Down Down


“I'm going down down baby.”

Em plena sexta-feira à noite e eu, ao invés de estar em casa me preparando para uma bela social com meus amigos da faculdade, estava ali em frente àquela escola para o curso de alemão que meu pai insistia que eu fizesse, porque “Se você está na faculdade de relações internacionais é importante saber falar muitas línguas fluentemente.” Tá bom, disto eu sabia, aprendi francês desde criança, o inglês é meu idioma de origem, sabia algumas coisinhas de espanhol, alemão... Alemão até que era bem excêntrico, tinha um sotaque autoritário e sedutor, ótimo para impressionar as mulheres. Só um momento, eu estava falando da faculdade né? Meu pai também vive dizendo que eu nunca amadureço e não penso no futuro, mas lógico que eu penso, porém tenho que aproveitar o agora, o presente. Enfim, eu gosto de fazer aulas de alemão, mas elas tinham que ser logo sexta à noite? Assim não dá né.
Adentrei o lugar e me sentei em um banco próximo da sala que ainda estava com a porta fechada, a outra aula provavelmente não teria acabado, coloquei meus fones de ouvido e comecei a batucar minha perna com os dedos até que o sinal de um alarme soou e uma porrada de pessoas saiu da sala, fiquei ali esperando o local esvaziar um pouco e no meio das pessoas vi alguém, uma garota, cabelos ondulados e muito gata por sinal, o olhar dela encontrou o meu e desviou rapidamente, parecia estar com pressa, ela passava sozinha, mas em questão de segundos desapareceu.
- , para sala. – O professor falou apontando para a porta, enquanto eu me dirigia devagar até lá, ele fez questão de chamar os outros alunos, fiquei no meu típico lugar próximo à janela, de lá dava para ver todo o jardim ao redor do curso, se me entediasse teria ao menos uma bela paisagem para observar. Vi Jake entrar e sentar na primeira cadeira da fileira, aquele ali era nerd, mas era um cara legal.
-Pronto pessoal. Todos aqui? – O professor perguntou e concordamos com a cabeça. –Stille. – Ele falou para duas meninas que estavam cochichando, pedindo silencio. –Abram seus livros na página 42, leiam o texto e se não entenderem podem me pedir ajuda, mas tenho certeza que vão conseguir, não está tão difícil e vocês já estão há três meses aqui, já deu tempo de aprender algo.
-Professor você pode me ensinar algumas coisinhas aqui? – Perguntei.
-É sobre o texto senhor ? – Questionou.
-Não.
-Então podemos deixar para depois. – Ele disse já se virando de costas para mim, mas eu insisti.
-Mas é importante!
-Então diga logo, . – Ele já estava em sua mesa.
-Como eu falo pra uma mulher que ela é linda em alemão? – Perguntei rodando o lápis em minha mão. – Porque você sabe né, isso ajuda na conquista. – Falei e todos riram na sala.
-Verdade professor, ensina aí. – Albert falou na cadeira ao lado da minha.
-Vocês são ridículos viu. –Britanny rolou os olhos rindo, ela era irmã de Albert e eu a conhecia há bom tempo, pois o irmão da mesma havia cursado o ensino médio comigo.
-Chega de gracinha vocês aí! –O professor bateu palma e eu prendi o riso. –Se fala du bist schön, você pronuncia a última palavra como se existisse um “i” após o “o”. Mas agora vá fazer a atividade, porque aqui não é aula de como conquistar uma garota falando alemão.

[...]

Depois de o senhor Cooper nos fazer ler aquele enorme texto que só falava de pontos turísticos de Berlim e a história da cidade, um grande questionário de múltiplas escolhas foi passado, segundo ele tinha o intuito de medir o nível de conhecimento para observar quem já estava apto a mudar de turma. Respondi rapidamente a ficha, não estava tão difícil, talvez porque eu tinha facilidade em aprender novas coisas e não esquecia facilmente, podia não ser um aluno aplicado, mas sempre fui inteligente. Peguei meu celular e vi que ainda faltavam alguns minutinhos para acabar a aula. Apoiei-me no parapeito da janela e fiquei com o pensamento vagando até que senti alguém me cutucar. Virei para o lado e vi que era Jake.
-E aí cara. Tudo bem?
-De boa. Tem como eu pegar uma carona contigo hoje? Vou dormir na casa da Tâmara.
-Sem problemas, é caminho mesmo. –Falei e o sinal tocou avisando que o curso tinha chegado ao fim. –Vamos lá!
-Vou só pegar minha mochila ali. –Ele falou se afastando.
-Beleza. –Respondi e Brittany aproximou-se de mim.
-Oi . –Ela sorriu. – O que achou do questionário? –Ela mexia no cabelo, se não desse tão na cara não seria a Britt.
-Fácil e você?
-Fácil também. O que temos para amanhã?
-Isso é você quem decide. –Sorri para ela, que piscou.
-Então tá, qualquer coisa eu te aviso.
-Hey . –Albert me chamou. – Chega de flerte com minha irmãzinha. – Falou fazendo sinal de que estava de olho.
-Ela sabe se cuidar, Albert. –Respondi de volta.
-Pode ter certeza disso. –Ela falou baixo e me beijou na bochecha. –Tchau .
-Tchau Britt. –Acenei.
-Vamos? –Jake chamou na porta.
-Agora. –Peguei a chave do carro e girei nas mãos.
-Tá ficando com a ruiva? –Ele perguntou se referindo à Brittany com um semblante engraçado.
-Não, é só flerte a toa mesmo. –Ri da expressão dele. – Por quê?
-Nada, mas você sabe que ela gosta de ti.
-Jake, Jake. É só diversão, nada mais. Eu sei a hora de parar.
-Você sabe, ela talvez não, só um aviso. Porque depois quem vai pegar no teu pé vai ser o Albert. – Ele gargalhou.
-Eu tenho o controle da situação. –Falei convicto.

[...]

Na semana seguinte...

Tinha acabado de chegar da faculdade após horas cansativas de estudo, o bom é que era algo que eu gostava de fazer. Entrei em casa e percebi que meu pai estava lá. Olhei para a parede onde estava o retrato da mamãe, como eu sentia a falta dela, dos seus conselhos e suas distrações. Desde que ela se foi meu pai não pensou em outra coisa a não ser trabalho e seus compromissos, era raro encontrá-lo por muito tempo em casa, vivia ocupado com seus negócios.
-Oi. –Falei cansado.
-Oi filho, sente-se aqui. –Ele chamou na mesa de onde estava. –Como está na faculdade?
-Estou focado, está dando tudo certo. Mas vez ou outra a gente tem que se distrair, não é mesmo?
-De vez em quando, tudo bem. Só não pode esquecer as suas metas, seus objetivos.
-Claro. –Estava achando todo aquele papo no mínimo estranho, não era comum dialogarmos muito, mas fiquei feliz em saber que ele queria comunicar-se mais comigo, assim como eu queria com ele.
-E o seu trabalho, pai?
-Muita coisa para fazer, como sempre. Arquivei alguns casos hoje, mas no geral tenho tudo sobre o controle. –Ele falou. Ahá. Daí que vinha minha mania com essa frase “tenho tudo sobre controle”, eu sempre tinha essa sensação, por mais que tudo estivesse um verdadeiro caos.
-Ser juiz é difícil né? –Questionei, mas em minha opinião eu achava um porre, julgar não era o meu forte.
-Nada fica difícil quando se gosta do que faz. –Ele sorriu, pela primeira vez em muito tempo, e aquilo me reconfortou. Levantou da cadeira após guardar aquele tanto de papéis em sua maleta. – Hoje chegarei mais cedo em casa, mas meu horário de descanso acabou. –Falou e deu um beijo em minha cabeça. – Tchau filho.
-Tchau pai. –Falei olhando para o chão.
-Ah, me lembrei de uma coisa. –Virou-se novamente em minha direção. –Ligaram do seu curso de alemão e falaram para você chegar 18h sexta-feira, algo relacionado a avançar de turma, não sei bem. –Falou me fazendo arquear a sobrancelha.
-Tudo bem, valeu pelo recado. –Levantei-me também e fui para o quarto.

