Última atualização: 06/08/2018

Capítulo Único

- ! Tenho novidades. – abriu a porta do quarto e se jogou na minha cama sem sequer pedir permissão.
- Fala. – Eu estava concentrada digitando algumas coisas que precisava pesquisar para um trabalho da faculdade.
- Nós vamos acampar!
- Nós quem? – Eu perguntei incrédula.
- Eu, você e o .
- Você só pode estar louca de achar que eu vou ficar de vela pra você e pro .
- Ele vai levar um amigo, vai ser legal. Você não sai com alguém há tanto tempo, .
- Ah, então você decidiu me arrumar um encontro as escuras, sem saber se eu queria. Você está de brincadeira comigo.
- Por favor, amiga. Eu prometo que vai ser divertido. Por favor. – Ela fez uma carinha de cachorro abandonado que era impossível negar e ela sabia disso.
- Ai, tudo bem. Espero não me arrepender disso.
- Não vai, prometo. Os meninos devem chegar daqui a alguns minutos. Se apresse. – Ela disse com segurando o riso.
- Você me paga, .
Já que acampar não me proporciona nenhum tipo de luxo, o que mais coloco na mochila são camisetas, shorts e vários tênis. Era só um fim de semana, eu sabia disso, mas eu nunca conseguia sair com pouca roupa. Peguei repelente, calças e nenhum capote, estávamos no verão, o calor era absurdo.
Fechei a mochila e procurei no fundo do armário uma barraca de camping que eu e compramos há muito tempo quando decidimos acampar pela primeira vez. Estava um pouco empoeirada, mas ia servir.
***

