ele retirou o paletó jogando sobre o sofá e arregaçou as mangas começando a subir os degraus em silêncio buscando ouvir qualquer zumbido que fosse. Por menor que fosse, tinha que escutar e achá-la. Assim que atingiu o andar de cima olhou para a porta do quarto dela entreaberta, andou devagar até abrir e analisou o quarto da mulher. O pijama dela ainda estava sobre a cama, a bolsa jogada perto do criado-mudo, o celular e um cartão preto caído perto da varanda e os sapatos altos ao lado da porta. Ele entrou no quarto vasculhando com seus olhos por ela.
Até que a encontrou.
Ela estava sentada no chão entre a parede e o seu guarda-roupa – o corpo parcialmente escondido pelo móvel negro –, os joelhos encostados ao seu tronco, o rosto escondido pelas mãos, os cabelos longos, negros e bagunçados caiam sobre seus ombros que tremiam. Ela chorava, os soluços baixos que poderiam passar despercebidos, mas não por ele.
aproximou-se silenciosamente e sentou ao lado da mulher, passou seus braços com delicadeza pelo corpo dela puxando-a para si com calma. Pensou que ela poderia se sobressaltar e afastar-se, mas em nenhum momento isso passou pela mente dela. sabia que ele estava ali desde o momento em que ele abriu a porta do quarto. Os passos dele eram inconfundíveis e quando sentiu o perfume amadeirado dele perto de si, tudo que queria era que a abraçasse e levasse embora de si toda dor e medo. Todo nojo e repulsa do seu passado.
Ele a apertou contra si, sentindo sua camisa ficar molhada pelas lágrimas dela, e ouviu em silêncio os soluços dela aumentarem aos poucos. Ele a afastou minimamente de si e tocou o queixo dela com seu dedo indicador, erguendo o rosto dela para olhá-la nos olhos. Ela piscou os olhos e, então, o encarou. Sem máscaras, sem medo, só ela.
Ela inteiramente ali, toda quebrada e destroçada, frente a frente com ele.
E ele a questionou com os olhos. E ela o respondeu.
- Ele foi o primeiro. – ela sussurrou, a voz fraca e abatida. – Ele foi o homem que me fez o primeiro convite. Como eu tinha te dito naquele dia, era por uma noite. E então, ele me convidou outra vez para acompanha-lo numa festa de gala. Ele pagou meu vestido, maquiagem e cabelereiro. Todos os homens me olharam naquele dia, e então, comecei a ouvir os cochichos e as frases esquisitas: “Nossa, ela foi cara?”, “Nossa, que coisinha linda!”, “Henrich, que bom gosto. Onde a encontrou?”, “Eu quero uma noite também”.
Eu era boba e inocente, mas depois, quando conversei com outras mulheres que estavam lá e acompanhavam esses empresários descobri qual era o meu papel daquela noite ao lado dele: uma acompanhante de luxo, ou melhor, uma prostituta de luxo. Esse homem me pagou várias vezes para outras festas, fora as vezes que me levava para um motel barato durante as semanas. Era duas vezes por semana. Foi durante essas festas que surgiram outros e mais outros, e então, eu já tinha uma agenda... Um homem para cada dia, tarde e noite. – ela engasgou com o choro e ele a observava em silêncio, absorvendo as palavras. – O tal do Henrich sumiu após três meses, não me explicou os motivos, somente disse que não queria mais os meus serviços. Eu agradeci aos céus, o odiava com todas as minhas forças, a única coisa que me mantinha fazendo os programas com ele era o dinheiro, obviamente... Tudo era pelo dinheiro.– afastou seu corpo dela e bagunçou os cabelos nervoso com a situação, a história, a vida dela.
Mas aquilo... Aquele ato fez o coração da morena diminuir e apertar mais ainda dentro do seu corpo. Ela abraçou seu próprio corpo, sentindo-se amolecer. estava com a cabeça entre as mãos pensando em tudo que tinha ouvido quando ouviu os passos acelerados de , correndo até o banheiro do corredor, ele ficou em pé num pulo a seguindo. Chegou na porta do banheiro, ao mesmo tempo, que ajoelhava-se sobre o piso claro e cuspia no vaso, entre lágrimas. Ele suspirou e sentou ao lado da mulher, segurando os cabelos dela para o alto, acariciando as costas dela com carinho.
Quando ela terminou, ele a levantou e a ajudou a escovar os dentes, a levou até o quarto dela e deitaram juntos. Ele a abraçou, e mesmo contra sua própria vontade e sabendo que seria errado, enfiou seu rosto no peito dele respirando fundo segurando as lágrimas.
- Você tem nojo de mim. – ela disse baixinho quebrando o silêncio do cômodo.
- Nunca, . – ele ergueu o rosto dela com sua mão quente. – Não tenho e nunca vou ter nojo de você, pois eu sei que você teve seus motivos, mas mesmo assim, deixou tudo para trás e quis dar à volta por cima. E é essa que está aqui comigo, é essa que eu tenho orgulho. – ele olhou intensamente para ela. – Eu só fico pensando como tiveram coragem de roubar a sua pureza e inocência, tiveram a coragem de criar feridas numa mulher como você, . Isso acaba comigo, me deixa revoltado. – ele confessou e percebeu o porquê ela tinha pensando aquilo, o seu ato de deixar de abraça-la poderia ter feito com que ela acreditasse que ele tinha nojo dela, mas tinha que deixar claro que nunca sentira isso por ela, não por ela. – E não pense que estou te afastando ou que deixei de abraça-la por sentir repulsa de você, pois aquele só era o meu eu revoltado e nervoso pensando como eu queria ter te conhecido antes para impedir que fosse criado essas cicatrizes em você. – ele disse a voz sumindo aos poucos. fechou os olhos sentindo as lágrimas mancharem seu rosto.
- Obrigado. – ela sussurrou. – Obrigada por estar aqui comigo. – ela disse sentindo os dedos dele limparem suas lágrimas e sorriu minimamente, apertando seus braços mais ainda ao redor de .
- Você é linda, , nunca pense que é menos que isso. – ela o ouviu dizer e o encarou uma última vez, antes de esconder seu rosto no peitoral dele e fechar os olhos, esperando dormir ainda escutando a voz dele soar com tanto carinho e sinceridade em seus ouvidos.
***
Nova York, Estados Unidos, 26 de Setembro de 2015 – 11h00am
Depois do dia em que viu novamente Henrich e contou mais coisas do seu passado para , algumas coisas mudaram. Primeiro, tornou-se muito mais atencioso e protetor. , por sua vez, um dia depois que tinha chorado abraçada a acordou decidida a esquecer aquele seu momento de fraqueza e continuar firme e forte como sempre fora. E, bom, tinham os seus trabalhos na ACE... E lá estava tudo muito agitado.
O que aconteceu foi que após mais algumas reuniões gerais com o Senhor Henrich e os sócios de sua empresa, o contrato foi assinado e agora a American C. Express tinham mais um trabalho importantíssimo a fazer. Tinham que entregar uma campanha que seria responsável por divulgar a Henrich’s & Cia, dali uma semana, e pelo que ouvia de e, inclusive, de Alyson é que a campanha ainda estava pela metade e que não estava nem perto de estar pronta e perfeita como os clientes queriam.
Também não podia deixar de lado que nos dias que se seguiram Marcus aparecia quase sempre lá na empresa, e entre um andar e outro, ele sempre aproximava-se de sua mesa com sorrisos maliciosos, mas de um jeito louco e – fofo, diga-se de passagem -, sempre surgia do além para salvá-la daquela situação. Mas, a única coisa que ele não sabia era que sempre que ela voltava para sua mesa sozinha, sempre tinha algo abandonado por Marcus por ali.
