Finalizada em: 18/05/2017

Capítulo Um - Diamonds

O que dizer sobre uma cidade em que coisas interessantes só acontecem à noite?!

Conhecida como a cidade do homem morcego, Gotham era repulsiva e atrativa ao mesmo tempo, para todos que levam uma vida criminosa. Felizmente este não é o caso da minha família, apesar do meu marido representar setenta por cento da economia que mantém aquela cidade, e ser um atrativo para bandidos e ladrões.

Confesso que não é fácil ser esposa de Bruce Wayne, ainda mais com alguns paparazzi rondando, desagradável até mesmo ir ao shopping sem ser vigiada. Eu ainda não conseguia assimilar tudo, afinal nosso matrimônio nasceu puramente de uma promessa feita há anos por nossos pais, o que significa que inclui muitos negócios financeiros do passado entre minha família e as Indústrias Wayne no pacote.

Contudo, estava eu recém-casada voltando de uma breve lua de mel em Paris, a partir daquele momento eu iria conviver com o homem mais rico de Gotham City, mais rico e mais estranho. Seria complicado conseguir conviver com um playboy, que passa seus dias gastando a herança deixada pelos pais e deixa sua empresa nas mãos de funcionários. Pelo menos o senhor Fox era digno de confiança.

Mas enfim, eu estava ali no segundo maior quarto da mansão, guardando minhas coisas no closet, demorei um pouco pois havia levado praticamente todas as minhas coisas. Deixei algumas roupas que não usava mais na casa dos meus pais, tinha o propósito de vendê-las futuramente em um bazar beneficente.

— Senhora Wayne, posso entrar? — perguntou uma voz vinda da porta.
— Ah, sim Alfred. — eu dei alguns passos para fora do closet — O que houve?
— Vim para saber se a senhora está bem instalada, precisa de algo a mais?
— Hum, não. — dei um sorriso singelo — Estou muito bem obrigada, só preciso me acostumar com a nova rotina.
— Tenho certeza que a senhora irá se adaptar. — assegurou ele — Se precisar de algo, basta me chamar.
— Agradeço.

Ele se curvou de leve e saiu do quarto, respirei um pouco mais fundo e me voltei para a janela central do quarto, o sol já estava se pondo, certamente eu tinha perdido muito tempo organizando minhas coisas. Saí do quarto e após caminhar pelo longo corredor do segundo andar, desci as lanças da escada cheguei a grande sala de estar, Bruce estava sentado na poltrona perto da lareira lendo seu jornal.

A primeira característica que tinha descoberto sobre ele, sempre lia o jornal, principalmente a parte do folhetim policial. Acho que aquilo poderia ser por causa da morte dos seus pais, eu não sabia muita coisa da história, mas imaginava que ele não era uma pessoa muito feliz devido a essa tragédia.

— Espero que esteja bem instalada. — disse ele com seu tom de voz baixo porém firme, mantendo sua atenção no jornal.
— Sim. — assenti dando alguns passos até o sofá que ficava de frente a lareira, me sentei de forma silenciosa mantendo minha atenção voltada para o fogo.
— Agora você é dona desta casa tanto quanto eu, se quiser alterar alguma coisa basta falar com o Alfred. — continuou ele.
— Eu gosto de como está. — retruquei — Parece mais familiar para você.
— E não deveria ser familiar para você? — ele fechou o jornal e me olhou.
— Logo vou me acostumar, então em breve será. — eu me levantei — Devo contar com meu marido para o jantar?
— Talvez. — ele se levantou e seguiu em direção a biblioteca.

Eu não sabia como me aproximar dele, Bruce possuía um olhar enigmático combinado a um sorriso malicioso, além de uma grande fama de conquistador, antes de o conhecer oficialmente. O que sempre lia nos jornais sobre ele, era de como aproveitava suas noites em casas noturnas e de como sempre andava com o carro cheio de mulheres.

Porém agora que estava casado, eu não sabia como ele começaria a agir, apesar do nosso casamento ser arranjado, já estava consumado e eu era oficialmente a senhora Wayne. Pensar sobre isso me fazia lembrar da minha primeira noite com ele, eu estava tão nervosa e assustada, fiquei surpresa de como ele me tratou com um perfeito cavalheiro.

— Senhora Wayne. — disse Alfred ao entrar na sala.
— Sim!? — eu o olhei.
— Deseja algo em especial para o jantar de hoje?
— Hum, eu não havia pensado sobre isso. — respirei fundo, era estranho uma simples pergunta me deixar confusa — O que o Bruce costuma comer?
— Bem, o senhor Bruce não costuma jantar muito, mas sempre se alimenta a noite. — respondeu ele.
— Acho que não precisa se preocupar, talvez ele nem fique em casa esta noite. — eu me afastei um pouco em direção a escadas.

Voltei para meu quarto, eu já estava sentindo que minha noite seria longa e naquele quarto, caminhei até a escrivaninha e peguei o livro que tinha deixado sobre ela. Me sentei um pouco inclinada em minha cama, abri o livro na página onde parei e comecei a ler.

Poderia ser horas proveitosas e leitura, porém minutos depois acabei adormecendo.

 

Selina Kyle - on

 

Aquela era uma bela noite, propícia para me divertir um pouco pelas interessantes ruas de Gotham, já estava sentindo falta de um pouco de adrenalina de verdade em minha vida, após ficar tanto tempo parada. Estava seguindo pela rua secular, até chegar na esquina do Beco do Crime, eu precisava ver os velhos amigos e saber das novidades.

As coisas aconteciam muito rápido em Gotham, assim como também estava um pouco complicado manter-se no crime, principalmente por causa do tal Batman. Eu ainda não tinha tido o prazer de esbarrar nesse morcego, mas estava curiosa para vê-lo de perto e tirar minhas próprias conclusões.

— Ora, ora, ora, quem está de volta a Gotham City. — disse uma voz sinuosa atrás de mim.
— A boa filha a casa retorna. — eu disse mantendo meu olhar em um grupo de homens que fumavam mais à frente.
— Boa? — ele riu ironicamente — Por onde estava andando?
— Curtindo minhas férias. — eu ri — E você Pistoleiro? Como saiu da cadeia, novamente?
— Digamos que tive um bom comportamento. — ele riu também — Soube das novidades?
— Estou na cidade a poucas horas, de quais novidades está falando?
— Do homem morcego. — respondeu ele num tom amargo — Ele voltou a cidade, depois de alguns meses fora.
— Batman, eu li sobre ele nos jornais de Metropolis.
— Então era lá que estava passando suas férias? — indagou ele.
— Talvez. — eu suspirei um pouco — Mas, você sabe o motivo para ele ter sumido por tanto tempo?
— Ninguém sabe, só que ele desapareceu pouco depois que ajudou a prender o Joker.
— Ah, nosso rei tinha que estar envolvido. — eu ri de leve — Será que o morceguinho achou que o crime acabaria?
— Talvez, não sei, só acho que você também deveria tomar cuidado. — alertou ele.
— Quantas mulheres além de mim você está vendo aqui? — eu me virei para ele, arqueando minha sobrancelha direita.
— Sei que você é diferente de todas que já tentaram se estabelecer em Gotham, mas vamos combinar que a cada dia fica mais tenso com esses heróis idiotas. — argumentou ele.
— Eles e nada para mim dá no mesmo. — desdenhei um pouco.
— Mas você se esqueceu da rainha Harley Quinn. — disse ele com prepotência.
— A Arlequina?! — eu ri — Aquela louca só se sente poderosa ao lado do rei.
— Modere suas palavras, as paredes tem ouvido e você sabe como o soberano age quando falam da mulher dele.
— O Joker está plenamente destronado, uma carta fora do baralho, como você muito bem me informou. — eu suspirei um pouco — Mas atualmente, você sabe quem está comandando? Quem é o novo rei do crime?
— Um ser estranho chamado Dimitri.
— Pelo menos o nome é bonito. — eu ri — Nossa conversa está muito boa, mas tenho outras coisas em mente para fazer esta noite.
— Está pensando em algum lugar específico?
— Eu soube de uma exposição maravilhosa de pedras preciosas, na galeria de arte das Indústrias Wayne. — respondi com satisfação.
— Hum, está mexendo em um vespeiro, da última vez que alguém invadiu um lugar da família Wayne toda a polícia ficou atrás.
— Se for para retornar, tem que ser em grande estilo. — eu virei minha face para frente sorrindo — Além do mais, quero ter a oportunidade de conhecer o tal morcego.
— Está querendo brincar com fogo? — perguntou ele.
— Eu nasci do fogo. — olhei de relance para ele e segui em direção ao norte — Além do mais, gatos possuem muitas vidas.

Minha meta estava traçada, assim que passei pelos homens que estavam fumando, eles mexeram um pouco comigo, me dando boas-vindas pela minha volta. Eu já tinha estudado toda a planta interna e externa do prédio, que para minha surpresa tinha uma arquitetura bem futurista.

