Londres, Fevereiro de 2015.


When everything is going wrong
(Quando tudo está dando errado)
And things are just a little strange
(E as coisas estão um pouco estranhas)
It's been so long now you've forgotten how to smile
(Faz tanto tempo e agora você até esqueceu como sorrir)


Era Novembro de 2014. Lembrava perfeitamente daquele dia, estava chovendo e eu estava concentrada no barulho da chuva torrencial caindo no telhado e no barulho que fazia quando pingava na calha que tinha em frente ao meu quarto. Estava tentando esquecer que horas antes tinha recebido uma ligação falando que o meu namorado havia morrido. Lembro que o celular caiu da minha mão junto com a colher com que eu mexia o arroz enquanto fazia o jantar para esperá-lo. O jantar que ele nunca iria comer. Eu me sentira como a chuva que caía naquela madrugada. Lembro que eu havia chorado e não conseguira parar de chorar, era como se eu estivesse com toda a tristeza do mundo no meu coração. Nunca pensei que fosse doer tanto perder alguém. Quando minha vó morreu, eu chorei por semanas, mas quando eu descobri que ele tinha morrido, eu chorei em uma hora o que levei semanas chorando na morte da minha vó. Eu só conseguia pensar que não teria mais as ligações matutinas apenas para me acordar e me irritar, ou quando ele aparecia no meu portão às três horas da madrugada e gritava "eu te amo" então saía correndo quando meu pai pegava a vassoura dizendo que o vizinho tarado estava no nosso portão de novo. Meu pai nunca vai saber que era você, porque eu prometi a você que nunca contaria, pois você, , me dizia que queria contar para ele no discurso do nosso casamento, você queria contar o máximo de histórias nossas possíveis para que você tivesse o maior e mais romântico discurso. Eu nunca me importei. Faz meses que isso aconteceu. Mas sabe de uma coisa? A chuva está caindo lá fora que nem naquele mesmo dia, meu olhos continuam inchados de tanto chorar, meu celular continua apitando com mensagens perguntando se eu estou bem, minha parede continua com aquele rabisco que você fez com os nossos nomes.
Mas você?
Você não está mais aqui.
E eu?
Eu não consigo mais me lembrar como é a sensação de sorrir novamente.

Londres, Junho de 2015.


And overhead the skies are clear
(E o alto dos céus está limpo)
But it still seems to rain on you
(Mas ainda parece chover em você)

Hoje seria um dia perfeito pra gente ir ao parque e deitar na grama, você com o braço apoiado atrás da cabeça e eu deitada em seu peitoral. Nós costumávamos ficar nessa posição em dias como esse por horas, conversando sobre a vida, sobre nós, sobre nossos amigos, sobre os planos pro futuro... Mas que futuro?
Não tem mais future, porque você não está mais aqui, você me deixou. Porra, você me deixou. Nossas conversas sobre filhos, casamento, casa própria foram todas em vão? Como que você se atreveu a me deixar? Você prometeu que não iria nunca mais me machucar. Eu lembro . Eu lembro perfeitamente. Você disse: ", baby, calma. Você sabe que eu te amo mais que tudo nessa vida. Se eu te machucar de novo que nem quando nós éramos mais novos, eu juro que eu mesmo me bato". Você foi feito pra mim desde o início. Desde que nós nos tornamos vizinhos. Eu te odiava. Você me odiava. Mas, na verdade, eu acho que a gente se amou desde o começo.

Londres, 17 anos antes.


- Você é tão feia, , a menina mais feia que eu já vi na vida. - resmungou enquanto puxava o cabelo da garotinha que estava com as tranças bagunçadas.
- Não se pode falar isso para uma menina. - falou chorando, enquanto tentava tirar a mão de do seu cabelo. - Você está me machucando.
- Bem feito! - o menino falou rindo e soltando o cabelo de quando ela começou a chorar pra valer. - Agora sai do meu balanço!
- ELE É TODO SEU! - ela gritou, limpando as lágrimas e soluçando baixinho. - EU TE ODEIO! - gritou novamente, em plenos pulmões.
- EU TE ODEIO MAIS! - ele gritou de volta e sentou no balanço satisfeito.
A garotinha saiu correndo em direção à sua casa, que ficava na esquina do parquinho, sua mãe que observava as crianças a olhou desconfiada quando viu sua cara vermelha de choro, mas deixou pra lá, pois e viviam brigando, era comum. Ela podia apostar que aquelas duas crianças de apenas 5 anos um dia seriam insanamente apaixonadas uma pela outra. Então a mulher apenas riu e deu um tchau amigável para a mãe de , que olhava pra ela sorrindo docemente enquanto seu filho entrava emburrado em casa como se estivesse muito chateado que e suas tranças não estavam mais com ele.


