Capítulo Único
A avenida mais famosa de Las Vegas, a Strip de Las Vegas, estava movimentada como em todas as noites, repleta de turistas que foram até lá usufruir de tudo que a cidade da diversão tinha a oferecer. A aura noturna do lugar era inexplicável. acreditava que os filmes exageravam, mas provou-se errada. Via a empolgação e o desejo ardente de diversão nos olhos das pessoas que cruzavam o seu caminho. As atitudes desinibidas costumavam ser justificadas com a promessa de “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”. Sempre ouvia clientes aos berros com esse lema na ponta da língua, que parecia ser usado como justificativa para os exageros. No início, tudo era muito estranho mas, depois de um mês, não se surpreendia.
O hotel cassino The Castle era um complexo todo projetado como um castelo da era medieval, algo realmente impressionante e que atraía muitos visitantes. Além de suas acomodações incríveis, o cassino costumava dar muito movimento com seus doze mil metros quadrados repletos de jogos. Tudo isso funcionando vinte quatro horas por dia, sete dias por semana.
O turno de começava às sete da noite e seguia até a madrugada, fazendo pequenas pausas para ir ao banheiro ou lanchar. Costumava ficar tão concentrada em seu trabalho que se esquecia do movimento do relógio e, quando se dava conta, Frank estava cutucando o seu ombro e sinalizando que deveria encerrar. Ela gostava de chegar uns minutos antes para fechar a arrecadação da mesa e trocar os baralhos usados por outros novos, evitando marcações ou qualquer tipo de trapaça.
Um croupier carregava uma grande responsabilidade durante uma partida: distribuir as cartas e ser mais esperto do que os jogadores. Deveria estar atenta como um falcão e ser ágil com as cartas, além de possuir um irresistível carisma. Esse conjunto de habilidades facilitavam o trabalho e podiam render boas gorjetas.
Avistou o seu destino a poucos metros de distância e parou ao ver que Charlie ainda não havia encerrado o jogo de blackjack. Viu-o de pé em um dos lados da mesa, dois homens estavam sentados em sua frente e, em volta, haviam pessoas espremidas assistindo. Nenhuma palavra era dita pelos jogadores ou pela plateia. Em alguns momentos, uma torcida comemorava ou reclamava.
Parou ao lado do croupier e cutucou-o no ombro, chamando a atenção.
– Rei Leão? – Usou o código secreto criado por eles para sinalizar discretamente a situação da partida.
Viu o gesto de negação.
As apostas não eram altas.
Ela resolveu averiguar o clima, observou cada espectador e sua linguagem corporal para ter certeza de que não haviam cúmplices na plateia. Mirou o rosto masculino de um dos jogadores e voltou a olhá-lo mais uma vez quando viu o sorriso convencido. O homem parecia estar na casa dos trinta ou trinta e cinco anos, cabelos curtos, e usava uma jaqueta de couro preta com uma camisa da mesma cor por baixo. A orelha esquerda tinha uma pequena argola dourada, a barba bem feita combinava com a expressão confiante em seu rosto. Ele era atraente, o sujeito perfeito para trapacear em uma mesa pois a beleza era usada como arma de distração.
Passou sua atenção para o outro cara e observou que aparentava ser alguns anos mais velho, cabeça raspada e usava roupas mais casuais. A linguagem corporal se assemelhava ao adversário, mas os olhos revelavam o nervosismo. Ambos os jogadores seguravam uma carta com o seu conteúdo virado para baixo e pareciam pensar. As cartas expostas na mesa somavam dezenove pontos. A vitória seria de quem tirasse uma carta de número dois.
Charlie embaralhou novamente as cartas que estavam em seu poder.
– Senhor, – Apontou para o careca. – deseja outra carta?
As pessoas começaram a cochichar.
No Blackjack, ganhava quem marcasse vinte e um pontos primeiro. O jogador devia ter sorte e saber lidar com as probabilidades. Afinal, não era possível ver a carta antes que o croupier distribuísse.
– Não será preciso. – O homem respondeu ao virar a carta e colocá-la entre as outras.
Começaram os aplausos, assobios e tapinhas nos ombros do vencedor enquanto o outro jogador xingou e saiu da mesa, afastando-se.
– Parabéns. – Ela desejou com um sorriso simpático.
– Você pode assumir a mesa. – O croupier avisou e virou-se para o campeão. – Poderia me acompanhar? – Ambos se afastaram e a plateia se dissipou.
Sozinha, começou os preparativos para mais um turno de apostas.
xXx
Eram três da manhã quando ela se arrastou até o bar do cassino e jogou-se em um dos bancos.
– Turno difícil? – Jane perguntou ao colocar uma caneca gelada de cerveja no balcão.
estalou o pescoço e pegou, tomando um grande gole.
– Um pouco. – Tomou mais e colocou à sua frente. – Tinha um rato na mesa.
– Um rato? – A mulher arregalou os olhos, surpresa.
A croupier riu e negou.
– Rato é um código para trapaceiro. – Explicou, achando graça do alívio na expressão da outra, que se afastou ao ser chamada por um cliente.
Resolveu dar uma olhada no movimento atrás de si. Viu muitas pessoas perambulando pelo lugar e as máquinas e mesas lotadas. E quando voltou a atenção para o seu lado esquerdo, viu um homem encarando-a enquanto bebia a cerveja diretamente da garrafa. Ela disfarçou e voltou a atenção para o bar à sua frente.
Bocejou e bebeu mais.
– Gatinho, né? – Jane retornou e apoiou-se no balcão, olhando-a com uma expressão maliciosa.
– Não. – Revirou os olhos e engoliu toda a cerveja, entregando a caneca. – Tá na minha hora. – Despediu-se, levantou e sorriu para a amiga.
– Mas já? – A outra perguntou num tom chateado.
– São três da manhã, Jane.
– E daí? Já viramos noites acordadas. – Franziu a testa e abriu um sorriso zombeteiro. – Não vai me dizer que o gatinho ali – Fez um sinal discreto com a cabeça na direção do rapaz. – te assustou.
– Estou fugindo de problemas. – Deu de ombros, preparando-se para partir.
A outra ficou séria e baixou ainda mais o tom de voz.
– Pensei que tivesse desencanado do que aconteceu com o Miguel.
– Estou muito cansada. – Insistiu e deu uma piscadela para a amiga, despedindo-se.
Aquele era um assunto que tentava evitar a todo custo, mais ainda depois de um turno de trabalho. Desde que decidiu ficar em Vegas, aprendeu que os homens que pisavam ali eram os piores. E o mais chato disso tudo era que até mesmo a relação sem compromisso trazia problemas. Miguel passou pela cidade feito um furacão, causando a maior confusão. Não estava disposta a passar por tudo aquilo mais uma vez.
Quando virou, conseguiu dar outra olhada no homem e reconheceu-o da última partida no turno do Charlie. Ele era atraente, o que lhe deu mais disposição para sair dali. Manteve a postura tranquila enquanto seguia para a saída do hotel, despedindo-se dos colegas de trabalho que cruzavam o seu caminho.
Finalmente, pisou na calçada da avenida. Cada centímetro era iluminado por luzes douradas ou coloridas, prédios luxuosos, pessoas bêbadas e histéricas, outras chorando ou sendo carregadas. Carros caríssimos trafegando, além de Elvis Presley atravessando na frente com algum casal bêbado que cometeria a loucura de se casar.
Sorriu divertida com a visão do trio entrando em uma capela.
