Fanfic finalizada.

Capítulo Único

What kind of dream is this

A trilha de beijos desceu do meu pescoço até minha barriga. Eu suspirava, cada vez que sentia sua barba por fazer roçar na minha pele desnuda. Depois de desvendar todo o meu corpo, ele se acomodou entre as minhas pernas e as abriu, sorrindo sacana com a revelação.
Primeiro, dedilhou-me com um dedo, fazendo-me gemer pela surpresa e excitação. Enfiou um e depois outro e arqueei minhas costas em resposta, querendo mais.
“Tão molhada”, ele falou num sussurro, antes de aproximar sua boca da minha vagina. Quando sua língua encontrou meu ponto, eu gemi alto, revirando os olhos de prazer. Ele definitivamente sabia como levar uma mulher às alturas.
Eu suspirava uma e outra vez, enquanto sua boca explorava minhas partes. Então, quando eu estava chegando ao ápice, ele parou. Eu já levantei o rosto, pronta para reclamar, procurando o que havia de errado. Mas lá estava ele, o rosto logo acima de minhas pernas, seus olhos me encarando, vidrados de prazer, sua língua pronta para me levar até o fim.
Don't wanna wake up from you
Ele. . Meu melhor amigo e totalmente fora da lista de possíveis fodas ou amores. Ao menos, na vida real. Nos sonhos, no entanto, já havia perdido a conta de quantas vezes cenas calientes de nós dois pipocaram em minha perversa mente.
(In)felizmente, o despertador tocou, me impedindo de ter, ainda que na imaginação, minha liberação final. O que é muito triste, se pensar que acordada está bem difícil achar caras tão bons como o do sonho. E. também, porque uma hora é longe de ser tempo suficiente para encontrar o real e agir normalmente.
E quando eu o vejo, na fila da cantina da faculdade, eu relembro que tempo algum será suficiente. A triste e clichê verdade é que estou apaixonada por meu amigo. Me desculpem os romances baratos, eu não queria plagiar vocês.
— Ei! — cumprimentei o dono dos meus pensamentos, dando-lhe um leve empurrão com o quadril.
! — ele me puxou pela cintura e me deu um beijo no pescoço. Um flash do sonho, da boca dele passeando por meu corpo, pisca em minha cabeça.
— Eu preciso de café. — resmunguei. E é a mais completa verdade. O café é como uma água fria nesses meus pensamentos luxuriosos. Por isso, gosto de apelidá-lo de: a bebida da salvação.
— Você acha que estou nessa fila há 20 minutos para quê, baby? — ele sorriu e eu toquei em sua covinha na bochecha, porque ele realmente fica uma fofura quando quer. E um lindo sempre.
Ai, vida difícil.
My guilty pleasure I ain't goin' nowhere
Conheci três anos atrás, quando entrei na faculdade de direito. Ele estava ao meu lado na matrícula, sorridente. Nós conversamos sobre a nova vida, a minha mudança de cidade e, claro, o trote. Dividimos um táxi e uma pizza e eu conheci sua namorada.
Joana e eram o casal mais lindo que eu já havia conhecido. Ela se tornou minha amiga antes mesmo dele. Mas, quando eles terminaram, mais de um ano atrás, eu já era sua companheira diária e ficou para mim a tarefa de brigar com ele sobre o término.
Desde então, ele é o solteiro mais cobiçado do campus. Bem, quando eu digo que ele é bonito, não são meus sentimentos que embaçam minha visão, ele realmente é um pedaço de mau caminho. Alto, com um corpo malhado na medida certa, uns olhos lindos e uma barba de matar. Adicione o sorriso fofo que ele sai distribuindo, como o cara simpático que é, e pronto, você tem a receita certa para destruir o coração de qualquer um.
Um terço dos spotteds da faculdade são para ele. Sem exagero. Eu brinco que eu escrevi todos eles, só para aumentar sua auto-estima. Eu até já fui alvo, por causa dele. Pela nossa proximidade, alguns acreditam que nós somos amigos com benefícios e propõem um ménage a trois.
Mas eu sei, e ele principalmente, pelos olhares cruzados nos corredores, que essas mensagens anônimas não chegam nem aos pés do número das pretendentes reais.
Apesar disso, ou exatamente por causa disso, não namorou ninguém depois de Joana. Tampouco é visto beijando outras em festas e afins. Ele é bastante discreto e nem um pouco pegador. Eu sei de algumas, porque como melhor amiga, eventualmente o vejo em ação, mas nada digo de nota.
— Bobona, aqui está. — me entregou o copo de café e eu sorrio. Nós começamos a andar para a sala, para o primeiro tempo, que já estamos atrasados. — Vai à festa sexta?