Como sempre, entrei pela porta da frente e instantaneamente o alarme disparou, como de costume eu esperava por isso. Andei pelo saguão central até chegar nas escadas que davam para o segundo andar, subi sinuosamente as escadas e caminhei em direção ao salão que estava acontecendo a exposição.

Eu comecei a olhar pelas mesas de exposição, cada uma de uma espécie de pedra diferente, estava me decidindo que eu iria pegar primeiro. Parei por um momento da mesa em que vários tipos de esmeraldas estavam expostas, sibilei um pouco olhando aquelas pedras diante de mim.

Até que comecei a ouvir uma certa movimentação vinda atrás de mim, era os seguranças do prédio que tinham vindo do estacionamento por causa do alarme que tocava continuamente. Eu me com um leve sorriso nos lábios, haviam dois seguranças, ambos armados apontando para mim suas armas.

— Parada aí senhorita. — disse o mais gordinho.
— Mas eu não estou andando. — retruquei com ironia.
— O que a senhora está fazendo aqui? — perguntou o outro mais alto.
— Estava apreciando a exposição. — respondi com deboche — Está tão linda que não resisti a tentação.
— Senhorita, se afaste das pedras. — disse o gordinho.
— Com prazer. — eu sorri indo em direção a eles.

Assim que cheguei perto o bastante, levantei minhas mãos lentamente, o policial mais alto guardou sua na arma no coldre e veio até mim. Assim que ele retirou um lenço de seu bolso para amarrar minhas mãos, eu dei um giro completou pegando sua arma e lançando minha perna nele, o derrubando no chão.

Assim eu apontei para o segurança gordinho, dando um sorriso de canto malicioso.

— Eu te convido a largar isso e sair daqui. — eu olhei bem no fundo dos seus olhos, dava para perceber que era um homem covarde — Eu juro que não conto para ninguém.

Sem pensar duas vezes ele largou sua arma no chão e saiu correndo. Eu joguei a arma que estava em minha mão longe, e continuei rindo voltando meu olhar para a mesa que estava as pérolas. Porém como uma atração magnética meu olhar seguiu até o grande diamante que estava exposto no centro do salão, meu olhar estava atento aquela pedra magnífica, mas não significava que não estava atenta a tudo ao meu redor.

— Está atrasado senhor morcego. — disse sentindo a presença dele.
— Você não deveria fazer o que está pensando. — disse aquele voz grossa que fazia meu corpo se arrepiar.
— Então, você é o homem que veio aqui me educar? — mantive meu olhar em direção ao diamante — Acho que está acostumado com criminosos desqualificados, mas eu não sou uma qualquer.
— Você é o que? — um homem apareceu diante de mim como um piscar de olhos — Uma mulher atrás de uma máscara?
— Hum?! — eu ri debochadamente — Olha só quem fala senhor morcego, não sou louca e idiota com a Arlequina, você não vai atrapalhar meus planos.
— Quer apostar?
— Aquele diamante! — eu apontei para a pedra — No final desta noite, será meu.

Selina Kyle – off

 

"So shine bright, tonight, you and I
We're beautiful, like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We're beautiful, like diamonds in the sky."
- Diamonds / Rihanna


Capítulo Dois - Umbrella

Eu acordei com uma forte dor de cabeça, parecia que eu não tinha dormido bem à noite, me espreguicei um pouco e me levantei da cama. A primeira coisa que pensei em fazer era uma ducha quente para ver se os músculos do meu corpo voltasse ao lugar, certamente meu corpo tinha estranhado o colchão. Apesar da cama ser nova e muito confortável, claro que eu não conseguiria dormir bem na primeira noite naquela casa.

Após sair do banheiro, entrei no closet e fiquei olhando para as prateleiras, demorou um pouco para me decidir o que vestiria, voltei para o quarto e olhei pela janela, estava um lindo sol de outona. Mesmo com as folhas caindo das árvores, a paisagem continuava linda no jardim da mansão, linda a ponto de Alfred servir um café da manhã ao ar livre.

Retornei ao closet e coloquei um vestido floral com tonalidades de amarelo, prendi meu cabelo e coloquei o colar que minha mãe havia me dado de presente. Saí do quarto em direção ao jardim, Alfred estava parado perto da mesa preparada, Bruce ainda não havia acordado pelo que aparentava.

— Bom dia Alfred. — disse ao me sentar.
— Bom dia senhora Wayne. — disse ele começando a me servir.
— Por favor, me chame somente de . — disse a ele dando um sorriso suave — Não me acostumei ainda com este sobrenome, Wayne se tornou uma palavra muito forte na minha vida.
— Imagino. — assentiu ele despejando um pouco de suco em meu copo — A senhora teve uma noite confortável?
— Um pouco, meu corpo estranhou a cama, mas logo vou me adaptar. — eu suspirei um pouco — Por acaso você sabe quando o Bruce retornou?
— Não senhora, eu já havia me recolhido pouco depois que ele saiu. — respondeu ele de uma forma estranha como se estivesse pensando nas palavras para dizer.
— Bem, acho que terei que ver os jornais para saber. — suspirei fraco.
— Tenho certeza que o padrão Bruce não faria nada que pudesse manchar sua imagem senhora.
— Todos esperamos isso.
— Esperam o que? — perguntou Bruce ao se aproximar de nós.
— Sua presença na mesa do café. — disse de imediato — Bom dia.
— Bom dia. — disse ele se sentando, estava de óculos escuros e bocejava um pouco.

Certamente sua noite havia sido em claro, mas na companhia de quem? Tentei não manter minha atenção nele, mas quanto mais eu desviava meu olhar, mais eu queria analisar suas expressões faciais e corporais. Alfred o serviu de imediato e logo Bruce pegou seu jornal, começando a folhear tranquilamente.

— Eu ouvi o som do seu carro ontem à noite. — comecei minhas indagações — Foi a algum lugar em especial?
— Não, só precisava respirar ar puro. — respondeu ele.
— Imagino. — respirei fundo — Noites de outono são bem refrescantes.
— Aonde quer chegar? — perguntou ele fechando o jornal e me olhando.
— A lugar nenhum. — desviei meu olhar para Alfred que atendia uma ligação.
— Patrão Bruce, para o senhor. — disse ele entregando o telefone.
— Sim. — disse Bruce ao atender se levantando e se afastando.
— De onde era? — perguntei ao Alfred.
— Das Indústrias Wayne. — respondeu ele.
— Algum problema? — indaguei.
— Me parece que alguma coisa aconteceu na galeria de arte empresa.
— Hum. — voltei meu olhar para Bruce.

Até então eu não tinha percebido nada de diferente nele, porém pouco embaixo do seu queixo tinha dois riscos como se tivesse sido arranhado.

— Alfred peça para preparar meu carro, após o café irei a empresa.
— Sim padrão Bruce. — Alfred se afastou de nós.
— Você se machucou? — perguntei a ele.
— O que? — ele olhou para mim surpreso pela pergunta.
— Você se machucou? — repeti a pergunta.
— Bem. — ele elevou a mão até o arranhado — Ah, isso foi com a lâmina de barbear, nada demais.
— Hum. — eu não estava convencida com aquela explicação falsa.

Aquele machucado tinha mesmo características de um arranhado feito com garras, traduzindo certamente era de unhas femininas. Mesmo não querendo, aceitei sua explicação, ele já teria muitos problemas na empresa, para ter que se preocupar com sua esposa talvez ciumenta. Ele terminou de tomar seu café tranquilamente, antes de se retirar me deu um beijo suave no alto da minha testa.

Eu não sabia definir o porquê ele tinha feito aquilo, talvez para que eu não pensasse em besteiras como traição, ou somente porque de alguma forma ele queria se aproximar de mim. O fato era que Bruce não queria forçar nenhum tipo de vínculo entre nós, apesar do nosso casamento ter sido meio que forçado, ele era muito cavalheiro para me obrigar a ter lago com ele.

Assim que Alfred retornou eu pedi para que preparasse outro carro para mim, eu queria saber de perto o que tinha acontecido na noite anterior. Dirigi em direção a galeria, assim que cheguei tinha faixas de isolamento e alguns policiais e peritos ainda examinando a área, para minha surpresa Bruce ainda não havia chegado.

— Senhora Wayne. — disse o comissário Gordon ao se aproximar.
— Bom dia comissário. — o cumprimentei dando um sorriso — Como está sua esposa?
— Muito bem, obrigado. — ele deu um suspiro parecendo estar preocupado — A senhora veio para ver o que aconteceu?
— Talvez, bem Bruce recebeu uma ligação mais cedo, senti que precisava entender também o que houve.
— Hum. — assenti ele com a face.
?! — disse uma voz atrás de mim, era ele, meu marido.
— Bruce. — olhei para trás.
— O que está fazendo aqui? — perguntou ele.
— Basicamente o mesmo que você. — respondi enigmaticamente — Pensei que já estivesse aqui.
— Passei na empresa primeiro. — ele olhou para o senhor Gordon — Bom dia comissário.
— Bom dia senhor Wayne. — o comissário respirou fundo — Já que ambos estão aqui, gostaria que vissem uma coisa.