Além dos homens de Vegas, evitava as capelas. Nem a bebida mais forte era capaz de arrastá-la até lá.
– Oi. – A voz masculina a assustou.
Ela virou-se surpresa e viu que foi seguida. Manteve uma distância segura que acreditava permitir uma fuga caso fosse necessário.
– Não precisa ter medo. – Ele garantiu com um sorriso no rosto bonito.
Tentou identificar qualquer tipo de deboche ou ironia, mas percebeu que parecia estar sendo honesto.
– Não estou com medo. – Deu de ombros, a expressão fria mas, internamente, estava atenta.
– Juro que não vou te fazer mal. – Uma das mãos fazia sinal de pare, um gesto falho para acalmá-la, e a outra estendeu em direção ao bolso de trás da calça jeans escura.
Pegou algo e estendeu na direção da mulher.
– Queria te dar isso. – Abandonou a pose de bad boy e tornou-se tímido, totalmente envergonhado.
Ela o achou ainda mais bonito.
– Uma rosa? – Perguntou, surpresa.
– Ela me lembra você. – Deu de ombros, a timidez ainda evidente.
A mão livre descansou no bolso da frente da calça.
– Você me viu uma…
– Dez vezes. – Corrigiu-a.
Ela nem tentou continuar o que ia dizer, a expressão assustada.
Numa mistura de surpresa e receio, deu um passo para trás e esbarrou em alguém. Pediu desculpas e voltou a encará-lo.
Ele parecia divertido com a rosa na mão.
– É a segunda vez que visito a cidade e te vejo.
– Eu não lembro de você e acredito que não esqueceria da sua… – Interrompeu-se antes que admitisse o quanto era bonito. – Cara. – Cruzou os braços, irritada.
A aparência dele não passava despercebida. Usava calça jeans, camisa e jaqueta de couro, tudo preto. Não surpreenderia se tivesse uma moto para completar o look de bad boy. Um homem daqueles arrastava problemas para onde ia, e o pior de tudo: costumavam ser os mais atraentes. O seu perfume era o perigo, além de ter “cuidado” estampado em sua testa com luzes neons para qualquer desavisado.
– Também não esqueci a sua cara. – Sorriu, divertido.
Os olhos avaliaram todo o corpo da mulher e, em seguida, voltou a olhá-la diretamente.
– Não vai aceitar? – Indicou o presente que oferecia.
Ela permaneceu em silêncio, mordeu o lábio inferior em dúvida.
Considerou aquela situação absurda. O que levaria uma pessoa sensata a oferecer uma rosa para uma desconhecida? Às três da manhã! E tinha mais, numa calçada em Las Vegas! Analisando friamente, conseguiu pensar em três justificativas. Paixão à primeira vista só acontecia em filmes, e descartou logo de cara. Ele estava bêbado e resolveu parar a primeira moça bonita que viu. Olhou-o atentamente para confirmar, mas constatou que parecia perfeitamente sóbrio.
E a última: ele não batia bem da cabeça. Isso ganhou mais força diante da situação em que estavam.
– Então... Não gosto de flores. – Mentiu.
Deu mais um passo para trás numa tentativa de indicar que iria embora, mas parou quando viu a expressão triste do rapaz. A decepção estava estampada em seu rosto claramente, sem qualquer fingimento. E foi o que amoleceu o coração dela, pois negar o presente tão modesto só lhe lembraria daquela cena. Afinal, uma rosa não era um pedido de casamento, certo?
– Tudo bem. – Aproximou-se e parou a um braço de distância, perto o suficiente para enxergar seu rosto com mais detalhes, e viu-o abrir um belo sorriso.
Sem perceber, sorriu também. Ao pegar a flor, esbarraram as mãos e pôde sentir a pele dele, o que fez seu coração acelerar. Afastou-se, dando uma boa distância enquanto sentia as batidas agitadas em seu peito. Olhou a rosa e aproximou-a de seu nariz, sentindo o perfume, uma rosa muito vermelha e realmente bonita.
– Ela é muito bonita. Obrigada. – Sorriu e cheirou-a mais uma vez. – Preciso ir. – Apontou com a mão livre, fazendo um gesto que indicava o desejo de partir.
– Espera. – Ele falou, parecendo desesperado, e deu um passo à frente.
Colocou as mãos no bolso da calça. Parecia estar receoso por algum motivo. arqueou uma de suas sobrancelhas e permaneceu em silêncio, incitando-o a falar.
– A última vez em que te vi, você estava com uma pessoa. – Sorriu sem graça, mordeu brevemente os lábios. – Você ainda está com ele?
Ela franziu a testa em surpresa. Inconscientemente, a rosa novamente próxima ao nariz.
– Talvez… – O olhar estava perdido no concreto da calçada que percebeu não ter uma fissura, o caule da rosa brincando entre seus dedos.
Voltou a encará-lo e abriu um sorriso enigmático.
– Eu sempre estou com muitas pessoas.
Fez um gesto silencioso de agradecimento e virou as costas, partindo sem olhar para trás.
Aquela madrugada tinha sido muito inesperada e sabia que jamais esqueceria. No futuro, contaria aos seus netos sobre o homem da rosa e a forma com que ele sorriu ao vê-la partir. A sensação que ficou no coração de foi esquisita, parecia que o homem estava certo de que não acabava ali.
Olhou brevemente para a rosa e voltou a atenção para o caminho à sua frente.
A rosa não era um pedido de casamento, mas parecia significar muito mais.
xXx
– Moto. – Ela mordeu o lábio inferior para disfarçar o sorriso divertido. – Pacote completo. – Constatou.
– Alguma coisa errada? – perguntou preocupado enquanto descia da motocicleta azul royal e pulava para a calçada.
Vestia preto e jeans. Um óculos escuro protegia seus olhos do sol de Las Vegas.
– Não, não. Tudo certo. – Ela engoliu em seco ao admirar a beleza do homem e a incrível habilidade de usar preto e jeans no calor que estava fazendo.
Como ela costumava trabalhar em turnos até de madrugada, passava boa parte do dia dormindo. Deveria estar muito desacostumada com a luz do dia.
– Onde… – Tentou continuar, mas os pensamentos ficaram confusos ao vê-lo se aproximar e parar a um passo de distância.
Sentiu o perfume masculino e olhou-o diretamente. Quando a mão dele tocou levemente sua cintura, ela prendeu a respiração enquanto o coração batia rápido.
– Você está linda. – Sussurrou e sorriu.
Depositou um beijo na bochecha da mulher e encarou-a mais uma vez. Soltou o ar dos pulmões e se afastou rapidamente até a moto.
continuou estática. Tinha certeza da expressão abobalhada enquanto o encarava com a boca levemente aberta. As batidas no peito continuavam rápidas, feito as asas de um beija-flor que parecia querer dançar em seu estômago. Não sabia se teria condições de caminhar até a moto e ainda seguir agarrada na garupa.
Foram dias vendo-o no cassino durante seus turnos, esperando-a fielmente no bar ao final deles. Na primeira noite, ficou resistente em manter uma conversa mas, depois, só fluiu. Viu-se esperando ansiosamente por aqueles encontros que resultaram em conversas sinceras sobre a vida. Aquele era o primeiro encontro longe do cassino e o motivo de não ter dormido as poucas horas depois de seu turno. Iriam almoçar e passear pela cidade.
– Espero que esteja morrendo de fome. – Abriu um sorriso divertido e estendeu um capacete preto.
