Finalizada em: 04/11/2017

Capítulo Único


- Eu ainda não acredito que você já vai embora amanhã, . – fez um bico, me abraçando de lado. – Eu já to com saudade.
- Eu também não acredito. – sorri, apoiando o queixo na mão. – Mas vocês não vão ter nem tempo de sentir minha falta.
- Por que você não fez que nem uma pessoa normal e se conformou em ir para universidade aqui no Canadá mesmo, hein? – me olhou.
- Porque a Julliard não é no Canadá. – respondi. – E você faz ideia do quanto eu tive que ralar para conseguir essa vaga? É Julliard!
- Ah, mas aqui nós temos ótimas universidades com programas de dança. – falou.
- Mas não tem o que a Julliard oferece. – retruquei.
- Mas tem a gente. – arqueou as sobrancelhas para mim, abrindo um sorrisinho de lado.
Tombei a cabeça para o lado, o reprovando com o olhar.
- Eu sei e eu vou morrer de saudades e provavelmente vou chorar um mar de lágrimas quando chegar lá. – falei, totalmente sincera. – Mas eu preciso ir.
- A gente sabe, só não queremos te deixar ir – falou. – Somos nós cinco desde os quatro anos de idade, ! Você tem que nos deixar chorar um pouquinho por você ir embora.
- Mas não podem chorar quando eu for embora? Eu não quero correr o risco de ficar com vontade de desistir com vocês falando essas coisas. – praticamente implorei, juntando as mãos. – Vamos só me ajudar a terminar de fazer essas malas para podermos sair para comer.
- Você vai levar essa caixa de fotos? – perguntou, pegando umas das fotografias de Polaroid lá dentro.
- Claro que vou! Preciso de vocês bem pertinho, mesmo que só no papel. – sorri, indo para o lado dela ver as fotos. – Ah, eu adoro essa!
Apontei para a fotografia onde estávamos eu, ela e numa girl’s night no chalé dos avós de . Na foto estávamos com sorrisos enormes, de pijama e olhinhos bem pequenos. Havíamos feito brownies de maconha e estávamos super chapadas.
- Meu Deus! – gritou, rindo ao ver a foto. – Esse dia foi maravilhoso, apesar da maior vergonha da minha vida ter sido lá também.
- Pelo menos foi só para nós duas que você passou vergonha, El. – riu, com certeza lembrando.
- Eu ainda sou inconformado que vocês não nos disseram o que rolou lá. – resmungou, vindo sentar no chão perto da cama.
- Ei, o que acontece no chalé, fica no chalé. – falei, apontando um dedo em riste para reforçar. – Vamos levar esse segredo para o túmulo.
- Tá assistindo muito Pretty Little Liars, fez careta e tirou a caixa de fotos do colo de . – Ei, quem lembra desse Halloween? MELHOR HALLOWEEN EVER!
Ele mostrou a foto onde nós cinco estávamos fantasiados de personagens da Disney. estava de Pocahontas, de Ariel, eu de Bela – com Sirius, o husky de , como Fera –, e e haviam ido de Shrek e Fiona.
- Melhor halloween mesmo! – riu, pegando a foto. – O melhor foi ver a cara do diretor quando viu o de Fiona, ainda segurando minha mão.
Ri alto também, lembrando a cara dele. Nossa escola era muito conservadora e o diretor especialmente, então ele havia arrumado várias desculpas para ficar no pé de e a noite inteira. Definitivamente o mais divertido foi ver os meninos quase provocarem um ataque cardíaco nele ao dançarem música lenta juntos e bem coladinhos. Ele nem percebeu que haviam batizado o ponche.
- Awwwn, olhem essa! – pegou uma foto e mostrou para gente. – O melhor casal que a gente respeitava.
Senti um apertinho nostálgico no meu peito ao ver a foto que ela estava mostrando. e eu estávamos cheios de buttercream na cara, pois estávamos tentando enfeitar os cookies de natal na casa de , mas acabamos brincando e resultou nisso. Na foto ele estava me abraçando bem apertado enquanto eu beijava sua bochecha. Essa foto havia sido tirada acho que uns três meses antes de terminarmos e no dia que fizemos um ano de namoro. Foi inevitável não olhar para e parece que ele teve o mesmo instinto, pois também estava olhando para mim.
- Eram tão fofos. – suspirou, encostando a cabeça no meu ombro. – Eu nem lembro porque vocês terminaram. Todo mundo achava que iam casar.
Mas eu lembrava perfeitamente o motivo e lembrava de como eu tinha sido a culpada. Eu havia ficado sobrecarregada em conciliar a escola, a vida social, os problemas com meus pais e ainda o balé e as competições. Eu havia ficado insuportável de tão estressada e mesmo que tenha aguentado tudo e me entendido perfeitamente, eu sabia que eu estava sendo uma péssima namorada e amiga, por isso achei que o melhor fosse terminar e conseguir ser pelo menos uma boa amiga. Nenhum de nós dois queria isso, mas era o mais sensato e foi o que fizemos.
Agora, quase dez meses depois, nossa amizade estava ótima e apesar de eu ainda ter sentimentos fortes por ele, nunca mais tocamos no assunto e eu estava bem assim, especialmente agora que teria que ir para New York.
- Vamos terminar de fazer essas malas, gente! Meu pai quer colocar elas no carro logo hoje. – falei, pegando a caixa e a foto, fechando a mesma e a jogando em uma das malas abertas na minha cama.
Notei que as meninas me olharam desconfiadas, mas me preocupei em dobrar as roupas que ainda estavam na cama. Depois disso, todo mundo começou a se mexer para me ajudar e logo terminamos as duas malas. Já arrumei também minha bolsa com o passaporte, dinheiro, identidade e todas essas coisas, deixando tudo pronto.
- Já posso levar para o carro? – meu pai perguntou assim que avisei que tínhamos terminado.
- Pode sim. – afirmei, olhando ao redor só para me certificar.
- Vocês me ajudam, meninos? – ele perguntou para e .
- Claro! – assentiu, já empurrando para fora também.
- Agora é tão definitivo. – fez uma careta de choro, abrindo os braços para me abraçar.
- Gente, só são 790km de carro e 550km de avião. – sorri, a abraçando forte. – Eu vou visitar sempre.
- Mas quem vai ser a mediadora nas nossas brigas, hein? – se juntou ao abraço também.
- Eu é que não era – ri, beijando a bochecha das duas. – Eu só assistia mesmo.
- E quem vai ser o amor do se você não vai mais estar por perto? – arqueou as sobrancelhas, me olhando de um jeito que dizia que ela tinha percebido minha reação com a foto.
- Eu não sou mais o amor dele, Ambs. Nós terminamos há 10 meses. – encolhi os ombros. – Tenho certeza que ele já superou. Ele não tava saindo com a Kaya?
- Dar uns beijos em outra pessoa não significa que você superou alguém. Você devia saber muito bem sobre isso. – retrucou.
- Eu não fazia bem para o , nós terminamos e seguimos em frente. Ele definitivamente vai encontrar um novo amor, gente. – bufei, me soltando das duas.
A última coisa que eu ou precisávamos era de um revival dos nossos sentimentos. Eu tinha que focar na Julliard e no meu futuro em New York e ele no dele.
- Se você tá dizendo... – deu de ombros, nenhum pouco convencida.
- Você tá levando chumbo naquelas malas, ? – voltou reclamando.
- Você sabe que se for maconha, os policiais vão saber, né? – estreitou os olhos.
- Eu armei todo um plano para eles não detectarem, James Dean – pisquei para ele, falando o apelido quase que de forma mecânica.
- James Dean? – repetiu, soltando um risinho. – Faz tempo que te escutei me chamando assim.
Sorri de volta e automaticamente lembrei do dia e da origem do apelido.

