Capítulo Único
Bem vindo a Alphaville.
Dizia a placa verde com letras brancas.
Ao ler aquilo senti uma vontade quase incontrolável de fazer o retorno com o meu carro e voltar para Nova York, mas me controlei porque era realmente necessário estar ali, na minha cidade natal, por ser o fim de semana do casamento da minha irmã mais nova com meu melhor amigo.
Dá para acreditar em como a vida é imprevisível? Owen e eu nos tornamos amigos antes mesmo de aprender a andar, por causa de nossos pais que eram amigos desde o berçário também, fazendo da nossa família quase uma só. Sem contar que uma vez nossas famílias quase se uniram quando eu estava noivo da irmã de Owen, mas não deu certo então isso não vem ao caso. O importante era que nós seriamos oficialmente da mesma família.
Um pouco depois de entrar em uma estrada de terra, o motor do carro se silenciou quando girei a chave, desligando-o. Suspirei e olhei ao meu redor com mais calma. Era fim de tarde de outono, o sol estava começando a se pôr, deixando tons de laranja e rosa no céu azul, as folhas em tons de laranja e marrom começavam a cair das árvores, cobrindo boa parte do gramado combinando perfeitamente com a antiga casa rústica a minha frente. A simples visão do lugar já fazia meu coração se transbordar de paz.
Aquela não era a casa em que eu tinha crescido, meus pais a comparam um pouco depois que me mudei para Nova York. Acho que a única coisa que os prendia ao centro da cidade era meus irmãos e eu, mas eu tinha que admitir: o lugar era mesmo bonito e ainda por cima era tranquilo, exatamente como os meus pais gostavam. Eles com certeza acharam um cantinho para ter a paz com que sempre sonharam e não tinham na época em que Maya, Sebastian e eu ainda morávamos com eles.
Acho que pelo lugar ser tão calmo e silencioso todo mundo percebeu a minha chegada.
Maya, minha irmã mais nova, desceu os seis degraus da entrada da casa com agilidade e rapidez enquanto corria na minha direção. Abri os braços para recebê-la em um abraço forte.
- Meu Deus, ! Mal acredito que você veio – disse ela, se jogando contra mim e colocando seus pequenos braços ao redor do meu pescoço.
Envolvi os braços ao redor da cintura dela e a tirei do chão por alguns segundos, enquanto sorria.
- Não ia perder isso por nada desse mundo – respondi. – Você e Owen? Quero ver essa maluquice de perto.
Maya se afastou, também sorrindo, e me deu um leve tapa no ombro.
- Pare com isso.
- Só estou dizendo que nunca imaginei isso. Vocês não se davam bem – respondi enquanto colocava uma mecha dos cabelos loiros dela no lugar. – Arrisco-me até a dizer que se odiavam.
Maya sorriu, concordando com a cabeça.
Acredito que ela se lembrou do tempo em que Owen vinha à nossa casa e os dois só faltavam se matar por tudo. Isso também acontecia quando ela ia à casa de Owen visitar a irmã dele, .
- Éramos novos demais – disse ela, ajeitando os cabelos. – Acho que era amor reprimido.
Maya sempre foi uma garota bonita, mas ao longos dos anos sua beleza só cresceu. Essa beleza era algo de família, mais puxada para a família da minha mãe onde quase todos os membros tinham cabelos loiros e olhos azuis.
- , meu querido! – mamãe disse de uma forma carinhosa, enquanto me puxava para um abraço.
Eu nem tinha percebido que todos haviam se aproximado e formado um tipo de fila para me cumprimentar. Papai seria o próximo e Sebastian estava logo atrás dele, com seus filhos e esposa, sorrindo para mim.
- Nem imagina a saudade que eu estou de você. – disse mamãe, ao se afastar um pouco e segurar meu rosto entre suas mãos. Olhando nos olhos dela, percebi que ela estava mesmo com saudades e que eu iria pagar caro por isso. No rosto dela havia pequenos sinais de que a velhice estava se aproximando e, mesmo assim, ela ainda era uma das mulheres mais lindas que eu já tinha visto na minha vida. - Você nunca vem nos visitar, como pode só uma ocasião especial te trazer à casa de seus pais? Isso não é justo.
- Eu sei, mãe – respondi mesmo com ela apertando o meu rosto. – Desculpa, só andei ocupado demais.
- O garoto tem uma vida agora, Stella - disse papai, enquanto delicadamente tirava as mãos da minha mãe do meu rosto. - Agora me deixe abraçá-lo.
- Deixe de ser insensível, Robert. Só estou com saudades do meu menininho. - E então ela começou a fazer o drama costumeiro, levando sua mão à boca e fazendo cara de choro. Não a culpo. Eu realmente estava sendo um péssimo filho, pois não vinha a casa deles há uns oito meses e sempre que vinha ficava no máximo três dias. - Está tão diferente de quando o vi a última vez...
Isso era puro exagero dela porque eu não tinha mudado nada a não ser pela barba que deixei crescer. Papai a ignorou e me abraçou fortemente.
- Achei que sua namorada viesse com você. - comentou. – Estávamos ansiosos para conhecê-la.
Ai estava o motivo pelo qual eu não queria vir ao casamento: minha namorada... Ou melhor, ex-namorada, Lucy.
Sim, sou um fracassado quando se trata de relacionamentos.
Fazia duas semanas que Lucy tinha saído pela porta do meu apartamento, dizendo que não voltaria nunca mais, e eu sinceramente não acreditei que fosse verdade até perceber que tinham se passado quatorze dias sem nenhuma ligação, mensagem ou sinal de fumaça da parte dela. A verdade é que eu nem notei o tempo passar, só me dei conta de que ela não tinha voltado quando estava colocando as malas no meu carro para vir ao casamento da minha irmã, sozinho.
Olha, posso parecer frio e insensível com Lucy, mas as coisas entre nós não estavam mesmo funcionando. Eu queria que ela fosse alguém diferente, alguém que ela não era. Eu queria que ela fosse a .
Sim, eu nunca esqueci a irmã de Owen porque pessoas como ela não tem como simplesmente ser esquecidas. Os momentos felizes que passei ao lado dela... Até os momentos ruins não saíam da minha mente por mais que eu tentasse. E Deus sabe como eu tentei.
Lembro claramente de quando se foi.
Ela se foi amigavelmente e se despediu de mim com um abraço e um último beijo, que – preciso dizer – , foi o mais doce e mais amargo que já tive em toda a minha vida. Doce porque me deu a leve impressão de que ela ainda me amava e não me deixaria de verdade, mas, depois que percebi que eu estava me enganando, fiquei com um gosto amargo na boca, o gosto da solidão e do abandono. Sinceramente? Nunca pensei que um beijo pudesse me trazer tanta dor como aquele.
É claro que não estava errada em me chutar para fora de sua vida, porque na época eu confesso que merecia, por ser um filho da puta egoísta. Eu só pensava em mim e no meu trabalho. era compreensiva até quando eu não merecia... Era assim que eu queria que Lucy fosse, mas ela era totalmente diferente do que eu queria e amava.
- Ela não pode vir – respondi, forçando um sorriso triste a aparecer em meu rosto porque eu tinha que parecer chateado com o fato da minha garota estar tão ocupada. Eu não queria contar a verdade, não queria ouvir as pessoas dizerem que eu tinha estragado tudo como fiz com a . – Está muito ocupada com o trabalho.
- Que pena! Owen me disse que também não vem por causa do programa – disse Maya. – Fico feliz que você e Sebastian tenham conseguido vir. Sei que a vida de vocês é agitada por causa da fama.
Senti um pouco de decepção porque eu meio que queria ver a , mas era de se imaginar que ela estivesse tão ocupada. era apresentadora de um programa de TV chamado “Behind closed doors” que era de grande sucesso em todo o país por abordar temas como amor e sexo sem tabus.
- Essas mulheres gostam mesmo de trabalhar - disse Seb, assim que papai se afastou e o deu espaço para ele me cumprimentar. - Quase tive que arrastar a minha pelos cabelos para fora daquele estúdio.
Ellena, esposa de Sebastian, sorriu e negou com a cabeça. Ela era uma fotógrafa incrível e dedicada. Nunca conheci ninguém no mundo que fosse tão apaixonado por fotografia como ela era.
- Deixe sua mulher em paz, Seb. Ela apenas gosta do que faz – respondi, dando um abraço apertado no meu irmão.
- E aí, cara?
- Cara, você sumiu - disse ele, se afastando. - Mamãe tem razão: você mudou bastante desde a última vez.
- Só deixei de tirar a barba – respondi, sorrindo e abraçando minha bela cunhada.