Na primeira vez, era outro cartão negro com número do celular pessoal e whatsapp dele. Na segunda vez, uma flor vermelha exuberante por demais. Na terceira, uma camisinha. E nas últimas duas vezes, mais camisinhas e um dólar.
Tudo foi parar na lata do lixo, enquanto a mulher se sentia humilhada.
De qualquer forma, naquele dia em especial, estava em sua mesa digitando concentrada um texto quando o elevador abriu revelando Marcus e sua secretária, bonita demais para ser somente isso, Alyson os recebeu pedindo que esperassem na sala de espera.
- O Senhor Henrich chegou, pode avisar o Senhor ? – Ally aproximou-se da mesa da morena. – Vou avisar o meu chefinho. – sorriu dando as costas à colega que se colocou de pé e caminhou até o escritório do chefe.
- Senhor . – bateu na porta e abriu uma fenda pequena observando o lugar escuro e silencioso, só podia ver os cabelos castanhos de por cima do computador. Ela sorriu entrando. – ?
- Ah, Oi . – ele disse assim que notou a porta fechada. – O que foi? – minimizou a janela que lia e encostou-se em sua poltrona relaxando.
- O senhor Henrich chegou. Vim te avisar, a reunião deve começar logo, não é? – ela sentou na cadeira de frente para mesa.
- Oh, sim! – ele ajeitou a gravata e arrumou os fios rebeldes dos cabelos. – Tinha esquecido de avisar, mas hoje todas as secretárias e assistentes irão participar da reunião. Precisamos de alguém anotando tudo que decidirmos. – ele ficou em pé sendo acompanhado por ela.
- Oh, claro! Vou preparar minhas coisas então. – ela disse com um sorriso simples nos lábios saindo porta afora.
***
A reunião deu-se início vinte minutos depois, tinha no total dois diretores de criação, um supervisor de marketing, uma supervisora de desenhos gráficos, e Josh, e o cliente da campanha: Marcus Henrich.
As únicas secretárias presentes eram: Alyson, a ruiva que chegara com Henrich, Anne – secretária de um dos diretores –, e . Cada uma sentada ao lado do seu chefe com seus blocos de anotações abertos à sua frente e a caneta em mãos não paravam de escrever um minuto sequer durante todo o tempo de reunião. O primeiro diretor de criação mostrou o que tinha sido criado até ali e comentando sobre isso e aquilo, que para falar a verdade, não entendia nada. também não entendia muito bem, mas acima de tudo sabia ler muito bem as expressões de um cliente seu... E as expressões e sussurros de Marcus demonstravam que ele não estava gostando nada do que estava sendo apresentado ali. Entre uma cor citada por Mariah e uma fonte por Anthony, o som de uma cadeira sendo empurrada para trás foi ouvido. Todos pararam de falar enquanto olhavam para Henrich ficando em pé e olhando sério para o rosto de todos os presentes.
- Parem de falar! – ele disse rude. – Isso está horrível. Uma merda. Um trabalho feito por criancinhas e não é por isso que eu assinei com vocês, então eu só tenho um aviso: se na próxima semana eu chegar e me for apresentado algo assim, eu deixarei vocês falando sozinhos e não pagarei um misero dólar do qual foi combinado. Estamos entendidos? - todos, sem exceção, ficaram em silêncio enquanto observavam o homem deixar a sala de reuniões reclamando de algo para a ruiva.
Quando notou os dois homens responsáveis pela criação e desenvolvimentos da campanha estavam em pé, um apontando para o outro, falando alto e zangados. estava com a mão na testa pensativo, Josh passava alguma informação para Alyson e Mariah rabiscava algo no projeto chamado de merda pelo seu cliente. inclinou a cabeça para um lado observando os rabiscos desordenados que a mulher fazia sobre os carros velozes antes bem desenhados ali e uma ideia surgiu em sua cabeça.
Mas, calou-se com medo de ser ridicularizada e chamada de intrometida. ficou em pé e começou a dar ordens aos homens e a mulher, decidindo que eles tinham que entregar algo para ele e o senhor Smith até o final do dia e que fosse no mínimo perfeito e da maneira que o cliente tinha feito questão. saiu da sala o seguindo em silêncio e ficou durante as duas horas seguintes desenhando em seu bloco a ideia que tivera dentro da sala de reuniões, nem sabia direito qual tinha sido o pedido feito pela empresa Henrich’s, mas estava gostando do resultado.
Mas, de qualquer maneira, ninguém veria aquilo.
Isso é claro se Alyson não tivesse visto, quando por um descuido seu enquanto atendia uma chamada, deixou o bloco aberto sobre sua mesa. A loira pegou em suas mãos sem chamar a atenção da morena e observou os traços, as cores e a frases de impacto, estava encantada pelo desenho quando ouviu um resmungo e o caderno foi tirado por entre suas mãos.
- Intrometida. – falou divertida.
- Você desenha bem, ! – ela falou sentando-se abrindo seu bloco de notas.
- Obrigado.
- Não sabia que você gostava de... – ela já ia completar sua frase quando releu a mesma frase que estava escrita sobre o desenho da morena, mas dessa vez, em seu bloco acompanhado pela discussão da sala de reuniões. – Ei. Espera! Você teve uma ideia para a campanha da reunião de hoje? – os olhos da morena encontraram os seus e ela assentiu corando. – Você precisa mostrar isso ao senhor . Isso está perfeito! – a mais nova falou empolgada.
- Não posso. – respondeu baixinho.
- Você deve... Qual é, ? – Alyson chiou.
- Vão me chamar de intrometida e abusada. – ela disse revirando os olhos.
- Claro que não. – a loira ficou em pé. – Tem noção de que essa sua ideia e desenho podem salvar a empresa de perder bilhões de dólares? – ela sussurrou a parte final da frase fazendo com que arregalasse os olhos.
***
- Tem certeza que vale a pena? – perguntou outra vez para a mulher enquanto parava no meio do caminho entre sua mesa e a porta do escritório de .
- Absoluta. Vai logo, .
E ela foi.
Bateu na porta ouvindo uma exclamação positiva para que abrisse a mesa, entrou no escritório – agora mais claro e agitado – enquanto digitava furiosamente em seu computador e empurrava sua cadeira para longe da mesa puxando pastas e mais pastas de dentro de um móvel atrás dele.
Ele a olhou, mas não parou para questioná-la o que tinha ocorrido, continuou abrindo a pasta e analisando o pedido feito por Marcus enquanto observava o projeto que Andrew tinha lhe enviado há cinco minutos. Era a mesma porcaria de antes, o que alterava era a fonte e a cor. O que aqueles caras estavam pensando? Eram dois bilhões de dólares que poderiam ser jogados pela janela do prédio que estava em jogo naquele momento. E estavam em contagem regressiva, ainda por cima. sentou-se na cadeira de frente para mesa e respirou fundo chamando a atenção de que a encarou confuso.
- Aconteceu algo?
- Qual foi o pedido do senhor Henrich para essa campanha? – ela perguntou.
- Ele disse que gostaria que fosse algo que pudesse aparecer desde um outdoor como num comercial de televisão. Algo feroz, vivo e intenso como a marca dele. Que chamasse a atenção para a área de sua empresa que é automotivo.
- A empresa dele é como uma concessionária?
- Tipo isso. – ele assentiu abrindo o e-mail.
- Eu tive uma ideia. – ela falou e ele permaneceu em silêncio aguardando que ela completasse seu raciocínio. – Para a campanha.
- Você teve? – ele perguntou, e ela assentiu envergonhada. – Qual foi sua ideia?