[...]

Sexta feira, seis e cinco da tarde.

Entrei no local e vi alguns alunos ao redor do professor Cooper, sete ao todo. Ele me viu e seu semblante estava sério, desliguei a música que passava nos fones, pois ele parecia estar prestes a me dar uma bronca em qualquer momento.
-Atrasado, senhor . –Ele falou, o que me fez olhar no relógio.
-Cinco minutos? –Perguntei.
-Se fosse um minuto, continuaria sendo atraso. –Respondeu, com certeza não havia tido um bom dia.
-Eita. –Alguém falou baixo perto de mim.
-Stille! – O professor pronunciou e me fez lembrar o quanto estava se tornando engraçado ele pedir silencio sempre da mesma forma, mas fiquei calado ao perceber que todos estavam quietos também, realmente Cooper não estava com bom humor. Brittany e Jake estavam lá, só não vi Albert. –Bom, vou falar agora.
-Como quiser. –Falei e recebi um olhar geral, agora eu não podia nem mais abrir a boca.
-Todos vocês estão aqui pelo mesmo motivo, em uma turma de vinte e sete alunos, somente vocês sete conseguiram responder a porcentagem necessária do questionário para avançarem de nível. Agora irão sair do intermediário um e passar para o dois. A turma do I2 continua sendo toda sexta feira, porém inicia mais cedo, 18h terminando às 19h30. Caso esse horário não seja conveniente a algum de vocês, procurem a senhora Lourdes e vejam os turnos disponíveis. Ok?
-Ok. –Falaram em uníssono.
-De vinte e sete alunos, só sete? –Jake pareceu surpreso.
-Isso mesmo Jake Morgan. Isto me lembra de que devo parabenizar vocês, provou quem são realmente as pessoas aplicadas e que conseguem aprender fácil, já que a maioria possui dificuldade. E ... Você me surpreendeu bastante, não querendo subestimar sua capacidade, mas achei que acertaria no máximo metade, porém tirou a maior nota dos que estão aqui.
- não é só mais um rostinho bonito. –Brittany falou rindo.
-Além de lindo, sou inteligente, caraca. –Falei brincando com a verdade. –Releva o atraso professor.
-Agora ele vai ficar se achando, professor Cooper. –Jake bateu nos ombros do mesmo.
-Já vi que não deveria ter falado nada. –Cooper disse. –Alguma pergunta?
-Já começamos hoje? –Uma menina com óculos perguntou, pelo pouco que me recordava, seu nome deveria ser Sarah. É. Isso mesmo.
-Claro, a turma já está aguardando na sala. Komm schon! -Ele respondeu e foi na frente.
-Então você passou? –Perguntei para Brittany.
-Sim né, se estou aqui. –Ela riu. –E sabe de algo bom?
-O que?
-Meu irmão ainda não vai mudar de nível.
-Percebi, até porque ele não está aqui. –Dessa vez eu falei. –Mas por que isso é bom?
-Agora estamos mais livres, sem ninguém pra me vigiar.
-Britt, já te falei que só ficamos aquela vez, pronto, fim. Nada mais. –Olhei para ela que mudou de expressão rapidamente.
-Isso é o que você diz... –Passou na minha frente. Mulheres...
Chegamos à sala que já estava cheia, aparentemente estavam esperando há um tempinho pelo professor. Uma fileira estava vazia, sentei-me então na terceira carteira, meu lugar na janela provavelmente já estava ocupado, nem fiz o esforço de olhar. Cooper começou a falar o mesmo que tinha nos dito lá fora para informar os alunos a situação.
-Começaremos o novo conteúdo na próxima aula. Hoje será realizada uma atividade bem básica, somente. Um ditado com 100 palavras já estudadas e que também valerá nota na média final.
-E o senhor chama isso de atividade básica? –Um garoto perguntou parecendo abismado, o que me fez querer rir.
-Qual é David, são cem palavras. –Um menino próximo dele debochou.
-. –Cooper chamou. –Você poderia entregar essas folhas para mim?
-Claro professor. –A garota falou e então virei minha cabeça para ver quem era. E lá estava... A mesma da semana anterior que eu tinha visto por poucos segundos e que me atraiu em uma troca de olhares. Então seu nome era ... Ótima informação, o inicio eu já tinha. Ela caminhou até a mesa pegando as folhas que o lehrer havia pedido para distribuir, passou de fileira em fileira e então me deu a minha, olhei fixamente para mesma, que percebeu e pareceu recordar de mim, mas não citou uma palavra sequer. Cooper esperou ela sentar-se, e olha só! Quem estava na minha sagrada cadeira com a sagrada vista pra o jardim? Sim, ela. Ao menos ela sabia escolher o melhor lugar para ficar.
O ditado logo começou, o tempo passou rápido e não percebi que faltava pouco tempo para a aula terminar, em todo o período da atividade eu lhe lançava olhares, eu não sei o que ela tinha, porém não conseguia tirar os olhos dela. Aliás, eu até poderia tentar chutar o que nela me deixava tão inerte, ela era muito bonita, com toda certeza, mas era algo além e algo me falava que eu ainda iria descobrir.
-Bom pessoal... Não se esqueçam de colocar o nome e deixem as folhas em cima da minha mesa. Já podem ir. –Ele liberou. Guardei as coisas na mochila e me levantei, várias pessoas estavam saindo então os esperei. Quando estava pronto para passar da porta me surpreendi sendo puxado por alguém e fiquei ainda mais surpreso ao constatar quem era.
-. –Olhei-a.
-Eu. –Ela falou.
-O que foi?
-Isso que vim te perguntar. –Disse.
-Como assim? –Questionei, afinal não havia entendido.
-Olha, eu não sei nem seu nome. Mas você passou a aula toda me olhando e isso me deixou desconfortável, sério.
-Olhar agora é proibido? –Sorri.
-Não, mas quando se olha demais alguma coisa quer. –Ela falou séria e eu não consegui deixar de sorrir, personalidade ela tinha. –Ou estou com um abacaxi na cabeça pra chamar sua atenção?
-No caso, não.
-Então o que foi? Não estou suja né? –Ela tentou olhar atrás de sua blusa.
-Na verdade, o que me chamou atenção foi sua incontestável beleza. –Fui direto e ela olhou para mim com a boca semiaberta mas logo tornou a falar.
-Bem direto você.
-Não era isso que você queria?
-É, mas para um pouco viu? Realmente é desconfortável sentir o olhar de alguém sobre si a todo o momento. –Falou.
-Como quiser, dama. Mas não vá achando que é isso tudo.
-Eu não acho nada, sempre tenho certeza. –Ela sorriu e pegou sua mochila fazendo menção de sair.
- . –Estendi a mão também sorrindo.
-. .

[...]

