Prólogo
Eu tinha tudo ao meu favor, dinheiro, família, respeito e lealdade, o mundo estava aos meus pés. A única coisa que eu precisava era provar que tinha capacidade de governar o legado de minha família e tudo teria dado certo se não fosse por ele. O surgimento do herdeiro da Casa Nostra havia sido um obstáculo delicioso em meu caminho e não havia nada que eu pudesse fazer para impedir. era o que eu chamaria de furacão no meio oceano. Onde apenas havia calmaria, ele surgiu como tempestade e graças a isso meu mundo estava sendo colocado de ponta cabeça, minha vida estava em risco e tudo o que me restava era lutar.
Part I
And I feel, I feel a deep connection
And I think, that we might be onto something, no
And I know it's something special
Seeing you here, is not coincidental
Correr era tudo o que eu conseguia ou poderia fazer. Meu corpo clamava por descanso, minhas pernas doíam e para completar o pacote a munição havia acabado. O Mustang GTO que roubara de meu pai estava cravejado de balas e não funcionava mais, os malditos ainda corriam atrás de mim quando consegui despistar Giuseppe e Antonino em um dos becos.
- Cazzo, atende essa merda! – Xinguei sozinha enquanto esperava que atendesse o telefone. Era a quinta vez que eu ligava para ele e nada. Maldito Casa Nostra.
- Ciao. – Ouvi sua voz soar rouca e quase suspirei aliviada, a essa altura achei que já estivesse morto.
- Você precisa me ajudar, minha família descobriu sobre nós, estou sendo caçada. – Falei tudo de uma vez sem chance de resposta. – Piero disse que a ordem é direta, se não voltarem com a minha cabeça em uma bandeja de prata nem precisam voltar.
Piero Castelliane, mais conhecido como braço direito de meu pai, um ex-namorado sensacional e meu melhor amigo há dez anos. Ele sabia que ao me mandar na missão de seduzir o herdeiro da Casa Nostra daria merda, e foi gentil o suficiente para alertar meu pai, todavia o coroa só queria saber de faturar mais, ganhar poder e território e se vingar, é claro, das baixas que tivera em sua equipe pessoal durante uma briga que acontecera seis meses antes pela disputa de Verona. Sua intenção era que eu entrasse no covil dos sicilianos, seduzisse o herdeiro, levasse-o para longe da família e o matasse, isso deixaria o clã fraco e Don Stefano seria o grande vencedor daquela guerra absurda que já durava, literalmente, séculos.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Mas é claro, que se tratando de mim, algo daria errado.
- Dío Santo, como isso? – Sua voz parecia realmente surpresa, e isso só confirmava minhas suspeitas, não estava armando contra mim, e a verdade é que eu não saberia dizer se isso era bom ou ruim.
O barulho dos perseguidores se aproximando me fez levantar em alerta. - Não posso falar agora, mande alguém me buscar perto da Cartuxa de Serra San Bruno, estarei nos fundos da igreja. – Depois de ouvir seu OK desliguei e corri para longe do beco, precisaria dar algumas voltas até que a pessoa enviada por chegasse para me levar. Apressei-me em me infiltrar num galpão abandonado que havia próximo da igreja que seria o ponto de encontro, fechei a porta rapidamente e esperei para saber se eles haviam escutado o barulho de quando abri a corrente, já estourada, que envolvia a porta.
Os homens de Stefano passaram as pressas por onde eu estava e seguiram direto, soltei um suspiro de alívio e me abaixei sobre uma lona velha que envolvia o maquinário há muito esquecido no lugar. Peguei-me rindo sozinha da situação em que estava. Piero tinha toda razão sobre mim, como sempre. Ele havia me avisado para não abusar, jamais me deixar e envolver e nunca me apaixonar, é óbvio que jurei para ele fazer tudo isso, mas é claro também que não deu certo. As imagens do primeiro momento em que o vi apareceram sem que eu pudesse me conter.
Usando trajes de gala o vi passar pelas portas duplas do salão de festa da grande mansão dos Corleones. Eu havia sido convidada através de um esquema que meu pai armara através de um fornecer de armas em comum. Corleone, o herdeiro do império siciliano, o homem mais bonito que eu já tivera o prazer de ver e sem dúvidas alguém perigoso. caminhou pelo salão com elegância enquanto cumprimentava a todos os convidados; as mulheres suspiravam e sorriam sugestivamente para ele, que de forma educada as ignorava e continuava seu pequeno tour pelo lugar, até parar em mim. Eu já estava naquele lugar há pelo menos uma hora, tudo estava saindo conforme os planos de Stefano.
