Capítulo Único
ligou os seus óculos de visão noturna e se encolheu o máximo possível atrás do contêiner, encarou a sua equipe e sinalizou para que aguardassem o sinal. Estavam num porto, prestes a prender um grupo que sequestrava mulheres nos últimos meses. Quando a cidade de List começou a notar os seus desaparecidos, ligou um alerta vermelho, colocando a equipe de em ação para investigar. Recebeu sinais de resposta de seus parceiros que estavam armados até os dentes, preparados para tudo, menos a morte.
Ela sabia o risco que corria a cada missão, mas amava a profissão que havia escolhido como agente do governo e a consciência de que sua família, amigos e desconhecidos poderiam caminhar tranquilos, todos os dias, acalmava o seu coração e trazia toda a satisfação que o dinheiro jamais traria. Perdeu pessoas importantes o suficiente para a violência, o caos do mundo e não se permitiria ficar sentada sem fazer nada por outros inocentes.
Inclinou o corpo até ser possível enxergar a frente, a visão esverdeada sem qualquer sinal de emissão de calor. Apressou-se para sair do esconderijo até encontrar outro mais à frente, atrás de si, sua equipe seguia o mesmo procedimento. Naquele lado mais vazio do porto, ouvia-se apenas o barulho dos guindastes trabalhando para levantar as mercadorias que deveriam ser despachadas em um imenso navio.
- Entra! Anda logo! - A voz masculina gritou e chamou a atenção da agente que se manteve escondida, atenta a uma oportunidade de verificar a cena. - Se derem um pio, acabo com vocês. - Ameaçou.
O sangue dela ferveu com a suspeita de que fossem um de seus alvos que embarcavam as vítimas. Esticou o pescoço com o máximo de cuidado para não fazer barulho, o fuzil firme em suas mãos. Formatos de corpos tingidos de vermelho pela emissão de calor apareceram em sua visão, dois homens com armas parecidas com a dela e cerca de sete corpos em pé, provavelmente, dentro de um container. Teriam que ter cuidado com a troca de tiros ou poderiam atingir inocentes, por isso, deveriam esperar pelo momento certo de agir.
- Dois S, sete V. - Sussurrou no rádio de comunicação. - John, atento.
John posicionou-se no container à esquerda de , mirou silenciosamente, aguardando um sinal.
Ele confirmou a posição.
Ambos sabiam que não poderiam atirar em apenas um dos sequestradores ou poderiam permitir que o outro, fizesse reféns para se safar. Permaneceram atentos, até que um deles murmurou algo e se afastou.
- Mantenham posição. - Sussurrou novamente.
A agente respirou fundo, jogou o fuzil para as costas e sacou uma faca, preparando-se para agir. Esgueirou-se silenciosamente, ziguezagueando para manter-se nas sombras, evitando que o som dos seus passos denunciasse a sua localização. Assim que estava próxima o suficiente, conferiu ao redor novamente e viu o posicionamento do sequestrador que fumava um cigarro tranquilamente, nem parecia que estava com várias mulheres jogadas a sua frente chorando silenciosamente. Estava alheio demais ao seu redor para perceber a chegada de que como um fantasma, surgiu por trás e envolveu um dos braços através do pescoço masculino que com o susto deixou o cigarro cair no chão.
A faca posicionou-se em sua traqueia e mesmo que odiasse aquela decisão, ela deveria fazê-lo ou corria o risco de ter toda sua equipe reconhecida, pondo as vítimas em perigo. Por isso, guardou suas emoções dentro de uma caixinha e focou em finalizar sua missão. Ele tentou se livrar do aperto, mas ela tinha mais treinamento e conseguiu mantê-lo preso, até que cortou sua garganta sem qualquer piedade. Deixou-o cair no chão enquanto a vida esvaia-se de seu corpo. Ela limpou a faca no tecido da calça e guardou-a. Segurou o fuzil novamente e olhou para a enorme porta do container aberta a sua frente, as sete vítimas estavam encolhidas e choravam baixinho.