O comissário Gordon nos levou até a sala dos segurança e nos fez assistir a fita de vídeo da câmeras de segurança. Algo inacreditável, uma mulher com trajes de couro com uma máscara preta cobrindo parte de seu rosto, entrando na galeria e seguindo em direção ao segundo andar.

— Ela age como se o alarme não fosse o problema. — sussurrei de leve.
— É assim que ela trabalha senhora Wayne, uma boa forma de confundir seus rivais e a própria polícia. — explicou o comissário Gordon — Nas ruas a chamam de Selina Kyle a Mulher Gato.
— Impressionante. — disse ao ver ela pegando a arma do policial — Ela é bem rápida.
— O mais impressionante está por vir. — garantiu o comissário.
— O que tem mais? — perguntou Bruce.
— Isso! — assim que o comissário apontou para a tela o Batman apareceu no vídeo.

Foi como um piscar de olhos, eles estavam conversando e começaram a lutar de forma harmoniosa como se estivessem seguindo o ritmo de uma dança clássica. A forma com que a tal mulher gato conseguia se desviar com agilidade, usando a força do homem morcego contra ele mesmo era impressionante e difícil de descrever.

De alguma forma, lá no fundo eu comecei a admirar aquela mulher, por mais que ela estivesse do lado errado.

— No final, parece que ela conseguiu levar o que queria. — comentei assim que o comissário pausou o vídeo.
— Sim. — assentiu ele — Não é à toa que ela se compara a um felino, os gatos tendem a ser assim, flexíveis, precisos e astutos.
— Mas e esse Batman? Ele vai ir atrás dela? — perguntei.
— Quem sabe. — disse Bruce desinteressado.
— Certamente sim, ele está sempre nos ajudando contra o crime em Gotham City.
— Se ele fosse mesmo útil, teria conseguido prender essa ladra. — reclamou Bruce — Eu tenho outros assuntos para me preocupar, comissário se souber de mais alguma coisa, pode se reportar ao senhor Fox.
— Como quiser senhor Wayne. — assentiu o comissário se afastando de nós.
— Não precisava ter falado daquela forma, eu não acho que o Batman seja uma pessoa inútil, pelo que leio nos jornais ele tem ajudado muito a polícia.
— Os jornais podem ser sensacionalistas às vezes. — retrucou ele.
— Sendo ou não, você não deixa de ler todos os dias. — retruquei.
— Não importa. — ele suspirou um pouco — Te aconselho a voltar para casa, as ruas de Gotham não são tão seguras assim.
— Fala isso por leu nos jornais sensacionalistas? — o perguntei ironicamente.
— Falo isso por ver pessoalmente. — respondeu ele com segurança.

Não sei porque, mas me lembrei de seus pais no mesmo momento, talvez ele estivesse preocupado comigo.

— Te vejo à noite? — perguntei.
— Provavelmente. — assentiu ele.

Selina Kyle - on

 

Lá estava eu, apreciando meu diamante mais uma vez antes de vendê-lo para o novo rei do crime, esperando por sua presença, sentada na janela de seu escritório, sentindo a lua tocar minha pele. Lancei meu olhar para a porta assim que a maçaneta se mexeu, ao abrir um homem loiro e alto entrou, analisei um pouco seu terno de marca, tinha uma postura chamativa que me lembrava mafiosos da Itália.

— Boa noite majestade. — disse cruzando minhas pernas — Estava ansiosa para conhecê-lo.
— O sentimento é mútuo. — disse ele dando alguns passos para dentro do escritório — Presumo que seja a Mulher Gato de que todos falam.
— Deixemos de formalidades, pode me chamar de Selina. — eu o olhei tranquilamente levantando o diamante em minha mão — Soube que estava ansiando por isso.
— O diamante de Gotham. — disse ele focando seu olhar na pedra — Quando soube que tinham roubado e que era você, confesso que fiquei com certa inveja, por não trabalhar para mim.
— Digamos que eu sou autônoma. — eu ri um pouco — Afinal, gatos não são domesticados.
— Ouvi sobre isso também. — concordou ele.
— Mas podemos negociar. — me afastei da janela dando alguns passos até ele — O que acha?
— Quanto você quer por ele?
— Quanto você acha que vale? — retruquei.

Dimitri caminhou até um dos quadros que estava pendurado na parede, retirando tinha um cofre atrás, após digitar rapidamente a senha, retirou de dentro uma maleta prateada. Ele se virou para mim e abriu a maleta mostrando a quantidade de dinheiro dentro, eu arqueei a sobrancelha direita, olhando todas aquelas notas.

— O que me diz?! — perguntou ele — Temos um acordo?
— Claro. — disse esticando o diamante.
— Muito bem. — ele fechou a maleta e esticou para mim.

Fizemos a troca juntos, ele tinha o que queria e eu tinha o que no momento precisava, uma troca justa, se eu mudasse de ideia, seria fácil pegar o diamante de volta afinal tinha decorado sua senha.

— Ficará por mais tempo em Gotham desta vez? — perguntou ele.
— Talvez sim, talvez não. — nem eu mesmo tinha esta certeza.
— E como poderei vê-la novamente.
— Não vai. — dei alguns passos até a janela — A menos que eu queria.

Subi na janela e pulei no beiral do prédio ao lado, movi meu corpo até alcançar a escada externa e subi até o telhado. Comecei a andar livremente pelos telhados dos prédios, até que parei em um, me posicionando em um canto escuro, fiquei observando dois homens que acusavam uma mulher em um beco qualquer.

Aquilo parecia um pouco estranho para mim, algo estava me incomodando como se não fosse exatamente uma cena real. Em instantes uma sombra passou diante dos meus olhos, quando olhei novamente lá estava o homem morcego sendo o herói da noite, de repente mais oito homens saíram de trás das lixeiras com tacos de basebol em suas mãos.

— Como eu previ, uma armadilha. — sussurrei para mim mesma — Veremos como você se sai nesta luta. — sibilei um pouco — Apesar de estar meio em desvantagem, vai ser interessante de ver isso.

Fiquei atenta aos movimentos do morcego, ele era sim muito forte e ágil, uma decepção para mim que na noite anterior consegui escapar dele com facilidade, talvez por eu ser uma mulher e ele só querer me imobiliar. Mas era impressionante vê-lo em ação, e por mais que estivesse em desvantagem, não significava muito.

De certa forma comecei até a ter pena daqueles homens que apanhavam incansavelmente, até que começaram a ficar caídos no chão, assim que Batman terminou, a mulher que estava sendo coagida correu para ele agradecendo. Mas aquilo era o que eu já esperava, a parte vital da armadilha para pegar o morcego, a mulher o abraçou e em um movimento rápido injetou algo em seu pescoço.

— Eu sabia que você estava envolvida. — ri baixo vendo o morcego começar a cambalear um pouco.

Os homens começaram a se levantar, mesmo com o corpo dolorido por terem apanhado, e pegando seus tacos começaram a bater no Batman. Eu fiquei olhando aquela cena por alguns minutos decidindo se iria ou não participar daquela pequena festa, senti até mesmo meus olhos brilharem, em uma vontade grande de interferir.

— Olá rapazes. — disse após pular do prédio, caindo em cima de uma das lixeiras — Dando uma festinha sem me convidar.
— Selina. — disse um dos homens — Isso não é problema seu, volte para o lugar de onde veio.
— Ah… Odeio quando me dizer o que eu deveria fazer. — desci da lixeira e dei alguns passos até ele.

Assim que me aproximei a mulher veio em minha direção com outra seringa em suas mãos, eu larguei minha maleta no chão e dei um giro curto pegando no braço dela, e movendo seu corpo para trás cravei minhas unhas em sua jugular. Forcei seu braços para frente até encostar a agulha no pescoço dela, retirei minhas unhas da sua jugular e peguei na agulha, ficando no seu pescoço e empurrando o líquido.

Os homens ao verem que eu fiz aquilo em poucos segundo, vieram todos para o meu lado, eu já tinha enfrentado gangues maiores, com eles não seria diferente, sempre que me desviava de um usava o outro para atingir seu próprio companheiro. Agilidade, rapidez e instinto, usar a força do meu inimigo contra ele mesmo era uma das minhas habilidades.

No final, todos estavam devidamente estirados no chão, com as marcas das minhas garras em seus corpos, eu suspirei um pouco sentindo uma mudança no tempo, logo um forte barulho veio do céu e a primeira gota caiu em meu rosto. Gatos não gostam de chuva, dei alguns passos até minha maleta e peguei, ao olhar para o lado vi ironicamente um guarda-chuva encostado na porta.