Ela passou a língua nos lábios e respirou fundo, tentando normalizar a bagunça que estava dentro de si. Viu-o subir na moto e observá-la. Aproximou-se, colocou o capacete e abriu um sorriso nervoso.
– Não precisa ter medo. – O tom era carinhoso.
Sentiu-a ocupar o banco atrás de si e envolvê-lo pela cintura.
– Não vou te deixar cair. – Ligou o motor.
Ela riu, nervosa.
– Quem dera fosse meu único medo. – Lamentou ao apertá-lo ainda mais pela cintura e sentir o solavanco da moto ao entrar em movimento.
xXx
– Ele não chegou. – Jane cantarolou ao ver a amiga ocupar o banco do bar e se afastou para atender um cliente.
franziu o cenho, surpresa. Dois meses em que estava acostumada com aquela rotina em encontrar após o expediente e, pela primeira vez, ele não estava ali. O sentimento que a dominou comprovou que estava mergulhada demais para voltar atrás.
– Mas você o viu hoje?
– Ainda não. – A bartender informou enquanto enchia uma caneca de cerveja, mas parou ao receber o gesto negativo da amiga.
– Ah. – A expressão decepcionada tornou-se preocupação. – Será que aconteceu alguma coisa?
– Nada. Deve ter se atrasado. – A amiga tentou tranquilizá-la e partiu para atender outro cliente.
– Às três da manhã? – Sussurrou para si mesma.
Esfregou a testa com uma das mãos e respirou fundo. Estava começando a ficar paranoica e não deveria se permitir chegar àquele ponto. Eles não tinham um compromisso sério e o homem estava na cidade para se divertir, poderia sair com quem quisesse. Ambos eram livres. Entretanto esse pensamento deixou um gosto amargo na boca.
– Tá tudo bem, ? – Uma voz masculina chamou sua atenção.
Virou-se e viu Anthony.
Forçou um sorriso para disfarçar sua preocupação, mas que não surtiu efeito.
– Ele não veio? – Perguntou o colega de trabalho enquanto fazia um gesto para Jane, pedindo por uma bebida.
Afrouxou a gravata borboleta preta e abriu o colarinho da camisa social branca. Trabalhavam juntos havia um tempo e davam-se bem o suficiente para se considerarem amigos.
– Quem? – Fingiu não entender.
– Você mente assim para os clientes da sua mesa? – Abriu um sorriso divertido.
Pegou a caneca de cerveja e tomou um gole. Ela sorriu sem graça. Arrependeu-se de não estar bebendo para disfarçar as suas preocupações.
– Se for o homem de preto que você está esperando, eu o vi meia hora atrás na mesa trinta com o… – Olhou de forma conspiratória, conferiu outras direções do bar e olhou-a novamente de forma preocupada. – Vegas.
Ao ouvir aquele nome, o seu coração bateu mais forte e todos os pêlos do seu corpo se arrepiaram. As mãos ficaram frias e nenhuma palavra saiu de sua boca.
– Você precisa se afastar dele, . – Aconselhou com a expressão preocupada. – Se está envolvido com o Vegas, então não é boa coisa.
Ela soltou um suspiro cansado e esfregou as têmporas. Voltou a encará-lo, forçou uma expressão mais calma. Apoiou a mão no balcão e ergueu-se.
– Obrigada pelo aviso, Anthony. – Sorriu sincera e se afastou o mais rápido que pôde para fora do cassino.
Miguel tinha sido problema o suficiente para a vida dela, não precisa de mais. Precisava pôr o máximo de distância entre ela e .
xXx
– ! – Ouviu a voz familiar e o som do motor da moto.
Xingou baixinho enquanto forçava a visão para enxergar a fechadura. Sentiu a mão quente tocar seu antebraço e afastou-a sem virar. Estava cansada, magoada pelas mentiras e não queria conversar na madrugada.
– Desculpa por não ter aparecido. – A voz demonstrava preocupação, irritando-a mais.
Ela xingou mais uma vez e virou-se, jogando todo o bom senso no lixo.
Estavam em pé na frente do seu prédio. Àquela hora, o beco estava vazio, mas tinha certeza de que os vizinhos poderiam ouvir até um sussurro.
– Por que não me contou sobre o Vegas? – Perguntou séria enquanto cruzava os braços e olhava-o diretamente, a postura desafiadora.
Viu a expressão preocupada do homem tornar-se compreensiva.
– Não podemos ter essa conversa aqui. – Sussurrou e olhou para todos os lados.
Segurou-a pelos bíceps de forma gentil. Ela afastou as mãos e virou-se para o portão de ferro. Finalmente, conseguiu encaixar a chave e abriu. Atravessou outra porta e subiu o lance de escadas até o terceiro andar, ouviu os passos a seguindo. Morava num pequeno prédio de três andares que dividia com Jane havia anos, que havia se tornado um lar e refúgio. Bufou irritada enquanto brigava com mais uma fechadura. Estava uma pilha de nervosismo, e o fato do homem estar muito próxima das suas costas piorava tudo. Quase chorou de alegria ao entrar no apartamento e jogou a bolsa no pequeno sofá. Ouviu a porta ser trancada enquanto se jogava no sofá e tirava os sapatos. Soltou o ar dos pulmões e encarou o homem que estava em pé na sua frente.
– Vai abrir o bico ou tenho que te expulsar de uma vez? – Perguntou irritada.
Ele soltou um suspiro cansado, descansou uma das mãos na cintura e esfregou as têmporas.
– Você quer a verdade, né?
Ela o encarou, debochada, mas os olhos revelavam o medo.
– Eu pertenço ao cartel de New Jersey e vim negociar com Vegas. – Revelou cuidadosamente, olhando-a.
Deu de ombros e descansou as mãos na cintura. Continuava em pé na frente do sofá que ela ocupava.
– Confusão… – Ela sussurrou sem parar enquanto cobria o rosto com as mãos, o coração agitado.
Não conseguia definir perfeitamente o que sentia, pois sentia uma mistura de medo, nervosismo, decepção.
– Ei, olha pra mim. – Ouviu a voz dele mais próxima e as mãos se apoiaram nos joelhos da mulher. – Me perdoa por mentir para você, mas não é algo que se revele para qualquer pessoa. – Olhou-a seriamente.
Soltou o ar dos pulmões.
– Eu não quero me envolver em confusão, . – Ela encarou-o tristemente.
Colocou as mãos nos ombros dele e olhou-o diretamente nos olhos. Sentia nos seus dedos o couro frio da jaqueta preta que ele usava, além do perfume masculino misturado com suor.
Ela estava sentada no sofá, as mãos descansando nos ombros do homem que estava agachado à sua frente enquanto segurava-se nos joelhos dela, ambos com a expressão de sofrimento.
– Fui honesto o máximo possível, . – Destacou num sussurro. – Se tivesse que escolher entre você e o meu trabalho, – Colocou uma das mãos na bochecha dela. – escolheria você mil vezes.
Ela ergueu-se repentinamente e quase o fez cair. Viu-o se levantar e continuar próximo.
– Vegas é perigoso… E você pertencer ao mundo dele torna tudo pior. – Molhou os lábios com a língua e respirou fundo, tentando se acalmar. – Já vi o suficiente da maldade e sujeira dele, não quero vivenciar isso novamente. – O olhar dela se tornou perdido nas lembranças que lutava para esquecer.