- Buonas era ragazza. – Disse ao parar em minha frente com uma taça de champanhe na mão e um sorriso diabolicamente sexy nos lábios. Escondi minha satisfação ao beber um gole do Martini que havia recebido do garçom, olhei-o com uma sobrancelha arqueada por tempo bastante até que parecesse intrigado. – O que uma moça bella como você faz aqui sozinha?
- E quem lhe disse que estou aqui sozinha? – Questionei apenas para ver sua reação, ele olhou ao redor e percebeu que alguns homens olhavam em nossa direção, prendi o riso ao ver suas feições assumirem uma seriedade mortal.
Naquele momento eu soube que havia conseguido algo que a maioria das pessoas naquele lugar queria, mas para infelicidade deles apenas eu conseguira, e não desperdiçaria. A atenção dele.
O barulho de um carro se aproximando me fez olhar pela pequena e suja janela da fábrica. A vista da igreja era clara e eu conseguia ver dois homens vestidos com ternos escuros e com certeza muito caros para serem apenas seguranças. Aguardei mais alguns instantes para saber se eram realmente os homens de ou apenas uma armadilha contra mim.
E foi quando o vi, os olhos ocultos por óculos escuros realmente desnecessários já que era de madrugada, uma camisa social branca acompanhada de calças cáqui justas demais para serem saudáveis. olhava ao redor em busca de algo, que eu sabia ser eu. Pulei de cima da máquina, que descobrir ser uma prensa, e corri para porta, abri a mesma com cautela e olhei ao redor apenas checando que se Antonino e Giuseppe estavam à vista. Dei-me por satisfeita e me encaminhei para o trio que aguardava do outro lado da rua.
- Ciao Bello. – Cumprimentei ao me aproximar, seus olhos encontraram os meus com rapidez antes de seus braços me envolverem num aconchego que, embora eu jamais dissesse isso em voz alta, fazia com que me sentisse segura.
- Bella, o que aconteceu?
- Podemos conversar longe daqui? – Olhei ao redor com medo de ser reconhecida e ele compreendeu que ali era mais do que perigoso. Fui conduzida até o tley preto e deitei no banco, se aproximou e me acolheu junto de seu corpo, eu só precisava dormir um pouco, e depois contaria tudo a ele.
And I think, that we might be onto something, no
And I know it's something special
Seeing you here, is not coincidental
Correr era tudo o que eu conseguia ou poderia fazer. Meu corpo clamava por descanso, minhas pernas doíam e para completar o pacote a munição havia acabado. O Mustang GTO que roubara de meu pai estava cravejado de balas e não funcionava mais, os malditos ainda corriam atrás de mim quando consegui despistar Giuseppe e Antonino em um dos becos.
- Cazzo, atende essa merda! – Xinguei sozinha enquanto esperava que atendesse o telefone. Era a quinta vez que eu ligava para ele e nada. Maldito Casa Nostra.
- Ciao. – Ouvi sua voz soar rouca e quase suspirei aliviada, a essa altura achei que já estivesse morto.
- Você precisa me ajudar, minha família descobriu sobre nós, estou sendo caçada. – Falei tudo de uma vez sem chance de resposta. – Piero disse que a ordem é direta, se não voltarem com a minha cabeça em uma bandeja de prata nem precisam voltar.
Piero Castelliane, mais conhecido como braço direito de meu pai, um ex-namorado sensacional e meu melhor amigo há dez anos. Ele sabia que ao me mandar na missão de seduzir o herdeiro da Casa Nostra daria merda, e foi gentil o suficiente para alertar meu pai, todavia o coroa só queria saber de faturar mais, ganhar poder e território e se vingar, é claro, das baixas que tivera em sua equipe pessoal durante uma briga que acontecera seis meses antes pela disputa de Verona. Sua intenção era que eu entrasse no covil dos sicilianos, seduzisse o herdeiro, levasse-o para longe da família e o matasse, isso deixaria o clã fraco e Don Stefano seria o grande vencedor daquela guerra absurda que já durava, literalmente, séculos.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Mas é claro, que se tratando de mim, algo daria errado.
- Dío Santo, como isso? – Sua voz parecia realmente surpresa, e isso só confirmava minhas suspeitas, não estava armando contra mim, e a verdade é que eu não saberia dizer se isso era bom ou ruim.