- Posso te mostrar? – ela o questionou e ele assentiu empolgado estendendo a mão para ela quando a morena revelou o bloco de notas.
Ele abriu na página marcada por um laço vermelho e deu-se de cara com um desenho incrivelmente bem desenhado, os traços bem marcados e era surpreendentemente o que ele esperava dos diretores de criação. O slogan na parte superior direita era um H grande entrelaçado com as outras letras sendo puxado por um laço que aos poucos ia tornando-se o rosto de um tigre branco. O animal estava no centro e ao seu redor havia pássaros, e na parte superior esquerda dava-se início à uma pista de corrida com a traseira de um carro, a fumaça que saía do escapamento era similar com chamar de fogo e era dessas chamas que uma frase era formada.
A frase de impacto era um misto do que tinha explicado sobre o pedido de Marcus. Em letras pequenas e delicadas, na parte inferior, lia-se: “Os sonhos não vão determinar o lugar em que você vai chegar e podem até produzir a força necessária para alcançar certos lugares. Mas, somente os nossos carros irão te deixar livres para chegar até lá”.
abriu e fechou a boca algumas vezes enquanto pensava no que tinha acabado de fazer. Ele deu a volta na mesa, sentou ao lado da mulher e a abraçou sem proferir uma palavra sequer.
- Você está nos salvando, ! – ele sussurrou. – Por que pensou nisso? Não sabia que desenhava tão bem. Isso ficou incrível. Perfeito. Uau! – ele falava afobado e ela soltou uma risada.
- Obrigado. Eu gosto de desenhar um pouco, . Espero que isso ajude, talvez, vocês consigam usar algo disso daí. – ela deu de ombros e ele negou. - Por mim, usaremos esse desenho todo. – ele a respondeu olhando admirado para o desenho em suas mãos. – Obrigado, ! – ele apertou a mão dela nas suas sorrindo agradecido, e ela assentiu deixando seu olhar se perder nos olhos dele.
***
Nova York, Estados Unidos, 03 de Outubro de 2015 – 17h00am
Todo o pessoal do escritório estava silencioso enquanto faziam suas tarefas, enquanto os superiores aguardavam pela análise da Campanha da Empresa do Sr. Henrich. No dia anterior, tinham recebido o mesmo junto ao seu sócio para a apresentação da campanha e fora um sucesso, tanto Marcus quanto seu sócio aprovaram a campanha – que viera totalmente da ideia de – e saíram felizes da ACE deixando um orgulhoso e agradecido a . Mas, somente aquilo não era o bastante. Ainda precisavam saber como a campanha seria recebida pelo público e se chamaria a atenção de futuros consumidores tanto quanto a marca de Henrich gostaria. Então, aquelas primeiras vinte quatro horas em que a campanha estava sendo exposta pelo mundo eram essenciais para saber se o trabalho deles tinha sido bem-sucedido ou não.
No início da manhã o novo slogan da Henrich’s & Cia estavam em vários outdoors espalhados pela capital de Nova York, após as séries e jornais importantes passava o comercial feito para divulgar a empresa e nas revistas entregues pelo início da tarde já estavam nas bancas vendendo ao todo vapor. Então, quando Anthony entrou no escritório de sem nem pedir permissão para , a morena já sabia que o publicitário tinha boas notícias.
Não demorou muito para ligar pedindo que ela pedisse que Josh e mais um monte de outros diretores fossem até a sua sala, e quando todos já estavam lá dentro, ela e Ally ficaram sentadas juntas escutando as palmas e as risadas em forma de comemoração. A campanha e todo o seu pacote tinha sido um sucesso, muito bem recebido pelas pessoas em gerais, e provavelmente, naquele mesmo momento vários consumidores estavam enchendo as lojas de Marcus em busca de novos modelos de carros.
Um tempo depois todos saíram da sala de , deixando a porta aberta, e um moreno sorridente se despedindo de todos. O homem ergueu os olhos até a morena que estava com o rosto apoiado nas mãos olhando para um ponto fixo no chão, enquanto esperava por alguma ordem do chefe, já que não tinha mais nada para fazer. Ele andou lentamente até ela, ao mesmo tempo que ouvia Josh dizer para Alyson que todos do setor iriam sair cedo para uma comemoração. Afinal, não é todo dia que se ganha dois bilhões de dólares, não é? ergueu a cabeça quando notou parado perto de sua mesa a encarando, ela se arrumou do jeito que conseguiu e o encarou com um sorriso nos lábios.
- Parabéns. A campanha foi um sucesso. – ela disse casualmente.
- Parabéns para nós. – ele a respondeu. – Afinal, foi a sua ideia responsável para o nosso sucesso. Então, obrigado, !
- Não foi bem assim... – ela passou os dedos pelos cabelos e ele balançou a cabeça negativamente.
- Não fale nada, é a verdade, e você sabe. – ele inclinou-se sobre a mesa brincalhão. – Agora, eu tenho um convite para você.
- Para mim? – ela questionou confusa e ele assentiu. – Qual?
- O pessoal do departamento todo vai sair para comemorar e eu gostaria que você fosse comigo, afinal, você nos ajudou muito. E, precisamos de uma diversão, não é? – ele deu um sorriso de canto que fez o coração de parar por um segundo. Ela sorriu e não demorou muito a aceitar.
- Claro. Agora? – ela disse entusiasmada.
Ele assentiu e em poucos minutos estavam os dois deixando o prédio comercial ao lado de Alyson, Josh e Maggie indo em direção ao estacionamento. estava animada, fazia tempo que não saia para dançar e beber algum drink colorido. E, não estava temerosa, porque afinal o que poderia acontecer de tão grave naquela noite comum?
***
Nova York, Estados Unidos, 03 de Outubro de 2015 – 23h18am
dançava ao lado de Alyson enquanto segurava um copo com uma bebida azul clara, era divertido e gostoso dançar ao lado de uma amiga e sem pensar que dali alguns minutos teria um homem lhe dando algumas notas de dinheiro para ela pagar um boquete para ele no banheiro ou transar dentro do carro dele. Era como se aquela sua antiga realidade fosse exatamente isso: antiga, passado, irreconhecível, inexistente.
Estava feliz por agora ser somente . Sem problemas, sem programas, sem toda a nojeira do seu passado.
estava sentado numa mesa conversando alegremente com Josh, enquanto que Meggie – sim, a mesma loira que vira tempos antes saindo do elevador com os dois homens ali presentes – beijava intensamente uma ruiva perto do bar. arregalou os olhos e, então, caiu na risada dando-se conta que a loira gostava era de outro tipo de fruta. Em pensar que sentira ciúmes daquela mulher com .
Ciúmes?
Quando se deu conta do que pensara, parou de rir automaticamente, levando seus olhos até que a observava entre uma palavra ou outra trocada com Josh, ele sorriu para a mulher que acenou brevemente virando-se de costas confusa. O que fora aquilo? O que estava pensando?
Lógico que não tinha sentido ciúmes de , não ciúmes carnal, do tipo “estou apaixonada por ele e essa vadia está dando em cima dele”, era só algo como “eu não gostei dela chamando a atenção dele”. Simples.
Balançou a cabeça negativamente e resolveu voltar para a mesa, precisava beber algo e descansar seus pés que estavam já doendo naqueles saltos vermelhos. Ela sentou-se de frente para e sorriu para os homens que a acompanharam, um garçom aproximou-se e ela inclinou-se sobre a mesa mordendo o lábio inferior.
- Tequila! Por favor, dois shots de tequila. – ela umedeceu os lábios e segurou os cabelos num rabo de cavalo chamando atenção tanto dos seus chefes ali sentados quanto do garçom parado à sua frente. – Que calor, gente!
