Capítulo Único
Porque amar es algo celestial ♫
Estava próximo do fim de mais uma semana, o ar refrescante daquela sexta-feira combinava perfeitamente com os feixes de luz alaranjados e rosados que vinham do céu da agitada Manhattan, iluminavam sutilmente o local, denunciando que o final do dia estava próximo e que logo, logo aquelas luzes dariam lugar para um céu escuro e se desse sorte, repleto de estrelas. Por hora, deviam apenas se contentar com a imagem daquela sobreposição de cores magnífica, que não apenas exalava beleza como também expressava uma sensação de conforto para aqueles que tinham o prazer de prestigiar aquela obra prima.
Enquanto uns se despediam de seus afazeres e iam para as suas respectivas casas, outros se preparavam para mais uma noite de trabalho duro e em meio a esses dois grupos, havia , que desejava apenas um banho refrescante, uma comida boa do fast food mais próximo e finalmente a sua confortável cama. Os últimos dias haviam sido agitados, de fato todo preparativo de casamento era e dificilmente com o seu seria diferente, agora, depois de toda a correria dos últimos dias, lá estava ela, a apenas poucas horas do seu grande dia, querendo apenas paz e conforto.
Ninguém podia julgá-la, afinal, não faziam ideia do quanto aquele dia seria inesquecível.
A sensação de alívio percorreu cada centímetro de seu corpo quando a água em temperatura ambiente lhe tocou, de olhos fechados cantarolava músicas aleatórias, inclusive uma do seu ídolo Elvis Presley e então, não demorou muito para perceber o quanto aquilo lhe soava irônico, afinal, a letra da música nunca antes havia lhe feito tanto sentido quanto naquele dia. Cantarolou por mais alguns segundos enquanto massageava suas longas madeixas loiras e como sempre acontecia quando estava no banho, se perdeu em pensamentos e eles iam de encontro certeiro aos acontecimentos do dia seguinte.
Prestes a finalizar o banho, ouviu seu celular tocar, e então, desligou o chuveiro. Após se enrolar em uma toalha, foi em direção a outro cômodo de seu apartamento em busca do smartphone que tocava incessantemente, dando-se conta que o mesmo já deveria estar tocando a algum tempo e o encontrou próximo de sua cama. Ela não precisava ler o nome descrito no visor para saber quem estava do outro lado da linha.
Retirou-o de cima do seu móvel ao lado cama de cor âmbar, deslizou o dedo sobre a tela e sorriu de forma vitoriosa ao atender a ligação, em questão de segundos, proferiu as primeiras palavras.
— Pontualidade é o seu forte.
— Você já deveria estar acostumada, sabe? - O sarcasmo brandia de sua voz e riu porquê de fato, já estava acostumada. Não tinha dúvidas da pontualidade da amiga, tão pouco duvidava que qualquer coisa fugisse de seus planos quando ela a envolvia. Falando em planos, tinha certeza que havia deixado tudo milimetricamente arrumado de acordo com seus planos para o grande dia.
— Prefiro deixar essa ciência escondida, assim você permanece pontual, . — respondeu de forma brincalhona e sentou-se sobre a cama para se sentir mais confortável durante a ligação.
— Uma escolha sábia, devo confessar. - brincou. — Agora vamos para o que interessa, ok? Eu acabei os últimos detalhes do seu plano e agora está tudo pronto, amanhã será o grande dia, . — Proferiu a voz aguda do outro lado da linha e por mais que não estivesse na presença de quem falava, sabia que estava sorrindo.
— Eu nunca estive tão animada. — Sorriu de forma ampla, encerrando a ligação em seguida.
Estava apenas a algumas horas do seu grande dia e pela primeira vez em anos, sentiu puro ecstasy percorrer sua espinha. O grande dia se aproximava e por bem ou por mal, ele ficaria para a história.
(...)
Pareciam estrelas. Foi exatamente isso que pensou quando olhou pela janela a SUV preta, o ângulo de onde estava estacionada dava a visão perfeita para o pátio exterior do casarão alugado para o casamento, todas as luzes da decoração milimetricamente planejada, ao final do dia, a fazia lembrar de um céu estrelado, só não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim, porque dentre todas as coisas envoltas naquela casamento, eram aquelas luzes que mais se aproximavam de algo celestial.