- Viemos resgatar vocês, mas preciso que me ajudem a saírem em segurança. - Aproximou-se o máximo possível para que pudessem ouvir suas palavras. - A Sally e o Marco irão levá-las, só precisam do máximo de silêncio possível.
- Eu… Não vou. - Uma voz feminina trêmula anunciou, chamando a atenção de . - A minha irmã está lá dentro com aqueles… Aqueles…
Ela não queria se lembrar, não naquele momento, mas a dor tão conhecida e companheira por anos, espetou seu coração. Sabia o que a mulher a sua frente estava sentindo, pois compartilhava do mesmo sentimento.
Tentou manter a postura confiante, mesmo que as lembranças quisessem escapar para sua mente.
- Qual o nome dela?
- Louise.
- Eu vou trazê-la em segurança. - Falou firme, mesmo que estivesse prestes a ruir por dentro. - Eu prometo.
O outro capanga voltaria logo e elas precisavam estar longe.
Sally apareceu ladeada por Marco. Todo o plano tinha sido feito antes do início da missão, por isso eles sabiam exatamente o que fazer. Sinalizaram para que as mulheres seguissem para fora.
se afastou para dar cobertura, observando todos os lugares e em seguida, John apareceu para fazer o mesmo. Quando o grupo estava seguindo para a segurança, um tiro foi disparado e agente avistou, há alguns metros à frente, um homem armado acompanhado de outras mulheres. Ela correu para se proteger dos disparos e logo, teve a visão de mais homens armados espalhados. Agachou-se atrás de uma pilha de sacos e agarrou o rádio comunicador.
- Cessar fogo. - Repetiu duas vezes.
Parte dos disparos pararam no mesmo instante.
Tirou os óculos de visão noturna e espremeu-se com cuidado, até conseguir enxergar o lugar. Não conseguiu localizar os inimigos, ficando claro que haviam procurado abrigo, tornando a missão mais complicada. Respirou fundo algumas vezes tentando acalmar o coração que batia agitado em seu peito pela adrenalina do momento. Esforçou-se para recordar todas as informações necessárias para prosseguir. No lado externo, embarcando as vítimas, havia dois homens e um deles partiu, restando o que ela matou. Sete vítimas foram libertadas, mas teria uma segunda remessa que foram buscar e por isso, deviam ter ficado dois ou três homens aguardando-as dentro do galpão. Foram 23 desaparecimentos ao longo de três meses, mas será que todas permaneceram vivas até aquele dia? Ela contava que sim. Restavam 16 mulheres em poder dos sequestradores, ela acreditava ser capaz de tirá-las com vida das mãos dos crápulas. Precisava se dividir e invadir com tudo, encurralando-os.
Agarrou novamente o comunicador, repetindo três vezes o mesmo comando.
- Dividir e conquistar.
Observou ao redor novamente, respirou fundo e avistou John vindo para a sua direção. Assim que o homem tomou a posição ao seu lado, fizeram um gesto afirmativo com a cabeça e em seguida, movimentaram-se, revezando a cobertura um para o outro.
Tiros foram disparados em direção a eles, mas não conseguiram identificar de onde. Continuaram a movimentação por todo o Porto até a poucos metros, surgiram dois atiradores, recomeçando o tiroteio. Um deles caiu com um disparo na barriga e outro, fugiu para dentro do galpão.
A adrenalina era tão grande que as batidas ecoavam nos ouvidos de , quando ela tomou posição novamente com a sua arma preparada, John deu um leve aperto em seu braço. Ambos sabiam o significado daquele gesto tão simples, mas que tinha um significado enorme. Com isso, houve mais disparos em outras direções, mas pareciam estar direcionados para outra parte da equipe.
- Dois à esquerda já eram. - Ouviu a voz de Lake no comunicador.
A agente e seu parceiro, começaram a seguir até o galpão, armas engatilhadas e passos silenciosos. Ela focou no caminho a frente e John foi dando cobertura em suas costas.