Cheguei em casa e fui para o quarto, tinha que terminar os trabalhos da faculdade e iniciar algumas pesquisas, era costume meu revisar a gramática alemã para pegar algumas palavras mais rápido. Mas naquela noite não estava tão concentrado, e a causa disso só podia ser . Aquela garota tinha o poder de me distrair. Ficar naquela turma não daria certo, ou daria... Ouvi o celular tocar e quando olhei no visor vi que a chamada era de Brittany.
-Alô.
-Oi , para onde você foi hoje ao final da aula?
-Para casa ué.
-Você sabe muito bem quem eu não quis dizer isso.
-Olha Britt, sem querer ser grosso, mas eu não lhe devo satisfações.
-Eu só estava pensando aqui, você não quer repetir os beijos do sábado passado?
-Brittany, já te falei que não. Não foi sério.
-Eu não quero nada sério. –Insistiu, aquilo estava me irritando.
-E eu não quero nada, entende? Aliás, amanhã tenho muita coisa para fazer, estou com vários trabalhos.
-Então ok, mas se mudar de ideia... –Disse, mas quando ela iria entender que eu não ia mudar de ideia? Bem que Jake havia avisado, ela ficaria no meu pé. Devia ter escutado a voz da sabedoria, mas eu coseguia lidar com aquilo.

[...]

O final de semana passou rápido e o final do semestre foi se aproximando, segunda foi muito estudo, novas matérias e conteúdos, posso dizer que os dias seguintes também foram assim, mas não deixei de dar minhas escapadinhas para curtir um pouco da noite, a relação com meu pai havia melhorado, de alguma forma passamos a nos comunicar mais e estávamos mais próximos, aquilo estava me fazendo muito bem e acho que para ele também.
Os dias passaram e algo dentro de mim esperava ansiosamente para a sexta feira, aquilo era realmente estranho, ri comigo mesmo. Estava exausto, nunca pensei que a faculdade seria tão cansativa, o tempo que eu tinha livre era utilizado para estudar e o que me restava era diversão, o que também cansava bastante. Por que eu não havia escolhido uma profissão mais fácil? Simplesmente porque sou e apaixonado por coisas complicadas. Era isso...
O penúltimo dia da semana chegou e com ele minha vitalidade foi restaurada. Motivo: Terça era feriado e, por conta disso, segunda-feira também não haveria aula. O resultado era quatro dias de leveza e descanso. E por outro lado era dia da aula de alemão. O que já estava se tornando uma ideia mais agradável na minha cabeça. Havia combinado de buscar Jake e irmos juntos, cheguei vinte pras dezoito na casa do mesmo, que já estava me esperando. Fomos conversando no caminho que de carro levava uns seis minutos da casa dele.
-E a Britt, já largou do seu pé?
-Pra falar a verdade, acho que sim. Ela não fala comigo há cinco dias, deve ter arrumado outro. –Ri. Apesar de chiclete eu gostava dela, mas não do jeito que ela queria.
-Sorte sua. –Jake gargalhou. –Eu e Tâmara brigamos essa semana porque eu não quis assistir um filmezinho mela cueca com ela. Daí ela está me ignorando desde então. –Ele falou me fazendo gargalhar.
-Mulheres. –Falei.
-Depois acaba o estresse dela. –Ele falou.
Ficamos calados por um tempo.
-Gostou da turma de alemão de agora?
-Pra mim continua sendo a mesma coisa, afinal ainda é o Cooper dando aula.
-Estou me referindo às pessoas...
-As alunas você quer dizer! –Ele riu da minha cara. –Quem é a infeliz?
-Tá me tirando Morgan? Eu não falei que tinha uma especifica. –Prendi o riso.
-Pelo seu tom de voz dá pra perceber, mano.
- .
-Aquela loirinha gata que o professor pediu pra entregar as folhas?
-Eita, para quem brigou com a namorada e tá querendo fazer as pazes, você até que tá bem saidinho. Ela mesma. Aquela garota tem algo que me intriga.
-Então manda ver, brother. –Jake falou, o que me fez rir novamente.
-Tudo tem seu tempo certo. –Estacionei o carro. –Hoje o professor não vai reclamar do meu atraso. Vamos, vou deixar a mochila no meu lugar, antes que alguém o pegue.

A sala estava aberta, poucas pessoas haviam chegado e estavam dispersas em seus mundinhos, alguns ouvindo música, outros lendo um livro, Jake foi conversar com alguns colegas e eu fui logo para o meu lugar na janela, a brisa do vento estava boa e anunciava a noite chegando, fechei os olhos por um momento, apenas para permitir-me sentir, certa vez alguém me disse que ao fechar os olhos e deixar se levar pelo momento bom em que se encontra era a melhor sensação que um ser poderia ter. Eu não discordava daquilo. Abri os olhos e vi em minha frente uma pessoa.
- no meu lugar. –Ela falou.
-Seu lugar, vírgula. –Sorri de canto. –Ouviu meu nome uma vez e já decorou?
-Ele é memorável, ainda mais quando o dono do mesmo ficou te secando uma aula inteira. –Ela sorriu.
-Ihr Lächeln ist schön. – “Seu sorriso é lindo” falei.
-Danke. –Ela agradeceu. –Mas você não vai me conquistar assim.
-Quem disse que é meu objetivo? –Provoquei.
-Quem disse que estou afirmando que é? –Retrucou.
-Não vai sentar? –Perguntei.
-Quem sabe quando você sair daí. –Respondeu.
-Eu sempre sento aqui.
-Pelo contrário, sou eu quem fica aí.
-Mas eu cheguei primeiro e não vou sair. –Sorri sínico.
-Ah se vai! –Ela pegou minha mão e começou a puxar para trás, tinha força, mas não mais que eu, claro. No intuito de soltar-me dela, puxei meu braço de uma vez o que fez com que ela viesse junto e caísse em meu colo. –Argh! –Deu um grito fino. –Saí !
-Eu não! –Ria enquanto ela tentava se levantar desastrosamente e nesse momento todos que estavam na sala viam aquela cena.
-Hallo! O que é isso? –Cooper entrou na sala quando ela finalmente conseguiu se levantar.
-Professor, esse menino não quer sair do meu lugar. –Ela falou apontando para mim.
-Opa, pera aí. Esse menino não, eu tenho nome. –Falei para ela que me olhou com uma expressão de raiva, mas que parecia estar se segurando para não rir. –E eu sempre sento aqui.
-Não acredito que estudei tanto na minha vida para lidar com jovens de vinte anos que não querem deixar de serem crianças. –O professor falou mais para si. –É o seguinte, vai ficar onde está e senhorita , sente-se na carteira de trás.
-Ah não lehrer. -Ela falou e eu achei aquele ato tão fofo que decidi sentar-me na carteira de trás. Afinal, continuaria na janela mesmo, havia feito aquilo mais para implicar com ela do que pela vista que eu adorava. –Eba! –Ela colocou a mochila ao ver que sai e Cooper revirou os olhos.
-Acabaram? –Perguntou em nossa direção e afirmamos juntos com a cabeça. –, vê se não cai na onda desse meu querido aluno e deixe de ser a aluna exemplar que é. –Ele falou claramente brincando.
-Me chamando de má companhia professor? –Fingi estar ofendido.
-Não , apenas de distração. –Respondeu.
-Lehrer, eu posso ir ao banheiro? –Britt perguntou na fileira ao lado.
-Sim, aproveita e vê se tem mais alguém fora da sala e chame para mim, por favor. Vá rápido que a aula já vai começar.
-Ok.

[...]