Sentiu as mãos quentes do homem em seu rosto, e direcionou-a para olhá-lo. Acariciou-a carinhosamente nas bochechas com movimentos circulares dos polegares.
– Eu sei sobre o Miguel. – Revelou num sussurro.
No mesmo instante, ela arrancou o rosto das mãos dele e sentiu falta do carinho. Esmagou esse sentimento e seguiu até a porta do apartamento. Colocou a mão na maçaneta e encarou-o, a expressão repleta de mágoa.
– Eu deveria escolher te contar e não você saber pelas minhas costas. – A voz magoada, os olhos ardendo pelas lágrimas, além das mãos trêmulas.
– Não tive como evitar. – Ele sorriu triste e deu de ombros, ainda parado no meio da sala. – Vegas me forçou a ouvir.
– Acabou, . – Ela prendeu a respiração e depois soltou, tentando se acalmar ou choraria.
Destrancou a porta e abriu, a mão trêmula segurava a maçaneta.
– Não, . – Implorou ao se aproximar sem sair, a expressão dolorosa. – Eu te conto tudo. – Falou em desespero, as mãos fechadas em punho ao lado do corpo.
– Fora, . – Apontou para a porta, a expressão dura mas a visão embaçada pelas lágrimas que queriam escorrer pelo rosto.
– Eu sou um órfão de Detroit… – A expressão se tornou desolada. – Cresci nas ruas e me envolvi com pessoas, fui parar na prisão e conheci um cara do cartel da Camila Vargas em New Jersey. – Deu de ombros. – Ela me pede e eu faço. Por isso, estou aqui.
Ela tremia dos pés à cabeça e precisou respirar fundo mil vezes para tentar se acalmar, mas não conseguia. Tinha medo de Vargas e sua ira. Não queria enfrentá-la mais uma vez.
– E o que Vegas tem a ver com sua chefe?
– Vim negociar um carregamento, mas Vegas está colocando muitos obstáculos. – A expressão se tornou irritada enquanto colocava as mãos na cintura.
A mulher viu o volume por baixo da camisa e arregalou os olhos.
– Você entrou na minha casa armado? – Perguntou e acusou ao mesmo tempo, a voz assustada.
Ela detestava armas, além de ter muito medo.
levantou a camisa o suficiente para mostrar a pistola escondida no cós do jeans e soltou. Aproximou-se devagar, como se estivesse lidando com um animalzinho prestes a fugir de seu caçador. Soltou a mão rígida e fria da mulher que segurava firmemente a maçaneta, fechou a porta e trancou. Envolveu-a nos braços fortemente e soltou um suspiro cansado.
A mulher sentiu o abraço quente e tentou lutar contra os seus sentimentos. Acabou envolvendo-o pela cintura e fechou os olhos. O próprio coração batia agitado, mas percebeu que o do homem se assemelhava ao dela. E compreendeu que ele também temeu pela descoberta.
– Case-se comigo.
Ela gelou e, ainda em seus braços, encarou-o, assustada.
– Você está maluco? Estou prestes a te expulsar da minha casa e da minha vida e você me pede em casamento?
Ele beijou seus cabelos, seu rosto e segurou-o entre as mãos, selando os lábios num beijo calmo mas que fez com que afogassem-se nas emoções. O sabor da língua quente do amado, o toque das suas mãos passeando por seu corpo. Era maravilhoso estarem juntos, e nunca havia sentido aquilo com ninguém.
Parou o beijo e descansou a testa na dela, as mãos prendendo-a pela bochecha.
– Podemos nos casar e ir para Detroit, recomeçar lá. – Sugeriu calmamente.
Ela se livrou das mãos e afastou-se, respirando fundo para clarear a mente. Passou as mãos pelo cabelo nervosamente, andando pela sala.
– Isso é loucura!
– Eu sei! – Ele riu, parecendo fora de si. – A Camila me deve um favor e vai ter que me libertar.
– Isso é loucura! – Ela jogou os braços para o alto e, em seguida, cobriu o rosto com as mãos.
se aproximou novamente e descobriu o rosto da mulher, olhando-a seriamente. Segurou-a pelos ombros e respirou fundo, soltando o ar.
– Não faz isso… – Pediu num sussurro.
– Eu sei que você sente o mesmo por mim e já se imaginou dormindo ao meu lado todas as noites. Ou até mesmo como seria viajar para bem longe na minha moto, mesmo que morra de medo. – Abriu um sorriso divertido, mas tornou-se sério novamente. – Casa comigo, . E recomeçamos em Detroit.
Ela permaneceu em silêncio.
– Diz que sim. – Insistiu e deu um selinho na mulher.
– Eu não posso sair de Las Vegas. – Confessou.
– Podemos contratar um investigador particular e ficamos em Detroit recebendo as informações.
A mulher se afastou novamente e esfregou as têmporas. Virou-se para o amado e mordeu o lábio inferior.
– Eu aceito, mas tenho duas condições. – Fez o gesto com os dedos indicador e médio.
O homem abriu um sorriso animado.
– Nada de casar, e vamos ficar aqui três meses. Eu preciso continuar procurando o meu pai e não suportaria partir sem insistir. – Revelou num fiapo de voz.
Ele se aproximou com a expressão séria.
– Vou ser honesto com você. – Soltou um suspiro e passou a mão no cabelo. – Eu topo, mas não será fácil. Vou precisar negociar a minha permanência em Vegas e resolver minha situação com a Camila. – Segurou-a gentilmente pelos ombros e ficou sério. – Posso largar essa vida, mas ela não será esquecida. Fiz minha fama e continuaremos correndo risco. Vou sempre te proteger, e estará livre para partir quando quiser, mesmo que me doa.
– Três meses e um recomeço. – Ela garantiu com a voz trêmula.
Envolveu-o pela cintura e encarou-o.
– Sim.
xXx
– Você precisa ir mesmo? – Perguntou preocupada enquanto segurava a rosa em suas mãos.
costumava presenteá-la com a flor em todos os momentos em que estavam juntos. Ninguém imaginava que um homem das armas gostava tanto de rosas.
Estavam em pé no portão do prédio, uma hora depois de tudo mudar. O sol estava nascendo e a rua estava se iluminando.
– Preciso resolver os meus problemas. – Forçou um sorriso confiante. – Te encontro no final do seu turno e iremos comemorar. – Deu um selinho na mulher, que tinha uma expressão preocupada.
Ele passou o dedo indicador nas pétalas da rosa que a amada espremia entre os dedos e sorriu.
– Você não imaginava, mas aquela rosa era o meu pedido de casamento antecipado. – Relembrou a primeira vez em que estiveram juntos.
Beijou a testa da mulher, as bochechas, a ponta do nariz e a boca. Soltou um suspiro sofrido e afastou-se rapidamente. Subiu na moto e, antes de pôr o próprio capacete, sorriu convencido.
– Eu já sabia que ficaríamos juntos para sempre. – E partiu sem olhar para trás.
Foi a última vez que viu e a sua moto azul.
He loved guns and roses
Ele amava armas e rosas
Guns and roses
Armas e rosas
He loved guns and roses
Ele amava armas e rosas
He loved guns
Ele amava armas
And roses, roses, roses
E rosas, rosas, rosas
O hotel cassino The Castle era um complexo todo projetado como um castelo da era medieval, algo realmente impressionante e que atraía muitos visitantes. Além de suas acomodações incríveis, o cassino costumava dar muito movimento com seus doze mil metros quadrados repletos de jogos. Tudo isso funcionando vinte quatro horas por dia, sete dias por semana.