Assim que estavam dentro, pararam no mesmo instante com a cena: o cara que havia fugido após o parceiro ser baleado, segurava uma jovem com uma arma em sua cabeça e outra, estava apontada em direção ao grupo de mulheres que estavam amarradas no chão. O homem estava com uma expressão nervosa, as mãos trêmulas.
Ela sabia que a cabeça do homem estava na mira de John, mas seria muito arriscado. Ainda teria tempo de efetuar algum disparo contra as mulheres, principalmente, a que estava em seu aperto.
- Larguem as armas ou eu mato elas! - Gritou nervoso. - Agora! - Insistiu.
A agente ergueu o fuzil indicando para o sequestrador e colocou no chão, ao seu lado, John fazia o mesmo.
- Chutem para cá! Anda! - Ergueu a pistola que estava apontada para o grupo e apertou o gatilho, uma das jovens foi atingida na perna. Começou a chorar de dor.
Sangue ferveu nas veias de , fazendo com que mordesse os lábios para não xingá-lo. Um movimento no corredor acima, chamou a atenção da agente e discretamente verificou ser Lake, mirando na cabeça do homem.
O coração da agente estava disparado, as mãos suavam frio. Era preciso muito autocontrole para manter as emoções no lugar em uma situação como aquela. As vidas estavam em suas mãos.
- Só queremos elas. - Indicou com um gesto de cabeça, as mãos para o alto. Se tivesse uma brecha, Lake seria capaz de derrubá-lo. - Deixaremos você partir. - Mentiu.
Se dependesse dela, ele conheceria o inferno.
O cara estava tão nervoso que suor escorria livremente por seu rosto, o cabelo grudando na testa. A moça que estava com a arma apontada para sua cabeça, permanecia em silêncio, lágrimas molhavam seu rosto. encarou-a, tentando transmitir confiança pelo olhar.
O homem riu.
- Eu não vou partir.
Tudo aconteceu muito rápido. Um novo tiroteio estourou dentro do galpão e a única reação de foi correr até o homem. Como ele também foi surpreendido pelos novos disparos, a jovem conseguiu se libertar e correr enquanto a agente se lançou sobre ele. Começou uma luta para arrancar a arma da mão dele, ambos rolando no chão poeirento. Quando ela torceu a mão dele que segurava a arma em direção a barriga, ele apertou o gatilho e acabou disparando contra si mesmo.
Num primeiro momento, ela respirou aliviada, largando o corpo morto à sua frente, mas houve outro disparo e logo, sentiu uma ardência no topo de seu peito. Quando olhou para baixo, viu uma ferida aberta no lado direito de seu peito, sangue vazando rapidamente. A dor foi tomando conta de seu corpo, a mente embaralhando, mergulhando na confusão enquanto se arrastava pelo chão do galpão. A visão embaçou, tudo parecia deixá-la tonta, as mãos manchadas pelo sangue e grudadas com terra. Tentou fazer pressão na ferida, mas sentia-se sem força, o corpo ficando cada vez mais pesado.
- ! - Ela ouviu um grito masculino e em seguida, esforçou-se para manter os olhos abertos.
O rosto de John ficou desfocado enquanto a vida esvaia-se de seu corpo, tudo que ele falava parecia não penetrar em seus ouvidos. Seu olhar foi atraído para cima, uma forte luz dourada que reconheceu ser o Sol estava acompanhada por uma silhueta brilhante. As lágrimas encheram seus olhos e começaram a escorrer, tinha consciência que o homem falava com ela, mas não conseguia ouvir, pois sua atenção estava presa a silhueta dourada a sua frente. Uma mão feminina foi estendida em sua direção, bem acima de seu corpo caído.
- V-você… - Tomou fôlego para continuar, a garganta seca. - Veio.