Sexta tem a festa do semestre do curso. Entrada barata, open bar. sabe que eu vou. Ele só quer saber se eu vou com ele ou acompanhada de algum affair.
— Sim, com você, Sr. Pinguim. — o chamo assim desde o terceiro período, quando começou a estagiar em um renomado escritório e o terno tornou-se seu companheiro inseparável.
— Não acredito que nem o Alan, nem o Dan, nem o George quiseram sair com você. E os demais contatinhos?
— Você acabou de falar nomes avulsos, né? — eu ri — Mas não estou a fim de sair com nenhum deles. Prefiro você. — confessei, piscando o olho em seguida.
Abro a porta de nossa sala e como o professor já está no palco, eu corro para o lugar, com em meu encalço. Sentando na minha frente, ele vira de costas assim que se ajeita, dando-me a língua.

Seis meses depois...
I'm goin' out of my head
Eu observei de longe conversar com nossa colega de classe. Alguns meses atrás, os sorrisos trocados, mesmo que nada significassem, podiam cutucar meu coração apaixonado. No entanto, agora, eu não me importo. Na verdade, completamente o oposto. Nas últimas cinco semanas, eu tenho tentado ser cupido e arranjar alguém para meu melhor amigo.
, pare de me tentar arranjar alguém. — ele me pediu, um tanto bravo, em uma das nossas agora constantes discussões.
, quero ver você feliz! Desde Joana você não ficou sério com ninguém...
— Eu não preciso de uma droga de uma namorada pra ser feliz, ! E eu realmente não preciso da minha melhor amiga me empurrando para qualquer rabo de saia. — ele suspirou — Só porque você arranjou um namorado, você acha que a porra do mundo inteiro também deve ter. Bem, eu preferia você pegadora e solteira.
Eu bufei, descrente.
— Isso quer dizer que você não gosta de Chace?
— Não é meu cara preferido, mas esse não é o ponto. — ele murmurou — Eu amo você, . Você é minha melhor amiga. Mas você está um porre tentando me arranjar uma namorada. Eu não quero ninguém, ok?
— Tudo bem! — ergueu as mãos, me rendendo. — Não farei mais isso.
Ops, mentirinha. Só teria que ser mais discreta.
Assim que nossa colega de classe se despediu de , eu corri atrás dela, já formulando o que eu falaria a favor de meu amigo. No entanto, eu nunca cheguei a fazê-lo, porque me seguraram pela cintura, me impedindo de continuar.
— Ei, me largue.
Olhei para trás e lá estava , com um sorriso vitorioso no rosto.
— Você não vai ser cupido, .
, ... — Bufei, desistindo. Viro, a fim de ficar de frente para ele, com cuidado para não quebrar nosso contato — Por que você não quer ninguém? E não venha me dizer que está na fase de solteiro, porque eu te conheço.
Ele olhou-me profundamente, parecendo remoer algo em sua mente. Então, puxou-me pelo pescoço e me deu um beijo na bochecha.
— Estou atrasado, . — a seguir, completou, já se afastando: — Nos falamos depois.
— Eu não acredito que você está fugindo!
Mas ele já tinha de fato sumido dali.
So wrap your arms around me for real
— Me diga novamente porque estamos indo para a Choppada do nosso arquiinimigo?
Sim, estamos indo para a festa da nossa faculdade rival. Culpados.
— Por que vai ver você gosta de alguma das mulheres dessa faculdade? — exclamei, pausadamente. — Brincadeira, não me mate!
— Bobona!
— Bem, eu não queria falar disso, mas... Chace terminou comigo. Algo como estar se sentindo preso ou uma merda qualquer dessa.
— O que? — aumentou a voz. — Quem ele acha que é? Qualquer um que pode namorar com você deve agradecer de joelhos!
— Uau, obrigada por aumentar o meu ego!
— Porra, . — ele suspirou — Você é linda, simpática, inteligente. Seu defeito é ter chulé, mas, sério, talcos estão aí pra isso.
— Eu não tenho chulé! — respondi, entre a surpresa e a irritação.
— Tem sim. Ah, e você ronca também. Tenho que ficar 50 metros de distância pra não achar, a todo momento, que um trator vai me atropelar.
Eu avancei para cima dele, ficando de joelhos no uber e dando-lhe tapas no braço, mas não pude segurar o riso.
Boy, you are my temporary high
— Sr. Pinguim, você está bêbado. — eu decretei, capturando sua caneca e jogando o resto do álcool em minha boca. Então, fiz careta.
— E você é uma ladra bêbada.