Sem cerimônias peguei o guarda-chuva e abri, por um instante pensei em sair logo dali, mas não podia perder a oportunidade.

— Ora, ora. — disse ao me aproximar do Batman e virar seu corpo com o meu pé — Me parece que você não é muito popular por aqui.
— Hum. — mesmo após injetarem algo nele, apanhar dos homens e com a face toda ensanguentada, ele ainda estava meio inconsciente — Você.
— Sim, eu. — abaixei o olhando, logo seu rosto também foi coberto por meu guarda-chuva — Acho que me deve um agradecimento. — sorri de canto.

Naquele momento estava curiosa para saber quem ele era, seria uma oportunidade única para isso.

Selina Kyle - off

 

"Quando o sol brilhar, brilharemos juntos,
Te disse que estaria aqui para sempre,
Disse que sempre seria sua amiga,
E o que eu jurei eu vou cumprir até o fim.
[...]
Você pode ficar sob meu guarda-chuva."
- Umbrella / Rihanna (feat. Jay-Z)


Capítulo Três - Love The Way You Lie

Eu acordei assustada com os trovões causados pela chuva forte, olhei para e lado e peguei meu celular, estava marcando três horas da madrugada, me espreguicei um pouco e me levantei para pegar outra coberta, estava muito frio aquela noite. Assim que retornei para o quarto, ouvi um barulho, achei estranho, mas poderia ser Bruce voltando.

Deixei o cobertor na cama, coloquei um casaco e saí do quarto, silenciosamente caminhei pelo corredor até chegar nas escadas. Eu vi um vulto de repente seguido de um trovão forte, meu corpo tremeu um pouco em reação de medo, mas respirando fundo comecei a descer as escadas.

Liguei as luzes e logo vi Bruce caído no sofá, a primeiro momento não tive reação, mas voltei a mim e corri até ele.

— Bruce?! — toquei de leve nele vendo seu rosto machucado, ele estava com suas roupas meio rasgadas — Bruce o que houve?
. — sua voz estava estranha, parecia estar zonzo ou embriagado.
— ALFRED. — gritei tentando não entrar em desespero — ALFRED, SOCORRO!
— Não. — Bruce encostou seu dedo indicador em minha boca — Estou bem.
— Não está. — me virei em direção a cozinha e gritei novamente. — ALFRED.
— Senhora . — disse Alfred entrando na sala — Oh, patrão Bruce.
— Alfred, me ajuda eu não sei o que fazer. — pedi um pouco desnorteada com o que estava acontecendo — Eu não sei o que houve com ele.
— Precisamos limpar os ferimentos. — disse Alfred — Eu vou buscar a caixa de primeiros socorros, leve o senhor Bruce para o quarto.
— Tudo bem. — assenti começando a ajudar Bruce a se levantar.

Foi com um pouco de dificuldade e muitas quedas por parte dele, Bruce para mesmo com vestígios de embriaguez, mas não importava no momento, conversaríamos sobre isso no dia seguinte. Fomos para seu quarto, assim que chegamos o ajudei a se deitar com cuidado e fiquei sentada ao seu lado até Alfred chegar.

O quarto de Bruce não era muito diferente do meu, mas tinha um aspecto mais escuro e sombrio, talvez por causa das grossas cortinas, ou das cores escuras em sua mobília. Mas definitivamente demonstrava ser o quarto de uma pessoa triste e solitária.

— Aqui está senhora. — disse Alfred entrando com sua caixa na mão.
— Eu vou deixá… — eu ia me levantando quando Bruce segurou em meu pulso.
— Acho melhor a senhora ficar e fazer. — disse Alfred entendendo o gesto dele e me entregando a caixa.
— Tudo bem. — eu peguei e me sentei novamente abrindo.

Aos poucos fui limpando sua face com lenço umedecido, quando comecei a passar o remédio em suas feridas para desinfeccionar, seu corpo começou a reagir, Bruce estava segurando o grito com precisão, mas dava para perceber sua dor. Coloquei os curativos nos pontos que precisava e deixei a caixa ao lado da cama, já tinha feito tudo que poderia naquele momento.

— Obrigado. — sussurrou ele abrindo os olhos, sua voz já estava começando a voltar ao normal.
— Não fiz nada demais. — me mantive séria e me levantei novamente.

Ele segurou novamente em meu braço e me puxou para cima dele, assim que meu corpo caiu sobre a cama, Bruce se virou lançando seu braço sobre mim, como se estivesse me prendendo a ele. Fiquei um pouco estática, não estava entendendo mais nada.

— Fique aqui esta noite, por favor. — sussurrou ele.
— Acho que não será um problema, dormi aqui hoje. — assenti me aninhando nos braços dele.

Eu daria uma trégua até o dia seguinte, mas não deixaria de cobrar uma explicação do que aconteceu com ele.

Por incrível que pareça, consegui pegar no sono novamente, aquelas horas restantes de sono pareceram uma eternidade para mim, pelo tanto que dormi. Demorou um pouco para que eu acordasse, e devo isso a um feixe de luz que batei um meus olhos, quando abri percebi que tinha uma fresta entre as cortinas.

— Hum?! — me espreguicei um pouco virando minha face para o lado, Bruce já tinha se levantando — Me parece que alguém está fugindo de ter que dar respostas.
— Não estou fugindo. — disse ele.
— Hum?! — ergui meu corpo e olhei para frente, ele estava encostado na porta que dava para o closet, de braços cruzados vestido, sem camisa e vestido somente com uma calça de moletom — Bom dia.
— Bom dia. — retribuiu ele com um sorriso de canto.
— Acho que precisamos conversar. — disse a ele tentando não focar muito na parte do seu corpo que estava descoberta.
— O que aconteceu esta madrugada, eu… — ele respirou fundo, parecia escolher as palavras — Me envolvi em uma briga.
— Percebi pelos machucados. — tentei não ser tão irônica nas palavras — Mas como se envolveu em uma briga?
— Não quero te deixar preocupada. — ele descruzou os braços, mantendo seu olhar em mim.
— Se eu não souber a verdade, ficarei preocupada. — me levantei da cama e cruzei os braços — Mas não posso te obrigar a falar.
— Como eu disse, Gotham está perigosa. — ele deu alguns passos até mim e me abraçou de leve — Me desculpe por te deixar preocupada, após sair da empresa tive a impressão de estar sendo seguido, o que foi confirmado quando meu carro foi fechado e vi alguns homens aparecer.
— Oh, céus. — sussurrei me afastando um pouco dele, fingi aceitar sua explicação — O que importa é que conseguiu chegar em casa.
— Sim. — ele deu um sorriso singelo e acariciou minha face — , obrigado por cuidar de mim.

Acho que aquele era o lado sedutor, que sempre ouvi as amigas da minha irmã falarem, seu olhar era profundo e envolvente, tanto que poderia até me fazer esquecer tudo que eu tinha acontecido pela madrugada. Bruce foi se aproximando lentamente de mim, eu já estava sentindo meu coração um pouco acelerado, em um piscar de olhos senti seus lábios tocarem os meus.

Mais do que na nossa primeira noite, seu beijo estava mais intenso e malicioso, eu conseguia sentir que ele queria realmente me beijar, não era uma mera obrigação por estar casado comigo. Não queria ter falsas esperanças, mas ficaria feliz se nosso casamento desse certo e talvez nos apaixonássemos um pelo outro.

Aos poucos senti seus braços envolverem minha cintura, conseguia sentir o calor do seu corpo, fazendo o meu corpo se aquecer mais ainda. Será que aconteceria o que eu estava pensando?

As horas se passaram com nós dois naquele quarto, um lugar que pareceu ficar menor de uma forma inexplicável, talvez pela sensação diferente que tinha sentido, talvez por que definitivamente não foi pela obrigação de consumar o casamento. Desta vez eu consegui me sentir amada e desejada, mais do que isso consegui definir o que Bruce poderia estar sentindo por mim.

— Acho que estou com fome. — disse mordendo os lábios assim que ele saiu do banheiro enrolado na toalha.
— Quer que eu peça algo para o Alfred? — perguntou ele mantendo seu olhar em mim.
— Não. — eu me levantei da cama enrolando o lençol em mim — Acho que precisamos sair deste quarto.
— Não vejo problema nenhum em ficarmos mais um pouco aqui. — ele sorriu de canto.
— Mais eu sim. — peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão e caminhei até a porta.
— O que deseja para o almoço senhora Wayne? — perguntou Bruce de forma brincalhona.
— O que me sugere senhor Wayne? — olhei para ele por um momento e pegando na maçaneta, abri a porta e saí.

A distância entre meu quarto e o dele não era muita, mais estava com certa vergonha, não queria que Alfred me visse enrolada num lençol. Assim que entrei no meu quarto, me tranquei por um breve momento, até que pudesse tomar uma ducha relaxante e trocar de roupas.