- Muito calor. – o garçom murmurou e o encarou dando-se conta do que estava fazendo e o que seu ato tinha causado nos homens ali. Ela deu uma risadinha. – Mais alguma coisa?
- Traga tequila para nós dois também. – Josh disse e o garçom assentiu indo até o bar. – Aqui está bem quente! – ele disse observando uma gota de suor correr lentamente pela lateral da nuca até sumir pelo vão do decote dela, não deixou de notar o olhar do amigo e o empurrou com o ombro raivoso.
- Tente não ficar bêbada, . – ele a alertou. – Eu não vou cuidar de gente bêbada, ok? – ele disse contrariado olhando para qualquer lugar menos para o rosto da morena, pelo menos, não olhava até escutar a risada divertida da mulher.
- , eu não fico bêbada, nunca! Não se preocupe. – uma piscadela e ele já estava pulsando e pensando em mil coisas proibidas que gostaria de fazer com aquela mulher.
Ficaram ainda mais algum tempo no bar, tomaram os shot de tequila sendo provocados pelo olhar malicioso de que lambia na ponta do dedo um pouco de sal, bebia a tequila e chupava tentadoramente o limão. Algum tempo depois de terminarem de beber a tequila, Alyson surgiu do além com o batom vermelho levemente borrado e puxou Josh pela mão até a pista de dança, falando arrastado que o seu “chefe preferido precisava se divertir”. Eles ficaram perto demais um do outro na pista, enquanto dançavam uma música eletrônica, o homem segurando a cintura da loira que ria divertida.
resolveu que também queria dançar e puxou até perto do casal que dançavam como velhos amigos, e os dois começaram a fazer passos doidos e sem ritmo algum, enquanto riam um do outro. segurava a cintura de e o balançava de um lado para o outro, para segundos depois, ele segurar a mão dela e a girar em seu próprio eixo. Ela soltava gargalhadas que o divertia, e o abraçava carinhosamente dando passos para um lado e o outro junto a ele, dançando ao som de uma música desconhecida por ambos.
Cansaram minutos depois e resolveram se despedir de Josh e Alyson que pareciam envoltos em uma piada interna deles.
e pagaram as suas contas no bar e pegaram suas coisas, saindo do bar um pouco alegre demais. O moreno disse que não estava bêbado e entrou no carro, dirigindo tranquilo até seu apartamento, enquanto estava com o corpo virado para a janela e a cabeça encostada no vidro com os olhos fechados como se estivesse dormindo. O pior – ou talvez, melhor – é que ambos não estavam bêbados mesmo, estavam alegres até porque estavam com uma certa quantidade de álcool circulando suas correntes sanguíneas, mas bêbados não. estacionou o carro em sua vaga e quando estava pronto para chamar , a viu abrir os olhos e destravar sua porta, saindo do veículo. Andaram lado a lado até o elevador, em alguns momentos, suas mãos roçavam causando uma sensação tão boa e tentadora. As portas metálicas abriram e os dois entraram ficando encostados na parede do fundo em silêncio.
(Me diga o você quer)
What you like
(O que você gosta)
It's okay
(Está tudo bem)
I'm a little curious too
(Eu estou um pouco curiosa também)
Tell me if it's wrong
(Me diga se isso é errado)
If it's right
(Se é certo)
I don't care
(Eu não me importo)
I can keep a secret could, you?
(Eu consigo guardar um segredo, e você?)
estava com os olhos fixos nas portas prateadas bem fechadas enquanto olhava o T de térreo ser trocado pelo número 1. Uma longa espera até o seu andar, suas mentes rodando, uma nova vontade louca e insana tomando seus seres. Era tentador demais, desejoso demais.
permitiu-se virar sua cabeça analisando o perfil de ao mesmo tempo que o homem a olhava, os olhos escuros dele a devorando aos poucos. Ela suspirou e fechou os olhos decidindo o que era certo ou não fazer. Notou que, pela primeira vez na sua vida, estava pesando os prós e os contras, pensando e analisando o que deveria ou não fazer... Exatamente quando não deveria pensar em nada. Não iria perder nada se tentasse, ou perderia? Não, não perderia.
Abriu os olhos no mesmo segundo que tinha tomado sua decisão. Abriu os olhos somente para notar a proximidade que o corpo do moreno estava do seu. Abriu os olhos somente para voltar a fechá-los quando sentiu a pressão dos lábios de nos seus.
Ele a beijou com doçura e intensidade.
Prendendo o seu corpo na parede gelada do cubículo, segurando a nuca dela e saboreando o gosto dela em sua língua, os lábios macios contra os seus. Era tudo na quantidade certa, os movimentos, as línguas se entrelaçando, as respirações ofegantes. Ouviram uma campainha baixinha e afastou minimamente puxando uma chave pequena do painel e girando para abrir o hall de seu apartamento. Ele entrelaçou seus dedos nos da mulher e a puxou para fora do elevador. Ficaram parados por menos de um segundo vendo as portas fecharem quando foram despertados pela bolsa preta da mulher tocar o chão, e então, estava grudada a ele.
A morena empurrou o homem até encostá-lo na parede ao lado do elevador e o beijou novamente, enfiando suas mãos no cabelo dele e o puxando contra seu corpo. não precisou de muito tempo para raciocinar, puxando a cintura dela contra a sua e a beijando com tanto empenho quanto antes. Arrastou seus dedos pela calça social da mulher e a ergueu, fazendo com que a mesma entrelaçasse suas pernas pela cintura do homem, que aos tropeços a levou até a mesa na lateral da sala, empurrando o que tinha ali em cima e a apoiando ali, passando suas mãos grandes pelo corpo dela, das coxas até a cintura, e então, até a nuca puxando levemente os cabelos negros dela, descendo seus beijos até a garganta dela, puxando para si o perfume floral. apertava os músculos tensos do braço dele em suas mãos, apertava suas pernas ao redor dele e suspirava com os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás.
(Estou com minha mente no seu corpo)
And your body on my mind
(E seu corpo na minha mente)
Got a taste for the cherry
(Quero provar dessa fruta)
I just need to take a bite
(Só preciso dar uma mordida)
Don't tell your mother
(Não conte pra sua mãe)
Kiss one another
(Vamos nos beijar)
Die for each other
(E morrer uma pela outra)
We're cool for the summer
(Estamos de boa durante o verão)
afastou-se dela e soltou suas pernas da cintura do homem, descendo da mesa e empurrando-o com uma mão até estar de frente para o sofá, o empurrou para sentar ali e sentou-se sobre ele. Passou as mãos sobre o abdômen do homem até segurar as duas laterais da camisa social do moreno, deu um sorriso malicioso, e por fim, puxou a camisa observando alguns botões soltar de suas casas e cair sobre o sofá fazendo com que sorrisse. Ele a segurou e a beijou passando sua mão pela cintura dela e afastando-se, em seguida, para retirar a blusa dela. ergueu os braços permitindo que tirasse sua blusa e passasse a beijar seu busto, enquanto ela arranhava as costas dele, movendo seu corpo para trás e para frente causando uma fricção gostosa entre suas regiões íntimas. Ela afastou-se e ajoelhou-se de frente para o homem que a encarou com os olhos brilhando em malicia e desejo. Ela puxou o zíper para baixo da calça dele, tirou os sapatos e meias dele e apertou a coxa do homem lambendo os lábios, e então afastou-se, sorriu enquanto engatinhava de costas até estar no centro do tapete da sala dele. Arqueou uma sobrancelha enquanto abria sua própria calça e a retirava do seu corpo, empurrando com os pés os seus sapatos altíssimos para longe de si. Puxou seus cabelos de suas costas e jogou para trás de si, mordeu o lábio inferior e encostou todo o seu corpo no tapete deslizando suas mãos pelo seu corpo, provocando-o. Ouviu um arfar, o barulho de roupas tocando o chão e então sentiu mãos lhe tocando, lábios beijando seu corpo.