O barulho dos perseguidores se aproximando me fez levantar em alerta. - Não posso falar agora, mande alguém me buscar perto da Cartuxa de Serra San Bruno, estarei nos fundos da igreja. – Depois de ouvir seu OK desliguei e corri para longe do beco, precisaria dar algumas voltas até que a pessoa enviada por chegasse para me levar. Apressei-me em me infiltrar num galpão abandonado que havia próximo da igreja que seria o ponto de encontro, fechei a porta rapidamente e esperei para saber se eles haviam escutado o barulho de quando abri a corrente, já estourada, que envolvia a porta.
Os homens de Stefano passaram as pressas por onde eu estava e seguiram direto, soltei um suspiro de alívio e me abaixei sobre uma lona velha que envolvia o maquinário há muito esquecido no lugar. Peguei-me rindo sozinha da situação em que estava. Piero tinha toda razão sobre mim, como sempre. Ele havia me avisado para não abusar, jamais me deixar e envolver e nunca me apaixonar, é óbvio que jurei para ele fazer tudo isso, mas é claro também que não deu certo. As imagens do primeiro momento em que o vi apareceram sem que eu pudesse me conter.
Usando trajes de gala o vi passar pelas portas duplas do salão de festa da grande mansão dos Corleones. Eu havia sido convidada através de um esquema que meu pai armara através de um fornecer de armas em comum. Corleone, o herdeiro do império siciliano, o homem mais bonito que eu já tivera o prazer de ver e sem dúvidas alguém perigoso. caminhou pelo salão com elegância enquanto cumprimentava a todos os convidados; as mulheres suspiravam e sorriam sugestivamente para ele, que de forma educada as ignorava e continuava seu pequeno tour pelo lugar, até parar em mim. Eu já estava naquele lugar há pelo menos uma hora, tudo estava saindo conforme os planos de Stefano.
- Buonas era ragazza. – Disse ao parar em minha frente com uma taça de champanhe na mão e um sorriso diabolicamente sexy nos lábios. Escondi minha satisfação ao beber um gole do Martini que havia recebido do garçom, olhei-o com uma sobrancelha arqueada por tempo bastante até que parecesse intrigado. – O que uma moça bella como você faz aqui sozinha?
- E quem lhe disse que estou aqui sozinha? – Questionei apenas para ver sua reação, ele olhou ao redor e percebeu que alguns homens olhavam em nossa direção, prendi o riso ao ver suas feições assumirem uma seriedade mortal.
Naquele momento eu soube que havia conseguido algo que a maioria das pessoas naquele lugar queria, mas para infelicidade deles apenas eu conseguira, e não desperdiçaria. A atenção dele.
O barulho de um carro se aproximando me fez olhar pela pequena e suja janela da fábrica. A vista da igreja era clara e eu conseguia ver dois homens vestidos com ternos escuros e com certeza muito caros para serem apenas seguranças. Aguardei mais alguns instantes para saber se eram realmente os homens de ou apenas uma armadilha contra mim.
E foi quando o vi, os olhos ocultos por óculos escuros realmente desnecessários já que era de madrugada, uma camisa social branca acompanhada de calças cáqui justas demais para serem saudáveis. olhava ao redor em busca de algo, que eu sabia ser eu. Pulei de cima da máquina, que descobrir ser uma prensa, e corri para porta, abri a mesma com cautela e olhei ao redor apenas checando que se Antonino e Giuseppe estavam à vista. Dei-me por satisfeita e me encaminhei para o trio que aguardava do outro lado da rua.
- Ciao Bello. – Cumprimentei ao me aproximar, seus olhos encontraram os meus com rapidez antes de seus braços me envolverem num aconchego que, embora eu jamais dissesse isso em voz alta, fazia com que me sentisse segura.
- Bella, o que aconteceu?
- Podemos conversar longe daqui? – Olhei ao redor com medo de ser reconhecida e ele compreendeu que ali era mais do que perigoso. Fui conduzida até o tley preto e deitei no banco, se aproximou e me acolheu junto de seu corpo, eu só precisava dormir um pouco, e depois contaria tudo a ele.
Part II
I was trying to be everything you weren't expecting
All I ever wanted was to try and keep you guessing
But I'm falling way too fast
I just want this love to last, forever
And everytime I feel this way
Something change for the better
Acordei quando ouvi o barulho da porta do avião fechar. Espera, avião? Olhei ao redor e notei que estava deitada na poltrona confortável de um jatinho que com certeza não pertencia a Ndrangheta, e é claro que o ponto para eu ter certeza disso é que estava sentado em minha frente com uma xícara de café em mãos, seus olhos sempre intensos pareciam inexpressivos enquanto olhava a janela do outro lado.