A partir daquele momento, um misto de sentimentos brandiam em sua cabeça e dentre eles estava a retaliação e se seus convidados a conheciam o suficiente, saberiam que não permitiria que sua cerimônia fosse simples.
Eles nunca estiveram tão certos
Dentro da SUV prata, vislumbrava a si mesma, pensando o quanto o vestido branco lhe caia bem, mas, que ainda assim, era simplista demais e quando se tratava de , o simples e normal não lhe agradava, por isso, o azul serenity era mil vezes mais atrativo. Que belo desperdício, pensou. Instintivamente seu olhar caiu sobre o último envelope branco posto em seu colo e respirando fundo, pensou novamente sobre o conteúdo contido nele. Aquilo significava apenas que não teria volta e ainda assim, ela não se importava.
Se ele gostava de ser mau, o caos lhe cairia muito bem e sabia lidar com caos, mais que isso, confiava em si mesma e em suas decisões, arrependimento não fazia parte de seu vocabulário.
Quando o tictar do relógio em seu pulso lhe chamou a atenção, mais uma vez sentiu o nervosismo percorrer sua espinha, mas não por temer algo e sim por nunca ter se sentido tão animada quanto naquele momento. respirou fundo, sentindo seu corpo se acalmar do nervosismo que sentia e ajustou o vestido mais uma vez e quando se deu conta, batidas na janela do automóvel lhe despertaram, logo em seguida, a porta do passageiro se abriu. A mulher então virou-se para o lado e lá estava a sua melhor versão, , nada mais justo do que tê-la ao seu lado em um dos dias mais importantes de sua vida.
— Está pronta? - A morena perguntou, sorrindo, não conseguindo deixar de demonstrar certa animação em sua voz. limitou-se apenas em balançar a cabeça em sinal de afirmação, não precisava de palavras para expressar que estava mais pronta do que nunca.
(...)
Do outro lado da cidade, a sinfonia tocava uma música clássica qualquer para entreter os convidados enquanto estavam à espera da noiva. A cerimônia já estava alguns minutos atrasada e estava em estado de atenção.
Sabia que atrasos faziam parte de um casamento, assim como imprevistos, porém, nenhuma noiva se atrasava tanto. Notou também a ausência da madrinha e algo em sua cabeça cismava em dizer que aquilo não lhe cheirava nem um pouco bem. Quanto mais os minutos iam passando, mais ele sentia o desconforto por estar dentro daquele smoking e na presença de tantas pessoas, tentando quase que inutilmente disfarçar de que “está tudo bem”, talvez fosse o calor estranho que emanava da primavera em Nova York, o olhar entediado do padre ou quem sabe até mesmo o olhar piedoso de seus convidados, mas havia algo de fétido naquele dia, só não sabia dizer o quê.
— Conseguiu falar com alguma delas? - Olhou para o padrinho que o questionara e fingiu um sorriso sereno, murmurando que estava tudo bem, o único problema é que o padrinho conhecia o suficiente para saber que aquele sorriso, assim como aquela resposta, eram uma grandíssima mentira. — Qual é, é comigo que você está falando. Agora desembuche.
estava prestes a ceder o pedido do amigo e lhe contar quais eram as suas reais preocupações, mas, a aproximação repentina do irmão mais novo de sua noiva, interrompeu seus planos.
— pediu para que tocássemos ao invés daquela harpa irritante. - Proferiu de forma entendida, afinal, não gostava de casamentos justamente pela parte da demora que aquelas ocasiões proporcionaram e naquele dia, o atraso estava fora do comum, tanto que ele chegou a cogitar deixar o lugar e ir embora, mas a mensagem repentina da irmã solicitando que ele fosse até o carro de seus pais e pegasse o pen-drive no portas luvas, não só acabou com seus planos como também chamou sua atenção, pelo menos ele não teria de ouvir mais um pouco daquela música clássica chata. — Ande, pegue.
analisava o objeto em suas mãos perdido entre a curiosidade e a surpresa. Talvez fosse a descoberta repentina ou a forma inusitada em que aquele objeto apareceu, fosse o que fosse, lhe fez simultaneamente sentir uma pontada de dor percorrer-lhe por completo, em todas as hipóteses que teve em relação de onde a garota estava, nenhuma delas envolvia um pendrive para a música de entrada e mesmo que não soubesse o conteúdo daquele objeto, algo lhe dizia que aquilo não cheirava bem.
