14. Stand Up

Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

26 De Setembro de 2015, 9:35

Eu realmente odeio viajar de avião. Sério, quem inventou esse negócio só podia ter bebido muito na noite anterior. É super prático, eu até entendo, mas nunca me senti segura. E agora aqui estou eu, cravando minhas unhas ao máximo no banco enquanto o avião decola. Tudo culpa de morar na Grã-Bretanha que fica no meio do oceano. Pior que avião só navio para mim, sou traumatizada com o Titanic mesmo, lamento.
Mal senti que o avião já estava a planar de forma calma no ar, soltei minhas unhas do tecido do local onde estava sentada e suspirei pesadamente. Uma das piores partes já tinha passado. Abri lentamente os olhos e procurei buscar meu livro do Harry Potter que estava a ler novamente. Conferi antes se tinha o cinto colocado, eu nunca o retirava mesmo quando era permitido. Não confio em nada relacionado com aviões.
Então por que está num no momento? Bem, eu trabalho para um jornal local da cidade de Manchester, na Inglaterra. Arrumei o emprego faz dois anos, logo após terminar o curso de jornalismo. No início me pareceu bem legal, afinal era um emprego na minha área, tudo o que eu sempre quis. Contudo, com o tempo eu comecei a perceber que as histórias locais não me cativavam o suficiente. O meu faro jornalístico ansiava por mais do que aquele jornal local me poderia dar. Contudo, arrumar outro emprego estava se demonstrando bem complicado. Mas mesmo assim eu não desisti. Quando surgiu a hipótese de uma entrevista em Nova Iorque eu ultrapassei o meu medo de aviões e decidi arriscar. Nem preciso falar que correu tudo bem errado, não é?
Durante a entrevista eu percebi que a vaga nunca seria minha. Aquelas pessoas eram muito mais cultas e viajadas e eu era só uma garotinha da cidade de Manchester que escrevia sobre incêndios locais e salvamentos de gatos. Ah e pessoas que ganhavam umas quantas libras naqueles jogos em que todo o mundo tenta a sua sorte. Me senti realmente pequena quando analisaram meu currículo e o chamaram de “obsoleto”. Agora regressava para casa com um aperto no coração e ainda com a certeza de que nunca teria a hipótese de conhecer nada novo. O único conselho que me deram foi o de viajar. Sim, falar para uma menina de 21 anos com poucas possibilidades monetárias e com medo de aviões viajar é algo que só é fácil falando, mesmo.
Suspirei novamente e fechei o livro, me recostando no banco. Não conseguia nem ler. Me sentia sozinha. Queria fazer algo novo e tinha falhado na primeira tentativa. Escusado será falar que a minha vida amorosa também não está nos melhores termos, não é? Como aquele bom clichê, tudo tem de correr mal ao mesmo tempo para a mesma pessoa. Meu ex me traiu com umas quantas garotas e desde esse momento eu nunca mais havia despertado para qualquer interesse amoroso. Por que haveria eu de tentar mais uma vez? Apenas para partir meu coração de novo? Estava sozinha há três anos e tentava ao máximo ser feliz. Sim, me sentia solitária. Mas com certeza não seria um homem a resolver tudo isso.
Fui arrastada dos meus pensamentos por uma vontade que eu conhecia muito bem: necessitava urgentemente ir no banheiro. Merda. Eu odiava ter vontade quando estava viajando, eu nem queria tirar o cinto. Contudo, a viagem ainda se adivinhava bastante longa, não havia como escapar. Retirei o cinto calmamente e me levantei, me dirigindo lentamente até ao fim da fila para chegar na porta do banheiro. As pessoas me observavam intrigadas porque parecia que eu estava caminhando em cima de pregos. Tenho medo de andar em avião, tem problema com isso? Nossa, gente intrometida.
Assim que cheguei na porta levei a mão à maçaneta e percebi que se encontrava trancada. Que porra! Me encostei no local em frente à porta, esperando que o individuo que estava ocupando o banheiro saísse rapidamente, mas a flor devia estar fazendo uma lavagem intestinal, só podia.

“So put your hands up, cause it's a stand up!”

