Capítulo Único
— E então? O que você me diz? Vai ficar parado me encarando? Me responde, Loki! — Ela bateu as mãos na mesa, o homem apenas fechou os olhos.
— O que você quer que eu diga?
— Sei lá, diga “você é uma criatura desprezível”, eu não sei! Apenas diga algo! — Loki respirou fundo, enquanto ela se jogou na cadeira, se lembrando de como haviam chegado até ali.
ㅤ Algum tempo atrás...acordou pela manhã, com um barulho na porta do seu bar, que a fez ficar bem irritada. Sempre que um cliente bêbado aparecia para incomodar de manhã, ela passava o dia inteiro irritada. Quando desceu as escadas, se deparou com um buraco na porta de ferro.
— Que diabos… — Ela parou de falar assim que se deparou com um homem sentado no chão, parecia confuso. — Você… Vai pagar por isso! — Disse ela, esticando a mão.
— E o que você vai fazer, criatura desprezível? — Perguntou ele, enquanto se levantava, ela franziu o cenho.
— Chamar a polícia, talvez? — Ela terminou de descer as escadas. — Se você der o dinheiro, eu não chamo a polícia e tudo se resolve. — Disse, esticando a mão para ele, que segurou, achando que ela estava o ajudando a levantar.
— Obrigado. — Disse ele, de pé. — O que você quer mesmo?
— O dinheiro da porta, que você quebrou! — Ela aumentou o tom de voz, e ele virou a cabeça, confuso.
— E o que seria dinheiro? — Perguntou, fazendo-a rir, mas ela parou logo que percebeu que era sério.
— Se você não tem a grana, pode pagar trabalhando aqui por um tempo. — Sugeriu, dando de ombros.
— Grana? Trabalhar nesse lugar… — Ele analisou o local. — Isso é?
— Um bar. — Ela arqueou uma sobrancelha. — De onde você é? Não é daqui, certo?
— Sou Loki, de Asgard, e você é? — Ela nunca havia escutado falar daquele lugar.
— Sou , do Kansas. — Loki arqueou a sobrancelha.
— Kansas… Eu estou em Midgard? — Ela cerrou os olhos, enquanto Loki olhou ao redor.
— Mid o quê?
— Midgard… Terra? — Aquilo estava ficando cada vez mais estranho.
— Sim, você está na Terra, você bateu a cabeça? — Ele colocou a mão na cabeça, quando ela perguntou.
— Acho que sim, tive uma viagem turbulenta. — puxou uma cadeira para que ele se sentasse, e assim ele o fez.
— De qualquer forma, acredito que uma semana de serviço pague esse estrago. — Ela apontou para o buraco, se sentando, ele assentiu. Esse foi o momento que mudaria suas vidas, Loki não entendia como havia ido parar em Midgard, mas com certeza se aproveitaria da situação. E , só queria consertar a porta, provavelmente trocaria aquela porta por algo blindado, algum dia.
•••
Os dias foram se passando e Loki era uma pessoa difícil de lidar, seu tempo de trabalho só ia aumentando, estava sempre chamando as pessoas de criaturas desprezíveis, dizendo que as pessoas de Midgard eram inferiores, e ela nem sabia o que era MIdgard. Até que ela se lembrou de um acontecimento, onde um alienígena caiu do céu, e começou a namorar com uma enfermeira, aos poucos ela foi ligando Loki com aquele estranho, até que o chamou para conversar.
— Loki, você conhece algum Thor? — Perguntou ela.
— Meu irmão está aqui? — Ele olhou para os lados.
— Irmão?
— Você é surda? — Perguntou ele, ela rolou os olhos.
— Então você é mesmo um alienígena? — Ela se aproximou.
— Não, eu sou Loki, de Asgard! Você é , de Midgard. — Disse ele, tentando explicá-la a existência de mais vidas, o que não resolveu muito. — Quando nos conhecemos, de onde você disse que era mesmo?
— Do Kansas.