-Por hoje é isso pessoal, espero que todos tragam o trabalho pronto na próxima semana e quero que seja na estrutura que apresentei. Verstanden? – “Entendido” ele perguntou. –Até a próxima aula. –As pessoas começaram a sair e vi no meio, ia até ela, mas Britt me parou.
-Qual é ? Tá afim daquela lá? –Ela perguntou.
-Brittany, por favor, né. Isso já tá ficando feio. Por que eu estaria? Só a vi semana passada e hoje. E você não tem nada a ver com isso, se estou ou não, é problema meu. –Falei e ela ficou me olhando sem saber o que dizer.
-Desculpa. –Ela pareceu cair na real. –Agora que percebi o papel ridículo que estou fazendo. –Falou e os olhos dela ameaçavam chorar. –Mas é que eu gosto de você, achei que tivéssemos uma chance.
-Britt. –Levantei o queixo dela, que tinha abaixado à cabeça. –Eu deixei claro desde o primeiro momento de que eu não queria nada a mais e você concordou. Você é legal. Mas é isso.
-Eu que tenho que me desculpar. Não vou mais insistir em nada com você. Tchau. –Falou com o semblante sério e foi embora. Fiquei aliviado por falar o que eu queria e ela compreender pela primeira vez.
Saí e olhei para os lados a procura de , na realidade, eu não sabia nem o que queria, foi por instinto, mas não a vi. Fui ao estacionamento e peguei meu carro. E então me dirigi a minha casa.

[...]

Sábado, 10h00 PM.

Apertei a buzina cinco vezes até que Jake saísse de casa com Tâmara.
-Como você são enrolados viu?
-Foi o Jake. Nunca vi demorar tanto pra se arrumar. –Tâmara falou.
-Menos, bem menos. –Ele falou e quando eles entraram sai com o carro.
-Hoje vai ser muito bom. –Falei com expectativas para a noite.
-Ainda estou impressionado por você ter conseguido esses ingressos da boate, quando olhei na internet já estavam esgotados.
-Foram meus colegas da faculdade, eles tinham os esquemas de como conseguir lá. Foi só pedir que... Tchram.
-Hoje eu vou dançar até não me aguentar mais em pé. –A namorada de Jake falou. –Ouviu Jake Morgan? Não vou deixar você parar quieto, aliás, não vou deixar você parar em nenhum momento.
-Eu não vou querer parar. –Ele falou olhando para o banco de trás.
-Vocês dois, por favor, eu não mereço isso. –Ri. –Deixem para quando chegarmos lá.
-. –Tâmara chamou. –Não vamos voltar com você viu? Meu primo mora do outro lado da Lower Trenton Bridge mesmo e ele vai estar lá, então vamos dormir na casa dele e amanhã ele me trás de volta.
-E eu também. –Morgan completou.
-Beleza. Vamos curtir.

[...]

Entramos no lugar e logo me separei do casal, peguei uma bebida e não me contentei em ficar sentado olhando o lugar, fui logo para a pista de dança. Logo achei o pessoal da faculdade e algumas meninas aproximaram-se para dançar conosco, aquilo era ótimo, há muito estava precisando beber e me divertir, todo o estresse cotidiano estava me deixando louco.
Depois de um tempo resolvi sentar um pouco nas mesas redondas e pedi um shot de tequila. Curiosamente fui observar ao redor e no meio da pista de dança, com um comum vestido preto curto, completamente sexy e um bandana que prendia seu cabelo, estava , ou o universo insistia em fazer-me encontrar com ela, ou ela me seguia, ou eu a seguia. E as duas últimas hipóteses estavam fora de cogitação. Bebi o shot de uma vez e senti a bebida descer queimando, chupei o limão e me levantei indo até ela, não iria a perder de vista, não hoje.
Passei por entre as pessoas que dançavam animadas e fiquei até me aproximei por trás dela.
-. –Falei bem perto de sua orelha e se espantou virando instantaneamente.
-! –Ela levou a mão ao peito.
-Se assustou? –Perguntei sorrindo.
-Me espantei, é diferente. –Ela abriu um sorriso.
-O que está fazendo aqui?
-Dançando? –Ela gargalhou.
-Por que a gente tem essa mania de responder uma pergunta com outra pergunta?
-Não sei. Você sabe? –Ri da maneira rápida que ela falou.
-Está sozinha? –Perguntei.
-Livre leve e solta.
-O que acha de companhia? –Peguei em sua cintura.
-Só se for pra dançar comigo. –Ela falou e mordeu o lóbulo da minha orelha.
-É o que eu faço de melhor. Além de outras coisas. –Falei e começamos a mover nossos corpos no ritmo da música, a pouca iluminação do local deixava tudo mais interessante. Estávamos dispersos, nada mais parecia existir ao redor e ela sorria olhando em meus olhos. Olhares... Lembrei-me da primeira que a vi, há três semanas, tinha algo nela que eu queria descobrir e agora eu sabia muito bem o que era.
-Você sente isso? –Perguntei a ela, um pouco alto para que a música não a impedisse de ouvir.
-Sinto. –Ela respondeu de volta. –Sinto desde a primeira sexta feira. –Ela falou e riu parando consigo mesma, parando de dançar e indo até o balcão para pegar uma bebida, eu a segui. –Eu sei que foram segundos... –Bebeu algo que eu não identifiquei, pois minha atenção estava voltada para suas palavras.
-Mas tem alguma coisa em você que me puxa... –Disse.
-Me atrai. – completou pegando outro copo.
-Ei , calma aí. –Peguei a mão dela. –Não quero que você morra de coma alcoólico. –Eu disse e ela riu.
-Não estou exagerando. –A menina falou.
-E eu não quero te beijar. –Retruquei irônico.
-E eu não quero você. –Ela pareceu entrar na antífrase do que realmente queríamos.
-E eu muito menos. –Fitei-a, eu a queria, claro, óbvio, com certeza; e pelo visto ela também. Peguei em seu pescoço, mas ela afastou minha mão.
-O que for pra ser será... –Saiu entrando no meio das pessoas e não a vi mais.
“Onde isso vai dar, meu Deus.” Pensei, todavia me sentia feliz.

[…]

Cruising down the highway
Radio is on
Heading back to my place tonight
Saw you trying to hitchhike
Said: "Hop in if you like"
That's when you took me for a ride

Passei mais um tempo na boate, encontrei Tâmara e Jake e conversei por um tempo, eu não o contei sobre , mas isso era assunto para outro momento. Não havia a visto mais. Eu mal sabia o que me esperava...
Olhei as horas e constatei que apesar de a festa ainda estar em ótimo ritmo, aquilo já tinha dado para mim, muitas investidas, mulheres lindas, contudo eu não queria ficar com ninguém, não se não fosse ela. Sai de lá e peguei meu carro, não tinha bebido exageradamente, então estava de boa.
Liguei o som, Knee Socks do Arctic Monkeys na última altura, e comecei a dirigir, demoraria um pouco para chegar em casa, afinal ficava do outro lado da Lower Trenton Bridge, dava pra vê-la um pouco distante com as luzes iluminando a água mantendo o reflexo. Estava dirigindo devagar, a rua estava vazia, só vi um carro mais na frente que passou rápido. E na lateral da pista vi alguém em pé, parecendo estar frustrado, sentou-se no encostamento, acelerei mais um pouco o carro e parei em frente à pessoa.
-? –Ela levantou a cabeça.
-Já tem até apelido? –Ela deu um sorriso frouxo.
-Por que está aqui sozinha? É perigoso.
-Eu vim de táxi, mas aí esqueci que quase não passavam às 2 da manhã e então estou aqui vendo se ainda existe algum, mas pelo visto vou dormir na rua. Esta é minha trágica história e já estou cansada de tentar pegar carona com alguém. –Ela falou com uma feição de quem realmente havia desistido.
-Ah qual é , acha mesmo que vou te deixar aí? –Os olhos dela se iluminaram.
-Você é um lindo! –Ela levantou. –Opa. Pera.
-O que foi?
-Promete que não vai abusar de mim?
-Não te prometo nada. –Falei. –Pule dentro se quiser. –E ela entrou.
-É mais fácil eu abusar de você. –Colocou uma mão em minha perna. –Eu sei lidar com você.
-Então vamos lá. –Liguei o carro e continuei na estrada. Entrei na rodovia, tinha carros à frente. A noite em Trenton estava ótima.
-Sabe de uma coisa. –Me virei e ela mordeu os lábios.
-Diga. –Voltei à atenção para a pista.
-Você é como se fosse um imã, tudo em você me induz.
-Não posso discordar de você. –Parei um pouco à frente, pois o sinal ficou vermelho.
-Tem uma coisa que eu preciso fazer. –Ela falou e colocou a mão em meu pescoço, me beijando em seguida, então passei minha mão por trás de suas costas intensificando-o. Retirei a bandana dela, deixando seu cabelo solto e segurando sua nuca, aquilo não podia parar. Ela partiu o beijo levando sua boca ao meu pescoço, mordendo o local e afastou-se subitamente.
-Eu acho que o sinal está aberto. –Falou ofegante olhando diretamente em meus olhos, eu não estava diferente, aquela menina era demais e havia me deixado completamente anestesiado.
-Você quer vir para casa comigo? Talvez nós pudéssemos ficar chapados. – falou ainda tentando recuperar o fôlego e riu ao final.
-Eu vou ter direito a mais beijos como esse? –A olhei com o desejo que me consumia.
-Isso só depende de você. –Disse.
-Proposta aceita com sucesso.