chegou acompanhado do amigo, ele era até bonito, mas eu odiava ser pega de surpresa. Estava de mau humor.
- E aí, . Esse aqui é o .
- Oi . Oi . – Eu fui bem curta. apenas sorriu e acenou.
- Vamos em um carro só?
- A já me arrastou, você acha mesmo que eu vou dirigir sei lá pra onde contra minha vontade?
- Parece que alguém caiu da cama hoje. – disse de maneira divertida.
- A namorada do seu amiguinho me derrubou, isso sim.
Entramos no carro. estava dirigindo e ia ao seu lado. No banco traseiro íamos eu e sem trocar uma palavra. estava determinada a me juntar com esse estranho. Ela começou a mexer no rádio e eu já sabia que ela colocaria alguma música que nunca me deixava ficar quieta. Eu estava certa. Party in the U.S.A. Eu nunca me cansava daquela música. Eu nem pensei duas vezes antes de começar a cantar e soltei a voz. Senti o olhar de pairar sobre mim e uma expressão surpresa tomou conta do seu rosto. Eu nunca tive vergonha de cantar, mesmo não sendo das mais afinadas.
A música acabou e o silêncio tomou conta do carro novamente. Acho que já estávamos perto, estava buscando uma vaga para estacionar.
- Tem uma vaga aqui. – Eu disse.
- O carro não cabe aqui, não é óbvio?! – Ele debochou.
- É claro que cabe. Sai desse banco.
Eu pulei para o banco da frente e ele apenas me observou fazer a manobra. Graças a Deus eu era uma boa motorista, não ia passar vergonha. Fiz uma baliza perfeita, exatamente como meu pai me ensinou. O carro coube perfeitamente na vaga. Eu desci do banco do motorista, encarei com um semblante vitorioso.
- Eu disse que cabia. – estava rindo no banco traseiro. Meus olhos foram de encontro aos dele, automaticamente revirei os olhos e fui em direção porta malas buscar minhas coisas.
- Deixa que eu te ajudo com isso. – queria se aproximar.
- Não preciso de ajuda. – Respondi friamente.
- Para com isso, . Ele só está sendo legal. – me repreendeu e eu revirei os olhos.
Fomos andando para a área de camping do parque. e viviam trocando carícias, olhares e sorrisos. Eu caminhava sozinha um pouco mais atrás e acompanhava o casal, ele não se sentia incomodado em segurar vela.
- Aqui está ótimo. – interrompeu a caminhada. – Podemos montar as barracas.
- , o que acha de colocarmos a nossa barraca aqui? – Eu questionei sem olhar para trás.
- Nossa barraca? Eu e o vamos dormir juntos. Desculpa, amiga.
- Eu deveria ter imaginado. – Virei de costas novamente. – Não vou me estressar por causa disso. Não vou me estressar por causa disso. – Se eu repetisse, talvez me convencesse.
- Eu fui chutado. Não tenho onde dormir. – se aproximou.
- Você sabe que isso tudo é proposital. Me ajuda a montar essa droga.
Ele sorriu e balançou a cabeça. Começamos a montar a estrutura, era bem habilidoso, parecia ter nascido para armar barracas de camping. Em poucos minutos tudo estava montado e arrumado, nossas coisas já estavam dentro da barraca e ele fez algo que remetesse a uma barreira para que eu me sentisse mais confortável em dividir uma barraca com um estranho.
- Eu sei que não é muito, mas pelo menos isso nos separa.
- É meio imbecil. A barraca é pequena, essa barreira só ocupa espaço e nos deixa mais apertados.
- Faz sentido. O que você sugere, então?
- Sei lá. Vou sair para caminhar. – Disse a todos.
- Leva uma lanterna só de precaução. – disse.
- Eu volto em poucos minutos, não preciso de lanterna.
- Se importa se eu for junto? – se ofereceu.
- Eu não pedi companhia. – Disse com um sorriso irônico.
Comecei a andar em direção a floresta. Estava completamente deslocada. Sem sinal de telefone, sem meu notebook, sem livros, só tinha a companhia desse tal , minha melhor amiga estava com o namorado e eu não ia estragar o fim de semana deles só porque eu preciso de atenção. Continuei andando sem rumo, sem me preocupar em como faria pra voltar isso tudo. Eu sabia que tinha uma cachoeira por ali, poderia ir até lá.
No caminho encontrei algumas placas indicando a direção da cachoeira, apenas segui. Alguns pássaros cantavam, vi alguns esquilos e não parava de caminhar. Um barulho ensurdecedor tomou conta do ambiente. Uma trovoada. Que ótimo, chuva. Decidi voltar, já que a chuva pretendia vir com toda a força do mundo. Eu só não sabia para qual direção seguir.
- Péssima ideia.
Retomei a caminhada na direção oposta, ainda sem saber para onde estava indo. Olhei para o céu e já estava escurecendo. Quanto tempo eu caminhei? Eu realmente precisava retornar. Mais uma trovoada atingiu meus ouvidos e senti pingos d’água respingando sobre minha pele.
- Droga. Droga. Droga.
Comecei a apressar os passos, eu não queria tomar chuva e ficar perdida ali. Decidi correr, ainda sem saber para onde estava indo. Essa ideia de correr não acabaria bem, eu sabia disso. Não demorou muito para que eu tropeçasse em alguma raiz de árvore e caísse sem conseguir me levantar. Olho para o céu, tudo escuro. Que maravilha.
- SOCORRO – Só me restava pedir ajuda. – ALGUÉM? SOCORRO. EU NÃO CONSIGO ANDAR. – Já estava chorando. Nem sabia se era de dor, de raiva, de cansaço.
- Ai meu Deus, finalmente encontrei você. – A voz de me assustou.
- O que faz aqui?
- Tem mais de uma hora que eu estou procurando por você. Deixei o casal apaixonado lá e vim atrás de você.
- Eu me perdi. Queria ir até a cachoeira, mas eu nem imagino para que lado fica. – Ele se aproximou. – Você está bem?
- Eu não consigo andar. Acho que torci o pé. Tropecei em uma raiz e caí.
- Vem cá. – se aproximou e me pegou no colo com a maior tranquilidade do mundo.
- Você não precisa fazer isso.
- Eu sei. Você precisa de ajuda. Eu vim atrás de você. O que me impede de te ajudar? Você vai me impedir? Você nem anda. – Ele arqueou uma sobrancelha pra mim.
- Tudo bem.
- A chuva está muito forte, eu conheço uma caverna perto daqui. Você se importa?
Fiz que não com a cabeça e ele começou a andar comigo em seus braços. Não consegui desviar meu olhar dele por um instante sequer, mas ele continuava sério, observando o caminho e onde estava pisando para não derrubar nós dois.
- Você conhece bem essa floresta.
- Eu sempre gostei de acampar, a ideia de vir pra cá foi minha. Venho aqui desde criança. A ideia era um programa de homens, mas onde o vai a vai junto. Para minha surpresa, você também veio dessa vez, apesar de não simpatizar comigo.
Chegamos na caverna e ele me colocou no chão, eu me sentei com calma. Estava parecendo um pinto molhado e ele não estava diferente disso.
- Se andarmos até o fim da caverna, sairemos na cachoeira.
- É sério?
- Shhhh... Não está ouvindo o barulho da água correndo?
Eu realmente não tinha percebido, mas quando me calei, pude ouvir o barulho da água. Era maravilhoso e tranquilizante.
Forcei um pouco a caminhada até a entrada da caverna e olhei para o céu. Estava estrelado e a lua cheia era protagonista daquela obra de arte. Senti se aproximar de mim, não queria mais afastá-lo. Ele repousou seu queixo em meu ombro direito e me envolveu com seus braços.
- A chuva está cada vez mais forte. – Ele disse de forma suave. Senti meu corpo se arrepiar. – Acho que vamos passar a noite aqui.
- Que belo fim de semana. – Eu disse, ironicamente.
- Você consegue ficar sem reclamar de alguma por, pelo menos, um minuto?
- Não.
Ele me virou de frente para ele, encostou meu corpo em uma das paredes da caverna e me beijou. Um beijo calmo, transparente. Não parecia desesperado, sequer me incomodou. Eu apenas cedi, sem pensar duas vezes. O puxei para mais perto, se é que era possível e dei passagem para sua língua que decidiu brincar com a minha de forma carinhosa. O barulho da cachoeira, ao fundo, era a trilha sonora daquela cena. A lua cheia e as estrelas eram os espectadores. Aquele era um belo cenário. Um cenário improvável. Um cenário ideal.


Fim!



Nota da autora: Socorro que eu não sei lidar com fanfic amorzinho, minha gente.
Eu nasci pra ser só amor nessa vida! XOXO, Iana.





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