- O que aconteceu? Onde estamos? – Perguntei rápido demais para minha mentalidade sonolenta. Sua atenção se voltou para mim junto com um sorriso que me deixava instantaneamente calma.
- Você desmaiou, dormiu cerca de três horas diretas e eu a trouxe para o avião da família, acabei de falar com Gianluca e ele disse que o Don está bravíssimo comigo e provavelmente em breve serei tão fugitivo quanto você. – Arregalei os olhos diante das informações que ele passava com tanta naturalidade, o que não deveria me assustar, já que serenidade era algo típico de sua personalidade, ou ao menos o fingimento desta.
- E para onde estamos indo? – Questionei, sentando-me corretamente no acento e pegando uma xícara que a aeromoça havia acabado de deixar para mim no apoio de copo da poltrona.
- Sicília; vou ver o que meu pai quer fazer e de lá decidiremos nosso destino. – Bebericou mais um pouco do café antes de soltar um suspiro, eu sabia que ele estava no aguardo de meu relato sobre os últimos incidentes. Depositei a xícara sobre a mesinha de canto que havia ao lado da poltrona e comecei a falar. A cada palavra dita sua expressão fechava um pouco mais, assim como seus olhos escureciam a medida em que eu relatava sobre minha fuga da mansão dos Ndrangheta e dos capangas de meu pai atirando em mim como se eu fosse uma gatuna pega no flagra.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Algo que muitos não sabem sobre a máfia é que a ideia de família entre as organizações é realmente forte, e se há um traidor ou a aspirante a isso ele deve ser eliminado de forma a servir de exemplo para que ninguém mais se aventure, por isso meu pai não hesitou em atirar na direção de minha cabeça em uma sala cheia de outras famílias que compunham sua organização.
Desde a partida de Martina, o amor da vida do senhor Vitto Stefano e mais conhecida como minha mãe, nada havia causado tanto furor entre meus familiares. Martina havia partido por causa de sua antiga família, que ao descobrir com quem ela estava envolvida mexeu os pauzinhos e a levou para longe de nós. Eu tinha três anos quando a vi pela última vez, ela sabia que jamais poderia me levar consigo já que os capangas de papá não permitiriam isso. Agora eu era o motivo da vergonha familiar, a traidora, a mulher que se apaixonara pelo inimigo mortal do pai, que renunciara a própria família para viver um amor que com certeza renderia boa confusão.
- O que faremos a partir de agora? – Perguntei depois de ser puxada para sua poltrona e repousar a cabeça em seu peito. estava calado há pelo menos dez minutos após o fim de meu relado, nada parecia fazer sentido para nenhum de nós. Tudo o que tínhamos ou conhecíamos começava a ruir bem diante de nossos olhos.
- Darei um jeito, amore mío, não se preocupe. – A suavidade com que me chamou causou um calafrio absurdo em minha espinha, porém, fora o apelido pelo qual se dirigira a mim que realmente me fez afastar de seu peito para olhá-lo. Havíamos criado o hábito de chamarmos um ao outro de Bella/Bello, mas amore era algo que nunca havíamos usado. Fora o trato feito depois de um mês de conversas e flertes, e a primeira noite em que dormimos juntos.
Minha respiração ainda estava ofegante e o suor percorria meu corpo quando relaxei sobre o colchão. Os braços de estavam ao meu redor como um casulo, havíamos feito o sexo mais louco e intenso da minha vida, e agora eu sabia que estava mais do que ferrada, já que isso não fazia parte dos planos dos Ndrangheta. Revirei os olhos diante do pensamento, me apaixonar pelo mafioso rival também não estava e isso não impedira de acontecer.
- Bella. – Sua voz continha a um misto de doçura e sensualidade que parecia escorrer e grudar em minha pele.
-Sí?
- Sabe que estamos mais do que ferrados, certo? – Perguntou em tom de suspense. Assenti. – Eu sabia que você era problema assim que a vi, e ainda assim não pude evitar. – Ri de seu comentário e virei de lado para olhá-lo. – Precisamos estar preparados para o que está por vir.
- Sei disso, Bello. – Dei de ombros e apoiei minha mão em sua barriga começando a brincar com os músculos rijos da região.
- Já reparou que nos chamamos sempre de Bello, Bella e nunca de amore? – Sua pergunta me fez franzir a tez, ele riu ao notar. – Acho que isso fica para quando tudo estiver definido entre nós, certo?