Mas antes que pudesse intervir nas vontades da noiva, o padre que até pouco exalava tédio, resolveu agir e pegando o objeto das mãos de , colocou para tocar, só que ao invés dos alto falantes tocarem qualquer que fosse a música, a voz conhecida de irrompeu o lugar.
“Olá, sou eu, ou como algum de vocês devem pensar: a futura senhora .”
ficou imóvel por alguns segundos tentando entender o que aquela mensagem significava. Um turbilhão de pensamentos pairavam em sua mente, como qual seria a finalidade daquele ato e a apesar de querer tomar alguma atitude, permaneceu sorrindo forçadamente em cima do altar, já que a incapacidade de fazer qualquer coisa era clara, estava em um completo impasse. Torceu apenas que aquilo fosse uma brincadeira da garota.
Nunca havia errado tão miseravelmente.
“Nesse momento vocês devem estar se perguntando duas coisas: a primeira é porque vocês estão escutando um áudio meu ao invés de estarem comemorando um matrimônio, já a segunda diz respeito a minha ausência de hoje, do meu grande dia.
De qualquer forma, aconselho que fiquem calmos, pois estou bem, eu lhes garanto. Estão calmos? Bem, se sim, preparem-se para uma pequena agitação, porque agora irei explicar cada detalhe de minha ausência...”
engoliu seco e sentiu suas mãos suarem.
“Há alguns meses notei que frequentava as reuniões de seu trabalho mais que o habitual, enquanto eu, depois de um dia corrido no trabalho, permanecia em casa deixando todo jantar pronto e mesa preparada para o futuro maridão. Aos poucos percebi que ele chegava rotineiramente mais tarde e cada vez mais se enrolava nas palavras quando eu perguntava como havia sido seu dia e principalmente, a reunião. Ele sempre foi bom em se esquivar dos problemas, não foi...?”
A voz da garota soava irônica e percebeu que os convidados se mexeram desconfortáveis sobre as cadeiras do lugar. Ele queria fazer alguma coisa, sumir dali de preferência, mas os olhares acusadores que caiam sobre si, fizeram com que seus pés travassem no lugar em que estava.
“Vocês imaginam a minha surpresa quando descobri que essas reuniões tinham nome e sobrenome. É isso mesmo, olhem para a dama de honra ruiva ali, ela deve estar linda, não?”
olhou para a garota e percebeu que ela sorria desconfortável, tentando inutilmente fingir que não sabia do que aquilo se travava.
“Pois bem, se ainda restam dúvidas da infidelidade de , por favor, olhem embaixo de seus assentos e retirem o envelope branco dele, tenho certeza que o seu conteúdo irá convencer vocês ...”
Sentindo as pernas voltarem a vida, correu até o assento mais próximo e abaixando-se retirou um envelope debaixo da cadeira, assim como todos os outros convidados haviam feito e assim que verificou o conteúdo do envelope, instantaneamente, empalideceu.
Eram fotos suas, fotos suas com a dama de honra.
“É isso mesmo, vocês não estão tendo um delírio coletivo. Na verdade, espero que tenham ficado tão surpresos quanto eu no momento em que tirei essas fotos, ainda assim, peço que não se preocupem comigo, estou mais forte do que vocês imaginam. E se querem saber, tomei a liberdade de organizar toda a nossa lua de mel e eu e aproveitaremos ao máximo a estadia em Vegas.”
permanecia boquiaberto. Olhou para seu melhor amigo e assim como ele, não havia reação. Simultaneamente sentiu a gravata ficar mais apertada em seu pescoço e seu corpo aqueceu-se, tornando o desconforto de antes mil vezes pior agora. Ele não podia acreditar no que estava acontecendo, nem em um milhão de anos pensou que teria tamanha coragem e tão pouco imaginou que o simples caso que tivera, acabaria daquela forma.