Sentiu os braços de John apertaram seu tronco, acompanhados de tremores, mas ela não conseguia reagir, mesmo que soubesse que deveria se despedir. A emoção de estar frente a frente daquela silhueta, arrancou qualquer preocupação ou consciência de que estava à beira da morte. O que importava era que ela estava ali, estariam juntas pela eternidade, todo o sofrimento e a dor da saudade seriam esquecidas pelos longos anos de distância.
- É claro, irmãzinha. - Ela sorriu divertida e segurou a mão da irmã, erguendo-a do chão. - Ou achou que me esqueceria de você?
encarou as mãos unidas, o calor reconfortante do toque da caçula e depois, encarou o próprio corpo. Estavam de pé no lado de fora do galpão, o corpo físico da agente estava caído ensanguentado enquanto John chorava com ela em seus braços. A dor e compreensão pelos fatos detonaram a sua mente, entendeu que a morte tinha chegado. Ela estava morta.
- Estamos juntas agora. - Liv murmurou feliz, apertou a mão da mulher delicadamente.
A agente olhou ao redor, a sua equipe reunida velando o seu corpo enquanto uma movimentação acontecia ao redor com ambulâncias e viaturas. Uma cena chamou sua atenção, avistou duas jovens muito parecidas abraçadas chorando baixinho enquanto encaravam o corpo dela no chão. Havia cumprido sua promessa, o seu ser ficando em paz.
- Temos que partir, chegou a nossa hora. - Liv falou e seu tom chamou a atenção da irmã que a encarou e seguiu a direção de seu olhar. O Sol nascia no céu e parecia atraí-la, uma força que parecia puxá-la feito um imã. - Tudo bem? - A caçula voltou a encará-la esperando uma resposta.
- Estou melhor. - Soltou calmamente com um sorriso. - Muito melhor agora. - Olhou para a equipe que considerava sua segunda família, mirou cada rosto e voltou a atenção para a irmã, apertou levemente a mão. - Estamos juntas agora.
O brilho que dominava a pele de Liv espalhou-se para o corpo de , aos poucos começaram a flutuar, o olhar concentrado no Sol enquanto seguiam a caminho do para sempre.
And now it feels so amazing
E agora parece tão incrível
Can see you coming
Pode vê-la chegando
And we'll never grow old again
E nós nunca vamos envelhecer de novo
You'll find us chasing the sun
Você vai nos encontrar perseguindo o sol
Ela sabia o risco que corria a cada missão, mas amava a profissão que havia escolhido como agente do governo e a consciência de que sua família, amigos e desconhecidos poderiam caminhar tranquilos, todos os dias, acalmava o seu coração e trazia toda a satisfação que o dinheiro jamais traria. Perdeu pessoas importantes o suficiente para a violência, o caos do mundo e não se permitiria ficar sentada sem fazer nada por outros inocentes.
Inclinou o corpo até ser possível enxergar a frente, a visão esverdeada sem qualquer sinal de emissão de calor. Apressou-se para sair do esconderijo até encontrar outro mais à frente, atrás de si, sua equipe seguia o mesmo procedimento. Naquele lado mais vazio do porto, ouvia-se apenas o barulho dos guindastes trabalhando para levantar as mercadorias que deveriam ser despachadas em um imenso navio.
- Entra! Anda logo! - A voz masculina gritou e chamou a atenção da agente que se manteve escondida, atenta a uma oportunidade de verificar a cena. - Se derem um pio, acabo com vocês. - Ameaçou.
O sangue dela ferveu com a suspeita de que fossem um de seus alvos que embarcavam as vítimas. Esticou o pescoço com o máximo de cuidado para não fazer barulho, o fuzil firme em suas mãos. Formatos de corpos tingidos de vermelho pela emissão de calor apareceram em sua visão, dois homens com armas parecidas com a dela e cerca de sete corpos em pé, provavelmente, dentro de um container. Teriam que ter cuidado com a troca de tiros ou poderiam atingir inocentes, por isso, deveriam esperar pelo momento certo de agir.
- Dois S, sete V. - Sussurrou no rádio de comunicação. - John, atento.