Nosso almoço foi servido, a pedido de Bruce, Alfred fez uma tradicional comida italiana para nós, talvez por ser considerada a melhor culinária romântica entre os casais. Saboreamos aquela refeição tranquilamente, com direito a cheesecake de morango de sobremesa.

Gostaria de ter passado mais tempo ainda com ele, porém uma ligação do comissário Gordon surgiu após nossa refeição, pelo que Alfred me explicou, a polícia tinha possivelmente localizado o diamante roubado. Segundo alguns informantes infiltrados, estava com um tal de Dimitri o nome rei do crime de Gotham.

— Hum, pensei realmente que o Batman conseguiria pegar de volta. — disse ao Alfred — Espero que ele consiga.
— Eu também espero que sim senhora. — concordou ele.

Selina Kyle - on

 

Estava completando três noites desde que descobri quem era o homem por trás da máscara do morcego. Uma parte de mim estava surpresa e a outra torcia para que fosse quem eu queria, não sabia ao certo definir o que estava sentindo, mas era como unir o útil ao agradável.

Comecei a estalar meus dedos pensando em como me divertiria naquela noite, por mais que eu quisesse pensar em outra coisas valiosas que poderiam existir em Gotham, a imagem do diamante não saia de minha cabeça. Ainda mais, após saber que Dimitri venderia para um homem chamado Shea, chefe de uma gangue de Metropolis, em troca de informações.

Confesso que fiquei triste e indignada quando soube, o que me deixou com ainda mais vontade de pegar de volta o que um dia foi meu. Eu não pensaria nenhum pouco mais sobre isso, estava decidida no que faria aquela noite, me levantei do vitral da igreja onde estava sentada e caminhei por entre os bancos daquele lugar sagrado.

Em menos de cinco minutos, eu já estava em frente à mansão desse tal Shea, uma bela propriedade que ficava próximo a ponte que ligava Gotham de Metropolis. Pela quantidade de carros que havia no lugar, certamente a transação seria feita, seria pretensão de mais a minha entrar sem ser convidada?

— Odeio quando meu nome não está na lista. — sussurrei para mim mesma seguindo em direção a porta.

Eu sabia que estava sendo vigiada, mas não me importava, meus sentidos estavam atentos a cada movimentação ao meu redor, mesmo que minha atenção estivesse focada na mansão. Assim que toquei na porta, ela se abriu, parece que estavam esperando por isso, ou talvez as câmeras de segurança havia me detectado.

— Boa noite, cavalheiros. — disse ao entrar.
— Senhorita Kyle. — disse Dimitri — A que devemos a honra?!
— Soube que estava acontecendo uma transação aqui, fiquei curiosa. — disse adentrando um pouco mais a sala.
— Era só curiosidade mesmo, ou estava mesmo querendo pegar de volta o que me vendeu?
— Majestade, não me interprete mal, não sou tão ambiciosa assim.
— Tem certeza?! — disse um homem aparecendo atrás de mim, colocando uma arma encostada em minha cabeça.
— Hum, é assim que recebe uma visita inesperada?
— Talvez, depende da visita. — disse ele, a arma fez o barulho de um click.

Eu dei um sorriso debochado levantando minhas mão, esperei o momento mais propício e me virei lançando minha perna sobre a arma, um disparo foi feito acertando a janela, eu aproveitei e soquei a cara dele no impulso do disparo. Quando me voltei para Dimitri senti algo picar minha nuca, elevei minha mão para entender o que era, e constatei sendo um dardo tranquilizante.

O efeito foi tão rápido, que nem senti meu corpo caindo ao chão, não conseguia distinguir se estava inconsciente ou não, apenas ouvia vozes ao fundo, minha visão embaçada demorou um pouco para voltar ao normal. Mas finalmente eu estava conseguindo adaptar meus olhos a forte luz que estava sobre mim.

— Então é assim que trata as mulheres? — dei uma risada debochada, sentindo meus pulsos presos a uma algema, meus braços estavam estendidos para cima, pendurados por uma corrente grossa prendida ao teto.
— Não, este tratamento é especialmente para você. — disse Shea.
— Eu te conheço? — disse tentando me lembrar do seu rosto — Já te vi uma vez em Metropolis, entrando no prédio da LexCorp.
— Então você já me viu antes. — ele deu um sorriso irônico — Digamos que tenho um amigo lá.
— Não é pelo diamante que estou aqui. — disse olhando ao meu redor, eles tinham me levado a um galpão abandonado — O que acha que vai conseguir de mim?
— Como você mesmo presumiu Selina, estamos em uma transação. — explicou Shea engatilhando sua arma novamente — E você faz parte dela.
— O que?! — eu o olhei.
— Dimitri só estava em minha casa com o diamante para te atrair, ele viu o seu olhar quando vendeu a pedra para ele, só confirmava o que sua fama te prediz. — explicou ele — Não foi difícil te atrair para uma armadilha.
— Se o diamante era apenas uma peça de xadrez nisso, estou me perguntando o que Dimitri ganhou me atraindo aqui. — sibilei um pouco tentando ganhar tempo.
— Ele ganhou uma pedra bem mais rara e valiosa que aquele diamante. — respondeu ele.
— Hum, só para me atrair até você? — desviei meu olhar para os dois capangas que estavam atrás dele — Estou curiosa para saber o que quer de mim.
— Eu soube que esteve envolvida em uma briga há noites atrás, e que possivelmente tenha uma informação valiosa. — explicou Shea.
— E acham que me tratando assim vai conseguir algo de mim? — eu comecei a rir, mexendo um pouco meus pulsos tentando me soltar — Idiota, eu não tenho medo de você.
— Veremos.

Ele se virou ficando de costas para mim, assim seus dois capangas vieram em minha direção, eu já esperava por algum tipo de chantagem ou suborno, mas tortura estava sendo baixo demais. Foi questão de dois ou três socos de cada um dos dois, para que eu começasse a rir, mesmo sentindo meu corpo em dores, o deboche soava nitidamente em minha voz.

— Nós podemos fazer isso a noite toda, mas você nunca terá o que quer. — disse a ele.
— Você acha? — ele me olhou com raiva — Você não sabe com quem está lidando.
— Nem você. — mesmo sentindo o gosto de sangue em minha boca eu sorri com a maior satisfação do mundo.

Em um piscar de olhos toda a luz do galpão de apagou, meu riso se transformou em gargalhada ao ouvir o primeiro capanga sendo jogado em cima de alguma coisa. Um grande barulho surgiu à minha frente, além de um vento estranho passar por mim, após alguns minutos de silêncio total, senti uma pessoa perto de mim, retirando minhas algemas.

— Você demorou. — disse sentindo minhas pernas meio bambas.
— Não abuse, eu só vim retribuir o favor. — disse o homem morcego com sua voz grossa e sexy.
— Não estou abusando. — assim que ele terminou de soltar meus pulsos das algemas, eu me joguei em seus braços — Adoraria te ajudar, mas minhas pernas estão dormentes.

Sem dizer mais nada, ele me pegou no colo e seguiu em direção a saída, mesmo um pouco desnorteada por causa dos socos, eu ainda estava consciente.

— Ela está bem? — perguntou uma voz masculina diferente.
— Sim. — assentiu Batman — Vai precisar de ajuda?
— Não. — respondeu o homem — Lex Luthor é assunto meu.
— Como quiser. — Batman começou a se mover comigo em seus braços.

Por mais que eu quisesse ver a face daquele homem, eu estava tão confortável de olhos fechados nos braços do homem morcego, que nem tinha vontade de me mover. Não demorou muito até que chegamos em seu carro, para minha surpresa ele me levou para o lugar onde se encontrava sua caverna de descanso.

Para um homem da lei, estava sendo inusitado a forma que ele estava se preocupando comigo, apesar de dizer que estava meramente devolvendo o favor que um dia eu fiz a ele. Eu segui seus movimentos com meu olhar, ele parecia estar procurando algo que não conseguia achar, respirei fundo voltando meu olhar para baixo e destravei o cinto de segurança.

Saí do carro e fiquei olhando os detalhes daquela caverna, até que ele se aproximou de mim me fazendo sentar no capô do carro, ele começou a limpar levemente o pequeno corte que estava em minha boca. Mais que a dor em meu corpo, sentir aquele corte arder por causa do remédio era pior ainda.

— Não precisava ter feito isso. — disse a ele — Afinal a única coisa que eu fiz por você, foi levá-lo ao seu carro, pode ter me deixado em qualquer lugar da cidade.
— Qualquer lugar?! — ele me olhou — Pensei que morasse no sótão da igreja.
— Desde quando gatos de rua tem lar? — perguntei dando uma risada rápida.
— O que eles queriam de você? — perguntou ele mudando de assunto.
— Tem certeza que não ouviu? — retruquei desviando meu olhar para uma mesa onde estava um notebook — Me parece que todos querem saber quem é você.
— E você sabe? — seu olhar estava intenso e preocupado.
— Talvez. — eu sorri de canto me aproximando dele — Mas se esse for o caso, o que fará comigo?
— Terei que persuadi-la. — disse ele num tom frio.
— Estou curiosa para saber como vai consegui.