- Não, você também parece mais em forma - disse Ellena e tinha toda a razão. Como Sebastian e ela estavam sempre trabalhando, a última vez em que nos vimos foi alguns meses depois de me deixar, há mais ou menos um ano, e bem... Eu estava uma merda naquela época. Apenas dei de ombros, me agachando para abraçar meus dois sobrinhos que eram gêmeos idênticos. Eles tinham os olhos azuis iguais ao do Seb e os cabelos tão negros quanto os de Ellen.
Thomas e Tristan me abraçaram e um deles – não me pergunte qual porque sou péssimo em diferenciá-los – passou a mão no meu rosto, aprovando com um sorriso.
- Gostei, tio - disse ele, alisando a minha barba, admirado.
- Você parece muito com o papai - disse o outro. - Só que você tem essa coisa na sua cara.
- Essa coisa se chama barba, Tom - tratou de responder o mais novo admirador da minha barba que descobri ser o Tristan.
Thomas fez careta e mostrou língua para o seu irmão em resposta.
Ele era o pestinha dos dois.
- Vocês dois nem pensem em começar - alertou Ellena com aquela cara ameaçadora, assustadora e engraçada que só as mães sabem fazer. - Lembrem como foi ruim ficar de castigo na última vez.
- Okay – os dois responderam em uníssono.
Tristan com uma cara triste e Thomas com cara de irritado por levar bronca. Eles pareciam ter uma personalidade bem diferente. Igual Sebastian e eu que, apesar de gêmeos, não somos idênticos, apenas parecidos.
- Ótimo! – disse ela enquanto um sorriso surgia em seu rosto. – Agora vamos entrar?
- Sim, mamãe. – os gêmeos responderam novamente em uníssono.
- Agora que chegou, pode ajudar sua mãe a preparar o jantar – disse papai com um enorme sorriso no rosto, enquanto começava a subir o pequeno lance de escada que dava acesso à casa. – Estou com saudades da sua comida.
Ele era meu fã número um. Uma vez ele me confessou que preferia minha comida a da mamãe, mas que ela nunca poderia ficar sabendo disso porque o mandaria morar em Nova York comigo.
- Se quiser fazer o jantar inteiro não vou me importar – disse mamãe, dando de ombros, enquanto começava a andar em direção à casa.
- Faço sem problema, só preciso levar minhas coisas para dentro... – comecei a falar, mas fui interrompido por meu irmão.
- Ai está o problema, maninho. Mamãe cedeu seu antigo quarto para nossa tia que chega de viagem amanhã – disse ele sorrindo, enquanto colocava seu braço ao redor do meu pescoço e me puxava em direção à casa.
- E onde eu vou ficar? – perguntei e Maya sorriu para mim, concordando enquanto andava do meu lado.
- Sabe o apartamento que você me deu? – ela perguntou e eu concordei. – Ele está livre e pronto pra te receber.
- Okay. – respondi, dando de ombros. – O que querem comer? – perguntei entrando na casa incrivelmente aconchegante dos meus pais, e cada um começou a dizer seus pratos preferidos, formando uma discussão bem humorada.
Papai já estava sentando na sua amada poltrona reclinável e discutia com mamãe que se encontrava atrás dele, fazendo massagem em seus ombros enquanto Sebastian se sentava ao lado de Ellena para tentar explicar aos gêmeos que bolo não era uma opção para o jantar.
Era uma cena bonita de se ver.
Maya encostou sua cabeça em meu ombro, abrindo um sorriso dócil enquanto observava nossa família.
- Bem vindo de volta ao nosso lar.
Sorri, envolvendo meus braços ao redor dela.
- Obrigado, pirralha.
Como era de costume, acordei às seis da manhã para fazer a minha corrida matinal.
Quando eu estava correndo, conseguia pensar melhor sobre tudo e isso acabava me relaxando para fazer as coisas no dia-a-dia como cuidar dos meus cinco restaurantes e ainda gravar meu programa de culinária.
Fui para a cozinha, vasculhei os armários e a geladeira da minha mãe para preparar um bom café da manhã.
Tomei muito café enquanto preparava quase um banquete para que minha família pudesse escolher o que mais os agradasse. Tomei mais café, comi duas fatias de pão integral com queijo branco, escrevi um bilhete informando minha família de que voltaria mais tarde, peguei as chaves do apartamento onde me hospedaria e saí.
Decidi correr em uma praça que era próxima a minha antiga casa porque acordei um pouco nostálgico. Queria dar uma olhada nos lugares onde cresci e vivi durante minha infância e adolescência.
Fui de carro até a praça, passando em frente à minha antiga casa no caminho. Ela continuava igual, até com as mesmas cores, porém pertencia a uma família diferente.
Quando cheguei ao meu destino, corri por uns quarenta minutos antes de me sentar um pouco para descansar e observar a bela paisagem de outono a minha frente. Assim como no quintal da casa dos meus pais, as folhas laranjadas e marrons caiam das árvores e cobriam o chão. Logo a minha frente tinha um lago do qual eu tinha boas lembranças com . Sorri ao me lembrar do dia em que nós invadimos o parque e pulamos totalmente pelados na água gelada.
- Com licença – ouvi uma voz ao meu lado. Uma garota de no máximo dezoito anos se aproximava, parecendo um pouco envergonhada. Um pouco distante, havia três meninas rindo e comentando algo, enquanto olhavam na minha direção. – Mas eu estava te vendo correr e no começo pensei que fosse coisa da minha mente, mas agora... – Ela parou para sorrir e suspirar enquanto me olhava um tanto quanto admirada. Ela tinha me reconhecido, certeza. – Você é .
Sorri para ela, que parecia que ia desmaiar a qualquer momento.
- Sim, sou – respondi, me levantando e estendendo a mão para cumprimenta-la. – E você é a... ?
- Angel – respondeu ela, um pouco sem graça, enquanto apertava minha mão. – Angel Simmons.
- Prazer em conhecê-la, Angel.
- Acredite, o prazer é todo meu – disse ela suspirando em seguida. – Eu adoro o seu programa, adoro a forma como faz parecer que cozinhar é a coisa mais fácil do mundo.
- Mas é – respondi sorrindo. – Você gosta de cozinhar?
- Estou aprendendo a gostar com você – disse ela, dando de ombros enquanto sorria toda abobalhada para mim. Essa coisa de fã é bem engraçada. Eles te amam e apesar de você não conhecê-los, também sente algo muito forte por eles. – Não quero tomar seu tempo, apenas queria um autógrafo e uma foto contigo.
- Claro! – respondi – Tem papel e caneta?
Ela sacudiu a cabeça e fez sinal para que suas amigas se aproximassem.
As outras três vieram todas sorridentes na nossa direção, as cumprimentei, tirei fotos com todas e autografei um pedaço de papel para cada uma. As garotas se afastaram extremamente felizes.
Decidi correr mais uns vinte minutos antes de ir para casa.
Já tinha pensado muito sobre Lucy e nosso relacionamento conturbado. Quer dizer, nós nem tínhamos mais um relacionamento, então pensei no nosso término e concluí que foi a melhor coisa que aconteceu. Nós não daríamos mesmo certo, dava para ver isso a quilômetros de distância.
Quando terminei minha caminha matinal, resolvi passar no centro da cidade para comprar algumas coisas e ir para o apartamento que era muito especial pra mim.
Eu e já estávamos mesmo com tudo pronto para o casamento. Nós já tínhamos até comprado um apartamento na cidade de nossos pais para não haver briga sobre onde ficaríamos quando fossemos visitá-los.
Parei o carro do outro lado da rua e observei o prédio cinza de dez andares a minha frente. Lembrei-me do dia que o compramos. Era verão, estava com um vestido florido e salto alto. Seu rosto irradiava felicidade, seu sorriso branco parecia iluminar o dia enquanto seus cabelos dançavam com a leve brisa. Nós estávamos dando os últimos passos para uma vida cheia de amor e felicidade eterna. Eu também estava animado e ansioso para nossa nova vida, vida de casados. Eu estava tão feliz...
Esse era o problema de voltar a Alphaville: os lugares e suas lembranças.
Depois que as coisas terminaram entre mim e , eu decidi e ela concordou em dar o apartamento para Maya e Owen como presente de noivado.
Peguei as chaves do apartamento que estava largada dentro do porta-luvas e minha mala que estava no banco traseiro. Desci do carro, atravessei a rua, passei pela portaria, entrei no elevador e apertei o número do último andar. Meu coração acelerou quando o elevador começou a subir.
Quando as portas de abriram, não hesitei em começar a andar pelo corredor em direção ao apartamento vinte. Parei em frente à porta, coloquei e girei a chave na fechadura. Suspirei profundamente antes de girá-la. A supressa me atingiu como uma forte onda, quase me fazendo cair no chão de joelhos. Coloquei minha mala no chão e tentei me manter em pé.