Foi aí que ouvi um tiro. E outro tiro. E gritos. Me atirei para o chão com o reflexo do barulho, colocando as mãos sobre os meus ouvidos e me aninhando o máximo possível. Meu corpo tremia mais a cada grito que as pessoas davam. Gritos recheados de temor.
- ESSA PORRA É UM ASSALTO E EU QUERO TODO O MUNDO CALADO! - Uma voz de homem grossa se fez escutar por todo o local, visto que ele havia retirado o microfone da aeromoça. – O avião agora é nosso e, se quiserem chegar em casa com vida, é bom que não se intrometam no nosso caminho e permaneçam quietinhos no vosso lugar!
Que porra é que eu ia fazer? Eu não tinha qualquer banco perto de mim, meu corpo se encontrava gelado e eu já sentia uma lágrima escorrendo por minha bochecha. Eu estava ali desprotegida, aninhada no chão que nem uma criança. Foi quando senti umas mãos me rodearem os braços e me puxando com força. Ia gritar quando me colocaram a mão na boca e, quando dei por mim, estava dentro do minúsculo banheiro com um garoto.

“From the moment I met you
Everything changed I knew I had to get you.”


- Sério que você ia gritar? Eu estava te ajudando para você não ficar lá fora, você é doida?
Eu observava o garoto de boca aberta e completamente petrificada pelo susto. Já este me encarava com os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada. Seu cabelo era castanho e completamente desalinhado. Reparei ainda que seus olhos eram azuis. Vestia um moletom preto da Adidas e umas calças igualmente pretas. E me observava com a maior cara de descrédito do mundo.
- Nossa, não vai falar nada? Nem um “obrigada por salvar meu corpo”? – Questionou, continuando com a sobrancelha arqueada.
- Você me assustou, tá? – Nossa, , que pessoa encantadora você, ele tentando ajudar e você fala isso, vinte pontos para si!
- Vou levar isso como um obrigada, pois estamos no meio de um assalto e eu não estou nem um pouco satisfeito. – Retorquiu, balançando a cabeça negativamente. De seguida sentou-se no chão e me fez sinal para sentar ao seu lado. – Melhor você sentar logo antes que desmaie e eu te tenha que te despertar com água da privada.
- Caso isso aconteça eu realmente prefiro que me deixe desmaiada, sim? – Me sentei a seu lado, encostando os joelhos ao corpo, visto que o espaço não era muito. – Isso tinha de acontecer logo hoje que eu peguei um maldito de um avião!
- Nossa, você realmente faz tudo ser sobre você, não é?
- Desculpe. – Foi o máximo que consegui dizer. Estava sendo uma idiota.
- Não tem problema, eu sei que está assustada. – O garoto sorriu delicadamente, o que me fez retribuir o gesto. – Meu nome é , e o seu?
- , mas pode me chamar de .
- Me conte , qual seu problema nesse momento?
- Além de o avião ter sido sequestrado?
- Ah , esse é o óbvio, não é? Mas você me parece irritadinha demais para ser apenas isso.
- Apenas? Apenas?! – Retorqui, num tom completamente indignado. apenas soltou uma gargalhada baixa, balançando negativamente a cabeça. – O avião está sendo sequestrado!
- Sim, está. E eu estou tentando te ajudar a lidar com isso porque você daqui a nada fica sem pele nos braços do tanto que está cravando sua unha aí. – respondeu, levando sua mão até um dos meus braços e o puxando para si e segurando minha mão. – Já que não quer falar, aperte apenas minha mão. Não consigo conviver com uma pessoa que se mutila.
- Você é bem exagerado, sabia? – Arqueei a sobrancelha e segurei a mão de , a apertando um pouco.
- E você até que é bonitinha.

“Whatever the pain
I had to take you and make you mine.”