- Eu to muito gostoso com essa jaqueta e o topete, não é? – perguntou, me olhando de lado.
- Até parece o John Travolta em Grease – ri, arrumando a fita do meu cabelo.
- Quer refazer a encenação de “the one that I want” comigo? – sugeriu. – O DJ é o Mark, se eu pedir, ele com certeza toca.
- Adoraria! A Sandy tá maravilhosa naquela cena – concordei, retorcendo os lábios com diversão como se imaginasse a cena.
Estávamos indo jantar antes do baile da escola com o tema Tempos da Brilhantina, portanto estávamos vestindo roupas que faziam as pessoas nos olhar engraçado, mas tinha resolvido parar no parque para tirar fotos do pôr do sol, que segundo ele, estava divino com o cenário do lago.
- Maravilhosa... – disse, sorrindo e apontando a câmera para mim. – Acaba de ficar essa foto que eu tirei de você.
- Você não me deixa nem me arrumar, ! – reclamei, me aproximando para pegar a câmera e apagar a foto.
- Não, não – ele riu, afastando a mão com a câmera e me olhando com advertência, mas seu olhar ficou tão sexy que quase o beijei. – Você não pode mexer na Matilde. Derrubou ela da última vez, e eu adoro fotos espontâneas. A essa altura você já devia saber.
- Cassete, – falei, um tantinho boquiaberta. – Você acabou de me dar um olhar igualzinho ao do James Dean.
Ele gargalhou, mas assim que parou de rir, fez o mesmo olhar e umedeceu os lábios.
- Sério? – colocou a alça da câmera ao redor do pescoço e abriu um sorrisinho de lado de um jeito safado que só fez seu olhar ficar ainda mais matador.
- Para de fazer isso, ! – reclamei, estranhando que eu estivesse realmente ficando animadinha só com isso. – Você não pode, não é o James Dean.
- Cada uma tem o James Dean que merece, baby – riu, me segurando pela cintura e me puxando para mais perto.
Encarei seus olhos escuros que combinavam tanto com o cabelo castanho escuro e com a maldita barba que só o deixava ainda mais bonito, depois só sorri e joguei os braços ao redor do pescoço dele, raspando meus lábios pelos seus.
- Até que o meu não é assim tão ruim – sorri, mordiscando seu lábio. – As meninas vão ficar com inveja ao saber que eu tenho um James Dean.
- Então me esconde delas – murmurou.
- Irei – concordei. – Eu sou a única que vou saber de você, não se preocupa, James Dean.
- Ótimo – disse.
E em seguida ele me beijou.


Quando saí do transe que a lembrança tinha me feito entrar, notei que e eu ainda estávamos nos olhando, e , e nos olhavam curiosos também.
- Vamos sair para comer? – perguntei para eles.
- Sim, vamos... – falou, semicerrando os olhos para mim.
Arqueei as sobrancelhas para ele, o desafiando a falar, mas ele ficou quieto e finalmente saímos.