Não sei bem o que eu esperava encontrar ali, mas com certeza não era encontrar vestida em uma camisola preta que ia até a metade de suas coxas. Seus lindos olhos estavam arregalados de surpresa e sua a mão sobre o peito, como se tentasse acalmar seu coração.
- ? - ela perguntou, enquanto parecia se recompor do susto.
Era justo alguém ter tanta beleza quanto ela tinha? Pareciam que ela só ficava mais bela a cada minuto que se passava.
O sorriso que se formou em seu rosto me fez pensar que, se existiam anjos, eles deviam parecer com aquela criatura que vinha correndo na minha direção. Nós nos esbarramos às vezes em eventos e premiações, mas nossa conversa nunca ia muito além do: “Oi, tudo bem?” “Que bom te rever”.
- Oh, meu Deus! O que faz aqui? – perguntou ela, dando um pulo e envolvendo seus braços ao redor do meu pescoço. Eu, surpreso, apenas envolvi meus braços ao redor dela.
- A mesma coisa que você - respondi enquanto o calor do corpo dela me enchia de paz e o aroma do seu perfume entrava por minhas narinas fazendo minha cabeça girar. - Casamento dos nossos irmãos, lembra?
- Bobo - respondeu ela me soltando do abraço, porém se mantendo perto de mim. - Quero dizer aqui, nesse apartamento.
- Ah! Maya me deu a chave para ficar aqui já que nossa casa está cheia – respondi, colocando as minhas mãos no bolso da minha calça porque se elas não ficassem escondidas em algum lugar iam acabar parando sobre a pele macia de . - E você?
- Oh, meu deus! – disse ela surpresa. – Owen também me deu a chave porque a casa dos meus pais estava cheia.
- Ah! Que droga – falei. – Você pode ficar, vou arrumar outro lugar para ficar.
- Que isso, – disse ela, me olhando com um sorriso. – Podemos ficar bem aqui. Tem dois quartos, espaço de sobra...
- Tudo bem – respondi com um sorriso. – Se isso não te incomodar.
- Por que ter você aqui iria me incomodar? – ela perguntou, franzindo a testa.
Pensei em lembrá-la de que éramos ex-noivos, por isso ficar debaixo do mesmo teto por dois dias comigo talvez pudesse incomodá-la e que por isso eu não ia me surpreender se ela não se sentisse à vontade com a minha presença.
- Não sei – dei de ombros e decidi mudar de assunto. – Sabe, eu pensei que você nem viria.
- E não vinha mesmo, mas consegui fugir um pouco do trabalho. - disse ela, dando de ombros também. - E onde está sua belíssima nova namorada? Owen me contou que você a apresentaria nesse fim de semana para sua família.
- Terminamos – sorri, um pouco sem graça. Era desconfortável conversar com ela sobre a minha ex. - Nós não estávamos dando muito certo.
- Nossa, mas por quê?
- Porque ela acha que eu ainda amo você. - falei e engoliu em seco, sorrindo de nervosismo enquanto seu rosto começava a ganhar um tom vermelho. Ela era tão linda quando ficava envergonhada.
- Que bobagem - disse ela, se afastando um pouco de mim enquanto passava as mãos pelos seus braços. - Ela está arruinando o relacionamento com um grande homem por ciúmes de uma coisa que já foi esquecida.
- Pois é – falei tentando finalizar o assunto, enquanto dava alguns passos pelo apartamento. Ele parecia bem cuidado, o que me fez acreditar que ou a o visitava e limpava com frequência ou alguém da sua família o fazia. - Mas como andam as coisas? Fiquei sabendo que você estava saindo com alguém.
- Ah! Sim, mas não deu certo. Ele era um cretino, então esqueça – respondeu ela, suspirando em seguida e andando até suas malas que estavam amontoadas sobre o sofá. – Vou sair para comer na casa dos meus pais. O que acha de vir comigo?
- Não sei se é uma boa ideia, até mesmo porque já tomei café da manhã – respondi enquanto a via pegar sua bolsa e chaves. – Mas posso te levar até lá. Estou de carro.
- Que bom – disse ela com um sorriso sincero, me entregando a mala quando ofereci minha mão para ajudar. – Não será incômodo?
- Pare com isso, – respondi, sorrindo de volta para ela. – Você nunca será um incômodo pra mim.
- Nunca? – perguntou.
- Nunca – respondi e se virou para mim com um sorriso encantador. Era aquele tipo de sorriso que me fazia entender porque eu ainda era apaixonado por ela.
Como poderia não ser?
Quando estacionei o carro em frente à casa dos , estava cantando na maior empolgação uma música nova do Maroon 5 que passava no rádio enquanto eu ria da sua performance. Aquilo me lembrou de algumas viagens de carro que fizemos quando ainda estávamos juntos...
- Adoro essa música – disse ela quando a música terminou. Desliguei o motor do carro e sorri para ela.
- Eu vi bem.
- Ela é empolgante – completou, sorrindo. – E o clipe? Já pensou se o Maroon 5 aparecesse no nosso casamento de surpresa? Eu acho que morreria de felicidade ao ver o Adam.
- Eu também – respondi e me olhou com espanto. – Não por causa do Adam, mas por casar com você.
O sorriso de empolgação no rosto dela foi substituído por um sorriso envergonhado e pela segunda vez no dia vi as bochechas dela ganharem cor.
- Você está falando essas coisas de propósito para me deixar envergonhada – disse ela, enquanto tentava esconder o rosto atrás das próprias mãos.
- Isso é muito engraçado – falei, levando as mãos ao rosto dela lentamente para que ela não se assustasse, mas tivesse tempo de impedir caso quisesse. permaneceu parada e engoliu em seco quando minha mão entrou em contado com a pele macia do seu rosto. - Você fala abertamente sobre sexo em rede nocional para milhões de telespectadores, sem vergonha alguma, mas quando deixo claro que ainda sou louco por você, fica vermelha igual uma pimenta.
- Talvez você ainda me afete – disse ela num sussurro, levando sua mão até a minha. Seus pequenos e finos dedos se entrelaçaram com os meus e sorriu. – Você foi meu primeiro amor . Acho que você sempre terá esse efeito sobre mim.
- Faço das suas as minhas palavras – sussurrei de volta.
Deus! Como eu queria beijá-la, sentir o gosto doce dos lábios dela novamente.
Eu estava me controlando para não levar minha mão até sua nuca, afundar meus dedos em seus cabelos e a puxar para selar nossos lábios.
- Gostaria de entrar? – perguntou ela.
Recuei, recolhendo minha mão e sorri para ela em agradecimento pelo convite.
- Acho que não...
- Todos vão ficar felizes em te ver – disse ela, me interrompendo. – Já que achavam que não viria.
- Tem certeza de que seus pais não se incomodariam?
- Porque eles se incomodariam com você, ? – perguntou confusa.
- Pelo que houve entre nós dois – respondi, dando de ombros. – Eu acabei com tudo... Eu achei... Eles devem me odiar porque sabem que a culpa foi toda minha.
- O quê? – ela parecia indignada com o que ouvia. – Claro que não, . Eles continuam te adorando como sempre. Se você não lembra, quem acabou com o casamento fui eu.
- Mas foi por minha culpa...
- A culpa não foi sua – respondeu ela, me olhando com seriedade. – Nós só estávamos em sintonias diferentes naquela época.
Apenas concordei e dei de ombros para não criar uma discussão com ela.
- É, estávamos – respondi por fim.
- Então vai entrar para vê-los? – ela perguntou e eu ergui os olhos para ela, porém outra coisa me chamou atenção.
A família de estava toda na janela da casa nos observando com enormes sorrisos no rosto. Os pais dela acenaram assim que nossos olhares se cruzaram e logo eles saíram da janela. Eles iam sair, iam vir me cumprimentar.
- Não vou precisar – respondi. – Eles estão vindo.
Quando se virou, viu que seus pais e seu irmão estavam saindo pela porta e andando na nossa direção. Owen estava fazendo um escândalo enorme e os senhores pareciam maravilhados com algo. Primeiro pensei que a felicidade era por ver , depois pensei que era por me ver, mas quando saímos do carro e Owen me abraçou, percebi que era algo a mais.
- Quando disse que eu ficaria surpreso quando visse o cara com quem ela estava saindo, eu pensei em mil nomes e o seu não era nenhum deles – disse meu melhor amigo enquanto me abraça forte. – Mas cara... Fico feliz que seja você. De novo.
Sorri enquanto ele me soltava do abraço.
- Do que está...
- Que bom que estão juntos novamente – disse a mãe de , enquanto abraçava a filha do outro lado do carro. – Não sabe o quanto isso me deixa feliz.
- Mas mãe... – começou a falar, mas foi interrompida por seu pai.