Eu não sabia ao certo o que aquilo significava, mas concordei, já estava afundada demais na situação para voltar atrás.
All I ever wanted was to try and keep you guessing
But I'm falling way too fast
I just want this love to last, forever
And everytime I feel this way
Something change for the better
Acordei quando ouvi o barulho da porta do avião fechar. Espera, avião? Olhei ao redor e notei que estava deitada na poltrona confortável de um jatinho que com certeza não pertencia a Ndrangheta, e é claro que o ponto para eu ter certeza disso é que estava sentado em minha frente com uma xícara de café em mãos, seus olhos sempre intensos pareciam inexpressivos enquanto olhava a janela do outro lado.
- O que aconteceu? Onde estamos? – Perguntei rápido demais para minha mentalidade sonolenta. Sua atenção se voltou para mim junto com um sorriso que me deixava instantaneamente calma.
- Você desmaiou, dormiu cerca de três horas diretas e eu a trouxe para o avião da família, acabei de falar com Gianluca e ele disse que o Don está bravíssimo comigo e provavelmente em breve serei tão fugitivo quanto você. – Arregalei os olhos diante das informações que ele passava com tanta naturalidade, o que não deveria me assustar, já que serenidade era algo típico de sua personalidade, ou ao menos o fingimento desta.
- E para onde estamos indo? – Questionei, sentando-me corretamente no acento e pegando uma xícara que a aeromoça havia acabado de deixar para mim no apoio de copo da poltrona.
- Sicília; vou ver o que meu pai quer fazer e de lá decidiremos nosso destino. – Bebericou mais um pouco do café antes de soltar um suspiro, eu sabia que ele estava no aguardo de meu relato sobre os últimos incidentes. Depositei a xícara sobre a mesinha de canto que havia ao lado da poltrona e comecei a falar. A cada palavra dita sua expressão fechava um pouco mais, assim como seus olhos escureciam a medida em que eu relatava sobre minha fuga da mansão dos Ndrangheta e dos capangas de meu pai atirando em mim como se eu fosse uma gatuna pega no flagra.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Algo que muitos não sabem sobre a máfia é que a ideia de família entre as organizações é realmente forte, e se há um traidor ou a aspirante a isso ele deve ser eliminado de forma a servir de exemplo para que ninguém mais se aventure, por isso meu pai não hesitou em atirar na direção de minha cabeça em uma sala cheia de outras famílias que compunham sua organização.
Desde a partida de Martina, o amor da vida do senhor Vitto Stefano e mais conhecida como minha mãe, nada havia causado tanto furor entre meus familiares. Martina havia partido por causa de sua antiga família, que ao descobrir com quem ela estava envolvida mexeu os pauzinhos e a levou para longe de nós. Eu tinha três anos quando a vi pela última vez, ela sabia que jamais poderia me levar consigo já que os capangas de papá não permitiriam isso. Agora eu era o motivo da vergonha familiar, a traidora, a mulher que se apaixonara pelo inimigo mortal do pai, que renunciara a própria família para viver um amor que com certeza renderia boa confusão.
- O que faremos a partir de agora? – Perguntei depois de ser puxada para sua poltrona e repousar a cabeça em seu peito. estava calado há pelo menos dez minutos após o fim de meu relado, nada parecia fazer sentido para nenhum de nós. Tudo o que tínhamos ou conhecíamos começava a ruir bem diante de nossos olhos.
- Darei um jeito, amore mío, não se preocupe. – A suavidade com que me chamou causou um calafrio absurdo em minha espinha, porém, fora o apelido pelo qual se dirigira a mim que realmente me fez afastar de seu peito para olhá-lo. Havíamos criado o hábito de chamarmos um ao outro de Bella/Bello, mas amore era algo que nunca havíamos usado. Fora o trato feito depois de um mês de conversas e flertes, e a primeira noite em que dormimos juntos.
Minha respiração ainda estava ofegante e o suor percorria meu corpo quando relaxei sobre o colchão. Os braços de estavam ao meu redor como um casulo, havíamos feito o sexo mais louco e intenso da minha vida, e agora eu sabia que estava mais do que ferrada, já que isso não fazia parte dos planos dos Ndrangheta. Revirei os olhos diante do pensamento, me apaixonar pelo mafioso rival também não estava e isso não impedira de acontecer.
- Bella. – Sua voz continha a um misto de doçura e sensualidade que parecia escorrer e grudar em minha pele.