O turno de começava às sete da noite e seguia até a madrugada, fazendo pequenas pausas para ir ao banheiro ou lanchar. Costumava ficar tão concentrada em seu trabalho que se esquecia do movimento do relógio e, quando se dava conta, Frank estava cutucando o seu ombro e sinalizando que deveria encerrar. Ela gostava de chegar uns minutos antes para fechar a arrecadação da mesa e trocar os baralhos usados por outros novos, evitando marcações ou qualquer tipo de trapaça.
Um croupier carregava uma grande responsabilidade durante uma partida: distribuir as cartas e ser mais esperto do que os jogadores. Deveria estar atenta como um falcão e ser ágil com as cartas, além de possuir um irresistível carisma. Esse conjunto de habilidades facilitavam o trabalho e podiam render boas gorjetas.
Avistou o seu destino a poucos metros de distância e parou ao ver que Charlie ainda não havia encerrado o jogo de blackjack. Viu-o de pé em um dos lados da mesa, dois homens estavam sentados em sua frente e, em volta, haviam pessoas espremidas assistindo. Nenhuma palavra era dita pelos jogadores ou pela plateia. Em alguns momentos, uma torcida comemorava ou reclamava.
Parou ao lado do croupier e cutucou-o no ombro, chamando a atenção.
– Rei Leão? – Usou o código secreto criado por eles para sinalizar discretamente a situação da partida.
Viu o gesto de negação.
As apostas não eram altas.
Ela resolveu averiguar o clima, observou cada espectador e sua linguagem corporal para ter certeza de que não haviam cúmplices na plateia. Mirou o rosto masculino de um dos jogadores e voltou a olhá-lo mais uma vez quando viu o sorriso convencido. O homem parecia estar na casa dos trinta ou trinta e cinco anos, cabelos curtos, e usava uma jaqueta de couro preta com uma camisa da mesma cor por baixo. A orelha esquerda tinha uma pequena argola dourada, a barba bem feita combinava com a expressão confiante em seu rosto. Ele era atraente, o sujeito perfeito para trapacear em uma mesa pois a beleza era usada como arma de distração.
Passou sua atenção para o outro cara e observou que aparentava ser alguns anos mais velho, cabeça raspada e usava roupas mais casuais. A linguagem corporal se assemelhava ao adversário, mas os olhos revelavam o nervosismo. Ambos os jogadores seguravam uma carta com o seu conteúdo virado para baixo e pareciam pensar. As cartas expostas na mesa somavam dezenove pontos. A vitória seria de quem tirasse uma carta de número dois.
Charlie embaralhou novamente as cartas que estavam em seu poder.
– Senhor, – Apontou para o careca. – deseja outra carta?
As pessoas começaram a cochichar.
No Blackjack, ganhava quem marcasse vinte e um pontos primeiro. O jogador devia ter sorte e saber lidar com as probabilidades. Afinal, não era possível ver a carta antes que o croupier distribuísse.
– Não será preciso. – O homem respondeu ao virar a carta e colocá-la entre as outras.
Começaram os aplausos, assobios e tapinhas nos ombros do vencedor enquanto o outro jogador xingou e saiu da mesa, afastando-se.
– Parabéns. – Ela desejou com um sorriso simpático.
– Você pode assumir a mesa. – O croupier avisou e virou-se para o campeão. – Poderia me acompanhar? – Ambos se afastaram e a plateia se dissipou.
Sozinha, começou os preparativos para mais um turno de apostas.
Eram três da manhã quando ela se arrastou até o bar do cassino e jogou-se em um dos bancos.
– Turno difícil? – Jane perguntou ao colocar uma caneca gelada de cerveja no balcão.
estalou o pescoço e pegou, tomando um grande gole.
– Um pouco. – Tomou mais e colocou à sua frente. – Tinha um rato na mesa.
– Um rato? – A mulher arregalou os olhos, surpresa.
A croupier riu e negou.
– Rato é um código para trapaceiro. – Explicou, achando graça do alívio na expressão da outra, que se afastou ao ser chamada por um cliente.
Resolveu dar uma olhada no movimento atrás de si. Viu muitas pessoas perambulando pelo lugar e as máquinas e mesas lotadas. E quando voltou a atenção para o seu lado esquerdo, viu um homem encarando-a enquanto bebia a cerveja diretamente da garrafa. Ela disfarçou e voltou a atenção para o bar à sua frente.
Bocejou e bebeu mais.
– Gatinho, né? – Jane retornou e apoiou-se no balcão, olhando-a com uma expressão maliciosa.
– Não. – Revirou os olhos e engoliu toda a cerveja, entregando a caneca. – Tá na minha hora. – Despediu-se, levantou e sorriu para a amiga.
– Mas já? – A outra perguntou num tom chateado.
– São três da manhã, Jane.
– E daí? Já viramos noites acordadas. – Franziu a testa e abriu um sorriso zombeteiro. – Não vai me dizer que o gatinho ali – Fez um sinal discreto com a cabeça na direção do rapaz. – te assustou.
– Estou fugindo de problemas. – Deu de ombros, preparando-se para partir.
A outra ficou séria e baixou ainda mais o tom de voz.
– Pensei que tivesse desencanado do que aconteceu com o Miguel.
– Estou muito cansada. – Insistiu e deu uma piscadela para a amiga, despedindo-se.
Aquele era um assunto que tentava evitar a todo custo, mais ainda depois de um turno de trabalho. Desde que decidiu ficar em Vegas, aprendeu que os homens que pisavam ali eram os piores. E o mais chato disso tudo era que até mesmo a relação sem compromisso trazia problemas. Miguel passou pela cidade feito um furacão, causando a maior confusão. Não estava disposta a passar por tudo aquilo mais uma vez.
Quando virou, conseguiu dar outra olhada no homem e reconheceu-o da última partida no turno do Charlie. Ele era atraente, o que lhe deu mais disposição para sair dali. Manteve a postura tranquila enquanto seguia para a saída do hotel, despedindo-se dos colegas de trabalho que cruzavam o seu caminho.
Finalmente, pisou na calçada da avenida. Cada centímetro era iluminado por luzes douradas ou coloridas, prédios luxuosos, pessoas bêbadas e histéricas, outras chorando ou sendo carregadas. Carros caríssimos trafegando, além de Elvis Presley atravessando na frente com algum casal bêbado que cometeria a loucura de se casar.
Sorriu divertida com a visão do trio entrando em uma capela.
Além dos homens de Vegas, evitava as capelas. Nem a bebida mais forte era capaz de arrastá-la até lá.
– Oi. – A voz masculina a assustou.
Ela virou-se surpresa e viu que foi seguida. Manteve uma distância segura que acreditava permitir uma fuga caso fosse necessário.
– Não precisa ter medo. – Ele garantiu com um sorriso no rosto bonito.
Tentou identificar qualquer tipo de deboche ou ironia, mas percebeu que parecia estar sendo honesto.
– Não estou com medo. – Deu de ombros, a expressão fria mas, internamente, estava atenta.
– Juro que não vou te fazer mal. – Uma das mãos fazia sinal de pare, um gesto falho para acalmá-la, e a outra estendeu em direção ao bolso de trás da calça jeans escura.
Pegou algo e estendeu na direção da mulher.
– Queria te dar isso. – Abandonou a pose de bad boy e tornou-se tímido, totalmente envergonhado.
Ela o achou ainda mais bonito.