A verdade é que essa gênia que nos fala esqueceu a caneca e se recusou a pagar 10 reais por um copo de plástico. Pra uma estagiária, isso é praticamente extorsão.
dividia a caneca comigo, o que significa que eu tomei tudo que ele tomou. Provavelmente, 2/3 a mais. Então, quando eu acusei sua falta de sobriedade, provavelmente era aquela típica história do sujo falando do mal lavado.
Hum. Sou inocente até que se prove o contrário. Há, viu. A faculdade de direito serve pra alguma coisa, afinal. Além das festas fodas, quero dizer.
Aliás, falando nisso, lá estava um dos cantores de funk em ascensão, subindo ao palco e começando com a batida. Ao tocar seu único sucesso, todos gritaram e começaram a dançar.
Nós dois seguimos o ritmo. Primeiramente, lado a lado, mas com todo o aperto e agitação, acabou parando atrás de mim. Uns minutos depois, após a vigésima pessoa passar entre nós dois, ele resolveu segurar em minha cintura, a fim de nos manter juntos.
Com as mãos lá, ele brincou de apertar minha carne e passear pelo meu corpo. A princípio, entre risadas, muito inocentemente.
Até que, daqui a pouco, não era mais.
Sentia sua respiração pesada em meu pescoço. Suas mãos deslizavam lentamente pelo meu corpo, enquanto, agora, todas as partes de estavam coladas na minha.
Por sua vez, a canção que invadia o ambiente e o álcool em minhas veias me deram coragem para dançar colada nele. Eu rebolava minha bunda, movimentando meu corpo na batida da música e me esfregando nele. E o rapaz, em resposta, puxava meu corpo para mais perto do dele, acabando com qualquer distância que ainda teria.
Quando eu o encarei e nossos olhares cruzaram, faíscas envolveram-nos. Todo o resto ficou embaçado, confuso, esparso. Eu só conseguia enxergá-lo, seus olhos brilhando de desejo, sua boca entreaberta.
avançou sua boca para o meu pescoço, mordendo minha pele. Eu ri e o segurei pelo pescoço como podia naquela posição. Aproximei nossos rostos até milímetros antes de nossas bocas se encontrarem. Então, parei e sorri para ele, entre a inocência e a provocação.
Por sua vez, ele retirou a mão de mim, mas não se moveu um centímetro. Lá estávamos, coladinhos um no outro, loucos para ceder a magia do momento, mas orgulhosos demais para ceder. É, essa brincadeira poderia durar o resto da noite.
Mas, bem, eu realmente não estava a fim. Por isso, virei às costas para abruptamente, como se estivesse indo embora dali. Então ele fez exatamente o que eu queria, o que tantas vezes eu sonhara durante nossos anos de amizade, antes de me desapaixonar pelo meu melhor amigo. Ele me puxou pelo pulso, me virou e me trouxe novamente para perto dele, antes de me dar um beijão daqueles.
E, caso vocês queiram saber, ele sabe beijar muito bem. Tão bem que depois de uns cinco minutos em que passamos agarrados um ao outro, explorando-nos e, infelizmente, sendo empurrados pelo mar de gente, eu cortei o beijo, pesarosa, e puxei pelo pulso até um dos cantos do lugar.
Apoiei-me na parede e sorri, sedenta, trazendo-o para mim pelo colarinho da blusa. Então, nos beijamos mais e mais e mais. Suas mãos, já bem ousadas, caminharam das minhas costas para a minha bunda. Em resposta, eu passei minha mão por seus braços e tórax, louca para tocar o que até então eu só conhecia de vista.
Passamos muitos minutos ali, esquecendo-nos do mundo, nos entregando ao puro desejo. Até que mordeu meu lábio inferior e afastou nossas bocas.
— Vamos sair daqui? — ele perguntou em meu ouvido, por conta da gritaria. Eu somente assenti, e sua mão em minha cintura me guiou até sua casa.
You can be a sweet dream or a beautiful nightmare
Sabe aquela história de quando você menos espera, aquilo acontece? Foi exatamente isso que aconteceu. Eu passei anos da minha vida apaixonada por , almejando beijá-lo, e deitando-me com sonhos eróticos. Até que, meses atrás, eu finalmente deixei ir. Esqueci todo o sentimento, me permitir entregar meu coração para outras pessoas.
Aliás, aproveitando, Chace, que quebrou meu coração terminando comigo, você é um babaca!
Voltando... É bem irônico. E a parte mais triste é que depois da noite de ontem, da bebedeira e da besteira mais deliciosa que eu fiz, eu estou agoniada, confusa e não tenho uma mísera alma para ligar e pedir ajuda. Porque, bem, é meu melhor amigo. É com ele que tenho intimidade sobre tudo. Mas, aparentemente, não o suficiente para ligar pra ele e discutir, assim como não quer nada, a confusão que envolve nossas vidas.