- Ai, eu não acredito que isso é um adeus mesmo – choramingou, me abraçando ainda mais forte.
Havíamos saído da pizzaria há quase uma hora, mas estávamos passando para deixar todo mundo em casa. Já havíamos deixado e e cada um deles tinha sido uma despedida dolorosa e cheia de choro.
- Não é adeus, . – revirei os olhos. – Eu não vou passar o resto da minha vida lá!
- Me deixa fazer drama, tá? – ela reclamou, sorrindo. – Aff, não vou enrolar não. Não gosto de despedidas e enrolar só piora. Vai lá, vai.
- Até mais, Cooper. – frisei o “até logo” e a abracei apertado uma última vez.
- Quero FaceTime assim que você chegar em NY, tá? – falou, beijando minha bochecha.
- Você vai ser a primeira pra quem eu vou ligar. – garanti.
Ela acenou e me deu as costas, correndo para casa. Suspirei e voltei para o carro onde estava me esperando. Como ele morava na casa ao lado da minha, ficamos só nós dois agora e eu estava me sentindo ansiosa por algum motivo.
- Essa foi rápida. – ele sorriu, ligando o carro.
- disse que não gosta de despedidas e quiser ser breve.
- Quem gosta de despedidas? – arqueou as sobrancelhas, me olhando de lado.
- Ah, eu gosto de algumas. – confessei. – Me despedir de coisas que não me fazem mais bem, gostei de me despedir da escola e daquele balanço assassino que meu pai tinha armado.
- Mas se despedir das pessoas que a gente ama não é divertido. – deu de ombros, mas riu em seguida. – Seu pai finalmente se livrou do balanço?
- Essa despedida não é legal não, mas eu estava dizendo que tem umas que não são tão ruins – retorci os lábios, me arrumando no banco para poder olhar melhor para ele. – Se livrou ontem. Acho que ele finalmente se tocou que um balanço quebrado no quintal só tava juntando entulho. Mas ele ficou muito triste e acho que ainda tem ressentimento de nós dois por termos quebrado.
- Mas foi ele que esqueceu de colocar o parafuso no lugar certo! – me olhou indignado, mas com um ar risonho. – Nós que saímos com arranhões.
- Eu sei! Meu pai é louco, você já devia estar acostumado. – ri, balançando a cabeça. – E eu ainda lembro da minha bunda roxa por uma semana.

- É seguro sentar mais de uma pessoa aqui? – perguntou, um pouco inseguro quando sentou no balanço e ele rangeu.
Meu pai havia acabado de comprar um balanço de madeira para jardim e havia insistido em montar sozinho mesmo que minha tivesse reprovado totalmente isso, mas mesmo assim ele fez, só que o balanço parecia longe de seguro já que rangia sempre que alguém encostava nele.
- Não parece muito, mas vamos tentar a sorte. – ri, sentando ao lado dele e puxando minhas pernas para cima também. – Você devia fazer uma massagem nos meus pés, . O ensaio de ontem acabou comigo.
- Você sempre reclama das minhas massagens, . – argumentou, beliscando minha cintura.
- É só fazer direito que eu não vou reclamar, . – sorri, beijando a bochecha dele.
- Não! – sorriu condescendente e me deu um selinho.
- Vai, ! – fiz manha e escorei as costas no braço do banco, colocando as pernas em cima dele.
- Não mesmo. – negou, fazendo uma expressão determinada.
- Eu faço uma torta de limão pra você. – sugeri.
- Eu odeio torta de limão, você que gosta! – riu, arqueando as sobrancelhas.
- Por favor! – fiz um biquinho e passei o pé na cara dele.
- Eca, . Seu pé tá fedendo, você acabou de tirar o sapato – ele fez uma careta, segurando meu pé longe de seu rosto.
- Eu não tenho chulé! – reclamei, levantando o outro pé pra passar na cara dele também.
semicerrou os olhos e juntou minhas pernas, as segurando com um braço enquanto que com a mão livre, começou a fazer cócegas nos meus pés.
- ! – gritei, me contorcendo para me afastar de suas mãos. – Para com isso!
Mas ele continuava com um sorriso endiabrado no rosto enquanto fazia cócegas e eu me contorcia de tanto rir e esperneava também.
- Para de se mexer, o balanço tá rangendo. – ele riu, mordendo meu tornozelo.
- Aiiii! , para com isso. – choraminguei de tanto rir. – O balanço vai cair.
- Você que começou esfregando esse pé fedorento na minha cara – continuou rindo. – Agora aguenta.
- O que não vai aguentar é o balanço! – gritei, dando um pulinho quando ele cutucou uma parte mais sensível do meu pé.
E eu estava me mexendo tanto e pulando tanto com as cócegas de , que só notamos o balanço despencando quando já estávamos no chão e no meio do monte de madeira.
- Eu avisei! – gritei.