Seria mais fácil eu persuadir ele, foi exatamente o que eu fiz ao me aproximar ainda mais e atrair seus lábios para os meus, aquele era o momento em que eu poderia seduzir ainda mais aquele homem misterioso. E estava totalmente empenhada em descobrir todos os seus pontos fracos naquela noite, claro sem deixar de aproveitar aquele momento único.

Seria uma longa noite para nós dois, uma noite cheia de beijos ardentes, carícias e muito calor sendo trocado dentro do seu famoso carro.

Selina Kyle - off

"Só vai ficar aí me assistindo queimar,
Tudo bem, porque gosto da maneira que dói,
Só vai ficar aí me ouvindo chorar,
Está tudo bem, porque adoro o jeito como você mente,
Adoro o jeito como você mente."
- Love The Way You Lie / Rihanna (ft. Eminem)


Capítulo Quatro - Hate That I Love You

Acordei sentindo uma dor estranha em meu corpo, assim que abri meus olhos e me deparei que estava sentada na poltrona da biblioteca, me lembrei que havia pegado no sono em local inapropriado.

— Não acredito que dormi aqui. — sussurrei para mim mesma me levantando — Acho que estou sentindo as consequências disso.

Olhei para o chão e peguei o livro que havia caído de minha mão enquanto dormia, dei alguns passos até a estante para colocar o livro no lugar. Assim que peguei um dos livros para deslocar para o lado, ouvi um barulho estranho de algo destravando e uma fresta se abriu entre as prateleiras.

Eu coloquei meu dedo de leve e puxei, descobrindo ser uma porta escondida, de início eu não entendia o que era, mas adentrei me deparando em um estreito corredor que dava a uma escada ainda mais estranha. Desci as escadas silenciosamente, até que comecei a ouvir algumas vozes, reconhecendo de imediato.

— Ela estava aqui. — disse Bruce ao se aproximar de uma mesa — Não sei como conseguiu sair sem que eu visse.
— Patrão Bruce, aconteceu algo entre vocês dois?

Bruce ficou em silêncio por um tempo, até que seu olhar se desviou para minha direção, eu estava um pouco estática ao ver e ouvir aquilo. Quem seria essa de quem falavam?

— O que é tudo isso? — perguntei descendo o último degrau vendo todas aquela coisas que compunham o lugar.
. — Bruce se afastou da mesa e veio em minha direção.
— Se afasta de mim. — disse esticando minha mão — Você…

Eu olhei para todo o lugar, tentando não ficar desnorteada, mas não tinha outra explicação para o que eu estava vendo. Havia uma caverna embaixo da mansão da família Wayne e nesta caverna tinha um segredo, agora algumas coisas começavam a fazer sentido para mim.

— Me falar, por favor. — ele deu mais um passo.
— Não. — gritei recuando um pouco — Não há o que falar, eu estou vendo tudo isso.

Desviei meu olhar para o lado, vendo todos aqueles uniformes do Batman, meus olhos percorreram novamente as ferramentas que estavam no chão, até chegar no batmóvel. Eu me lembrava daquele carro, o tinha visto várias vezes nos jornais e na televisão, parecia surreal, mas estava confirmado que meu marido Bruce Wayne era o Batman.

Eu segurei as lágrimas, não sabia o que sentir naquele momento, me virei para trás e subi as escadas correndo, passei pela biblioteca e segui em direção ao meu quarto. Minha mente esteve fervendo de perguntas e questionamentos, principalmente sobre a tal mulher da qual falavam.

. — disse Bruce ao bater na porta — Abra por favor, vamos conversar.
— Não temos nada para falar. — desviei meu olhar para a janela respirando fundo, tinha deixado a porta trancada — Me deixe sozinha.
— Eu preciso me explicar. — insistiu ele.
— Meus olhos já viram tudo. — gritei me virando para a porta do banheiro.

Eu não queria mesmo vê-lo naquele momento, estava me sentindo traída e enganada, não sabia se estava com mais raiva por ele ser o Batman, ou por ter me enganado tão bem. Entrei no banheiro e me joguei na banheira cheia de espumas, precisava relaxar meu corpo e minha mente.

O tempo foi passando comigo trancada no quarto, a maior parte fiquei sentada ao lado da janela de roupão, pensando em tudo que tinha acontecido naqueles últimos dias. O que me fez pensar na noite que Bruce chegou em casa machucado, certamente não era um assalto a ele e sim a outra pessoa.

Suspirei cansada voltando para o closet e coloquei roupas mais confortáveis, acho que estava pronta para abrir a porta. Assim que abri, Bruce estava encostado na parede de braços cruzados, com seu olhar fixo em minha direção.

… — se pronunciou ele descruzando os braços.
— Se for para negar o que meus olhos viram, nem comece a falar. — alertei mantendo minha voz baixa, porém firme.
— Não vou, o que você viu é real. — ele deu dois passos até mim — Aquele é o motivo para eu não comparecer ao jantar, chegar sempre de madrugada.
— quem é ela? — perguntei — Eu ouvi você falando com o Alfred sobre alguém, era uma mulher?
— Sim. — assentiu ele.
— Quem? — insisti.
— Alguém que me ajudou uma vez e eu ajudei ontem. — explicou ele superficialmente.
— E você a levou para a caverna?
— Sim, ela havia se ferido. — ele desceu seu olhar — O que aconteceu com sua boca?
— O que? — perguntei sem entender.
— Está machucada. — erguendo sua mão ele tocou em meus lábios — O que aconteceu?
— Eu escorreguei no banheiro. — respondi me afastando dele — Não mude de assunto, eu ainda não voltei a confiar em você.

Me desviei dele e segui em direção as escadas, assim que entrei na cozinha, Alfred estava preparando uma bandeja de café, provavelmente para mim.

— Senhora , eu já ia levar seu café. — explicou ele pegando a bandeja.
— A quanto tempo você sabe Alfred? — perguntei tentando não ficar com raiva dele, ele era uma pessoa legal.
— Desde o início senhora. — ele colocou a bandeja sobre a mesa e se aproximou de mim — Me desculpe por não ter dito nada antes, mas eu não poderia contar um segredo que não é meu.
— Eu entendo os seus motivos. — me sentei na cadeira suspirando um pouco.
— Que bom. — ele parou ao meu lado — Eu peço que entenda os motivos do patrão Bruce, vocês são casados a pouco tempo, se ele manteve isso em segredo era por proteção da senhora.
— Estou tentando levar por esse lado. — eu o olhei — Mas preciso de tempo para digerir tudo isso.
— Se precisar de algo, basta chamar.

Assim com um sorriso e desviei meu olhar para a bandeja, estava me decidindo se iria ou não comer, estava com a sensação de ter perdido a fome.

Horas depois, no meio da tarde, recebi uma visita inesperada, era um repórter do jornal Planeta Diário, chamado Clark Kent, que estava ali para me entrevistar sobre o bazar beneficente que a empresa do meu pai estava organizando em Metropolis. Eu não consegui prestar muita atenção nas perguntas, e na maioria delas dei respostas rápidas e curtas.

Aquele bazar alvo de dois interesses, o do meu pai de fazer o marketing de suas empresas naquela cidade e do meu interesse, que pegaria toda a quantia arrecadada para doar aos dois orfanatos de Gotham. E como eu era a esposa do bilionário Bruce Wayne, o jornal Profeta Diário não poderia deixar passar uma matéria dessa.

— Senhora Wayne. — disse o repórter — Como a senhora vê seu projeto social vinculado a imagem da empresa do seu pai?
— Como deveria ver? — o olhei sem entender — Instituições privadas tem a total liberdade para apoiar este projeto e ajudar a divulgá-lo, pertencendo ou não ao meu pai.
— O mesmo vale para as Indústrias Wayne?
— Sim, provavelmente vão apoiar a causa.
— E quanto aos orfanatos, a senhora conhece as crianças de lá?
— Sim, conheço cada uma.
— O que levo a senhora a querer ajudar essas crianças?
— Eu tive uma amiga de infância que cresceu em um desses orfanatos.

Já estava até imaginando o título da manchete: “Pai ganancioso promove empresa às custas te boa ação da filha.” Jornal não realmente sensacionalistas. Soltei um discreto suspiro de alívio quando a entrevista acabou e o repórter foi embora.

— Está tudo bem? — perguntou Bruce ao entrar na sala.
— Agora sim. — disse voltando meu olhar para a xícara de café — Nunca vi alguém tão desastrado quanto esse repórter.
— Qual o nome dele?
— Clark Kent, eu acho. — sibilei um pouco — Estranho que a voz dele me pareceu familiar.
— Você acha? — Bruce agiu com naturalidade — Talvez tenha esbarrado nele em Metropolis e não se lembra.
— Talvez. — eu me levantei do sofá.
— Posso te fazer uma pergunta.
— Sim.
— Ainda está zangada comigo? — perguntou ele com ar de receio.
— Talvez. — eu me virei em direção as escadas e subi até meu quarto.