subiu seus beijos pelas coxas, passando pela barriga lisa até beijar-lhe os lábios novamente, dessa vez, abrindo o fecho do sutiã preto rendado que a morena usava jogando para longe. Afastou seus lábios do dela a observando abrir os olhos nublados, ele sorriu, e mergulhou sua cabeça no vão entre os seios dela. Engoliu um dos seios dela, beijando e sugando-o, mordendo o mamilo com vontade, enquanto sua outra mão apertava o mamilo entre seu polegar e indicador, causando uma sensação incrível na mulher que arqueava o corpo, subindo sua perna pela coxa dele. Ele desceu seus beijos molhados por todo o corpo dela, sentindo as mãos dela contra seu corpo, massageando seu membro por dentro de sua boxer o fazendo gemer contra seus seios arrebitados. Ele retirou as últimas peças que cobriam os seus corpos, e pincelou seu membro na entrada molhada dela, mas antes que fizesse qualquer coisa, o empurrou para o lado e engatinhou até pegar a calça preta dele e procurar dentro da carteira uma camisinha. Obviamente a encontrou e voltou para o corpo sarado do homem que estava parado a analisando por completo, ela riu e abriu com os dentes a embalagem, inclinando-se sobre o homem para vestir seu membro. Ele a puxou para o seu lado e colocou-se sobre a mulher, beijando-a ao mesmo tempo que a penetrava lentamente. Deixou seus lábios perto um do outro, enquanto gemiam e sussurravam palavras desconexas, estocando com mais força, intensidade e rapidez contra o corpo delicado de . As pernas dela ao redor de sua cintura lhe davam mais espaço para estocar mais fundo nela, e sentir tão perto o corpo quente e suado dela contra o seu, era o paraíso. Meu Deus, queria se perder dentro daquela mulher.
Permanecer com seu corpo grudado ao dela para sempre.
Quando atingiram o máximo do prazer suspiraram juntos, enquanto saia de dentro dela e caía ao seu lado, a puxando para seu corpo.
Ele a beijou outra vez.
Não se cansava do gosto irresistível que tinha.
(Me leve para o seu paraíso)
Don't be scared cause I'm your body type
(Não fique com medo, eu sou seu tipo físico perfeito)
Just something that we wanna try
(Isso é só uma coisa que queremos experimentar)
Cause you and I
(Porque eu e você)
We're cool for the summer
(Estamos de boa durante verão)
Tell me if I won
(Me diga se eu ganhei)
If I did
(E se eu ganhei)
What's my prize?
(Qual é o prêmio?)
A sala estava escura e tudo estava silencioso demais. abriu os olhos, após dormir um pouco com seu corpo nu grudado ao corpo de , e observou o teto branco. Seu corpo estava relaxado como nunca antes e tudo dentro de si tremia. A sensação que estava sentindo desde o momento em que sentiu o moreno dentro de si era indescritível, não havia palavras que pudesse explicar o quão tinha sido tê-lo beijando e devorando seu corpo com tudo de si.
Apoiou a mão sobre o peito dele e deitou sua cabeça ali observando o rosto sereno do homem, mas, notou o sorrisinho que se formava aos poucos nos lábios carnudos do moreno. Ela riu e arrastou suas unhas como garras pelo peitoral dele, o fazendo franzir a testa e soltar uma gargalhada.
- Cócegas? Mulher, você quer me matar! – ele disse rindo enquanto abria os olhos e tentava segurar as mãos dela.
- Ei! – ele segurou com uma mão os pulsos da mulher e com a outra mão passou a fazer cócegas nela, fazendo com que ela risse jogando seu corpo contra o tapete. – Ai! Não! Pará, por favor, ! Cócegas, não!
- Você estava fazendo em mim e eu não posso? – ele perguntou divertido inclinando seu corpo contra o dela.
- Não. Não pode. Ai! Estou sem ar. – ela ria mais ainda, e então ele parou as cócegas, suavizando seu toque para uma carícia mais íntima e delicada, passando seus dedos pela lateral do corpo dela, delineando os seios dela. – Hm... – ela mordeu o lábio fechando os olhos.
- Não faz isso. – ele sussurrou aproximando seus rostos e tocando o lábio dela. – Isso é demais para mim. – ele confessou baixinho contra os lábios dela e sentiu as mãos dela se soltarem do seu toque e correr pela suas costas até tocar sua bunda e pressionar seus corpos, ela gemeu contra a orelha dele.
- Já está duro, ? Pronto assim para mim? – ela falou lascivamente beijando a nuca dele.
- Esse é o seu efeito em mim. Impossível não ficar duro e pulsando por você, . – ele disse com malicia.
E ele estava mesmo mais do que pronto para tê-la outra vez, mas num minuto ela estava embaixo dele, e no outro estava em pé usando somente aquela calcinha preta rendada que era a peça mais pequena que já tinha visto em sua vida. Como podia usar algo tão pequeno que deixava tudo tão à mostra assim? Ela soltou uma risadinha e sussurrou algo como “só vai me ter outra vez, se conseguir me alcançar, ”. E então, estava correndo em direção as escadas. ainda esperou um minuto respirando fundo e dando um tempo de vantagem para a morena, quando a morena estava no quinto degrau ele ficou de pé e bateu as mãos, chamando a atenção dela que riu pulando dois degraus de uma vez, e escutou os passos apressados dele percorrendo a sala. Agora, só era possível ouvir as risadas dela, os passos dos dois na escada e a porta de um dos quartos sendo aberta. alcançou o andar superior ao mesmo tempo que entrava no quarto do moreno e deixava a porta aberta, ele caminhou devagar preparando-se para segurá-la contra si.
Entrou no quarto e viu sentada na beira da cama, as pernas cruzadas, os cabeços negros cobrindo os seios e as mãos apoiando seu corpo atrás, ele andou lentamente até estar com seu corpo perto do dela, inclinou-se sobre a mulher tomando os lábios dela contra os seus. E não precisavam de mais nada.
Já sabiam como passariam o resto da madrugada.
E era inegável o quanto aquilo era gostoso e viciante.
***
Nova York, Estados Unidos, 04 de Outubro de 2015 – 10h25am
Os raios solares foram os responsáveis por despertar do sono profundo em que se encontrava, abriu os olhos preguiçosamente, piscando rapidamente tentando localizar-se. Olhou ao redor do quarto e girou seu corpo até encontrar o vazio ao seu lado, os lençóis brancos bagunçados, seu corpo cobertor por uma calcinha preta simples e um lençol. Olhou para o teto lembrando-se da noite anterior e a madrugada que passou com . Entre tantos beijos e carícias... Meu Deus, aquilo era o paraíso. O moreno sabia usar tudo tão bem: suas mãos, sua boca, seu membro grande dentro de si, uau, era tudo bom demais para ser verdade. Deu-se conta que pela primeira vez durante toda a sua vida sexual nunca tivera alguém como junto de si em uma cama. Ele era mais do que bom, ele a fazia atingir o céu e querer mais, sempre mais. Nunca sentira tanto prazer assim, talvez fosse porque antes era paga para sentir prazer e naquele momento, não estava sendo paga, mas somente convidada a sentir junto à ele.
Ficou de bruços na cama observando a varanda do quarto, enquanto criava coragem para sair dali. O perfume dele estava em todo canto daquele quarto, o que deixava mais excitada e encantada com tudo aquilo.