[...]

Estacionei na frente de seu prédio e ela tirou meu cinto de segurança, enquanto eu depositava beijos em toda extensão de seu pescoço. O clima começou a esquentar.
-. –Ela falava com a respiração entrecortada. –Aqui não. Vamos subir.
Então saímos do carro, a madrugada trazia a tona todos os sentimentos que queríamos.
-Sexto andar. –Ela falou e eu apertei o botão, logo a imprensei contra a parede do elevador, tornando a beija-la. Não demorou muito para a porta abrir e ela me apontou seu apartamento no fim do corredor, entramos e a esperei enquanto a mesma trancava a porta por trás de nós.
Puxei o zíper de seu vestido e levei-o para baixo, deixando-a só e lingerie, enquanto ela desabotoava os botões de minha blusa. Caminhando em direção à cama. empurrou-me até lá.
-Um pouco de whisky? –Perguntou em cima de mim, bem perto de meu rosto.
-Isso nós podemos deixar para depois. –Reverti às posições, beijando seu colo. Logo minhas calças também estavam no chão.
-Esse é meu passeio, eu que mando. –Ela falou colocando minhas mãos distantes de si. –Tenho um desafio, não toque em mim até que eu peça, ou você implore. –Falou em meu ouvido. E então ela começou, percorrendo suas mãos por toda as extensão do meu corpo, eu já estava achando difícil respirar quando ela colocou umas das mãos em minha boxe e desceu um pouco.
-... –Falei buscando ar.
-Quietinho ... –Falou e começou a roçar a boca sobre a minha. Sem conseguir me segurar coloquei a mão em suas coxas e a puxei para mais perto.
-Eu falei para você se controlar. –Ela sorriu.
-Eu estou desmoronando, amor, não aguento mais. –Retirei seu sutiã e a agarrei, deixando me levar pelo momento, nunca na minha vida eu havia sentido tantas faíscas como com ela.
-O que nós dois temos? Por deuses, isso vai além do meu entendimento. – falava com a respiração misturando-se com a minha.
-Não importa o que seja, mas é excepcional. –Falei, já tinha perdido o controle há muito tempo.
-Somos fora do comum. –Ela sorriu. –Soube disso desde a primeira que te toqu... –Não esperei ela terminar de falar e a beijei novamente, cheio e completo de desejo, com ferocidade, longa e intensamente.
-Du bist sehr heiss...“Você é muito gostosa.”. -Ich weiß.“Eu sei.”. E essas foram as palavras finais daquela noite, o resto aconteceu da melhor forma.
As últimas peças de roupa que ainda nos impediam pararam no chão em poucos segundos, e tenho prazer em dizer... Foi uma noite digna de bis.

[...]

O sol apareceu iluminando o quarto, até então envolvido com somente com a luz da lua. estava apoiada em meu peito, parecia ainda estar dormindo. Fiquei olhando-a, quieta, inerte, em toda sua beleza. Tinha rosto de princesa, totalmente sexy aquela mulher. Ela abriu os olhos lentamente e só depois pareceu me notar ali.
-... -Falou baixo ainda esfregando os olhos. –Que horas são?
-Acabei de acordar, não sei. –Disse e ela olhou para mim.
-Ei! Você estava me olhando. –Falou.
-Qual é o problema? Eu já vi tudo mesmo. –Respondi e ela tampou o rosto com o travesseiro. –Suas bochechas estão coradas? –Ri.
-Eu como muita beterraba, por isso elas são rosinhas assim. –Falou jogando o mesmo travesseiro em minha direção. –Não tenho vergonha de você ...
-A é? Sei! –Gargalhei. –, quem diria...
-Quem diria o que? –Ela perguntou séria.
-Você é linda e sexy, além disso, inteligente, achava que era tímida, mas sobre isso já tirei minhas conclusões e tenho certeza de que não. –Falei, o que a fez gargalhar.
-Se bem que você gostou né... –Ela mordeu os lábios beijando meu pescoço.
-Ainda por cima tem certeza das coisas. Meu Deus é minha alma gêmea. –A beijei enquanto a mesma ria.
-Então você mora só? –Perguntei.
-Tive que conquistar minha independência cedo... –Falava. –Meus pais moram em Connecticut e eu quis vir fazer faculdade aqui em Nova Jersey, então eles me deram esse apartamento aqui e desde então eu moro só, é bom.
-Você cursa o que?
-Comércio exterior. E você?
-Relações internacionais. –Falei.
-Que legal. Um complementa o outro.
-Acho que está na minha hora. –Levantei da cama e vesti minhas roupas.
-Estou com sono até agora. –Bocejou levando a mão a boca.
-Descanse mais, a noite foi longamente boa. –Nos olhamos. Boa era modéstia, acho que incrível se empregaria melhor.
-Perturbadoramente boa. –Ela abriu a porta para mim.
-Te vejo sexta? -Perguntei
-Estarei lá.
-Tchau ... –Me despedi.
-Tchau . –Ela sorriu me dando um último beijo e então fechou a porta.

[...]

Os dias passaram lentamente e não teve um dia sequer que eu não me lembrasse dela, já estava começando a me achar louco, em toda minha vida nenhuma garota me encantou como ela, nenhuma me fez pensar em si todos os dias, na verdade, eu sempre me esquecia das garotas com quem ficava, eram só ficadas, nunca havia me ligado a ninguém. Mas ela... Ela era diferente, e por mais que eu tentasse... não saia da minha cabeça, e talvez eu não quisesse que saísse.
A semana na faculdade havia sido tranquila, por incrível que parecesse. A vida estava indo bem. Liguei para Jake e contei sobre , ele tinha tornado-se um dos meus melhores amigos, mas rira da minha cara e dissera coisas completamente foras de nexo. Ainda me lembro da conversa.