Londres, Julho de 2015.


And your only friends all have better things to do
(E todos os seus únicos amigos têm coisas melhores para fazer)
When you're down and lost
(Quando você está pra baixo e perdido)
And you need a helping hand
(E você precisa de uma mão para te ajudar)
When you're down and lost along the way
(Quando você está pra baixo e perdido no caminho)


Na noite em que nós assistimos "O Chamado" eu tive um pesadelo. Eu sonhei que eu estava assistindo TV e ela parou de funcionar e começou a chiar que nem no filme, só que em vez da Samara aparecer, o que aconteceu foi que você apareceu de malas prontas dizendo que iria me abandonar. Eu nunca entendi por que o filme me fez ter esse tipo de pesadelo que não tinha nada a ver com o contexto dele. Acho que era porque eu não queria nunca te perder. Irônico isso, não é? Mas naquela noite você me confortou e disse que era besteira, que você me amava e que nunca se daria o trabalho de fazer uma mala porque você era muito preguiçoso para se dar ao trabalho. Eu ri e você me deu um selinho falando ", talvez eu só tenha ido assistir a um jogo de futebol na casa dos meus amigos porque a imagem estava péssima" . Eu dei um tapa na tua cara e comecei a rir e então nós fizemos amor, na cama.
Agora eu me pergunto: amigos? Ah, meu amor, se você soubesse o tipo de amigos que você tem. Faz só oito meses que você se foi e eles estão saindo à noite, transando feito loucos, fazendo churrascos e jogando futebol. Como que eles podem fazer isso sem você aqui? Como? Não faz sentido. Nada disso faz sentido. Eu estou olhando nossa foto, do dia que a gente foi jogar boliche e você esqueceu de soltar a bola e pagou o maior mico quando caiu com a cara no chão, eu dei tanta risada e você sorriu pra mim com a bochecha vermelha do tombo. Você simplesmente sorriu. Eu queria o seu sorriso de volta pra mim. Eu estou escutando o telefone tocando. Ele faz ring, ring, ring sem parar e eu não quero atender. Por que eu deveria? Queria que fosse você ligando e dizendo "Baby, sou eu. Coloca aquele vestido vermelho que eu to chegando". Mas não é você, né? Quem será? Por que ainda me ligam? Eu devo atender? Sim, eu vou atender! Mas só por que você odiava quando o telefone tocava e eu não atendia, porque não gostava de falar com as pessoas por telefone, eu sempre preferi pessoalmente. Já você, ficava horas conversando com o . Seu melhor amigo. Aquele que já te esqueceu. O telefone parou de tocar. Mas agora alguem está batendo na porta, e não para de bater. Eu continuo ouvindo aquele toc, toc, toc, toc, toc sem parar. Então eu levanto e abro a porta.
- ... Por que você não atende o telefone? - Ele pergunta preocupado, olhando-me com o cenho franzido.
- Por que você se importa? - Respondo a pergunta com outra pergunta, ele sabe que eu não atendi porque não gosto, ele sabe dessas coisas porque ele era obrigado a ouvir sobre as minhas manias. O sempre compartilhava com ele.
- Por que você está me tratando assim? Eu só quero te ajudar. - falou revoltado, passando as mãos no cabelo e bagunçando os fios, ele bufou e me olhou mexendo a cabeça pros lados.
- Por que você quer me ajudar? Você já superou ele mesmo. - Falei entre dentes. - TODOS VOCÊS SUPERARAM! - Gritei chorando.
- PORRA, ! ELE ERA MEU MELHOR AMIGO! EU NUNCA VOU SUPERAR! - Ele gritou de volta e eu me encolhi na porta, e ele logo suavizou sua feição e me olhou com compreensão, carinho. - Mas nós temos que seguir em frente, , ele te amava e ele não iria querer te ver assim.... Nem eu.
- Eu sinto tanto a falta dele! – Falei, jogando-me nos braços do melhor amigo do amor da minha vida. - Dói pra caralho, , dói tanto!
- Eu sei, querida, eu sei! - Ele falou, abraçando-me e chorando comigo. - Eu sei.

Londres, ainda julho de 2015.


Now things are only getting worse
(Agora as coisas estão só piorado)
And you need someone to take the blame
(E você precisa de alguém para levar a culpa)
When your lover's gone there's no one to share the pain
(Quando seu amante se foi e há ninguém para compartilhar a dor)


Eu nunca entendi por que você estava dirigindo aquele carro. Logo você. Você que, em hipótese alguma, saía bêbado dos bares e se prontificava a dirigir, você sempre pegava um taxi. Quem fazia as escolhas ruins era o . Ele que bebia todas e você socorria, ele que estragava tudo. Ele que sobreviveu ao acidente. Ele! Não você!
Adivinha só, naquela noite estava chovendo e eu estava em casa cozinhando, preparando o jantar porque você tinha me ligado animado falando que tinha uma surpresa e que eu era sua e sempre seria. Eu estava tão feliz, mas então eu senti um aperto no coração, uma dor tão grande que, por minutos, eu parei de respirar, eu parei de escutar os sons ao meu redor, foi um pressentimento tão forte, fiquei assustada pra caralho. E horas depois eu estava em um hospital recebendo a notícia de que você tinha morrido na hora e de que o estava em cirurgia. Foda-se o . Eu queria você.
- Eu sabia que te encontraria aqui. - Ele falou, sentando-se ao meu lado.
- Você costuma saber muitas coisas, não é, ? – Falei, olhando fixamente pra lápide com o nome de .
- Eu sei muitas coisas sobre você! - Ele falou sério.
- Não, , só... Fica quieto, tá legal? – Falei, fechando os olhos e arrancando a grama do chão do cemitério. Eu odiava aquele lugar.
- Você me culpa, não é? - Ele perguntou, enquanto uma lágrima escorria em sua bochecha. - Às vezes, eu também.
- Às vezes? - Perguntei irritada. - Por que só às vezes, se a culpa é sua? Você deveria se culpar sempre! Vocês deveriam estar sóbrios naquela porra de carro. Ele deveria estar vivo!
- Nós estávamos comemorando. - Ele falou suavemente, interrompendo meu surto.
- Comemorando o quê? Comemorando a futura morte dele? - Falei indignada.
- Não! Ele ia te pedir em casamento naquela noite. - falou com os olhos em branco, olhando para um ponto fixo na sua frente.
- O q-q-que? – Perguntei, gaguejando.
- Ele estava feliz, sabe? Ele tinha comprado esse anel gigante que seria a sua cara e eu estava lá ajudando ele. - sorriu tristemente. - Então ele falou "Vamos beber, , vamos comemorar o fato de eu ter ganhado a garota, você pode ter sido o primeiro a beijá-la, mas eu que vou casar com ela" – falou, soltando um bufo frustrado.
- , o que mais ele falou pra você naquela noite? – Perguntei, interessada em saber quais foram as últimas palavras dele.
- Ele... Ele... Quer saber? Não importa. - falou, levantando e limpando as mãos na calça jeans.
- Claro que importa! Eu quero saber! – Retruquei, sentindo lágrimas se acumulando nos meus olhos.
- Ele parecia que estava pressentindo algo, sabe, ? - falou, olhando-me fixamente. - Ele olhou pra mim minutos antes do acidente e disse "Cuida dela se algo acontecer comigo, , me prometa que você vai cuidar. Eu sei que você a ama que nem eu e não tem problema, dude, só cuide dela.. Tudo bem?"
- Ele disse isso? - Perguntei constrangida.
- Sim, , ele disse.
- E o que você respondeu? – Perguntei, olhando pro céu enquanto uma gota de chuva caía na minha testa.
- Eu disse pra ele "Não se preocupa, dude, eu prometo. Eu sempre vou cuidar dela, você sabe mais do que qualquer um".
Então me olhou uma última vez, andou até o carro dele e se foi.
E de repente aquela lembrança do meu primeiro beijo veio à tona. Eu estava jogando "7 minutos no paraíso", que é um jogo que consiste em rodar a garrafa, e quando ela apontar para uma menina e um menino, os dois têm que ir para um lugar onde fiquem sozinhos e se beijar por 7 minutos. Eu e o nos odiávamos que nem eu e o , já que eles eram melhores amigos desde sempre, mas foi nele em quem a garrafa parou naquela noite.

Londres, 9 anos antes.


- Não acredito! - Falaram todos ao mesmo tempo e então começaram a gargalhar.
- NÃO! - gritou.
- Ah, sim! - respondeu rindo, ele levantou e ofereceu a mão para , que aceitou a contragosto e se dirigiu ao armário com o menino. Nenhum dos dois percebeu o olhar de que os acompanhava.
Os dois entraram no armário apertado e acenderam a luz, então se encararam durante 1 minuto. Era estranho eles terem que se beijar depois de se odiarem por tanto tempo.
- Nós podemos fingir que fizemos. - falou, bagunçando o cabelo sozinha.
- Eu não quero fingir. - respondeu, segurando a mão da menina, que congelou na hora e o olhou com os olhos arregalados.
- Não?
- Não!
- Por quê? - A menina perguntou confusa.
- Porque eu quero te beijar. - O menino falou sorrindo docemente e então colocou o cabelo da garota que escorria em seu rosto atrás da orelha.


Londres, Agosto de 2015.


You're sleeping with the TV on
(Você está dormindo com a TV ligada)
And you're lying in an empty bed
(E está deitado em uma cama vazia)
All the alcohol in the world would never help me through it again
(Todo o álcool do mundo nunca me ajudaria nisso de novo)


Sabe quando você existe? Eu digo no sentido de você não estar mais vivendo, você estar apenas existindo. Essa tem sido minha realidade há nove meses. A verdade é que eu perdi um cara que eu amei desde sempre, e eu perdi ele pra sempre. Uma vez, nós estávamos dançando em uma festa e você estava beijando meu pescoço do jeito que você sempre fazia, e então eu olhei nos teus olhos e disse "eu te amo". Tinha sido a primeira vez que eu tinha dito aquilo e eu fiquei apavorada e pensei "Pronto, eu ferrei com tudo" mas então você me olhou com os olhos brilhando e disse:
- Eu também te amo, muito! E acho que sempre vou amar. - Então você arregalou os olhos e suas bochechas foram ficando vermelhas.
- Você está corando? - Eu perguntei, rindo.
- Eu não posso evitar! Você me faz agir que nem um boiola. - Você respondeu bufando.
Essa é uma das lembranças da gente que eu mais gosto. Mas agora aqui estava eu, deitada em uma cama vazia, sem você. Com a estúpida TV ligada e eu nem sabia o que estava passando, então eu pensei "Vou beber. Foi uma ideia idiota? Bem, foi! Mas e daí? Foda-se. Então, eu levantei da cama e peguei uma garrafa de vodca que eu tinha guardada para mulheres que perdem seus namorados-futuros-maridos-em-acidentes-de-carro e bebi. Eu bebi tudo sozinha e depois tudo ficou um borrão. Eu lembro de ter pego o celular e mandado uma mensagem para o falando coisas que eu não me lembro e que ele nem deve ter entendido, mas então eu estava vomitando minhas tripas no banheiro enquanto ele segurava meu cabelo. , eu queria que você estivesse aqui, queria que fosse você segurando meu cabelo. Queria que você nunca tivesse ido, nunca tivesse. Então eu dormi, e quando acordei, o não estava mais lá, só tinha dois comprimidos na cômoda e um copo d'água. Então eu bebi a água e engoli os comprimidos e deixei minha mente viajar pro dia em que eu perdi minha virgindade com você, . Nisso, você foi o meu primeiro. E você também foi o meu... Primeiro amor.

Londres, 7 anos antes.


- Você é virgem? - perguntou e se arrependeu assim que abriu a boca! Pelo amor de Deus, ele era um idiota. O menino já sabia que estava apaixonado pela garota, ele sabia disso desde que havia puxado o cabelo dela com tranças, mas só adimitiu pra si mesmo depois que a única coisa que ele conseguia pensar era em agarrá-la e bater a merda fora de qualquer idiota que chegasse perto dela. Uh, ele estava em problemas.
- Que tipo de pergunta é essa? - A menina retrucou, ficando com 50 tons de vermelho.
- Você é! - O menino respondeu cheio de certeza e sorrindo.
- Não sou, não! - A menina retrucou.
- Mentirosa! - falou irritado e então beijou a menina, ele segurava sua nuca enquanto a menina se agarrava em seus cabelos, agarrou a bunda de e colocou-a sentada em seu colo. - Eu também sou! – Falou, cortando o beijo e olhando para os olhos arregalados da menina. - Mas isso não quer dizer que eu não tenha feito outras coisas.
- Idiota. - retrucou, dando um tapa nele e então finalmente se entregando.


Londres, Setembro de 2015.


Try your best to make it through the day
(Tente o seu melhor para superar isso durante o dia)
Oh just tell yourself
(Oh, apena diga a si mesmo)


Dez meses. Esse é o tempo que você se foi, que você não está mais aqui. Todos dizem que eu preciso seguir em frente e que eu tenho que viver a minha vida, mas que vida, se você não está aqui? Mas eu lembro que você gostava de me ver sorrir, você dizia que era isso que te dava forças no dia a dia e que você odiava me ver triste, então eu vou tentar, , eu vou ser forte por você, porque ainda não consigo ser forte por mim. Eu sei que não foi culpa do , eu só queria alguém para culpar e eu peço desculpa que tenha sido o seu melhor amigo. Ele é o único que não me abandonou, o único que ainda está aqui me dando forças para seguir em frente e sorrir da forma que você tanto amava. Eu vou melhorar por você, .
- , vamos? - perguntou sorridente.
- Vamos! - Falei sorrindo com a cesta de pequenique na mão.
achou que seria bom me levar para tomar ar fresco, então nós estávamos indo ao parque e, como ele queria que eu tivesse uma nova lembrança, ele disse que em vez de nos deitarmos na grama e conversarmos que nem eu e o fazíamos, nós iríamos fazer um pequenique - e eu aceitei. Estava tudo preparado: pães, bolacha, suco, chocolate e morangos. Todos espalhados na toalha que estava posta na grama. Eu olhei para e notei que ele me olhava intensamente, então eu corei. Oh, meu Deus. Eu não posso corar.
- Estou feliz que você tenha aceitado meu convite. - Ele falou, enquanto bebia o suco.
- Eu também estou! Eu tenho que seguir em frente.. Por ele. - Falei baixinho.
- E por você, . - ele reforçou e fez uma careta quando eu o olhei de cara feia.
- Eu tô tentando, tudo bem? – Disse, enquanto colocava um morango na minha boca.
- Eu sei. - falou e colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.
E foi ali, sentada naquela grama, com a presença dele, que eu percebi que talvez eu estivesse melhorando, até porque um certo alguém estava catando todos os pedaços do meu coração e os juntando novamente.

Londres, Janeiro de 2016.


You're not alone
(Você não está só)


Isso não podia estar acontecendo! Eu não podia estar, simplesmente… Oh, meu Deus, não, eu não posso! Me desculpa, . Desculpa pelos meus pensamentos, eu estou confundindo tudo. Ele está me ajudando desde que tudo aconteceu e eu estou confundindo tudo. Essa é a única explicação. Mas eu sabia que não era e, sinceramente, eu estava farta de mentir pra mim mesma.
- Você não pode fugir de mim pra sempre, você sabe, não é? - Escutei aquela voz que eu estava tentando esquecer.
- E-e-eu não estou fugindo. - Respondi com a voz vacilante.
- Você sabe que eu sou apaixonado por você desde sempre, não sabe? - Ele perguntou, passando a mão pelo cabelo, nervoso.
- Sim. - Respondi sussurrando.
- Eu nunca desrespeitei ele, mesmo quando ele tava vivo. Ele sabia dos meus sentimentos por você. Ele sempre soube! Ele dizia que tudo bem, porque era impossível não se apaixonar por você. Eu te amo há tanto tempo, que nem sei, e eu sempre soube que você amava ele, então eu nunca interferi, eu fui o melhor amigo dele e o seu por tempo demais, eu tentei esconder o máximo que eu pude. Eu saí com as garotas, eu tentei namorar, mas você simplesmente não saía da minha cabeça... Até que eu tinha te superado. Tinha essa menina chamada Vanessa que eu tinha conhecido e estava gostando dela. Bom, você e ele iam se casar e eu seria o padrinho, então eu estava te deixando ir... - Ele suspirou e começou a chorar. - Mas então ele morreu, e eu tinha que cuidar de você, eu prometi a ele que cuidaria de você e tudo voltou. Você me ajudou a superar a dor de perder ele e você me fez te amar novamente de uma maneira diferente. E eu não consigo fugir. Me desculpa.
- Ei, ei, , está tudo bem. - Eu falei, abraçando-o e chorando junto com ele. - Você foi o meu remédio esse tempo todo, eu te culpei, eu te tratei mal e você continuou do meu lado. Eu sabia que você me amava, mas eu não correspondia porque ele foi e sempre vai ser o meu primeiro amor, mas você... Você me ajudou a superar tudo, me mostrou que meu coração pode, sim, ser consertado e eu sei que não tem pessoa melhor no mundo pra ficar comigo depois dele do que você. - Eu finalizei, sorrindo levemente.
- O que? - Ele perguntou surpreso, mas eu não o deixei falar mais nada, eu simplesmente o beijei.

Londres, Junho de 2016.



Oh just tell yourself

(Oh só diga a si mesmo)
I, I'll be ok
(Eu, eu vou ficar bem)
Won't you tell yourself?
(Você não vai dizer a si mesmo?)


O que seria do mundo se ele não desse voltas? Eu ainda sinto a sua falta e eu sempre vou sentir, eu ainda te amo e eu sempre vou amar. Eu lembro de uma conversa que nós tivemos uma noite.
”- , se eu não existisse na sua vida e tivesse que escolher um cara pra ficar com você, eu escolheria o . - você falou, olhando-me e sorrindo.
- Ok, que conversa estranha. Por que o meu namorado está me falando que queria que eu ficasse com o melhor amigo dele? - Eu perguntei confusa.
- Porque ele te ama e você sabe disso, eu sei disso, o mundo inteiro sabe disso. - Ele respondeu sério.
- Mas eu amo você! - Eu falei indignada.
- E eu sou grato a isso todos os dias. Eu não gosto de ver ele sofrendo, mas eu sou egoísta demais e eu te amo demais pra te deixar... O que eu estou dizendo é que se eu não existisse e só tivesse ele, eu daria a minha bênção. - me deu selinho e virou pro lado e eu fiquei pensando naquela conversa estranha.”
O mais estranho foi que nós falamos sobre isso um mês antes de ele falecer. Às vezes, eu acho que ele estava pressentindo algo e estava apenas deixando as coisas claras. Eu amava e ainda amo aquele homem com todas as minhas forças e ele sempre vai ser importante pra mim. Mas se eu disser que não amo o , eu vou estar mentindo. Ele fez com que eu me apaixonasse por ele em um momento em que tudo o que eu queria era morrer e eu sei que ele se sentia dessa forma também, mas ele foi forte por mim, pelo e por ele mesmo.
- Oi, amor. - falou, dando-me um selinho e sentando ao meu lado enquanto segurava um retrato enorme com uma foto de nós três juntos, nós estávamos sorrindo e eu estava pendurada no pescoço dos dois.
- Oi, . – Falei, sorrindo e beijando o pescoço dele. - Sabe no que eu estava pensando? – Perguntei, olhando para a foto.
- No que? - devolveu a pergunta sorrindo.
- Nós vamos ficar bem, não vamos?
- Sim, nós vamos ficar bem. - Ele respondeu, sorrindo.

I'll be ok
(Eu vou ficar bem)



Fim



Nota da autora: Queria agradecer a todas as meninas que deram o seu feedback e me encheram de comentários positivos. Essa fic foi escrita para minha melhor amiga virtual do mundo das fanfics, Lidia, que ficou me atormentando para que eu escrevesse uma fic onde o pp morresse então culpem ela não a mim. Mas como odeio finais tristes eu acabei achando um cara gato para ficar com vocês no final #SouDemais. Espero que vocês tenham gostado e não esqueçam do comentário para me deixar feliz. PS: Não sou fã fanática do McFly mas sou apaixonada pelo Danny, só isso mesmo. Beijo fui.

Minhas outras fics:

Love Is Not a Sin - Especial de Agosto
Can't Fight With You - Restritas/Finalizadas
Faixa Bônus + Wild Ones - Ficstape 1000 Forms of Fear/Sia

Grupo Fics da Kals



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