13. Nobody

Última atualização: 20/12/2016

Capítulo Único

As lágrimas escorriam pelo seu rosto e seus olhos estavam vermelhos como nunca estiveram antes. Eu sei como ela se sente. A puxei para o meu colo e afaguei seus longos cabelos.
- Querida, deixe-me lhe contar uma história...
Eu tinha 20 anos e estava no meu terceiro ano da faculdade. Eu era livre e sentia que poderia fazer tudo o que eu quisesse, afinal, não tinha ninguém que pudesse me impedir.
Eram 3 horas da manhã de um final de semana de outono e eu estava em um pub qualquer enquanto faziam 5 graus lá fora. Eu estava sozinha, claro. Era assim que eu me sentia confortável. Sozinha.
Eu estava tão bêbada que não conseguia pronunciar um simples "olá!" Sem ficar todo embolado e meus pés e mãos já estavam começando a formigar.
Peguei meu celular para tentar chamar um táxi, mas as teclas se tornaram embaçadas para mim.
- Você precisa de ajuda? - Perguntou um rapaz.
Olhei na direção dele. Seu rosto me parecia familiar, mas, não conseguia recordar da onde poderia conhecer. Seus olhos verdes refletiam as luzes coloridas do pub e seus fios castanhos estavam alinhados em um perfeito topete. Olhei para seus lábios e eles estavam na forma de um sorriso amigável.
- Sim, preciso de ajuda para chamar um táxi. - Sorri.
Sua mão desceu até seu bolso de trás da calça e de lá ele tirou seu celular.
- Seu táxi vai chegar daqui a três minutos. - Ele fala sorrindo.
- Obrigada. - Falei e dei um meio sorriso.
- Não precisa me agradecer. Chamo-me . - Ele fala, ainda com um sorriso no rosto e me estendendo a mão.
- . - Falei e apertei sua mão.
Ouvimos uma buzina.
- Acho que seu táxi chegou, .
Despedi-me dele e então saí do pub, em direção ao táxi. Levou vinte minutos do pub até o meu apartamento, no qual, eu vivia com uma amiga. O taxista parou em frente ao meu prédio, eu o paguei e desci, passei pela a portaria, dei "boa noite" para o porteiro, logo, entrei no elevador e apertei o botão do meu andar. Entrei no apartamento, em silêncio, já que Charlotte e William estavam dormindo no sofá da sala. Fui para o quarto, me joguei na cama e apaguei.
No dia seguinte, acordei com uma dor de cabeça insuportável e pouco me lembrava da noite passada. Levantei da minha cama e fui para o banheiro. Olhei para o espelho e vi o quão deplorável estava minha aparência. Abri o armário que ficava embaixo da pia do banheiro e peguei meu demaquilante para retirar a maquiagem da noite passada, depois, fui tomar o banho que tanto ansiava. Uns vinte minutos depois, eu estava vestido uma roupa confortável, já que eu passaria o dia escrevendo alguns artigos para a faculdade. Depois de vestir minha roupa e pentear meu cabelo, sai do meu quarto, indo para cozinha encontrando Charlotte sozinha colocando o café da manhã na mesa.
- Bom dia. - Falei entrando na cozinha indo até o armário atrás de uma aspirina, para amenizar a minha dor de cabeça.
- Bom dia, moça. - Ela disse desviando um pouco a atenção do que estava fazendo e me olhou de forma maliciosa.
- Chegou tarde ontem. - Ela disse.
Olhei pra ela e sorri.
- Claro. Foi incrível ontem. Bebi sozinha até cair. Um máximo! - Disse irônica.
Ela me olhou e revirou os olhos.
- Então, hoje vai ter uma festa na casa do William para comemorar que o irmão dele voltou da Noruega, você quer ir? - Ela fala e olha na minha direção esperando minha resposta.
- Pode ser. - Falei sem dar muita importância.
- A gente sai às 22h00min. - Ela disse e sai da cozinha.
Voltei para o meu quarto, peguei meu computador e comecei a escrever o primeiro artigo. Passei o dia inteiro escrevendo artigos. Às 20:00, eu comecei a me arrumar. Em pouco mais de uma hora e meia, eu já estava pronta. Vestia uma calça skinny, um top cropped e uma bota de cano curto. Às 21h45min a Charlotte batia em minha porta, peguei meu casaco e fomos para a garagem.
Trinta minutos depois estávamos entrando pela porta da casa do William. A Charlotte logo sumiu quando o William apareceu, então, como estava sozinha, decidi ir atrás de alguma bebida. Passei pelo meio da multidão para chegar até a cozinha. Chegando lá, abri a geladeira e peguei uma cerveja, abri e comecei a beber. Sai da cozinha, fui até um sofá, me sentei e fiquei observando a galera ao redor. Estava distraída em meus pensamentos quando alguém sentou ao meu lado.
- ? - Alguém tinha chamado o meu nome.
Virei na direção da voz, fiquei surpresa ao ver quem era a pessoa, que estava sentada do meu lado.
- Moço da noite passada. - Falei sem me lembrar do nome dele.
- - Ele fala rindo.
- Isso. - Falei um pouco sem graça.
- Então, o que faz aqui? - Perguntei a ele.
- Bom, digamos que essa festa seja para mim. - Ele fala e sorri.
- Então quer dizer que você é o irmão do William? Agora explica porque te achei tão familiar.
Fiquei conversando com a noite toda, ele me contou sobre como foi passar esse tempo na Noruega, eu contei a ele que estava estudando jornalismo. Conversamos sobre outras coisas. Ficamos sem assunto e ele se aproximou de mim. E me deu o melhor beijo da minha vida.

Depois desse dia, comecei a sair com o , depois de um tempo ele me pediu em namoro. Eu o amava muito. Ele tinha sido a minha salvação durante aquele tempo que ficamos juntos. Até que um dia eu havia brigado com ele, tínhamos passado uma semana sem nos falar, então eu tinha decidido ir na casa dele, para me desculpar por ser uma idiota...
Então, eu finalmente tomei coragem e venci meu orgulho. Fui até a casa dele. Quando eu cheguei o William que tinha ido abrir a porta, ele havia dito que o estava no quarto e, logo, eu subi as escadas e fui em direção ao quarto dele. Eu o encontrei na cama com sua ex-noiva. Foi um choque. Eu não sabia esboçar nenhuma reação, não consegui ficar com raiva e nem consegui chorar. Desci as escadas correndo e o William me perguntou o que tinha acontecido. Eu não sabia o que lhe responder, apenas continuei andando até meu carro.
Durante o percurso eu não consegui derramar uma lágrima, mas só foi eu pisar no meu quarto que uma dor insuportável começou em meu peito e lágrimas caiam descontrolavelmente em meu peito. Eu o amava com toda intensidade do meu ser e pensava que ele também me amava. Deitei na cama e chorei tanto que acabei pegando no sono.
Acordei com meu celular tocando e quando eu vi que era o , desliguei. Aquela altura, eu não conseguia sentir mais nada, só existia um vazio dentro de mim. Não havia caído a ficha.
Ele me ligou inúmeras vezes naquele dia, porém, eu ignorei todas as suas ligações.
Uma semana depois, eu descobri que estava grávida e ele voltou para a Noruega. Desde então, nunca mais nos falamos. Ele continua na Noruega e eu aqui.

*******************

- Meu bem, eu sei que não há nada que eu possa falar ou fazer para acalmar teu coração, me perdoe por isso. Mas como mãe, tenho a obrigação de fazer o possível para ver teu sorriso lindo outra vez. Muitos amores vêm e vão, uns que você irá esquecer e outros que irão marcar sua vida para sempre e que você irá lembrar de cada momento passado juntos. Não se entristeça se seus planos de se casar e ter filhos não deem certo com aquele cara que você queria. Amor verdadeiro é infinito, por mais que ele dure segundos ou anos.
Depois disso, ela foi dormir e eu desci até a praia.
Eu estava sentada na areia, pensando em tudo que tinha acontecido ao longo desses anos. Na filha que eu tinha e nos meus planos que, boa parte, se tornaram realidade. Eu sou feliz, mas, ainda penso nele todos os dias. Estava distraída em meus pensamentos quando ouço alguém me chamar.
- ? - Ouço aquela voz que por tantos anos me assombrara.
- ?
“Sem oxigênio, mal posso respirar
Você trouxe libertação para meu pecado mais obscuro
E é tudo por sua causa, tudo por sua causa
Eu não sei o que é, mas você me fez entrar de cabeça
Ninguém se compara, nem poderia começar
A me amar como você
E eu não gostaria que amassem”- Nobody



Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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