#Flashback

“Cara, sabe a ?”
“A do curso?” – Ele perguntou.
“Então, ela estava naquela noite na boate e depois fomos para casa e aí você sabe o que aconteceu.” – Disse e ele gargalhou.
“Vocês são rápidos, viu. Mas não era isso que você queria?”
“Sim e não.”
“Como assim?”
“Eu não só queria como ainda quero e não entendo. Nunca foi assim.”
“AHA! está apaixonado. Achei que nunca veria isso!”
“Você é louco? Óbvio que não, mas ela é diferente, isso me intriga.”
“Isso é paixão meu amigo, amor...” - Ele gargalhava na linha.
“Ih cada loucura, cala a boca, Morgan!”
“Você não vai demorar a perceber. Se conseguiu a maior nota no teste de alemão, deve ser inteligente o suficiente para enxergar a realidade na sua cara. Você mesmo já disse que ela não é como as outras com quem já ficou.”
“Caralho. Você só diz besteira. Falou, até amanhã.”
“Até. Mas não esquece o que eu te disse.” –Jake tornou a rir e então desliguei o telefone.

É foi isso. Jake era louco, mas me deixou pensativo. Digamos que a palavra certa seja atração e não paixão. Mas a atração passa e com todo o desejo ainda estava aqui, então eu realmente não sabia... Talvez eu tivesse me apaixonado e Jake estivesse certo ou eu talvez apenas precisasse tirar um pouco minha cabeça da ativa e parar de pensar nela, esse tanto de “ão” iria me deixar maluco, porém minha mente insistia em questionar meus sentimentos, era complicado, ela era realmente difícil de compreender, nós dois éramos, e isso com certeza era um dos motivos que me instigavam.
Sem perceber acabei dormindo, esquecendo-me do que tinha que fazer. Tempo depois, acordei subitamente e me lembrei de que era sexta-feira. Caramba, o curso de alemão! Olhei em meu celular e vi que tinha poucos segundos para me arrumar e ir. Apressei-me juntando o material, escovei os dentes e fui do jeito que estava, pois não dava tempo de mais nada. Resultado: cabelo bagunçado, a mesma camiseta preta que havia ido para a faculdade, minha jaqueta, calça jeans e a cara amassada que não negava o cansaço. Não poderia estar melhor.
Fiz o percurso rápido, pegando atalhos que conhecia, mas cheguei atrasado da mesma maneira. Entrei no curso, a porta da sala estava aberta e a aula já havia começado.
-Com licença, lehrer. –Falei com a respiração falha por ter corrido até ali, recebendo apenas um olhar torto do professor, mas que logo balançou a cabeça em sinal de afirmação. Sentei na cadeira próxima a janela, onde tinham dois lugares vagos, olhei ao redor procurando por , mas ela não estava ali.
-Como eu ia dizendo antes do senhor nos interromper, os cidadãos alemães tem uma cultura bastante... –Cooper ia continuar a explicar quando alguém bateu porta impedindo-o novamente.
-Licença, professor. –Era a que respirava ofegante.
-Vocês dois atrasados juntos? Onde estavam?
-Dois? Eu e quem? –Ela perguntou recuperando o ar.
- . –Ele disse e ela riu.
-Coincidência, eu não estava com ele.
-Nunca te vi chegando atrasada, mas vamos lá, entre.
-Obrigada professor. –Agradeceu e entrou caminhando devagar ate o único lugar vago, atrás de mim.
-Oi. –Falei baixo quando ela sentou.
-Oi. –Ela sorriu. –Aí cansei. – disse e eu sorri.
-Chegando atrasada é? –Zombei dela.
-Eu tenho motivo e você? –Arqueou a sobrancelhas.
-Dormi. –Falei.
-Isso não é motivo!
-E qual é o seu? –Questionei.
-Stille, para de conversar senão o senhor Cooper vai brigar com a gente e não estou nem um pouco a fim de levar bronca.
-Tudo bem estressadinha, mas vou querer saber depois.
-Como quiser. –Ela beijou minha bochecha e então olhei para frente.

[...]

Entregamos os trabalhos, a aula foi em duplas, para treinar a pronuncia das palavras, o que não era tão difícil, pelo menos no meu caso. ficou com raiva por errar duas vezes seguidas a palavra suprimento enquanto eu ria dela.
-Para ! –Falou irritada.
-Tenta de novo, ai eu paro de rir de você. É fácil vai.
-Versorgung. –Pronunciou devagar. –AHA! Consegui! –Ela gritou e os alunos olharam em nossa direção.
-Dá pra ser mais discreta? –Gargalhei dela.
-Ops. –Falou fechando a boca em uma linha fina prendendo o riso.
-Du bist clever, . –Falei.
-Eu sei, sou muito inteligente! –Ela falou balançando a folha. –São só essas?
-Sim. Você só não conseguiu essa palavra.
-Consegui sim!
-Depois de duas tentativas.
-Releva , você também errou aquela.
-Qual? –Franzi o cenho, sabendo que ela estava brincando.
-Nada, esquece. –Desistiu de falar e se encostou ao parapeito da janela para olhar o jardim.
-Também gosto de ficar vendo lá fora.
-Quando você olha o horizonte se sente pleno, como se nada mais tivesse importância, só aquele momento.
-É como quando estou com você. –Pensei alto e sorriu virando-se para me ver.
-Juro que se o professor não estivesse aqui eu te beijava agora. –Ela mordeu os lábios e eu pisquei.
-Nada que não possamos fazer depois... Repetir toda aquela madrugada também não seria má ideia. –Disse e ela me deu um tapa.
-Cala a boca ! –Ela olhou para trás de mim. –Oi. –Falou para alguém comprimindo os lábios em um sorriso.
-Oi, me dá as folhas, estou recolhendo. –Brittany falou e as deu. –Oi .
-Oi Britt, e o Albert, como está?
-Ótimo, no próximo semestre ele muda de turma. –Falou com um semblante neutro.
-Que legal...
-Tchau. –Falou.
-Tchau. –Respondi também e nos olhava curiosamente.
-Ela tem raiva de você? –Perguntou.
-Não sei, provavelmente. –Fechei a boca em uma expressão ingênua. –Por quê?
-Parecia que ela queria me bater. –Ela gargalhou.
-Por isso eu gosto de você, sempre sorri. –O sorriso dela realmente era lindo, ela toda pra ser sincero.
-Não é só por isso, têm várias outras coisas que eu sei...
-Convencida.
-Realista.
-Nem se acha.
-Não mesmo, tenho certeza. –Deu língua. –Meu Deus, o que foi isso? Estou regredindo para o maternal? –Ela tampou o rosto. – você está me fazendo regredir!
-A culpa agora é minha?
-Sim.
-Tudo bem então. Eu deixo.
-O que você fez com aquela menina?
-É mais fácil perguntar o que eu não fiz. – riu.
-Você não quis ficar com ela?
-Eita, deixa de ser curiosa. –Falei.
-Tenho que me prevenir, vai que me torno outra vitima de ...
-Vitima? Você é uma garota inteligente e eu não sou nenhum tipo de predador... –Fitei seus olhos, debochando.
-Fala logo. –Ela mordeu meu braço.
-Aí porra. –Falei por impulso.
-Olha os palavrões! –Disse. –Anda.
-Na verdade eu fiquei com ela, mas foi só ficar. E depois não quis mais e ela queria, eu acho.
-E eu tenho certeza. Pela cara dela pra mim. Também não quero mais ficar perto de você, não quero ser só mais uma “peguete”, não fala mais comigo . –Falou levantando a cabeça e virando-se para frente.
-Você sabe que não é só mais uma... –Falei sincero. –É diferente, sabe disso.
-Só não sei se isso é bom ou ruim. Sonhei com você todas as noites essa semana. –Falou meio que em um desabafo.
-Você também não saia da minha cabeça. –Disse. –Sabe o que é isso?
-Não, você sabe?
-Que tal descobrirmos juntos?
-Proposta aceita com sucesso. –Respondeu repetindo minha frase quando ela havia feito outro tipo de pergunta há uma semana.

[...]