- O balanço ainda durou muito. – falei, sorrindo com a lembrança.
- Durou mesmo. – concordou, desligando o motor do carro quando chegamos na frente da minha casa. – Está entregue.
- É aqui que a gente se despede? – suspirei, olhando para ele.
- Eu já tive minha despedida com você, . – ele sorriu nostálgico. – Não sei lidar com mais uma.
Apertei os lábios e concordei com um aceno de cabeça, mas ficamos nos encarando sem falar e fazer nada por um tempão e nesse meio tempo eu notei o quanto iria sentir falta dele e o pensamento de deixá-lo aqui e finalmente poder seguir em frente longe dele... Não era um pensamento que eu gostasse. Deixá-lo aqui não era algo que eu gostasse de estar fazendo. Balancei a cabeça, afastando esse pensamentos e clareei a garganta, acordando do transe.
- Então a gente se vê no natal, . – sorri para ele e saí do carro, sentindo meu peito apertado.
Respirei fundo quando bati a porta do carro atrás de mim e encarei o caminho até a porta da minha casa, mas não consegui andar. Minha mente queria ir naquela direção, mas meu corpo me mandava virar para trás e falar com . Eu não podia falar com ele! Eu precisava focar em New York. Nós dois havíamos acabado há dez meses, ele seguiu em frente e eu também. Por que meus sentimentos não entendiam isso? Mas minha mente entendia e por isso usei toda a força dela para conseguir andar.
Antes que eu andasse mais de três passos, ouvi me chamar e assim que virei para ver o que ele queria, ele já estava na minha frente, perto demais.
- Você vai embora amanhã, mas... – ele começou, parecendo meio incerto do que estava fazendo e isso fez meu coração acelerar. – Só fica comigo mais essa noite. Eu prometo que eu vou fazer as coisas direito. Te faço até café da manhã agora se você quiser. Você sempre gostou de comer meus waffles à noite.
Fiquei até sem piscar enquanto ele falava, sem saber o que responder.
- Mas antes de você ir amanhã, me deixa tentar. Antes de você dizer adeus e ir embora para New York e eu te perder de vez, só fica aqui e deita nos meus braços só mais hoje – quebrou qualquer mínima distância entre nós e segurou meu rosto entre as mãos, encostando a testa na minha. – Só por um momento antes de você ir embora. Só mais essa noite para eu poder te esquecer. Nós merecemos um final melhor que esse.
Umedeci os lábios, fitando seus olhos escuros que pareciam tão atormentados. Coloquei as minhas mãos por cima das dele e o beijei levemente, só encostando nossos lábios.
- Só aja como se me amasse para eu poder seguir em frente, . – ele murmurou contra meus lábios.
Joguei os braços ao redor do seu pescoço, o abraçando com toda a força que eu tinha. Falar que tinha superado e esquecido tudo o que eu sentia por era uma mentira que eu tinha passado a acreditar nos últimos meses, mas eu sempre fui uma péssima mentirosa e estava deixando isso claro agora. Eu ainda era louca apaixonada por ele e fingir que estava bem em deixar tudo para trás e me mudar para New York era outra mentira. Eu precisava disso pelo menos por hoje.
- Eu fico com você essa noite. – murmurei.
voltou a me beijar, dessa vez com mais intensidade. Seus braços rodearam minha cintura e seu corpo pressionou contra o meu com força. Minhas mãos deslizavam pelos braços, pescoço, costas, cabelo... Quase que para se certificar que aquilo era mesmo ele e que eu estava realmente deixando aquilo acontecer.
- O que você quer fazer agora? – perguntou, mordiscando meu lábio antes de se afastar um pouco.
Eu ainda estava tonta pelo beijo, portanto demorei uns segundos para processar a pergunta.
- Seus pais ainda estão na casa da sua avó? – perguntei.
- Sim, só voltam amanhã à noite. – respondeu.
- Ótimo – sorri, o puxando comigo até sua casa. – Vamos fazer waffles porque você me deixou com vontade.
Ele riu, passando a mão no rosto.
- Fui tapeado... – falou num tom divertido, abrindo a porta da frente.
- Já te disse que você é um sonhador, James Dean – ri, beijando a bochecha dele.
Segui até a cozinha quando entramos e no caminho digitei uma mensagem para minha mãe falando que dormiria fora hoje, mas que estaria em casa antes da hora de irmos para o aeroporto, depois coloquei o celular no silencioso e o deixei no sofá.
- Você faz os waffles, eu faço a cobertura – sugeri, indo abrir a geladeira.
- O seu recheio é chantilly, morango, cereja e blueberry, sorriu, indo pegar as coisas para fazer a massa. – Já tá tudo pronto.