– Uma rosa? – Perguntou, surpresa.
– Ela me lembra você. – Deu de ombros, a timidez ainda evidente.
A mão livre descansou no bolso da frente da calça.
– Você me viu uma…
– Dez vezes. – Corrigiu-a.
Ela nem tentou continuar o que ia dizer, a expressão assustada.
Numa mistura de surpresa e receio, deu um passo para trás e esbarrou em alguém. Pediu desculpas e voltou a encará-lo.
Ele parecia divertido com a rosa na mão.
– É a segunda vez que visito a cidade e te vejo.
– Eu não lembro de você e acredito que não esqueceria da sua… – Interrompeu-se antes que admitisse o quanto era bonito. – Cara. – Cruzou os braços, irritada.
A aparência dele não passava despercebida. Usava calça jeans, camisa e jaqueta de couro, tudo preto. Não surpreenderia se tivesse uma moto para completar o look de bad boy. Um homem daqueles arrastava problemas para onde ia, e o pior de tudo: costumavam ser os mais atraentes. O seu perfume era o perigo, além de ter “cuidado” estampado em sua testa com luzes neons para qualquer desavisado.
– Também não esqueci a sua cara. – Sorriu, divertido.
Os olhos avaliaram todo o corpo da mulher e, em seguida, voltou a olhá-la diretamente.
– Não vai aceitar? – Indicou o presente que oferecia.
Ela permaneceu em silêncio, mordeu o lábio inferior em dúvida.
Considerou aquela situação absurda. O que levaria uma pessoa sensata a oferecer uma rosa para uma desconhecida? Às três da manhã! E tinha mais, numa calçada em Las Vegas! Analisando friamente, conseguiu pensar em três justificativas. Paixão à primeira vista só acontecia em filmes, e descartou logo de cara. Ele estava bêbado e resolveu parar a primeira moça bonita que viu. Olhou-o atentamente para confirmar, mas constatou que parecia perfeitamente sóbrio.
E a última: ele não batia bem da cabeça. Isso ganhou mais força diante da situação em que estavam.
– Então... Não gosto de flores. – Mentiu.
Deu mais um passo para trás numa tentativa de indicar que iria embora, mas parou quando viu a expressão triste do rapaz. A decepção estava estampada em seu rosto claramente, sem qualquer fingimento. E foi o que amoleceu o coração dela, pois negar o presente tão modesto só lhe lembraria daquela cena. Afinal, uma rosa não era um pedido de casamento, certo?
– Tudo bem. – Aproximou-se e parou a um braço de distância, perto o suficiente para enxergar seu rosto com mais detalhes, e viu-o abrir um belo sorriso.
Sem perceber, sorriu também. Ao pegar a flor, esbarraram as mãos e pôde sentir a pele dele, o que fez seu coração acelerar. Afastou-se, dando uma boa distância enquanto sentia as batidas agitadas em seu peito. Olhou a rosa e aproximou-a de seu nariz, sentindo o perfume, uma rosa muito vermelha e realmente bonita.
– Ela é muito bonita. Obrigada. – Sorriu e cheirou-a mais uma vez. – Preciso ir. – Apontou com a mão livre, fazendo um gesto que indicava o desejo de partir.
– Espera. – Ele falou, parecendo desesperado, e deu um passo à frente.
Colocou as mãos no bolso da calça. Parecia estar receoso por algum motivo. arqueou uma de suas sobrancelhas e permaneceu em silêncio, incitando-o a falar.
– A última vez em que te vi, você estava com uma pessoa. – Sorriu sem graça, mordeu brevemente os lábios. – Você ainda está com ele?
Ela franziu a testa em surpresa. Inconscientemente, a rosa novamente próxima ao nariz.
– Talvez… – O olhar estava perdido no concreto da calçada que percebeu não ter uma fissura, o caule da rosa brincando entre seus dedos.
Voltou a encará-lo e abriu um sorriso enigmático.
– Eu sempre estou com muitas pessoas.
Fez um gesto silencioso de agradecimento e virou as costas, partindo sem olhar para trás.
Aquela madrugada tinha sido muito inesperada e sabia que jamais esqueceria. No futuro, contaria aos seus netos sobre o homem da rosa e a forma com que ele sorriu ao vê-la partir. A sensação que ficou no coração de foi esquisita, parecia que o homem estava certo de que não acabava ali.
Olhou brevemente para a rosa e voltou a atenção para o caminho à sua frente.
A rosa não era um pedido de casamento, mas parecia significar muito mais.
– Moto. – Ela mordeu o lábio inferior para disfarçar o sorriso divertido. – Pacote completo. – Constatou.
– Alguma coisa errada? – perguntou preocupado enquanto descia da motocicleta azul royal e pulava para a calçada.
Vestia preto e jeans. Um óculos escuro protegia seus olhos do sol de Las Vegas.
– Não, não. Tudo certo. – Ela engoliu em seco ao admirar a beleza do homem e a incrível habilidade de usar preto e jeans no calor que estava fazendo.
Como ela costumava trabalhar em turnos até de madrugada, passava boa parte do dia dormindo. Deveria estar muito desacostumada com a luz do dia.
– Onde… – Tentou continuar, mas os pensamentos ficaram confusos ao vê-lo se aproximar e parar a um passo de distância.
Sentiu o perfume masculino e olhou-o diretamente. Quando a mão dele tocou levemente sua cintura, ela prendeu a respiração enquanto o coração batia rápido.
– Você está linda. – Sussurrou e sorriu.
Depositou um beijo na bochecha da mulher e encarou-a mais uma vez. Soltou o ar dos pulmões e se afastou rapidamente até a moto.
continuou estática. Tinha certeza da expressão abobalhada enquanto o encarava com a boca levemente aberta. As batidas no peito continuavam rápidas, feito as asas de um beija-flor que parecia querer dançar em seu estômago. Não sabia se teria condições de caminhar até a moto e ainda seguir agarrada na garupa.
Foram dias vendo-o no cassino durante seus turnos, esperando-a fielmente no bar ao final deles. Na primeira noite, ficou resistente em manter uma conversa mas, depois, só fluiu. Viu-se esperando ansiosamente por aqueles encontros que resultaram em conversas sinceras sobre a vida. Aquele era o primeiro encontro longe do cassino e o motivo de não ter dormido as poucas horas depois de seu turno. Iriam almoçar e passear pela cidade.
– Espero que esteja morrendo de fome. – Abriu um sorriso divertido e estendeu um capacete preto.
Ela passou a língua nos lábios e respirou fundo, tentando normalizar a bagunça que estava dentro de si. Viu-o subir na moto e observá-la. Aproximou-se, colocou o capacete e abriu um sorriso nervoso.
– Não precisa ter medo. – O tom era carinhoso.
Sentiu-a ocupar o banco atrás de si e envolvê-lo pela cintura.
– Não vou te deixar cair. – Ligou o motor.
Ela riu, nervosa.
– Quem dera fosse meu único medo. – Lamentou ao apertá-lo ainda mais pela cintura e sentir o solavanco da moto ao entrar em movimento.
– Ele não chegou. – Jane cantarolou ao ver a amiga ocupar o banco do bar e se afastou para atender um cliente.
franziu o cenho, surpresa. Dois meses em que estava acostumada com aquela rotina em encontrar após o expediente e, pela primeira vez, ele não estava ali. O sentimento que a dominou comprovou que estava mergulhada demais para voltar atrás.
– Mas você o viu hoje?