Levantou-se e procurou ao redor do cômodo por sua roupa, lembrando-se que estavam tudo na sala, então viu uma camisa preta social do homem sobre a poltrona do quarto, e resolveu usar aquela peça mesmo. Abotoou os primeiros botões e prendeu os cabelos num coque, deixando para trás o quarto, enquanto descia os degraus em direção a cozinha, seus pés tocando o chão gelado causava uma sensação térmica gostosa e lhe deixava mais despertar a cada passo.
Parou na entrada da cozinha observando , que estava de costas para a porta, cozinhando algo. Ele usava uma boxer preta e o seu corpo másculo estava todo descoberto para os olhos admirados de analisar sem pudores. O homem cantarolava alguma música pop que tocava no rádio ligado e virava uma panqueca no ar, enquanto o cheiro de café tomava todo o cômodo. andou devagar e sem fazer nenhum barulho, tentando agir normalmente. Afinal, não sabia o que iria acontecer entre eles dali para frente? Abriu a geladeira e a olhou por cima do ombro, um sorriso formando-se em seus lábios.
- Bonita camisa, combinou contigo. – ele disse divertido e sorriu retirando uma jarra de suco da geladeira.
- Obrigado. Não encontrei minhas roupas. – ela disse baixinho e tímida. – Bom dia! – ela acenou e colocou a jarra sobre o armário ficando de costas para o homem.
- Bom dia. – ele a respondeu desligando o fogo. – Eu dobrei e deixei sobre o sofá, queria saber como iria aparecer aqui na cozinha. – ela o olhou confusa. – Me surpreendeu que você tenha pego minha camisa. – ele disse sincero.
- Ah, desculpa, eu posso... – ela colocou as mãos nos botões envergonhada e ele segurou suas mãos, só agora ela notava o quão perto ele estava de si.
- Não. Eu gostei! Gostei muito. – ele disse a analisando. – Você fica muito melhor nela do que eu. – ele piscou um dos olhos e aproximou seus corpos.
Permaneceram em silêncio, um olhando para o outro, buscando respostas de perguntas não pronunciadas. Era difícil saber o que fariam dali para frente, qual passo tomar, qual atitude ter, o que dizer. abaixou os olhos analisando o corpo de , as tatuagens desconhecidas por ela expostas ali no corpo dele e o tronco delineado, as mãos grandes dele ao lado do seu corpo. Ela ergueu a mão e tocou uma das tatuagens negras que estavam no abdômen dele, suspirou enquanto fechava os olhos, segurando a cintura da mulher.
- Não sabia que você tinha tatuagens! – ela comentou delineando os desenhos com a ponta dos seus dedos.
- Também não sabia que você tinha uma. – ele arrastou o seu dedo indicador até a barra da calcinha dela e puxou para baixo só um pouco revelando uma pequena âncora. Ela sorriu. – E agora? – ele encostou suas testas e perguntou temeroso.
Ela pensou no que deveria responder. Era o certo falar que não deveriam se envolver, que era errado. Ela é toda errada, até pouco tempo fazia parte de um mundo escuro o qual não conhece e nunca faria parte. Ele merecia alguém melhor e mais limpo que ela. Mas, a respiração calma dele tocando seus lábios entreabertos, o perfume amadeirado dele a envolvendo, o corpo quente dele tão perto do seu... Era demais para a pobre mulher.
- Agora? – ela afastou minimamente e o encarou, ele assentiu. – Agora você me beija e a gente faz sexo ali sobre o seu balcão. – ela piscou um dos olhos, passou suas mãos ao redor do pescoço dele inclinando seu corpo sobre o dele.
não perdeu um minuto pensando no que iria acontecer depois daquilo, somente puxou a cintura da mulher para perto de si, desceu suas mãos até as coxas fartas de e a puxou para cima. Beijando-se intensamente e selvagemente, ele andou aos tropeços até o balcão e empurrou com uma mão as coisas que estavam ali em cima – em sua maioria revistas e talheres – e sentou a morena ali. Desceu seus beijos para o pescoço da mulher enquanto suas mãos tratavam de retirar a calcinha dela e massagear seus grandes lábios arrancando suspiros dela.
O moreno abriu a camisa que ela usava para cobrir-se e abaixou sua cabeça sugando um dos seios arrebitados dela, distribuía beijos e lambidas sobre o colo da mulher, causando arrepios gostosos de sentir na mulher. tentava ao máximo retribuir as sensações que sentia, descendo suas mãos até a bunda dele e depois o membro coberto dele, seus pés subindo e descendo sobre as pernas dele. subiu sobre o corpo de , fazendo com que a mulher deitasse sobre a bancada fria e arranhasse o corpo do moreno, levando suas mãos até a cueca dele e empurrando para longe do corpo do homem, mordendo e sugando a orelha dele. E então, logo estavam movendo-se um contra o outro, juntos numa corrida em busca de prazer e alívio.
***
Nova York, Estados Unidos, 17 de Outubro de 2015 – 18h15am
A morena estava sentada em sua cama observando o Sol trocar seu posto no alto céu pela Lua. Sua cabeça estava cheia que até mesmo ler um livro não estava conseguindo. Faziam exatamente treze dias em que ela e estavam mantendo uma relação estranha e surpreendentemente gostosa. Durante a manhã eles se cumprimentavam com um “bom dia” feliz e um selinho gostoso, iam juntos para o trabalho como sempre e passavam o dia todo agindo exatamente como sempre agiram. O chefe e a secretária, como era o certo. Mas, entre uma reunião e outra, ela recebia uma mensagem maliciosa demais dele, e em algumas vezes, acabavam dando alguns amassos no sofá do escritório dele. Quando o expediente acabava voltavam para o apartamento do moreno, preparavam o jantar juntos e assistiam alguma série que gostavam, depois transavam loucamente no sofá, no chão, na cama dele, no chuveiro ou onde fosse possível, e então, o ciclo voltava ao início. Não tinha definido o que estavam tendo, não tinha nem mesmo conversado sobre o que estavam fazendo, simplesmente decidiram em silêncio que aquilo era bom demais para parar. Mas, o que estavam tendo?
Meu Deus, aquilo era bom. Era muito bom. Mas, isso ia acabar machucando um dos dois. fechou os olhos encostando a cabeça na cabeceira da cama e respirando fundo lembrando da noite anterior e do que sentiu quando ele a olhou após o sexo. Sabia o que era aquelas palpitações em seu coração, já tinha lido sobre aquilo, só que diferente de uma garota normal, nunca tinha sentido aquilo. E ela não sabia amar. Não podia amar ninguém. Ela era quebrada demais, imperfeita demais, impura demais para sentir algo tão puro e bonito por alguém.
Ela só sabia foder com força, transar sem compromisso, ser paga para vender seu corpo. Ela só tinha sido apresentada aquilo, e ter visto aquele brilho diferente nos olhos escuros de , foi o que a fez despertar e notar que ele podia se apaixonar. Ele poderia. E ela não podia. Acima de tudo, não queria machuca-lo, e naquele momento, sabia que teria que tomar uma decisão e rápido.
Ouviu os passos calmos nas escadas e abriu os olhos olhando para sua porta, foram poucos segundos, para que a mesma abrisse revelando usando a mesma calça social que usou para trabalhar e a camisa aberta nos primeiros botões e arregaçadas até os antebraços, ele entrou no quarto com um sorriso simples. Ele sentou-se ao lado de e passou suas mãos pelo cabelo dela, jogando para trás sorrindo.