- Mas eu vou colocar na mesa, ué – me defendi, sorrindo para ele.
Peguei a bandeja de morangos, o pote de blueberrys e cereja, chantilly e o Maple Syrup e coloquei na ilha da cozinha, onde puxei um banco e sentei para assistir enquanto fazia as panquecas, do mesmo jeito que eu fazia quando namorávamos e antes mesmo, quando éramos só amigos. Ele era um ótimo cozinheiro e eu péssima, por isso sempre corria para cá quando queria comer.
- Coloca uma musica aí – pediu.
- Meu celular tá na sala, cadê o seu? – perguntei, olhando ao redor para procurar.
- Aí na sua frente, – apontou com o queixo para o celular que estava a pouco centímetros de mim e que eu não tinha visto.
- Tá, qual é a senha?
Ele me olhou desconfiado, depois abriu um sorrisinho e virou para a tigela onde misturava os ingredientes.
- Alohomora – disse.
- Você tem a mesma senha há quase dois anos, ! Como consegue? – ri e digitei a senha, o que desbloqueou o celular.
- Porque eu gosto dela e não faço questão de mudar – explicou, me olhando por cima do ombro.
- Eu tenho tique, preciso mudar sempre – falei, abrindo o Spotify e indo nas playlists compartilhadas que tínhamos com o pessoal.
- Eu lembro – balançou a cabeça. – Eu não podia descobrir a dica que você já mudava.
- Porque você é curioso! – retruquei, lembrando que ele adorava fuçar meus blocos de notas onde eu gostava de escrever besteira.
- Porque você me esconde as coisas, daí fico curioso mesmo!
- Não escondo nada – resmunguei, o que era mentira já que eu adorava fazer suspense para ele.
- Tá bom, , tá bom... – falou como se não acreditasse muito. – Coloca logo a musica.
- To procurando!
Rolei a lista da playlist com mais de 400 musicas, mas como nenhuma me agradou de primeira, resolvi botar no Spotify e a primeira que começou a tocar foi freak da Lana Del Rey.
- Satisfeito? – questionei, voltando a colocar o celular na bancada.
- Podia ter sido uma melhor, mas dá pra escutar sim – fez pouco caso.
- Chato... – acusei, revirando os olhos.
- Mas me conta quais são seus planos quando chegar em New York – ele pegou a bacia onde estava misturando a massa e veio para a ilha para ficar mais perto.
- Eu vou ficar no Meredith Wilson Residence Hall, o que é simplesmente maravilhoso já que é do lado da Julliard e vou compartilhar quarto com alguém, mas ainda não sei quem é. A primeira semana é mais orientação, depois que o pesado começa de verdade. O Lincoln Center é literalmente a vista da minha janela e eu tenho certeza que vou sempre dormir e sonhar com o dia que eu estarei me apresentando lá – falei animada, quase suspirando de tão feliz que eu estava. – Eu já pesquisei tudo e é tão incrível!
me olhava sorrindo, parecendo sentir minha empolgação.
- Vai ser maravilhoso para você, . Tenho certeza que sua experiência lá vai ser incrível – ele disse, terminando de bater a massa. – Vou querer saber de tudo.
- E nem se preocupa porque eu vou relatar tudo sim. Tô até pensando em fazer um canal no Yotube só para isso – brinquei, observando enquanto ele ia buscar a máquina de waffles. – Mas e você? Ansioso para as aulas começarem? Sua mãe deve estar morrendo de felicidade por você estar indo fazer medicina, não é?
- Eu não sei quem está mais animado com isso. Se é ela, meu pai, o Charles porque vai ficar com meu quarto ou eu... – umedeceu os lábios, sorrindo também. – É uma sensação incrível, né?
Concordei com um meneio de cabeça, sorrindo animada.
- Eu vou sentir muita falta daqui, dos meus pais, de você... – falei, suspirando. – Mas é simplesmente incrível!
- Sei como é – concordou, colocando a massa na máquina e fechando em seguida.
Ficamos em silêncio por um momento, pensando em como nossas vidas iriam mudar imensamente daqui para frente e em como não estaríamos presentes um para o outro. Isso me magoava. Não só por eu amá-lo, mas como ele ainda era meu melhor amigo e eu gostaria de estar presente nessa etapa da vida dele.
- Não vamos ficar pensando nisso agora, por favor – ele falou, quase como se tivesse lido minha mente. – Só podemos ficar tristes amanhã.
Concordei, abrindo um sorriso.
- Só amanhã! – juntei os dedos indicadores em forma de cruz e os beijei em sinal de promessa.
- Ótimo, agora vai pegar um prato para colocar o waffle – ele falou.
Levantei do banco e fui até o armário dos pratos, mas assim que abri, virei de cara feia para , que estava segurando o riso. A família dele era enorme, portanto os pratos ficavam na prateleira mais alta do armário e desde sempre me zoava com isso já que eu com meus 1, 65 não conseguia alcançar direito.