A essa altura, a dama de honra já havia desaparecido de vista e essa era a única coisa que o homem pensou em fazer, queria sair dali, dos olhares reprovadores o mais rápido possível, porém, falhou miseravelmente em sua tentativa, já que o irmão de lhe acertou um soco em cheio bem no meio de seu rosto, murmurando “seu desgraçado” a ele.
cambaleou para trás e ouviu cerca de meia dúzia de pessoas se aproximarem. E mais outra meia dúzia, até que ele se encontrasse em volta de várias pessoas que não estavam nem um pouco contentes com a descoberta. O que mais faltava para aquele dia ser um total desastre?
Ele havia pensado cedo demais.
“Pobre , tenho certeza que agora deve estar se perguntando se tem como as coisas piorarem e sinto lhe dizer que sim, havia como piorar. Mas por hora, apenas gostaria de coração que todos aproveitassem a festa, me contou que o buffet saiu bem caro, quase acima do nosso orçamento. Não vamos perpetuar com um desperdício, não é? Afinal, não é culpa de que ele não saiba amar. Amor não é para qualquer um e todos sabem que amar é um dom celestial que poucas pessoas tem, e eu dificilmente acho que ama alguém que não seja ele mesmo.
Aliás, , se você acha que uma noiva em fuga é demais para aguentar, mandarei o cartão postal de Nevada a você, afinal, foi muita gentileza que tenhas pagado por toda a nossa viagem, tenho certeza que seu cartão de crédito adorou estourar o limite com ela. Enfim, vejo vocês em breve, com amor, senhorita .”
(...)
olhava de forma serena para a amiga que acabara de colocar o cinto de segurança do avião. Seu semblante assim como suas irises denunciavam que a garota pagaria para ver a reação de todos quando a bomba fosse revelada. Meses atrás havia sido ela que se surpreendeu com a descoberta e apesar de ter sido doloroso e tê-la feito chorar, àquela altura o caso de já não lhe fazia mais diferença. Cutucar aquela ferida passou a ser apenas uma forma de se fortalecer e após aquele dia, todos iriam ver o quanto a garota era mais forte do que eles julgavam ser. Todos, principalmente , aprenderiam de uma vez por todas que quando você brinca com fogo, facilmente poderá ser queimado e agora lá estava ela, com o celular recém desligado e, sem dúvidas, repleto de mensagens exageradas sobre o assunto.
Não iria se preocupar em responder as mensagens, nem mesmo as que vinham de seus pais, por hora sua única preocupação era apenas festejar em Las Vegas com sua melhor amiga.
Olhando para a garota ao seu lado foi que percebeu o verdadeiro significado de amor. faria de tudo por ela, assim como ela faria de tudo por . Você não precisava se apaixonar por alguém para aprender sobre o amor, você só precisava abrir os olhos para as coisas em volta, porque o amor sempre esteve ali, em todas as suas formas e já não haviam mais dúvidas de que o amor entre melhores amigas era sim um dos melhores a ser sentido, pois ele era tão puro e celestial quando um dia quis ter.
Estava próximo do fim de mais uma semana, o ar refrescante daquela sexta-feira combinava perfeitamente com os feixes de luz alaranjados e rosados que vinham do céu da agitada Manhattan, iluminavam sutilmente o local, denunciando que o final do dia estava próximo e que logo, logo aquelas luzes dariam lugar para um céu escuro e se desse sorte, repleto de estrelas. Por hora, deviam apenas se contentar com a imagem daquela sobreposição de cores magnífica, que não apenas exalava beleza como também expressava uma sensação de conforto para aqueles que tinham o prazer de prestigiar aquela obra prima.
Enquanto uns se despediam de seus afazeres e iam para as suas respectivas casas, outros se preparavam para mais uma noite de trabalho duro e em meio a esses dois grupos, havia , que desejava apenas um banho refrescante, uma comida boa do fast food mais próximo e finalmente a sua confortável cama. Os últimos dias haviam sido agitados, de fato todo preparativo de casamento era e dificilmente com o seu seria diferente, agora, depois de toda a correria dos últimos dias, lá estava ela, a apenas poucas horas do seu grande dia, querendo apenas paz e conforto.
Ninguém podia julgá-la, afinal, não faziam ideia do quanto aquele dia seria inesquecível.