-Sí?
- Sabe que estamos mais do que ferrados, certo? – Perguntou em tom de suspense. Assenti. – Eu sabia que você era problema assim que a vi, e ainda assim não pude evitar. – Ri de seu comentário e virei de lado para olhá-lo. – Precisamos estar preparados para o que está por vir.
- Sei disso, Bello. – Dei de ombros e apoiei minha mão em sua barriga começando a brincar com os músculos rijos da região.
- Já reparou que nos chamamos sempre de Bello, Bella e nunca de amore? – Sua pergunta me fez franzir a tez, ele riu ao notar. – Acho que isso fica para quando tudo estiver definido entre nós, certo?
Eu não sabia ao certo o que aquilo significava, mas concordei, já estava afundada demais na situação para voltar atrás.
Part III
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Chegamos à cidade Marsala, província de Trapani na Sicília por volta de quatro da manhã, tudo estava quieto e escuro. dirigiu uma Ferrari até a mansão dos Corleones e no mais perfeito silêncio entramos na casa pela porta da garagem; fui levada para seu quarto onde, para minha completa surpresa, estava repleto de caixas lacradas com fitas e duas malas jaziam no canto mais afastado do cômodo.
- O que é tudo isso?
- Provas para serem queimadas, Gianluca já deixou tudo pronto para descarte. – Respondeu de pronto, arqueei a sobrancelha ainda confusa. – Tudo o que tenho está nessas caixas e na primeira mala, pedi que Gian destrua tudo assim que sairmos; se não tiverem nada sobre minha personalidade não terão onde me encontrar. – Assenti, ele estava certo.
- E a segunda mala? – Questionei confusa.
- Para você, assim que me ligou soube que não havia levado nada e com certeza precisará de algumas coisas até nos estabilizarmos em algum outro lugar. – Sua resposta me pegou desprevenida, olhei-o estupefata e o vi rir de minha reação. – Não achou mesmo que me esqueceria de você, certo Bella? – Senti seus braços rodearem minha cintura e levantarem meu corpo até estar perto o bastante para beijá-lo, e foi exatamente o que fiz.
-.-
Fazia pouco mais de quarenta minutos desde que entrara na sala do pai. Don Corleone havia solicitado um encontro assim que o filho chegasse. Era óbvio que eu não fora convidada, dada a circunstância de que estava ali escondida. Vi quando o tal Gianluca entrou no quarto de junto de mais dois homens e começou a levar as caixas para fora. Com pouco mais de dez minutos não havia nada além das duas malas no canto.
- Ragazza tem um carro pronto para vocês na garagem, pegue a chave e assim que chegar vão para lá. – Gianluca se dirigiu a mim com seu sotaque siciliano carregado, olhos expressivos e um sorriso de canto que faria muitas garotas surtarem. Notei que havia semelhanças entre ele e .
- Tutto e, grazie. – Sorri enquanto assentia e recebi uma piscadela de volta.
Aquele tempo sozinha me fez pensar seriamente no que estava fazendo da minha vida. Eu tinha tudo o que achava humanamente necessário e conveniente, dinheiro, respeito, lealdade, família e reconhecimento. Ao menos era isso o que pensava, mudara completamente minha vida, não apenas por ter me mostrado os esquemas que meu pai fazia sem meu conhecimento, que envolvia desde roubar os clientes dos Casa Nostra quanto traficar pela fronteira deles e os matar sem nenhum motivo aparente, o que, segundo o código de ética entre as organizações era proibido. havia me dado carinho, me desafiara a ser melhor para mim mesma e também abrira mão de tudo o que tinha por mim. O que eu estava para fazer era a maior loucura da minha vida, e se os homens de meu pai me pegassem talvez fosse a última, todavia estava ansiosa para saber o que me esperava fora dessa realidade.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
- Tem certeza de que é isso o que você quer,Bella? – perguntava pelo que parecia ser a décima vez.
- Sim, agora pare de fazer essa pergunta e ande logo com isso.
Estávamos no limite entre Marsala e Palermo, havíamos acabado de sair de uma reunião com um dos sócios dos Camorra, ele precisava de um investidor para seus negócios e nós de uma segurança financeira, juntamos o útil ao conhecido e fechamos o negócio, eu seria a representante deles em outros países e o responsável pela repartição do dinheiro e o fechamento de negócios com a Ásia, tudo estava certo, e era exatamente isso que me assustava.
deu partida na Ferrari em direção ao apartamento que tinha em seu nome, ali organizaríamos os últimos documentos e esperaríamos pelo momento em que nossas famílias descobrissem sobre nós, no caso dele, que sua família descobrisse sobre minhas origens.