- Você vai pra o inferno, sabe disso, não é? – alertei, ainda de cara feita.
veio rindo para perto de mim e parou na minha frente, me deixando presa entre ele e a bancada. Ele olhou para mim como se fosse me beijar e meu corpo já formigou quando ele aproximou a mão do meu rosto. Fechei os olhos quando aproximou o rosto do meu, mas quando pensei que ia sentir seus lábios nos meus, só ouvi o som do prato sendo tirado de cima dos outros e voltei a encará-lo, que estava sorrindo com diversão para mim.
- Você é o próprio capeta, ! – dei uma cotovelada na barriga dele e já fui o empurrando para sair da minha frente, mas ele me puxou pela cintura de novo.
- Não, não, vem cá... – riu, me segurando perto de novo.
- Vai me zoar de novo ou vai me beijar? Porque eu se for para me zoar, eu pego esse waffle e vou embora! – falei com determinação, tentando parecer zangada.
Ele só sorriu e então me beijou, segurando minha cintura com força e o prato na outra mão. Fiz menção de me afastar só para dar o troco, mas ele riu e me puxou de novo. Beijar definitivamente tinha sido algo que eu havia sentido falta. Ele me beijava de um jeito que ninguém nunca tinha feito se quer parecido e eu simplesmente amava o que ele me fazia sentir.
- Acho que o waffle tá queimando... – falei contra os lábios dele, abrindo um sorriso. – Eu não gosto de waffle queimado.
- Você tá sempre estragando o momento, – ele suspirou como se estivesse chateado e me deu um selinho antes de voltar até a máquina de waffles.
Depois que todos os waffles ficaram prontos e depois de comermos quase todos, colocamos os pratos sujos no lava-louças e então começamos a implicar por causa das musicas, que segundo , eu estava manipulando.
- Tá no aleatório, idiota – ri, puxando o celular da mão dele.
- Não tá não. Não é possível que tudo que tocou foi Lana Del Rey, Ed Sheeran e Shawn Mendes, – balançou a cabeça, puxando o celular da minha mão.
- É possível sim! – reclamei, pegando o celular de volta. – Eu te juro que isso tá no aleatório, deixa de ser cuzento.
estava prestes a retrucar, mas na mesma hora começou a tocar I wanna be yours de Arctic Monkeys e isso foi o bastante para ele se calar.
- Há! Tá vendo, babaca? – sorri vitoriosa, deixando o celular no balcão bem delicadamente e com uma expressão superior.
- Você manipulou isso sim – acusou, sorrindo e se aproximou de mim mais um pouco. – Vem, dança comigo.
- Desde quando você gosta de dançar? – arqueei as sobrancelhas, mas deixei ele me puxar para perto.
- Desde quando você me forçou a gostar quando me fez dançar com você o baile de inverno inteiro – falou, segurando uma das minhas mãos e colocando a sua outra mão na minha cintura. – E eu gosto de dançar com você. Acho que nem sei dançar assim com outra pessoa.
- Eu não fiz você dançar comigo o baile inteiro. Eu tinha outras pessoas para serem meu par, você que insistiu em não me deixar dançar com eles – dei de ombros, sorrindo convencida.
Na época nem estávamos tendo nada, só uns flertes e friozinhos na barriga com olhares mais demorados e eu queria muito fazer ciúmes. Havia funcionando perfeitamente porque naquela noite demos nosso primeiro beijo depois de brigarmos por ele estar com ciúmes do Connor.
- Eu estava te poupando de ter que conversar com o Connor por pelo menos três minutos – deu de ombros.
- Ah, tá bom... – falei com desdém. – Não teve nada haver com ciúmes?
- Nadinha! – negou com a cabeça, sorrindo em seguida.
- Sei... – estalei a língua no céu da boca, sorrindo também.
revirou os olhos para mim e soltou a mão da minha cintura, me fazendo girar ao meu redor e depois me puxou de volta para perto, colando seu corpo no meu. Encostei a testa na dele e envolvi os braços ao redor do seu pescoço quando suas mãos foram até a minha cintura.
Era tão bom estar assim com ele que isso quase me fez sorrir. Nós éramos tão amigos que qualquer coisa se tornava uma conversa leve que melhores amigos teriam e se não fossem os beijos, era só isso que iríamos parecer, mas eu gostava.
Só notei que a musica havia acabado quando ouvi os toques familiares de uma musica que amava começar a tocar. Act Like You Love Me preencheu o ambiente e eu voltei a fechar os olhos, me perdendo na letra daquela musica que definia tanto o que estávamos passando.

So you leave tomorrow
Just sleep the night
I promise I will, make things right
I'll make you breakfast, the way you like
Before you leave tomorrow
Just let me try


- ? – chamei.
- Oi.
- Eu vou sentir sua falta. – confessei.
- Claro que vai. – franziu o cenho como se dissesse que isso é óbvio.
Ri, empurrando seu ombro.
- Retiro o que disse! Esse seu ego é terrível.
Ele riu e segurou o meu rosto entre as mãos, me beijando levemente.
- Eu vou sentir sua falta também, .
- Não faz mais que sua obrigação! – retruquei, mordiscando meu lábio.
- Caramba, eu odeio essa sua boca. – ele falou, olhando para o movimento dos meus lábios.
- E por que a beija? – arqueei as sobrancelhas.
- Porque eu também amo. – murmurou.
E essas foram suas últimas palavras antes de me beijar.

Stay here and lay here
Right in my arms
It's only a moment, before you're gone
And I, am keeping you warm
Just act like you love me, so I can go on


me apertou em seus braços e eu apertei as mechas de seus cabelos entre os dedos, recuando até que ele estivesse encurralado na ilha da cozinha. Arfei contra seus lábios quando uma de suas mãos deslizou pela lateral do meu corpo, apertando cada pedacinho.
Não demorou muito para que ele me pegasse no colo e me levasse até seu quarto. No caminho nossos sapatos já foram ficando pelo corredor e assim que a porta bateu atrás de nós dois, eu já fui tirando sua camisa e a jogando no chão antes que me jogasse na cama e caísse em cima de mim, beijando a lateral do meu pescoço e me fazendo perder de vez o resto do meu juízo.
Aqui, deitada em sua cama, eu pouco ligava se era certo ou errado. Só precisava fazer sentido e no momento cada pecinha se encaixava como em um quebra-cabeças. Mais uma noite era tudo que precisávamos para esquecer.
Ergui os braços quando segurou na barra do meu vestido e o puxou para cima, se livrando dele e o juntando a sua camisa no chão. Seus lábios desceram pelo meu pescoço até o colo e ergui as costas só um pouquinho para ele poder tirar o meu sutiã. Assim que a peça caiu esquecida em algum lugar ao nosso lado, sua boca encontrou um dos meus seios e gemi baixinho ao sentir sua língua deslizar ao redor do mamilo.
Abri as pernas e dobrei os joelhos para permitir que ele se encaixasse melhor entre minhas pernas e agarrei o lençol da cama quando a dorzinha no meio das minhas pernas só cresceu. O puxei pelo cabelo até que sua boca estivesse na minha novamente e o beijei com intensidade, segurando em seus ombros com força.
Usei minha força e meu peso para inverter nossas posições e fiquei em cima dele, montada em seu quadril. respirava pesadamente e seus olhos castanhos pareciam ainda mais escuros de desejo. Mordi o lábio e me esfreguei na ereção que era notável mesmo com a calça jeans. Nós dois gememos com o que a fricção que causou.
Beijei seu pescoço, mordendo de leve e deixando um belo de um chupão antes de continuar beijando seu peito e o abdômen de seis gominhos até o V que se perdia dentro na calça. Rapidamente me livrei do seu cinto e com ajuda dele, tirei de vez sua calça e a cueca junto.
Mantive os olhos no dele quando me abaixei e coloquei seu pênis na boca, fechando os lábios levemente ao seu redor. Um gemido escapou por seus lábios quando comecei a chupar. Suguei apenas a glande, depois deslizei a língua por toda a extensão até a base e voltei a colocar tudo na boca, fazendo os gemidos dele se tornarem mais constantes, mas antes que ele chegasse a gozar, me afastei, ficando em cima dele.
- Eu quero você agora, – murmurei, o beijando em seguida.
- Você já tem, – sorriu, mordiscando meu lábio.
suspirou contra os meus lábios e agarrou minha bunda, apertando com força, o que me fez gemer na sua boca. Ele enganchou os dedos nas laterais da minha calcinha e desceu até onde deu, depois só fiz chutar o tecido para o chão. Me segurando pelas coxas, me fez deitar na cama e ficou por cima de mim, mas abaixou até minha barriga e um pouco mais embaixo até minhas coxas, onde começou a beijar o interior, deixando chupões leves e mordidas também.
Sua boca encontrou minha vagina e sua língua se ocupou com meu clitóris. Ofeguei, arqueando os quadris em sua direção, mas ele me segurou, continuando a me chupar, fazendo movimentos circulares com a língua. Entreabri os lábios, puxando o ar pela boca enquanto ele continuava a me torturar. Eu não queria só isso. Eu queria ele dentro de mim agora.
Quase como se tivesse lido minha mente, se afastou e se inclinou até o criado-mudo onde pegou uma camisinha. Logo depois de colocar, voltou para cima de mim e sem mais delongas, me penetrou. Agarrei seus braços, cravando minhas unhas lá. Sua boca voltou contra a minha na mesma hora que ele voltou a mover seu quadril.
Eu estava tão extasiada, eu queria tudo. Queria guardar os beijos, o jeito como minha pele formigava com cada toque, o jeito que meu corpo reagia com qualquer proximidade dele. Eu precisava disso.
Me remexi embaixo dele, erguendo o quadril em sua direção e permitindo que ele fosse ainda mais fundo. Seus gemidos se misturavam aos meus durantes o beijo assim como nossas respirações descompassadas.
beijou meu rosto, depois meu pescoço, distribuindo beijos espaçados por a parte exposta da minha pele, afastando os fios de cabelo que começavam a grudar por conta do suor dos nossos corpos. Ergui nossos braços acima de nossas cabeças, jogando o pescoço para trás para permitir que ele tivesse mais espaço para explorar.
- Você é tão maravilhosa... – ele murmurou, encostando a testa na minha.
Sorri, entreabrindo os olhos e fitei os dele que estavam pequenininhos. Meu peito subia e descia rapidamente em busca de ar, especialmente agora que eu sentia aquela sensação deliciosa chegando. Fechei os olhos com força, gemendo o nome dele quando senti meu corpo ficar tenso quando acelerou os movimentos. Meu corpo inteiro estremeceu com os espasmos de prazer que me dominaram.
A respiração de ficou mais pesada no meu ouvido e senti seu pênis pulsar dentro de mim e em seguida seus movimentos diminuírem até pararem quando ele gozou. Ele encostou a testa na minha, também tentando regular a respiração. Beijei sua bochecha de leve e o abracei, puxando seu peso para cima de mim.
Ficamos assim por uns minutos até que foi jogar a camisinha fora, mas logo voltou para a cama e deitou ao meu lado, nos cobrindo com o seu cobertor. Ele me puxou para perto e encostei a cabeça em seu peito quente, ouvindo seus batimentos mais calmos agora. Ele passava a mão pelo meu cabelo, enquanto seu queixo estava encostado no topo da minha cabeça.
- Quando você for embora... – ele começou. – Eu não vou conseguir te ver partir, então, por favor, se esgueira daqui enquanto eu estiver dormindo.
Assenti, beijando seu ombro, sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
- Eu sempre achei que a gente ia ficar junto no final, sabia? – murmurei. – Mas agora nós chegamos aqui e é só isso mesmo.
- Ainda não é o fim, beijou minha testa. – Estamos só começando.
Ergui o rosto para olhá-lo e não me contive, por isso acabei o beijando. Dessa vez o beijo foi calmo, nossos lábios só se provaram e aproveitaram. Seu toque no meu rosto foi leve e gentil.
- Eu vou acordar desejando que tudo isso seja só um sonho... – sorriu, me dando um selinho demorado.
Sorri e fechei os olhos, sentindo o cansaço tomar conta de mim. Eu não queria dormir, mas foi mais forte que eu e meus olhos pesaram até que eu finalmente dormisse.