Ao final da tarde, Bruce bateu de leve na porta do meu quarto, após um silêncio de minha parte, ele disse que estaria na biblioteca se caso eu quisesse conversar com ele, prometendo não sair naquela noite.

Selina Kyle - on

 

Eu ainda me lembrava da noite passada de forma vívida e prazerosa, porém apesar de tudo ter acabado bem, eu ainda estava com raiva por ter sido atraída para uma armadilha. Eu não costumava me vingar de ninguém, mas Dimitri merecia algo a altura do que ele tinha feito comigo.

— Perdoe-me, pois eu pecarei. — sussurrei olhando para a cruz que estava no altar da igreja.

Eu estava no mezanino do salão onde celebrava a missa, saí dali e fui para o telhado da igreja, olhei para o céu e o símbolo do Batman já estava iluminando o céu, era sinal de que alguém já estava rondando pela cidade. Eu me sentei no beiral do telhado da igreja e fiquei olhando para o céu, estava deixando que ele viesse até mim.

— Ando me perguntando sobre como você conseguiu sair sem que eu visse. — disse ele ainda nas sombras.
— Gatos são silenciosos. — disse me virando e levantando.
— Você leva isso muito a sério. — disse ele saindo do escuro e aparecendo em minha frente.
— Acredite, eu já tive sete vidas. — expliquei.
— E agora tem quantas? — perguntou ele.
— Apenas duas, por assim dizer.
— Quem realmente é você? — insistiu ele.
— Você está mesmo me fazendo essa pergunta? — retruquei dando alguns passos até ele.
— Só quero confirmar algo. — ele me manteve parado.
— Sabe de uma coisa, acho que nossa história merece ficar um pouco equilibrada. — eu elevei minha mão até minha máscara — Assim como eu sei quem é você, acho que merece saber quem sou eu.

Retirei minhas máscara lentamente para ele, consegui perceber seu corpo paralisado, seus olhos fixos em mim e sua respiração descoordenada.

. — sussurrou ele — Não.
— Sim e não. — disse tranquilamente — Mesmo sendo ela por fora, existe outra pessoa aqui, pode me chamar de Selina Kyle, se preferir.

Selina Kyle - off

"Isso é o quanto eu te amo,
Isso é o quanto eu preciso de você,
E eu não suporto você,
Tudo o que você faz me faz querer sorrir,
Eu posso não gostar de você por um instante?(Não)."
- Hate That I Love You / Rihanna (feat. Ne-Yo)


Capítulo Cinco - Goodnight Gotham

Sim, certamente ele não estava entendendo mais nada. Porém para mim, não estava sendo nada fácil explicar ao meu marido que eu tinha um leve transtorno de múltipla personalidade, bem, aquilo não era fácil nem para mim mesma entender.

— Eu… — Bruce se sentou na cadeira ainda desnorteado — Está difícil digerir isso.
— Imagino. — respirei fundo passando a mão no uniforme dele — Sei que o que eu tenho não é normal, isso não é como você, eu não tenho nenhum controle sobre a Selina.
— A quanto tempo você sabe que tem isso? — ele desviou seu olhar para mim.
— Meus pais se divorciaram quando eu tinha sete anos, minha irmã mais velha ficou a minha mãe e eu com meu pai, foi nessa época que comecei a ter alguns traumas por causa disso, comecei a ter amigas imaginárias por ser sempre sozinha. — desviei meu olhar para a frente da caverna — Eu pensava que elas só existiam na minha mente, até que comecei a não me lembrar de coisas que me diziam que eu tinha feito, então aos quinze anos a Selina apareceu e tomou o controle pela primeira vez.
— O que aconteceu?
— Naquela época existia uma governanta trabalhando para meu pai, ela foi a única que percebeu minhas mudanças de personalidade, foi ela que identificou que eu tinha um outro lado tão forte quanto eu. — eu voltei meu olhar para ele — Foi ela quem deu esse nome a Selina e que aparentemente a treinou também, mas curiosamente ela me explicou o que estava acontecendo comigo.
— Se eu não tivesse visto tanta coisa nesse mundo, diria que isso é uma loucura.
— Acredite, eu também, se não fosse comigo.
— Mas, e as outras?
— Selina as matou eu acho, depois que ela apareceu, nunca mais falei com as outras. — suspirei fraco — Eu sempre achei que não teria problemas em ter amigas imaginárias, até descobrir que elas eram minhas múltiplas personalidades.

Bruce se levantou da cadeira e caminhou até mim, ele me abraçou apertado e começou a acariciar meus cabelos, foi um gesto surpreendente para mim.

— Não se preocupe, conhecemos alguém que sabe perfeitamente lidar com a Selina. — disse ele tranquilamente.
— O Batman?!
— Sim. — sussurrou ele — Ele mesmo.
— Bruce. — eu me afastei um pouco dele — Era eu, ou melhor ela que estava aqui?!

Ele assentiu com a face.

— Por isso acordei na biblioteca. — elevei minha mão na boca — Meu machucado, o que aconteceu?
— Ela teve alguns problemas.
— Obrigada por ter ajudado.
— Não se preocupe, ela não vai mais se envolver em confusão. — ele sorriu carinhosamente para mim.

Ao mesmo tempo que eu estava aliviada por ter contato a ele, eu estava intrigada por Selina ter revelado seu rosto, de todas as minhas seis personalidades, ela era a mais imprevisível. Eu não me lembrava de tudo que ela fazia durante à noite, mas sempre vinha alguns flash em minha memória.

Estranhamente eu comecei a lembrar de um da noite que ela havia sido salva, o que me fez contar ao Bruce.

— Eu não me lembro muita coisa. — repeti a ele — Mas tenho certeza que é algo envolvido com o diamante, eu me lembro dele falando de uma pedra.
— A senhora acha que ela vai querer pegar novamente? — perguntou Alfred ao me servir uma xícara de chá.
— Não sei. — olhei para Bruce que estava de pé em frente a lareira acesa — Mas acho que tem algo a mais nisso.
— O homem que estava com ela, tinha envolvimento com a LexCorp. — disse Bruce mantendo sua atenção ao fogo.
— Que envolvimento o Lex Luthor teria nisso tudo? Porque ele iria querer pegar a Selina, quer dizer eu, ou melhor ela?
— Para saber quem sou eu. — respondeu ele — Para chegar ao Super…

Bruce parou por um momento e se voltou para mim.

— Você disse pedra?
— Sim, ele mencionou a palavra pedra, não seria o diamante?
— Não, não é qualquer pedra. — ele fixou seus olhos em mim — Eu aposto o meu carro que o tal Dimitri tem um pedaço de kryptonita em seu cofre.
— Kryp… — eu pensei por um tempo tentando definir que pedra era aquela até que me lembrei — E agora?
— Precisamos dela. — disse Bruce.

Eu já imaginava que de alguma forma Selina iria se envolver novamente naquela história, ela era a única que conseguiria pegar a pedra de volta. Não queria admitir que estava com ciúmes da Selina, de alguma forma ela era eu, um lado meio descontrolado e audacioso, mas no fundo ela era uma parte de mim.

A única coisa que poderíamos fazer naquele momento era esperar as horas até que anoitecesse, afinal Selina só aparecia com o luar.

 

Selina Kyle - on

 

Eu estava surpresa por ter sido convocada tão prontamente, novamente o morcego precisava da minha ajuda. Me espreguicei um pouco enquanto descia as escadas da porta secreta da biblioteca, ele já estava devidamente trajado me esperando perto do carro.

— Olá querido! — disse caminhando em sua direção — Sentiu minha falta.
— Você sabe porque está aqui. — sua voz estava fria e firme como sempre.
— Sei e estou impressionada por ter chegado a resposta sem mim. — eu me virei olhando para sua moto — Deveria agradecer por eu ter deixado ela ver algumas coisas.
— No que está pensando? — perguntou ele mantendo seu olhar em mim.
— Se o Bruce e a estão devidamente casados, eu posso acreditar a teoria de tudo que é seu é meu também? — eu me virei para ele — Acho que vou pegar sua moto emprestada.
— Pretende ir sozinha?
— Querido, se seu amigo for ele possui algo que pode ferí-lo, se você for pode não conseguir chegar até o cobre, aquele prédio apesar de não parecer pode ser mais protegido que sua empresa em certas ocasiões, além de não saber a senha. — expliquei — E tem outro ponto, você é amigo do Superman, se for lá vão saber que é por causa da kryptonita, e se não conseguir pegar, as notícias vão correr e não acho que seja prudente, saberem que existe um exemplar desta pedra aqui em Gotham.
— De alguma forma, você tem razão. — concordou ele.
— Eu sempre tenho. — estalei os depois levemente — Existem algumas coisas que só podem ser feitas por uma mulher.
— Selina. — ele segurou em meu braço — Considere este seu último roubo.
— Veremos. — dei um sorriso malicioso, mordendo o canto do meu lábio, enquanto me soltava dele.