– Ainda não. – A bartender informou enquanto enchia uma caneca de cerveja, mas parou ao receber o gesto negativo da amiga.
– Ah. – A expressão decepcionada tornou-se preocupação. – Será que aconteceu alguma coisa?
– Nada. Deve ter se atrasado. – A amiga tentou tranquilizá-la e partiu para atender outro cliente.
– Às três da manhã? – Sussurrou para si mesma.
Esfregou a testa com uma das mãos e respirou fundo. Estava começando a ficar paranoica e não deveria se permitir chegar àquele ponto. Eles não tinham um compromisso sério e o homem estava na cidade para se divertir, poderia sair com quem quisesse. Ambos eram livres. Entretanto esse pensamento deixou um gosto amargo na boca.
– Tá tudo bem, ? – Uma voz masculina chamou sua atenção.
Virou-se e viu Anthony.
Forçou um sorriso para disfarçar sua preocupação, mas que não surtiu efeito.
– Ele não veio? – Perguntou o colega de trabalho enquanto fazia um gesto para Jane, pedindo por uma bebida.
Afrouxou a gravata borboleta preta e abriu o colarinho da camisa social branca. Trabalhavam juntos havia um tempo e davam-se bem o suficiente para se considerarem amigos.
– Quem? – Fingiu não entender.
– Você mente assim para os clientes da sua mesa? – Abriu um sorriso divertido.
Pegou a caneca de cerveja e tomou um gole. Ela sorriu sem graça. Arrependeu-se de não estar bebendo para disfarçar as suas preocupações.
– Se for o homem de preto que você está esperando, eu o vi meia hora atrás na mesa trinta com o… – Olhou de forma conspiratória, conferiu outras direções do bar e olhou-a novamente de forma preocupada. – Vegas.
Ao ouvir aquele nome, o seu coração bateu mais forte e todos os pêlos do seu corpo se arrepiaram. As mãos ficaram frias e nenhuma palavra saiu de sua boca.
– Você precisa se afastar dele, . – Aconselhou com a expressão preocupada. – Se está envolvido com o Vegas, então não é boa coisa.
Ela soltou um suspiro cansado e esfregou as têmporas. Voltou a encará-lo, forçou uma expressão mais calma. Apoiou a mão no balcão e ergueu-se.
– Obrigada pelo aviso, Anthony. – Sorriu sincera e se afastou o mais rápido que pôde para fora do cassino.
Miguel tinha sido problema o suficiente para a vida dela, não precisa de mais. Precisava pôr o máximo de distância entre ela e .
– ! – Ouviu a voz familiar e o som do motor da moto.
Xingou baixinho enquanto forçava a visão para enxergar a fechadura. Sentiu a mão quente tocar seu antebraço e afastou-a sem virar. Estava cansada, magoada pelas mentiras e não queria conversar na madrugada.
– Desculpa por não ter aparecido. – A voz demonstrava preocupação, irritando-a mais.
Ela xingou mais uma vez e virou-se, jogando todo o bom senso no lixo.
Estavam em pé na frente do seu prédio. Àquela hora, o beco estava vazio, mas tinha certeza de que os vizinhos poderiam ouvir até um sussurro.
– Por que não me contou sobre o Vegas? – Perguntou séria enquanto cruzava os braços e olhava-o diretamente, a postura desafiadora.
Viu a expressão preocupada do homem tornar-se compreensiva.
– Não podemos ter essa conversa aqui. – Sussurrou e olhou para todos os lados.
Segurou-a pelos bíceps de forma gentil. Ela afastou as mãos e virou-se para o portão de ferro. Finalmente, conseguiu encaixar a chave e abriu. Atravessou outra porta e subiu o lance de escadas até o terceiro andar, ouviu os passos a seguindo. Morava num pequeno prédio de três andares que dividia com Jane havia anos, que havia se tornado um lar e refúgio. Bufou irritada enquanto brigava com mais uma fechadura. Estava uma pilha de nervosismo, e o fato do homem estar muito próxima das suas costas piorava tudo. Quase chorou de alegria ao entrar no apartamento e jogou a bolsa no pequeno sofá. Ouviu a porta ser trancada enquanto se jogava no sofá e tirava os sapatos. Soltou o ar dos pulmões e encarou o homem que estava em pé na sua frente.
– Vai abrir o bico ou tenho que te expulsar de uma vez? – Perguntou irritada.
Ele soltou um suspiro cansado, descansou uma das mãos na cintura e esfregou as têmporas.
– Você quer a verdade, né?
Ela o encarou, debochada, mas os olhos revelavam o medo.
– Eu pertenço ao cartel de New Jersey e vim negociar com Vegas. – Revelou cuidadosamente, olhando-a.
Deu de ombros e descansou as mãos na cintura. Continuava em pé na frente do sofá que ela ocupava.
– Confusão… – Ela sussurrou sem parar enquanto cobria o rosto com as mãos, o coração agitado.
Não conseguia definir perfeitamente o que sentia, pois sentia uma mistura de medo, nervosismo, decepção.
– Ei, olha pra mim. – Ouviu a voz dele mais próxima e as mãos se apoiaram nos joelhos da mulher. – Me perdoa por mentir para você, mas não é algo que se revele para qualquer pessoa. – Olhou-a seriamente.
Soltou o ar dos pulmões.
– Eu não quero me envolver em confusão, . – Ela encarou-o tristemente.
Colocou as mãos nos ombros dele e olhou-o diretamente nos olhos. Sentia nos seus dedos o couro frio da jaqueta preta que ele usava, além do perfume masculino misturado com suor.
Ela estava sentada no sofá, as mãos descansando nos ombros do homem que estava agachado à sua frente enquanto segurava-se nos joelhos dela, ambos com a expressão de sofrimento.
– Fui honesto o máximo possível, . – Destacou num sussurro. – Se tivesse que escolher entre você e o meu trabalho, – Colocou uma das mãos na bochecha dela. – escolheria você mil vezes.
Ela ergueu-se repentinamente e quase o fez cair. Viu-o se levantar e continuar próximo.
– Vegas é perigoso… E você pertencer ao mundo dele torna tudo pior. – Molhou os lábios com a língua e respirou fundo, tentando se acalmar. – Já vi o suficiente da maldade e sujeira dele, não quero vivenciar isso novamente. – O olhar dela se tornou perdido nas lembranças que lutava para esquecer.
Sentiu as mãos quentes do homem em seu rosto, e direcionou-a para olhá-lo. Acariciou-a carinhosamente nas bochechas com movimentos circulares dos polegares.
– Eu sei sobre o Miguel. – Revelou num sussurro.
No mesmo instante, ela arrancou o rosto das mãos dele e sentiu falta do carinho. Esmagou esse sentimento e seguiu até a porta do apartamento. Colocou a mão na maçaneta e encarou-o, a expressão repleta de mágoa.
– Eu deveria escolher te contar e não você saber pelas minhas costas. – A voz magoada, os olhos ardendo pelas lágrimas, além das mãos trêmulas.
– Não tive como evitar. – Ele sorriu triste e deu de ombros, ainda parado no meio da sala. – Vegas me forçou a ouvir.
– Acabou, . – Ela prendeu a respiração e depois soltou, tentando se acalmar ou choraria.
Destrancou a porta e abriu, a mão trêmula segurava a maçaneta.
– Não, . – Implorou ao se aproximar sem sair, a expressão dolorosa. – Eu te conto tudo. – Falou em desespero, as mãos fechadas em punho ao lado do corpo.
– Fora, . – Apontou para a porta, a expressão dura mas a visão embaçada pelas lágrimas que queriam escorrer pelo rosto.
– Eu sou um órfão de Detroit… – A expressão se tornou desolada. – Cresci nas ruas e me envolvi com pessoas, fui parar na prisão e conheci um cara do cartel da Camila Vargas em New Jersey. – Deu de ombros. – Ela me pede e eu faço. Por isso, estou aqui.
Ela tremia dos pés à cabeça e precisou respirar fundo mil vezes para tentar se acalmar, mas não conseguia. Tinha medo de Vargas e sua ira. Não queria enfrentá-la mais uma vez.
– E o que Vegas tem a ver com sua chefe?
– Vim negociar um carregamento, mas Vegas está colocando muitos obstáculos. – A expressão se tornou irritada enquanto colocava as mãos na cintura.
A mulher viu o volume por baixo da camisa e arregalou os olhos.
– Você entrou na minha casa armado? – Perguntou e acusou ao mesmo tempo, a voz assustada.
Ela detestava armas, além de ter muito medo.
levantou a camisa o suficiente para mostrar a pistola escondida no cós do jeans e soltou. Aproximou-se devagar, como se estivesse lidando com um animalzinho prestes a fugir de seu caçador. Soltou a mão rígida e fria da mulher que segurava firmemente a maçaneta, fechou a porta e trancou. Envolveu-a nos braços fortemente e soltou um suspiro cansado.
A mulher sentiu o abraço quente e tentou lutar contra os seus sentimentos. Acabou envolvendo-o pela cintura e fechou os olhos. O próprio coração batia agitado, mas percebeu que o do homem se assemelhava ao dela. E compreendeu que ele também temeu pela descoberta.
– Case-se comigo.
Ela gelou e, ainda em seus braços, encarou-o, assustada.
– Você está maluco? Estou prestes a te expulsar da minha casa e da minha vida e você me pede em casamento?
Ele beijou seus cabelos, seu rosto e segurou-o entre as mãos, selando os lábios num beijo calmo mas que fez com que afogassem-se nas emoções. O sabor da língua quente do amado, o toque das suas mãos passeando por seu corpo. Era maravilhoso estarem juntos, e nunca havia sentido aquilo com ninguém.
Parou o beijo e descansou a testa na dela, as mãos prendendo-a pela bochecha.
– Podemos nos casar e ir para Detroit, recomeçar lá. – Sugeriu calmamente.
Ela se livrou das mãos e afastou-se, respirando fundo para clarear a mente. Passou as mãos pelo cabelo nervosamente, andando pela sala.
– Isso é loucura!
– Eu sei! – Ele riu, parecendo fora de si. – A Camila me deve um favor e vai ter que me libertar.
– Isso é loucura! – Ela jogou os braços para o alto e, em seguida, cobriu o rosto com as mãos.
se aproximou novamente e descobriu o rosto da mulher, olhando-a seriamente. Segurou-a pelos ombros e respirou fundo, soltando o ar.
– Não faz isso… – Pediu num sussurro.
– Eu sei que você sente o mesmo por mim e já se imaginou dormindo ao meu lado todas as noites. Ou até mesmo como seria viajar para bem longe na minha moto, mesmo que morra de medo. – Abriu um sorriso divertido, mas tornou-se sério novamente. – Casa comigo, . E recomeçamos em Detroit.
Ela permaneceu em silêncio.
– Diz que sim. – Insistiu e deu um selinho na mulher.
– Eu não posso sair de Las Vegas. – Confessou.
– Podemos contratar um investigador particular e ficamos em Detroit recebendo as informações.
A mulher se afastou novamente e esfregou as têmporas. Virou-se para o amado e mordeu o lábio inferior.
– Eu aceito, mas tenho duas condições. – Fez o gesto com os dedos indicador e médio.
O homem abriu um sorriso animado.
– Nada de casar, e vamos ficar aqui três meses. Eu preciso continuar procurando o meu pai e não suportaria partir sem insistir. – Revelou num fiapo de voz.
Ele se aproximou com a expressão séria.
– Vou ser honesto com você. – Soltou um suspiro e passou a mão no cabelo. – Eu topo, mas não será fácil. Vou precisar negociar a minha permanência em Vegas e resolver minha situação com a Camila. – Segurou-a gentilmente pelos ombros e ficou sério. – Posso largar essa vida, mas ela não será esquecida. Fiz minha fama e continuaremos correndo risco. Vou sempre te proteger, e estará livre para partir quando quiser, mesmo que me doa.
– Três meses e um recomeço. – Ela garantiu com a voz trêmula.
Envolveu-o pela cintura e encarou-o.
– Sim.
– Você precisa ir mesmo? – Perguntou preocupada enquanto segurava a rosa em suas mãos.
costumava presenteá-la com a flor em todos os momentos em que estavam juntos. Ninguém imaginava que um homem das armas gostava tanto de rosas.
Estavam em pé no portão do prédio, uma hora depois de tudo mudar. O sol estava nascendo e a rua estava se iluminando.
– Preciso resolver os meus problemas. – Forçou um sorriso confiante. – Te encontro no final do seu turno e iremos comemorar. – Deu um selinho na mulher, que tinha uma expressão preocupada.
Ele passou o dedo indicador nas pétalas da rosa que a amada espremia entre os dedos e sorriu.
– Você não imaginava, mas aquela rosa era o meu pedido de casamento antecipado. – Relembrou a primeira vez em que estiveram juntos.
Beijou a testa da mulher, as bochechas, a ponta do nariz e a boca. Soltou um suspiro sofrido e afastou-se rapidamente. Subiu na moto e, antes de pôr o próprio capacete, sorriu convencido.
– Eu já sabia que ficaríamos juntos para sempre. – E partiu sem olhar para trás.
Foi a última vez que viu e a sua moto azul.
Ele amava armas e rosas
Guns and roses
Armas e rosas
He loved guns and roses
Ele amava armas e rosas
He loved guns
Ele amava armas
And roses, roses, roses
E rosas, rosas, rosas
Fim.
Nota da autora: "Quero agradecer a beta Gabi e organizadora Nath pela paciência!!! <3 E as minhas amigas lindas que me ajudaram com o plot!!! Foi sofrido para escrever e criar esse casal, mas foi!!! MUITO obrigada <3
E se gostou dessa fic, também confere as outras:
Café com Pattinson [Atores - Em Andamento]
http://www.fanficobsession.com.br/fobs/c/cafecompattinson.html
01 - Raindrops (An angel cried) [Ficstape #169 - Ariana Grande: Sweetener]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/01raindrops.html
03 - The light is coming [Ficstape #169 - Ariana Grande: Sweetener]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/03thelightiscoming.html
05. Come Back Home [Ficstape Calum Scott/Finalizada]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/05comebackhome.html"
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
E se gostou dessa fic, também confere as outras:
Café com Pattinson [Atores - Em Andamento]
http://www.fanficobsession.com.br/fobs/c/cafecompattinson.html
01 - Raindrops (An angel cried) [Ficstape #169 - Ariana Grande: Sweetener]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/01raindrops.html
03 - The light is coming [Ficstape #169 - Ariana Grande: Sweetener]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/03thelightiscoming.html
05. Come Back Home [Ficstape Calum Scott/Finalizada]
http://fanficobsession.com.br/ficstape/05comebackhome.html"