John posicionou-se no container à esquerda de , mirou silenciosamente, aguardando um sinal.
Ele confirmou a posição.
Ambos sabiam que não poderiam atirar em apenas um dos sequestradores ou poderiam permitir que o outro, fizesse reféns para se safar. Permaneceram atentos, até que um deles murmurou algo e se afastou.
- Mantenham posição. - Sussurrou novamente.
A agente respirou fundo, jogou o fuzil para as costas e sacou uma faca, preparando-se para agir. Esgueirou-se silenciosamente, ziguezagueando para manter-se nas sombras, evitando que o som dos seus passos denunciasse a sua localização. Assim que estava próxima o suficiente, conferiu ao redor novamente e viu o posicionamento do sequestrador que fumava um cigarro tranquilamente, nem parecia que estava com várias mulheres jogadas a sua frente chorando silenciosamente. Estava alheio demais ao seu redor para perceber a chegada de que como um fantasma, surgiu por trás e envolveu um dos braços através do pescoço masculino que com o susto deixou o cigarro cair no chão.
A faca posicionou-se em sua traqueia e mesmo que odiasse aquela decisão, ela deveria fazê-lo ou corria o risco de ter toda sua equipe reconhecida, pondo as vítimas em perigo. Por isso, guardou suas emoções dentro de uma caixinha e focou em finalizar sua missão. Ele tentou se livrar do aperto, mas ela tinha mais treinamento e conseguiu mantê-lo preso, até que cortou sua garganta sem qualquer piedade. Deixou-o cair no chão enquanto a vida esvaia-se de seu corpo. Ela limpou a faca no tecido da calça e guardou-a. Segurou o fuzil novamente e olhou para a enorme porta do container aberta a sua frente, as sete vítimas estavam encolhidas e choravam baixinho.
- Viemos resgatar vocês, mas preciso que me ajudem a saírem em segurança. - Aproximou-se o máximo possível para que pudessem ouvir suas palavras. - A Sally e o Marco irão levá-las, só precisam do máximo de silêncio possível.
- Eu… Não vou. - Uma voz feminina trêmula anunciou, chamando a atenção de . - A minha irmã está lá dentro com aqueles… Aqueles…
Ela não queria se lembrar, não naquele momento, mas a dor tão conhecida e companheira por anos, espetou seu coração. Sabia o que a mulher a sua frente estava sentindo, pois compartilhava do mesmo sentimento.
Tentou manter a postura confiante, mesmo que as lembranças quisessem escapar para sua mente.
- Qual o nome dela?
- Louise.
- Eu vou trazê-la em segurança. - Falou firme, mesmo que estivesse prestes a ruir por dentro. - Eu prometo.
O outro capanga voltaria logo e elas precisavam estar longe.
Sally apareceu ladeada por Marco. Todo o plano tinha sido feito antes do início da missão, por isso eles sabiam exatamente o que fazer. Sinalizaram para que as mulheres seguissem para fora.
se afastou para dar cobertura, observando todos os lugares e em seguida, John apareceu para fazer o mesmo. Quando o grupo estava seguindo para a segurança, um tiro foi disparado e agente avistou, há alguns metros à frente, um homem armado acompanhado de outras mulheres. Ela correu para se proteger dos disparos e logo, teve a visão de mais homens armados espalhados. Agachou-se atrás de uma pilha de sacos e agarrou o rádio comunicador.
- Cessar fogo. - Repetiu duas vezes.
Parte dos disparos pararam no mesmo instante.