Quando fomos à choppada, ontem, comentamos como o trajeto foi rápido, da casa do até o local. Na volta, entretanto, os vinte minutos que nos separavam da intimidade total pareceram horas e horas.
No uber, lutamos para nos manter sãos, por mais bêbados que ainda estivéssemos. Com nossos quadris e pernas colados um no outro, sua mão fazia carinho em minha coxa e sua boca de vez em quando encostava em meu pescoço. E, não se enganem, não era absolutamente inocente, como queríamos parecer para o motorista. Ao contrário, sua mão subia minha saia, contornava minha carne, louca para me descobrir. Seus dentes mordiam minha pele, querendo mais.
Quando finalmente descemos do carro e subimos para o apartamento, nos atacamos no elevador mesmo, ignorando as câmeras. Nossas bocas se encontraram novamente, nossos corpos sedentos acabando com qualquer distância.
demorou aproximadamente cinco minutos para girar a chave na fechadura, tudo porque se negava a me soltar. Entre risadas, ele chutou a porta e me pegou pela cintura e correu para o quarto.
E, bem, os inúmeros sonhos eróticos que eu tive com meu amigo se tornaram realidade. E que realidade!
Infelizmente, doces sonhos podem se tornar pesadelos. E, ao acordar com uma ressaca sem tamanha na manhã seguinte, nua, com dormindo ao meu lado, em todo seu esplendor, eu percebi que minha vida nunca mais seria a mesma.
Baby, long as you're here
Como uma corajosa garota, eu estava tentando fugir da vida, assim como fugi da casa do meu amigo, uma semana atrás. Com quem, aliás, não falo desde então.
Desde que nos conhecemos, anos atrás, esse é o maior tempo que fico sem falar, escrever ou gritar o nome dele. E, sinceramente, eu sinto sua falta. E só de pensar nisso eu já fico tristonha, porque está acontecendo tudo que eu mais quis evitar.
Eu sei que em contos de fadas ou fanfics, parece maravilhoso estar apaixonada por seu melhor amigo, pois no final tudo vai dar certo. Bem, a maioria das vezes não dá, porque o sentimento não é correspondido e a amizade, muitas delas, não se sustentam depois das confissões.
Quando me descobri apaixonada por ele, durante meses e meses eu me repreendi por pensar em tentar qualquer coisa, porque nossa amizade é mais importante. No entanto, uma noite, muita bebida e tesão e, pronto, ela está por um fio.
E, com o toque da campainha, chegou o momento de saber se ela vai arrebentar de vez ou, ao contrário, se terá suas cordas remendadas. está atrás da porta, conforme sua mensagem horas atrás informou.
Praticamente de férias na faculdade, com algumas vistas de provas e segundas chamadas, eu consegui evitá-lo nos corredores por todos esses dias, mas não mais. Precisávamos apresentar um trabalho na próxima semana e o encontro, marcado há muito tempo, era inevitável.
Olhei para o olho mágico e lá estava ele, as mãos no bolso, o pé batendo no chão como fazia quando estava nervoso. Bem, pelo menos eu não era a única.
— Ei. — exclamei somente, quando abri a porta — Entra aí.
. — cumprimentou, com um sorriso de lado.
Desde quando ele me chama pelo meu nome? Nós definitivamente estragamos tudo, tudo. Por que bebemos tanto? Porque fomos àquela festa maldita? Porque eu fiz aquela minha virada fatal? Senhor. Eu estou ficando paranóica.
— Quer alguma coisa? — Ele assaltava minha geladeira mesmo quando eu não estava em casa, mas só pareceu necessário fazer essa pergunta.
, se eu quisesse, acredite, eu já estava na cozinha. — ele se jogou no sofá, estendendo os braços no encosto e fazendo-se em casa — Sobre o trabalho de merda, estava pensando em fazer um strip-tease pra galera. Você sabe, pra impedir que eles durmam enquanto explicamos servidão de uso.
— Oh, e você veste alguma coisa, Pinguim? Achava que aquela era sua penugem natural. — me joguei no sofá, feliz por aparentemente tudo estar normal.
— Bobona — ele respondeu somente, me puxando para um abraço.
Seu perfume intoxicou meu cérebro e, se ele falou algo, eu não sei dizer. Mas ainda é meu melhor amigo e tudo está normal entre nós. E vamos fingir que a noite da festa nunca aconteceu.
Tudo normal!...Torçam para que isso funcione.