Não tenho um espelho, mas devo ter ficado mais vermelha que um tomate, porque minha boca secou. Fazia anos que eu não ouvia um elogio de um garoto, simplesmente porque evitava o convívio com os mesmos. Contudo, aquele elogio me tinha atingido como nunca outro antes. Meu estomago embrulhou todo.
- Já que não quer falar sobre seus problemas, que tal conversarmos um sobre o outro? Ao contrário do que possa pensar eu também não estou nada agradado com esse assalto. – perguntou, se encostando mais na parede.
- Bem, eu sou jornalista. E fui a uma entrevista em Nova Iorque porque estou cansada do meu trabalho num jornal local em Manchester. Mas correu tudo mal porque eles falaram para mim que eu não era viajada o suficiente, vê se pode! Currículo maravilhoso e eles me falam que eu não sou boa por não ter ido passear! Aí agora estou na minha segunda viagem de avião, troço que eu odeio de verdade, e uns capetas quaisquer assaltaram ele por nada! – Quando terminei de falar senti meu coração super acelerado. Soltei um suspiro pesado e fechei os olhos, encostando a cabeça na parede.
- Não era você que não queria falar dos seus problemas? Você é estranha. – O garoto respondeu, sorrindo um pouco. – Por que não viaja mais? Dinheiro? Falta de vontade?
- O que é que você acha? – Abri os olhos rapidamente, o observando com cara de poucos amigos.
- Você tem medo de avião, pode ser falta de vontade, eu não adivinho! – retorquiu, levantando a mão livre e fazendo um gesto de calma. Eu apenas soltei um riso baixo.
- Dinheiro. Nunca tive possibilidades muito grandes, sempre me dediquei ao máximo para conseguir bolsas de estudo. Com este trabalho quase não dá para juntar nada, gasto tudo na minha vida diária. Querer viajar também foi um dos motivos que me levou a concorrer a esse emprego. E falta de emoção.

“I would walk through the desert, I would walk down the isle
I would swim all the oceans just to see you smile, whatever it takes is fine.”


- Falta de emoção? – Questionou, apertando um pouco minha mão de volta e fazendo meu estomago saltar novamente. – Como assim?
- Sei lá, . – Mordi o lábio, prosseguindo. – Minha vida é básica. Não sai do mesmo nunca, não acontece nada de especial. Eu queria algo que fizesse meu coração extrapolar do peito, que fizesse a adrenalina correr nas minhas veias a 110%.
apenas sorriu levemente e apertou um pouquinho minha mão. Não sei porque, mas sentia que ele me compreendia.
- Eu já fui como você. Um dia decidi arriscar e aqui estou eu. Vivo viajando por aí e não tem coisa melhor.
- Bem, você realmente não deve ter problema, então…
- Não, nenhum mesmo. Só aquele problema básico de estar temendo aqui que um dos assaltantes tenha vontade de vir no banheiro, mas de resto tudo certo com minha vida. – O garoto de respondeu em tom irônico e revirando os olhos. Acabamos os dois rindo. – Onde você gostaria de rir?
- Eu não sei. Egito talvez, andar de camelo no deserto, já pensou como seria incrível? – Encolhi os ombros, abrindo um largo sorriso. – Visitar ilhas. Mas eu não sei como, porque tenho medo de barco.
- Como assim também tem medo de barco? – questionou, soltando uma gargalhada. – , você é encantadoramente estranha.
A forma como as palavras saíram dos seus lábios fizeram com que meu coração batesse mais rápido. me observava sorrindo e eu sentia que ele achava realmente aquilo. E adorava isso. Devolvi o sorriso e apertei sua mão de leve. apenas desviou o olhar e encostou sua cabeça no meu ombro, suspirando.

“I know your heart's been broken but don't you give up,
I'll be there yeah I know it to fix you with love.
It hurts me to think that you've ever cried.”