- Carinho, o jantar já chegou. Eu pedi comida tailandesa para nós hoje. – ele disse carinhoso demais e fechou os olhos aceitando de bom grado o cafuné que ele a fazia. – Nem sei se você gosta desse tipo de comida. – ele disse baixo.
- Eu nunca experimentei. – ela o respondeu desencostando suas costas da cabeceira. – É boa? – ela abriu os olhos azuis e ele assentiu.
- Deliciosa. – ele aproximou seus lábios e a beijou com calma. – Vamos? – ele levantou-se e estendeu a mão para a morena, que aceitou automaticamente, enquanto sua mente rodava com tudo que estava sentindo.
O jantar foi divertido, enquanto experimentavam novas comidas e comentavam sobre coisas de suas vidas. As partes legais e menos problemáticas, pelo menos, contou boas recordações que tinha de sua mãe e ouviu histórias da infância de . Comentaram um pouco sobre o trabalho, nada muito tensos, e logo estavam falando sobre o futuro. O que planejavam, os seus sonhos e objetivos, o que queriam para si dali dois, cinco ou dez anos. Era engraçado se imaginar dali alguns anos, então, disse que gostaria de viver um dia de cada vez e que o que viesse seria bem recebido por ela. sorriu com a coragem dela de aproveitar cada momento com toda intensidade que tinha dentro de si. Depois de jogarem as embalagens fora e lavarem os pratos enquanto cantavam juntos alguma música adolescente, eles sentaram-se no chão da sala e ficaram assistindo um filme meloso que passava no canal de filmes. Diferente do que esperava, o moreno não inclinou-se sobre si para retirar suas peças de roupa e transar com ela enquanto o filme rolava. Não, ele inclinou-se sobre ela e a beijou com devoção e calma. Delicadeza e carinho. Quase como se ela fosse uma boneca de porcelana que poderia facilmente se quebrar sobre seus dedos. Ela o abraçou fortemente sentindo seu coração bater cada vez mais rápido dentro de sua caixa torácica. Ele alisou seu rosto e sorriu olhando em seus olhos tão profundamente que ela se sentiu nua de um jeito que jamais esteve. E então, ela viu ali dentro algo que nunca vira no olhar de outro homem. Mas, mais do que isso, ela sentiu. Ele estava se envolvendo. Ele estava se encantando por ela. Ele poderia facilmente se apaixonar por ela.
Mas, não, ele não poderia. Não por ela.
Não se apaixone por mim, .
Por favor, não se apaixone.
Eu não sei amar. Eu não posso amar. Eu quero amar, mas não sei como sentir algo tão intenso e bonito.
Era somente o que passa por seus pensamentos conflituosos enquanto ela o encarava de volta.
Então, deu-lhe um beijo na testa e a puxou para dentro dos seus braços, voltando a assistir ao filme que estava próximo do final.
E tinha tomado sua decisão.
***
Nova York, Estados Unidos, 18 de Outubro de 2015 – 08h05am
acordou, mas permaneceu com seus olhos fechados, passou suas mãos pelo lado direito de sua cama em busca do corpo quente e pequeno de , pensando em como queria abraça-la e voltar a dormir com seu corpo aconchegado ao dela.
Ela era incrível em tudo.
Ela era doce e meiga, era divertida e moleca, era sensual e quente como o inferno. Era o verão e o inverno. Era uma menina no corpo de uma mulher. E ele estava cada vez mais encantado. Ok, talvez mais do que isso. Talvez estivesse mesmo se envolvendo e caindo de paixão pela mulher.
Diferente do que qualquer pessoa pensaria, ele não se importava com o passado dela, sabia que não gostaria de ter vivido o que viveu se tivesse tido escolha, mas ela não o teve. E se hoje, naquele momento, ela tinha como escolher em ser alguém melhor, era isso o que importava para ele. Ela não tinha culpa de ter sido abusada quando mais jovem, e muito menos, por não ter tido uma chance. Mas, se eles tinham se esbarrado não poderia ter sido coincidência, tinha que ter um motivo. E ele sabia, no fundo, tinha certeza era porque tanto ela quanto ele precisavam de um amor e uma nova chance.
E agora, juntos, teriam esse amor e essa chance.
Quando passou seus dedos no outro lado da cama, o encontrou vazio e gelado, abriu os olhos instantaneamente e ergueu a cabeça olhando ao redor, a porta estava entreaberta e as roupas dela não estavam no chão como na noite anterior. Apurou os ouvidos buscando escutar qualquer ruído que fosse, mas não escutou nada, o apartamento estava num silêncio completo. Passou as pernas para fora da cama e estava quase ficando em pé indo procura-la quando seus olhos fixaram-se num papel dobrado sobre o travesseiro ao lado do seu. Ele segurou o papel, ao mesmo tempo, que sentia seu coração bater irregularmente.
Não sei como escrever isso sem machuca-lo, sem formar feridas em nós dois, mas sei que isso é preciso.
Quero que saiba que esses dois meses em que eu tive a chance de conhecê-lo foram os melhores de toda a minha vida. Nunca vou saber como agradecer a quem quer que tenha te colocado naquele pub, naquela noite de 07 de agosto. Você me salvou naquela noite e durante todos os dias que se seguiram. Você me deu uma nova chance de ser alguém melhor do que estava sendo até aquele dia. Tirou-me daquele inferno e vida de merda que eu levava, me levou para longe daquele mundo o qual eu sempre vou me envergonhar de ter vivido. Me deu um emprego, um lugar para morar e uma nova e estranha vontade de viver. Mas, além disso, deu-me vontade de amar e ser amada.
, os últimos quatorze dias em que vivemos juntos, e dessa vez, juntos como um casal me marcaram de um jeito... Único.
O jeito que você me tocou, me beijou e me teve, não é normal e nunca foi o que eu tive de outra pessoa.
Você é o cara mais carinhoso e apaixonante que eu já tive o prazer de conhecer.
E isso, só torna as coisas mais difíceis para mim... Porque mesmo com a vontade que eu tenho de amar e ser amada... Eu sei, , que não sou capaz disso.
Eu não nasci para o amor. Não sei amar e não sei receber amor.
Não aprendi o que é isso. A vida miserável que eu vim tendo durante esses vinte anos somente me ensinou o que é foder, transar, chupar, trepar... Só me ensinou o que existe de mais baixo e lascivo possível.
Não tem nada de bonito o mundo em que vivi.
E é por isso que eu tomei a minha decisão.
Eu estou saindo da sua vida antes que seja tarde e você se apaixone por mim. Estou saindo da sua vida antes que eu te machuque por não saber corresponder um sentimento tão digno como o amor. Estou saindo da sua vida para que alguém que saiba amar possa te amar da maneira que você merece.
Você é incrível, .
O cara certo para se casar e ter filhos. O cara certo para ser amado.
O cara certo para uma garota completa e sem grandes problemas.
E infelizmente, essa garota não sou eu.
Sinto muito por não ter tido coragem de me despedir direito e deixar somente essa carta. Eu sei que vai ficar preocupado, então, calma, eu te aviso para onde estou indo.
Estou voltando para Los Angeles, para o meu apartamento.
Mas, não se preocupe, não voltarei para a vida da qual você me tirou.
Vou procurar um emprego digno e me reerguer.
Obrigado por tudo que fez por mim, carinho.
.”
releu a carta três vezes antes de se dar conta de que ela estava indo embora. Aquilo estava extremamente errado e ela estava enganada. Totalmente errada.
Primeiro, ela não estava saindo da sua vida antes dele se apaixonar por ela, porque, ele já estava apaixonado por ela.
Segundo, ela sabia sim amar e receber amor. Ele sabia que sim, pois todos os dias em que eles estiveram juntos, ele viu a chama nos olhos dela, os toques dela não lhe deixavam dúvidas de que ela poderia amá-lo.