Tirou os óculos de visão noturna e espremeu-se com cuidado, até conseguir enxergar o lugar. Não conseguiu localizar os inimigos, ficando claro que haviam procurado abrigo, tornando a missão mais complicada. Respirou fundo algumas vezes tentando acalmar o coração que batia agitado em seu peito pela adrenalina do momento. Esforçou-se para recordar todas as informações necessárias para prosseguir. No lado externo, embarcando as vítimas, havia dois homens e um deles partiu, restando o que ela matou. Sete vítimas foram libertadas, mas teria uma segunda remessa que foram buscar e por isso, deviam ter ficado dois ou três homens aguardando-as dentro do galpão. Foram 23 desaparecimentos ao longo de três meses, mas será que todas permaneceram vivas até aquele dia? Ela contava que sim. Restavam 16 mulheres em poder dos sequestradores, ela acreditava ser capaz de tirá-las com vida das mãos dos crápulas. Precisava se dividir e invadir com tudo, encurralando-os.
Agarrou novamente o comunicador, repetindo três vezes o mesmo comando.
- Dividir e conquistar.
Observou ao redor novamente, respirou fundo e avistou John vindo para a sua direção. Assim que o homem tomou a posição ao seu lado, fizeram um gesto afirmativo com a cabeça e em seguida, movimentaram-se, revezando a cobertura um para o outro.
Tiros foram disparados em direção a eles, mas não conseguiram identificar de onde. Continuaram a movimentação por todo o Porto até a poucos metros, surgiram dois atiradores, recomeçando o tiroteio. Um deles caiu com um disparo na barriga e outro, fugiu para dentro do galpão.
A adrenalina era tão grande que as batidas ecoavam nos ouvidos de , quando ela tomou posição novamente com a sua arma preparada, John deu um leve aperto em seu braço. Ambos sabiam o significado daquele gesto tão simples, mas que tinha um significado enorme. Com isso, houve mais disparos em outras direções, mas pareciam estar direcionados para outra parte da equipe.
- Dois à esquerda já eram. - Ouviu a voz de Lake no comunicador.
A agente e seu parceiro, começaram a seguir até o galpão, armas engatilhadas e passos silenciosos. Ela focou no caminho a frente e John foi dando cobertura em suas costas.
Assim que estavam dentro, pararam no mesmo instante com a cena: o cara que havia fugido após o parceiro ser baleado, segurava uma jovem com uma arma em sua cabeça e outra, estava apontada em direção ao grupo de mulheres que estavam amarradas no chão. O homem estava com uma expressão nervosa, as mãos trêmulas.
Ela sabia que a cabeça do homem estava na mira de John, mas seria muito arriscado. Ainda teria tempo de efetuar algum disparo contra as mulheres, principalmente, a que estava em seu aperto.
- Larguem as armas ou eu mato elas! - Gritou nervoso. - Agora! - Insistiu.
A agente ergueu o fuzil indicando para o sequestrador e colocou no chão, ao seu lado, John fazia o mesmo.
- Chutem para cá! Anda! - Ergueu a pistola que estava apontada para o grupo e apertou o gatilho, uma das jovens foi atingida na perna. Começou a chorar de dor.
Sangue ferveu nas veias de , fazendo com que mordesse os lábios para não xingá-lo. Um movimento no corredor acima, chamou a atenção da agente e discretamente verificou ser Lake, mirando na cabeça do homem.
O coração da agente estava disparado, as mãos suavam frio. Era preciso muito autocontrole para manter as emoções no lugar em uma situação como aquela. As vidas estavam em suas mãos.
- Só queremos elas. - Indicou com um gesto de cabeça, as mãos para o alto. Se tivesse uma brecha, Lake seria capaz de derrubá-lo. - Deixaremos você partir. - Mentiu.
Se dependesse dela, ele conheceria o inferno.
O cara estava tão nervoso que suor escorria livremente por seu rosto, o cabelo grudando na testa. A moça que estava com a arma apontada para sua cabeça, permanecia em silêncio, lágrimas molhavam seu rosto. encarou-a, tentando transmitir confiança pelo olhar.
O homem riu.
- Eu não vou partir.
Tudo aconteceu muito rápido. Um novo tiroteio estourou dentro do galpão e a única reação de foi correr até o homem. Como ele também foi surpreendido pelos novos disparos, a jovem conseguiu se libertar e correr enquanto a agente se lançou sobre ele. Começou uma luta para arrancar a arma da mão dele, ambos rolando no chão poeirento. Quando ela torceu a mão dele que segurava a arma em direção a barriga, ele apertou o gatilho e acabou disparando contra si mesmo.