Era quatro da manhã quando acordei meio desnorteada. Pisquei os olhos, vendo que dormia ao meu lado. Respirei fundo e o olhei dormir por mais alguns minutos, observando seus traços relaxados durante o sono. Meu coração apertou imensamente quando beijei seu rosto e afastei seu braço da minha cintura para me levantar.
Me vesti rapidamente e fui até a escrivaninha dele onde peguei papel e caneta, escrevendo um bilhete para quando ele acordasse. Deixei o bilhete no criado-mudo e antes de sair do quarto, dei uma última olhada nele e em .

“Espero que me guarde sua última dança, James Dean”.
- .


Epílogo


6 anos depois...

Dei um último giro, sentindo meu coração ainda mais acelerado e caí no chão com rosto entre as mãos como era parte da coreografia. Assim que eu fiz isso, uma chuva de aplausos ensurdecedores preencheu o Lincoln Center e todos eram apenas para mim e meu solo.
Levantei, fiz uma mesura e abri meu melhor sorriso para agradecer antes que as cortinas de fechassem. Virei para trás e corri para a lateral do palco onde o pessoal me esperava com uma garrafa de champanhe aberta.
- Eu não acredito que eu consegui meu solo! – gritei, abraçando May.
- Você foi incrível, ! – Keegan, meu coreografo, me abraçou. – Simplesmente divina.
- Muito obrigada, pessoal! Sério, vocês me ajudaram muito! – sorri, olhando para todos ao meu redor.
Eu estava tão empolgada que sentia que meu sorriso ia partir meu rosto ao meio. Estava louca para ligar para e também. Infelizmente, elas não tinham conseguido vir para a apresentação, mas me apoiaram tanto quanto todos aqui. Mesmo com o tempo, a distância e as agendas incompatíveis nossa amizade havia conseguido sobreviver mesmo que alguns deslizes ao decorrer do tempo.
- , tem alguém te esperando no camarim – Laurel falou, apontando para o fim do corredor.
- Quem? – perguntei, franzindo o cenho.
- Não quis se identificar – deu de ombros.
Fiz uma careta, mas me apressei até o camarim. Havia um homem de costas lá, mas assim que ouviu os sons do meus passos, ele virou para trás e meu queixo caiu. Com um sorriso arteiro, a barba ainda maior, um paletó muito elegante e alguns anos mais velho, estava .
Havíamos perdido contato nos últimos tempos. Ele havia ido trabalhar em Vancouver e nos vimos pouquíssimas vezes nos últimos três anos. Eu sentia muito sua falta, mas tinha aprendido a viver com ela.
- ? – falei, ainda pasma.
- Eu não ganho um abraço? – arqueou as sobrancelhas.
Ri e corri até ele, pulando em cima dele, que me abraçou com muita força igualzinho a antes. Muita coisa podia ter mudado, mas o abraço não.
- Eu não acredito que você tá aqui!
- Eu não perderia nunca a sua primeira apresentação no Lincoln Center – sorriu, beijando minha bochecha.
- Eu to tão feliz por te ver! Como você tá? – perguntei assim que ele me botou de volta no chão.
- Eu to ótimo! – sorriu. – E você? Eu nem preciso perguntar, não é?
- Eu to nas nuvens! – falei, ainda sorrindo.
- E a Arrow e o Marcus? – perguntou.
Sorri ainda mais por ele perguntar sobre eles.
- Estão muito bem também. A Arrow cresce mais a cada dia e tirando o ronco, o Marcus também tá ótimo – ri, dando de ombros.
- Quero ver uma foto deles, hein? – apontou para mim como se me intimasse.
- Ah, eu sou uma mãe orgulhosa, vou te mostrar sim!
Arrow e Marcus eram filhotes de Sirius, o husky de , que ele havia me dado de presente de natal um ano depois de eu me mudar para New York. Os dois haviam se tornado os xodós do meu dormitório.
- Eu tava pensando se você pode sair para tomar um café comigo – sorriu, enfiando as mãos no bolso no sobretudo.
- Eu adoraria! – concordei. – Só vamos comemorar amanhã depois da apresentação da Lavigne.
- Então tá ótimo!
- Você só precisa esperar eu me trocar – mordisquei o lábio.
- Eu te esperei por seis anos, acho que consigo esperar alguns minutinhos.
- Então tá ótimo, James Dean.
Nos encaramos com sorrisos enormes, sabendo que seis anos, vidas novas e vários relacionamentos depois não haviam mudado tanta coisa assim.
Eu não precisava agir como se o amasse.
Eu sempre havia amado e provavelmente sempre amaria mesmo que agora de forma diferente e mesmo que precisássemos nos conhecer novamente.
Mas agora era só estava pensando no café.


Fim.



Nota da autora: O final tá aí para vocês decidirem o que aconteceu com esses dois haha eu amo real essa musica e só organizei o ficstape por ela mesmo, mas a ideia que eu pensei no começo acabou sendo totalmente descartada e essa acabou sendo a final kkk espero que gostem! Não esqueçam de falar o que acharam. Beijos!



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