-Até a próxima semana pessoal. –Cooper encerrou a aula.
-Agora você vai me contar o motivo de ter chegado atrasada? –Levantei-me da cadeira.
-Eu estava passando mal, mas já estou melhor.
-Passando mal? Nem precisava vir. –Olhei-a.
-Não gosto de faltar aula, além de ser caro, é só uma vez na semana. –Respondeu.
“E queria te ver...” pensava.
-Vai voltar sozinha?
-Não, eu vou pegar um táxi. –Ela sorriu.
-Isso é só.
-Óbvio que não, tem o taxista. –Falou me fazendo gargalhar.
-Eu te levo.
-Não precisa, .
-Faço questão. –A puxei pela mão levando a até o carro.

[...]

-Chegamos. –Ela falou.
-É, chegamos. –Me virei para trás para pegar algo que eu havia guardado há uma semana. –Sua bandana. –Estendi em sua direção e o rosto dela se iluminou.
-Ah! Eu estava mesmo procurando, obrigada por ter guardado.
-Por nada.
-Gott! –Ela virou a cabeça para o teto do carro rindo. [Gott é Deus em alemão]
-O que foi?
-Você.
-Eu?
-É, você.
-Sou irresistível?
-Claro, sua maior qualidade é a modéstia. –Falou com sarcasmo.
-Mas sério. O que foi?
-Você, por que tem que ser tão sexy dentro dessa jaqueta? Qual a necessidade? E saber que sem ela é ainda melhor só me da mais vontade de tirá-la. –Ela olhou em meus olhos enquanto eu a fitava.
-Eu tenho que fazer exatamente a mesma pergunta pra você, qual é a necessidade de você ser tão atraente em qualquer roupa? –Falei e então nos entreolhamos gargalhando.
-Eu só tenho certeza de uma coisa.
-Que nós somos muito intensos.
-Exatamente. – disse. –Tchau .
-Tchau . –Sorri de lado e a beijei.
-Não faz assim. Porque senão eu não saio daqui. – partiu o beijo e falou no ouvido.
-Essa é minha intenção... Eu não consigo resistir a você. –Então ela que me beijou dessa vez, lentamente e isso me permitiu sentir o gosto de seus lábios e de aprecia-los mais ainda, cada toque, cada sensação transmitida.
-Está bom. –Ela mordeu meu lábio inferior.
-Me dá uma caneta. –Pedi.
-Aqui. –Me entregou. Peguei então uma folha do meu caderno e escrevi.
-Aqui, meu número. –Dei o papel e devolvi a caneta a ela, que somente sorriu.
-Me dá seu braço. –Estiquei-o em sua direção, então escreveu em minha mão.
-Esse é o meu. Freilos, . –Deu um beijo bem próximo a minha boca e saiu do carro, ela realmente gostava de atiçar.
-Até logo, . Ei, espera! Só mais uma coisa...
-O que? –Ela perguntou balançando a chave.
-Não fique ausente, você pode me deixar para baixo. –Sorri sincero.
-Posso te pedir o mesmo? –Ela retribuiu o sorriso.
-Não tenho motivos para me distanciar.
-Nem eu. –Falou me lançando um beijo e entrou no prédio.

[...]

Sábado chegou e eu reprimia a vontade que me dava de ligar para ela, só pelo simples fato de querer ouvir sua voz. Domingo veio e nenhuma festa parecia ter graça se ela não estivesse lá, Britt me chamou para sair com ela, Albert e mais um grupo de amigos, porém pareceu se surpreender quando eu recusei, realmente, em situações normais eu não negaria um bom frevo, mas atualmente minha única distração era . Não conseguindo segurar meus impulsos peguei o telefone e disquei seu número, não obstante hesitei no momento em que ia apertar o botão, afinal, o que eu falaria? , você não precisa de motivo para nada.” Quando na minha vida me preocupei com isso? Que se dane. Eu iria ligar.
“Alô, !” – Ela atendeu após o celular chamar por uns segundos.
“Oi, . Quer sair hoje?”
“Para um lugar calmo?” – Questionou engraçada.
“Na verdade eu estava pensando em algo agitado, para dançarmos.”
“Você é minha alma gêmea.” – Ela deu um sorriso completamente lindo do outro lado da linha. “Você não sabe o quanto eu estou com vontade de dançar hoje, para acabar com essa minha energia frenética.”
“Isso a gente resolve de outra maneira.” – Falei com malícia.
“Com você eu topo qualquer coisa.” – Ela nunca se intimidava e isso me atraia ao extremo.
“Então está combinado. Passo aí mais tarde.”
“Ok, beijo.”
“Beijão.”

Sem mais demandas, o domingo foi ótimo, estar com me deixava feliz e nos fazia bem. Dançamos muito, beijamos muito, curtimos muito, tudo em grandes proporções, até porque, conosco não podia ser diferente, nada menos que intensidade. Algo dentro de mim começou a aceitar que eu a queria mesmo por perto e que se ela não ficasse eu sentiria sua falta, do seu sorriso, da sua voz, do seu corpo... Tudo aquilo era novo para mim e era perceptível que para também, mas os nossos sentimentos estavam se desencadeando sem mediações, era uma coisa tão natural, genuína, algo que não conseguíamos impedir, mas que em certas situações optávamos por camuflar.

[...]

Sexta feira, 05h50 PM.