So it will remain
Funcionou por aproximadamente 3 horas, enquanto discutíamos direitos reais. Acredite, você não vai querer saber sobre essa parte. Mas, depois que finalmente terminamos o trabalho — caso estejam se perguntando, (in)felizmente continuará totalmente vestido-, começamos a conversar sobre, bem, a vida.
— Eu não consigo acreditar que você perdeu o meu presente. — eu murmurei, irritada — E que só me contou isso quatro meses depois! — suspirei — Era uma camisa do Brasil autografada. Tudo bem que um dos autógrafos era de um jogador do Palmeiras, mas podia ter relevado isso, né.
— Ei, não fale mal do meu time! — brigou comigo, rindo em seguida — Nem eu não acredito que perdi aquela blusa naquela viagem pra Santiago. Que aliás, vamos lembrar, foi uma bosta.
— Ninguém mandou ir com seus amigos de São Paulo e não me levar.
— Meu maior arrependimento. — ele puxou-me pelo pulso, me fazendo olhar para ele — Desculpe por minha cabeça avoada. Aquele foi o melhor presente que eu recebi na vida. — ele pensou por um segundo — Na verdade, foi o segundo melhor.
— Hm... Qual foi o primeiro?
— Você e, bom, o boquete que você me deu na outra noite.
! — eu rosnei, sentindo meu rosto ficar vermelho de vergonha — Isso lá é coisa que se diga?
— Ué, foi bom pra caralho, porque não elogiar? — ele deu de ombros. Mais sério, ele completou — E acho que a gente não pode ignorar que transamos, porque rolou.
— Você tem um ponto, apesar de meu rosto demonstrar o quanto tudo isso é constrangedor.
— Tudo bem, eu gosto da envergonhada.
— Eu sonhei com você. — joguei de ímpeto, antes que minha mente travasse. Se ele podia ser sincero, eu também. Era justo, afinal — Sonhos eróticos, se é que você me entende.
— Oh, eu faço. — ele abriu um sorriso, tão genuíno — Quer dizer que a noite foi memorável, hein?
— Na verdade... foi antes disso. Meses atrás. E mais de uma vez.
— Uau, alguém estava querendo meu corpo nu — ele brincou, fazendo-me rir, entre o nervoso e o alívio — E foi tão bom como na realidade?
— Sr. Pinguim, eu nunca disse que semana passada foi bom. — retruquei, com o queixo erguido e a falsa segurança. Há. Vamos esconder que estava me afogando em nervoso horas atrás.
— Ah, você nunca disse as palavras exatas, mas os gemidos e suspiros entrecortados e meu nome gritado tantas vezes e você pedindo mais...
— Tudo bem, — eu pulei do sofá, tendo que me concentrar bastante para manter minhas pernas firmes — eu preciso de uma água.
Se eu encarasse por mais um segundo, com sua covinha e seu sorriso sacana e seus olhos lindos e aquela barba por fazer... Você vê, já me perdi só de pensar em olhar, imagina ao vivo.
— ele me chamou, quando eu já fugia dali. Eu respirei fundo antes de virar, tentando manter a postura. Sentindo-me muito orgulhosa de mim mesmo, ainda perguntei “o quê?”
Ele me olhou por um segundo, parecendo estar perdido. Seus olhos tão profundos, sua mente trabalhando. Então, ele engoliu em seco e desviou os olhos. Ainda escutei um suspiro, antes dele completar, levantando de seu lugar:
— Eu pego pra você.
Somebody pinch me
Vocês já apareceram no spotted da faculdade? Não? Acreditem, não é tão legal quanto parece. Primeiro, todos começam a marcar você. Segundo, você ganha uma atenção que não está procurando. Terceiro, você descobre que, aparentemente, seu melhor amigo está apaixonado por você.
Ok, esse último ponto é somente meu. Alguém achou engraçado mandar um recado anônimo falando que gostava de mim. Bufei. Provavelmente nos viu nos pegando loucamente na choppada e resolveu nos sacanear. Como se não tivesse carga horária suficiente no curso de graduação, pra arranjar o que fazer.
— Acho que sobrevivemos apesar da ausência de strip-tease. — comentou, abraçando-me pelo ombro, logo depois do professor nos dizer que tiramos 10. Um pouco nerds? Talvez.
— Mas as meninas perderam uma super chance. — comentei.
— Bem, elas podem ter uma visão completa sempre que quiserem, é só me procurarem... — ele me viu revirando os olhos — Está com ciúme, bobona?
— Eu não podia me importar menos. — dei de ombros e atravessei a rua, não esperando por ele.
— Ah, eu vi como você não se importou quando minha língua estava na sua... — sua voz chegou em meus ouvidos, enquanto ele corria para me alcançar.
Eu parei no meio da rua e o encarei com os olhos arregalados.