— Isso, e eu disse que era de Asgard, consegue compreender ou é tão burra a esse ponto?
— Você diz, que tipo, Midgard, que é a terra, é como Kansas e Manhattan? — Loki assentiu, sem fazer ideia do que era Manhattan. se levantou e foi até o computador, e digitou o nome dele na barra do Google. — Deus da mitologia nórdica, Deus da trapaça e da travessura...— Ela leu em voz alta.
— Ei, esse sou eu! — Loki sorriu, indo até ela. — Como sabe disso?
— É o que diz aqui no Google. — Ela apontou para tela do computador, Loki começou a colocar a mão na tela, e ela deu um tapa de leve na sua mão.
•••
Apesar de sua personalidade difícil, Loki parecia ser uma pessoa que precisava de compreensão, o enxergava como uma criança que queria chamar atenção dos pais, pela história de ser Deus das travessuras e o comportamento nos últimos dias. Não foi fácil, mas de alguma forma, os dois acabaram se envolvendo. Apesar de achar estranho, gostava da companhia dele, e foi a primeira vez que ela não teve medo de se entregar de coração para alguém, ela havia esquecido completamente de quem ele era, para ela, ele era uma pessoa diferente de todas as outras que ela havia conhecido. E com o tempo, ele parecia estar sentindo o mesmo por ela. Não parecia mais que ele estava ali obrigado, eles se divertiam, trocaram alguns beijos e dividiram a mesma cama por um bom tempo, já podiam ser chamados de casal. Mas de repente, algo mudou. Toda a magia que os cercava, que enxergava pela primeira vez, foi desaparecendo do nada, ele foi se fechando novamente e a afastando, ela não entendia o que estava acontecendo, e começou a achar que tudo tinha sido uma mentira. Ele era o Deus da mentira, não era?
ㅤ Agora.
— Por que você me chamou aqui, ? — Perguntou Loki, um pouco irritado, seu olhar estava frio.
— Eu não sei nem por onde começar, tudo de bom que aconteceu entre a gente de repente, virou isso aqui. — Ela tinha os olhos marejados, enquanto Loki permanecia com seu olhar frio. — O amor não vem fácil para nós, não é? — Ele virou seu olhar para ela, sem dizer nada. — Eu só quero que você me responda, se você está deixando o meu amor para trás, porque se você estiver, diga e me deixe saber! Eu tenho o direito de saber, Loki! — Ela se sentou na cadeira. — Me deixa ir, porque eu mal estou aguentando continuar, eu nunca me abri assim para ninguém, então me deixa saber se eu errei!
— Você errou, você quer que eu te chame de criatura desprezível? — Ele se levantou.
— É melhor que nada. — Ela deu de ombros.
— Então, aqui está a resposta que você queria, criatura desprezível! Eu nunca senti nada por você, além de nojo, estive aqui esse tempo todo apenas para planejar minha vingança contra Midgard, obrigado pela ajuda! Você está livre agora! — mal conseguia falar, ela sempre confiou nos homens errados, mas ela pensava que o entendia.
— Obrigada. — Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, antes de Loki desaparecer, sem deixar rastros.
ㅤ Algum tempo depois...
— Você disse que era melhor assim, então por que você está sofrendo? — Perguntou Annie, uma das garçonetes do bar.
— A dúvida dói mais que a despedida, mas não quer dizer que a despedida não dói. — Explicou .
— Chefe, aumenta a TV! — Disse Jake, ela aumentou, a terra estava sendo atacada, e para maior decepção, era Loki. Ela se sentia tão mal, parte disso foi culpa dela por não ter reportado às autoridades que havia um alienígena na sua casa. Ela bateu a mão em uma garrafa, que se quebrou. Se abaixou para pegar no chão, quando viu que havia algo colado nela, um papel com algo escrito. “Queria ser menos “eu” para ficar, desculpe, criatura desprezível, não posso te envolver nisso.” Naquele momento, seus olhos encheram-se de lágrimas, ela havia errado, mas não no que ele a fez acreditar.
FIM!
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