A sensação de alívio percorreu cada centímetro de seu corpo quando a água em temperatura ambiente lhe tocou, de olhos fechados cantarolava músicas aleatórias, inclusive uma do seu ídolo Elvis Presley e então, não demorou muito para perceber o quanto aquilo lhe soava irônico, afinal, a letra da música nunca antes havia lhe feito tanto sentido quanto naquele dia. Cantarolou por mais alguns segundos enquanto massageava suas longas madeixas loiras e como sempre acontecia quando estava no banho, se perdeu em pensamentos e eles iam de encontro certeiro aos acontecimentos do dia seguinte.
Prestes a finalizar o banho, ouviu seu celular tocar, e então, desligou o chuveiro. Após se enrolar em uma toalha, foi em direção a outro cômodo de seu apartamento em busca do smartphone que tocava incessantemente, dando-se conta que o mesmo já deveria estar tocando a algum tempo e o encontrou próximo de sua cama. Ela não precisava ler o nome descrito no visor para saber quem estava do outro lado da linha.
Retirou-o de cima do seu móvel ao lado cama de cor âmbar, deslizou o dedo sobre a tela e sorriu de forma vitoriosa ao atender a ligação, em questão de segundos, proferiu as primeiras palavras.
— Pontualidade é o seu forte.
— Você já deveria estar acostumada, sabe? - O sarcasmo brandia de sua voz e riu porquê de fato, já estava acostumada. Não tinha dúvidas da pontualidade da amiga, tão pouco duvidava que qualquer coisa fugisse de seus planos quando ela a envolvia. Falando em planos, tinha certeza que havia deixado tudo milimetricamente arrumado de acordo com seus planos para o grande dia.
— Prefiro deixar essa ciência escondida, assim você permanece pontual, . — respondeu de forma brincalhona e sentou-se sobre a cama para se sentir mais confortável durante a ligação.
— Uma escolha sábia, devo confessar. - brincou. — Agora vamos para o que interessa, ok? Eu acabei os últimos detalhes do seu plano e agora está tudo pronto, amanhã será o grande dia, . — Proferiu a voz aguda do outro lado da linha e por mais que não estivesse na presença de quem falava, sabia que estava sorrindo.
— Eu nunca estive tão animada. — Sorriu de forma ampla, encerrando a ligação em seguida.
Estava apenas a algumas horas do seu grande dia e pela primeira vez em anos, sentiu puro ecstasy percorrer sua espinha. O grande dia se aproximava e por bem ou por mal, ele ficaria para a história.
A partir daquele momento, um misto de sentimentos brandiam em sua cabeça e dentre eles estava a retaliação e se seus convidados a conheciam o suficiente, saberiam que não permitiria que sua cerimônia fosse simples.
Eles nunca estiveram tão certos
Dentro da SUV prata, vislumbrava a si mesma, pensando o quanto o vestido branco lhe caia bem, mas, que ainda assim, era simplista demais e quando se tratava de , o simples e normal não lhe agradava, por isso, o azul serenity era mil vezes mais atrativo. Que belo desperdício, pensou. Instintivamente seu olhar caiu sobre o último envelope branco posto em seu colo e respirando fundo, pensou novamente sobre o conteúdo contido nele. Aquilo significava apenas que não teria volta e ainda assim, ela não se importava.
Se ele gostava de ser mau, o caos lhe cairia muito bem e sabia lidar com caos, mais que isso, confiava em si mesma e em suas decisões, arrependimento não fazia parte de seu vocabulário.
Quando o tictar do relógio em seu pulso lhe chamou a atenção, mais uma vez sentiu o nervosismo percorrer sua espinha, mas não por temer algo e sim por nunca ter se sentido tão animada quanto naquele momento. respirou fundo, sentindo seu corpo se acalmar do nervosismo que sentia e ajustou o vestido mais uma vez e quando se deu conta, batidas na janela do automóvel lhe despertaram, logo em seguida, a porta do passageiro se abriu. A mulher então virou-se para o lado e lá estava a sua melhor versão, , nada mais justo do que tê-la ao seu lado em um dos dias mais importantes de sua vida.
— Está pronta? - A morena perguntou, sorrindo, não conseguindo deixar de demonstrar certa animação em sua voz. limitou-se apenas em balançar a cabeça em sinal de afirmação, não precisava de palavras para expressar que estava mais pronta do que nunca.