E terceiro e mais importante, ela era sim a garota certa para ele.
Então, não precisou pensar muito quando colocou a primeira roupa que encontrou pelo chão e saiu apressado até o estacionamento. Dirigia apressado pelas avenidas em direção ao aeroporto. Precisava alcança-la antes que ela entrasse no avião, esperava que chegasse a tempo. Mas, mesmo que quando chegasse o voo já tivesse partido, ele entraria no próximo avião com destino a Los Angeles e lhe traria de volta para New York, de onde ela nunca deveria ter saído.
Ele estacionou de qualquer maneira o carro e correu. Correu pelo saguão como se sua vida dependesse daquilo, parou por um segundo olhando a tela de avisos dos voos e viu que o avião com destino para Los Angeles sairia dali vinte e cinco minutos. O portão de embarque já estava aberto e era o de número 7, ou seja, estava muito longe do local em que ele estava. Respirou fundo e voltou a correr, subindo pelo lado esquerdo da escada rolante, subindo uma pequena rampa e passando por pessoas que o olhavam assustadas e confusas. Ele correu tanto que sentia o suor correr por suas costas deixando sua camiseta branca úmida, mas, ele não pararia até tê-la em seus braços.
Estava chegando perto do portão 7 quando viu os cabelos negros de aproximando-se da moça que pegava as passagens, ela estava segurando uma bolsa preta e sua cabeça estava baixa como se estivesse triste. Ele correu mais rápido e a chamou. Uma, duas, três vezes até que ouviu seu nome ser chamado. Ela parou, recolhendo sua mão que estava erguida para entregar a passagem, e virou o corpo para trás vendo um suado, ofegante e corado andar apressado até onde ela estava.
O moreno parou de frente para ela, e inclinou-se para frente, apoiou uma das mãos nos joelhos e ergueu o dedo indicador pedindo um minuto para ela, respirava afoito e desesperado, procurando acalmar seus batimentos cardíacos e recuperar o ar. deu um passo à frente e acariciou os cabelos úmidos dele, sussurrando:
- Você está bem?
Ele ergueu o tronco e a encarou. A voz calma e baixa dava um contraste com o olhar decidido e intenso dela. Ele segurou a mão dela e entrelaçou seus dedos.
- Não estou. – ele a respondeu e ela arregalou os olhos, preocupada. – Porque a mulher por qual eu estou apaixonado resolveu sair da minha vida. – ele disse de uma vez, como se estivesse arrancando um band-aid, e abriu a boca surpresa pela revelação.
- O que? – ela murmurou.
- Você está completamente errada, . – ele falou sabendo que tudo que diria não tinha sido pensado e planejado, mas que seria acima de tudo sincero e de coração. – Não está saindo da minha vida antes que eu me apaixone por você, porque eu já estou apaixonado por você. E como não me apaixonar por uma mulher como você? Tão inteligente, carinhosa e dedicada. Tão amável, brincalhona e companheira. Está errada quando diz que não sabe amar. – ele a elogiava deixando-a com os olhos arregalados. – Você sabe, sim, talvez não tenha total confiança e certeza nisso, mas você sabe amar. , você tem me amado todas as vezes que me olhou nos olhos enquanto fazíamos amor. Porque poderia até parecer que estávamos somente transando, mas eu me dei conta de que todas as vezes que eu te tocava era mais que sexo, algo tão carnal. Era amor, e você me retribuía com a mesma quantidade de sentimento. Você pode me amar, ! Se você não sabe como é retribuir esse sentimento, a gente aprende juntos. Porque, você também estava errada sobre a garota certa, pois você é sim a garota certa para mim. A minha garota problemática e linda. – ele segurou o rosto dela entre suas mãos vendo algumas lágrimas rolarem pelo rosto claro dela.
- E se eu ferrar com tudo? – ela murmurou chorosa.
- Não vai. – ele falou sincero. – Mas, se ferrar com tudo, a gente concerta. – sorriu.
- E se eu te magoar? – ela perguntou.
- Não vai me magoar. – limpou uma lágrima que escorria da bochecha rosada dela.
- Eu não sei amar, . – ela disse baixinho.
- Mas, mesmo assim, me ama, não é? – ele perguntou, e não era de um jeito convencido, era só buscando a verdade dela.
- ... – ela fechou os olhos.
- Eu te amo, . – ele disse encostando suas testas. – Estou caindo de amores por você e só quero me entregar a isso. Eu só quero ser amado também. – ele respirou fundo fechando os olhos.
- Eu nunca ouvi um ‘eu te amo’, ! Eu sempre quis ser amada, mas nunca fui. – ela disse tristemente.
- Mas, agora é. E se você permitir, te amarei o tempo que eu viver. – ele fez uma promessa que aqueceu o coração de de uma maneira assustadoramente boa.
- Eu te amo. – ela sussurrou. – Eu deixo você me amar e eu irei te retribuir com tudo que há em mim, porque eu também estou apaixonada por você, ! – ela confessou, finalmente, e abriu os olhos encontrando os olhos azuis dela.
Não esperou nada mais para toma-la em seus braços e lhe dar um beijo de tirar o fôlego. Ao redor deles, algumas pessoas sorriam e batiam palmas entusiasmado pelo casal jovem que se declaravam um ao outro. afastou um pouco de e acariciou o rosto do moreno. Ele a questionou:
- Volta comigo para o meu apartamento, . Por favor? – ele fez uma carinha tão meiga que foi impossível não tocar os lábios dele com os seus outra vez.
- Com duas condições. – ela impôs e ele assentiu curioso e preocupado. – Primeiro, você vai me ajudar a encontrar um apartamento para mim, não podemos ficar vivendo no mesmo apartamento por muito mais tempo. – ele chiou e ela o encarou até que o moreno assentiu contrariado. – E segundo, no trabalho vamos manter o nosso profissionalismo e não iremos ficar de agarramento. Lá, você é o meu chefe e eu, a sua empregada. Ok? – ele fez uma expressão emburrada, mas assentiu.
- Eu tenho uma condição. – ele a segurou a cintura dela grudando seus corpos, ela deu de ombros e assentiu. – Você nunca mais vai fugir de mim, do que sentimos um pelo outro e sempre vai deixar claro o quanto me ama, ok? – ele falou autoritário e riu assentiu e grudando seus lábios. – E ah, todos os finais de semanas vamos ficar no meu apartamento! E isso não está sendo negociado, estou ordenando. – ele desceu as mãos até a bunda da mulher e ela gargalhou jogando a cabeça para trás.
- Ei! Isso são duas condições. – ela disse passando seus braços pelo pescoço do homem que sorriu carinhoso. – Ok, aceito suas condições, . – ele beijou a testa dela contente. – Vamos para casa, então!
- Ah, vamos sim, carinho. – ele a apertou mais ainda contra si, fazendo com que sentisse o membro dele pulsar contra sua região íntima. – Porque acordei hoje sozinho e abandonado por uma morena de olhos azuis e lábios vermelhos, e preciso urgentemente dar um castigo nessa mulher. – ele mordeu o lábio inferior e ela aproximou sua boca da orelha dele.
- E vai ser muito grande esse castigo? – ela o questionou maliciosa e ele arrastou seus lábios pelo pescoço dela até alcançar o ouvido da mulher.
- Esse castigo vai ser muito grande e duro de aguentar! – ele mordeu o lóbulo da orelha dela, arrancando uma gargalhada da mulher que lhe deu um tapa no ombro.
- Safado! - e então o beijou com carinho e um intenso e novo amor crescendo dentro deles.
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
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