— Você vai usar essa arma o resto da vida, né?
— Não, só até você ir pra cama comigo de novo. — ele respondeu em meu ouvido, enquanto me empurrava pra caçada — Aí usarei essa nova arma. — ele piscou o olho.
— Você é um cafajeste, Sr. Pinguim. — murmurei — Aliás, falando nisso, escreveram um spotted pra gente, acredita? Na verdade, falando que você está apaixonado por mim. Essa faculdade gosta de ver o circo pegar fogo, né?
— Vai ver eu estou realmente apaixonado por você. Vai ver fui eu que mandei.
Eu parei novamente, dessa vez na calçada, e o olhei.
— Essa definitivamente não é o tipo de conversa pra se ter no meio da rua, principalmente quando temos que estar no trabalho daqui a vinte minutos.
— Na verdade, é o momento perfeito. — ele me puxa para a parede e, então, despeja. — Estou apaixonado por você. Pronto. Lide com isso.
— Nunca se declararam pra mim de um jeito tão agressivo. — tentei brincar, mas o rosto do meu amigo não estava nada receptivo e eu suspirei, antes de continuar — Olha, , esse definitivamente não é o momento certo. Quer dizer, não é o momento certo na minha vida para o meu melhor amigo se declarar, nem é o momento certo, no meio da manhã, na rua, e tudo mais. Podemos conversar mais tarde sobre isso?
— Não, , não podemos. Só me diga tudo de uma vez, por pior e mais inadequado que seja.
. — suspirei — Primeiro de tudo, o que eu falarei pode soar super clichê, mas é do fundo do meu coração. Eu te amo. Você é o meu melhor amigo e eu sinceramente não posso viver sem você ao meu lado. Os sete dias que passamos sem se falar, Meu Deus, foi insuportável. A cada meme, a cada acontecimento, eu precisava falar contigo e não poder foi... Enfim. — respirei profundamente — Nossa noite foi... louca e maravilhosa e eu sonhei muito tempo com isso e foi além de qualquer expectativa.
— Mas. — ele falou, já sentindo.
— Mas — repeti — eu não posso. Não posso porque até seis meses atrás eu era completamente apaixonada por você. Sabe, na primeira vez que te vi, te achei lindo, e depois fui descobrindo que você era muito mais. Inteligente, atencioso, um amigo maravilhoso. Eu me apaixonei quando você e Joana ainda namoravam e isso me doeu tanto, porque eu amo Joana e eu amava vocês dois juntos. Me destruía por dentro, me fazia me sentir a pior pessoa do mundo, a fura-olho. Mas me acostumei a ser só — e não é pouca coisa — sua amiga. Vocês terminaram, mas você nunca demonstrou querer estar com ninguém seriamente, muito menos comigo. Às vezes eu olhava para você e simplesmente me perdia e sonhava e sonhava até meus olhos molharem.
— Eu sempre perguntava para você porque estava me encarando daquele jeito assustador — ele completou, começando a encaixar o quebra-cabeça. — Eu nunca — engoliu em seco — pensei que pudesse ser isso.
— Era. Foi. E eu sofri bastante, na verdade, — sorri forçado — mas valeu a pena, pra ter sua amizade também, mas principalmente pra eu crescer, conhecer a mim mesma. Por mais cruel que possa parecer falar isso nesse momento, amor não correspondido, no fundo, é bom. Coloca seus pés no chão, mostra o mundo como é e leva a reflexão de toda a sua vida. Dói pra caralho, mas te transforma numa pessoa mais forte.
— Agora só está doendo mesmo e você nem terminou de me dar um fora.
Eu passei meus dedos delicadamente por meu braço, tentando confortá-lo sem ultrapassar seu espaço. Reparei, então, que as pessoas passavam por nós, na movimentada rua, e nos olhavam com caretas. Eu realmente não me importava, precisava dizer tudo:
— Eu te amo. Sempre vou te amar. Mas, pouco a pouco, a dor foi diminuindo. Eu comecei a me importar, a sentir menos. E, um dia, era só amizade. Eu fiquei tão feliz esse dia. — soltei uma risada — E eu nunca deixei de sair com caras por causa desse sentimento, mas quando ele não mais existia, foi diferente. Eu realmente me senti aberta pra novos relacionamentos. E então houve Chace, aquele desgraçado pra quem eu abri meu coração e ele fez questão de espremer... e, bem, agora dói por ele. Por eu ter sido um tanto idiota também, mas... sua declaração parece uma grande piada sem graça pra mim, porque enquanto eu ansiava por ela, ela nunca veio e assim que eu finalmente me liberto, ela vem. — eu suspirei — Não é sua culpa, longe disso, é só engraçado como a vida age.