Sabia que atrasos faziam parte de um casamento, assim como imprevistos, porém, nenhuma noiva se atrasava tanto. Notou também a ausência da madrinha e algo em sua cabeça cismava em dizer que aquilo não lhe cheirava nem um pouco bem. Quanto mais os minutos iam passando, mais ele sentia o desconforto por estar dentro daquele smoking e na presença de tantas pessoas, tentando quase que inutilmente disfarçar de que “está tudo bem”, talvez fosse o calor estranho que emanava da primavera em Nova York, o olhar entediado do padre ou quem sabe até mesmo o olhar piedoso de seus convidados, mas havia algo de fétido naquele dia, só não sabia dizer o quê.
— Conseguiu falar com alguma delas? - Olhou para o padrinho que o questionara e fingiu um sorriso sereno, murmurando que estava tudo bem, o único problema é que o padrinho conhecia o suficiente para saber que aquele sorriso, assim como aquela resposta, eram uma grandíssima mentira. — Qual é, é comigo que você está falando. Agora desembuche.
estava prestes a ceder o pedido do amigo e lhe contar quais eram as suas reais preocupações, mas, a aproximação repentina do irmão mais novo de sua noiva, interrompeu seus planos.
— pediu para que tocássemos ao invés daquela harpa irritante. - Proferiu de forma entendida, afinal, não gostava de casamentos justamente pela parte da demora que aquelas ocasiões proporcionaram e naquele dia, o atraso estava fora do comum, tanto que ele chegou a cogitar deixar o lugar e ir embora, mas a mensagem repentina da irmã solicitando que ele fosse até o carro de seus pais e pegasse o pen-drive no portas luvas, não só acabou com seus planos como também chamou sua atenção, pelo menos ele não teria de ouvir mais um pouco daquela música clássica chata. — Ande, pegue.
analisava o objeto em suas mãos perdido entre a curiosidade e a surpresa. Talvez fosse a descoberta repentina ou a forma inusitada em que aquele objeto apareceu, fosse o que fosse, lhe fez simultaneamente sentir uma pontada de dor percorrer-lhe por completo, em todas as hipóteses que teve em relação de onde a garota estava, nenhuma delas envolvia um pendrive para a música de entrada e mesmo que não soubesse o conteúdo daquele objeto, algo lhe dizia que aquilo não cheirava bem.
Mas antes que pudesse intervir nas vontades da noiva, o padre que até pouco exalava tédio, resolveu agir e pegando o objeto das mãos de , colocou para tocar, só que ao invés dos alto falantes tocarem qualquer que fosse a música, a voz conhecida de irrompeu o lugar.
“Olá, sou eu, ou como algum de vocês devem pensar: a futura senhora .”
ficou imóvel por alguns segundos tentando entender o que aquela mensagem significava. Um turbilhão de pensamentos pairavam em sua mente, como qual seria a finalidade daquele ato e a apesar de querer tomar alguma atitude, permaneceu sorrindo forçadamente em cima do altar, já que a incapacidade de fazer qualquer coisa era clara, estava em um completo impasse. Torceu apenas que aquilo fosse uma brincadeira da garota.
Nunca havia errado tão miseravelmente.
“Nesse momento vocês devem estar se perguntando duas coisas: a primeira é porque vocês estão escutando um áudio meu ao invés de estarem comemorando um matrimônio, já a segunda diz respeito a minha ausência de hoje, do meu grande dia.
De qualquer forma, aconselho que fiquem calmos, pois estou bem, eu lhes garanto. Estão calmos? Bem, se sim, preparem-se para uma pequena agitação, porque agora irei explicar cada detalhe de minha ausência...”
engoliu seco e sentiu suas mãos suarem.
“Há alguns meses notei que frequentava as reuniões de seu trabalho mais que o habitual, enquanto eu, depois de um dia corrido no trabalho, permanecia em casa deixando todo jantar pronto e mesa preparada para o futuro maridão. Aos poucos percebi que ele chegava rotineiramente mais tarde e cada vez mais se enrolava nas palavras quando eu perguntava como havia sido seu dia e principalmente, a reunião. Ele sempre foi bom em se esquivar dos problemas, não foi...?”