Num primeiro momento, ela respirou aliviada, largando o corpo morto à sua frente, mas houve outro disparo e logo, sentiu uma ardência no topo de seu peito. Quando olhou para baixo, viu uma ferida aberta no lado direito de seu peito, sangue vazando rapidamente. A dor foi tomando conta de seu corpo, a mente embaralhando, mergulhando na confusão enquanto se arrastava pelo chão do galpão. A visão embaçou, tudo parecia deixá-la tonta, as mãos manchadas pelo sangue e grudadas com terra. Tentou fazer pressão na ferida, mas sentia-se sem força, o corpo ficando cada vez mais pesado.
- ! - Ela ouviu um grito masculino e em seguida, esforçou-se para manter os olhos abertos.
O rosto de John ficou desfocado enquanto a vida esvaia-se de seu corpo, tudo que ele falava parecia não penetrar em seus ouvidos. Seu olhar foi atraído para cima, uma forte luz dourada que reconheceu ser o Sol estava acompanhada por uma silhueta brilhante. As lágrimas encheram seus olhos e começaram a escorrer, tinha consciência que o homem falava com ela, mas não conseguia ouvir, pois sua atenção estava presa a silhueta dourada a sua frente. Uma mão feminina foi estendida em sua direção, bem acima de seu corpo caído.
- V-você… - Tomou fôlego para continuar, a garganta seca. - Veio.
Sentiu os braços de John apertaram seu tronco, acompanhados de tremores, mas ela não conseguia reagir, mesmo que soubesse que deveria se despedir. A emoção de estar frente a frente daquela silhueta, arrancou qualquer preocupação ou consciência de que estava à beira da morte. O que importava era que ela estava ali, estariam juntas pela eternidade, todo o sofrimento e a dor da saudade seriam esquecidas pelos longos anos de distância.
- É claro, irmãzinha. - Ela sorriu divertida e segurou a mão da irmã, erguendo-a do chão. - Ou achou que me esqueceria de você?
encarou as mãos unidas, o calor reconfortante do toque da caçula e depois, encarou o próprio corpo. Estavam de pé no lado de fora do galpão, o corpo físico da agente estava caído ensanguentado enquanto John chorava com ela em seus braços. A dor e compreensão pelos fatos detonaram a sua mente, entendeu que a morte tinha chegado. Ela estava morta.
- Estamos juntas agora. - Liv murmurou feliz, apertou a mão da mulher delicadamente.
A agente olhou ao redor, a sua equipe reunida velando o seu corpo enquanto uma movimentação acontecia ao redor com ambulâncias e viaturas. Uma cena chamou sua atenção, avistou duas jovens muito parecidas abraçadas chorando baixinho enquanto encaravam o corpo dela no chão. Havia cumprido sua promessa, o seu ser ficando em paz.
- Temos que partir, chegou a nossa hora. - Liv falou e seu tom chamou a atenção da irmã que a encarou e seguiu a direção de seu olhar. O Sol nascia no céu e parecia atraí-la, uma força que parecia puxá-la feito um imã. - Tudo bem? - A caçula voltou a encará-la esperando uma resposta.
- Estou melhor. - Soltou calmamente com um sorriso. - Muito melhor agora. - Olhou para a equipe que considerava sua segunda família, mirou cada rosto e voltou a atenção para a irmã, apertou levemente a mão. - Estamos juntas agora.
O brilho que dominava a pele de Liv espalhou-se para o corpo de , aos poucos começaram a flutuar, o olhar concentrado no Sol enquanto seguiam a caminho do para sempre.
E agora parece tão incrível
Can see you coming
Pode vê-la chegando
And we'll never grow old again
E nós nunca vamos envelhecer de novo
You'll find us chasing the sun
Você vai nos encontrar perseguindo o sol
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.