- Quantas horas faltam para chegarmos? Não que eu não goste de estar com você aqui, não me interprete mal, mas estar sentado junto a uma privada me incomoda um pouco. – O garoto de olhos azuis questionou.
- Será que vamos chegar? – Minha voz falhou um pouco e eu me dei conta que podíamos realmente nunca chegar ao nosso destino. O avião estava sendo sequestrado, assaltado, eu ainda não tinha entendido muito bem. Pessoas estavam silenciosas da parte de fora, mas todos os corações a bordo daquele espaço se encontravam sufocados pelo medo.
- . – se voltou para mim e envolveu meu rosto nas suas mãos, acariciando minha face de leve. Uma lágrima escapou dos meus olhos e ele a limpou calmamente. – Eles falaram que estavam assaltando o avião apenas. Não sequestrando. Estou certo de que tem algo aqui que eles necessitam e que vamos aterrar são e salvos.
- Mas quando aterrarmos estará polícia à espera, ! Eles podem não conseguir escapar e sair matando todo o mundo, e… - Meu discurso embargado foi interrompido prontamente pelo menino que eu acabara de conhecer.
- Nada disso vai acontecer. Eu estou aqui e eu vou cuidar de você até garantir que você está em segurança. Pode ter certeza disso.
Acenei afirmativamente com a cabeça e me encostei novamente na parede, deixando agora minha cabeça cair no ombro de . Ele me acalmara um pouco, mas a situação era demasiado preocupante para meu coração parar de bater ferverosamente. Conversamos de coisas aleatórias durante algum tempo quando cortou a conversa.
- Vamos jogar algo? – Questionou, num tom algo animado. – Cada um de nós tem direito a uma pergunta sobre o outro e temos de responder com sinceridade total, o que acha? Você começa.
- Comida preferida?
- Nossa , uma pessoa com fome e você ataca assim! Pizza, obviamente, tem coisa melhor? Não tem. – riu. – Filme preferido?
- Moulin Rouge. – Respondi automaticamente. Amor proibido era amor proibido.
- Que careta, menina!
- Meu namorado me traiu aí eu me apeguei a filmes românticos para superar, me julgue. – Respondi, soltando um riso baixo.
- Bem, saiba que o pior que lhe podia ter acontecido na vida já aconteceu.
- E o que seria isso? – Arqueei a sobrancelha, curiosa.
- Perder você. passou o braço pelos meus ombros, me fazendo continuar com a cabeça apoiada em si e fazendo uma festa nos meus cabelos.
- Você mal me conhece.
- Estou conversando contigo há mais de duas horas num banheiro, claro que conheço, tem melhor forma de conhecer alguém?
Soltamos os dois uma gargalhada enorme.
- Você me parece realmente incrível, . Queria que você não fosse embora nunca.
- Já eu tenho a certeza que você é incrível mesmo. Agora descanse um pouco. Eu não vou a lado nenhum. Nunca mais.
E assim o fiz. Quando dei por mim o sono me invadira e rapidamente adormeci. Envolvida nos braços de , um completo desconhecido e um completo amor.

“And now I'll steal us the car and we will drive to the stars
I will give you the moon, it's the least I can do
If you give me the chance…”


(…)

Sirenes de polícia. Eu só escutava sirenes de polícia. Senti a porta do banheiro ser aberta e meu corpo sendo carregado. Vozes turbulentas por toda a parte. Não conseguia despertar. Senti meu corpo ser colocado em algo mole e alguém auscultando meu coração. Voltei a cair no sono.

(…)

Abri os olhos calmamente. Me encontrava numa maca no interior de uma sala. Me sentei rapidamente, sendo amparada por uma enfermeira que se encontrava a meu lado.
- Calma, você acabou de acordar. – Ela falou, me ajudando a encostar novamente na cama improvisada.
- Onde é que eu estou? O que está acontecendo? Cadê ?
- Calma senhorita, por favor.
- Eu só quero saber o que está acontecendo! – Falei um pouco alto, sendo atingida pelos nervos.
- Tenha calma, por favor! – Um oficial falou, se aproximando de mim. – Meu nome é Dean Thomas e faço parte da equipe que resgatou as pessoas do avião. Vocês foram sequestrados por três indivíduos. Contudo, apenas tomamos conhecimento do caso após a aterragem, visto que o voo decorreu com toda a normalidade, pois eles controlaram sempre o piloto, que não nos pode avisar. Quando chegamos eles já haviam fugido. Se encontravam na viagem apenas para roubar um valioso diamante que estava na carga. Não houve qualquer ferido e está tudo bem, apenas encontramos várias pessoas em choque, como foi o seu caso.
- Eles fugiram? Como vocês deixaram eles fugir?! – Soltei, incrédula.
- Nós apenas soubemos que o avião havia sido sequestrado após a aterragem e a fuga dos assaltantes. Só quando eles abandonaram o avião é que o piloto nos conseguiu avisar do sucedido.
- Ah, por favor, nem me fale mais sobre sua incompetência. – Balancei a cabeça negativamente, me arrependendo em seguida, pensando que talvez o golpe tivesse sido muito bem orquestrado. – Desculpe. Estou um pouco nervosa. – Corri meus olhos pela sala e percebi a multidão que se encontrava, reconhecendo algumas caras que viajavam comigo anteriormente. – Me encontraram no banheiro, correto? Cadê o garoto que se encontrava comigo?
- Não havia qualquer pessoa consigo, senhorita.
- Como não? Claro que havia, está me chamando de maluca? – Questionei, arqueando a sobrancelha e me sentando na maca.
- A encontramos sozinha, de verdade. Não havia mais ninguém consigo.
Me preparava para responder quando meu olhar encontrou a televisão que passava desenhos dos rostos dos assaltantes. Reconheci de imediato os dois indivíduos que haviam tomado o avião. A terceira foto era apenas um ponto de interrogação. Voltei meu rosto novamente para o policial.
- Não sabem quem é o terceiro individuo? Como não?
- Infelizmente ele ficou à margem do assalto, apenas conseguimos desenhos fiéis de dois dos indivíduos. Contudo, conhecemos o terceiro assaltante. Este tipo de assalto é a sua imagem de marca há mais de cinco anos. Mas não conhecemos o seu rosto, apenas o nome. Ele passa despercebido em todos os assaltos e consegue sempre escapar. Só conhecemos o nome porque nos deixa sempre um bilhete.
- Como conhecem o nome e não o rosto? Nossa, retiro o meu pedido de desculpas pela sua incompetência!
- Eu entendo a sua revolta, senhorita. Contudo, consegue sempre escapar. Sempre.