Cheguei com um pouco de antecedência no curso de alemão, Jake havia vindo comigo e já sabia de toda minha situação, na verdade, ele era a única pessoa para quem eu contava sobre , além do meu pai, que já havia comentado vez ou outra.
Em todo o percurso dentro do carro ele continuava com a mesma tese sobre mim, porém eu não contestei, não tinha motivo, minha relação com era peculiar, própria nossa. Entrei no lugar e fui beber água enquanto procurava por ela, provavelmente demoraria mais um pouquinho. Descobri em meio a conversas que sua faculdade não era tão distante da minha e que vez ou outra ela almoçava lá perto. Fiquei feliz ao saber disso, eu me enganava dizendo que não sabia o porquê, mas a verdade é que eu já tinha plena consciência.
Estava andando para sentar-me em algum banco e esperar pelo professor quando Brittany se aproximou e eu a cumprimentei.
-Oi Britt. –Dei um beijo em sua bochecha.
-Oi . –Ela falou enquanto mexia em seu cabelo. –Tudo bem?
-Perfeitamente bem. –Respondi.
-Agora é raro poder falar com você, toda sexta só anda com aquela garota no seu encalço.
-Isso não impede ninguém de falar comigo e a é uma pessoa incrível. –“Incrivelmente sexy” pensei e ri comigo mesmo, caramba, eu era louco.
-Sei. –Britt rolou os olhos mastigando seu chiclete. –Mas o que eu quero fazer com você, ela me impede totalmente quando está por perto. –Falou e eu a encarei com as sobrancelhas erguidas e então logo em seguida ela avançou perto de meu rosto e beijou a minha boca, foi só a surpresa passar que eu a afastei.
-Brittany, caramba. Você é um pé no saco. Parece que nunca vai entender, o qual claro você quer que eu seja? Eu não quero N-A-D-A com você. –Falei irritado.
-Eu também não quero nada. –Ela falou olhando por cima de meus ombros, então eu me virei e a vi lá, havia visto a cena e não estava com uma expressão nada amigável, crispou os lábios e saiu andando em direção à sala.
-Parece que a presença dela não te impede de coisa alguma, era justamente o que você queria, eu te achava uma pessoa legal Britt, mas agora vi quem você realmente é. –Falei lançando um olhar a ela e fui para sala atrás de .
Entrei e a vi sentada na carteira próxima a janela como sempre, caminhei em sua direção e coloquei minha mochila na carteira de trás.
-Sai daqui . –Ela fechou os olhos e falou com raiva quando eu cheguei perto. Não respondi nada e sentei-me lá do mesmo jeito. –Por favor, só sai! Senta em outro lugar. –Ela continuou.
-Eu não a beijei, . –Falei.
-E eu sou cega. –Respondeu.
-Foi ela, já te contei o que houve entre nós.
-Quando um não quer dois não fazem . –Ela falou e então vi suas mãos tremerem.
-. –Encostei minha mão em seu braço, mas ela o afastou. –Acredita em mim.
-Você ficou com ela? –Perguntou ainda com a voz ríspida, então me levantei da cadeira e me ajoelhei em sua frente, os alunos começavam a entrar.
-Olhe para mim, nos meus olhos. –Pedi e ela olhou desconfiada. –Você acha que eu mentiria para você?
-Já passei por muitas situações ruins, .
-Eu estou falando agora, comigo. Tenho certeza que você sabe que nós somos diferentes, nos sentimos diferente com relação a qualquer outra coisa, a tudo que nos envolve. –Ela fechou os olhos e sibilou um “eu sei” baixinho. -, eu estou muito ocupado sendo seu para me apaixonar por outra pessoa. –Disse e enfim ela sorriu.
-Ah é? –Abriu os olhos. –Está caidinho por mim? –Ela gargalhou.
-Sempre estive. Só demorei um pouquinho para compreender. Você causa isso, me deixa desnorteado. –Sorri.
-Vem cá. –Ela gesticulou com o dedo, levantou-se da cadeira e me deu um beijo, conquanto, não foi só um beijo. Foi der Kuss.
-, se você me beijar desse jeito de novo... Roupas vão voar e bem aqui mesmo. –Disse ofegante e ela gargalhou.
-Para de ser safado !
-Com você por perto não dá.
-Melhor dar, porque o Cooper está entrando. Vai pro seu lugar.
-Estou indo. –Lhe dei um beijo rápido antes de sentar.
-Sério, senta em outro lugar. –Ela disse.
-Por quê? –Perguntei.
-Você me deixa inquieta. – disse me fazendo rir.
-Então vou ficar aqui mesmo. –Falei para provocar.
-Ainda bem que eu tenho controle sobre mim. –Disse fazendo um coque no cabelo e pegou sua bandana para prendê-lo.
-Espera, me deixa colocar em você.
-Você? –Ela perguntou com a fixa na boca.
-É.
- e , stille. Vou começar a aula e não quero vocês conversando, se não vou ser obrigado a separar os dois, igual professor de ensino fundamental. –O professor falou em nossa direção.
-Desculpa senhor Cooper, isso não vai se repetir. – falou sorrindo em direção a ele que sorriu de volta.
-Eu espero. –Ele falou.
-Toma. –Ela falou me entregando a bandana. –Rápido, se não ele vai brigar de novo. –Disse e então eu a amarrei em seu cabelo.
-Pronto, agora eu pus sua bandana de volta, tá linda.
-Sou linda. –Ela falou.
-É mesmo. –Eu ri.

[...]

A aula estava na metade quando uma ideia louca apareceu em minha cabeça. Levantei-me e fui até a mesa do professor enquanto os alunos realizavam a atividade.
-Lehrer. –Chamei, pois o mesmo se encontrava concentrado em alguma parte de seu livro.
-Pois não?
-Nós entregamos a parte escrita do trabalho semana passada e a oral tem que ser apresentada quando?
-A primeira metade da turma eu programei para semana que vem e a segundo para o inicio de junho.
-Eu poderia apresentar hoje?
-Por qual razão eu deixaria você contrariar o cronograma?
-É uma razão especial, pela .
-O que isso tem a ver com a senhorita ?
-Eu quero fazer um pedido a ela.
-E tem que ser na minha aula? –Ele questionou arqueando suas sobrancelhas.
-Por favor, senhor Cooper.
-Lhe darei os dez minutos finais da aula? É o suficiente? –Falou.
-Mais do que suficiente. Danke lehrer. –Agradeci e voltei em silencio para o meu lugar.

[...]

-Pessoal, faltam dez minutos para o término da aula. A parte oral de Ausdruck von Gefühle só seria iniciada semana que vem, porém o colega de vocês, Collins, pediu para apresentar sua parte nesse tempo final e eu permiti. Lembrando que eu quero algo natural, que vocês expressem o que estão sentindo nesses últimos meses e como as aulas de alemão influenciaram nisso, não há necessidade de nada decorado, só quero o relato de cada um nesse semestre. –Falou. –, por favor. –Ele me direcionou o centro da sala enquanto todos me olhavam.
Bom, eu já tinha entrado naquela, agora é só seguir em frente.
-Boa noite, gente. O que eu vou falar aqui, expressar melhor dizendo, tem sim haver com o inicio das aulas de alemão, mas em especifico não é sobre a aula e sim sobre uma pessoa que eu só conheci devido a ela. –Disse gesticulando e os alunos olhavam com interesse, Jake olhava intrigado, também e de relance vi o olhar de desdém de Britt, mas isso não me importava. –Antes eu estava na primeira etapa do intermediário e, apesar de gostar do idioma, o horário estava me deixando com mau humor. Em um desses dias quando as aulas dessa turma acabaram eu vi uma pessoa e fui perceber a pouco tempo como ela mudou a minha vida. –Eu ainda não olhava diretamente para . –Uma semana depois descobri que passei em um teste e entrei nesta turma, que foi onde pude realmente conhecer esse alguém de quem estou falando. Esse alguém é . –Falei, só então olhando para ela. –Eu não sei o que foi, mas nos aproximamos extremamente rápido e, sinceramente, posso afirmar que ficar distante da presença dela me deixa para baixo. Pude confirmar isso não só durante essas semanas, mas também hoje, quando tive um mal entendido e por um momento achei que ela não fosse mais querer dirigir a palavra a mim e isso pode até parecer idiota ou ser idiota mesmo, mas nesse pequeno momento você me deixou para baixo, amor. –Falei olhando em seus olhos que tinham total atenção em mim. –E seja lá o que temos... Essa energia, essa atração, eu sei que é recíproco. E estou aqui na frente dessa sala somente por uma razão e não é por trabalho nenhum. –Nossos olhares não mais se desviavam. –Só para te perguntar uma coisa.
-Então pergunte. –Ela falou enquanto levantava de sua cadeira e sorria para mim.
-Você quer vir para casa comigo? –Ri lembrando-me da nossa primeira noite.
-Já disse que topo qualquer coisa com você... –Ela piscou.
- você quer ser minha? Você quer ser minha freundin? –Perguntei sorrindo de lado enquanto ela caminhava até mim, então a mesma se aproximou o bastante, somente me puxou para um beijo completamente intenso. A única coisa que ouvi foram as pessoas batendo palma e Jake falando algo como “Caraca, eu devia ter gravado isso!” e logo depois o sinal tocou.
-Isso te responde? –Ela no meu ouvido com a respiração entrecortada. –Com certeza. Minha casa? Agora?
-Claro, porque com você eu topo tudo. –A beijei novamente e ficamos ali por mais alguns segundos, aquela garota tinha potencial e eu estava apaixonado por ela, era algo que não podia negar...

♥ FIM ♥





Nota da Beta (28/06/15): Gente que amor!! Eu estou apaixonada aqui, achei muito amor, uma graça! Amei, apenas. Parabéns, Lara linda, tu arrasa. Acho uma delícia betar tuas fics, e foi um prazer betar essa e quero mais, me mande mais fics tuas, to esperando! E comentem muitooo eim gatas, tanto Lara como eu vamos adorar saber o que acharam da fic. That’s all. Xoxo-A




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