- Não imagina o quanto está deixando esse seu velho pai feliz – disse o pai dela, ao envolvê-la em um abraço. O senhor estava diferente das outras vezes em que o vi. Parecia mais frágil, envelhecido. – Acho que tenho que negociar com a morte o adiamento da minha viagem ao mundo dos mortos para depois do casamento de vocês – completou, olhando na minha direção com o sorriso de felicidade mais sincero que eu tinha visto da vida.
Prendi a respiração ao ouvi-lo, meu coração se apertou em meu peito. Ele estava doente, os sinais estavam ali.
- Não diga essas coisas, papai – disse , se afastando um pouco para olhar nos olhos de seu pai e o repreender com seriedade. – O senhor não vai morrer, a quimioterapia está te ajudando.
- Essa coisa é horrível – resmungou ele.
- Mas está te salvando – rebateu ela.
- É apenas a verdade, querida. – disse ele, por fim e olhando para mim. – Venha dar um abraço no seu velho sogro.
Apenas sorri para , o tipo de sorriso que deixava claro que tudo ficaria bem, e dei a volta no meu carro para abraçar o senhor , que me aguardava ansiosamente com seus braços abertos.
Abraçá-lo era como abraçar meu pai: eu me sentia em casa, protegido e amado.
- Sempre pensei que nenhum outro homem além de você seria capaz de cuidar da minha menina – ele sussurrou antes de me soltar do abraço e eu fiquei sem palavras. – Que bom que é você.
se virou para mim com os olhos completamente arregalados. Ela não sabia como esclarecer as coisas e nem eu.
Ela suspirou pesadamente e colocou a mão sobre o ombro do senhor .
- Pai, o e eu não estávamos juntos.
- Ah! Então porque chegaram juntos? – Owen perguntou confuso.
Vi o sorriso de alegria sumir do rosto dos três membros da família de .
- A Maya também deu a chave dela para ficar no apartamento nesse fim de semana – disse , dando de ombros.
- Ah! Tudo bem – disse a senhora , com um sorriso gentil. – Mesmo que não tenham voltado, estou muito feliz em vê-lo, .
- Obrigada senhora, .
- Ah! Por favor, . Você é como da família, deve me chamar de Mary. – disse ela enquanto seu marido envolvia os braços ao redor de seus ombros.
- Vocês chegaram na hora certa porque mamãe acabou de fazer o café da manhã. – disse Owen com empolgação.
- Eu já comi, obrigado. – respondi fazendo careta. – Mas a está faminta.
- Sim, estou. – ela respondeu com um sorriso.
- Não dá para eu ficar, mas a gente se verá no ensaio na igreja.
- Precisamos conversar – disse Owen, dando uns tapinhas nas minhas costas antes de ir ajudar seu pai a voltar para dentro da casa com ajuda de sua mãe. – Posso ir ao apartamento antes do ensaio?
Sorri balançando a cabeça em negação.
- Se eu dizer que não, você vai me expulsar?
- Sim ou claro? – Perguntou Owen de volta e eu apenas sorri concordando.
- Sendo assim... Claro que pode! – respondi erguendo as mãos abertas na altura de meus ombros em sinal de paz.
- Okay, passo lá – disse Owen por fim.
- Então nos vemos mais tarde no ensaio? – perguntou o velho , enquanto subia vagarosamente os degraus da entrada.
- Claro que sim, John – gritei acenando com uma mão e ele acenou de volta.
me lançou um enorme sorriso, e se aproximou de mim tão rápido que fiquei surpreso quando me deu um beijo estalado na bochecha.
- Nos vemos mais tarde no apartamento? – ela perguntou, se afastando um pouco para me olhar.
- Se quiser posso vir te buscar – respondi dando de ombros.
- Ah! Não precisa se preocupar com isso, eu vou com o meu irmão.
- Então nos vemos mais tarde.
Ouvi barulho de criança gritando e dando risada assim que abri a porta da casa dos meus pais. Com certeza eram Thomas e Tristan virando a casa de cabeça para baixo.
- Tem alguém em casa? – perguntei em voz alta, enquanto fechava a porta atrás de mim.
- Tio voltou! – ouvi um dos dois meninos gritar e logo em seguida o barulho de passos correndo na minha direção.
Logo os gêmeos apareceram no meu campo de visão, vindo da cozinha, correndo tão rápido quanto uma bala.
Agachei-me, abri os braços e me preparei para o impacto. Tristan e Thomas jogaram seus pequenos corpos contra o meu com tanta força que se eu não estivesse preparado, teria me desequilibrado.
- Ai! – reclamou um deles – O tio parece uma parede de concreto de tão duro.
- Parece o papai – concluiu um deles levando a mão para minha barba. Então descobri quem era quem novamente.
- Mas essa coisa na cara dele... – Thomas começou a falar, mas seu irmão o interrompeu.
- Barba, Tom – respondeu Tristan encarando o irmão com cara de poucos amigos. – O nome é Barba.
- Mas eu posso chamar de coisa. Não é, tio? – perguntou Thomas, olhando para mim como se pedisse autorização.
- Claro! Cada um chama como quiser – respondi sorrindo para Tom que pareceu feliz ao ouvir isso.
- Mas o nome certo é barba, não é? – Perguntou Tristan, franzindo a testa parecendo um pouco confuso. As mãozinhas dele ainda deslizavam pelo meu rosto, tocando os pelos ali presentes.
Não pude evitar em sorrir.
- Sim, o nome certo é barba.
- Viu? – Perguntou Tristan se virando para Thomas que deu de ombros como se não ligasse para o nome de nada. - Coisa é nome de outra coisa.
- Mas eu quero chamar de coisa essa coisa – respondeu Thomas.
E pela cara de insatisfeito de Tristan, percebi que os dois iam acabar brigando por causa da minha barba. Tristan gostava das coisas certas e Thomas gostava de provocar, por isso sempre se colocava contra o irmão em alguma discussãozinha.
Eles lembravam muito eu e Sebastian quando pequenos. Eu era o que sempre queria estar certo e Seb era o chato que queria me contrariar. Quando tinha oito anos, achava meu irmão a pessoa mais insuportável do mundo, quando cresci percebi que eu sempre estive certo. Sebastian era muito insuportável quando queria, mas eu o amava.
- Você não pode chamar de coisa, porque é errado – disse Tristan, para o irmão enquanto tirava as mãos do meu rosto.
- Não – respondeu Thomas. – Eu chamo como quiser.
- Não...
- Ei, ei, ei. – Sebastian falou vindo da cozinha e parando de braços cruzados olhando seriamente para os gêmeos. – Não vão começar novamente, vão? Serei obrigado a cancelar nosso passeio para homens e ligar para a mãe de vocês?
- Não, pai. – respondeu Tom, emburrado.
- Foi o Tom que começou...
- Não importa. – respondeu Seb interrompendo seu filho. – Se brigarem, os dois ficam de castigo. Estão me ouvindo? – Perguntou Seb. Tom concordou de imediato e Tristan suspirou pesadamente antes de também concordar. – Ótimo! Vão preparar as coisas para irmos.
- Tio vai? – Tristan perguntou olhando do seu pai para mim.
- Vai tio? – perguntou Tom se empolgando.
- Se ele quiser ir... – disse Sebastian dando de ombros.
- Um passeio só para homens? – perguntei e meus sobrinhos confirmaram balançando a cabeça e abrindo grandes sorrisos idênticos. – Claro! Não perderia isso por nada. O que acham de levarmos lanche?
- Eba! – os dois comemoraram me abraçando.
Sebastian sorriu para mim, observando a cena por alguns segundos.
- Então vão preparar logo as coisas. – disse ele.
Os meninos me soltaram do abraço e saíram correndo em disparada, sumindo da minha frente tão rápido quando apareceram.
- Eles são como eu e você quando criança. – falei me levantando e sorrindo para o meu irmão. – Tom é igualzinho a você.
- E o Tristan é igual você. – respondeu ele sorrindo e dando de ombros. – É bem engraçado e ao mesmo tempo cansativo vê-los brigando o tempo todo. Agora entendo o que a mamãe passou com a gente.
Sorri e concordei com ele.
- Em falar nela... Onde ela está? – perguntei por que a casa parecia em vazia.
- Ela, Ellena e Maya foram ao salão se preparar para o ensaio e o papai foi de motorista. E eu tive que ficar com os pirralhos. – disse Seb, sorrindo e dando de ombros. – Mas onde você estava?
- Fui correr um pouco e levar minhas coisas para o apartamento da Maya e do Owen, já que vocês me expulsaram. – respondi o fazendo sorrir ainda mais.
- Pare de drama, o apartamento é ótimo. – disse ele se virando e indo em direção à cozinha.
- Eu sei Sebastian, fui eu que comprei se você não lembra. – respondi o seguindo. – Mas ainda bem que me mandaram para lá.
Sebastian se virou para mim intrigado do outro lado da bancada da cozinha americana.
- Por que diz isso? – perguntou.
- Quando cheguei ao apartamento tive uma surpresa. – falei dando de ombros e Sebastian franziu a testa parecendo ainda mais intrigado.
- A Maya deixou uma surpresa para você? – ele perguntou, mas nem esperou que eu respondesse. – Aquela coisinha! Cheguei aqui antes que você e tudo que ganhei foi um terno de padrinho.
- É que eu sou o irmão preferido. – falei sorrindo por vê-lo surtar de vez.
- Não, você não é – disse ele, me olhando com cara de poucos amigos. - O que ela te deixou?
- Nada – respondi sorrindo e Sebastian pareceu desconfiado.
- Foi tão bom assim que está com medo de me contar? Acha que vou ficar com inveja?
- Não, Sebastian, ela realmente não me deixou nada, nem o terno de padrinho. Relaxe! – respondi balançando a cabeça e sorrindo. – A surpresa foi outra coisa. Acho que Maya nem sabe...
- Então ainda sou o irmão preferido? – ele perguntou, abrindo um sorriso e eu apenas dei de ombros. Eu sabia que Maya gostava de nós dois igualmente, mas Sebastian gostava tanto de competir comigo que eu me cansava e o deixava ganhar em tudo. – Ótimo.
- Posso falar? – perguntei esperando ele parar com o drama de querer ser o melhor gêmeo.
- Claro . – disse ele, sorrindo enquanto apoiava os cotovelos na bancada e piscava para mim, como se fosse uma garota me cortejando.
Apenas sorri, rolando os olhos e ignorando a imitação que ele estava fazendo das nossas fãs quando nos viam. Sim, nossas. Porque eu era famoso, mas Sebastian era um ator de Hollywood bem mais famoso que eu.
- estava no apartamento.
- ? ? - ele perguntou perplexo e eu confirmei com a cabeça.– Sua ex-noiva? – confirmei novamente. – Apresentadora do “Behind closed doors”?
- Por acaso existe outra que seja minha ex-noiva? – perguntei.
- Não que eu saiba. – ele respondeu sorrindo, se recompondo sobre o balcão e parecendo um homem de verdade novamente. – O que ela estava fazendo lá?
- Parece que a casa dos pais dela também estava cheia e o Owen deu a chave do apartamento para ela.
- Isso quer dizer que você vai ter que sair de lá? - perguntou confuso.
- Não – respondi ao me sentar em uma cadeira próximo à bancada. – Nós dois vamos ficar lá.
- Tá louco ? – meu irmão perguntou chocado. – Não sei se você sabe, mas deve ter paparazzi nessa cidade atrás de nós, ou melhor, de vocês dois. Porque todo mundo fica em cima quando sabem que vocês vão se encontrar em algum evento.
- Eu sei... - comecei a falar, mas Sebastian me interrompeu.
- Lembra-se da última vez? Vocês se cumprimentaram com um beijo no rosto, você colocou a mão na cintura dela, cochichou algo em seu ouvido, ela sorriu do que você disse e algumas horas depois a pergunta “Qual será o segredinho deles?” e fotos de vocês dois estavam espalhadas na capa das revistas em todos os cantos do país.
- Eu lembro Seb, mas...
- Tudo bem que eu shippo vocês dois, mas a Lucy não merece isso. Ellena a conhece e disse que apesar de ser meio fresca é uma garota legal...
- Seb...
- Você gosta da sua namorada, não gosta? Tem que evitar essas coisas.
- SEBASTIAN ME ESCUTA, PORRA! – gritei e meu irmão me olhou assustado, finalmente se calando. Piscou algumas vezes ainda chocado. Eu não era de gritar e isso o tinha surpreendido.
- Calma, cara – disse ele por fim.
- Você não me deixa falar – respondi, passando as mãos pelos cabelos por causa do nervosismo. – Nunca me deixa falar.
- Tudo bem, tudo bem – disse ele, levantando as mãos em sinal de paz. – Pode falar.
- O que eu ia dizer é que Lucy e eu terminamos – falei, olhando seriamente para ele.
Sebastian franziu a testa confuso.
- Quando? – perguntou quase em um sussurro. – Vai dizer que ligou para ela depois de ver e...
- Pare de tentar adivinhar – pedi, olhando-o de um jeito ameaçador. – Ela terminou comigo há duas semanas.
- O quê? Por quê? – ele perguntou, completamente confuso. – Você é um cara quase perfeito.
- Porque ela percebeu que ainda amo a – respondi, tentando sorrir, mas acabei fazendo careta.
- Você ainda ama a ? – ele perguntou perplexo e eu confirmei. – E ela ainda te ama?
- Quem? ?
- Sim.
- Acho que não... Não sei – respondi, dando de ombros. - Ela me disse algo hoje, mas...
- Mas o quê? – perguntou Sebastian, ansioso. – O que ela disse?
- Que talvez eu ainda a afete – respondi – Disse que eu fui o seu primeiro amor e que acha que eu sempre terei esse efeito sobre ela.
- Isso é bom, não é? – ele perguntou com animação.
- Não sei, acho que sim – respondi, dando de ombros.
- Claro que é – disse Sebastian confiante, abrindo um enorme sorriso. – Acho que você deve tentar reconquista-la.
- Você acha? – perguntei.
- Claro! Você é , o cozinheiro e empresário mais sexy e gostoso de todo o Estados Unidos.- disse ele, sorrindo e piscando para mim. – Se não te aceitar de volta, nós precisamos internar essa mulher, pois ela só pode estar louca.
Não pude evitar em sorrir.
- Papai, estamos prontos – disse Tristan entrando na cozinha com uma mochila nas costas, sendo seguido por Thomas que além da sua mochila, arrastava pelo chão uma sacola quase do tamanho dele.
- Pegamos tudo – anunciou Thomas, abrindo um sorriso igual ao de seu pai.
- Acho melhor eu ver tudo porque pelo tamanho dessa sacola, estão levando metade da casa dos avós de vocês.
- ? – ouvi a voz de vindo da porta.
- ESTOU NO BANHO! JÁ VAI! – respondi.
Eu estava embaixo do chuveiro quente, tomando um banho relaxante depois de passar a tarde inteira com meu irmão e meus sobrinhos no parque. Os gêmeos tinham me feito correr e pular, me fizeram carregá-los nas costas e ainda pularam sobre mim.
Agora eu entendia porque Sebastian sempre estava morrendo pelos cantos de cansaço. Aqueles meninos pareciam incansáveis e acabavam com ele mesmo depois de um dia nos sets de filmagens.
- OKAY. – gritou de volta. – OWEN E MAYA ESTÃO AQUI.
- OKAY. – respondi por fim.
Fiquei um tempo debaixo da água, apenas pensando em tudo que meu irmão me disse durante nosso “passeio só para homens”. Ele tinha me dado conselhos de como reconquistar , mas eu ainda nem sabia se tentaria fazer isso. Talvez tentar algo a fizesse se afastar de vez. Eu não queria isso.
Eu queria trazê-la de volta para minha vida mesmo que fosse apenas como amiga e talvez essa fosse a oportunidade para fazer nossa amizade ser igual era antes de começarmos a namorar.
Ouvi algumas batidas fortes na porta do banheiro e desliguei o chuveiro.
- ? Você não pode estar tão sujo que precise de uma hora de banho. – disse Owen do outro lado da porta, me fazendo rir enquanto abria o box e pegava minha toalha. – Está?
- Passei parte da minha manhã e tarde rolando na grama com os gêmeos do Sebastian. – respondi enquanto me secava. - O que acha?
- Aqueles dois pestinhas? Cara, você deveria estar parecendo uma criatura do pântano antes desse banho. – disse ele sorrindo.
Enrolei a toalha na minha cintura e abri a porta.
- Você não faz ideia. – respondi.
Owen sorriu e me olhou dos pés a cabeça.
- VENHA VER O QUE VOCÊ PERDEU QUANDO LARGOU MEU MELHOR AMIGO. – Owen gritou e gargalhou em seguida.
- Tenta ser mais gay. – disse a ele enquanto ia em direção a minha mala que estava do lado da cama. – Porque ainda está pouco.
- Se eu der mais pinta as pessoas vão descobrir que o meu casamento com Maya é só fachada para o nosso relacionamento, . – disse ele tentando fazer uma voz afeminada.
- Se continuar falando assim até eu vou acreditar que você mudou a sua orientação sexual. – respondi sorrindo.
- Mas fala sério cara, você andou malhando, não foi? – ele perguntou cruzando os braços e franzindo a testa. – Acho que vou malhar também, estou precisando ficar com um corpo assim antes que sua irmã me largue por causa da minha barriguinha de chope.
Olhei para ele e para sua suposta barriguinha de chope.
- Vá a merda, Owen. – falei voltando a olhar para minha mala. – Se fosse para minha irmã te largar, ela te largaria por causa da sua cara feia, não pela barriga de chope que você nem tem.
- Me chamou? – apareceu colocando apenas a cabeça para dentro do quarto e olhando para mim. – PUTA MERDA !
- O quê? – perguntei me virando para ela, que estava com as mãos sobre a boca e com os olhos arregalados.
- Por cima das roupas já dá para ver que seu físico está muito bom, mas assim... Olha quantos gominhos.
- Gominhos que você não quis mais chupar. – disse Owen gargalhando da cara que fez ao ouvi-lo dizendo isso. – Agora a magra, gostosa e linda Lucy Frost está chupando.
Meu melhor amigo era um idiota. Eu sabia o que ele estava tentando fazer, sabia que as intenções eram boas, mas falar aquelas coisas pra irmã dele só ia piorar as coisas.
- Owen se você não lembra, eu te liguei a duas semanas dizendo que tinha terminado com a Lucy. – falei.
- Eu lembro. – ele respondeu dando de ombros. – Só estava querendo jogar na cara da o que ela perdeu.
- Você fala como se eu tivesse chutado o para fora da minha vida. – disse ela cruzando os braços, um pouco irritada.
- E não foi? – Owen perguntou erguendo a sobrancelha.
- Não, nós entramos em um acordo. – ela se virou para mim e esperou que eu concordasse, mas eu não o fiz.
Nós tínhamos entrado em que acordo? Fala sério! Que acordo? Que ela estava me deixando e que por mais que eu quisesse que ela ficasse não tinha nada que eu pudesse fazer?
- Vocês entraram? – Owen perguntou me olhando.
- Desculpa , mas não entramos. – respondi e vi o rosto dela ser tomado pela surpresa. – Você queria ir e eu não concordava com isso, mas deixei que fosse.
- Porque não fez nada? – ela perguntou quase num sussurro.
O que eu podia fazer? Amarrá-la?
Ela queria ir e eu a deixei ir.
- Porque você já tinha tomado sua decisão. Você chegou até mim dizendo que o melhor era terminar. – respondi dando de ombros. – Você não me deu opções.
- Você podia ter contestado. – ela respondeu me olhando confusa.
- Eu não sabia como, não tinha argumentos para te fazer ficar, não podia prometer que as coisas iam mudar naquele momento se nem sabia se realmente iam. – respondi aumentando um pouco a voz.
- Você fala como se eu quisesse que você se tornasse uma pessoa totalmente diferente do que era, mas tudo que eu pedi foi que colocasse a mim e o nosso noivado um pouquinho em primeiro lugar. – ela respondeu se aproximando de mim, pisando firmemente do chão, demonstrando que estava tão nervosa quanto eu. – Eu só queria que pensasse em mim, em nós dois antes do seu dinheiro e do seu trabalho.
- E eu só queria que você entendesse que naquele momento eu precisava me focar no meu trabalho porque tinha dois restaurantes novos sendo abertos que precisavam da minha atenção.
- E EU NÃO? E O NOSSO CASAMENTO QUE ESTAVA PRESTES A ACONTECER TAMBÉM NÃO? – ela gritou, parando a poucos centímetros de mim. Dava para sentir as ondas quentes da raiva saindo dela e vindo na minha direção.
- EU SÓ PRECISVA DE UM POUCO MAIS DE TEMPO. – gritei de volta.
- O que está acontecendo aqui? – Maya perguntou entrando no quarto.
- NADA. – gritou se virando para minha irmã. Ela respirava completamente ofegante e tremia um pouco.
- , você ainda está gritando. – respondeu minha irmã, sem saber se era seguro andar na nossa direção.
Eu soltei o ar que tinha prendido em meu pulmão e criei coragem para levar minhas mãos até os ombros dela.
- Me desculpe! – falei e se virou para mim, parecendo um pouco mais calma. – Essa discussão foi bobagem. – Falei levando uma das mãos ao rosto dela. - Nós só estávamos em sintonias diferentes naquela época.
imediatamente reconheceu a frase que tinha me dito antes e pareceu relaxar um pouco mais enquanto mantinha o contato visual comigo.
- Desculpa, . – disse Owen.
Maya deu um leve tapa no ombro dele e se aproximou de mim e .
- Vem, , vamos nos arrumar na minha casa.
- Eu sinto muito que as coisas tenham sido daquela forma. – ela sussurrou, tentando manter a respiração controlada. – Eu queria que tivesse dado certo.
- Eu também. – sussurrei de volta, engolindo em seco. Eu queria beijá-la, mas não podia da forma que queria. Apenas me inclinei e beijei sua testa. envolveu seus braços ao redor da minha cintura me puxando para um abraço.
Apoiei meu queixo sobre a cabeça dela, enquanto ela se aconchegava nos meus braços, acho que ela podia ouvir meu coração... Qualquer um naquele quarto podia. Ele estava quase explodindo dentro do meu peito. Eu poderia ficar ali pela eternidade.
Maya olhava para nós como se fosse a coisa mais emocionante do mundo e talvez fosse mesmo. Owen fez sinal de positivo com as mãos e se aproximou da minha irmã, envolvendo os braços ao redor dos seus olhos e a acolhendo.
E lá estávamos nós novamente. O quarteto fantástico de amigos.
Sorri para eles e eles sorriram de volta para mim em silêncio.
se remexeu em meus braços e se afastou um pouco.
- Amigos? - ela perguntou enquanto um sorriso se formava em seu rosto.
- Amigos. – concordei e ela apertou um pouco mais o abraço antes de se afastar de vez.
- Nos vemos mais tarde. – disse ela e eu apenas concordei enquanto a via sair pela porta do quarto sendo seguida pela minha irmã.
- Você ainda ama muito ela. – disse Owen baixinho para que apenas eu ouvisse. Eu não neguei, não adiantaria. A verdade estava escrita na minha testa com tinta vermelho sangue.
- Como estou? – Owen perguntou entrando na sala.
Eu estava sentando no sofá, bebendo um pouco de whisky enquanto esperava o bendito noivo terminar de se arrumar. Owen estava de bermuda, camisa branca e chinelo brancos, dando-lhe a aparência de quem estava indo para uma festa de ano novo na beira da praia.
- Está ótimo. – falei me levantando do sofá. Eu também não estava muito diferente dele, o que nos diferenciava era que eu estava usando um colar havaiano e que minhas roupas eram bem coloridas. – Não tem como melhorar, a não ser que você nasça novamente.
- Vá à merda, . – respondeu ele, se aproximando com um sorriso no rosto. – Acho que já podemos ir.
- Aleluia. – falei, levantando as mãos para o céu. – Acho que você demora mais para se arrumar do que sua noiva.
- Isso é exagero seu. – respondeu ele, já indo em direção a porta. – Eu sou bem rápido. O mais rápido da minha família.
- Isso é mentira. – falei pegando a chave e o seguindo para fora do apartamento. – é mais rápida que você. E olha que ela é uma mulher, tem toda aquela coisa de lavar o cabelo e sei lá mais o que elas fazem no banho para demorar tanto.
- Você está enganado. – disse ele me esperando enquanto eu trancava a porta. – não é uma mulher. Ela é algum tipo de criatura não identificada que consegue ter personalidade tanto de um homem como de uma mulher.
Sorri.
- Se ela ouvir você falando assim...
- Eu sei, eu apanho. – respondeu ele rolando os olhos e começando a andar pelo elevador. – Porque acha que não falo na cara dela? Depois que começou a praticar boxes, se tornou um perigo expressar opiniões perto daquela menina.
- Está confessando que apanha da sua irmã mais nova? – perguntei sorrindo e apertando o botão para chamar o elevador. – Cara, isso é vergonhoso até mesmo para você.
- Provoque-a e verá que até você apanha daquela coisinha. – disse ele.
Nós passamos o caminho todo falando sobre nossas vidas. Fazia um bom tempo que não via Owen pessoalmente então ele aproveitou para me contar sobre como estavam indo as coisas no seu trabalho, enquanto eu dirigia até o local onde seria o jantar de ensaio.
Assim que estacionei o carro enfrente ao restaurante vi uma pequena aglomeração de pessoas e deduzi que os fãs e os paparazzi tinham nos encontrado.
- Como essas pessoas podem gostar tanto de você? Ou da ? E pior ainda, do Sebastian? – perguntou Owen enquanto olhava pelo vidro para as pessoas se aproximando do carro. Os flashes das câmeras pareciam vir de varias direções e a gritaria aumentava conforme as pessoas se aproximavam. – Eu só tenho vocês na minha vida porque não tenho escolha.
- Você só está morrendo de inveja porque não é como na época da escola onde você era o astro do time e eu era apenas o amigo bonitinho que servia de segunda opção para as meninas que você dispensava.
- Bons tempos. – disse Owen abrindo um sorriso e olhando para mim.
- Mas agora o jogo mudou. Eu sou o astro e você o amigo bonitinho. – falei me preparando para abrir a porta do carro e encarar as consequências da fama. Os seguranças do restaurante já estavam ao lado das nossas portas. – Vamos?
- Vamos! – respondeu ele, fazendo uma careta engraçada e abrindo a porta em seguida.
Assim que abri minha porta, a gritaria aumentou. Várias pessoas chamando meu nome, pedindo autógrafo e foto.
- Com sua licença senhor , vou guiá-lo até a entrada. – disse o segurança, colocando a mão sobre meu ombro e impedindo que eu fosse puxado pelas garotas que tentavam de todo jeito pegar em mim.
Eu estava acostumado com isso, com o grande assédio das fãs.
Eu era apenas um Pâtissier¹ que tinha ficado famoso por causa do meu irmão Sebastian que quando já tinha certa fama, me fez entrar junto com ele em uma campanha publicitária para uma grande marca de roupas.
Depois que a campanha foi um grande sucesso as pessoas de repente se interessaram no irmão gêmeo de Sebastian , ou seja, eu, e passei a receber propostas para muitas outras campanhas, mas só aceitei participar de mais duas, uma delas sozinho para uma linha de cuecas boxer e a outra foi ao lado de que na época era uma das colunistas principais de em uma grande revista da qual viramos capa e demos uma entrevista falando um pouco sobre nossa vida e o aparecimento repentino na mídia. Lembro que naquela da revista estava escritos que éramos o casal “Sex and Candy” por causa de nossas profissões.
Não demorou muito para que cada um de nós recebesse a proposta para um programa na TV, o sucesso foi quase imediato. E quando eu participava do programa da ou ela do meu, a audiência ia às alturas.
As pessoas gostavam de nós dois juntos, eu também gostava.
Gostava muito.
(Pâtissier¹: cozinheiro especialista em preparar massas, doces, gelados e sobremesas. Especializado na confecção de bolos, sobremesas, pães e outros assados. Atuam em grandes hotéis, bistrôs, restaurantes e padarias.)
O segurança conseguiu me fazer chegar ao restaurante inteiro, mesmo eu dando trabalho a ele, porque fiz questão de dar dois ou três autógrafos e tirar algumas fotos.
- Você tinha que bancar o astro agora? – Owen perguntou assim que passei pela porta de entrada. Ele, com certeza, tinha chegado antes de mim.
- Você já foi fã de alguém Owen? – perguntei e ele confirmou com a cabeça. – Então sabe que até mesmo um pouquinho de atenção é importante pras pessoas que estão lá fora.
- Ok, ok. – disse ele rolando os olhos e começando a andar em direção ao salão principal. – Vamos logo porque estamos atrasados por sua culpa.
- Ah! Claro que foi por minha culpa. – respondi rolando os olhos também e o seguindo.
O interior do restaurante era ao ar livre, deixando visível o céu que estava cheios de estrelas e a lua brilhando grandiosamente. Nos cantos do salão tinham grandes sofás cheios de almofadas e no centro as mesas e as cadeiras estavam alinhadas perfeitamente ao redor de uma grande fogueira que deixava o local com um clima meio havaiano.
- Porque demoraram? – Minha mãe perguntou andando na nossa direção.
- Culpa do Owen. – falei, aprontando para o meu melhor amigo, que abriu um sorriso amarelo de desculpas. – Pode brigar com ele. Eu vou me juntar ao Sebastian e a Ellena.
Sai de perto enquanto ouvia minha mãe dar uma bronca em Owen pela demora, dizendo que Maya estava quase surtando de preocupação por causa dele.
Olhei ao meu redor procurando meu irmão pelo salão, mas acabei encontrando algo melhor. estava parada na entrada do restaurante, olhando a sua volta para nossos parentes e amigos presentes, abriu um enorme sorriso e acenou na direção onde Sebastian e Ellena estavam sentados junto com os gêmeos. Ela parecia uma deusa suprema e inalcançável em um vestido comprido da cor verde água e uma coroa de flores sobre a cabeça enquanto se virava na minha direção e abria um sorriso tão grandioso.
É normal ficar sem ar toda vez que você vê quem você ama andando na sua direção com um sorriso que parece brilhar mais que o sol?
- Você está fantástico. – disse ela ao parar na minha frente.
- Você está mais que isso. – respondi quase num sussurro e a vi ficar vermelha mais uma vez. – Quase uma deusa.
- Pare de falar bobagem. – disse ela sorrindo completamente envergonhada e me dando um tapa no peito, me fazendo rir.
- Só estou dizendo a verdade. – falei me encolhendo um pouco. – Não posso?
- Não, não pode. – sussurrou ela, ainda sorrindo. – Não quando me deixa envergonhada. Eu já disse que você ainda me afeta.
- Eu gostaria de ver até que ponto. - respondi meio sem pensar e abriu a boca completamente surpresa.
- Você está terrível hoje. – disse ela depois que pareceu se recompor da surpresa. – Eu vou beber alguma coisa.
- Quer companhia? – perguntei.
- Ficar bêbada ao lado de ? – ele perguntou sorrindo e passando sua mão pela minha barba. – Eu seria louca se negasse. – concluiu a frase num sussurro baixinho antes de se afastar em direção ao bar.
E eu a segui.
- Acredita que ainda estou faminta? – disse assim que eu consegui abrir a porta apartamento. Eu tinha bebido tanta coisa e não sabia o nome ou a cor de metade daqueles líquidos que entraram em meu organismo. – Eles servem aquelas coisas tudo em picadinhos e não mata a fome de ninguém.
também tinha bebido bastante e todo o álcool começava a fazer efeito, pois ela cambaleou para dentro do apartamento até chegar ao sofá e se esparramar sobre ele.
- Aquelas coisas não são exatamente para matar a fome, são mais para apreciar o sabor. – respondi fechando a porta atrás de mim e a trancando.
- Não importa. – respondeu . – Eu ainda estou com fome.
- Sinto que isso é uma indireta. – falei me encostando a porta e a observando.
- É uma indireta, . – respondeu ela, me olhando e se sentando no sofá para tirar a rasteirinha que usava em seus pés. – Você podia fazer algo...
- Eu estou bêbado. – respondi sorrindo e me aproximando do sofá, não me sentei ao lado dela, pois ela voltou a se esparramar no mesmo. Sentei-me no chão e puxei os pés dela para o meu colo. – Posso me queimar.
- Posso te recompensar. – disse ela, enquanto um sorriso surgia em seu rosto quando comecei a tocar em seus pés, fazendo uma massagem relaxante que eu sabia que a deixava nas nuvens.
- Como? – perguntei erguendo a sobrancelha e rezando para que ela dissesse algo relacionado a beijo ou a sexo.
- Posso lhe fazer uma massagem quando estiver sóbria. – respondeu ela sorrindo com malicia, seu olhar estava cheio de promessas. A vergonha tinha sumido por culpa do álcool que estava subindo para sua cabeça.
- Eu posso cozinhar quando estiver sóbrio. – respondi dando de ombros e fazendo menção de me levantar e ir para o quarto.
rapidamente se sentou no sofá segurando fortemente meu braço me impedindo de levantar, sacudiu a cabeça e fez um bico igual ao de uma criança mimada.
- Ah, não !
- Então melhore sua proposta. – falei.
- Uma massagem quando você terminar? – ela perguntou meio insegura.
- Está melhorando. – falei sorrindo e a fazendo rir também. – Ainda acho que pode pensar em algo melhor.
- Eu quero doce. – falou ela cruzando os braços.
- Como nos velhos tempos. – respondi me inclinando um pouco na sua direção e depositando um beijo em sua testa. – Mas tem que fazer por merecer.
- Tudo bem. – respondeu ela, fingindo pensar em algo que pudesse me convencer a fazer o que ela queria, mas sabia muito bem o que precisava fazer.
- Você está fazendo igual antes, me colocando para alimentar seu vício em doces. – falei sorrindo.
- Mas eu te compensava. - respondeu ela erguendo a sobrancelha com um sorriso malicioso nos lábios. – E vou te compensar hoje também.
- Está me paquerando, senhorita ? - perguntei e sorriu porque se lembrou do nosso primeiro beijo.
Eu tinha dito isso um pouco antes dele acontecer.
O som da sua risada era como uma canção.
- Depende. Vamos supor que eu esteja. - disse ela enquanto se inclinava na minha direção. - Seria recíproco?
Como eu estava com saudades disso.
Do jeito brincalhão, das flertadas, dos lábios dela...
- Um peixe vive fora da água? - perguntei olhando diretamente para os lábios dela, com minhas mãos apoiadas no sofá ao lado de seu corpo e também me inclinando um pouco. Eu estava tão perto... - A resposta é tão óbvia que ambas as perguntas chegam a ser ridículas.
- Ridículo é o fato de você ainda não estar me beijando. - respondeu ela num sussurro, seu hálito fresco batendo contra meus lábios.
Parecia um sonho se realizando.
(coloque a música para tocar agora)
Eu estava prendendo o ar porque tinha medo que uma ação tão simples quanto respirar pudesse espantá-la, fazendo com que ela voltasse à realidade e me afastasse.
Ergui os olhos para ter um contato visual, queria ter certeza de que ela realmente estava me dando o sinal verde para beijá-la, mas fechou os olhos e se inclinou um pouco mais, selando nossos lábios por uma deliciosa fração de segundos.
Quando ela se afastou um pouco, eu simplesmente não consegui me segurar, segurei seu rosto entre minhas mãos e a puxei de volta fazendo nossos lábios voltarem a se tocar.
também segurou meu rosto entre suas mãos, tão firmemente como se quisesse impedir que eu me afastasse. Mas quanto a isso ela não precisava temer, eu não pretendia me afastar tão cedo.
Minha língua pediu passagem por entre seus dentes e ela cedeu. O sabor doce da sua boca nem parecia real, o aroma hipnotizante do seu perfume flutuava pelo ar e a maciez da sua pele era irresistível em contato com as minhas mãos.
Isso era, com certeza, um sonho, o melhor sonho que tive desde a nossa separação. Eu tinha sonhado e fantasiado em estar com ela tantas vezes que era até difícil de acreditar que estava realmente acontecendo.
Deslizei minhas mãos para trás da nuca dela, enterrando meus dedos entre os fios de cabelos ainda molhados e puxei sua cabeça para trás, fazendo-a soltar gemido quando minha boca encostou-se a pele quente do fino pescoço, depositando beijos e leves mordidas em cada centímetro de pele exposta que tinha ali.
colocou sua mão por baixo da minha camisa a subindo enquanto percorria vagarosamente cada centímetro do meu abdômen com delicadeza e calma. O simples toque dela me fazia ficar arrepiado da cabeça aos, o beijo dela me deixava excitado como mais nenhuma garota conseguia me deixar.
Ergui os braços e tirou minha camisa enquanto olha meu corpo com admiração, me lembrando da nossa primeira vez.
Ela deslizou a mão pela minha nuca e me empurrou para trás, me fazendo deitar no tapete enquanto ela subia sobre mim e levava seus lábios aos meus mais uma vez.
- Precisamos nos livrar das suas roupas antes. – falou assim que nossos lábios se roçaram.
- Tem certeza? – perguntei num sussurro. – Você bebeu um pouco e talvez não...
- , eu quis isso desde o momento que te vi entrando por aquela porta. – respondeu ela me interrompendo. – Então cale a boca e tire sua roupa que eu já volto.
me deu um beijo rápido e se afastou mais rápido ainda, ficando de pé e indo em direção à cozinha.
- Aonde vai? – perguntei confuso.
- Tive uma ideia. – respondeu ela. Pude ouvir que ela estava mexendo nos armários a procura de algo, mas eu não tinha a mínima ideia do quê.
Depois de alguns minutinhos
voltou. Eu já tinha me livrado de todas as minhas roupas e ela pareceu feliz ao constatar isso.
- O que tem ai em suas mãos? – perguntei enquanto via um sorriso surgir nos lábios dela.
- Calda de chocolate para sorvete. – respondeu ela se ajoelhando ao meu lado. – Fecha os olhos.
- Sério mesmo? – perguntei um pouco surpreso, ela ia mesmo me lambuzar com aqui e depois me lamber? Tá ai outro motivo porque eu ainda amava aquela mulher.
- Sério mesmo. – respondeu ela sorrindo de uma forma maliciosa que me fez ficar ainda mais excitado, se é que isso era possível, e eu obedeci, fechando os olhos e colocando os braços atrás da cabeça tentando relaxar enquanto esperava ansioso pelo o que ela faria.
Foi sensacional como sempre e eu fiquei mais apaixonado que do nunca enquanto sentia as mãos e a boca dela em mim novamente.
Quando nós terminamos, suados e jogados sobre o tapete da sala.
Eu podia sentir o cheiro de sexo e doce flutuando no ar, o nosso cheiro.
Manhã
ainda estava dormindo tranquilamente. Seu peito subia e descia enquanto respirava e eu a observei por um longo período antes de me levantar, porque ainda precisava fazer o café para nós dois e ir à casa dos meus pais, pegar meu terno para o casamento.
Tomei um banho rápido, mas bem relaxante e fui para a cozinha. Olhei nos armários os ingredientes que tinha para inventar algo e acabei achando ingredientes suficientes para fazer waffles. Antes de voltar para Nova York tinha que me lembrar de repor as coisas para Owen e Maya.
apareceu assim que eu estava terminando de fazer calca de chocolate para os waffles, já que ela tinha acabado o restinho que tinha pronto espalhando e lambendo no meu corpo na noite anterior.
Pelo aroma que entrou com ela no cômodo e pelos cabelos molhados, ela também tinha acabado de tomar banho.
Estava com outra roupa, um short bem curto e uma camiseta escrito "Bitch don't kill my vibe".
sorriu, andou na minha direção e começou a mexer em algumas gavetas atrás de mim. Aproximou-se sorrateiramente por trás, passando o braço ao lado do meu corpo e com uma colher pegou um pouco da calda na panela.
- Hei. - falei em desaprovação.
sorriu enquanto levava a colher a boca. Ela tinha essa mania de sair beliscando tudo enquanto eu cozinhava. - Acabei de lembrar porque odeio ter você na cozinha quando estou fazendo algo.
- E eu acabei de lembrar porque amo quando você cozinha. - disse ela sorrindo. – Amava quando cozinhava para mim.
De costas para bancada, colocou as duas mãos sobre a mesma e fez esforço para subir em vão.
Balancei a cabeça, sorrindo dela e me aproximei a ajudando, segurei ela pela cintura e a levantei do chão. sorriu em agradecimento assim que a coloquei sentada sobre a bancada, agora seu rosto estava da mesma altura que o meu.
- Bom dia, . – ela sussurrou antes de se inclinar e me dar um beijo rápido, mas bem carinhoso. – Como foi sua noite?
- Muito gostosa! Obrigado por perguntar. – respondi sorrindo enquanto subia a mão para a nuca dela. – Gostaria muito de repetir a dose.
Sorri ao ver os olhos dela brilhar.
- O que estamos esperando? – ela perguntou num sussurro.
- Eu terminar nosso café da manhã. – respondi sorrindo.
- Pare com tudo. – disse ela subindo as mãos pelos meus braços – Afinal, você prefere waffles ou sexo?
Eu nem respondi, apenas estiquei o braço e desliguei o fogo. Depois levei minhas mãos à cintura dela e conforme as sumia pelas laterais de seu corpo, ia sumindo junto o tecido de sua blusa e ela ergueu os braços para facilitar o meu serviço. abriu os olhos quando a sua peça íntima foi parar no chão e sorriu.
Sorri de volta.
- Senti sua falta, . – disse de repente. E eu senti meu coração pular de surpresa e de alegria ao mesmo tempo.
- Também senti a sua. – respondi num sussurro, levando as mãos ao rosto dela, contornando seus lábios com os meus dedos e engoli em seco com medo da reação dela ao ouvir o que eu estava prestes a dizer, mas eu tinha que dizer. – Você não tem noção do quanto ainda te amo.
- Eu também amo você. – ela sussurrou para a minha surpresa.
- Sério? – perguntei meio sem acreditar e concordou com um sorriso.
- Sim. – disse ela, me deixando completamente sem palavras. Tudo aquilo só podia ser mesmo um sonho. – Não sei se você quer voltar ao que era antes...
- , por mim nós casaríamos hoje mesmo. – falei a interrompendo.
- Podemos fazer isso amanhã, não vamos roubar o dia do Owen e da Maya. – respondeu ela sorrindo com seu bom humor.
Apesar de saber que era brincadeira, eu achei a ideia boa, mas o que realmente importava dali para frente era que ela seria minha novamente.
FIM
Nota da autora: OOOOOi gente, e ai gostaram de Sn’C? Eu acho que a reescrevi umas dez vezes e se tivesse mais tempo teria reescrito mais umas dez. HSUAHSUHU Mas no fim acho que ficou bom, ficou bem parecido com o que imaginei na minha mente, só que um pouco resumido HSUAHUS Enfim, beijinhos para vocês e até a próxima. ;*
Outras Fanfics:
→ We need to talk about your father – Restrita/Em andamento
→ Boys Don’t Cry – Supernatural/ Finalizada
→ Por trás das câmeras – Supernatural/Em andamento
→ 10. Feelings - Ficstape album V do Maroon V/ Finalizada
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