Eu subi em sua moto e dei a partida sem o menor receio, estava mesmo ansiando no dia em que poderia montar naquilo. Segui em direção ao meu destino, como previsto o prédio do rei do crime estava muito bem protegido com o dobro de homens, talvez ele estivesse com medo da minha vingança.

Mas aquele era meu momento, desci da moto e entrei no prédio ao lado, desta vez não teria uma entrada triunfal pela porta da frente, seria precisa e silenciosa. Assim que cheguei ao telhado, pulei no prédio de Dimitri e desci pela escada da lateral, como na primeira vez que entrei, seria pela janela.

— Boa noite Selina. — disse ele sentado em sua cadeira.
— Porque será que eu imaginava que você estaria aqui me esperando? — o olhei tranquilamente.
— Veio buscar o diamante?
— Talvez. — eu sorri de canto, descendo da janela — Soube que você possui algo bem mais valioso.
— Onde ele está? — perguntou ele apontando uma arma para mim.
— Hum, agora está explicado porque você dobrou a segurança, acha que o morcego está vindo? — eu ri — Que homem mais inocente.

Eu caminhei até a cadeira e me sentei em frente a ele, percebi que suas mãos estavam tremendo, dava para sentir seu medo exalando. Eu levantei minha perna lentamente cruzando com a outra, estava mantendo minha atenção nele, assim que Dimitri se distraiu com o movimento de minhas pernas, eu peguei o teclado do seu computador e lancei na mão que estava a arma.

Assim que a arma caiu, eu joguei meu corpo para frente subindo na mesa, me levantando de forma rápida lancei minha perna direita em seu rosto o chutando, e bati o teclado em sua face novamente. Puxando o fio, envolvi em sua garganta apertando um pouco, minha intenção era apenas desmaiar ele, como de fato aconteceu.

— Bem, agora eu vou poder trabalhar melhor. — me espreguicei um pouco indo em direção ao quadro.

Retirando da parede, lá estava o cofre. Arqueei minha sobrancelha direita analisando, respirei fundo me concentrando e digitei a senha que tinha decorado, ouvi um duplo clique e logo o cofre se abriu. O diamante estava lá visível para mim e a outra pedra dentro de uma pequena bolsinha de pano preta, peguei ambos e coloquei dentro escondido na abertura da minha bota.

Refiz todo o caminho de volta, quando cheguei no telhado do prédio ao lado, ouvi os homens de Dimitri entrarem na sala, eu havia deixado uma marca significativa no lado esquerdo do rosto dele. Uma perfeita obra de arte em forma do símbolo do Batman feito com minhas próprias garras, fiquei até com vontade de tirar uma foto para guardar de lembrança.

Outra surpresa me aguardava quando cheguei a caverna do morcego, ele estava acompanhado de seu famoso amigo.

— Hum, se eu soubesse que teríamos visita, tinha preparado o chá antes de sair. — disse num tom debochado desligando a moto.
— Ela é sempre assim? — perguntou o convidado.
— É isso que a torna ainda mais interessante. — o morcego me olhos com um sorriso disfarçado — Então querida, conseguiu o que foi buscar?
— Com quem você acha que está falando? — desci da moto rindo e caminhei até eles — Não sou qualquer pessoa.
— Eu sei disso. — Batman manteve seu olhar em mim.
— Bem. — eu me inclinei de leve pegando a pedra verde.
— Coloque aqui. — disse o Superman abrindo uma pequena caixa, já sentindo os efeitos da kryptonita sobre ele.
— Ok. — eu coloquei dentro da caixa e ele fechou de imediato — Vai funcionar.
— Sim. — assentiu Batman — A caixa é feita de chumbo , o único metal capaz de inibir os efeitos da kryptonita.
— Hum. — me curvei novamente retirando o diamante — Eu tomei a liberdade de trazer algo para mim.
— Por que será que não estou surpreso? — ele me olhou de forma sério.
— Bem, este assunto é seu meu amigo. — o Superman segurou o riso desviando seu olhar para o lado.
— Admita, eu mereço ganhar algo depois de ter me arriscado pelo seu amigo. — o olhei ironicamente — Não mereço? Além do mais este diamante combina tanto comigo.
— Deixarei que fique com ele, por algum tempo. — respondeu ele.
— Você sabe como me agradar. — sorri maliciosamente mantendo meu olhar nele — Em forma de agradecimento, eu vou te dar cinco minutos a sós com seu amigo.
— O que é isso? Um ultimato? — perguntou Batman com ar de indignação.
— Entenda como quiser, mas quero o senhor Wayne em cinco minutos. — eu pisquei de leve me afastando — Alguém estará esperando por ele no quarto, querido.
— Uau, agora entendo porque acha ela interessante. — disse Superman enquanto eu me dirigia para a escada.

 

Selina Kyle - off

 

Como como acordar de um sonho, mas desta vez eu estava de pé em frente ao espelho do banheiro, ainda me sentia zonza e um pouco desnorteada, tentava entender o que tinha acontecido enquanto ela estava no controle. Levantei minha face e me olhei no espelho, estava com o cabelo preso sem maquiagem, ela tinha cuidado de tudo como sempre.

Mas sempre deixava sua marca, eu estava no banheiro do quarto dele, vestida com um lingerie desconhecida e uma camisa dele por cima, com somente um botão abotoado, ri um pouco daquilo que ela possivelmente havia arquitetado. Lavei o rosto e sequei com a toalha que estava em cima da bancada.

— Eu sei somos diferentes, mesmo sendo a mesma pessoa, já tem um tempo que não falo com você mas… — respirei fundo me olhando no espelho — Obrigada, Selina.

Eu pisquei para mim mesma sorrindo e saí do banheiro, Bruce já estava no quarto parado encostado na porta de braços cruzados, ele ficava muito sensual naquela pose.

— Então, o que aconteceu? — perguntei dando alguns passos em sua direção.
— Deu tudo certo. — disse ele descruzando os braços — Está tudo bem agora.
— E a pedra?
— Está com meu amigo.
— Me sinto aliviada por isso, pela Selina ter ajudado.
— Ela foi muito corajosa, você também. — disse ele sorrindo de canto — Ambas são maravilhosas.
— Está me deixando sem palavras. — sorri de leve.

Ficamos nos olhando por um tempo.

— Como vamos ficar agora? — perguntei um pouco confusa — Eu ainda possuo um lado indomável dentro de mim.
— Nós conhecemos uma pessoa que pode cuidar disso. — ele segurou minha mão e me puxou para perto dele — Vamos deixar esse assunto para eles, agora somo só nós dois.
— Só nós dois?! — segurei o riso, sentido ele aproximar ainda mais nossos corpos.
— Vamos aproveitar a nossa noite. — disse dando um suave beijo em meu pescoço.
— Teremos todas as noites de Gotham que quisermos. — afirmei.

Seu beijo veio intenso e doce, nossa noite só estava começando. Eu poderia dizer que todos os acontecimentos recentes, foram somente um preparo inicial em nossa vida de casados, o que me deixou ainda mais feliz e grata pelo passado de nossas famílias ter nos unido.

De uma forma inacreditável, nos completávamos em todos os sentidos, principalmente em nossas vidas noturnas, um encaixe perfeito e inesperado. Aquilo me deixava ainda mais segura e tranquila, finalmente a Mulher-gato tinha encontrado alguém que despertasse seu olhar e admiração.

Enfim, como diz minha metade Selina, a noite é dos gatos... Porém agora, também dos morcegos!!!

"Night, night, for a night, for a,
Only if for a night."
- Goodnight Gotham / Rihanna



Fim.



Nota da autora: Hello guys, mais um ficstape saindo...
Desta vez aproveitei o nome da música da Rihanna, para me jogar no universo da DC Comics e fazer uma fic do personagem que mais gosto de lá,
Confesso que demorou um pouco mara escrever, mas em duas madrugadas saiu, finalmente saiu, com a graça de Deus. Espero que gostem!!!





Outras Fanfics:
Minhas fics no FFOBS:
05. Así Soy Yo (Ficstape do RBD - álbum Nuestro Amor)
14. Goodnight Gotham (Ficstape da Rihanna - álbum ANTI)
17. Trust (Ficstape do Justin Bieber - álbum Purpose)
Cold Night
Crazy Angel
Destiny's
Electrick Shock (Especial Challenge #18)
Genie
I Am The Best (mixtape Girl Power)
I Need You... Girl
My Little Thief
Piano Man (mixtape Girl Power)
Photobook
Promise
Smooth Criminal
The Boys (mixtape Girl Power)
TVXQ: Tohoshinki


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.




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