- Está pronta? – A voz de me fez pular de susto ao adentrar o quarto, ele tinha uma expressão tranquila, mas seus olhos gritava desespero. – Temos dez minutos para deixarmos a propriedade antes que ele mande alguém me matar.
Assenti já de pé, peguei a mala branca do canto enquanto ele pegava a preta, entreguei a chave do carro que Gianluca havia me dado e lhe passei as informações que recebera. Corremos em direção as escadas que daria na garagem, a última coisa de que eu precisava era de meu rosto registrado na câmera do elevador. Graças aos céus o vidro do carro de era escuro demais e ninguém reconheceria meu rosto nas câmeras da entrada do portão.
Entramos no veículo e deu partida, tínhamos oito minutos para definirmos nossas vidas. Ouvi os pneus cantarem e me segurei quando ele arrancou de uma vez e tomou um rumo totalmente desconhecido para mim.
- Para onde vamos?
- Aeroporto, aquele avião está em meu nome e Don jamais imaginaria isso. – Sorriu maroto, balancei a cabeça. – De lá partiremos para Grécia, em seguida para Tóquio. – Arregalei os olhos.
- O que faremos em Tóquio?
- Tenho negócios já definidos por lá. – Piscou para mim.
Enquanto o carro seguia rápido demais para que tudo lá fora se tornasse um borrão minha mente vagava pelo que acontecera em nossas vidas até pararmos naquele momento, e em tudo o que nos aguardava.
- Você...
- Sim, ragazza. – Ele sorriu ainda mais. – Ío te amo, Bella, vamos viver nossas próprias vidas. – Senti meu coração acelerar.
Definitivamente eu estava fora de mim, de tudo o que fui e pronta para me tornar uma versão melhor de que era, o que com certeza seria divertidíssimo com um italiano belíssimo ao meu lado e os trinta milhões de euros que tínhamos para começar nossas vidas.
Obs: Alguns dados utilizados em relação as máfias são verdadeiros, porém outros são apenas ficção e imaginação dessa autora que voz fala.
- Ndrangheta: A primeira máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Casa Nostra: A terceira máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Camorra: A segunda máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Cazzo: Porcaria/Merda
- Ragazza: Garota/Moça
- Bella: Bonita
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
Chegamos à cidade Marsala, província de Trapani na Sicília por volta de quatro da manhã, tudo estava quieto e escuro. dirigiu uma Ferrari até a mansão dos Corleones e no mais perfeito silêncio entramos na casa pela porta da garagem; fui levada para seu quarto onde, para minha completa surpresa, estava repleto de caixas lacradas com fitas e duas malas jaziam no canto mais afastado do cômodo.
- O que é tudo isso?
- Provas para serem queimadas, Gianluca já deixou tudo pronto para descarte. – Respondeu de pronto, arqueei a sobrancelha ainda confusa. – Tudo o que tenho está nessas caixas e na primeira mala, pedi que Gian destrua tudo assim que sairmos; se não tiverem nada sobre minha personalidade não terão onde me encontrar. – Assenti, ele estava certo.
- E a segunda mala? – Questionei confusa.
- Para você, assim que me ligou soube que não havia levado nada e com certeza precisará de algumas coisas até nos estabilizarmos em algum outro lugar. – Sua resposta me pegou desprevenida, olhei-o estupefata e o vi rir de minha reação. – Não achou mesmo que me esqueceria de você, certo Bella? – Senti seus braços rodearem minha cintura e levantarem meu corpo até estar perto o bastante para beijá-lo, e foi exatamente o que fiz.
Fazia pouco mais de quarenta minutos desde que entrara na sala do pai. Don Corleone havia solicitado um encontro assim que o filho chegasse. Era óbvio que eu não fora convidada, dada a circunstância de que estava ali escondida. Vi quando o tal Gianluca entrou no quarto de junto de mais dois homens e começou a levar as caixas para fora. Com pouco mais de dez minutos não havia nada além das duas malas no canto.
- Ragazza tem um carro pronto para vocês na garagem, pegue a chave e assim que chegar vão para lá. – Gianluca se dirigiu a mim com seu sotaque siciliano carregado, olhos expressivos e um sorriso de canto que faria muitas garotas surtarem. Notei que havia semelhanças entre ele e .
- Tutto e, grazie. – Sorri enquanto assentia e recebi uma piscadela de volta.