— Não me parece engraçado daqui. Parece-me doentio. Obrigada por me contar tudo, . Eu me sinto um completo idiota por não ter visto e sentido isso antes, porque você... você é tudo que eu quero. Você é a pessoa mais divertida e esperta e bonita que conheço e conviver com você é um privilégio tamanho. E não estou dizendo isso porque quero te convencer, mas porque você merece saber. Eu te amo. Te amo como melhor amiga há anos e estou começando a te amar como mulher. Já está doendo pra caralho, e sinceramente não sei se é melhor vê-la todos os dias ou não. Mas você é minha amiga e pode falar comigo ou me escrever sempre, . Nada disso muda nossa amizade. — ele afirmou, por fim, antes de deslizar pelas ruas da cidade.
Mas, apesar das suas palavras, meu coração me dizia que, na verdade, já havia mudado.
What kind of dream is this
Tudo estava ótimo.
Quer dizer, se você acha que fazer hora extra no escritório durante as férias e ficar sem falar com seu melhor amigo durante um mês é ótimo.
Tudo estava ótimo, até que... minha mente me traiu e, noite passada — e também na anterior e a antes dessa, não vou mentir -, eu sonhei com . Vocês sabem, aqueles sonhos novamente. Um calor no ambiente, desejo invadindo o ar, bocas ocupadas, mãos exploradas.
Imaginem meu estado quando eu acordei. Ensopada de suor e puta por não ser mais que um sonho erótico. A primeira vez que isso aconteceu, alguns dias atrás, eu fui a uma balada e peguei o primeiro cara que eu vi — mentira, tenho alguns padrões a se respeitar -, ansiosa para que a falta de sexo, o tesão, fosse a resposta.
No entanto, os malditos continuaram a invadir minha cabeça e a aquecer meu corpo. Quando eu resolvi me aliviar sozinha, pensando num Cauã Reymond da vida, foi que apareceu em meus pensamentos e se tornou o protagonista.
O que fazer quando sua própria mente está contra você?
Eu me afundei em sorvete e filmes de ação, mas o doce em meus lábios me lembra dos beijos de , e mesmo as lutas mais violentas não me distraem das imagens vivas de nós dois juntos.
É, eu estou realmente fodida.
Your love's too good to be true
Sabe aquelas partes finais dos filmes românticos em que o protagonista que fez merda percebe o que fez e se arrepende?
Voilà. Considere-se dentro de um clichê.
Cá estou eu, em um metrô lotado depois de nove horas de trabalho, indo para a casa de . Sem avisar e torcendo para que ele não tenha resolvido sair. Ou, pior, nem queira abrir a porta pra mim.
Nervosa é meu sobrenome do meio e estou repetindo constantemente na minha mente dois lemas:
1 — Temos que tomar atitudes, construir situações, permitir-se.
2 — O não eu já tenho, então que se corra para lutar por um sim.
Pode dizer, eu sou praticamente um livro de autoajuda ambulante.
Subi, cumprimentando o conhecido porteiro. Então, toquei a campainha e , um rapaz do interior de São Paulo que nunca se acostumou com a cidade grande, abriu a porta sem nem mesmo olhar quem se escondia atrás dela. Assim que me viu, travou.
— Sr. Pinguim — acenei, obrigando-me a sorrir. Por favor, Senhor, não faça com que esse momento seja mais constrangedor que o estritamente necessário.
— seu olhar vislumbrou-me dos pés a cabeça — Você está linda.
De fato, eu tinha colocado um vestido preto de corte reto que vestia muito bem, salto alto e retocado a maquiagem antes de sair do trabalho. Sim, estou apelando para a aparência física. Culpada.
— Obrigada, . — agradeci — Então, eu ganho uma cerveja? — pedi, entrando em sua casa sem permissão. Nossos anos de amizade permitem isso, afinal. — Definitivamente preciso de combustível.
— Dia difícil? — ele perguntou, segundos depois, logo que voltou da cozinha com uma cerveja gelada.
— Sim e está prestes a piorar. — mexi-me no sofá, em que já havia me acomodado.
— Você acabou comigo mais ou menos um mês atrás, ao me falar, da maneira mais fofa e impossível de não amar, que não queria nada comigo. — ele sentou-se no pufe a minha frente, tão distante — Nada pode ser pior que isso.
— Olha, eu vou simplesmente despejar tudo, ok? — ele assentiu, um tanto assustado pela minha postura dramática. Tomei um longo gole de cerveja, com a doce ilusão que me encheria de coragem (e não de açúcar), antes de continuar. — Eu gosto de você. Não só como amigo, mas... eu realmente não sei explicar, porque nem mesmo sei entender o que está se passando no meu coração. Mas eu queria simplesmente abrir o jogo com você, porque você é uma pessoa incrível e eu não quero perder você.
, eu vou te interromper por um instante — ele suspirou — Sei que não estamos nos falando muito esses dias — ah, olha o eufemismo aí, Senhor –, mas eu quero deixar muito claro que nossa amizade continua. Não quero que você se sinta pressionada a qualquer coisa pelos meus sentimentos. Eu continuo seu amigo independente de qualquer coisa e estou aqui sempre, ok?
— Eu sei. — sorri para ele, perdendo-me em seus olhos. Ele realmente é sensacional. — Mas, veja, esse é o ponto, ser sua amiga não é suficiente pra mim. Eu quero mais, embora esteja confusa sobre exatamente o que. Quer dizer, eu sempre soube que eu estava apaixonada por você e eu achei que todo esse amor tinha acabado, mas minha mente me mostrou que talvez ainda haja uma chama...
— Sonhos eróticos novamente?
— Sim! — respondi, incrédula sobre como ele adivinhou tão rapidamente — Muito irritante como você me conhece tão bem. — soltei uma risada — Enfim, você realmente me assustou com a sua declaração, embora ela tenha sido tudo que eu quis ouvir durante muito tempo. Na verdade, — pensei — eu gostaria de ouvi-la a qualquer tempo, porque meu coração dispara só de pensar em você dizendo aquelas palavras novamente...
— Eu estou apaixonado por você. — ele repetiu, amoroso e provocador.
— Espertinho — exclamei, sentindo meu coração. — Então, eu refleti por alguns dias e acho que ainda estou apaixonada por você. Quer dizer, minhas mãos estão suadas, minhas pernas tremendo e eu estou morta de vergonha. Penso em você pelo menos um terço do meu dia — e isso fora da cama — e, bem, quero muito beijá-lo novamente.
Um silêncio invadiu a sala, enquanto ele simplesmente me olhava, com os olhos um pouco arregalados.
— Diga algo antes que eu corra escadas abaixo. — murmurei, ansiosa.
— Eu só estou tentando digerir — ele respirou profundamente — Esperei alguns dias para escutar isso, sonhei com esse seu discurso, achei que ele nunca iria acontecer e, agora... o que estou sentindo é indescritível. Parece noite de ano novo, com fogos dentro do meu peito.
levantou, aproximou-se de mim e puxou para erguer-me. Eu deixei me levar, com um sorriso que mal cabia em meu rosto. Meu peito, assim como o dele, explodia de felicidade.
Nada mais precisou ser dito. Ele avançou com sua boca contra a minha e, finalmente, lá estávamos de novo, matando as saudades um do outro, ansiosos, loucos para mais e mais.
Eu quebrei o beijo e o empurrei para o sofá. Então, o segui, colocando cada perna do lado de sua coxa e sentando-me nele. Juntei nossas bocas novamente, enquanto minhas mãos arranhavam suas costas e as suas fixavam-se em tocar todo o meu corpo.
— Preciso perguntar uma coisa: — ele começou, quando trocou meus lábios por meu pescoço, dando-me beijos enquanto eu suspirava em resposta — Quer ser minha namorada?
— Hm... — fingi pensar e, vingativo, ele mordeu minha pele — Ai! — ri — Depende. Você vai agradecer de joelhos por me ter como namorada? — brinquei, retrucando o que ele havia me dito assim que Chace terminara comigo.
— Eu vou agradecer todos os dias de todos os jeitos possíveis. — ele disse, fofo, e só restou-me voltar a beijá-lo calorosamente.
Aparentemente, aqueles seriam doces sonhos dos quais eu nunca precisaria acordar.




Fim!



Nota da autora:Espero que vocês tenham gostado. Eu já estava com a ideia dessa fic há algum tempo e amei escrevê-la. Além disso, apesar de ter já tantas fics, essa é a primeira que é um tanto inspirada na realidade e tem um muso inspirador! <3 HAHAHAHA



Outras Fanfics:
Barefoot (outros) - Em andamento
— Longs: Sexual Diary (restrita); Factory Girl (restrita); Two Sides Of The Law. (restrita)
— Ficstapes: 06. Mean; 02. Untouchable; 11. Gone Tonight; 13. Lost and Found; 14. Man in the Mirror
— Shorts: Prazer, Primavera (outros); One Night Two Years (outros); O Bêbado e A Equilibrista (Challenge#15); Uma Linda Mulher (outros); Quebrando Os Meus Princípios (restrita); Immortal (Especial Mitologia)


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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