A voz da garota soava irônica e percebeu que os convidados se mexeram desconfortáveis sobre as cadeiras do lugar. Ele queria fazer alguma coisa, sumir dali de preferência, mas os olhares acusadores que caiam sobre si, fizeram com que seus pés travassem no lugar em que estava.
“Vocês imaginam a minha surpresa quando descobri que essas reuniões tinham nome e sobrenome. É isso mesmo, olhem para a dama de honra ruiva ali, ela deve estar linda, não?”
olhou para a garota e percebeu que ela sorria desconfortável, tentando inutilmente fingir que não sabia do que aquilo se travava.
“Pois bem, se ainda restam dúvidas da infidelidade de , por favor, olhem embaixo de seus assentos e retirem o envelope branco dele, tenho certeza que o seu conteúdo irá convencer vocês ...”
Sentindo as pernas voltarem a vida, correu até o assento mais próximo e abaixando-se retirou um envelope debaixo da cadeira, assim como todos os outros convidados haviam feito e assim que verificou o conteúdo do envelope, instantaneamente, empalideceu.
Eram fotos suas, fotos suas com a dama de honra.
“É isso mesmo, vocês não estão tendo um delírio coletivo. Na verdade, espero que tenham ficado tão surpresos quanto eu no momento em que tirei essas fotos, ainda assim, peço que não se preocupem comigo, estou mais forte do que vocês imaginam. E se querem saber, tomei a liberdade de organizar toda a nossa lua de mel e eu e aproveitaremos ao máximo a estadia em Vegas.”
permanecia boquiaberto. Olhou para seu melhor amigo e assim como ele, não havia reação. Simultaneamente sentiu a gravata ficar mais apertada em seu pescoço e seu corpo aqueceu-se, tornando o desconforto de antes mil vezes pior agora. Ele não podia acreditar no que estava acontecendo, nem em um milhão de anos pensou que teria tamanha coragem e tão pouco imaginou que o simples caso que tivera, acabaria daquela forma.
A essa altura, a dama de honra já havia desaparecido de vista e essa era a única coisa que o homem pensou em fazer, queria sair dali, dos olhares reprovadores o mais rápido possível, porém, falhou miseravelmente em sua tentativa, já que o irmão de lhe acertou um soco em cheio bem no meio de seu rosto, murmurando “seu desgraçado” a ele.
cambaleou para trás e ouviu cerca de meia dúzia de pessoas se aproximarem. E mais outra meia dúzia, até que ele se encontrasse em volta de várias pessoas que não estavam nem um pouco contentes com a descoberta. O que mais faltava para aquele dia ser um total desastre?
Ele havia pensado cedo demais.
“Pobre , tenho certeza que agora deve estar se perguntando se tem como as coisas piorarem e sinto lhe dizer que sim, havia como piorar. Mas por hora, apenas gostaria de coração que todos aproveitassem a festa, me contou que o buffet saiu bem caro, quase acima do nosso orçamento. Não vamos perpetuar com um desperdício, não é? Afinal, não é culpa de que ele não saiba amar. Amor não é para qualquer um e todos sabem que amar é um dom celestial que poucas pessoas tem, e eu dificilmente acho que ama alguém que não seja ele mesmo.
Aliás, , se você acha que uma noiva em fuga é demais para aguentar, mandarei o cartão postal de Nevada a você, afinal, foi muita gentileza que tenhas pagado por toda a nossa viagem, tenho certeza que seu cartão de crédito adorou estourar o limite com ela. Enfim, vejo vocês em breve, com amor, senhorita .”
Não iria se preocupar em responder as mensagens, nem mesmo as que vinham de seus pais, por hora sua única preocupação era apenas festejar em Las Vegas com sua melhor amiga.
Olhando para a garota ao seu lado foi que percebeu o verdadeiro significado de amor. faria de tudo por ela, assim como ela faria de tudo por . Você não precisava se apaixonar por alguém para aprender sobre o amor, você só precisava abrir os olhos para as coisas em volta, porque o amor sempre esteve ali, em todas as suas formas e já não haviam mais dúvidas de que o amor entre melhores amigas era sim um dos melhores a ser sentido, pois ele era tão puro e celestial quando um dia quis ter.
FIM.
Nota da autora: Sem nota.
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