“I'm a thief, I'm a thief, you can call me a thief
I'm a thief, I'm a thief but you should know you’re a part.”


Eu podia jurar que o meu coração havia parado, que todo o sangue nas minhas veias havia congelado. era o terceiro assaltante. O meu companheiro, a pessoa que me ajudara, a pessoa que me prometera que ficaria tudo bem fazia parte de tudo aquilo. Era o mestre de tudo. Me preparei para dizer que o tinha visto e que me oferecia para ajudar a desenhar seu rosto, mas minha boca secou. Meus lábios se cerraram automaticamente e eu não consegui pronunciar uma única palavra. Eu simplesmente não podia acreditar.

(…)

1 De Outubro de 2015, 21:35

“I won't be leaving till I'm finished stealing every piece of your heart.”
Se haviam passado poucos dias desde o assalto e eu voltara à minha rotina de sempre. Hoje era o meu dia de fechar o jornal, era a editora do dia. Já viram a minha sorte? Suspirei pesadamente, largando alguns textos em cima da mesa. Nada tinha sido o mesmo desde aquele dia.
Eu não conseguia parar de pensar em . Em como tinha sido tudo maravilhoso. Em como ele era o assaltante. Em como eu tinha mentido para a polícia sobre não saber de nada quando podia ter ajudado. Por que tinha eu feito aquilo por um completo desconhecido? Arrumei os óculos de leitura no meu rosto e me recostei no banco, fechando os olhos.
- Trabalhando até tarde? Está procurando um aumento?
A voz de ecoou pela sala. Abri os olhos rapidamente o encontrado parado junto à porta, com as mãos nos bolsos e com um sorriso magnífico no rosto, como sempre tinha. Balancei a cabeça negativamente, desviando o olhar e retirando os óculos.
- Por que fez isso? Gostei de você com esses óculos, parecia uma pessoa bem intelectual.
- O que você quer, ? – Questionei, voltando a observar o garoto, que se encontrava mais perto da minha mesa. – Eu sei quem você é, eu posso te denunciar agora.
- Contudo, não o fez. Pelo menos não vi meu rosto em qualquer noticiário.
- Você se aproveitou de mim. Se escondeu e fez de mim sua cúmplice. É esse seu modus operandis sempre, é? Ilude garotas no banheiro?
bateu os punhos em cima da mesa e a sua expressão facial se tornou dura. Me observava seriamente e eu me calei de forma instintiva.
- Você acha mesmo que eu daria assim meu nome para qualquer pessoa? Que eu a viria procurar sabendo que você poderia me denunciar? Ah, espere, se ajudar, pense que eu vim aqui para me livrar da testemunha, eu sei lá! – disse, um pouco alto. – Eu vim aqui porque eu te disse que não te deixava mais, não disse? Continuo sem pretender deixar. Sim, eu sou um ladrão. Um dos melhores do mundo e um dos mais procurados. Mas eu só roubo quem rouba antes, esses milionários mesquinhos que roubam o pão da boca de quem precisa. E não fico com tudo para mim, senão não continuaria assaltando, não acha? Eu estou aqui porque você é diferente de todo o mundo que eu já conheci. Eu estou aqui porque quero que você venha comigo. