Prólogo
E lá estava eu correndo de mais uma multidão no qual queria saber o status do meu relacionamento com um dos caras mais famosos do mundo e, bem, por mais que eu seja famosa também, ser conhecida como a ex ou a namorada de alguém, não é legal. Eu estava passando por problemas de saúde, iria lançar um álbum, tinha dublado uma animação super popular e claro que ninguém é obrigado a se importar, mas me minimizar a um cara, isso já era demais para minha conta.
Eu entrei numa loja de CDs e a dona da loja a fechou comigo e com meus seguranças. Era um lugar espaçoso e ela foi muito gentil comigo, apesar da situação que a coloquei. Procurei pelo dono do nome que estaria estampado junto com o meu nos tabloides mais tarde, até porque a internet era muito rápida para esperar e ele tinha sumido logo naquele momento. Já consigo imaginar em todos os meios de comunicação. é vista com James Locke em passeio romântico, mas por não ser suficiente, é abandonada pelo mesmo.
Não era uma grande mentira, mas as coisas eram sempre amplificadas e o ódio que eu sempre recebia era sufocante, às vezes até distorcia a visão que eu tinha de mim como um todo. Fui chamada atenção pela dona da loja me indicando que tinha acabado de passar pela porta lotada de fãs e paparazzi, sei que ela não brigaria comigo por hoje, mas ficaria muito preocupada, porque além de ser minha assessora, ela era minha amiga. Como esperado, ela estava exalando preocupação e me abraçou logo que chegou perto de mim.
- Eu fiquei muito preocupada quando vi que você estava sendo perseguida, onde ele está? - Ela olhou ao redor e voltou a me encarar. - Qual desculpa ele inventou dessa vez?
Por mais que eu tentasse defendê-lo, a cada vez que tentávamos reatar, ele aprontava alguma e se decepcionava por mim e comigo.
- , ele me disse que iria atender uma ligação e me encontrava aqui. Se quer saber o que acho, parecia importante. - Eu disse.
A verdade era que eu já não conseguia distinguir o que era verdade ou não vindo dele e ter que admitir que mais uma vez eu estava esperando algo que não viria, era simplesmente triste.
- , eu só queria que fosse diferente dessa vez.
Eu não compreendia que estava presa em um ciclo no qual ele me desprezava a todo momento com pequenas ações que para mim não passava de algo que pudesse ser justificado, mas a estava ali e a todo momento tentava me fazer enxergar, mesmo que tarde.
- Vou te tirar daqui, não quero mais prolongar esse pesadelo.
Aquilo não era somente sobre o momento e pela primeira vez eu realmente não queria esperar como sempre fazia desde quando terminamos pela primeira vez. me pegou pela mão e falou com o segurança que me acompanhava que já iríamos, ele pediu que a gente esperasse e falou com mais dois homens, todos eles uniformizados, sendo que um deles veio com a minha assessora. Seguimos os homens e assim que saímos da loja eles tomaram posição ao redor de mim, na frente da loja estava com mais gente que o normal e eu sabia que era porque estávamos hipoteticamente juntos depois de dois anos sem aparições, nem mesmos em eventos.
Quando eu estava prestes a entrar no carro, comecei a escutar xingamentos de diversos lados, as fãs dele me odiavam e faziam de tudo para me atingir de alguma maneira, o que anos antes era algo realmente problemático para mim, hoje em dia eu estava um pouco calejada. Senti apertar mais ainda a minha mão e então finalmente entramos no carro que deu a partida com dificuldade.
O trajeto foi feito em silêncio, eu estava tentando processar tudo que tinha acontecido e tudo que iria acontecer e eu não estava me sentindo pronta para mais um ringue, no qual eu seria massacrada sem piedade por todos os lados. Chegamos ao meu apartamento e foi para a cozinha pegar um copo de água para mim assim que eu afundei no sofá da sala.
- Beba! Você não pode ficar assim, sei que é difícil e não posso saber exatamente como está se sentindo, mas quero que isso passe e estarei aqui até passar. - Ela disse me entregando o copo e sentando ao meu lado enquanto eu bebia a água.
- Estava pensando em você passar um tempo na fazenda da sua avó. - Ela começou a falar outra vez.
Essa ideia não era legal. Eu estava no final da divulgação do álbum e eu tinha que me acertar com o James.
- Mas meus pais não estão lá, então num cruzeiro pelo aniversário de casamento.
Ela sabia disso e de todos os detalhes que eu pudesse falar e usar como um argumento para não cogitar a possibilidade de passar um tempo afastada.
- Eu sei disso, , eu organizei para eles. - Ela disse com um tom de obviedade. - Mas sua vózinha vai estar lá e ela está te esperando, eu disse que você faria uma visita esse final de semana e ela está super animada.
Eu falava com a minha avó quase todos os dias e a mesma nem tinha tocado nesse assunto, o que me fazia acreditar que a estava organizando isso há muito tempo.
- Mas tem a divulgação do álbum. - Essa era a minha última cartada e eu sabia que ela não era de furar com os compromissos, assim como eu.
- Eu cancelei todas as aparições, você vai fazer uma super divulgação amanhã no Showtime com transmissão ao vivo no seu canal do YouTube e depois vai responder algumas perguntinhas rápidas e tchauzinho, mundo. - Ela disse
Minha cabeça estava girando com toda essa mudança na minha agenda e ansiedade sobre o que iria acontecer e como eu deveria agir começaram a me atormentar, eu só conseguia pensar que eu seria criticada ainda mais por todos, mas a hora de mudar um pouco tinha chegado.
Eu entrei numa loja de CDs e a dona da loja a fechou comigo e com meus seguranças. Era um lugar espaçoso e ela foi muito gentil comigo, apesar da situação que a coloquei. Procurei pelo dono do nome que estaria estampado junto com o meu nos tabloides mais tarde, até porque a internet era muito rápida para esperar e ele tinha sumido logo naquele momento. Já consigo imaginar em todos os meios de comunicação. é vista com James Locke em passeio romântico, mas por não ser suficiente, é abandonada pelo mesmo.
Não era uma grande mentira, mas as coisas eram sempre amplificadas e o ódio que eu sempre recebia era sufocante, às vezes até distorcia a visão que eu tinha de mim como um todo. Fui chamada atenção pela dona da loja me indicando que tinha acabado de passar pela porta lotada de fãs e paparazzi, sei que ela não brigaria comigo por hoje, mas ficaria muito preocupada, porque além de ser minha assessora, ela era minha amiga. Como esperado, ela estava exalando preocupação e me abraçou logo que chegou perto de mim.
- Eu fiquei muito preocupada quando vi que você estava sendo perseguida, onde ele está? - Ela olhou ao redor e voltou a me encarar. - Qual desculpa ele inventou dessa vez?
Por mais que eu tentasse defendê-lo, a cada vez que tentávamos reatar, ele aprontava alguma e se decepcionava por mim e comigo.
- , ele me disse que iria atender uma ligação e me encontrava aqui. Se quer saber o que acho, parecia importante. - Eu disse.
A verdade era que eu já não conseguia distinguir o que era verdade ou não vindo dele e ter que admitir que mais uma vez eu estava esperando algo que não viria, era simplesmente triste.
- , eu só queria que fosse diferente dessa vez.
Eu não compreendia que estava presa em um ciclo no qual ele me desprezava a todo momento com pequenas ações que para mim não passava de algo que pudesse ser justificado, mas a estava ali e a todo momento tentava me fazer enxergar, mesmo que tarde.
- Vou te tirar daqui, não quero mais prolongar esse pesadelo.
Aquilo não era somente sobre o momento e pela primeira vez eu realmente não queria esperar como sempre fazia desde quando terminamos pela primeira vez. me pegou pela mão e falou com o segurança que me acompanhava que já iríamos, ele pediu que a gente esperasse e falou com mais dois homens, todos eles uniformizados, sendo que um deles veio com a minha assessora. Seguimos os homens e assim que saímos da loja eles tomaram posição ao redor de mim, na frente da loja estava com mais gente que o normal e eu sabia que era porque estávamos hipoteticamente juntos depois de dois anos sem aparições, nem mesmos em eventos.
Quando eu estava prestes a entrar no carro, comecei a escutar xingamentos de diversos lados, as fãs dele me odiavam e faziam de tudo para me atingir de alguma maneira, o que anos antes era algo realmente problemático para mim, hoje em dia eu estava um pouco calejada. Senti apertar mais ainda a minha mão e então finalmente entramos no carro que deu a partida com dificuldade.
O trajeto foi feito em silêncio, eu estava tentando processar tudo que tinha acontecido e tudo que iria acontecer e eu não estava me sentindo pronta para mais um ringue, no qual eu seria massacrada sem piedade por todos os lados. Chegamos ao meu apartamento e foi para a cozinha pegar um copo de água para mim assim que eu afundei no sofá da sala.
- Beba! Você não pode ficar assim, sei que é difícil e não posso saber exatamente como está se sentindo, mas quero que isso passe e estarei aqui até passar. - Ela disse me entregando o copo e sentando ao meu lado enquanto eu bebia a água.
- Estava pensando em você passar um tempo na fazenda da sua avó. - Ela começou a falar outra vez.
Essa ideia não era legal. Eu estava no final da divulgação do álbum e eu tinha que me acertar com o James.
- Mas meus pais não estão lá, então num cruzeiro pelo aniversário de casamento.
Ela sabia disso e de todos os detalhes que eu pudesse falar e usar como um argumento para não cogitar a possibilidade de passar um tempo afastada.
- Eu sei disso, , eu organizei para eles. - Ela disse com um tom de obviedade. - Mas sua vózinha vai estar lá e ela está te esperando, eu disse que você faria uma visita esse final de semana e ela está super animada.
Eu falava com a minha avó quase todos os dias e a mesma nem tinha tocado nesse assunto, o que me fazia acreditar que a estava organizando isso há muito tempo.
- Mas tem a divulgação do álbum. - Essa era a minha última cartada e eu sabia que ela não era de furar com os compromissos, assim como eu.
- Eu cancelei todas as aparições, você vai fazer uma super divulgação amanhã no Showtime com transmissão ao vivo no seu canal do YouTube e depois vai responder algumas perguntinhas rápidas e tchauzinho, mundo. - Ela disse
Minha cabeça estava girando com toda essa mudança na minha agenda e ansiedade sobre o que iria acontecer e como eu deveria agir começaram a me atormentar, eu só conseguia pensar que eu seria criticada ainda mais por todos, mas a hora de mudar um pouco tinha chegado.
Capítulo Único
Estacionei o carro que eu aluguei perto de uma árvore não muito distante da casa principal da fazenda e desliguei o mesmo, respirando fundo logo em seguida. Não tinha motivos para ficar nervosa, era só a vózinha e ela era a pessoa mais adequada para me acolher e entender naquela situação.
Desci do carro e peguei minhas malas na parte de trás fazendo um verdadeiro malabarismo para carregar todas e fechar a porta do carro. Assim que dei um passo à frente, minhas duas maletas caíram, algo que eu pedia mentalmente que não acontecesse, tentei agachar de todas as maneiras que se pode tentar carregando as três malas restantes e falhei, sendo surpreendida por uma sombra que se agachou e pegou as maletas.
- Quer que eu pegue mais uma? - A pessoa disse.
Era sem dúvida alguma a voz mais grossa e suave que eu já tinha escutado na minha vida, o que não fazia sentido, porque eu não acreditava que pudesse existir essa combinação vocal.
Fiquei parada sem falar nada enquanto tentava assimilar aquela voz a pessoa que estava a minha frente, que era simplesmente alerta de perigo camuflado de quero te fazer feliz, ou talvez eu estivesse traumatizada demais para opinar. O rapaz pegou mais uma mala das minhas mãos e seguiu para a casa, sorrindo para mim logo em seguida, de um jeito bem natural e até fofo. Ele parecia um paraíso tropical, com seus cabelos curtos, olhos castanhos e pele bronzeada. O segui para dentro da casa dos meus avós tentando me lembrar se a tinha me dito de algum primo distante que eu não conhecia e que fosse nos visitar aquele dia.
- Obrigada, querido . - Vovó disse e o abraçou vindo na minha direção logo depois.
- Minha , deixe essas malas agora mesmo e venha me cumprimentar.
Eu não pensei duas vezes e fui ao encontro da minha avó, ela era uma senhora muito conservada e até nova para o tanto de coisa que já tinha vivido e isso me fazia admirá-la mais ainda. Abracei a mesma e ficamos assim por um momento até que eu comecei a chorar. Eu sabia o porquê e a minha avó também, eu estava precisando de um colo maternal e nada melhor do que o dela.
- Estou aqui, querida, não precisa se preocupar. - Ela repetia isso ao passo que eu ia me acalmando e parando de chorar.
Só lembrei que não estávamos sozinhas quando me afastei da mesma, ficando sem graça logo que dei de cara com o rapaz bronzeado que me ajudou com as malas. O se desculpou por me deixar desconfortável, o que não era culpa dele e disse a minha avó que a deixaria me acomodar com mais privacidade, o que foi bem simpático da parte dele e a minha avó o encheu de elogios, pedindo que ele voltasse mais tarde para que eu pudesse conhecê-lo melhor e, pasmem, minha avó deu uma piscadinha por mim, eu não imaginei que minha avó daria uma de cupido, nem com o James ela agiu assim quando o conhecemos num jantar beneficente. saiu e minha avó me puxou pela mão passando pela maior parte dos cômodos da casa, parando depois de um tempo na cozinha, a qual assim que entrei senti o cheiro de bolo que deve ter saído do forno quase que naquele instante.
- Quer me ajudar com a cobertura? - Ela me perguntou.
Minha avó sorria enquanto ia de um lugar a outro da cozinha pegando algumas coisas que faltavam e, quando finalmente parou perto do bolo e o tirou da fôrma com cuidado, ela me indicou a cobertura pronta na ilha da cozinha.
- Eu lembro que quando você era pequena adorava fazer isso comigo e depois pegava a panela e saia correndo para dividir o que ainda tinha nela com seu avô. - A senhorinha disse.
Era uma lembrança muito boa da minha infância, quando eu ia com meus pais para a fazenda do vovô e da vovó quase todo final de semana, e então tudo aconteceu muito rápido e o vovô ficou doente e faleceu logo depois.
- Sinto falta do vovô. - Eu continuei.
Por eu ser uma criança na época, não entendia muito bem o luto, o que me fez adiar o sofrimento. Lembrar dele era muito doloroso, mesmo muito tempo depois. Eu peguei uma espátula na pia e comecei a cobrir o bolo escutando minha avó dizer que também sentia e que estava tudo bem em sentir, mesmo que depois de todos esses anos e que cada um tinha seu tempo. O que podíamos fazer era deixar a lembrança sempre viva.
Ela acariciou o meu ombro e começou a conversar sobre um assunto mais leve e em seguida lavamos a louça, secamos e guardamos. Minha avó aproveitou que a cobertura ainda estava quente para me contar porque resolveu ficar na fazenda aquele período e porque não tinha me dito nada.
- Eu estava me sentindo sufocada na minha própria casa, então sua mãe me deu a ideia de vir e disse para tirar umas férias da cidade grande.
A vovó nunca enjoava da cidade e do movimento, o que me fez pensar que ela não queria ser indelicada comigo ao falar que veio para ser a minha babá.
- Estou aqui há uma semana e todos são simpáticos comigo como sempre, e tem a Julie e o Carl que você já conhece e o que é um rapaz de ouro...
Enquanto minha avó tagarelava sobre todas as pessoas que trabalhavam na fazenda e que moravam perto, eu só conseguia pensar em um nome, . Não que eu estivesse super atraída por ele, mas ele parecia ser uma pessoa legal e minha avó gostava dele e ela era muito seletiva, e eu queria saber se ele era isso tudo mesmo. Pelo menos era o que eu achava, tudo estava muito confuso.
- Então as coisas acontecem de manhã bem cedo, eu estou bem empenhada em ajudar na fazenda outra vez e acho que você vai gostar também, na verdade, eu disse para o que você adorava isso tudo. - Ela disse ainda muito animada.
- Como assim, vózinha? - Eu perguntei num claro sinal de desespero na voz. - A senhora falou de mim para ele? Eu não sei nada relacionado a fazenda. - Eu disse pirando um pouco.
Minha avó gargalhou assim que eu terminei de falar e me encarou com o mesmo ar de quando piscou para , vulgo vovó cupido.
- Você está mesmo preocupada por algo que uma pessoa que não te conhece vai pensar? - Ela me respondeu com outra pergunta.
A resposta era óbvia. Eu sempre me preocupava, então eu disse algo que de fato era o que eu pensava, mesmo que bobo e genérico.
- Ele parece muito legal. - Eu disse. - Só não queria que a primeira impressão sobre mim, fosse essa.
Nem de perto a minha avó engoliria aquela desculpa
- O que acha de ir jantar comigo na casa da Julie e do Carl hoje? Eles estão ansiosos para te rever. - Ela sorriu ao continuar. - O vai estar lá, você vai poder tirar essa tal impressão que você está tão preocupada.
O grande problema era que eu não queria me envolver tão rápido, eu sabia que estava ali para dar um tempo para tudo, mas eu precisava colocar a cabeça no lugar antes.
- Estou meio cansada para sair hoje, vózinha, diga a eles que eu adoraria revê-los em breve, eu só preciso tomar um banho e dormir um pouco.
Ela não ficou triste com a minha recusa em ir jantar com eles, seu olhar era de compreensão. Ela me abraçou de lado e serviu os nossos pratos com o bolo de chocolate, mudando de assunto novamente até a hora que eu subi para o meu quarto. Eu prometi que estava bem e que iria dar uma chance para a fazenda.
Entrei no quarto com as minhas malas e as coloquei num cantinho, me jogando na cama do jeito que tinha chegado mais cedo e chorei pela segunda vez no mesmo dia. Parecia que o peso que estava no meu coração desde o encontro com o James escorria junto das lágrimas e então eu adormeci.
*
Acordei sem saber onde estava, então lembrei da fazenda e levantei devagar. Peguei a minha bolsa na cadeira e procurei o meu celular, ainda estava escuro do lado de fora, o que me fez pensar que ainda estivesse de noite ou até no início da madrugada. Desbloqueei o meu celular e mandei uma mensagem para , dizendo que estava tudo bem e fui para o Twitter. Tinha várias fotos do meu deslocamento até a fazenda, no aeroporto, alugando o carro e várias suposições sobre o que eu estava fazendo longe de casa e sobre quando seria o lançamento do meu álbum já que eu sumi.
Eu sabia que ali tinha alguns fãs se questionando, mas também tinha muitas pessoas que só queriam uma oportunidade para me mandar ódio. Desliguei o celular e fui direto ao banheiro fazer a minha higiene, notando que eu estava do mesmo jeito de quando cheguei mais cedo. Alguns minutos depois, de banho tomado e dente escovado, eu coloquei um conjunto de moletom e calcei as pantufas que eu sempre deixava aqui de reserva e desci as escadas. Não estava mais tão escuro assim, o que me fez ficar um pouco confusa. Subi novamente, troquei as pantufas por sandálias mais simples e fui em direção à saída da casa. Eu saí e dei cara com um lindo céu azul bebê e andei até a árvore que estacionei o carro e sentando no banco que tinha ali, onde fiquei sentindo a brisa e tentando assimilar qual horário eu tinha acordado realmente. E eu poderia chutar que aquele era o nascer do sol.
- Caiu da cama? - Uma voz familiar disse.
Meu coração acelerou com o susto daquela voz perto demais e no impulso soltei um gritinho, fazendo a pessoa até então recém-chegada gargalhar.
- Desculpe se te assustei, pensei que estivesse mais atenta.
E então eu já sabia quem era o dono daquela voz.
- Sou o ! - Ele disse e estendeu a mão para que o cumprimentasse e eu a apertei. -, certo?
Não sei se ele não lembrava ou quis me deixar menos sem graça. Eu confirmei com a cabeça e esperei que ele continuasse.
- Então, você caiu da cama? - Ele repetiu a pergunta agora sem me assustar e eu assenti.
Ele apontou para o banco num pedido silencioso para que pudesse se sentar ao meu lado e eu concordei.
- Pensei que você acordaria mais tarde, a sua avó disse no jantar que você estava muito cansada. - Ele continuou.
Eu me virei em sua direção e pensei no que poderia dizer para justificar, mesmo que uma voz na minha cabeça gritasse me dizendo que eu não precisava.
- Eu realmente estava muito cansada ontem, desculpe por não poder ir. - Entrelacei as minhas mãos e continuei. - E eu sempre acordo muito cedo quando não estou na minha casa.
- Mas aqui é a fazenda da sua família, quer dizer que é sua também. - Ele me respondeu com uma coisa bem óbvia.
E eu entendi claramente o que ele queria me dizer, mas eu conseguia ver um pouco de dúvida nos seus olhos, então resolvi dá uma resposta simples para que não rendesse muito.
- Você tem razão, acho que talvez seja porque não venho muito aqui.
Ele desviou os olhos do meu rosto e focou o céu.
- Acho que você deveria considerar vir com mais frequência. - Ele disse ainda sem me encarar.
Eu não conseguia medir seu grau de sinceridade com aquela frase e suas intenções, mas eu me sentia aquecida. Por mais que aquela fosse a conversa mais aleatória que eu estivesse tendo, ele realmente parecia interessado em saber as coisas e me mostrar que se importava, o que era um tanto estranho já que não nos conhecíamos.
- Você trabalha aqui há muito tempo? - Eu perguntei sem conter a minha curiosidade.
Eu não estava tímida, mas seria melhor se eu mudasse de assunto, afinal como eu iria respondê-lo? Que eu já estava cogitando ficar ali por mais tempo que eu tinha combinado com ? Então era mudar o foco. E ele parecia tão novo para estar a tanto tempo num negócio.
- Eu sou irmão mais novo do Carl. - Ele respondeu a minha pergunta um pouco sem jeito. - Eu não sou tão novo assim, se é o que está pensando.
- Eu não sei de nada. - Sorri descontraída com a sua última fala.
- Fico aqui no período de férias e aproveito para visitar, ajudar com a fazenda e com a loja de Julie na cidade.
Ele não era daqui, mas parecia tão acostumado com tudo, exalava tranquilidade e parecia ser uma ótima pessoa para se manter uma conversa.
- Eu também estou passando as férias, na verdade, eu deveria estar divulgando meu trabalho, mas a minha assessora achou melhor eu me afastar um pouco. - Eu preferi deixar no ar, assim que percebi que iria falar demais. - A fama pode ser bem cansativa às vezes. - Eu disse depois de ambos ficarem um tempo em silêncio.
Ele me encarou por um tempo depois da minha fala, me fazendo pensar mil coisas e então disse.
- Quer comer alguma coisa? Já são quase seis horas, podemos ir na cidade, você dar uma volta e conhecer a melhor lanchonete de todas.
Eu dei um sorriso involuntário e o agradeci por mudar de assunto. Depois de concordar em ir para a cidade eu disse.
- Eu só vou pegar um casaco no meu quarto, pode ser?
Quando eu estava virando para seguir em direção a casa, ele me parou com a mão.
- Vem, eu te empresto um que eu tenho no carro. - Ele disse e passou na minha frente.
Eu o segui até um outro carro um pouco mais distante da casa. Ele destravou e entramos, me dando o tal casaco logo em seguida. Enquanto ele colocava o cinto de segurança, me disse que eu poderia ligar o rádio se quisesse e fui eu colocar o casaco, que tinha nada mais nada menos do que o perfume dele impregnado. Tentei ajeitar no meu corpo da melhor maneira, mesmo que não me importasse com isso e coloquei o sinto. olhou para mim de lado como se para confirmar que poderia dar partida no carro e eu sorri. Eu não queria ser a pessoa a estar na defensiva, mas eu não queria falar nenhuma besteira, então liguei o rádio como ele sugeriu e segui com a minha cabeça em conflito. Diversos pensamentos e eu preferi não dizer nada.
*
Chegamos à cidade mais rápido do que eu imaginei. Assim como eu, não disse nada durante o percurso, o que não foi estranho nem desconfortável, o silêncio entre a gente foi até tranquilo, descobri que temos algo muito legal em comum, gostamos de música country e ele ficou mais bonito que o normal enquanto cantarolava e dirigia.
- , está tudo bem? - Ele perguntou o que não parecia ser pela primeira vez e eu tentei não transparecer que estava nervosa, o que nem tinha justificativa.
- Eu estou ótima, porque não estaria?
Lógico que não estaria, fui pega sonhando acordada com o cara super gato que estava na minha frente, notando que eu estava sonhando. Ele me olhou com a testa um pouco franzida e disse que não era por nada, mas que eu estava com uma cara um pouco estranha.
- Enfim, a lanchonete fica do outro lado da rua. - Ele disse agora com uma expressão um pouco tensa. - Mas tem um probleminha.
Eu nem poderia imaginar o que pudesse ser. Talvez a ex-namorada dele trabalhasse lá, mas ele só estaria preocupado se estivesse interessado, o que não era o caso e seria em vão. Enfim, eu não queria essa opção da ex. Ele está interessado.
- Eu deveria ter contado antes, mas o pessoal meio que gosta muito de você por aqui. - Ele disse como se estivesse aliviado por ter contado, mesmo que tarde.
Essa era a última coisa que eu esperava escutar, mas acho que seria moleza. Eu sabia lidar muito bem com fãs.
- Eles são um pouco mais que fãs às vezes, eu não sei explicar. - Ele continuou e eu percebi que ele estava um pouco constrangido pelo que aconteceria em instantes.
Atravessamos a rua e ele abriu a porta para que eu entrasse e eu me deparei com uma decoração super exagerada e uma foto minha atualmente perto do balcão e outra da minha infância na fazenda. Era quase que como se fosse uma extensão da minha casa, o que foi bem bizarro. Quando entramos o sino da porta nos denunciou e todas as pessoas pararam o que estavam fazendo para olhar em nossa direção. Andei como se nada tivesse acontecendo com logo atrás e sentamos numa mesa. Logo que sentamos, uma menina de aparentemente 17 anos veio nos atender e ela parecia muito nervosa, então eu sorri e perguntei se ela estava bem, ela ficou paralisada e então chamou a atenção dela. Ele foi muito simpático, mas ela ainda parecia muito nervosa. Nos atendeu e foi para a cozinha levar os nossos pedidos.
- Desculpe por isso , a Kittie é uma das pessoas aqui que mais te acompanha. - Ele disse e a cada minuto ele ficava mais fofo e eu não sabia lidar com isso.
- Não precisa se desculpar, eu fico muito feliz que as pessoas da minha cidade natal gostem de mim. Eu me sinto ainda mais grata pelo lugar de onde vim.
Ele me olhou de uma forma um pouco diferente, mas não parecia ser por um sinal ruim e então continuamos conversando sobre coisas mais banais e outras nem tão banais, entre uma foto e outra com o pessoal que estava na lanchonete. E ele me contou dos cavalos que ele cuidava às vezes na fazenda vizinha e a cachoeira que ele prometeu me levar antes de eu ir embora.
- Então quer dizer que você é advogado? - Eu não conseguia acreditar no que estava escutando.
- Sim! Por que está tão surpresa? - Ele perguntou.
- Porque você tem cara de tudo, menos advogado. - Eu disse da forma mais óbvia que consegui.
- Como o quê? - Ele perguntou mais uma vez.
- Sufista gostosão e cowboy.
Então ele gargalhou do que eu disse, do um jeito até exagerado, se inclinando para trás e colocando a mão sobre a barriga e eu comecei a me dar conta do que tinha acabado de dizer.
Fui salva por Kittie junto a uma meia dúzia de pessoas que a acompanhavam com os nossos pedidos. Ela colocou os pedidos na mesa e ficou parada como se esperasse um espetáculo.
- Eu posso ajudar vocês em alguma coisa? - eu disse da melhor maneira possível e abri um sorriso super amigável.
- Podemos te ver comer? - Uma das pessoas atrás da garota disse.
Essa era a última coisa que eu esperava escutar e quando olhei para o ele parecia assustado, como se aquilo excedesse tudo que ele tinha se preparado.
- Olha, pessoal, acabei de lembrar que vamos ter que ir embora, teremos que comer no caminho, o que acham de uma foto com todos? Eu bato. - disse.
*
Duas semanas tinham se passado desde o dia na lanchonete na cidade, um evento bizarro no qual eu fiquei pensando por horas e bem, virou notícia no mundo das celebs. é vista numa lanchonete em sua cidade natal com um cara super gato, ela tirou foto com todas as pessoas para pensarmos que ela é legal. Depois que escapamos da lanchonete , ele dirigiu até uma rua mais pacata do que a própria cidade e comemos nosso lanche, visitamos a loja da Julie , na qual quem estava era a sobrinha dela a Amy e a mesma só aceitou uma foto comigo, porque disse que a Julie não ligaria.
Voltamos para a fazenda perto do almoço e a vovó fez uma cara estranha quando nos viu juntos, como se estivesse realizando um sonho. Depois de almoçar com todos lá em casa, foi ajudar o Carl e o dia acabou, com a vovó e eu fazendo uma sobremesa para o jantar.
No dia seguinte pela manhã, eu saí e fiquei no mesmo lugar num pedido silencioso de que queria a companhia dele mais uma vez e funcionou, ele me encontrou todos os dias ao nascer do sol e mantemos quase a mesma linha de coisas feitas nos outros dias. Ele me fazia esquecer todas as coisas negativas no qual falavam sobre mim e me fazia esquecer James, que tinha me mandado mensagens depois que minhas fotos com o fizeram que todos esquecerem dele por um momento.
Então lá estava eu mais uma vez, esperando dentro do carro, enquanto o conversava com um homem e apontava para o carro. Ele apertou as mãos do homem e andou em direção a minha porta, abrindo a mesma.
- Antes que pergunte, porque eu sei que você está muito curiosa. - Ele disse sorridente.
Acho que talvez a minha vergonha por ele saber naquele momento que eu estava o observando e estava curiosa, era maior do que a minha própria curiosidade.
- Eu te trouxe para esse passeio, porque eu queria te levar para montar a cavalo. - Ele continuou a falar.
- Sério? Eu não acredito, que legal! - Eu disse e a minha cara de surpresa foi quase que mais impagável do que na vez que descobri sobre ele ser advogado.
- E eu só apontei para o carro, porque ele não estava acreditando que a minha companhia era . - Ele riu da própria fala e continuou. - Você é tão incrível que ninguém acredita em mim.
Ele me encarou com um olhar divertido e finalmente abriu o carro para que eu saísse. O segui até o estábulo e entramos. Encontramos algumas pessoas uniformizadas e vários cavalos sendo cuidados e, mais à frente, dois prontos para montaria. Eles eram muito lindos e eu tive que me segurar para que a empolgação não passasse de um sorriso e eu começasse a pular e gritar. segurou a minha mão e me guiou até eles, cumprimentou os rapazes e me apresentou. Eles me ajudaram a montar em um dos cavalos, enquanto montava em outro.
- Você lembra do básico sobre montaria? - Ele perguntou um pouco preocupado, como que se lembrasse que tinha que ter feito essa pergunta antes de me levar ali.
- Bom, você segura com firmeza, mantém a calma e… - Ele começou a falar de forma cuidadosa e um pouco preocupada.
Eu poderia deixar ele pirar um pouco imaginando mil formas das quais eu poderia me ferir, mas se eu continuasse prestando tanta atenção nele eu realmente iria mesmo.
- Está tudo bem, , eu sei o básico sobre montaria. - Eu disse e sorri.
Ele retribuiu o meu sorriso e pegou a minha mão por um instante antes de me indicar para segui-lo. Percorremos alguns quilômetros com os cavalos, e depois de algumas corridas e brincadeiras bobas sobre quem montava melhor com as mãos nas costas, paramos perto de uma sombra com algumas árvores, e ele foi o primeiro a descer do cavalo. Ele o amarrou no tronco de uma das árvores e veio em minha direção para me ajudar a descer. Ele me pegou pela mão e fomos em direção à árvore maior. Quando paramos eu pude reparar uma cesta média de piquenique em cima de uma toalha no centro de todas as árvores, onde a sombra estava centralizada.
- Fique à vontade! Vou hidratar os cavalos. - Ele disse.
Tudo parecia tão planejado, ninguém nunca tinha sido tão atencioso, e nem era meu aniversário.
- Voltei. - Ele disse depois de alguns minutos e se sentou do meu lado e começou a fazer uma lista com os dedos. - Então nós temos uma torta de frango, sucos, sanduíches e uma sobremesa secreta que eu inventei ontem quando estava preparando a cesta.
Aquilo estava sendo tão mágico, que eu só conseguia pensar que estava num paraíso. Ele tirou cada item da cesta, juntamente com seu jogo de pratos e perguntou se poderia me servir a torta ou os sanduíches.
Comemos os sanduíches enquanto conversávamos sobre alguns de seus trabalhos na fazenda durante a semana e sobre minha cara de horrorizada com o nascimento do bezerro no dia anterior.
- Em minha defesa, eu nunca tinha visto algo assim, era totalmente normal essa minha expressão. - Eu disse e então ele gargalhou pela milésima vez.
- Talvez eu devesse escalar você para me ajudar nos próximos. - Ele disse dando uma mordida no seu sanduíche.
Depois de eu quase ataca-lo, ele disse que era brincadeira e mudamos de assunto.
- , eu queria te agradecer, por aceitar esse passeio de hoje. - Ele disse se virando totalmente para a minha direção.
Eu terminei de beber o meu suco, o encarei e então ele continuou.
- Esses dias em que estive na sua presença, tem sido muito significativo para mim. - Ele disse e acariciou a minha mão.
Eu poderia jurar que estava escutando as batidas do meu coração.
- Você é uma mulher incrível e eu acho que está mais do que claro que eu estou atraído por você de todos os jeitos possíveis.
Eu apertei a mão dele com a sua última fala e, num impulso fui em sua direção e encostei os nossos lábios. Fiquei alguns segundos assim, e então eu afastei. Ele estava de olhos abertos num claro sinal de desentendimento.
- Eu jurava que você fosse me dar um tapa na cara. - Ele disse foi em minha direção. Iniciamos mais um beijo, um pouco demorado dessa vez, que foi seguido de outro e outro.
*
Duas semanas e meia depois do primeiro beijo e o continuou a me levar a passeios super planejados que eu nunca pensei que iria e a fazer sua sobremesa secreta de morango. Só quem sabia sobre a gente era a vovó, o Carl, a Julie e a , que estava pulando de alegria. Não estávamos namorando, mas eu iria amar se estivéssemos. O que não era uma boa ideia naquele momento, segundo , que mesmo muito animada, me instruiu a ser cuidadosa, para não expor o . Ele já sabia sobre essa minha preocupação e fazia de tudo para que em público mostrássemos somente a nossa amizade, o que estava se tornando um pouco difícil. Um mês que eu estava afastada, num lugar que quase ninguém tinha acesso e eu estava me sentindo muito bem. Ali era o meu esconderijo e eu não conseguia mais lembrar de quando tinha me preocupado de verdade com todas as críticas sobre mim.
A única coisa que eu não estava esperando era um convite para apresentar a minha música de estreia do álbum em uma das maiores premiações musicais e, bem, eu tinha que contar para o , que era uma pessoa super tranquila, mas eu sabia que o James estaria lá e eu não conseguia pensar nos dois no mesmo lugar. E então várias perguntas rodeavam a minha cabeça. Seria essa a hora para assumir algo sério com o ? Ele iria querer isso?
Eu teria que voltar em uma semana e tudo que eu conseguia pensar era em fugir do , logo ele que não tinha culpa nenhuma naquele conflito. Alguém bateu na porta do meu quarto e eu gritei para que entrasse, sentei ereta na cama esperando que fosse e me deparei com a minha avó.
- Está tudo bem, querida? O disse que você recebeu uma ligação, ficou muito estranha e foi deitar mais cedo. Então ele me pediu para vim conferir como você estava. - Ela disse, entrou no quarto e andou em direção a minha cama onde sentou na ponta da mesma.
- Estou cansada, vovó.
- Aconteceu algo? Ele estava preocupado.
Eu não tinha nenhuma opção melhor então contei tudo para a vovó, para que com sorte ela pudesse me dar uma sugestão sobre o que fazer.
- Você tem que levar o para essa premiação, dar um super beijo nele lá e esquecer o James ioiô. – Ela disse depois de escutar toda a história.
Minha cara de apavorada estava mais que evidente e então a vózinha me abraçou. Era difícil pensar que um passo que eu desse e fosse o errado, eu poderia estragar tudo. Prometi a minha avó e a mim mesma que iria tentar me acertar com . A ligação era da sobre a premiação e eu deveria ter contado tudo para ele ali mesmo.
Alguns dias se passaram desde que a vózinha me aconselhou e eu estava evitando o o que era muito difícil e estranho, já que passávamos a maior parte do tempo juntos ultimamente. Faltando um dia para a minha volta, eu fui para a frente da casa receber a , e então encontrei o sentado no nosso banco. Eu tentei voltar para dentro, mas ele virou bem a tempo de me ver.
- , fiquei preocupado. Aconteceu algo? - Ele perguntou vindo em minha direção. - Eu fiz algo que você não gostou?
Ele parecia cansado, como se não tivesse dormido e eu comecei a me sentir culpada, porque era claro que estar preocupado com que pudesse estar acontecendo o afetava muito. Quando eu estava prestes a me explicar o Carl chegou com meu carro e parou onde eu sempre estacionava e a desceu, vindo em nossa direção. A gente não conversava direito desde o dia que ela disse que estava arrumando tudo para o dia da apresentação.
- ! Que saudade. - Ela disse e me abraçou como se não me visse há anos. Depois de um tempo assim se afastou e encarou o .
- , esse é o . - Eu disse.
Eu não queria apresentá-los assim, namorado seria tão mais adequado. E estávamos quase que numa conversa séria. Eles se cumprimentaram e a soltou a bomba.
- Estou tão ansiosa para a premiação, já alugou o seu terno ? - Ela perguntou realmente animada. - Se ainda não, eu tenho alguns contatos que adorariam vestir o namorado de uma das cantoras mais famosas do mundo.
O que sucedeu a fala da minha amiga foi uma sequência de desastre. O me olhou um pouco incrédulo como se tudo não passasse de uma brincadeira sem graça já que tínhamos conversado sobre algo bem ao contrário daquilo. Ele questionou , que não deixou nenhum detalhe de lado, mas ficou sem entender quando minha cara foi ficando pálida e eu não conseguia dizer nada de tão paralisada. Até que a pior parte chegou e ela notou que ele não sabia e tentou se explicar, o que só piorou.
O me pediu uma explicação e eu travei. Ele saiu chateado e lá estava eu mais uma vez no meu quarto, só que agora com a . Eu não conseguia assimilar o que tinha acabado de acontecer e ainda estava em choque. A me dizia palavras de apoio e queria que eu a deixasse falar com o , mas quem tinha que fazer isso era eu, o que era algo que eu não estava em condições. Só de pensar que coloquei tudo a perder com ele, me deixava muito angustiada. Senti um peso terrível ser colocado nos meus ombros novamente.
Depois de me culpar até não ter mais motivo, eu adormeci sem nem me importar com as horas. Acordei pela manhã com me cutucando e fui para o banheiro fazer a minha higiene, teríamos que estar no avião antes do almoço e isso me partia o coração. Terminei de me arrumar e coloquei mais algumas coisas na minha bolsa de mão. Eu não fazia ideia de quando poderia voltar novamente e pensar que iria sem falar com o tirava a minha paz. Eu desci as escadas e minha vózinha já estava nos esperando
- Sua mala já está no carro, querida.
Eu a abracei e segui para fora da casa, onde estava Carl e Julie perto do meu carro. Ambos me abraçaram e eu notei que o não estava em nenhum lugar ali perto. Carl entrou na parte do motorista, seguido por e logo depois por mim. Cheguei ao aeroporto quase duas horas antes e e eu ficamos sentadas aguardando que a fila do check-in diminuísse. Fizemos um lanche e eu não conseguia me importar com a demora e a espera. Eu queria que o aparecesse, me falasse que não estava tão chateado por eu não ter conversado com ele e que estava disposto a encarar tudo aquilo comigo, já que depois de todo esse mal entendido, eu conseguia passar um pouco por cima da minha insegurança.
Àquela altura dos fatos eu seguiria com toda certeza o conselho que minha avó me deu alguns dias antes de levá-lo a premiação, mas ele sumiu e nem me deu uma pista do que pensava sobre todos esses assuntos que eu nem sequer conseguia expor também. Fizemos o check-in e fomos para a sala de embarque. Na sala, esperamos o momento que seríamos chamadas para embarcar no avião e, mais uma vez, eu só queria que ele chegasse e me parasse e sei lá mais o que, ou só se despedisse, com um discurso pronto sobre não podermos ficar juntos por causa das nossas vidas muito diferentes.
Fomos as primeiras a embarcar por estarmos na primeira classe e enquanto eu me instalava, foi atender o celular. Ela saiu nervosa e eu fiquei sozinha no meu acento, pensando que eu ainda poderia fugir dali antes que o avião decolasse e eu poderia procurar o , dizer que estava loucamente apaixonada e que ele era o meu esconderijo. Então a voltou, um pouco mais animada. Alguns instantes depois o avião decolou e já era tarde demais para qualquer plano de fuga da minha parte ou da dele.
*
Eu cheguei na premiação e a me pediu para esperar enquanto falava no telefone. Alguns poucos minutos depois, eu a vi colocando o mesmo em sua bolsa e então ela abriu a porta do carro novamente e eu saí para o tapete vermelho. Todas as minhas esperanças sobre tinham ido para o espaço e então eu respirei fundo e segui com para o evento. Assim que passei pelo corredor de fãs e fotógrafos, dei de cara com James Locke, que estava acompanhado por uma loira conhecida por todos e até por mim como a sua amiga modelo, Holly.
Eu sabia que eles eram mais do que isso, mas não me dizia respeito a muito tempo. Ele notou a minha presença, se separou dela no mesmo instante e se preparou para vir na minha direção. Eu peguei a mão de e saí, sem nem olhar para trás. Eu já estava puxando por entre as salas e corredores tinha um tempinho e ela não reclamou em nenhum momento do meu quase surto, o que era estranho.
- Vira nesse corredor aí, o seu camarim é logo na frente. - disse e eu só alimentei meus pensamentos sobre como ela estava estranha, ou talvez a estranha fosse eu.
Chegando na sala, eu encontrei tudo já pronto para a minha apresentação. Troquei de roupa e sentei para retocar a minha maquiagem e alguns detalhes para a minha apresentação. Observei minha amiga mais uma vez ao telefone e fechei os olhos para fazer o meu ritual pré-palco. me levou por entre os corredores para atrás do palco, onde uma mulher me deu uma garrafinha de água e eu esperei. Meu nome foi chamado e eu entrei logo em seguida, sendo tomada por uma onda de aplausos e gritos. Fui em direção ao piano e sentei
- Conheçam uma das músicas mais importantes desse álbum! Eu a escrevi recentemente enquanto estava um pouco afastada de vocês.
Os holofotes me cegavam e antes de começar a cantar eu pensei em . Comecei os primeiros acordes da música no piano e o local foi tomado por um silêncio quase que sincronizado.
- Is there a place where I can hide away?
Depois da apresentação, eu agradeci a todos e saí em disparado para o backstage. Eu nem tinha percebido, mas tinha me emocionado. Quando cheguei ao meu camarim, encontrei a pessoa que eu mais queria ver em todas aquelas horas, o . Ele estava vestido com um lindo blazer preto e sustentava um sorriso tímido nos lábios.
*
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Faltava algumas horas para a premiação começar e mais uma para a apresentação da . Alguns dias atrás ela tinha começado a ficar estranha depois que recebeu uma ligação e passou a me evitar. Eu não fazia ideia do que pudesse ser e o motivo pelo qual a mesma estava assim comigo, mas eu tinha esperança que ela fosse me dar abertura para que pudéssemos conversar e se acertar sobre qualquer que pudesse ser o assunto. Eu a esperei como sempre no nosso banco ao nascer do sol, mas ela não apareceu, então segui a minha rotina normalmente. Quando cheguei um pouco depois do horário do almoço, a avó dela correu em minha direção e disse que ela já tinha ido para o aeroporto e que estaria embarcando dali em alguns instantes, eu não conseguia pensar com clareza e então fiquei andando em círculos.
- Querido, pare com isso, vai afundar a grama. - Ela disse.
A mulher à minha frente tinha um olhar confiante e pela sua expressão eu poderia jurar que ela já sabia cada passo do que viria a acontecer e então ela disse.
- Escute com atenção o que vou lhe dizer. A gosta muito de você e ela queria de todo coração que vocês não tivessem tido esse desentendimento e está bem claro para mim que você também não queria. - Ela me encarou como se confirmasse cada palavra que dizia e continuou. - Mas estou com uma dúvida. Por que você deixou que esse mal entendido a tirasse de perto de você?
Durante todo o dia eu fiquei sem saber como abordar cada parte daquele assunto e em como eu poderia evitar que ela se afastasse mais ainda de mim, e agora eu entendia que pensar demais a tinha feito imaginar que eu estava com medo de embarcar com ela nisso tudo e que eu não gostasse dela o suficiente para passar por cima das diferenças que as nossas vidas tinham. Depois de me fazer refletir um pouco e me acalmar, a vovó me pediu para ligar o mais rápido possível para a , a amiga e assessora da . Eu liguei para a mesma enquanto arrumava algumas mudas de roupa numa mochila e colocava no meu carro. Ela me disse que já estavam no avião prestes a decolar e que poderia me ajudar se eu fosse rápido. me disse para entrar em contato com um conhecido dela numa agência de viagem no aeroporto. Depois do papo com ela, eu me despedi de todos e segui para o aeroporto. Eu estava tentando me acalmar e só de pensar que ela estaria muito triste aquele momento, o meu coração apertava.
Eu cheguei ao aeroporto e fiz o que a me pediu, em 15 minutos eu embarquei e pude respirar um pouco aliviado, a segunda fase começava quando eu chegasse lá. Algumas horas depois eu já estava num carro em direção ao evento em que já deveria estar prestes a se apresentar. Eu passei pelo tapete vermelho sem ser notado, já que a premiação já tinha começado e procurei uma outra pessoa que me levaria até a . Alguns minutos de espera e mais alguns andando de um lugar para outro, senti alguém do meu lado.
- ! Estou tão animada por você ter chegado antes da apresentação dela. - disse assim que me abordou.
Eu suspirei aliviado por notar que finalmente tinha a encontrado e que não tinha perdido a apresentação.
- Ela vai subir ao palco em alguns minutos, você pode assistir a apresentação perto do palco, mas quando a música estiver prestes a acabar você tem que refazer o caminho que eu vou te mostrar e ir para o camarim dela. - me passou algumas instruções e eu assenti.
- Anotado, .
- Estou pedindo que faça isso, porque já estou cansada de curiosos se metendo na vida dela. - Ela terminou a sua fala e me abraçou de lado, um pouco emotiva.
Eu concordei mais uma vez e, então, antes seguir caminho eu achei que deveria dizer algo também.
- Obrigada por me ajudar, eu pretendo cuidar todos os dias também. -Eu disse. sorriu para mim e seguimos para o local combinado.
*
A apresentação dela foi simplesmente perfeita e eu quase que esqueci de ir para o camarim onde eu tinha sido instruído a esperar. Eu sabia que todo o deslocamento dela até ali não demoraria, mas eu estava quase pirando por esperar, o que não era muito, já que minha espera não tinha chegado nem a quinze minutos. A porta se abriu depois de mais alguns minutos e eu me virei num sobressalto. entrou sendo seguida pela que paralisou logo que notou a minha presença. Eu sorri para a mesma e andei em sua direção, a abraçando logo em seguida. Ela não demorou muito para corresponder e eu pude reparar a porta fechando logo atrás da gente.
- Eu gostei muito da sua música e você está perfeita nesse vestido, eu acho que você deveria usar mais vezes. - Eu atropelei algumas palavras enquanto tentava dizer tudo o que pensava.
Eu nem sabia por onde começar e então ela me interrompeu quando colou os nossos lábios e iniciou um beijo calmo. Naquele momento eu esqueci todas as preocupações e senti como se estivesse voando.
- Me desculpe por ter bagunçado tudo entre a gente, eu só queria que você fizesse parte de algo importante para mim e ao mesmo tempo não queria te expor. Você não merece perder a sua paz. -Ela disse logo depois que cortou o beijo e me abraçou outra vez.
Eu me afastei com cuidado e segurei a sua mão, chamando a sua atenção.
- Isso tudo foi uma grande bagunça mesmo, mas eu estou aqui para que cada parte se ajeite. - Eu apertei a sua mão e continuei. - Eu sei que você ficou com medo de me envolver em todo esse tumulto, brilho e críticas, que não te dão descanso. Mas eu estou disposto a entrar nisso por nós dois e nunca largar a sua mão outra vez.
Eu levei a minha mão livre ao seu rosto e toquei seus lábios em uma leve carícia, sussurrando perto dos seus lados uma das frases da sua música.
- Sweeter place.
Desci do carro e peguei minhas malas na parte de trás fazendo um verdadeiro malabarismo para carregar todas e fechar a porta do carro. Assim que dei um passo à frente, minhas duas maletas caíram, algo que eu pedia mentalmente que não acontecesse, tentei agachar de todas as maneiras que se pode tentar carregando as três malas restantes e falhei, sendo surpreendida por uma sombra que se agachou e pegou as maletas.
- Quer que eu pegue mais uma? - A pessoa disse.
Era sem dúvida alguma a voz mais grossa e suave que eu já tinha escutado na minha vida, o que não fazia sentido, porque eu não acreditava que pudesse existir essa combinação vocal.
Fiquei parada sem falar nada enquanto tentava assimilar aquela voz a pessoa que estava a minha frente, que era simplesmente alerta de perigo camuflado de quero te fazer feliz, ou talvez eu estivesse traumatizada demais para opinar. O rapaz pegou mais uma mala das minhas mãos e seguiu para a casa, sorrindo para mim logo em seguida, de um jeito bem natural e até fofo. Ele parecia um paraíso tropical, com seus cabelos curtos, olhos castanhos e pele bronzeada. O segui para dentro da casa dos meus avós tentando me lembrar se a tinha me dito de algum primo distante que eu não conhecia e que fosse nos visitar aquele dia.
- Obrigada, querido . - Vovó disse e o abraçou vindo na minha direção logo depois.
- Minha , deixe essas malas agora mesmo e venha me cumprimentar.
Eu não pensei duas vezes e fui ao encontro da minha avó, ela era uma senhora muito conservada e até nova para o tanto de coisa que já tinha vivido e isso me fazia admirá-la mais ainda. Abracei a mesma e ficamos assim por um momento até que eu comecei a chorar. Eu sabia o porquê e a minha avó também, eu estava precisando de um colo maternal e nada melhor do que o dela.
- Estou aqui, querida, não precisa se preocupar. - Ela repetia isso ao passo que eu ia me acalmando e parando de chorar.
Só lembrei que não estávamos sozinhas quando me afastei da mesma, ficando sem graça logo que dei de cara com o rapaz bronzeado que me ajudou com as malas. O se desculpou por me deixar desconfortável, o que não era culpa dele e disse a minha avó que a deixaria me acomodar com mais privacidade, o que foi bem simpático da parte dele e a minha avó o encheu de elogios, pedindo que ele voltasse mais tarde para que eu pudesse conhecê-lo melhor e, pasmem, minha avó deu uma piscadinha por mim, eu não imaginei que minha avó daria uma de cupido, nem com o James ela agiu assim quando o conhecemos num jantar beneficente. saiu e minha avó me puxou pela mão passando pela maior parte dos cômodos da casa, parando depois de um tempo na cozinha, a qual assim que entrei senti o cheiro de bolo que deve ter saído do forno quase que naquele instante.
- Quer me ajudar com a cobertura? - Ela me perguntou.
Minha avó sorria enquanto ia de um lugar a outro da cozinha pegando algumas coisas que faltavam e, quando finalmente parou perto do bolo e o tirou da fôrma com cuidado, ela me indicou a cobertura pronta na ilha da cozinha.
- Eu lembro que quando você era pequena adorava fazer isso comigo e depois pegava a panela e saia correndo para dividir o que ainda tinha nela com seu avô. - A senhorinha disse.
Era uma lembrança muito boa da minha infância, quando eu ia com meus pais para a fazenda do vovô e da vovó quase todo final de semana, e então tudo aconteceu muito rápido e o vovô ficou doente e faleceu logo depois.
- Sinto falta do vovô. - Eu continuei.
Por eu ser uma criança na época, não entendia muito bem o luto, o que me fez adiar o sofrimento. Lembrar dele era muito doloroso, mesmo muito tempo depois. Eu peguei uma espátula na pia e comecei a cobrir o bolo escutando minha avó dizer que também sentia e que estava tudo bem em sentir, mesmo que depois de todos esses anos e que cada um tinha seu tempo. O que podíamos fazer era deixar a lembrança sempre viva.
Ela acariciou o meu ombro e começou a conversar sobre um assunto mais leve e em seguida lavamos a louça, secamos e guardamos. Minha avó aproveitou que a cobertura ainda estava quente para me contar porque resolveu ficar na fazenda aquele período e porque não tinha me dito nada.
- Eu estava me sentindo sufocada na minha própria casa, então sua mãe me deu a ideia de vir e disse para tirar umas férias da cidade grande.
A vovó nunca enjoava da cidade e do movimento, o que me fez pensar que ela não queria ser indelicada comigo ao falar que veio para ser a minha babá.
- Estou aqui há uma semana e todos são simpáticos comigo como sempre, e tem a Julie e o Carl que você já conhece e o que é um rapaz de ouro...
Enquanto minha avó tagarelava sobre todas as pessoas que trabalhavam na fazenda e que moravam perto, eu só conseguia pensar em um nome, . Não que eu estivesse super atraída por ele, mas ele parecia ser uma pessoa legal e minha avó gostava dele e ela era muito seletiva, e eu queria saber se ele era isso tudo mesmo. Pelo menos era o que eu achava, tudo estava muito confuso.
- Então as coisas acontecem de manhã bem cedo, eu estou bem empenhada em ajudar na fazenda outra vez e acho que você vai gostar também, na verdade, eu disse para o que você adorava isso tudo. - Ela disse ainda muito animada.
- Como assim, vózinha? - Eu perguntei num claro sinal de desespero na voz. - A senhora falou de mim para ele? Eu não sei nada relacionado a fazenda. - Eu disse pirando um pouco.
Minha avó gargalhou assim que eu terminei de falar e me encarou com o mesmo ar de quando piscou para , vulgo vovó cupido.
- Você está mesmo preocupada por algo que uma pessoa que não te conhece vai pensar? - Ela me respondeu com outra pergunta.
A resposta era óbvia. Eu sempre me preocupava, então eu disse algo que de fato era o que eu pensava, mesmo que bobo e genérico.
- Ele parece muito legal. - Eu disse. - Só não queria que a primeira impressão sobre mim, fosse essa.
Nem de perto a minha avó engoliria aquela desculpa
- O que acha de ir jantar comigo na casa da Julie e do Carl hoje? Eles estão ansiosos para te rever. - Ela sorriu ao continuar. - O vai estar lá, você vai poder tirar essa tal impressão que você está tão preocupada.
O grande problema era que eu não queria me envolver tão rápido, eu sabia que estava ali para dar um tempo para tudo, mas eu precisava colocar a cabeça no lugar antes.
- Estou meio cansada para sair hoje, vózinha, diga a eles que eu adoraria revê-los em breve, eu só preciso tomar um banho e dormir um pouco.
Ela não ficou triste com a minha recusa em ir jantar com eles, seu olhar era de compreensão. Ela me abraçou de lado e serviu os nossos pratos com o bolo de chocolate, mudando de assunto novamente até a hora que eu subi para o meu quarto. Eu prometi que estava bem e que iria dar uma chance para a fazenda.
Entrei no quarto com as minhas malas e as coloquei num cantinho, me jogando na cama do jeito que tinha chegado mais cedo e chorei pela segunda vez no mesmo dia. Parecia que o peso que estava no meu coração desde o encontro com o James escorria junto das lágrimas e então eu adormeci.
Acordei sem saber onde estava, então lembrei da fazenda e levantei devagar. Peguei a minha bolsa na cadeira e procurei o meu celular, ainda estava escuro do lado de fora, o que me fez pensar que ainda estivesse de noite ou até no início da madrugada. Desbloqueei o meu celular e mandei uma mensagem para , dizendo que estava tudo bem e fui para o Twitter. Tinha várias fotos do meu deslocamento até a fazenda, no aeroporto, alugando o carro e várias suposições sobre o que eu estava fazendo longe de casa e sobre quando seria o lançamento do meu álbum já que eu sumi.
Eu sabia que ali tinha alguns fãs se questionando, mas também tinha muitas pessoas que só queriam uma oportunidade para me mandar ódio. Desliguei o celular e fui direto ao banheiro fazer a minha higiene, notando que eu estava do mesmo jeito de quando cheguei mais cedo. Alguns minutos depois, de banho tomado e dente escovado, eu coloquei um conjunto de moletom e calcei as pantufas que eu sempre deixava aqui de reserva e desci as escadas. Não estava mais tão escuro assim, o que me fez ficar um pouco confusa. Subi novamente, troquei as pantufas por sandálias mais simples e fui em direção à saída da casa. Eu saí e dei cara com um lindo céu azul bebê e andei até a árvore que estacionei o carro e sentando no banco que tinha ali, onde fiquei sentindo a brisa e tentando assimilar qual horário eu tinha acordado realmente. E eu poderia chutar que aquele era o nascer do sol.
- Caiu da cama? - Uma voz familiar disse.
Meu coração acelerou com o susto daquela voz perto demais e no impulso soltei um gritinho, fazendo a pessoa até então recém-chegada gargalhar.
- Desculpe se te assustei, pensei que estivesse mais atenta.
E então eu já sabia quem era o dono daquela voz.
- Sou o ! - Ele disse e estendeu a mão para que o cumprimentasse e eu a apertei. -, certo?
Não sei se ele não lembrava ou quis me deixar menos sem graça. Eu confirmei com a cabeça e esperei que ele continuasse.
- Então, você caiu da cama? - Ele repetiu a pergunta agora sem me assustar e eu assenti.
Ele apontou para o banco num pedido silencioso para que pudesse se sentar ao meu lado e eu concordei.
- Pensei que você acordaria mais tarde, a sua avó disse no jantar que você estava muito cansada. - Ele continuou.
Eu me virei em sua direção e pensei no que poderia dizer para justificar, mesmo que uma voz na minha cabeça gritasse me dizendo que eu não precisava.
- Eu realmente estava muito cansada ontem, desculpe por não poder ir. - Entrelacei as minhas mãos e continuei. - E eu sempre acordo muito cedo quando não estou na minha casa.
- Mas aqui é a fazenda da sua família, quer dizer que é sua também. - Ele me respondeu com uma coisa bem óbvia.
E eu entendi claramente o que ele queria me dizer, mas eu conseguia ver um pouco de dúvida nos seus olhos, então resolvi dá uma resposta simples para que não rendesse muito.
- Você tem razão, acho que talvez seja porque não venho muito aqui.
Ele desviou os olhos do meu rosto e focou o céu.
- Acho que você deveria considerar vir com mais frequência. - Ele disse ainda sem me encarar.
Eu não conseguia medir seu grau de sinceridade com aquela frase e suas intenções, mas eu me sentia aquecida. Por mais que aquela fosse a conversa mais aleatória que eu estivesse tendo, ele realmente parecia interessado em saber as coisas e me mostrar que se importava, o que era um tanto estranho já que não nos conhecíamos.
- Você trabalha aqui há muito tempo? - Eu perguntei sem conter a minha curiosidade.
Eu não estava tímida, mas seria melhor se eu mudasse de assunto, afinal como eu iria respondê-lo? Que eu já estava cogitando ficar ali por mais tempo que eu tinha combinado com ? Então era mudar o foco. E ele parecia tão novo para estar a tanto tempo num negócio.
- Eu sou irmão mais novo do Carl. - Ele respondeu a minha pergunta um pouco sem jeito. - Eu não sou tão novo assim, se é o que está pensando.
- Eu não sei de nada. - Sorri descontraída com a sua última fala.
- Fico aqui no período de férias e aproveito para visitar, ajudar com a fazenda e com a loja de Julie na cidade.
Ele não era daqui, mas parecia tão acostumado com tudo, exalava tranquilidade e parecia ser uma ótima pessoa para se manter uma conversa.
- Eu também estou passando as férias, na verdade, eu deveria estar divulgando meu trabalho, mas a minha assessora achou melhor eu me afastar um pouco. - Eu preferi deixar no ar, assim que percebi que iria falar demais. - A fama pode ser bem cansativa às vezes. - Eu disse depois de ambos ficarem um tempo em silêncio.
Ele me encarou por um tempo depois da minha fala, me fazendo pensar mil coisas e então disse.
- Quer comer alguma coisa? Já são quase seis horas, podemos ir na cidade, você dar uma volta e conhecer a melhor lanchonete de todas.
Eu dei um sorriso involuntário e o agradeci por mudar de assunto. Depois de concordar em ir para a cidade eu disse.
- Eu só vou pegar um casaco no meu quarto, pode ser?
Quando eu estava virando para seguir em direção a casa, ele me parou com a mão.
- Vem, eu te empresto um que eu tenho no carro. - Ele disse e passou na minha frente.
Eu o segui até um outro carro um pouco mais distante da casa. Ele destravou e entramos, me dando o tal casaco logo em seguida. Enquanto ele colocava o cinto de segurança, me disse que eu poderia ligar o rádio se quisesse e fui eu colocar o casaco, que tinha nada mais nada menos do que o perfume dele impregnado. Tentei ajeitar no meu corpo da melhor maneira, mesmo que não me importasse com isso e coloquei o sinto. olhou para mim de lado como se para confirmar que poderia dar partida no carro e eu sorri. Eu não queria ser a pessoa a estar na defensiva, mas eu não queria falar nenhuma besteira, então liguei o rádio como ele sugeriu e segui com a minha cabeça em conflito. Diversos pensamentos e eu preferi não dizer nada.
Chegamos à cidade mais rápido do que eu imaginei. Assim como eu, não disse nada durante o percurso, o que não foi estranho nem desconfortável, o silêncio entre a gente foi até tranquilo, descobri que temos algo muito legal em comum, gostamos de música country e ele ficou mais bonito que o normal enquanto cantarolava e dirigia.
- , está tudo bem? - Ele perguntou o que não parecia ser pela primeira vez e eu tentei não transparecer que estava nervosa, o que nem tinha justificativa.
- Eu estou ótima, porque não estaria?
Lógico que não estaria, fui pega sonhando acordada com o cara super gato que estava na minha frente, notando que eu estava sonhando. Ele me olhou com a testa um pouco franzida e disse que não era por nada, mas que eu estava com uma cara um pouco estranha.
- Enfim, a lanchonete fica do outro lado da rua. - Ele disse agora com uma expressão um pouco tensa. - Mas tem um probleminha.
Eu nem poderia imaginar o que pudesse ser. Talvez a ex-namorada dele trabalhasse lá, mas ele só estaria preocupado se estivesse interessado, o que não era o caso e seria em vão. Enfim, eu não queria essa opção da ex. Ele está interessado.
- Eu deveria ter contado antes, mas o pessoal meio que gosta muito de você por aqui. - Ele disse como se estivesse aliviado por ter contado, mesmo que tarde.
Essa era a última coisa que eu esperava escutar, mas acho que seria moleza. Eu sabia lidar muito bem com fãs.
- Eles são um pouco mais que fãs às vezes, eu não sei explicar. - Ele continuou e eu percebi que ele estava um pouco constrangido pelo que aconteceria em instantes.
Atravessamos a rua e ele abriu a porta para que eu entrasse e eu me deparei com uma decoração super exagerada e uma foto minha atualmente perto do balcão e outra da minha infância na fazenda. Era quase que como se fosse uma extensão da minha casa, o que foi bem bizarro. Quando entramos o sino da porta nos denunciou e todas as pessoas pararam o que estavam fazendo para olhar em nossa direção. Andei como se nada tivesse acontecendo com logo atrás e sentamos numa mesa. Logo que sentamos, uma menina de aparentemente 17 anos veio nos atender e ela parecia muito nervosa, então eu sorri e perguntei se ela estava bem, ela ficou paralisada e então chamou a atenção dela. Ele foi muito simpático, mas ela ainda parecia muito nervosa. Nos atendeu e foi para a cozinha levar os nossos pedidos.
- Desculpe por isso , a Kittie é uma das pessoas aqui que mais te acompanha. - Ele disse e a cada minuto ele ficava mais fofo e eu não sabia lidar com isso.
- Não precisa se desculpar, eu fico muito feliz que as pessoas da minha cidade natal gostem de mim. Eu me sinto ainda mais grata pelo lugar de onde vim.
Ele me olhou de uma forma um pouco diferente, mas não parecia ser por um sinal ruim e então continuamos conversando sobre coisas mais banais e outras nem tão banais, entre uma foto e outra com o pessoal que estava na lanchonete. E ele me contou dos cavalos que ele cuidava às vezes na fazenda vizinha e a cachoeira que ele prometeu me levar antes de eu ir embora.
- Então quer dizer que você é advogado? - Eu não conseguia acreditar no que estava escutando.
- Sim! Por que está tão surpresa? - Ele perguntou.
- Porque você tem cara de tudo, menos advogado. - Eu disse da forma mais óbvia que consegui.
- Como o quê? - Ele perguntou mais uma vez.
- Sufista gostosão e cowboy.
Então ele gargalhou do que eu disse, do um jeito até exagerado, se inclinando para trás e colocando a mão sobre a barriga e eu comecei a me dar conta do que tinha acabado de dizer.
Fui salva por Kittie junto a uma meia dúzia de pessoas que a acompanhavam com os nossos pedidos. Ela colocou os pedidos na mesa e ficou parada como se esperasse um espetáculo.
- Eu posso ajudar vocês em alguma coisa? - eu disse da melhor maneira possível e abri um sorriso super amigável.
- Podemos te ver comer? - Uma das pessoas atrás da garota disse.
Essa era a última coisa que eu esperava escutar e quando olhei para o ele parecia assustado, como se aquilo excedesse tudo que ele tinha se preparado.
- Olha, pessoal, acabei de lembrar que vamos ter que ir embora, teremos que comer no caminho, o que acham de uma foto com todos? Eu bato. - disse.
Duas semanas tinham se passado desde o dia na lanchonete na cidade, um evento bizarro no qual eu fiquei pensando por horas e bem, virou notícia no mundo das celebs. é vista numa lanchonete em sua cidade natal com um cara super gato, ela tirou foto com todas as pessoas para pensarmos que ela é legal. Depois que escapamos da lanchonete , ele dirigiu até uma rua mais pacata do que a própria cidade e comemos nosso lanche, visitamos a loja da Julie , na qual quem estava era a sobrinha dela a Amy e a mesma só aceitou uma foto comigo, porque disse que a Julie não ligaria.
Voltamos para a fazenda perto do almoço e a vovó fez uma cara estranha quando nos viu juntos, como se estivesse realizando um sonho. Depois de almoçar com todos lá em casa, foi ajudar o Carl e o dia acabou, com a vovó e eu fazendo uma sobremesa para o jantar.
No dia seguinte pela manhã, eu saí e fiquei no mesmo lugar num pedido silencioso de que queria a companhia dele mais uma vez e funcionou, ele me encontrou todos os dias ao nascer do sol e mantemos quase a mesma linha de coisas feitas nos outros dias. Ele me fazia esquecer todas as coisas negativas no qual falavam sobre mim e me fazia esquecer James, que tinha me mandado mensagens depois que minhas fotos com o fizeram que todos esquecerem dele por um momento.
Então lá estava eu mais uma vez, esperando dentro do carro, enquanto o conversava com um homem e apontava para o carro. Ele apertou as mãos do homem e andou em direção a minha porta, abrindo a mesma.
- Antes que pergunte, porque eu sei que você está muito curiosa. - Ele disse sorridente.
Acho que talvez a minha vergonha por ele saber naquele momento que eu estava o observando e estava curiosa, era maior do que a minha própria curiosidade.
- Eu te trouxe para esse passeio, porque eu queria te levar para montar a cavalo. - Ele continuou a falar.
- Sério? Eu não acredito, que legal! - Eu disse e a minha cara de surpresa foi quase que mais impagável do que na vez que descobri sobre ele ser advogado.
- E eu só apontei para o carro, porque ele não estava acreditando que a minha companhia era . - Ele riu da própria fala e continuou. - Você é tão incrível que ninguém acredita em mim.
Ele me encarou com um olhar divertido e finalmente abriu o carro para que eu saísse. O segui até o estábulo e entramos. Encontramos algumas pessoas uniformizadas e vários cavalos sendo cuidados e, mais à frente, dois prontos para montaria. Eles eram muito lindos e eu tive que me segurar para que a empolgação não passasse de um sorriso e eu começasse a pular e gritar. segurou a minha mão e me guiou até eles, cumprimentou os rapazes e me apresentou. Eles me ajudaram a montar em um dos cavalos, enquanto montava em outro.
- Você lembra do básico sobre montaria? - Ele perguntou um pouco preocupado, como que se lembrasse que tinha que ter feito essa pergunta antes de me levar ali.
- Bom, você segura com firmeza, mantém a calma e… - Ele começou a falar de forma cuidadosa e um pouco preocupada.
Eu poderia deixar ele pirar um pouco imaginando mil formas das quais eu poderia me ferir, mas se eu continuasse prestando tanta atenção nele eu realmente iria mesmo.
- Está tudo bem, , eu sei o básico sobre montaria. - Eu disse e sorri.
Ele retribuiu o meu sorriso e pegou a minha mão por um instante antes de me indicar para segui-lo. Percorremos alguns quilômetros com os cavalos, e depois de algumas corridas e brincadeiras bobas sobre quem montava melhor com as mãos nas costas, paramos perto de uma sombra com algumas árvores, e ele foi o primeiro a descer do cavalo. Ele o amarrou no tronco de uma das árvores e veio em minha direção para me ajudar a descer. Ele me pegou pela mão e fomos em direção à árvore maior. Quando paramos eu pude reparar uma cesta média de piquenique em cima de uma toalha no centro de todas as árvores, onde a sombra estava centralizada.
- Fique à vontade! Vou hidratar os cavalos. - Ele disse.
Tudo parecia tão planejado, ninguém nunca tinha sido tão atencioso, e nem era meu aniversário.
- Voltei. - Ele disse depois de alguns minutos e se sentou do meu lado e começou a fazer uma lista com os dedos. - Então nós temos uma torta de frango, sucos, sanduíches e uma sobremesa secreta que eu inventei ontem quando estava preparando a cesta.
Aquilo estava sendo tão mágico, que eu só conseguia pensar que estava num paraíso. Ele tirou cada item da cesta, juntamente com seu jogo de pratos e perguntou se poderia me servir a torta ou os sanduíches.
Comemos os sanduíches enquanto conversávamos sobre alguns de seus trabalhos na fazenda durante a semana e sobre minha cara de horrorizada com o nascimento do bezerro no dia anterior.
- Em minha defesa, eu nunca tinha visto algo assim, era totalmente normal essa minha expressão. - Eu disse e então ele gargalhou pela milésima vez.
- Talvez eu devesse escalar você para me ajudar nos próximos. - Ele disse dando uma mordida no seu sanduíche.
Depois de eu quase ataca-lo, ele disse que era brincadeira e mudamos de assunto.
- , eu queria te agradecer, por aceitar esse passeio de hoje. - Ele disse se virando totalmente para a minha direção.
Eu terminei de beber o meu suco, o encarei e então ele continuou.
- Esses dias em que estive na sua presença, tem sido muito significativo para mim. - Ele disse e acariciou a minha mão.
Eu poderia jurar que estava escutando as batidas do meu coração.
- Você é uma mulher incrível e eu acho que está mais do que claro que eu estou atraído por você de todos os jeitos possíveis.
Eu apertei a mão dele com a sua última fala e, num impulso fui em sua direção e encostei os nossos lábios. Fiquei alguns segundos assim, e então eu afastei. Ele estava de olhos abertos num claro sinal de desentendimento.
- Eu jurava que você fosse me dar um tapa na cara. - Ele disse foi em minha direção. Iniciamos mais um beijo, um pouco demorado dessa vez, que foi seguido de outro e outro.
Duas semanas e meia depois do primeiro beijo e o continuou a me levar a passeios super planejados que eu nunca pensei que iria e a fazer sua sobremesa secreta de morango. Só quem sabia sobre a gente era a vovó, o Carl, a Julie e a , que estava pulando de alegria. Não estávamos namorando, mas eu iria amar se estivéssemos. O que não era uma boa ideia naquele momento, segundo , que mesmo muito animada, me instruiu a ser cuidadosa, para não expor o . Ele já sabia sobre essa minha preocupação e fazia de tudo para que em público mostrássemos somente a nossa amizade, o que estava se tornando um pouco difícil. Um mês que eu estava afastada, num lugar que quase ninguém tinha acesso e eu estava me sentindo muito bem. Ali era o meu esconderijo e eu não conseguia mais lembrar de quando tinha me preocupado de verdade com todas as críticas sobre mim.
A única coisa que eu não estava esperando era um convite para apresentar a minha música de estreia do álbum em uma das maiores premiações musicais e, bem, eu tinha que contar para o , que era uma pessoa super tranquila, mas eu sabia que o James estaria lá e eu não conseguia pensar nos dois no mesmo lugar. E então várias perguntas rodeavam a minha cabeça. Seria essa a hora para assumir algo sério com o ? Ele iria querer isso?
Eu teria que voltar em uma semana e tudo que eu conseguia pensar era em fugir do , logo ele que não tinha culpa nenhuma naquele conflito. Alguém bateu na porta do meu quarto e eu gritei para que entrasse, sentei ereta na cama esperando que fosse e me deparei com a minha avó.
- Está tudo bem, querida? O disse que você recebeu uma ligação, ficou muito estranha e foi deitar mais cedo. Então ele me pediu para vim conferir como você estava. - Ela disse, entrou no quarto e andou em direção a minha cama onde sentou na ponta da mesma.
- Estou cansada, vovó.
- Aconteceu algo? Ele estava preocupado.
Eu não tinha nenhuma opção melhor então contei tudo para a vovó, para que com sorte ela pudesse me dar uma sugestão sobre o que fazer.
- Você tem que levar o para essa premiação, dar um super beijo nele lá e esquecer o James ioiô. – Ela disse depois de escutar toda a história.
Minha cara de apavorada estava mais que evidente e então a vózinha me abraçou. Era difícil pensar que um passo que eu desse e fosse o errado, eu poderia estragar tudo. Prometi a minha avó e a mim mesma que iria tentar me acertar com . A ligação era da sobre a premiação e eu deveria ter contado tudo para ele ali mesmo.
Alguns dias se passaram desde que a vózinha me aconselhou e eu estava evitando o o que era muito difícil e estranho, já que passávamos a maior parte do tempo juntos ultimamente. Faltando um dia para a minha volta, eu fui para a frente da casa receber a , e então encontrei o sentado no nosso banco. Eu tentei voltar para dentro, mas ele virou bem a tempo de me ver.
- , fiquei preocupado. Aconteceu algo? - Ele perguntou vindo em minha direção. - Eu fiz algo que você não gostou?
Ele parecia cansado, como se não tivesse dormido e eu comecei a me sentir culpada, porque era claro que estar preocupado com que pudesse estar acontecendo o afetava muito. Quando eu estava prestes a me explicar o Carl chegou com meu carro e parou onde eu sempre estacionava e a desceu, vindo em nossa direção. A gente não conversava direito desde o dia que ela disse que estava arrumando tudo para o dia da apresentação.
- ! Que saudade. - Ela disse e me abraçou como se não me visse há anos. Depois de um tempo assim se afastou e encarou o .
- , esse é o . - Eu disse.
Eu não queria apresentá-los assim, namorado seria tão mais adequado. E estávamos quase que numa conversa séria. Eles se cumprimentaram e a soltou a bomba.
- Estou tão ansiosa para a premiação, já alugou o seu terno ? - Ela perguntou realmente animada. - Se ainda não, eu tenho alguns contatos que adorariam vestir o namorado de uma das cantoras mais famosas do mundo.
O que sucedeu a fala da minha amiga foi uma sequência de desastre. O me olhou um pouco incrédulo como se tudo não passasse de uma brincadeira sem graça já que tínhamos conversado sobre algo bem ao contrário daquilo. Ele questionou , que não deixou nenhum detalhe de lado, mas ficou sem entender quando minha cara foi ficando pálida e eu não conseguia dizer nada de tão paralisada. Até que a pior parte chegou e ela notou que ele não sabia e tentou se explicar, o que só piorou.
O me pediu uma explicação e eu travei. Ele saiu chateado e lá estava eu mais uma vez no meu quarto, só que agora com a . Eu não conseguia assimilar o que tinha acabado de acontecer e ainda estava em choque. A me dizia palavras de apoio e queria que eu a deixasse falar com o , mas quem tinha que fazer isso era eu, o que era algo que eu não estava em condições. Só de pensar que coloquei tudo a perder com ele, me deixava muito angustiada. Senti um peso terrível ser colocado nos meus ombros novamente.
Depois de me culpar até não ter mais motivo, eu adormeci sem nem me importar com as horas. Acordei pela manhã com me cutucando e fui para o banheiro fazer a minha higiene, teríamos que estar no avião antes do almoço e isso me partia o coração. Terminei de me arrumar e coloquei mais algumas coisas na minha bolsa de mão. Eu não fazia ideia de quando poderia voltar novamente e pensar que iria sem falar com o tirava a minha paz. Eu desci as escadas e minha vózinha já estava nos esperando
- Sua mala já está no carro, querida.
Eu a abracei e segui para fora da casa, onde estava Carl e Julie perto do meu carro. Ambos me abraçaram e eu notei que o não estava em nenhum lugar ali perto. Carl entrou na parte do motorista, seguido por e logo depois por mim. Cheguei ao aeroporto quase duas horas antes e e eu ficamos sentadas aguardando que a fila do check-in diminuísse. Fizemos um lanche e eu não conseguia me importar com a demora e a espera. Eu queria que o aparecesse, me falasse que não estava tão chateado por eu não ter conversado com ele e que estava disposto a encarar tudo aquilo comigo, já que depois de todo esse mal entendido, eu conseguia passar um pouco por cima da minha insegurança.
Àquela altura dos fatos eu seguiria com toda certeza o conselho que minha avó me deu alguns dias antes de levá-lo a premiação, mas ele sumiu e nem me deu uma pista do que pensava sobre todos esses assuntos que eu nem sequer conseguia expor também. Fizemos o check-in e fomos para a sala de embarque. Na sala, esperamos o momento que seríamos chamadas para embarcar no avião e, mais uma vez, eu só queria que ele chegasse e me parasse e sei lá mais o que, ou só se despedisse, com um discurso pronto sobre não podermos ficar juntos por causa das nossas vidas muito diferentes.
Fomos as primeiras a embarcar por estarmos na primeira classe e enquanto eu me instalava, foi atender o celular. Ela saiu nervosa e eu fiquei sozinha no meu acento, pensando que eu ainda poderia fugir dali antes que o avião decolasse e eu poderia procurar o , dizer que estava loucamente apaixonada e que ele era o meu esconderijo. Então a voltou, um pouco mais animada. Alguns instantes depois o avião decolou e já era tarde demais para qualquer plano de fuga da minha parte ou da dele.
Eu cheguei na premiação e a me pediu para esperar enquanto falava no telefone. Alguns poucos minutos depois, eu a vi colocando o mesmo em sua bolsa e então ela abriu a porta do carro novamente e eu saí para o tapete vermelho. Todas as minhas esperanças sobre tinham ido para o espaço e então eu respirei fundo e segui com para o evento. Assim que passei pelo corredor de fãs e fotógrafos, dei de cara com James Locke, que estava acompanhado por uma loira conhecida por todos e até por mim como a sua amiga modelo, Holly.
Eu sabia que eles eram mais do que isso, mas não me dizia respeito a muito tempo. Ele notou a minha presença, se separou dela no mesmo instante e se preparou para vir na minha direção. Eu peguei a mão de e saí, sem nem olhar para trás. Eu já estava puxando por entre as salas e corredores tinha um tempinho e ela não reclamou em nenhum momento do meu quase surto, o que era estranho.
- Vira nesse corredor aí, o seu camarim é logo na frente. - disse e eu só alimentei meus pensamentos sobre como ela estava estranha, ou talvez a estranha fosse eu.
Chegando na sala, eu encontrei tudo já pronto para a minha apresentação. Troquei de roupa e sentei para retocar a minha maquiagem e alguns detalhes para a minha apresentação. Observei minha amiga mais uma vez ao telefone e fechei os olhos para fazer o meu ritual pré-palco. me levou por entre os corredores para atrás do palco, onde uma mulher me deu uma garrafinha de água e eu esperei. Meu nome foi chamado e eu entrei logo em seguida, sendo tomada por uma onda de aplausos e gritos. Fui em direção ao piano e sentei
- Conheçam uma das músicas mais importantes desse álbum! Eu a escrevi recentemente enquanto estava um pouco afastada de vocês.
Os holofotes me cegavam e antes de começar a cantar eu pensei em . Comecei os primeiros acordes da música no piano e o local foi tomado por um silêncio quase que sincronizado.
- Is there a place where I can hide away?
Depois da apresentação, eu agradeci a todos e saí em disparado para o backstage. Eu nem tinha percebido, mas tinha me emocionado. Quando cheguei ao meu camarim, encontrei a pessoa que eu mais queria ver em todas aquelas horas, o . Ele estava vestido com um lindo blazer preto e sustentava um sorriso tímido nos lábios.
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Faltava algumas horas para a premiação começar e mais uma para a apresentação da . Alguns dias atrás ela tinha começado a ficar estranha depois que recebeu uma ligação e passou a me evitar. Eu não fazia ideia do que pudesse ser e o motivo pelo qual a mesma estava assim comigo, mas eu tinha esperança que ela fosse me dar abertura para que pudéssemos conversar e se acertar sobre qualquer que pudesse ser o assunto. Eu a esperei como sempre no nosso banco ao nascer do sol, mas ela não apareceu, então segui a minha rotina normalmente. Quando cheguei um pouco depois do horário do almoço, a avó dela correu em minha direção e disse que ela já tinha ido para o aeroporto e que estaria embarcando dali em alguns instantes, eu não conseguia pensar com clareza e então fiquei andando em círculos.
- Querido, pare com isso, vai afundar a grama. - Ela disse.
A mulher à minha frente tinha um olhar confiante e pela sua expressão eu poderia jurar que ela já sabia cada passo do que viria a acontecer e então ela disse.
- Escute com atenção o que vou lhe dizer. A gosta muito de você e ela queria de todo coração que vocês não tivessem tido esse desentendimento e está bem claro para mim que você também não queria. - Ela me encarou como se confirmasse cada palavra que dizia e continuou. - Mas estou com uma dúvida. Por que você deixou que esse mal entendido a tirasse de perto de você?
Durante todo o dia eu fiquei sem saber como abordar cada parte daquele assunto e em como eu poderia evitar que ela se afastasse mais ainda de mim, e agora eu entendia que pensar demais a tinha feito imaginar que eu estava com medo de embarcar com ela nisso tudo e que eu não gostasse dela o suficiente para passar por cima das diferenças que as nossas vidas tinham. Depois de me fazer refletir um pouco e me acalmar, a vovó me pediu para ligar o mais rápido possível para a , a amiga e assessora da . Eu liguei para a mesma enquanto arrumava algumas mudas de roupa numa mochila e colocava no meu carro. Ela me disse que já estavam no avião prestes a decolar e que poderia me ajudar se eu fosse rápido. me disse para entrar em contato com um conhecido dela numa agência de viagem no aeroporto. Depois do papo com ela, eu me despedi de todos e segui para o aeroporto. Eu estava tentando me acalmar e só de pensar que ela estaria muito triste aquele momento, o meu coração apertava.
Eu cheguei ao aeroporto e fiz o que a me pediu, em 15 minutos eu embarquei e pude respirar um pouco aliviado, a segunda fase começava quando eu chegasse lá. Algumas horas depois eu já estava num carro em direção ao evento em que já deveria estar prestes a se apresentar. Eu passei pelo tapete vermelho sem ser notado, já que a premiação já tinha começado e procurei uma outra pessoa que me levaria até a . Alguns minutos de espera e mais alguns andando de um lugar para outro, senti alguém do meu lado.
- ! Estou tão animada por você ter chegado antes da apresentação dela. - disse assim que me abordou.
Eu suspirei aliviado por notar que finalmente tinha a encontrado e que não tinha perdido a apresentação.
- Ela vai subir ao palco em alguns minutos, você pode assistir a apresentação perto do palco, mas quando a música estiver prestes a acabar você tem que refazer o caminho que eu vou te mostrar e ir para o camarim dela. - me passou algumas instruções e eu assenti.
- Anotado, .
- Estou pedindo que faça isso, porque já estou cansada de curiosos se metendo na vida dela. - Ela terminou a sua fala e me abraçou de lado, um pouco emotiva.
Eu concordei mais uma vez e, então, antes seguir caminho eu achei que deveria dizer algo também.
- Obrigada por me ajudar, eu pretendo cuidar todos os dias também. -Eu disse. sorriu para mim e seguimos para o local combinado.
A apresentação dela foi simplesmente perfeita e eu quase que esqueci de ir para o camarim onde eu tinha sido instruído a esperar. Eu sabia que todo o deslocamento dela até ali não demoraria, mas eu estava quase pirando por esperar, o que não era muito, já que minha espera não tinha chegado nem a quinze minutos. A porta se abriu depois de mais alguns minutos e eu me virei num sobressalto. entrou sendo seguida pela que paralisou logo que notou a minha presença. Eu sorri para a mesma e andei em sua direção, a abraçando logo em seguida. Ela não demorou muito para corresponder e eu pude reparar a porta fechando logo atrás da gente.
- Eu gostei muito da sua música e você está perfeita nesse vestido, eu acho que você deveria usar mais vezes. - Eu atropelei algumas palavras enquanto tentava dizer tudo o que pensava.
Eu nem sabia por onde começar e então ela me interrompeu quando colou os nossos lábios e iniciou um beijo calmo. Naquele momento eu esqueci todas as preocupações e senti como se estivesse voando.
- Me desculpe por ter bagunçado tudo entre a gente, eu só queria que você fizesse parte de algo importante para mim e ao mesmo tempo não queria te expor. Você não merece perder a sua paz. -Ela disse logo depois que cortou o beijo e me abraçou outra vez.
Eu me afastei com cuidado e segurei a sua mão, chamando a sua atenção.
- Isso tudo foi uma grande bagunça mesmo, mas eu estou aqui para que cada parte se ajeite. - Eu apertei a sua mão e continuei. - Eu sei que você ficou com medo de me envolver em todo esse tumulto, brilho e críticas, que não te dão descanso. Mas eu estou disposto a entrar nisso por nós dois e nunca largar a sua mão outra vez.
Eu levei a minha mão livre ao seu rosto e toquei seus lábios em uma leve carícia, sussurrando perto dos seus lados uma das frases da sua música.
- Sweeter place.
Fim.
Nota da autora: A Sweeter Place é a minha música favorita do álbum. Desde a primeira vez que eu escutei , pensei numa história onde os personagens fossem tranquilos e que ao se envolverem mostrassem o quão boa pode ser uma relação sem toda uma cobrança desnecessária. Eu espero que gostem!
Outras Fanfics:
07. True Romance
10. King of My Heart
14. I Dream About You
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Outras Fanfics: