Capítulo Único
Era a primeira vez que se encontraria com .
Ambos se conheciam há mais de dois anos e o relacionamento tinha chegado àquele ponto somente nos últimos três meses. Jamais pensariam que um Campeonato Mundial do jogo online favorito dos dois – Jump – seria o suficiente para que chegassem no nível que estavam.
A primeira vez que ela colocou os pés na cidade de , mal podia acreditar. O voo fora cansativo, ela morria de medo de aviões, mas por ele, atravessaria o mundo inteiro a pé se precisasse.
Queria vê-lo frente a frente. Queria tocá-lo.
E queria vencer aquela partida que era tão importante para eles.
- ...?
Ela ouviu a voz que conhecia tão bem e passara tantas noites rindo, chorando, gritando de nervoso, cantando e simplesmente se apaixonando.
A moça se virou e imediatamente sorriu ao encontrá-lo: não esperava nada de – pelo menos, não em relação ao exterior. Esperava somente a simpatia de sempre, as provocações que ele gostava de fazer, a maneira como era corajoso e ao mesmo tempo tão doce com ela. O relacionamento deles evoluíra com o mundo todo assistindo, mas nenhum dos dois se importava: estavam frente a frente. À distância de um toque.
- Oi, . – Ela respondeu com o que ele julgou ser o sorriso mais belo do mundo colorindo os lábios.
Quantas noites sonhara com o momento em que a veria pela primeira vez.
- Bem-vinda! – Ele retribuiu o sorriso e esticou a mão para ela. – Como foi a sua viagem?
- Poderia ter sido melhor se eu estivesse falando com você! – brincou de volta, fazendo-o rir, enquanto segurava a mão de .
E ambos sentiram faíscas e borboletas no estômago.
- Agora temos tempo de sobra para falar e não precisa ser via Discord. – Ele piscou para ela, fazendo-a corar.
simplesmente amou a maneira como ela corava como uma pequena maçã do amor.
- Depois que passar a Final, vamos jantar para comemorar? Mesmo que não ganhemos. – comentou enquanto andava com ele. carregava uma das mochilas da amiga e a levava até o ponto de ônibus. De lá, iriam até o hotel no qual ficariam hospedados, tudo financiado pelas patrocinadoras do Campeonato Mundial. – Aí não precisaremos nem falar de jogos ou nada do tipo. Poderemos passar tempo só jogando conversa fora.
- Ok, pode ser! Vou te levar no meu restaurante favorito! – Ele respondeu com um sorriso animado, ajeitando a mochila no ombro. – Você trouxe seu computador para treinarmos?
- Mas é claro! E dessa vez poderemos jogar no mesmo recinto, olha que coisa mais louca!
Foi só comentar que ele imediatamente começou a rir, jogando a cabeça para trás. Ela não pode deixar de notar como gostara do som da risada de – como era muito mais gostoso ouvi-lo ao lado dela.
Mesmo que não ganhassem a Final, agora ambos conseguiam ver: o que tinham entre eles era o maior prêmio que poderiam ter ganhado.
****
Como era de se esperar, estavam em quartos diferentes – apesar de ser um na frente do outro. nunca tinha ficado em um hotel tão chique em toda a vida: tudo era baseado em tecnologias de ponta e a decoração, apesar de minimalista, não perdia a classe. Um estádio estaria lotado para a Final e tanto ela quanto seriam duas das estrelas principais daquela noite.
Sentada na cama, pensava em como tinha chegado em toda aquela loucura.
Ela e treinaram muito para chegar onde estavam. Tiveram que aguentar muita gente falando que eram um bando de nerds sem vida que só sabiam ficar em frente ao computador, bem como ignorar as risadas e os inúmeros “como vocês são infantis, isso é coisa de criança” que ouviram antes de chegar até ali. Desafiaram família, amigos e colegas – e tinham que provar que eram capazes. Tinham que ganhar.
Pelo menos fora assim que tudo começara. Ambos sentindo raiva, derramando lágrimas por quase não conseguirem se inscrever no Campeonato – e formando a dupla mais improvável que poderiam imaginar. Isso porque, desde início, eram competidores, quase como inimigos – somente podia fazer frente à em habilidade e estratégia e vice-versa.
No final, acabaram como dupla e tendo que se apoiar cada vez mais conforme ganhavam mais e mais partidas. Ficaram conhecidos como o Casal do Jump – KitKat e Gaivota de Busan, conforme seus nicknames. Foram sempre movidos pela vontade incomparável de ganhar, de provar para todos que os cercavam e para si mesmos que tinham valor.
Entretanto, ela não sabia quando aquilo tinha mudado.
Aos poucos, as partidas viraram horas que ela passava com em vídeo conferências discutindo estratégias e jogando conversa fora, ambos com suas fiéis taças de vinho pós-partida. Passavam horas rindo e aproveitando a companhia um do outro e logo a ansiedade de jogar a próxima partida não vinha de estarem mais perto do troféu, mas sim da possibilidade de estarem juntos novamente.
Aqueles sentimentos já estavam óbvios para ambos. Mas não tinham coragem de falar – pelo menos não antes da Final. Tinham medo de que aquilo fosse desconcentrá-los e que não iriam ganhar o prêmio pelo qual tanto lutaram.
- Bom, vamos lá... – murmurou consigo mesma, suspirando enquanto pegava o notebook na mochila e ia até o quarto de . Teve que esperar um bom minuto até que ele atendesse à porta. – Se você demorou por causa de Doritos...
- Temos uma tigela enorme para nós dois! Você me conhece! – E o sorriso dele era tão animado que não podia deixar de rir. – Vem! Já arrumei a mesa!
- Com licença...!
E, de fato, o quarto estava bem arrumado. A mesa com o notebook de já aguardava com um lugar estratégico para que ela se sentasse ao lado dele, exatamente como seria na Final. A tigela de Doritos aguardava, assim como duas taças consideráveis de vinho.
- Ok, nós vamos comer....
- Vinho com Doritos! É o que mais fizemos durante esses últimos meses, nada mais justo! – Ele respondeu animado, sentando-se e esperando que arrumasse as coisas ao seu lado. – Mas e aí? Nervosa para amanhã?
- Se eu dissesse que não, estaria mentindo. – Mas respondeu com tanta calma que não parecia nem um pouco abalada com o fato de que jogariam a Final do Campeonato no dia seguinte. – Jogaremos frente a um estádio lotado que nos acompanhou desde as Classificatórias. É um pouco assustador.
- Só um pouquinho. – brincou, fazendo-a dar uma rápida risada de volta. – Mas também estou nervoso. Temos muito a perder.
- E acho que por isso temos ainda mais motivos para ganhar. – piscou para ele. – Pronto para treinar, minha gaivota favorita?
- Prontíssimo, KitKat! – Ele piscou de volta e assim logaram juntos no jogo que, para eles, era tão importante.
o observou enquanto cantarolava alguma música aleatória ao organizar a primeira partida de treinamento daquela noite. Jamais pensaria que simples mensagens a levariam para aquele momento.
Três Meses Antes
Gaivota de Busan: E aí, KitKat? Vamos jogar hoje ainda?
riu enquanto comia seus Doritos, esperando a resposta da amiga. Sabia que ela entraria na provocação e daria alguma resposta curta e grossa – e, para ser bem sincero, gostava de quando ela ficava nervosinha daquele jeito.
Fazia algum tempo que ele, ela e os parceiros de ambos – um amigo de e um amigo de – jogavam juntos e conquistavam vários títulos. Estavam para entrar no Campeonato Mundial de Jump, o jogo online que estavam prestes a jogar, e treinavam juntos – apesar de que competiriam em duplas.
estava ansioso para competir com ela. Na sua opinião, era a melhor jogadora de Jump que já tinha visto – e a única boa o suficiente para competir com ele. Seria acirrado, a dupla dele contra a dupla dela, mas seria uma boa disputa.
Boa não, ótima. E aquilo o animava absurdamente.
Gaivota de Busan: É... Agora que você falou... Minha dupla ainda não entrou.
Mas foi nesse momento que viu que tinha várias mensagens não lidas no WhatsApp.
E quando leu, congelou no lugar.
Gaivota de Busan: KitKat! Você recebeu alguma mensagem?! Alguma ligação?!
Imediatamente, engasgou. Sua dupla ficou online e já foi para uma partida sem aguardá-la. Enquanto isso, a moça tossia e tentava processar o que tinha acabado de acontecer.
Gaivota de Busan: QUE EU RECEBI!
Gaivota de Busan: JUNTOS!
Gaivota de Busan: E NOS ABANDONARAM!
Gaivota de Busan: OLHA ELES LÁ JOGANDO JUNTOS!
Nem nem conseguiam respirar direito. Aquilo já tinha sido acordado há muito tempo. Eles foram traídos e abandonados sem dó nem piedade pelas pessoas que mais tinham confiado. Gastaram noites em claro se preparando para o Campeonato e se divertiam com a possibilidade de jogarem juntos – competindo um contra o outro como sempre quiseram.
Mas naquela noite, sem mais nem menos, foram abandonados. nem conseguia enxergar direito, de tanta raiva que sentia. Os olhos ardiam e vazavam lágrimas enquanto ela tentava se preparar para a partida, mas as mãos tremiam e ela não jogaria direito. , por outro lado, praticamente destruía o computador de tão forte que apertava os botões do mouse e do teclado. Não estava em condições de jogar e queria vingança.
Gaivota de Busan: Vamos acabar com eles!
Gaivota de Busan: Fazer com que eles engulam cada palavra das mensagens!
Gaivota de Busan: Respira fundo e vamos acabar com eles!
Gaivota de Busan: Somos melhores do que os dois juntos e você SABE!
Eles podiam ser os melhores jogadores de Jump, mas nem aquilo iria ajudá-los naquele momento. Estavam tomados pelas emoções, as mãos tremendo enquanto toda e qualquer estratégia era jogada pela janela.
e perderam a partida. Morreram de maneira idiota e foram desconectados, voltando para a Concentração com uma DERROTA em vermelho cadastrada em suas Fichas de Jogador.
recostou-se à cadeira e ficou chorando de raiva. A injustiça crescia em seu peito de uma maneira que a deixava sem ar enquanto os olhos tomavam um tom avermelhado. deixou o computador para beber água e tentar se acalmar antes que quebrasse o aparelho, as mãos ainda tremendo. Eles tinham investido muito tempo e muitos momentos da vida naquele jogo para simplesmente morrer na praia daquela maneira. Não podiam deixar de participar daquele Campeonato. Tinham muito a provar, muito a perder.
Apoiado na bancada da cozinha, respirou fundo e, quando parou de tremer, encontrou uma solução.
E aquela podia ser a melhor opção desde o começo, para falar a verdade. Só não fizeram aquilo, pois tinham algo chamado lealdade que aparentemente suas duplas não tinham.
Gaivota de Busan: KitKat! Ainda está aí?
Gaivota de Busan: A inscrição pro Campeonato encerra daqui meia hora.
Gaivota de Busan: Sei que ainda temos muito a aprender e não treinamos pra isso.
Gaivota de Busan: Mas acho que é a única opção que temos.
Gaivota de Busan: Não temos tempo para pensar, é sim ou não.
franziu as sobrancelhas. Ele tinha razão: não tinham treinado para aquilo. Ela conhecia bem a dupla que tivera anteriormente, mas com ele, não sabia nada. Passara muito tempo estudando os pontos fracos de , sabia tudo que precisava para destruí-lo em uma partida... Mas nunca treinara para proteger esses pontos fracos e ajudar com os pontos fortes. Sabia somente como derrotar esses pontos fortes e tinha certeza que ele sabia o mesmo.
Mas ou era isso, ou estavam fora do Campeonato.
Assim que recebeu a ficha de , enviou a inscrição de ambos. Aguardaram pacientemente por cinco longos minutos até receber a confirmação por e-mail de que estavam inclusos no Campeonato e participariam das Classificatórias no dia seguinte.
Ao mesmo tempo que começaram a sorrir, surgiu preocupação no peito de ambos. Eles precisavam de uma pontuação mínima para passar nas Classificatórias e não sabiam se passariam daquilo – afinal, estavam muito bem treinados em se matar ao invés de se ajudar.
Gaivota de Busan: Precisamos treinar para amanhã
Gaivota de Busan: Como você está de tempo?
Gaivota de Busan: Acho que grandes mentes pensam igual, não é mesmo?!
Gaivota de Busan: Amanhã? Às 17h?
Gaivota de Busan: A gente não podia ter se ferrado mais com essas duplas, né?
Apesar parecerem incapazes de pregar os olhos com tudo aquilo que tinha acontecido – os corações mais acelerados do que os próprios computadores que usavam para jogar – suspiraram. Agora estava na hora de se conhecerem e pararem de jogar como inimigos.
Pela primeira vez em quase dois anos jogando juntos, e seriam aliados.
Classificatórias
estava determinado à frente do computador.
Tinha seu pacote de Doritos em uma tigela, uma garrafa de água a postos e o celular ao lado enquanto logava no jogo. Esperava uma mensagem de e sentia a ansiedade crescendo cada vez que o jogo estava mais próximo de carregar e ir para a tela inicial.
estava na mesma expectativa. Faltava pouco para dar 17h na cidade de e ela não via a hora de treinar com ele. Passara a tarde lendo o regulamento do Campeonato para ver se tinha como penalizar sua dupla antiga, mas nada – como não fora abandonada no meio de uma partida, não tinha muito que fazer. Enquanto a tela carregava, ela pegou o celular e enviou uma mensagem.
Gaivota de Busan: Não teremos muito tempo, as Classificatórias começam daqui 4h.
Gaivota de Busan: Mas acho que se treinarmos um pouco, conseguimos passar por elas.
Gaivota de Busan: Me passa seu Discord? Acho que vai ser melhor para nos falarmos.
Gaivota de Busan: Só vê se não demora muito, ô lerdinha.
Que mania ele tinha com gaivotas.
somente riu e atendeu enquanto colocava o headset que ela gastara mais dinheiro do que gostaria de admitir para conforto nas orelhas.
- Alô? ...? – Ela ouviu a voz tentativa de do outro lado.
E ficou um tempo em um silêncio um tanto chocado, por mais que ela não quisesse admitir. Não esperava que ele tivesse uma voz tão bonita.
- Oi, ! Tudo bem? – Ela finalmente perguntou, animada com a perspectiva de iniciar aquele campeonato em dupla com ele.
- Tudo sim! Uau! Você tem uma voz bonita! – comentou com uma risada, mas já estava corando mais que um pimentão vermelho e queria se chutar por ter comentado algo tão besta.
Sério. Quem falava aquilo? Só ele.
- Ah, muito obrigada! Você também tem! – E foi a vez de de corar com o comentário inesperado. – Pronto para treinar incansavelmente comigo durante quatro horas antes das Classificatórias?
- Prontíssimo! Tenho até algumas dicas para te dar, porque fiquei analisando seus pontos fracos para saber te derrotar em uma partida... – Ele comentou, parecendo que procurava por algo. Enquanto isso, iniciava a partida para ambos. – Aqui! Achei!
- Você anotou? – Ela deu uma pequena risada, tentando esconder de .
Mas ele tinha ouvidos muito bons e não tinha como esconder. imediatamente começou a corar novamente enquanto ria de maneira um tanto desconjuntada.
- Ah, sim... Ia ficar mais fácil quando estivesse te enfrentando. Sabe, eu sabia que ficaria ocupado discutindo com você que nem sempre fazemos, ainda mais nos ouvindo pela primeira vez, então precisava deixar em algum lugar fácil para encontrar! – Ele explicava tão rápido, tropeçando nas palavras, que quase não entendera. Quando chegou a final da frase, a moça imediatamente começou a rir, a partida quase carregando por completo.
não sabia onde se enfiar.
- Eu fiz a mesma coisa! – E a risada dela se intensificou. – É o que você disse, eu sabia que a gente ia ficar se provocando e discutindo eternamente e eu até podia perder o foco! Tenho uma mini-lousa do lado do meu computador que tem milhares de anotações sobre você e o seu jeito de jogar!
- Sério?! – Agora ele estava animado, sentindo algo no peito. podia definir como orgulho. – E você anotou só sobre mim?
- Sim! Você era o único que me dava dor de cabeça nas partidas de treinamento! – , apesar de rir, esperava que aquele assunto terminasse logo. Ela estava se comprometendo demais e aquilo a preocupava.
Nesse momento, ouviram o barulho típico de que o jogo tinha acabado de carregar.
já estava na pele da própria personagem, enquanto estava ao lado dela com o que estava tão acostumado a jogar. O objetivo era matar os Campeões inimigos e cumprir as missões do mapa, algo que tirariam de letra se estivessem com os personagens de sempre.
- Ok. Normalmente eu jogo para fazer estrago e dar um dano absurdo em tudo, você sabe. – comentou enquanto escolhia as armas para aquela partida.
- Yep. E você gosta de combate à distância. Tudo bem, porque eu posso jogar corpo a corpo também, não tenho muita preferência. – imediatamente parecia muito mais sério do que antes, analisando as próprias armas. – Eu vou na frente e você me dá cobertura?
- Pode ser. Mas saiba que sou péssima para dar suporte. Normalmente o que eu faço é meter a mão em todo mundo, minha dupla antiga era meu suporte. – Ela suspirou, separando as armas de longo alcance.
- Não se preocupe, a gente dá um jeito. Não vamos jogar com papéis pré-definidos, pode ser? – E já começou a abrir caminho, explorando o mapa enquanto o seguia.
- É, acho melhor... Ou vou ficar presa no papel e tudo vai começar a ir água abaixo. – também estava muito mais séria do que antes. Aquilo fazia com que fosse mais profissional na hora de jogar.
E dessa maneira a primeira partida continuou. Ambos estavam um pouco desconfortáveis com aquele silêncio e profissionalismo, mas não tinham muito que fazer. apontava algumas coisas que achava que podia melhorar e vice-versa, mas esse era o máximo de conversa que tinham. Não sabiam se atrapalhariam o outro, mas não queriam arriscar.
Quando a tela deu que tinham vencido, com a VITÓRIA em dourado anotada em suas Fichas, ambos comemoraram com risadas e, se estivessem lado a lado, teriam criado uma maneira de comemorar só deles.
- Até que não foi tão ruim assim! – comentou enquanto dançava animadamente em sua cadeira. – Achei que podia ser pior!
- E você viu a nossa pontuação? Está quase suficiente para as Classificatórias! – apontou para o número na tela, chamando a atenção de . Ela imediatamente ficou mais animada. – Acho que podemos jogar mais uma com bots e depois vamos para partidas com outros jogadores, o que acha?
- Uma excelente ideia, minha gaivota favorita! – se ajeitou na cadeira, fazendo-o rir de maneira audível. – Vamos?
- Vamos! – E estava definitivamente mais animado, recobrando as esperanças. – Dessa vez acho até que vou com a espada...!
- Só cuidado comigo! Você estava meio descontrolado da última vez que usou uma espada e ficou acertando a sua dupla, que eu vi! – Foi só comentar que ele imediatamente começou a rir novamente.
Talvez as Classificatórias não fossem tão ruins assim. Só um pouco.
- Vamos lá, vamos lá... – falava com si mesmo enquanto esperava voltar. Dizia ela que tinha feito uma pausa para preparar chá, mas esse chá já estava quase ultrapassando o limite do horário das Classificatórias. – , não vai me abandonar também, por favor...
- Oi! – A voz da moça surgiu de repente e ele quase morreu do coração de alegria ao ouvi-la. literalmente quase caiu da cadeira. – Estava preparando o chá, mas aproveitei para fazer algo muito importante...
- O quê? Eu estou quase morrendo de ansiedade aqui! – Ele se ajeitou na cadeira, respirando fundo para ver se conseguia acalmar os nervos.
- Fucei sobre os nossos adversários! Aparentemente, conseguiremos derrotá-los com um pouco de facilidade até... – E começou a ler atentamente o que tinha puxado no celular, tomando um bom gole de chá. – Aqui! Um deles é voltado para dano pesado e o outro suporte de magia. O suporte não consegue dar muito dano...
- Então o ponto é focarmos no heavy attacker! – imediatamente sorriu, já se animando com a perspectiva da partida. – Eliminamos ele logo de cara, acabamos com todas as vidas possíveis e depois massacramos o suporte!
- Era isso que eu tinha pensado! – deu uma pequena risada. – Afinal, grandes mentes pensam igual, não?
- Exatamente, ! Vamos dar uma surra neles! – Ele começou a estalar os dedos, quando a tela do jogo sincronizou tanto ele quanto para carregar a partida Classificatória. No canto da tela, conseguiam ver a quantidade considerável de espectadores e respiraram fundo: aquele sonho estava se tornando cada vez mais real. – Boa sorte, KitKat!
- Boa sorte, minha gaivota! – respondeu animadamente, sabendo que o áudio deles já estava disponível para os espectadores.
Não podiam errar. De jeito nenhum.
Dúvidas
e foram classificados com facilidade. Apesar dos apesares, formavam uma boa dupla – e já estavam até sendo apostados como os favoritos daquela temporada.
Passaram um mês se classificando entre os melhores jogadores e lutaram muito por aquilo. Começaram a conversar cada vez mais e não podiam negar que a química entre si era praticamente palpável. Qualquer um que quisesse enfrentá-los assistia a vídeos e vídeos de partidas anteriores de ambos para entender como jogavam, porém era difícil compreender – afinal, nem eles mesmos haviam definido papéis específicos.
Portanto, na noite das Quartas de Final, nenhum dos dois poderia faltar.
E, mesmo assim, estava atrasada para a Concentração que ambos haviam instituído antes dos jogos.
Gaivota de Busan: , está tudo bem? Já era para você ter logado há 15 minutos, estou ficando preocupado.
Gaivota de Busan: Me avisa se precisar de alguma coisa, tá?
Gaivota de Busan: Sei que as pessoas não veem o Campeonato com seriedade
Gaivota de Busan: E se...
Gaivota de Busan: JÁ SEI!
- Alô? – tentou não franzir as sobrancelhas enquanto atendia à chamada de .
- , meu amor! Tudo bem? – E ele falava tão alto, que ela tinha certeza que todos na mesa podiam ouvir. – Pode falar?
Além de que imediatamente arregalaram os olhos: desde quando tinha um namorado?
Mas ela entendeu imediatamente e achara aquele plano simplesmente genial.
- Tudo, amor! E com você? – imediatamente sorriu e pediu licença para sair da mesa e se trancar em seu quarto. – Claro que posso falar! Sempre tenho tempo para você!
- Que bom, minha linda...! – sorria, imaginando as expressões dos familiares de . – Conseguiu chegar ao quarto? Tudo sob controle?
- Quase lá, minha gaivota! Em poucos segundos, o seu plano genial de se passar por meu namorado terá valido à pena! – E, com isso, conseguiu alcançar o quarto, fechando a porta e correndo para o computador a fim de desbloquear a tela. – Já vai preparando a partida! Fico te devendo uma, !
- Imagina, ! Você teria feito o mesmo por mim!
Ela riu. Quase podia ver piscando para ela. Como queria que ele estivesse lá para darem boas risadas juntos!
Aquele momento, porém, fez com que tivesse uma perspectiva diferente das coisas. Enquanto a tela carregava, a moça permaneceu pensativa, trocando a ligação de no celular por uma ligação no Discord – que sempre usavam para se comunicar no jogo.
E notou aquela crise existencial assim que suspirou.
- O que foi, ? Algum problema? – E a voz dele estava genuinamente preocupada.
O jogo carregara e pausou para que pudessem conversar, ignorando completamente os espectadores que os acompanhavam até quando estavam treinando.
- Não sei, ... Não sei... Não posso deixar de achar que minha família tem razão em partes. – Ela suspirou novamente, escolhendo as armas de maneira distraída. – Você já parou para pensar se estamos realmente fazendo certo? Gastando nosso tempo com jogos e nossas conversas online, amizades online... Nós nunca nos vimos frente a frente, . E, apesar disso, gastei mais tempo nos últimos meses com você do que com amigos que conheço a mais tempo e moram aqui do meu lado. Será que isso é realmente...? Não sei.
- Você acha que a nossa amizade é de verdade, ? Porque eu acho. – respondeu de maneira decidida. – Talvez estejamos jogando nosso tempo fora com jogos de vídeo game que todos acham inúteis e que não levam a nada. Mas todo esse tempo que eu “joguei fora” foi com você, então acho que tenha valido a pena. Eu te considero minha amiga de verdade e uma das pessoas em que mais confio, apesar de nunca ter te visto na vida. É estranho? Provavelmente. Mas tive amigos que no final se provaram não ser tão amigos assim quando mais precisei. Então não acho que tenha sido um tempo gasto à toa.
- Eu gosto de conversar com você, ... – E ele podia praticamente ouvir o sorriso na voz de , fazendo-o sorrir também. – Parece que você nunca tem dúvidas sobre nada.
- Ah, eu tenho, ... Tenho várias. – suspirou, lançando um olhar significativo para a tela do jogo, como se estivesse em frente a ele. – Mas quando estou com você, parece que todas elas desaparecem.
- Então somos dois, . – Enquanto ela falava, tinha certeza que estava piscando para ele. – Você me faz ser mais forte.
- E você me ensina a ser forte. – respondeu com orgulho, ambos ignorando como os espectadores surtavam com aquela conversa. – Vamos para partida?
- Precisa perguntar? – respondeu rindo, deixando-o extremamente satisfeito.
Naquela noite foram oficialmente apelidados de “Casal do Jump”.
Tempo Livre
Gaivota de Busan: Sabe que eu salvei seu número no meu celular como KitKat, né?
Gaivota de Busan: Eu adorei esse nome.
Gaivota de Busan: Combina com você!
Gaivota de Busan: Não sei se eu te xingo ou entro em pânico.
Gaivota de Busan: Ousado. Essa é a palavra.
Gaivota de Busan: E normalmente sou mais forte que os inimigos.
- Com quem você tá falando, ?
- Hã? Ah, ninguém! – A moça bloqueou o celular e deixou em cima da mesa, voltando a focar na conversa dos amigos e na cerveja à sua frente.
- Ninguém! Você está aí sorrindo que nem uma boba e fala que não é ninguém? – Um dos amigos dela comentou com uma risada.
- É só um amigo... Daquele jogo. – Ela comentou com um pequeno sorriso enquanto recebia outra mensagem no celular.
- Vocês já ficam jogando durante horas e ainda se falam por mensagem? – A primeira amiga começou a rir. – Vocês devem se amar muito! Nem eu aguento meu namorado tanto tempo assim!
começou a rir, porém continuou a pensar nas palavras da amiga. Enquanto voltava para casa pensava em como, de fato, ela e eram extremamente bem coordenados. Se davam muito bem e a conversa parecia não acabar nunca – podiam ficar horas conversando casualmente sem se cansar um do outro.
Gaivota de Busan: Mas então... Enquanto não estamos jogando, o que você anda fazendo?
Gaivota de Busan: Aparentemente ocupada para demorar tanto pra responder, me desculpa se eu estou te atrapalhando, .
Gaivota de Busan: Não foi minha intenção.
- Um dia você devia chamar essa moça para sair. – , amigo de e companheiro de apartamento, disse de maneira decidida enquanto caminhavam pelo supermercado.
- Sério? Você veio comprar miojo comigo só para falar isso? – rolou os olhos enquanto estocava por volta de dez pacotes de miojo na cesta de supermercado.
Ele tinha que sobreviver de alguma maneira e não seria por ambos sendo cozinheiros – pois, nesse aspecto, eram buracos negros.
- Olha, eu sou seu melhor amigo. Sei o que é melhor para você! – apoiou a mão no ombro do amigo, no que somente suspirou. – Ouvi a maneira como estavam conversando outro dia, como você disse que confia nela. Por um acaso já contou para ela o motivo de estar competindo no Campeonato?
- Não, nunca chegamos a comentar sobre esse assunto... – suspirou, sabendo que não se livraria de naquela dimensão. – Ela não se abre muito emocionalmente.
- Ah, meu Deus... – fez cara de choque. – É a sua missão fazer com que ela se abra, !
- . – E ele finalmente parou de andar, no meio do supermercado, virando-se para o amigo com uma expressão vazia. – Cala a boca.
E, quando voltou a andar, somente sorriu e seguiu o amigo.
- É melhor você checar suas mensagens! – tentava alcançá-lo, já que andava a largos passos para despistá-lo. – Ela já deve ter respondido!
Gaivota de Busan: Estocando miojo em casa para não morrer de fome
Gaivota de Busan: Seria sensacional! Você poderia dormir na minha cama e eu no sofá da sala.
Gaivota de Busan: Comeríamos comidas maravilhosas e passaríamos horas assistindo filmes de terror!
Gaivota de Busan: Promete que vamos chegar lá? Aí podemos tornar esse sonho realidade.
Já quentinha na própria cama, sorriu ao ver aquela mensagem. Gostava de pensar que aquilo era um sonho pra , que não era somente ela que desejava conhecê-lo pessoalmente.
Gaivota de Busan: Acho que você iria adorar.
Gaivota de Busan: Podemos tomar um chá ao invés de café e jogar conversa fora o dia todo!
Gaivota de Busan: E nós desejando a elas que aquilo não acabasse nunca.
Os olhos de se encheram de lágrimas e a moça teve que fechá-los para não derramá-las enquanto sorria. Ela apertou o celular contra o peito e se perguntava se aquilo era realidade. tinha acabado de enviar o que ela tinha lido ou estava alucinando? Não era a primeira vez que ela desejara receber algo como aquilo e perguntava-se se significava o que realmente estava pensando.
Enquanto isso, observava . Estava completamente sem expressão, a boca ligeiramente aberta, enquanto tinha um sorriso sapeca no rosto com uma risada típica de cupido surgindo de dentro do peito.
- Você. Não fez. Isso. – respirou fundo, falando palavra por palavra da maneira mais pausada possível.
escrevera a mensagem, mas estava em toda a sua crise existencial se a mandava ou não. Quem apertara o botão de enviar logo após de sair do supermercado atrás dele e se esgueirou silenciosamente atrás de somente para fazer aquilo fora ninguém menos que .
- Uma hora ou outra você tinha que enviar. Eu só te ajudei! – tentou um sorriso fofo para que não o perseguisse como um caçador de cupidos.
- ... Eu te dou 10 segundos. Corra pela sua vida. – comentou da maneira mais ameaçadora possível e não pensou duas vezes: saiu correndo em disparada de volta para o apartamento.
A ira de não devia ser subestimada.
Na verdade, quase não sentia as próprias pernas ao pensar naquela possibilidade.
Gaivota de Busan: Da minha parte, não.
Gaivota de Busan: Meus sentimentos sempre são sinceros. Principalmente com você, .
A cabeça dele estava girando. Aquilo era o mais próximo que ele chegaria de uma declaração de amor.
estava de olhos arregalados e completamente pasmo. Se fosse um computador, estaria entrando em pane. Certamente daria tela azul e pararia de funcionar.
Ele se sentou na sarjeta do supermercado e respirou fundo. gostava dele.
gostava dele.
Enquanto isso, a moça não conseguia parar de surtar em silêncio no quarto. Tinha levantado da cama e começado a dar pequenos pulinhos silenciosos enquanto segurava o celular novamente contra o peito. Nem quando era adolescente na escola surtara daquela maneira por causa de algum garoto que gostava dela, mas lá estava : agora mais velha, pirando com a conversa que acabara de ter.
Deixando o celular no colchão, ela colocou as mãos na cintura e observou o aparelho com os olhos marejados de lágrimas. Ela precisava respirar fundo e tomar um chá, pois gostava dela.
gostava dela.
Motivações
E, portanto, passariam horas em claro, em suas camas, conversando um com o outro pelo celular.
Gaivota de Busan: Tecnicamente você já fez.
Gaivota de Busan: Mas sempre pode fazer quantas quiser.
Gaivota de Busan: O que foi, ?
Gaivota de Busan: Talvez fosse a minha vontade de provar a mim mesmo que sou bom no jogo.
Gaivota de Busan: Ou talvez de provar aos outros que não sou ridículo por passar horas no computador com pessoas que fazem tudo valer a pena, como você.
Gaivota de Busan: Algo relacionado ao meu orgulho.
Gaivota de Busan: E você? Algum motivo específico?
Gaivota de Busan: Já te falaram esse tipo de groselha?
Gaivota de Busan: Jogar bem não tem nada a ver com essas coisas.
Gaivota de Busan: Você é mais incrível do que muita gente por aí.
KitKat: Obrigada! Você também é, !
Gaivota de Busan: Vamos ganhar a Semifinal amanhã, .
Gaivota de Busan: E você vai vir para minha cidade para provarmos a todo mundo e a nós mesmos, além de ajudar a sua família.
Gaivota de Busan: Fechado?
Gaivota de Busan: Não se preocupe com isso.
Gaivota de Busan: Deixa para lá.
Gaivota de Busan: Descansa bastante para amanhã, tá, linda?
Final do Campeonato Mundial
Na verdade, eles nem notaram em como chegaram ao estado em que estavam.
Jogaram durante horas, deram risadas, conversaram com por chamada de vídeo – já que ele ficou extremamente feliz de finalmente conhecer – aniquilaram os Doritos, beberam todo o vinho e, quando foram cair em si, adormeceram silenciosamente na cama do quarto de .
Somente quando ele acordou no início da noite que percebeu o que havia acontecido. estava aninhada perto dele, enquanto ele mesmo tinha uma das mãos na cabeça dela, afagando os cabelos da moça enquanto dormia.
imediatamente congelou no lugar. Será que se ele se mexesse, ela notaria? E se respirasse...?
Bom, ele estava fazendo aquilo desde que se jogaram na cama dele, exaustos, para um rápido cochilo. sorriu ao notar que, adormecida, se aproximara dele e se aconchegara contra seu corpo. não podia negar que os cabelos dela eram extremamente macios e gostosos de se afagar.
Repentinamente, porém, o celular de começou a tocar. Em pânico, ele atendeu à chamada o mais rápido possível para que ela não acordasse.
- Sr. , preciso conversar com você sobre a Final do Campeonato. Por favor, abra a porta do quarto. – Uma voz feminina falou de maneira séria assim que ele se identificou, por conta do número que registrara como pessoas responsáveis pelo Campeonato.
estranhou a ligação, porém não questionou. Com cuidado, aconchegou na cama e a deixou enquanto saía do quarto somente para encontrar uma das mulheres da Organização – especificamente, a assistente pessoal dos Campeões anteriores contra os quais jogariam no dia seguinte. Para não acordar , fechou a porta e, em seguida, sorriu para a mulher.
- Boa noite! Você veio passar alguma informação sobre amanhã?
- Amanhã de manhã vocês dois serão orientados sobre como procederá a Final. Hoje, eu vim trazer uma oferta dos outros competidores. – A mulher cumprimentou com um sorriso comedido, apesar de não ser rude. – Acho que já sabem que estão para competir com os Campeões Mundiais de Jump das quatro últimas edições do Campeonato. Esse é um título que os dois prezam muito e não estão dispostos a perder, portanto, pediram para que eu oferecesse o dobro do valor do prêmio a você e a . Você poderia levar essa proposta a ela, por favor?
Novamente, travou – como um bom Windows dando tela azul.
- Desculpa... O quê? – E ele não conseguia pensar. O que diabos estava acontecendo naquele momento?!
- Os Campeões oferecem o dobro do valor do prêmio desse ano para que você e percam a partida amanhã. – Ela sorriu novamente. – Eles mantêm o título, vocês levam o dinheiro e todos saem satisfeitos.
passou alguns momentos observando a mulher. Após muito pensar e processar, finalmente aquela oferta fez sentido.
- Então vocês estão nos pagando para perder? É assim que eles conseguiram manter o título durante todos esses anos? – Ele tentava não parecer tão indignado, mas seu cérebro custava a processar aquelas informações.
- Não é tão ruim quanto parece, negócios são negócios. – A mulher riu brevemente enquanto ele permanecia boquiaberto. – A maioria dos Competidores reage como você, mas acaba aceitando. Não precisa me dar uma resposta agora. Pode discutir com a e delinear uma estratégia com ela. Mesmo se não nos responder, partiremos do princípio que, se perderem, é porque aceitaram a nossa oferta. Qualquer dívida será quitada após a partida. Agora não ocuparei mais seu tempo.
murmurou um breve “boa noite” enquanto a mulher saía satisfeita pelo corredor do hotel. Ela tinha certeza que eles aceitariam enquanto continuava a encarar um ponto perdido da parede antes de retornar ao quarto.
Como eles poderiam fazer uma oferta tão ridícula?! Quem aceitaria aquele tipo de coisa?! Ele e tinham moral, tinham princípios aos quais se manteriam firmes!
Ao entrar novamente no quarto, ele viu a forma de abraçada a um travesseiro em sua cama, parecendo tão pequena e despreocupada. imediatamente se lembrou de um dos motivos para ela participar do Campeonato: o valor do prêmio a ajudaria em casa. precisava do dinheiro – e, se ganhassem o dobro do valor, ela não teria que dividir o prêmio com ele. Ganhando o dobro, era como se ganhasse o prêmio só para ela e só para ele.
Aquilo o deixou com o coração apertado. Sentando-se ao lado da moça, novamente começou a brincar distraidamente com os cabelos dela. O que será que priorizaria mais: o dinheiro ou o próprio orgulho? não sabia escolher.
Mas não queria deixá-la com aquele tipo de preocupação na mente, pois sabia que seria capaz de entrar em crise com uma discussão moral como aquela e não conseguir jogar no dia seguinte. A decisão seria dele, a preocupação seria dele. estava feliz e não queria estragar aquilo.
E, quando ele estava prestes a levantar da cama para acordá-la e levá-la até seu respectivo quarto, segurou a mão de .
O estádio estava lotado. e conseguiam ouvir as pessoas gritando enquanto ambos se encontravam no camarim, tentando se acalmar com toda aquela pressão. Ouvir os apresentadores, as músicas tocando, os espectadores gritando, todos os sons reverberando de uma maneira que podiam sentir no próprio peito... Era algo massacrante. Às vezes de maneira positiva, às vezes de maneira negativa.
- ! ! Vocês já vão entrar, sigam-me! – Um garoto da organização do evento, que usava um headset para se comunicar com os outros organizadores, veio buscá-los enquanto folheava diversos papéis.
Os dois somente trocaram olhares rápidos e seguiram sem discutir. Acima das próprias cabeças, conseguiam ouvir os gritos estonteantes dos espectadores, a maneira como pulavam nas arquibancadas. Tudo balançava, inclusive a cabeça deles. e estavam desnorteados, sentindo o coração batendo em disparada enquanto faziam a caminhada mais longa de suas vidas.
Quando chegaram ao backstage do palco e estavam prestes a entrar, finalmente viram a quantidade de pessoas e a maneira como o calor das luzes iluminava o palco. As mãos de começaram a tremer e, enquanto olhava para baixo para se acalmar, notou aquilo.
Repentinamente, ela segurou a mão de que estava próxima da dela, fazendo-o olhar para .
- Vamos entrar de mãos dadas. – Ela disse de maneira decidida.
E descobriu uma das coisas que mais seria apaixonado por até o fim de sua vida. A maneira como ela era decidida, como não tinha dúvidas e dava forças a ele, refletia com um fogo próprio no olhar dela. tinha certeza que ela podia parar exércitos com aquele olhar. E ficou completamente apaixonado.
- Vamos. Como deveríamos ter feito desde o início. – Ele respondeu sorrindo, aquele tipo de sorriso que adorava tanto em suas chamadas de vídeo. Era mais apaixonante ainda ao vivo, principalmente com a iluminação colorida do palco.
- Conhecidos como “Casal do Jump”... e ! – Um dos apresentadores anunciou e eles ouviram gritos estrondosos enchendo o estádio, enquanto o garoto da organização do evento os empurrou para que entrassem no palco.
Segurando a mão de com mais força, sorriu e ela fez o mesmo enquanto entravam juntos no palco. Foram cegados por alguns segundos pelas luzes, porém logo se acostumaram com aquela loucura e conseguiram enxergar o tanto de pessoas que gritava por eles no estádio. Cumprimentaram os apresentadores com acenos de cabeça e, ao pararem de frente para os espectadores, não precisaram nem se olhar para pensar o que fariam: levantaram as mãos que estavam dadas e, ao ouvirem os gritos e a música que tocava para anunciá-los, sentiram-se invencíveis.
- Muito bem, muito bem! Que honra conhecer jogadores incríveis como vocês! – Um dos apresentadores se aproximou, cumprimentando-os rápida e animadamente. – Agora vamos lá, para a pergunta que todos querem saber a resposta: vocês estão juntos?!
- Ah, bom... – respondeu rindo, as bochechas corando em rosa. – O que acha de respondermos isso após a partida?
- Ah, eles querem fazer suspense! Tudo bem, nós podemos aguentar, porque aí vêm os Campeões de Jump por quatro anos seguidos...!
- ... – a chamou discretamente, tirando a atenção dela dos outros competidores. – Você quer ganhar hoje?
- O quê? – E ela franziu as sobrancelhas. – É claro que quero. Por que você está perguntando isso, ?
- Nada. Esquece. – Ele sorriu para ela em seguida. – Se é isso que você quer, então nós vamos ganhar.
somente sorriu de volta, aplaudindo enquanto os outros competidores entravam no palco. Conversaram um pouco, como os apresentadores sempre faziam, e, quando deu o horário, cumprimentaram os outros jogadores e sentaram-se em seus computadores.
se sentiu estranho em todo esse processo. Queria gritar a todos que aqueles Campeões eram uma fraude, mas não podia trazer a verdade à tona daquela maneira. Ele e eram duas pessoas sem importância nenhuma naquele mundo, duas estrelas cadentes repentinas que surgiram para desafiá-los. Quem acreditaria na palavra dele naquela maneira?
Então somente sorriu e foi para seu computador. Preparou-se junto com , colocando seu headset e tentando focar na tela do jogo enquanto a partida era preparada. Percebeu que a mão dela que estava próxima ao mouse tremia e, de maneira discreta, segurou a mão da moça.
- . Essa é só mais uma partida, tá? Não precisa ficar nervosa. Vamos fazer o que fazemos sempre e nos esforçar para ganhar, ok? – tirou os olhos da tela do jogo, ignorando a preparação inicial para focar nela.
- Você também não precisa ficar nervoso, . Sei que seus nervos estão na estratosfera. – E ela piscou para ele. – Não vamos nos esforçar para ganhar. Vamos ganhar.
- Com certeza, KitKat! – E sorriu para ela. sempre sabia como motivá-lo. – Já se preparou?
- Se você parar com a conversinha motivacional antes da partida, eu vou me preparar! – Ela respondeu, correndo para se arrumar, enquanto os espectadores riam com aquela conversa. Todos achavam ambos positivamente adoráveis. – Fica aí me atrasando e depois reclamando que eu estou demorando, menino dos 15 minutos pra pegar Doritos!
- Você vai me perturbar com isso pelo resto da vida, não?! – ria animadamente, enquanto a plateia fazia o mesmo.
Era a primeira vez que uma Final do Campeonato Mundial era tão animada. Era impossível negar que ambos eram extremamente carismáticos e adorados pelos espectadores. Havia uma boa quantidade de pessoas que queria que ganhassem e finalmente tivesse uma mudança nos Campeões após quatro anos na mesma.
queria ganhar, então era aquilo que faria: ganharia. Não importava o valor da oferta, não importava o dinheiro. Eles estavam focados em ganhar.
E logo os Campeões notaram aquilo. e eram uma dupla difícil de combater: não tinham papéis pré-definidos, alteravam a estratégia e a maneira de ataque de acordo com os adversários e tinham estudado muito bem todas as partidas dos atuais Campeões para entender os pontos fortes e pontos fracos. Jogavam com foco e determinação, sem se deixar levar pela torcida e pelos comentários. Sabiam o que precisavam fazer e quando precisavam fazer, tendo mais de cinquenta porcento do jogo concluído e favorável para ambos à metade da partida – e aquilo assustava os Campeões.
Quando chegaram um ponto tenso, entretanto, o estádio começou a ficar cada vez mais silencioso com a tensão que pairava no ar. Os comentaristas assistiam a tudo com interesse, com medo de algo sair errado se falassem alto demais. Os Campeões estavam em suas últimas vidas, assim como e . Se qualquer um deles morresse, saía da partida – sendo que, para terminar, era preciso que a dupla morresse e os que sobrassem concluíssem as missões do mapa.
O ponto era que e haviam acabado de completar a última missão que tinham – então, a única coisa que precisavam fazer era eliminar ambos os Campeões. Terminando aquilo, ganhariam a partida – e aquilo fazia surgir um sentimento de inquietação na base do estômago dos dois.
Enquanto jogava, porém, sentiu alguém batendo no ombro dele.
Era a mulher que o visitara na noite anterior.
Ela levantou brevemente o fone de , sussurrando para que ninguém mais ouvisse.
- Os Campeões reconhecem os esforços de vocês. Ofereceram o quádruplo do valor do prêmio para perderem a partida. Por favor, considerem essa oferta. – Ela comentou brevemente e sumiu tão rápido quanto surgiu.
O coração de afundou no peito. Ele se distraiu e tomou mais dano do que deveria, com protegendo-o para que pudessem fugir. Escondendo-se, ele começou a se curar enquanto ela dava cobertura.
- Tudo bem aí, ? O que houve?! – Ela estava preocupada, não podendo pausar o jogo para cuidar dele.
- Tudo sim... Foi só um problema no meu fone, não se preocupe... – suspirou, esperando terminar de se curar.
O que ele faria? Aquela quantia de dinheiro era exorbitante. precisava daquilo, mais do que a vitória, mais do que o orgulho. Ele poderia negar algo assim a ela? Poderia dizer não? Tinha plena consciência que podiam vencer a partida, mas aquela era uma oferta muito absurda para ser negada.
- Vamos, ! Falta pouco! Lembra que você me disse uma vez que precisamos provar a todos o motivo de estarmos aqui?! – ecoou repentinamente nos ouvidos dele. – Esse é o momento! Chegamos muito longe para morrer na praia!
concordou com a cabeça, seguindo pelo mapa do jogo. Começaram a se embater com os inimigos, mas nada dos Campeões aparecerem. Apesar de tudo, as vidas deles não estavam tão altas, assim como as dos Campeões. Não podiam ficar muito tempo parados em um só lugar e tinham plena consciência daquilo.
Foi nesse momento que os Campeões apareceram. e lutaram juntos, quase eliminando um deles. Porém, o outro surgiu por trás, pronto para aniquilar ambos em uma jogada notadamente não muito aceita por outros jogadores, o que gerou vaias da plateia. Mas os Campeões não se importaram e só tinham uma coisa em mente: ganhar.
Esse era o momento. podia deixar que os matassem e perder o jogo, assim como queriam – e esperavam que acontecesse. Porém, olhou rapidamente para , como os olhos dela estavam marejados de lágrimas por chegar tão longe e perder daquela maneira. Lembrou-se de tudo que viveram, tudo que acontecera até chegarem lá. Todas as risadas, lágrimas, gritos de sofrimento e de alegria.
E o sentimento de invencibilidade quando surgiram naquele palco de mãos dadas.
Ninguém tinha o direito de acabar com a vitória deles daquela maneira – de comprar a moral deles.
Então, fez o que todos sabiam que era a única saída: colocou-se na frente de e absorveu todo o dano. O personagem dele morreu e estava fora do jogo.
- VOCÊS VIRAM ISSO?! – Um dos apresentadores perguntou enquanto a plateia toda gritava. – EM UM ATO HERÓICO, A GAIVOTA DE BUSAN SALVOU SUA DUPLA KITKAT!
- ! Por quê...?!
- Você tem mais vida que eu, ! Você é forte o suficiente e boa o suficiente para ganhar essa partida sozinha! Acaba com eles! – tirou o headset, focando na tela dela. As mãos de tremiam, já que a vitória dependia somente dela.
Mesmo assim, ela matou o Campeão com a vida mais baixa com facilidade. O outro fugiu, sabendo que não podia enfrentar naquele momento. Apesar de não ser o mais recomendado a se fazer, ela deixou que ele corresse e se virou para .
- Por que você fez isso...?! – não conseguia entender e queria uma explicação, por mais rápida que fosse.
E, nesse momento, repousou as duas mãos nas faces de e a puxou para um beijo.
O estádio parecia que ia se derrubar com os gritos que surgiram dos espectadores.
- MEU DEUS! ESSA É A MELHOR FINAL DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS! – E os apresentadores também não sabiam como lidar.
Ambos sentiram como se fogos de artifício estivessem explodindo dentro de si. Não conseguiam ouvir os gritos, comentários ou qualquer coisa que fosse: sentiam somente o outro, aproveitando – por mais rápido que fosse – aquele beijo inesperado. não sabia o que tinha baixado nele, mas sabia que o fogo que queimava dentro de si era igual ao fogo queimando dentro dela.
Separando-se dos lábios de , olhou nos olhos dela, espelhando a mesma energia que vira antes.
- Porque eu te amo, .
A cabeça de girou. Ela nem sabia o que fazer, nem como. Repentinamente, foi como se tivesse saído de uma piscina e ouvisse novamente o mundo – percebendo como todos gritavam, a balbúrdia que havia em volta deles.
E sorriu.
- Eu também te amo, . – Com isso, a moça se virou novamente para o computador, respirando fundo e procurando o outro Campeão no mapa. – E vou ganhar essa final. Por nós.
A plateia enlouqueceu. Os apresentadores não acreditavam mais – a partida poderia terminar ali que já seria boa o suficiente. Os Campeões estavam revoltados, gritando um com o outro e com a assistente que fizera a oferta a . Tinham oferecido o quádruplo e aqueles dois não estavam desistindo, o quanto queriam para sair daquela partida?! Não era possível que depois de quatro anos invictos seriam derrubados por um casal metido a besta.
Mas era exatamente aquilo que ia acontecer. respirou fundo e se sentou ao lado dela, ajudando-a a ver o que ela não conseguia enxergar. Apontava inimigos iminentes, ajudava com estratégias e logo ela alcançou o Campeão que sobrara.
- Vai lá, ! Traz essa vitória para gente! – torceu ao lado dela, apoiando a mão no encosto da cadeira da moça.
Ela não enxergava mais nada além da tela do computador. Focando todo o resto de atenção que lhe sobrara, deu os últimos golpes no Campeão e, em questão de segundos, ele estava fora da partida. As letras douradas de VITÓRIA apareceram nos computadores de e enquanto os antigos Campeões viam as letras vermelhas de DERROTA.
- GANHAMOS! , NÓS GANHAMOS!
- EU SABIA! SABIA, !
Ambos se levantaram em um pulo e se abraçaram. não conseguia acreditar naquilo, estava com as pernas formigando, mas não queria soltar . Ela escondia o rosto na curva do pescoço dele, as lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto.
- Ei! – disse de repente. – Você está chorando...?
- Mas é claro! – Pela primeira vez, ela ouviu a voz chorosa de . Ele a colocou no chão, de costas para os espectadores, deixando com que somente visse as lágrimas escorrendo pelo rosto dele. – Mas é segredo entre nós dois, tá?
- Pode deixar, . Você está a salvo comigo. – sussurrou, piscando para ele.
E novamente se beijaram – dessa vez com calma, satisfação, alegria e o sentimento de que haviam conquistado aquilo juntos.
***
- O que vamos ter pro jantar, ? – surgiu repentinamente atrás da moça, tentando observar por cima dos ombros dela o que preparava.
- Yakissoba, já está quase pronto! – comentou enquanto piscava para o amigo.
- Ah, você é sensacional! – E a abraçou, dando um beijo estalado na bochecha de para depois ir até a sala arrumar as coisas para a assistirem filmes enquanto comiam junto com .
Após a vitória naquele fatídico dia da Final, e chamaram para comemorar com eles no restaurante favorito de . abraçou como se ela fosse uma amiga que ele não via há muito tempo e logo já estava conversando com os dois sobre o jogo – principalmente sobre o beijo.
Conversa foi, conversa veio, acabou sendo intimada a passar o resto das férias no apartamento com e .
O que resultou nela fazendo o yakissoba que comeriam enquanto assistiriam Resident Evil – que nunca tinha assistido. Ao terminar a comida, levou a panela até a sala sem cerimônias, convivendo com os dois como se já fizessem aquilo há diversos anos.
- Temos comida! – Ela anunciou, encontrando se virando para ela com aquele sorriso que nunca cansaria de ver em frente a ela.
- Ah, aleluia! Pela primeira vez temos uma comida que presta nessa casa! – Ele comemorou, indo até ela e beijando-a rapidamente enquanto pegava a panela quente das mãos de .
- Eu vivia falando que ele tinha que se declarar para você! – passou um dos braços pelos ombros dela, levando-a até o sofá. – Quando vi vocês dois se beijando no jogo e aquele “porque eu te amo, ”, nossa. Sério! Eu caí no chão e comecei a chorar. Fiquei gritando “ALELUIA! ALELUIA ELE SE DECLAROU”, para você ver a que ponto eu cheguei.
- Sim, sim. E tudo isso foi para você ter comida decente na casa de vocês. – piscou para e ambos começaram a rir enquanto se sentavam no sofá.
- Como você mesma disse, prioridades. – servira yakissoba em vasilhas para cada um deles, deixando uma com cada um, inclusive os talheres. – Estávamos em estado de calamidade só com miojo.
- Não evoluímos muito, porque yakissoba é tipo miojo com legumes. – riu enquanto os dois somente rolavam os olhos.
- Minha querida, vai por mim, é melhor que miojo. – riu brevemente enquanto se sentava do outro lado de e colocava o filme para rodar.
O resto da noite foi entre risadas, assistindo surtar com as cenas que tinham a intenção de assustá-los enquanto aproveitavam o jantar e, posteriormente, a sobremesa feita por – pão de mel, algo simples, mas eficiente.
Apesar das reclamações de , quando a noite estava quase chegando ao fim, cada um foi para seu quarto – se aconchegando na cama ao lado de .
- , você percebeu por um mero acaso...? – perguntou despreocupadamente enquanto se aninhava nos braços dele.
- Percebi o quê? – Ele franziu as sobrancelhas, apesar de sorrir enquanto a abraçava.
- Nós realizamos nossos sonhos. – Ela sorriu de volta para ele. – Além de ganhar a Final, olha eu aqui na nossa festa do pijama que imaginamos há tanto tempos.
- É verdade... Nós conseguimos. – contemplou aquela frase, observando um ponto perdido no teto.
Mesmo assim, ela teria que voltar. Aquele sonho, eventualmente, teria fim. E, como ele dissera anteriormente, desejava que aquilo não acabasse nunca mais.
- ?
- Hum...? – Ela resmungou de maneira sonolenta, enquanto afagava os cabelos dela. Aquilo o fez dar uma pequena e silenciosa risada.
- Não sei como continuaremos as coisas, mas queria que você não fosse embora. – Ele comentou ainda de maneira pensativa. – Se você quiser, talvez pudéssemos encontrar alguma coisa para você trabalhar por aqui... Acho que vamos receber algumas ofertas das empresas de jogos e afins, podemos pensar em alguma coisa...
- . – chamou enquanto se virava de bruços e se apoiava nos braços, para que pudesse observar o rosto dele. – Você está me convidando para vir morar aqui com você?
- Ah, então... Quer dizer, sim... Quer dizer, se você quiser... Assim, poderíamos, não sei... – Ele começou a tropeçar nas próprias palavras, corando terrivelmente e sem conseguir olhar nos olhos de . Ela segurou o rosto dele com ambas as mãos, fazendo-o olhar para ela. – Sim. Estou sim. Por mais louco que seja e por mais planejamento que precisemos fazer, acho que podemos pensar nisso a longo prazo. Se você quiser.
Imediatamente, começou a sorrir – e aquilo fez com que sorrisse também.
- Eu quero. Podemos pensar em algo a longo prazo. – sentia um calor no peito que só podia ser definido como amor. – E pode deixar que não vou contar a ninguém que você corou dessa maneira só para me chamar pra morar com você.
- Obrigado, . – Com isso, a beijou a fim de desejar uma boa noite, distanciando-se somente o suficiente para que pudesse novamente mover os lábios enquanto sussurrava. – Nosso segredo?
- Nosso segredo, . – Ela sussurrou de volta, sorrindo para ele. – Você está a salvo comigo, minha gaivota favorita.
Ainda bem que foram abandonados por suas duplas no dia da inscrição.
- E você comigo, KitKat.
Ambos se conheciam há mais de dois anos e o relacionamento tinha chegado àquele ponto somente nos últimos três meses. Jamais pensariam que um Campeonato Mundial do jogo online favorito dos dois – Jump – seria o suficiente para que chegassem no nível que estavam.
A primeira vez que ela colocou os pés na cidade de , mal podia acreditar. O voo fora cansativo, ela morria de medo de aviões, mas por ele, atravessaria o mundo inteiro a pé se precisasse.
Queria vê-lo frente a frente. Queria tocá-lo.
E queria vencer aquela partida que era tão importante para eles.
- ...?
Ela ouviu a voz que conhecia tão bem e passara tantas noites rindo, chorando, gritando de nervoso, cantando e simplesmente se apaixonando.
A moça se virou e imediatamente sorriu ao encontrá-lo: não esperava nada de – pelo menos, não em relação ao exterior. Esperava somente a simpatia de sempre, as provocações que ele gostava de fazer, a maneira como era corajoso e ao mesmo tempo tão doce com ela. O relacionamento deles evoluíra com o mundo todo assistindo, mas nenhum dos dois se importava: estavam frente a frente. À distância de um toque.
- Oi, . – Ela respondeu com o que ele julgou ser o sorriso mais belo do mundo colorindo os lábios.
Quantas noites sonhara com o momento em que a veria pela primeira vez.
- Bem-vinda! – Ele retribuiu o sorriso e esticou a mão para ela. – Como foi a sua viagem?
- Poderia ter sido melhor se eu estivesse falando com você! – brincou de volta, fazendo-o rir, enquanto segurava a mão de .
E ambos sentiram faíscas e borboletas no estômago.
- Agora temos tempo de sobra para falar e não precisa ser via Discord. – Ele piscou para ela, fazendo-a corar.
simplesmente amou a maneira como ela corava como uma pequena maçã do amor.
- Depois que passar a Final, vamos jantar para comemorar? Mesmo que não ganhemos. – comentou enquanto andava com ele. carregava uma das mochilas da amiga e a levava até o ponto de ônibus. De lá, iriam até o hotel no qual ficariam hospedados, tudo financiado pelas patrocinadoras do Campeonato Mundial. – Aí não precisaremos nem falar de jogos ou nada do tipo. Poderemos passar tempo só jogando conversa fora.
- Ok, pode ser! Vou te levar no meu restaurante favorito! – Ele respondeu com um sorriso animado, ajeitando a mochila no ombro. – Você trouxe seu computador para treinarmos?
- Mas é claro! E dessa vez poderemos jogar no mesmo recinto, olha que coisa mais louca!
Foi só comentar que ele imediatamente começou a rir, jogando a cabeça para trás. Ela não pode deixar de notar como gostara do som da risada de – como era muito mais gostoso ouvi-lo ao lado dela.
Mesmo que não ganhassem a Final, agora ambos conseguiam ver: o que tinham entre eles era o maior prêmio que poderiam ter ganhado.
Como era de se esperar, estavam em quartos diferentes – apesar de ser um na frente do outro. nunca tinha ficado em um hotel tão chique em toda a vida: tudo era baseado em tecnologias de ponta e a decoração, apesar de minimalista, não perdia a classe. Um estádio estaria lotado para a Final e tanto ela quanto seriam duas das estrelas principais daquela noite.
Sentada na cama, pensava em como tinha chegado em toda aquela loucura.
Ela e treinaram muito para chegar onde estavam. Tiveram que aguentar muita gente falando que eram um bando de nerds sem vida que só sabiam ficar em frente ao computador, bem como ignorar as risadas e os inúmeros “como vocês são infantis, isso é coisa de criança” que ouviram antes de chegar até ali. Desafiaram família, amigos e colegas – e tinham que provar que eram capazes. Tinham que ganhar.
Pelo menos fora assim que tudo começara. Ambos sentindo raiva, derramando lágrimas por quase não conseguirem se inscrever no Campeonato – e formando a dupla mais improvável que poderiam imaginar. Isso porque, desde início, eram competidores, quase como inimigos – somente podia fazer frente à em habilidade e estratégia e vice-versa.
No final, acabaram como dupla e tendo que se apoiar cada vez mais conforme ganhavam mais e mais partidas. Ficaram conhecidos como o Casal do Jump – KitKat e Gaivota de Busan, conforme seus nicknames. Foram sempre movidos pela vontade incomparável de ganhar, de provar para todos que os cercavam e para si mesmos que tinham valor.
Entretanto, ela não sabia quando aquilo tinha mudado.
Aos poucos, as partidas viraram horas que ela passava com em vídeo conferências discutindo estratégias e jogando conversa fora, ambos com suas fiéis taças de vinho pós-partida. Passavam horas rindo e aproveitando a companhia um do outro e logo a ansiedade de jogar a próxima partida não vinha de estarem mais perto do troféu, mas sim da possibilidade de estarem juntos novamente.
Aqueles sentimentos já estavam óbvios para ambos. Mas não tinham coragem de falar – pelo menos não antes da Final. Tinham medo de que aquilo fosse desconcentrá-los e que não iriam ganhar o prêmio pelo qual tanto lutaram.
- Bom, vamos lá... – murmurou consigo mesma, suspirando enquanto pegava o notebook na mochila e ia até o quarto de . Teve que esperar um bom minuto até que ele atendesse à porta. – Se você demorou por causa de Doritos...
- Temos uma tigela enorme para nós dois! Você me conhece! – E o sorriso dele era tão animado que não podia deixar de rir. – Vem! Já arrumei a mesa!
- Com licença...!
E, de fato, o quarto estava bem arrumado. A mesa com o notebook de já aguardava com um lugar estratégico para que ela se sentasse ao lado dele, exatamente como seria na Final. A tigela de Doritos aguardava, assim como duas taças consideráveis de vinho.
- Ok, nós vamos comer....
- Vinho com Doritos! É o que mais fizemos durante esses últimos meses, nada mais justo! – Ele respondeu animado, sentando-se e esperando que arrumasse as coisas ao seu lado. – Mas e aí? Nervosa para amanhã?
- Se eu dissesse que não, estaria mentindo. – Mas respondeu com tanta calma que não parecia nem um pouco abalada com o fato de que jogariam a Final do Campeonato no dia seguinte. – Jogaremos frente a um estádio lotado que nos acompanhou desde as Classificatórias. É um pouco assustador.
- Só um pouquinho. – brincou, fazendo-a dar uma rápida risada de volta. – Mas também estou nervoso. Temos muito a perder.
- E acho que por isso temos ainda mais motivos para ganhar. – piscou para ele. – Pronto para treinar, minha gaivota favorita?
- Prontíssimo, KitKat! – Ele piscou de volta e assim logaram juntos no jogo que, para eles, era tão importante.
o observou enquanto cantarolava alguma música aleatória ao organizar a primeira partida de treinamento daquela noite. Jamais pensaria que simples mensagens a levariam para aquele momento.
Gaivota de Busan: E aí, KitKat? Vamos jogar hoje ainda?
riu enquanto comia seus Doritos, esperando a resposta da amiga. Sabia que ela entraria na provocação e daria alguma resposta curta e grossa – e, para ser bem sincero, gostava de quando ela ficava nervosinha daquele jeito.
KitKat: Mas que moleque mais ansioso.
E ele riu: era exatamente aquilo que esperava. KitKat: Mas para ser bem sincera, não sei o que houve com o meu parceiro.
KitKat: Faz uma hora que eu estou tentando falar com ele e o desgraçado não me responde.
Ok, aquilo era um pouco fora do comum. KitKat: Faz uma hora que eu estou tentando falar com ele e o desgraçado não me responde.
Fazia algum tempo que ele, ela e os parceiros de ambos – um amigo de e um amigo de – jogavam juntos e conquistavam vários títulos. Estavam para entrar no Campeonato Mundial de Jump, o jogo online que estavam prestes a jogar, e treinavam juntos – apesar de que competiriam em duplas.
estava ansioso para competir com ela. Na sua opinião, era a melhor jogadora de Jump que já tinha visto – e a única boa o suficiente para competir com ele. Seria acirrado, a dupla dele contra a dupla dela, mas seria uma boa disputa.
Boa não, ótima. E aquilo o animava absurdamente.
Gaivota de Busan: É... Agora que você falou... Minha dupla ainda não entrou.
KitKat: Ah, e você está aí todo fofo me cobrando agora?
KitKat: Filho de um inhame.
riu com o comentário enquanto pegava o celular. Era assim que ela o xingava quando estava nervosa e ele sempre ria. Era infalível. KitKat: Filho de um inhame.
Mas foi nesse momento que viu que tinha várias mensagens não lidas no WhatsApp.
E quando leu, congelou no lugar.
Gaivota de Busan: KitKat! Você recebeu alguma mensagem?! Alguma ligação?!
KitKat: Há cinco minutos não tinha recebido nada, vou dar uma olhada...
KitKat: Só um minutinho
Em sua casa, pegou o celular. Achou a reação de muito exagerada, mas às vezes tinha algo importante. Ela tomava um gole do próprio chá enquanto abria a conversa, vendo que sua dupla enviou uma mensagem. KitKat: Só um minutinho
Imediatamente, engasgou. Sua dupla ficou online e já foi para uma partida sem aguardá-la. Enquanto isso, a moça tossia e tentava processar o que tinha acabado de acontecer.
KitKat: ESPERA!
Gaivota de Busan: VOCÊ RECEBEU!KitKat: ELES ABANDONARAM A GENTE?!
Gaivota de Busan: FOI A MESMA MENSAGEM.Gaivota de Busan: QUE EU RECEBI!
KitKat: COMO ASSIM?!
KitKat: ESTAMOS PRESTES A ENTRAR NO CAMPEONATO!
KitKat: ELES NÃO PODEM FAZER ISSO!!
Gaivota de Busan: Eles se inscreveram no Campeonato já.KitKat: ESTAMOS PRESTES A ENTRAR NO CAMPEONATO!
KitKat: ELES NÃO PODEM FAZER ISSO!!
Gaivota de Busan: JUNTOS!
Gaivota de Busan: E NOS ABANDONARAM!
Gaivota de Busan: OLHA ELES LÁ JOGANDO JUNTOS!
KitKat: Ah, não!
KitKat: Eu vou entrar nessa partida!
KitKat: E matar os dois!
KitKat: TANTAS VEZES!
KitKat: QUE ELES VÃO IMPLORAR POR MISERICÓRDIA!
Gaivota de Busan: ME ESPERA QUE EU VOU JUNTO! KitKat: Eu vou entrar nessa partida!
KitKat: E matar os dois!
KitKat: TANTAS VEZES!
KitKat: QUE ELES VÃO IMPLORAR POR MISERICÓRDIA!
Nem nem conseguiam respirar direito. Aquilo já tinha sido acordado há muito tempo. Eles foram traídos e abandonados sem dó nem piedade pelas pessoas que mais tinham confiado. Gastaram noites em claro se preparando para o Campeonato e se divertiam com a possibilidade de jogarem juntos – competindo um contra o outro como sempre quiseram.
Mas naquela noite, sem mais nem menos, foram abandonados. nem conseguia enxergar direito, de tanta raiva que sentia. Os olhos ardiam e vazavam lágrimas enquanto ela tentava se preparar para a partida, mas as mãos tremiam e ela não jogaria direito. , por outro lado, praticamente destruía o computador de tão forte que apertava os botões do mouse e do teclado. Não estava em condições de jogar e queria vingança.
Gaivota de Busan: Vamos acabar com eles!
Gaivota de Busan: Fazer com que eles engulam cada palavra das mensagens!
KitKat: Eles não podem fazer isso!
KitKat: Não podem nos tirar do Campeonato às vésperas!
KitKat: Eu treinei MUITO, de verdade!
Gaivota de Busan: Eu também. Treinei com você inclusive!KitKat: Não podem nos tirar do Campeonato às vésperas!
KitKat: Eu treinei MUITO, de verdade!
Gaivota de Busan: Respira fundo e vamos acabar com eles!
Gaivota de Busan: Somos melhores do que os dois juntos e você SABE!
Eles podiam ser os melhores jogadores de Jump, mas nem aquilo iria ajudá-los naquele momento. Estavam tomados pelas emoções, as mãos tremendo enquanto toda e qualquer estratégia era jogada pela janela.
e perderam a partida. Morreram de maneira idiota e foram desconectados, voltando para a Concentração com uma DERROTA em vermelho cadastrada em suas Fichas de Jogador.
recostou-se à cadeira e ficou chorando de raiva. A injustiça crescia em seu peito de uma maneira que a deixava sem ar enquanto os olhos tomavam um tom avermelhado. deixou o computador para beber água e tentar se acalmar antes que quebrasse o aparelho, as mãos ainda tremendo. Eles tinham investido muito tempo e muitos momentos da vida naquele jogo para simplesmente morrer na praia daquela maneira. Não podiam deixar de participar daquele Campeonato. Tinham muito a provar, muito a perder.
Apoiado na bancada da cozinha, respirou fundo e, quando parou de tremer, encontrou uma solução.
E aquela podia ser a melhor opção desde o começo, para falar a verdade. Só não fizeram aquilo, pois tinham algo chamado lealdade que aparentemente suas duplas não tinham.
Gaivota de Busan: KitKat! Ainda está aí?
KitKat: Estou.
KitKat: Morrendo de raiva, mas estou.
Gaivota de Busan: Eu tive uma ideia.KitKat: Morrendo de raiva, mas estou.
Gaivota de Busan: A inscrição pro Campeonato encerra daqui meia hora.
Gaivota de Busan: Sei que ainda temos muito a aprender e não treinamos pra isso.
Gaivota de Busan: Mas acho que é a única opção que temos.
KitKat: Na situação em que estamos, eu aceito qualquer coisa.
KitKat: O que foi?
Gaivota de Busan: Quer ser a minha dupla? KitKat: O que foi?
Gaivota de Busan: Não temos tempo para pensar, é sim ou não.
franziu as sobrancelhas. Ele tinha razão: não tinham treinado para aquilo. Ela conhecia bem a dupla que tivera anteriormente, mas com ele, não sabia nada. Passara muito tempo estudando os pontos fracos de , sabia tudo que precisava para destruí-lo em uma partida... Mas nunca treinara para proteger esses pontos fracos e ajudar com os pontos fortes. Sabia somente como derrotar esses pontos fortes e tinha certeza que ele sabia o mesmo.
Mas ou era isso, ou estavam fora do Campeonato.
KitKat: Quero.
KitKat: A resposta é sim.
Gaivota de Busan: Ok. Me passa suas informações, que eu já estou na tela de inscrição, acabando de preencher as minhas e já faço a sua ficha como minha dupla.KitKat: A resposta é sim.
KitKat: Ok. Qual o seu celular? Estou com a minha ficha pronta e te mando por lá pra ser mais fácil.
KitKat: Ah, e falando nisso, pode me chamar pelo meu nome.
Gaivota de Busan: Pode me chamar pelo meu também. Vai ser uma honra ser a sua dupla, KitKat: Ah, e falando nisso, pode me chamar pelo meu nome.
KitKat: O mesmo vale pra você, .
E assim, a dupla mais improvável de Jump foi criada. Eles tinham muito a provar e muito a perder, mas não deixariam que aquilo fosse uma derrota. Assim que recebeu a ficha de , enviou a inscrição de ambos. Aguardaram pacientemente por cinco longos minutos até receber a confirmação por e-mail de que estavam inclusos no Campeonato e participariam das Classificatórias no dia seguinte.
Ao mesmo tempo que começaram a sorrir, surgiu preocupação no peito de ambos. Eles precisavam de uma pontuação mínima para passar nas Classificatórias e não sabiam se passariam daquilo – afinal, estavam muito bem treinados em se matar ao invés de se ajudar.
Gaivota de Busan: Precisamos treinar para amanhã
Gaivota de Busan: Como você está de tempo?
KitKat: Tinha combinado com a minha dupla que tiraria férias do trabalho para poder competir no Campeonato.
KitKat: Tenho o mês inteiro livre, por sorte. E você?
Gaivota de Busan: Idem! Que SORTE! KitKat: Tenho o mês inteiro livre, por sorte. E você?
Gaivota de Busan: Acho que grandes mentes pensam igual, não é mesmo?!
KitKat: Acho que sim!
KitKat: Acha que consegue treinar? Porque depois dessa primeira partida já deu para perceber que eu estou uma porcaria hoje.
KitKat: Meus nervos estão em frangalhos.
Gaivota de Busan: Os meus também. Não tenho cabeça para lidar com isso hoje.KitKat: Acha que consegue treinar? Porque depois dessa primeira partida já deu para perceber que eu estou uma porcaria hoje.
KitKat: Meus nervos estão em frangalhos.
Gaivota de Busan: Amanhã? Às 17h?
KitKat: Amanhã às 17h. Para mim está fechado.
KitKat: Só preciso ver a diferença de horário que tenho com você, mas por mim tudo bem.
Gaivota de Busan: Nossa, ainda temos essa. A diferença de horário.KitKat: Só preciso ver a diferença de horário que tenho com você, mas por mim tudo bem.
Gaivota de Busan: A gente não podia ter se ferrado mais com essas duplas, né?
KitKat: Ah, podia. Imagina o caos se um de nós tivesse ficado doente.
Gaivota de Busan: Eu jogaria até do hospital, acho.KitKat: HAHAHAHA eu não duvido. Seu viciado.
KitKat: Então até amanhã. Vou tentar dormir um pouco.
Gaivota de Busan: Até amanhã. Ah, e ... KitKat: Então até amanhã. Vou tentar dormir um pouco.
KitKat: Oi.
Gaivota de Busan: Obrigado por me salvar nessa.KitKat: Obrigada você também, .
KitKat: Estaria fora do Campeonato se você não tivesse enviado nossas fichas.
Com isso, e deixaram seus computadores e tentaram ter uma boa noite de sono. KitKat: Estaria fora do Campeonato se você não tivesse enviado nossas fichas.
Apesar parecerem incapazes de pregar os olhos com tudo aquilo que tinha acontecido – os corações mais acelerados do que os próprios computadores que usavam para jogar – suspiraram. Agora estava na hora de se conhecerem e pararem de jogar como inimigos.
Pela primeira vez em quase dois anos jogando juntos, e seriam aliados.
Classificatórias
estava determinado à frente do computador.
Tinha seu pacote de Doritos em uma tigela, uma garrafa de água a postos e o celular ao lado enquanto logava no jogo. Esperava uma mensagem de e sentia a ansiedade crescendo cada vez que o jogo estava mais próximo de carregar e ir para a tela inicial.
estava na mesma expectativa. Faltava pouco para dar 17h na cidade de e ela não via a hora de treinar com ele. Passara a tarde lendo o regulamento do Campeonato para ver se tinha como penalizar sua dupla antiga, mas nada – como não fora abandonada no meio de uma partida, não tinha muito que fazer. Enquanto a tela carregava, ela pegou o celular e enviou uma mensagem.
KitKat: Oi, ! Estou quase terminando de logar!
KitKat: Quer treinar contra bot pra depois tentarmos uma partida antes da Classificatória?
Gaivota de Busan: Pode ser! KitKat: Quer treinar contra bot pra depois tentarmos uma partida antes da Classificatória?
Gaivota de Busan: Não teremos muito tempo, as Classificatórias começam daqui 4h.
Gaivota de Busan: Mas acho que se treinarmos um pouco, conseguimos passar por elas.
KitKat: E depois precisamos treinar MUITO para ganhar esse Campeonato.
KitKat: Tenho que esfregar esse prêmio na cara de muita gente.
Gaivota de Busan: Você não é a única, não se preocupe.KitKat: Tenho que esfregar esse prêmio na cara de muita gente.
Gaivota de Busan: Me passa seu Discord? Acho que vai ser melhor para nos falarmos.
KitKat: Ok, só um minutinho. Preciso logar lá também.
Gaivota de Busan: Ok! Estou te esperando! Gaivota de Busan: Só vê se não demora muito, ô lerdinha.
KitKat: Olha quem fala!
KitKat: O moleque que me deixou esperando 15 MINUTOS por causa de um pacote de Doritos!
somente ria enquanto fazia o mesmo, logando no Discord e passando seu usuário para ele. Em pouco tempo, recebeu uma solicitação de chamada de Gaivota de Busan, mesmo usuário do jogo. KitKat: O moleque que me deixou esperando 15 MINUTOS por causa de um pacote de Doritos!
Que mania ele tinha com gaivotas.
somente riu e atendeu enquanto colocava o headset que ela gastara mais dinheiro do que gostaria de admitir para conforto nas orelhas.
- Alô? ...? – Ela ouviu a voz tentativa de do outro lado.
E ficou um tempo em um silêncio um tanto chocado, por mais que ela não quisesse admitir. Não esperava que ele tivesse uma voz tão bonita.
- Oi, ! Tudo bem? – Ela finalmente perguntou, animada com a perspectiva de iniciar aquele campeonato em dupla com ele.
- Tudo sim! Uau! Você tem uma voz bonita! – comentou com uma risada, mas já estava corando mais que um pimentão vermelho e queria se chutar por ter comentado algo tão besta.
Sério. Quem falava aquilo? Só ele.
- Ah, muito obrigada! Você também tem! – E foi a vez de de corar com o comentário inesperado. – Pronto para treinar incansavelmente comigo durante quatro horas antes das Classificatórias?
- Prontíssimo! Tenho até algumas dicas para te dar, porque fiquei analisando seus pontos fracos para saber te derrotar em uma partida... – Ele comentou, parecendo que procurava por algo. Enquanto isso, iniciava a partida para ambos. – Aqui! Achei!
- Você anotou? – Ela deu uma pequena risada, tentando esconder de .
Mas ele tinha ouvidos muito bons e não tinha como esconder. imediatamente começou a corar novamente enquanto ria de maneira um tanto desconjuntada.
- Ah, sim... Ia ficar mais fácil quando estivesse te enfrentando. Sabe, eu sabia que ficaria ocupado discutindo com você que nem sempre fazemos, ainda mais nos ouvindo pela primeira vez, então precisava deixar em algum lugar fácil para encontrar! – Ele explicava tão rápido, tropeçando nas palavras, que quase não entendera. Quando chegou a final da frase, a moça imediatamente começou a rir, a partida quase carregando por completo.
não sabia onde se enfiar.
- Eu fiz a mesma coisa! – E a risada dela se intensificou. – É o que você disse, eu sabia que a gente ia ficar se provocando e discutindo eternamente e eu até podia perder o foco! Tenho uma mini-lousa do lado do meu computador que tem milhares de anotações sobre você e o seu jeito de jogar!
- Sério?! – Agora ele estava animado, sentindo algo no peito. podia definir como orgulho. – E você anotou só sobre mim?
- Sim! Você era o único que me dava dor de cabeça nas partidas de treinamento! – , apesar de rir, esperava que aquele assunto terminasse logo. Ela estava se comprometendo demais e aquilo a preocupava.
Nesse momento, ouviram o barulho típico de que o jogo tinha acabado de carregar.
já estava na pele da própria personagem, enquanto estava ao lado dela com o que estava tão acostumado a jogar. O objetivo era matar os Campeões inimigos e cumprir as missões do mapa, algo que tirariam de letra se estivessem com os personagens de sempre.
- Ok. Normalmente eu jogo para fazer estrago e dar um dano absurdo em tudo, você sabe. – comentou enquanto escolhia as armas para aquela partida.
- Yep. E você gosta de combate à distância. Tudo bem, porque eu posso jogar corpo a corpo também, não tenho muita preferência. – imediatamente parecia muito mais sério do que antes, analisando as próprias armas. – Eu vou na frente e você me dá cobertura?
- Pode ser. Mas saiba que sou péssima para dar suporte. Normalmente o que eu faço é meter a mão em todo mundo, minha dupla antiga era meu suporte. – Ela suspirou, separando as armas de longo alcance.
- Não se preocupe, a gente dá um jeito. Não vamos jogar com papéis pré-definidos, pode ser? – E já começou a abrir caminho, explorando o mapa enquanto o seguia.
- É, acho melhor... Ou vou ficar presa no papel e tudo vai começar a ir água abaixo. – também estava muito mais séria do que antes. Aquilo fazia com que fosse mais profissional na hora de jogar.
E dessa maneira a primeira partida continuou. Ambos estavam um pouco desconfortáveis com aquele silêncio e profissionalismo, mas não tinham muito que fazer. apontava algumas coisas que achava que podia melhorar e vice-versa, mas esse era o máximo de conversa que tinham. Não sabiam se atrapalhariam o outro, mas não queriam arriscar.
Quando a tela deu que tinham vencido, com a VITÓRIA em dourado anotada em suas Fichas, ambos comemoraram com risadas e, se estivessem lado a lado, teriam criado uma maneira de comemorar só deles.
- Até que não foi tão ruim assim! – comentou enquanto dançava animadamente em sua cadeira. – Achei que podia ser pior!
- E você viu a nossa pontuação? Está quase suficiente para as Classificatórias! – apontou para o número na tela, chamando a atenção de . Ela imediatamente ficou mais animada. – Acho que podemos jogar mais uma com bots e depois vamos para partidas com outros jogadores, o que acha?
- Uma excelente ideia, minha gaivota favorita! – se ajeitou na cadeira, fazendo-o rir de maneira audível. – Vamos?
- Vamos! – E estava definitivamente mais animado, recobrando as esperanças. – Dessa vez acho até que vou com a espada...!
- Só cuidado comigo! Você estava meio descontrolado da última vez que usou uma espada e ficou acertando a sua dupla, que eu vi! – Foi só comentar que ele imediatamente começou a rir novamente.
Talvez as Classificatórias não fossem tão ruins assim. Só um pouco.
- Vamos lá, vamos lá... – falava com si mesmo enquanto esperava voltar. Dizia ela que tinha feito uma pausa para preparar chá, mas esse chá já estava quase ultrapassando o limite do horário das Classificatórias. – , não vai me abandonar também, por favor...
- Oi! – A voz da moça surgiu de repente e ele quase morreu do coração de alegria ao ouvi-la. literalmente quase caiu da cadeira. – Estava preparando o chá, mas aproveitei para fazer algo muito importante...
- O quê? Eu estou quase morrendo de ansiedade aqui! – Ele se ajeitou na cadeira, respirando fundo para ver se conseguia acalmar os nervos.
- Fucei sobre os nossos adversários! Aparentemente, conseguiremos derrotá-los com um pouco de facilidade até... – E começou a ler atentamente o que tinha puxado no celular, tomando um bom gole de chá. – Aqui! Um deles é voltado para dano pesado e o outro suporte de magia. O suporte não consegue dar muito dano...
- Então o ponto é focarmos no heavy attacker! – imediatamente sorriu, já se animando com a perspectiva da partida. – Eliminamos ele logo de cara, acabamos com todas as vidas possíveis e depois massacramos o suporte!
- Era isso que eu tinha pensado! – deu uma pequena risada. – Afinal, grandes mentes pensam igual, não?
- Exatamente, ! Vamos dar uma surra neles! – Ele começou a estalar os dedos, quando a tela do jogo sincronizou tanto ele quanto para carregar a partida Classificatória. No canto da tela, conseguiam ver a quantidade considerável de espectadores e respiraram fundo: aquele sonho estava se tornando cada vez mais real. – Boa sorte, KitKat!
- Boa sorte, minha gaivota! – respondeu animadamente, sabendo que o áudio deles já estava disponível para os espectadores.
Não podiam errar. De jeito nenhum.
Dúvidas
e foram classificados com facilidade. Apesar dos apesares, formavam uma boa dupla – e já estavam até sendo apostados como os favoritos daquela temporada.
Passaram um mês se classificando entre os melhores jogadores e lutaram muito por aquilo. Começaram a conversar cada vez mais e não podiam negar que a química entre si era praticamente palpável. Qualquer um que quisesse enfrentá-los assistia a vídeos e vídeos de partidas anteriores de ambos para entender como jogavam, porém era difícil compreender – afinal, nem eles mesmos haviam definido papéis específicos.
Portanto, na noite das Quartas de Final, nenhum dos dois poderia faltar.
E, mesmo assim, estava atrasada para a Concentração que ambos haviam instituído antes dos jogos.
Gaivota de Busan: , está tudo bem? Já era para você ter logado há 15 minutos, estou ficando preocupado.
Gaivota de Busan: Me avisa se precisar de alguma coisa, tá?
KitKat: Oi, ! Tudo bem...
KitKat: Já vou logar... Estou com um pouco de dificuldades.
KitKat: Alguns probleminhas em casa e com alguns amigos.
Gaivota de Busan: Algo que eu posso ajudar? KitKat: Já vou logar... Estou com um pouco de dificuldades.
KitKat: Alguns probleminhas em casa e com alguns amigos.
Gaivota de Busan: Sei que as pessoas não veem o Campeonato com seriedade
KitKat: Estão tentando me fazer largar a partida de hoje.
KitKat: Sei que não posso, mas está difícil para me desvencilhar aqui.
Gaivota de Busan: E se for uma emergência? KitKat: Sei que não posso, mas está difícil para me desvencilhar aqui.
KitKat: Que tipo de emergência eu teria online?
Gaivota de Busan: Ótimo pontoGaivota de Busan: E se...
Gaivota de Busan: JÁ SEI!
KitKat: O quê?!
KitKat: Que foi?!
KitKat: ...?
Nesse exato momento, o celular de começou a tocar. Os pais dela lançaram um olhar estranho, assim como a irmã, enquanto todos jantavam e tentavam convencê-la a sair para beber com o pessoal do trabalho ao invés de participar daquele “Campeonato de criança”, como gostavam de chamar. Por mais que ela tivesse explicado que o Campeonato era importante. KitKat: Que foi?!
KitKat: ...?
- Alô? – tentou não franzir as sobrancelhas enquanto atendia à chamada de .
- , meu amor! Tudo bem? – E ele falava tão alto, que ela tinha certeza que todos na mesa podiam ouvir. – Pode falar?
Além de que imediatamente arregalaram os olhos: desde quando tinha um namorado?
Mas ela entendeu imediatamente e achara aquele plano simplesmente genial.
- Tudo, amor! E com você? – imediatamente sorriu e pediu licença para sair da mesa e se trancar em seu quarto. – Claro que posso falar! Sempre tenho tempo para você!
- Que bom, minha linda...! – sorria, imaginando as expressões dos familiares de . – Conseguiu chegar ao quarto? Tudo sob controle?
- Quase lá, minha gaivota! Em poucos segundos, o seu plano genial de se passar por meu namorado terá valido à pena! – E, com isso, conseguiu alcançar o quarto, fechando a porta e correndo para o computador a fim de desbloquear a tela. – Já vai preparando a partida! Fico te devendo uma, !
- Imagina, ! Você teria feito o mesmo por mim!
Ela riu. Quase podia ver piscando para ela. Como queria que ele estivesse lá para darem boas risadas juntos!
Aquele momento, porém, fez com que tivesse uma perspectiva diferente das coisas. Enquanto a tela carregava, a moça permaneceu pensativa, trocando a ligação de no celular por uma ligação no Discord – que sempre usavam para se comunicar no jogo.
E notou aquela crise existencial assim que suspirou.
- O que foi, ? Algum problema? – E a voz dele estava genuinamente preocupada.
O jogo carregara e pausou para que pudessem conversar, ignorando completamente os espectadores que os acompanhavam até quando estavam treinando.
- Não sei, ... Não sei... Não posso deixar de achar que minha família tem razão em partes. – Ela suspirou novamente, escolhendo as armas de maneira distraída. – Você já parou para pensar se estamos realmente fazendo certo? Gastando nosso tempo com jogos e nossas conversas online, amizades online... Nós nunca nos vimos frente a frente, . E, apesar disso, gastei mais tempo nos últimos meses com você do que com amigos que conheço a mais tempo e moram aqui do meu lado. Será que isso é realmente...? Não sei.
- Você acha que a nossa amizade é de verdade, ? Porque eu acho. – respondeu de maneira decidida. – Talvez estejamos jogando nosso tempo fora com jogos de vídeo game que todos acham inúteis e que não levam a nada. Mas todo esse tempo que eu “joguei fora” foi com você, então acho que tenha valido a pena. Eu te considero minha amiga de verdade e uma das pessoas em que mais confio, apesar de nunca ter te visto na vida. É estranho? Provavelmente. Mas tive amigos que no final se provaram não ser tão amigos assim quando mais precisei. Então não acho que tenha sido um tempo gasto à toa.
- Eu gosto de conversar com você, ... – E ele podia praticamente ouvir o sorriso na voz de , fazendo-o sorrir também. – Parece que você nunca tem dúvidas sobre nada.
- Ah, eu tenho, ... Tenho várias. – suspirou, lançando um olhar significativo para a tela do jogo, como se estivesse em frente a ele. – Mas quando estou com você, parece que todas elas desaparecem.
- Então somos dois, . – Enquanto ela falava, tinha certeza que estava piscando para ele. – Você me faz ser mais forte.
- E você me ensina a ser forte. – respondeu com orgulho, ambos ignorando como os espectadores surtavam com aquela conversa. – Vamos para partida?
- Precisa perguntar? – respondeu rindo, deixando-o extremamente satisfeito.
Naquela noite foram oficialmente apelidados de “Casal do Jump”.
Tempo Livre
Gaivota de Busan: Sabe que eu salvei seu número no meu celular como KitKat, né?
Gaivota de Busan: Eu adorei esse nome.
Gaivota de Busan: Combina com você!
KitKat: Que bom, porque eu salvei o seu como Gaivota de Busan mesmo.
KitKat: Não consigo chamar minha gaivotinha de outra coisa.
Gaivota de Busan: “Gaivotinha”. KitKat: Não consigo chamar minha gaivotinha de outra coisa.
Gaivota de Busan: Não sei se eu te xingo ou entro em pânico.
KitKat: Imaginando você me xingando E entrando em pânico.
KitKat: Que nem quando eu estou prestes a morrer e você entra em desespero correndo atrás de mim que nem um condenado pra me achar.
KitKat: E me salvar das garras certeiras da morte.
Gaivota de Busan: É o mínimo que posso fazer por você ter me salvado tantas vezes.KitKat: Que nem quando eu estou prestes a morrer e você entra em desespero correndo atrás de mim que nem um condenado pra me achar.
KitKat: E me salvar das garras certeiras da morte.
KitKat: Verdade.
KitKat: Porque você é um inconsequente.
Gaivota de Busan: Inconsequente não.KitKat: Porque você é um inconsequente.
Gaivota de Busan: Ousado. Essa é a palavra.
KitKat: Oxe, ousado até demais.
KitKat: Do tipo que se joga no combate sem ter certeza se a vida aguenta.
Gaivota de Busan: Melhor do que ficar parado.KitKat: Do tipo que se joga no combate sem ter certeza se a vida aguenta.
Gaivota de Busan: E normalmente sou mais forte que os inimigos.
KitKat: E mais convencido também.
Gaivota de Busan: Essa é minha arma secreta ;) - Com quem você tá falando, ?
- Hã? Ah, ninguém! – A moça bloqueou o celular e deixou em cima da mesa, voltando a focar na conversa dos amigos e na cerveja à sua frente.
- Ninguém! Você está aí sorrindo que nem uma boba e fala que não é ninguém? – Um dos amigos dela comentou com uma risada.
- É só um amigo... Daquele jogo. – Ela comentou com um pequeno sorriso enquanto recebia outra mensagem no celular.
- Vocês já ficam jogando durante horas e ainda se falam por mensagem? – A primeira amiga começou a rir. – Vocês devem se amar muito! Nem eu aguento meu namorado tanto tempo assim!
começou a rir, porém continuou a pensar nas palavras da amiga. Enquanto voltava para casa pensava em como, de fato, ela e eram extremamente bem coordenados. Se davam muito bem e a conversa parecia não acabar nunca – podiam ficar horas conversando casualmente sem se cansar um do outro.
Gaivota de Busan: Mas então... Enquanto não estamos jogando, o que você anda fazendo?
Gaivota de Busan: Aparentemente ocupada para demorar tanto pra responder, me desculpa se eu estou te atrapalhando, .
Gaivota de Busan: Não foi minha intenção.
KitKat: Tudo bem, você não tá atrapalhando, !
KitKat: Não se preocupe com isso! Jamais!
KitKat: Estava com alguns amigos em um bar, mas estou voltando para casa. E você?
KitKat: Não se preocupe com isso! Jamais!
KitKat: Estava com alguns amigos em um bar, mas estou voltando para casa. E você?
- Um dia você devia chamar essa moça para sair. – , amigo de e companheiro de apartamento, disse de maneira decidida enquanto caminhavam pelo supermercado.
- Sério? Você veio comprar miojo comigo só para falar isso? – rolou os olhos enquanto estocava por volta de dez pacotes de miojo na cesta de supermercado.
Ele tinha que sobreviver de alguma maneira e não seria por ambos sendo cozinheiros – pois, nesse aspecto, eram buracos negros.
- Olha, eu sou seu melhor amigo. Sei o que é melhor para você! – apoiou a mão no ombro do amigo, no que somente suspirou. – Ouvi a maneira como estavam conversando outro dia, como você disse que confia nela. Por um acaso já contou para ela o motivo de estar competindo no Campeonato?
- Não, nunca chegamos a comentar sobre esse assunto... – suspirou, sabendo que não se livraria de naquela dimensão. – Ela não se abre muito emocionalmente.
- Ah, meu Deus... – fez cara de choque. – É a sua missão fazer com que ela se abra, !
- . – E ele finalmente parou de andar, no meio do supermercado, virando-se para o amigo com uma expressão vazia. – Cala a boca.
E, quando voltou a andar, somente sorriu e seguiu o amigo.
- É melhor você checar suas mensagens! – tentava alcançá-lo, já que andava a largos passos para despistá-lo. – Ela já deve ter respondido!
KitKat: Acho que agora você quem está ocupado para não me responder.
KitKat: Me avisa quando estiver disponível!
Gaivota de Busan: Desculpa a demora, estava no supermercadoKitKat: Me avisa quando estiver disponível!
Gaivota de Busan: Estocando miojo em casa para não morrer de fome
KitKat: Prioridades.
KitKat: Completamente compreensível.
KitKat: Quem sabe um dia eu vá para sua cidade e consiga cozinhar para vocês!
Gaivota de Busan: Eu adoraria! KitKat: Completamente compreensível.
KitKat: Quem sabe um dia eu vá para sua cidade e consiga cozinhar para vocês!
Gaivota de Busan: Seria sensacional! Você poderia dormir na minha cama e eu no sofá da sala.
Gaivota de Busan: Comeríamos comidas maravilhosas e passaríamos horas assistindo filmes de terror!
KitKat: E, se entendi bem pelo que você me contou, perturbaríamos a vida do pobre , assustando-o a cada cinco minutos.
KitKat: Para mim, parece um fim de semana perfeito!
Gaivota de Busan: A Final do Campeonato será na minha cidade.KitKat: Para mim, parece um fim de semana perfeito!
Gaivota de Busan: Promete que vamos chegar lá? Aí podemos tornar esse sonho realidade.
Já quentinha na própria cama, sorriu ao ver aquela mensagem. Gostava de pensar que aquilo era um sonho pra , que não era somente ela que desejava conhecê-lo pessoalmente.
KitKat: Mesmo se não chegarmos na Final, , eu prometo que vou até aí.
KitKat: Quero muito conhecer a sua cidade, seus amigos, conviver no seu dia a dia.
KitKat: E conhecer você. Pessoalmente, frente a frente.
KitKat: Conversar sem ser por uma tela de celular.
Gaivota de Busan: Podemos comer um doce no meu Café favorito.KitKat: Quero muito conhecer a sua cidade, seus amigos, conviver no seu dia a dia.
KitKat: E conhecer você. Pessoalmente, frente a frente.
KitKat: Conversar sem ser por uma tela de celular.
Gaivota de Busan: Acho que você iria adorar.
Gaivota de Busan: Podemos tomar um chá ao invés de café e jogar conversa fora o dia todo!
KitKat: Até o sol se pôr e termos que voltar a pé para sua casa!
KitKat: As estrelas já surgindo no céu.
“E nós desejando a elas que aquilo não acabasse nunca”, era o que queria responder. Ele mandaria a mensagem? Já tinha digitado e agora ficava na dúvida se enviaria ou não. Era apropriado? Para ela? Ele devia ser tão óbvio assim? KitKat: As estrelas já surgindo no céu.
Gaivota de Busan: E nós desejando a elas que aquilo não acabasse nunca.
Os olhos de se encheram de lágrimas e a moça teve que fechá-los para não derramá-las enquanto sorria. Ela apertou o celular contra o peito e se perguntava se aquilo era realidade. tinha acabado de enviar o que ela tinha lido ou estava alucinando? Não era a primeira vez que ela desejara receber algo como aquilo e perguntava-se se significava o que realmente estava pensando.
Enquanto isso, observava . Estava completamente sem expressão, a boca ligeiramente aberta, enquanto tinha um sorriso sapeca no rosto com uma risada típica de cupido surgindo de dentro do peito.
- Você. Não fez. Isso. – respirou fundo, falando palavra por palavra da maneira mais pausada possível.
escrevera a mensagem, mas estava em toda a sua crise existencial se a mandava ou não. Quem apertara o botão de enviar logo após de sair do supermercado atrás dele e se esgueirou silenciosamente atrás de somente para fazer aquilo fora ninguém menos que .
- Uma hora ou outra você tinha que enviar. Eu só te ajudei! – tentou um sorriso fofo para que não o perseguisse como um caçador de cupidos.
- ... Eu te dou 10 segundos. Corra pela sua vida. – comentou da maneira mais ameaçadora possível e não pensou duas vezes: saiu correndo em disparada de volta para o apartamento.
A ira de não devia ser subestimada.
KitKat: Acho que quando os sentimentos são verdadeiros, não acaba nunca, .
KitKat: Então não precisaríamos nos preocupar... Não?
Enquanto corria, ficou pasmo ao ler a resposta no celular. Perguntava-se se aquilo significava o que ele estava pensando. KitKat: Então não precisaríamos nos preocupar... Não?
Na verdade, quase não sentia as próprias pernas ao pensar naquela possibilidade.
Gaivota de Busan: Da minha parte, não.
Gaivota de Busan: Meus sentimentos sempre são sinceros. Principalmente com você, .
A cabeça dele estava girando. Aquilo era o mais próximo que ele chegaria de uma declaração de amor.
KitKat: Da minha parte também, .
KitKat: Porque meus sentimentos com você também são verdadeiros
Ele precisava se sentar. O que estava acontecendo? Como chegaram naquilo após uma conversa sobre tempo livre? tinha acabado de se declarar para ele também? O QUE ESTAVA ACONTECENDO?! KitKat: Porque meus sentimentos com você também são verdadeiros
estava de olhos arregalados e completamente pasmo. Se fosse um computador, estaria entrando em pane. Certamente daria tela azul e pararia de funcionar.
Ele se sentou na sarjeta do supermercado e respirou fundo. gostava dele.
gostava dele.
Enquanto isso, a moça não conseguia parar de surtar em silêncio no quarto. Tinha levantado da cama e começado a dar pequenos pulinhos silenciosos enquanto segurava o celular novamente contra o peito. Nem quando era adolescente na escola surtara daquela maneira por causa de algum garoto que gostava dela, mas lá estava : agora mais velha, pirando com a conversa que acabara de ter.
Deixando o celular no colchão, ela colocou as mãos na cintura e observou o aparelho com os olhos marejados de lágrimas. Ela precisava respirar fundo e tomar um chá, pois gostava dela.
gostava dela.
Motivações
KitKat: .
KitKat: Posso te fazer uma pergunta?
Os dois já tinham chegado longe no Campeonato Mundial. Estavam a um dia de jogar a Semifinal e sabiam que muita coisa dependia do resultado da partida do dia seguinte. Agora muitas pessoas que conheciam estavam assistindo ao Campeonato e muitas desejavam que eles ganhassem. Tinham muito a perder. KitKat: Posso te fazer uma pergunta?
E, portanto, passariam horas em claro, em suas camas, conversando um com o outro pelo celular.
Gaivota de Busan: Tecnicamente você já fez.
Gaivota de Busan: Mas sempre pode fazer quantas quiser.
Gaivota de Busan: O que foi, ?
KitKat: Engraçadinho!
KitKat: Então... Por que você entrou no Campeonato?
KitKat: Agora que chegamos tão longe, me deu curiosidade.
Gaivota de Busan: Na verdade, não sei o motivo exato..KitKat: Então... Por que você entrou no Campeonato?
KitKat: Agora que chegamos tão longe, me deu curiosidade.
Gaivota de Busan: Talvez fosse a minha vontade de provar a mim mesmo que sou bom no jogo.
Gaivota de Busan: Ou talvez de provar aos outros que não sou ridículo por passar horas no computador com pessoas que fazem tudo valer a pena, como você.
Gaivota de Busan: Algo relacionado ao meu orgulho.
KitKat: Como sempre.
Gaivota de Busan: Hahahaha exatamente, como sempre.Gaivota de Busan: E você? Algum motivo específico?
KitKat: Bom... Minha família precisa do dinheiro. O prêmio é um valor muito bom, então nos ajudaria bastante.
KitKat: Queria provar para eles que conseguiria arranjar uma maneira de ajudá-los com essa minha “habilidade inútil”.
KitKat: Acho que também tem um pouco a ver com o meu orgulho... Não aguento mais gente rindo de mim, falando que é ridículo gastar tempo com essas coisas.
KitKat: E rindo de mim porque sou uma mulher e mulheres não são compatíveis com games.
Gaivota de Busan: Ah, fala sério.KitKat: Queria provar para eles que conseguiria arranjar uma maneira de ajudá-los com essa minha “habilidade inútil”.
KitKat: Acho que também tem um pouco a ver com o meu orgulho... Não aguento mais gente rindo de mim, falando que é ridículo gastar tempo com essas coisas.
KitKat: E rindo de mim porque sou uma mulher e mulheres não são compatíveis com games.
Gaivota de Busan: Já te falaram esse tipo de groselha?
KitKat: Ô se já falaram.
KitKat: O que eu já ouvi por ser mulher, ...
KitKat: Aceitei jogar com você durante tanto tempo porque você sempre me respeitou.
Gaivota de Busan: E sempre vou te respeitar.KitKat: O que eu já ouvi por ser mulher, ...
KitKat: Aceitei jogar com você durante tanto tempo porque você sempre me respeitou.
Gaivota de Busan: Jogar bem não tem nada a ver com essas coisas.
Gaivota de Busan: Você é mais incrível do que muita gente por aí.
KitKat: Obrigada! Você também é, !
Gaivota de Busan: Vamos ganhar a Semifinal amanhã, .
Gaivota de Busan: E você vai vir para minha cidade para provarmos a todo mundo e a nós mesmos, além de ajudar a sua família.
Gaivota de Busan: Fechado?
KitKat: Fechado, !
KitKat: Não vou te desapontar!
Gaivota de Busan: Você nunca vai me desapontar.KitKat: Não vou te desapontar!
Gaivota de Busan: Não se preocupe com isso.
KitKat: Idem, .
KitKat: Juntos, seremos sempre imbatíveis ;)
Gaivota de Busan: ... KitKat: Juntos, seremos sempre imbatíveis ;)
KitKat: Hum?
Gaivota de Busan: Esquece.Gaivota de Busan: Deixa para lá.
Gaivota de Busan: Descansa bastante para amanhã, tá, linda?
KitKat: Ok. Você também, gaivotinha.
E eles nunca comemoraram tanto quanto o momento que ganharam a partida de Semifinal. Na verdade, eles nem notaram em como chegaram ao estado em que estavam.
Jogaram durante horas, deram risadas, conversaram com por chamada de vídeo – já que ele ficou extremamente feliz de finalmente conhecer – aniquilaram os Doritos, beberam todo o vinho e, quando foram cair em si, adormeceram silenciosamente na cama do quarto de .
Somente quando ele acordou no início da noite que percebeu o que havia acontecido. estava aninhada perto dele, enquanto ele mesmo tinha uma das mãos na cabeça dela, afagando os cabelos da moça enquanto dormia.
imediatamente congelou no lugar. Será que se ele se mexesse, ela notaria? E se respirasse...?
Bom, ele estava fazendo aquilo desde que se jogaram na cama dele, exaustos, para um rápido cochilo. sorriu ao notar que, adormecida, se aproximara dele e se aconchegara contra seu corpo. não podia negar que os cabelos dela eram extremamente macios e gostosos de se afagar.
Repentinamente, porém, o celular de começou a tocar. Em pânico, ele atendeu à chamada o mais rápido possível para que ela não acordasse.
- Sr. , preciso conversar com você sobre a Final do Campeonato. Por favor, abra a porta do quarto. – Uma voz feminina falou de maneira séria assim que ele se identificou, por conta do número que registrara como pessoas responsáveis pelo Campeonato.
estranhou a ligação, porém não questionou. Com cuidado, aconchegou na cama e a deixou enquanto saía do quarto somente para encontrar uma das mulheres da Organização – especificamente, a assistente pessoal dos Campeões anteriores contra os quais jogariam no dia seguinte. Para não acordar , fechou a porta e, em seguida, sorriu para a mulher.
- Boa noite! Você veio passar alguma informação sobre amanhã?
- Amanhã de manhã vocês dois serão orientados sobre como procederá a Final. Hoje, eu vim trazer uma oferta dos outros competidores. – A mulher cumprimentou com um sorriso comedido, apesar de não ser rude. – Acho que já sabem que estão para competir com os Campeões Mundiais de Jump das quatro últimas edições do Campeonato. Esse é um título que os dois prezam muito e não estão dispostos a perder, portanto, pediram para que eu oferecesse o dobro do valor do prêmio a você e a . Você poderia levar essa proposta a ela, por favor?
Novamente, travou – como um bom Windows dando tela azul.
- Desculpa... O quê? – E ele não conseguia pensar. O que diabos estava acontecendo naquele momento?!
- Os Campeões oferecem o dobro do valor do prêmio desse ano para que você e percam a partida amanhã. – Ela sorriu novamente. – Eles mantêm o título, vocês levam o dinheiro e todos saem satisfeitos.
passou alguns momentos observando a mulher. Após muito pensar e processar, finalmente aquela oferta fez sentido.
- Então vocês estão nos pagando para perder? É assim que eles conseguiram manter o título durante todos esses anos? – Ele tentava não parecer tão indignado, mas seu cérebro custava a processar aquelas informações.
- Não é tão ruim quanto parece, negócios são negócios. – A mulher riu brevemente enquanto ele permanecia boquiaberto. – A maioria dos Competidores reage como você, mas acaba aceitando. Não precisa me dar uma resposta agora. Pode discutir com a e delinear uma estratégia com ela. Mesmo se não nos responder, partiremos do princípio que, se perderem, é porque aceitaram a nossa oferta. Qualquer dívida será quitada após a partida. Agora não ocuparei mais seu tempo.
murmurou um breve “boa noite” enquanto a mulher saía satisfeita pelo corredor do hotel. Ela tinha certeza que eles aceitariam enquanto continuava a encarar um ponto perdido da parede antes de retornar ao quarto.
Como eles poderiam fazer uma oferta tão ridícula?! Quem aceitaria aquele tipo de coisa?! Ele e tinham moral, tinham princípios aos quais se manteriam firmes!
Ao entrar novamente no quarto, ele viu a forma de abraçada a um travesseiro em sua cama, parecendo tão pequena e despreocupada. imediatamente se lembrou de um dos motivos para ela participar do Campeonato: o valor do prêmio a ajudaria em casa. precisava do dinheiro – e, se ganhassem o dobro do valor, ela não teria que dividir o prêmio com ele. Ganhando o dobro, era como se ganhasse o prêmio só para ela e só para ele.
Aquilo o deixou com o coração apertado. Sentando-se ao lado da moça, novamente começou a brincar distraidamente com os cabelos dela. O que será que priorizaria mais: o dinheiro ou o próprio orgulho? não sabia escolher.
Mas não queria deixá-la com aquele tipo de preocupação na mente, pois sabia que seria capaz de entrar em crise com uma discussão moral como aquela e não conseguir jogar no dia seguinte. A decisão seria dele, a preocupação seria dele. estava feliz e não queria estragar aquilo.
E, quando ele estava prestes a levantar da cama para acordá-la e levá-la até seu respectivo quarto, segurou a mão de .
O estádio estava lotado. e conseguiam ouvir as pessoas gritando enquanto ambos se encontravam no camarim, tentando se acalmar com toda aquela pressão. Ouvir os apresentadores, as músicas tocando, os espectadores gritando, todos os sons reverberando de uma maneira que podiam sentir no próprio peito... Era algo massacrante. Às vezes de maneira positiva, às vezes de maneira negativa.
- ! ! Vocês já vão entrar, sigam-me! – Um garoto da organização do evento, que usava um headset para se comunicar com os outros organizadores, veio buscá-los enquanto folheava diversos papéis.
Os dois somente trocaram olhares rápidos e seguiram sem discutir. Acima das próprias cabeças, conseguiam ouvir os gritos estonteantes dos espectadores, a maneira como pulavam nas arquibancadas. Tudo balançava, inclusive a cabeça deles. e estavam desnorteados, sentindo o coração batendo em disparada enquanto faziam a caminhada mais longa de suas vidas.
Quando chegaram ao backstage do palco e estavam prestes a entrar, finalmente viram a quantidade de pessoas e a maneira como o calor das luzes iluminava o palco. As mãos de começaram a tremer e, enquanto olhava para baixo para se acalmar, notou aquilo.
Repentinamente, ela segurou a mão de que estava próxima da dela, fazendo-o olhar para .
- Vamos entrar de mãos dadas. – Ela disse de maneira decidida.
E descobriu uma das coisas que mais seria apaixonado por até o fim de sua vida. A maneira como ela era decidida, como não tinha dúvidas e dava forças a ele, refletia com um fogo próprio no olhar dela. tinha certeza que ela podia parar exércitos com aquele olhar. E ficou completamente apaixonado.
- Vamos. Como deveríamos ter feito desde o início. – Ele respondeu sorrindo, aquele tipo de sorriso que adorava tanto em suas chamadas de vídeo. Era mais apaixonante ainda ao vivo, principalmente com a iluminação colorida do palco.
- Conhecidos como “Casal do Jump”... e ! – Um dos apresentadores anunciou e eles ouviram gritos estrondosos enchendo o estádio, enquanto o garoto da organização do evento os empurrou para que entrassem no palco.
Segurando a mão de com mais força, sorriu e ela fez o mesmo enquanto entravam juntos no palco. Foram cegados por alguns segundos pelas luzes, porém logo se acostumaram com aquela loucura e conseguiram enxergar o tanto de pessoas que gritava por eles no estádio. Cumprimentaram os apresentadores com acenos de cabeça e, ao pararem de frente para os espectadores, não precisaram nem se olhar para pensar o que fariam: levantaram as mãos que estavam dadas e, ao ouvirem os gritos e a música que tocava para anunciá-los, sentiram-se invencíveis.
- Muito bem, muito bem! Que honra conhecer jogadores incríveis como vocês! – Um dos apresentadores se aproximou, cumprimentando-os rápida e animadamente. – Agora vamos lá, para a pergunta que todos querem saber a resposta: vocês estão juntos?!
- Ah, bom... – respondeu rindo, as bochechas corando em rosa. – O que acha de respondermos isso após a partida?
- Ah, eles querem fazer suspense! Tudo bem, nós podemos aguentar, porque aí vêm os Campeões de Jump por quatro anos seguidos...!
- ... – a chamou discretamente, tirando a atenção dela dos outros competidores. – Você quer ganhar hoje?
- O quê? – E ela franziu as sobrancelhas. – É claro que quero. Por que você está perguntando isso, ?
- Nada. Esquece. – Ele sorriu para ela em seguida. – Se é isso que você quer, então nós vamos ganhar.
somente sorriu de volta, aplaudindo enquanto os outros competidores entravam no palco. Conversaram um pouco, como os apresentadores sempre faziam, e, quando deu o horário, cumprimentaram os outros jogadores e sentaram-se em seus computadores.
se sentiu estranho em todo esse processo. Queria gritar a todos que aqueles Campeões eram uma fraude, mas não podia trazer a verdade à tona daquela maneira. Ele e eram duas pessoas sem importância nenhuma naquele mundo, duas estrelas cadentes repentinas que surgiram para desafiá-los. Quem acreditaria na palavra dele naquela maneira?
Então somente sorriu e foi para seu computador. Preparou-se junto com , colocando seu headset e tentando focar na tela do jogo enquanto a partida era preparada. Percebeu que a mão dela que estava próxima ao mouse tremia e, de maneira discreta, segurou a mão da moça.
- . Essa é só mais uma partida, tá? Não precisa ficar nervosa. Vamos fazer o que fazemos sempre e nos esforçar para ganhar, ok? – tirou os olhos da tela do jogo, ignorando a preparação inicial para focar nela.
- Você também não precisa ficar nervoso, . Sei que seus nervos estão na estratosfera. – E ela piscou para ele. – Não vamos nos esforçar para ganhar. Vamos ganhar.
- Com certeza, KitKat! – E sorriu para ela. sempre sabia como motivá-lo. – Já se preparou?
- Se você parar com a conversinha motivacional antes da partida, eu vou me preparar! – Ela respondeu, correndo para se arrumar, enquanto os espectadores riam com aquela conversa. Todos achavam ambos positivamente adoráveis. – Fica aí me atrasando e depois reclamando que eu estou demorando, menino dos 15 minutos pra pegar Doritos!
- Você vai me perturbar com isso pelo resto da vida, não?! – ria animadamente, enquanto a plateia fazia o mesmo.
Era a primeira vez que uma Final do Campeonato Mundial era tão animada. Era impossível negar que ambos eram extremamente carismáticos e adorados pelos espectadores. Havia uma boa quantidade de pessoas que queria que ganhassem e finalmente tivesse uma mudança nos Campeões após quatro anos na mesma.
queria ganhar, então era aquilo que faria: ganharia. Não importava o valor da oferta, não importava o dinheiro. Eles estavam focados em ganhar.
E logo os Campeões notaram aquilo. e eram uma dupla difícil de combater: não tinham papéis pré-definidos, alteravam a estratégia e a maneira de ataque de acordo com os adversários e tinham estudado muito bem todas as partidas dos atuais Campeões para entender os pontos fortes e pontos fracos. Jogavam com foco e determinação, sem se deixar levar pela torcida e pelos comentários. Sabiam o que precisavam fazer e quando precisavam fazer, tendo mais de cinquenta porcento do jogo concluído e favorável para ambos à metade da partida – e aquilo assustava os Campeões.
Quando chegaram um ponto tenso, entretanto, o estádio começou a ficar cada vez mais silencioso com a tensão que pairava no ar. Os comentaristas assistiam a tudo com interesse, com medo de algo sair errado se falassem alto demais. Os Campeões estavam em suas últimas vidas, assim como e . Se qualquer um deles morresse, saía da partida – sendo que, para terminar, era preciso que a dupla morresse e os que sobrassem concluíssem as missões do mapa.
O ponto era que e haviam acabado de completar a última missão que tinham – então, a única coisa que precisavam fazer era eliminar ambos os Campeões. Terminando aquilo, ganhariam a partida – e aquilo fazia surgir um sentimento de inquietação na base do estômago dos dois.
Enquanto jogava, porém, sentiu alguém batendo no ombro dele.
Era a mulher que o visitara na noite anterior.
Ela levantou brevemente o fone de , sussurrando para que ninguém mais ouvisse.
- Os Campeões reconhecem os esforços de vocês. Ofereceram o quádruplo do valor do prêmio para perderem a partida. Por favor, considerem essa oferta. – Ela comentou brevemente e sumiu tão rápido quanto surgiu.
O coração de afundou no peito. Ele se distraiu e tomou mais dano do que deveria, com protegendo-o para que pudessem fugir. Escondendo-se, ele começou a se curar enquanto ela dava cobertura.
- Tudo bem aí, ? O que houve?! – Ela estava preocupada, não podendo pausar o jogo para cuidar dele.
- Tudo sim... Foi só um problema no meu fone, não se preocupe... – suspirou, esperando terminar de se curar.
O que ele faria? Aquela quantia de dinheiro era exorbitante. precisava daquilo, mais do que a vitória, mais do que o orgulho. Ele poderia negar algo assim a ela? Poderia dizer não? Tinha plena consciência que podiam vencer a partida, mas aquela era uma oferta muito absurda para ser negada.
- Vamos, ! Falta pouco! Lembra que você me disse uma vez que precisamos provar a todos o motivo de estarmos aqui?! – ecoou repentinamente nos ouvidos dele. – Esse é o momento! Chegamos muito longe para morrer na praia!
concordou com a cabeça, seguindo pelo mapa do jogo. Começaram a se embater com os inimigos, mas nada dos Campeões aparecerem. Apesar de tudo, as vidas deles não estavam tão altas, assim como as dos Campeões. Não podiam ficar muito tempo parados em um só lugar e tinham plena consciência daquilo.
Foi nesse momento que os Campeões apareceram. e lutaram juntos, quase eliminando um deles. Porém, o outro surgiu por trás, pronto para aniquilar ambos em uma jogada notadamente não muito aceita por outros jogadores, o que gerou vaias da plateia. Mas os Campeões não se importaram e só tinham uma coisa em mente: ganhar.
Esse era o momento. podia deixar que os matassem e perder o jogo, assim como queriam – e esperavam que acontecesse. Porém, olhou rapidamente para , como os olhos dela estavam marejados de lágrimas por chegar tão longe e perder daquela maneira. Lembrou-se de tudo que viveram, tudo que acontecera até chegarem lá. Todas as risadas, lágrimas, gritos de sofrimento e de alegria.
E o sentimento de invencibilidade quando surgiram naquele palco de mãos dadas.
Ninguém tinha o direito de acabar com a vitória deles daquela maneira – de comprar a moral deles.
Então, fez o que todos sabiam que era a única saída: colocou-se na frente de e absorveu todo o dano. O personagem dele morreu e estava fora do jogo.
- VOCÊS VIRAM ISSO?! – Um dos apresentadores perguntou enquanto a plateia toda gritava. – EM UM ATO HERÓICO, A GAIVOTA DE BUSAN SALVOU SUA DUPLA KITKAT!
- ! Por quê...?!
- Você tem mais vida que eu, ! Você é forte o suficiente e boa o suficiente para ganhar essa partida sozinha! Acaba com eles! – tirou o headset, focando na tela dela. As mãos de tremiam, já que a vitória dependia somente dela.
Mesmo assim, ela matou o Campeão com a vida mais baixa com facilidade. O outro fugiu, sabendo que não podia enfrentar naquele momento. Apesar de não ser o mais recomendado a se fazer, ela deixou que ele corresse e se virou para .
- Por que você fez isso...?! – não conseguia entender e queria uma explicação, por mais rápida que fosse.
E, nesse momento, repousou as duas mãos nas faces de e a puxou para um beijo.
O estádio parecia que ia se derrubar com os gritos que surgiram dos espectadores.
- MEU DEUS! ESSA É A MELHOR FINAL DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS! – E os apresentadores também não sabiam como lidar.
Ambos sentiram como se fogos de artifício estivessem explodindo dentro de si. Não conseguiam ouvir os gritos, comentários ou qualquer coisa que fosse: sentiam somente o outro, aproveitando – por mais rápido que fosse – aquele beijo inesperado. não sabia o que tinha baixado nele, mas sabia que o fogo que queimava dentro de si era igual ao fogo queimando dentro dela.
Separando-se dos lábios de , olhou nos olhos dela, espelhando a mesma energia que vira antes.
- Porque eu te amo, .
A cabeça de girou. Ela nem sabia o que fazer, nem como. Repentinamente, foi como se tivesse saído de uma piscina e ouvisse novamente o mundo – percebendo como todos gritavam, a balbúrdia que havia em volta deles.
E sorriu.
- Eu também te amo, . – Com isso, a moça se virou novamente para o computador, respirando fundo e procurando o outro Campeão no mapa. – E vou ganhar essa final. Por nós.
A plateia enlouqueceu. Os apresentadores não acreditavam mais – a partida poderia terminar ali que já seria boa o suficiente. Os Campeões estavam revoltados, gritando um com o outro e com a assistente que fizera a oferta a . Tinham oferecido o quádruplo e aqueles dois não estavam desistindo, o quanto queriam para sair daquela partida?! Não era possível que depois de quatro anos invictos seriam derrubados por um casal metido a besta.
Mas era exatamente aquilo que ia acontecer. respirou fundo e se sentou ao lado dela, ajudando-a a ver o que ela não conseguia enxergar. Apontava inimigos iminentes, ajudava com estratégias e logo ela alcançou o Campeão que sobrara.
- Vai lá, ! Traz essa vitória para gente! – torceu ao lado dela, apoiando a mão no encosto da cadeira da moça.
Ela não enxergava mais nada além da tela do computador. Focando todo o resto de atenção que lhe sobrara, deu os últimos golpes no Campeão e, em questão de segundos, ele estava fora da partida. As letras douradas de VITÓRIA apareceram nos computadores de e enquanto os antigos Campeões viam as letras vermelhas de DERROTA.
- GANHAMOS! , NÓS GANHAMOS!
- EU SABIA! SABIA, !
Ambos se levantaram em um pulo e se abraçaram. não conseguia acreditar naquilo, estava com as pernas formigando, mas não queria soltar . Ela escondia o rosto na curva do pescoço dele, as lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto.
- Ei! – disse de repente. – Você está chorando...?
- Mas é claro! – Pela primeira vez, ela ouviu a voz chorosa de . Ele a colocou no chão, de costas para os espectadores, deixando com que somente visse as lágrimas escorrendo pelo rosto dele. – Mas é segredo entre nós dois, tá?
- Pode deixar, . Você está a salvo comigo. – sussurrou, piscando para ele.
E novamente se beijaram – dessa vez com calma, satisfação, alegria e o sentimento de que haviam conquistado aquilo juntos.
- O que vamos ter pro jantar, ? – surgiu repentinamente atrás da moça, tentando observar por cima dos ombros dela o que preparava.
- Yakissoba, já está quase pronto! – comentou enquanto piscava para o amigo.
- Ah, você é sensacional! – E a abraçou, dando um beijo estalado na bochecha de para depois ir até a sala arrumar as coisas para a assistirem filmes enquanto comiam junto com .
Após a vitória naquele fatídico dia da Final, e chamaram para comemorar com eles no restaurante favorito de . abraçou como se ela fosse uma amiga que ele não via há muito tempo e logo já estava conversando com os dois sobre o jogo – principalmente sobre o beijo.
Conversa foi, conversa veio, acabou sendo intimada a passar o resto das férias no apartamento com e .
O que resultou nela fazendo o yakissoba que comeriam enquanto assistiriam Resident Evil – que nunca tinha assistido. Ao terminar a comida, levou a panela até a sala sem cerimônias, convivendo com os dois como se já fizessem aquilo há diversos anos.
- Temos comida! – Ela anunciou, encontrando se virando para ela com aquele sorriso que nunca cansaria de ver em frente a ela.
- Ah, aleluia! Pela primeira vez temos uma comida que presta nessa casa! – Ele comemorou, indo até ela e beijando-a rapidamente enquanto pegava a panela quente das mãos de .
- Eu vivia falando que ele tinha que se declarar para você! – passou um dos braços pelos ombros dela, levando-a até o sofá. – Quando vi vocês dois se beijando no jogo e aquele “porque eu te amo, ”, nossa. Sério! Eu caí no chão e comecei a chorar. Fiquei gritando “ALELUIA! ALELUIA ELE SE DECLAROU”, para você ver a que ponto eu cheguei.
- Sim, sim. E tudo isso foi para você ter comida decente na casa de vocês. – piscou para e ambos começaram a rir enquanto se sentavam no sofá.
- Como você mesma disse, prioridades. – servira yakissoba em vasilhas para cada um deles, deixando uma com cada um, inclusive os talheres. – Estávamos em estado de calamidade só com miojo.
- Não evoluímos muito, porque yakissoba é tipo miojo com legumes. – riu enquanto os dois somente rolavam os olhos.
- Minha querida, vai por mim, é melhor que miojo. – riu brevemente enquanto se sentava do outro lado de e colocava o filme para rodar.
O resto da noite foi entre risadas, assistindo surtar com as cenas que tinham a intenção de assustá-los enquanto aproveitavam o jantar e, posteriormente, a sobremesa feita por – pão de mel, algo simples, mas eficiente.
Apesar das reclamações de , quando a noite estava quase chegando ao fim, cada um foi para seu quarto – se aconchegando na cama ao lado de .
- , você percebeu por um mero acaso...? – perguntou despreocupadamente enquanto se aninhava nos braços dele.
- Percebi o quê? – Ele franziu as sobrancelhas, apesar de sorrir enquanto a abraçava.
- Nós realizamos nossos sonhos. – Ela sorriu de volta para ele. – Além de ganhar a Final, olha eu aqui na nossa festa do pijama que imaginamos há tanto tempos.
- É verdade... Nós conseguimos. – contemplou aquela frase, observando um ponto perdido no teto.
Mesmo assim, ela teria que voltar. Aquele sonho, eventualmente, teria fim. E, como ele dissera anteriormente, desejava que aquilo não acabasse nunca mais.
- ?
- Hum...? – Ela resmungou de maneira sonolenta, enquanto afagava os cabelos dela. Aquilo o fez dar uma pequena e silenciosa risada.
- Não sei como continuaremos as coisas, mas queria que você não fosse embora. – Ele comentou ainda de maneira pensativa. – Se você quiser, talvez pudéssemos encontrar alguma coisa para você trabalhar por aqui... Acho que vamos receber algumas ofertas das empresas de jogos e afins, podemos pensar em alguma coisa...
- . – chamou enquanto se virava de bruços e se apoiava nos braços, para que pudesse observar o rosto dele. – Você está me convidando para vir morar aqui com você?
- Ah, então... Quer dizer, sim... Quer dizer, se você quiser... Assim, poderíamos, não sei... – Ele começou a tropeçar nas próprias palavras, corando terrivelmente e sem conseguir olhar nos olhos de . Ela segurou o rosto dele com ambas as mãos, fazendo-o olhar para ela. – Sim. Estou sim. Por mais louco que seja e por mais planejamento que precisemos fazer, acho que podemos pensar nisso a longo prazo. Se você quiser.
Imediatamente, começou a sorrir – e aquilo fez com que sorrisse também.
- Eu quero. Podemos pensar em algo a longo prazo. – sentia um calor no peito que só podia ser definido como amor. – E pode deixar que não vou contar a ninguém que você corou dessa maneira só para me chamar pra morar com você.
- Obrigado, . – Com isso, a beijou a fim de desejar uma boa noite, distanciando-se somente o suficiente para que pudesse novamente mover os lábios enquanto sussurrava. – Nosso segredo?
- Nosso segredo, . – Ela sussurrou de volta, sorrindo para ele. – Você está a salvo comigo, minha gaivota favorita.
Ainda bem que foram abandonados por suas duplas no dia da inscrição.
- E você comigo, KitKat.
Fim.
Nota da autora: Olha mais uma fic que eu peguei de supetão!
Espero que vocês tenham gostado dessa fic rápida sobre jogos de vídeo game, competições e valores morais! Para quem joga BTS World: sim, eu tirei o nickname dele de lá. Gaivota de Busan é muito épico para não ser aproveitado.
Além disso, mulheres: nunca desistam de fazer o que querem, por mais que digam que “não é coisa de mulher”. Fica aí a nossa personagem principal que carregou o jogo nas costas e levou a vitória para eles! We can do it!
Também me inspirei um pouco em ter conhecido minhas amigas aqui do site após tantos anos conversando por uma tela de celular. É um momento que não há igual.
Enfim, não esqueçam de dizer o que me acharam e muitos beijos virtuais a todos vocês!
PS: Ah, e segue meu grupo no Facebook pra que vocês fiquem de olho nos meus próximos projetos – tenho mais alguns ficstapes para entregar e sempre atualizo por lá! Tem espaço pra todo mundo, sempre procuro conversar bastante com o pessoal que faz parte e realmente vou ficar feliz de vê-los por lá!
Disclaimer: Essa história é protegida pela Lei de Direitos Autorais e o Marco Civil da Internet. Postar em outro lugar sem a minha permissão é crime.
Não gosto de falar essas coisas, mas como já tive problemas antes, acho bom deixar avisado. Nem tudo que está na internet é do mundo, minha gente. Quer postar em outro site? Fala comigo! Eu não mordo! Hahaha a gente vê de me dar o crédito e linkar para o original aqui no FFObs! Só me mandar um e-mail ou pedir aí nos comentários!
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Espero que vocês tenham gostado dessa fic rápida sobre jogos de vídeo game, competições e valores morais! Para quem joga BTS World: sim, eu tirei o nickname dele de lá. Gaivota de Busan é muito épico para não ser aproveitado.
Além disso, mulheres: nunca desistam de fazer o que querem, por mais que digam que “não é coisa de mulher”. Fica aí a nossa personagem principal que carregou o jogo nas costas e levou a vitória para eles! We can do it!
Também me inspirei um pouco em ter conhecido minhas amigas aqui do site após tantos anos conversando por uma tela de celular. É um momento que não há igual.
Enfim, não esqueçam de dizer o que me acharam e muitos beijos virtuais a todos vocês!
PS: Ah, e segue meu grupo no Facebook pra que vocês fiquem de olho nos meus próximos projetos – tenho mais alguns ficstapes para entregar e sempre atualizo por lá! Tem espaço pra todo mundo, sempre procuro conversar bastante com o pessoal que faz parte e realmente vou ficar feliz de vê-los por lá!
Disclaimer: Essa história é protegida pela Lei de Direitos Autorais e o Marco Civil da Internet. Postar em outro lugar sem a minha permissão é crime.
Não gosto de falar essas coisas, mas como já tive problemas antes, acho bom deixar avisado. Nem tudo que está na internet é do mundo, minha gente. Quer postar em outro site? Fala comigo! Eu não mordo! Hahaha a gente vê de me dar o crédito e linkar para o original aqui no FFObs! Só me mandar um e-mail ou pedir aí nos comentários!