Aquele tempo sozinha me fez pensar seriamente no que estava fazendo da minha vida. Eu tinha tudo o que achava humanamente necessário e conveniente, dinheiro, respeito, lealdade, família e reconhecimento. Ao menos era isso o que pensava, mudara completamente minha vida, não apenas por ter me mostrado os esquemas que meu pai fazia sem meu conhecimento, que envolvia desde roubar os clientes dos Casa Nostra quanto traficar pela fronteira deles e os matar sem nenhum motivo aparente, o que, segundo o código de ética entre as organizações era proibido. havia me dado carinho, me desafiara a ser melhor para mim mesma e também abrira mão de tudo o que tinha por mim. O que eu estava para fazer era a maior loucura da minha vida, e se os homens de meu pai me pegassem talvez fosse a última, todavia estava ansiosa para saber o que me esperava fora dessa realidade.
Well I've been walkin, walkin, behind enemy lines
And I've been fighting, fighting, from the other side
I've been saying, saying, I won't fall this time
And now I'm walkin, walkin, within enemy lines
- Tem certeza de que é isso o que você quer,Bella? – perguntava pelo que parecia ser a décima vez.
- Sim, agora pare de fazer essa pergunta e ande logo com isso.
Estávamos no limite entre Marsala e Palermo, havíamos acabado de sair de uma reunião com um dos sócios dos Camorra, ele precisava de um investidor para seus negócios e nós de uma segurança financeira, juntamos o útil ao conhecido e fechamos o negócio, eu seria a representante deles em outros países e o responsável pela repartição do dinheiro e o fechamento de negócios com a Ásia, tudo estava certo, e era exatamente isso que me assustava.
deu partida na Ferrari em direção ao apartamento que tinha em seu nome, ali organizaríamos os últimos documentos e esperaríamos pelo momento em que nossas famílias descobrissem sobre nós, no caso dele, que sua família descobrisse sobre minhas origens.
- Está pronta? – A voz de me fez pular de susto ao adentrar o quarto, ele tinha uma expressão tranquila, mas seus olhos gritava desespero. – Temos dez minutos para deixarmos a propriedade antes que ele mande alguém me matar.
Assenti já de pé, peguei a mala branca do canto enquanto ele pegava a preta, entreguei a chave do carro que Gianluca havia me dado e lhe passei as informações que recebera. Corremos em direção as escadas que daria na garagem, a última coisa de que eu precisava era de meu rosto registrado na câmera do elevador. Graças aos céus o vidro do carro de era escuro demais e ninguém reconheceria meu rosto nas câmeras da entrada do portão.
Entramos no veículo e deu partida, tínhamos oito minutos para definirmos nossas vidas. Ouvi os pneus cantarem e me segurei quando ele arrancou de uma vez e tomou um rumo totalmente desconhecido para mim.
- Para onde vamos?
- Aeroporto, aquele avião está em meu nome e Don jamais imaginaria isso. – Sorriu maroto, balancei a cabeça. – De lá partiremos para Grécia, em seguida para Tóquio. – Arregalei os olhos.
- O que faremos em Tóquio?
- Tenho negócios já definidos por lá. – Piscou para mim.
Enquanto o carro seguia rápido demais para que tudo lá fora se tornasse um borrão minha mente vagava pelo que acontecera em nossas vidas até pararmos naquele momento, e em tudo o que nos aguardava.
- Você...
- Sim, ragazza. – Ele sorriu ainda mais. – Ío te amo, Bella, vamos viver nossas próprias vidas. – Senti meu coração acelerar.
Definitivamente eu estava fora de mim, de tudo o que fui e pronta para me tornar uma versão melhor de que era, o que com certeza seria divertidíssimo com um italiano belíssimo ao meu lado e os trinta milhões de euros que tínhamos para começar nossas vidas.
Obs: Alguns dados utilizados em relação as máfias são verdadeiros, porém outros são apenas ficção e imaginação dessa autora que voz fala.
- Ndrangheta: A primeira máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Casa Nostra: A terceira máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Camorra: A segunda máfia mais poderosa da lista das 10 mais.
- Cazzo: Porcaria/Merda
- Ragazza: Garota/Moça
- Bella: Bonita
Fim.
Nota da autora: Olá amores e amoras, como estão? Espero que tenham gostado dessa short, foi a mais corrida que já escrevi, mas sinceramente gostei muito dela. Por favor, comentem, recomendem e deixem suas opiniões. Nos vemos em breve.
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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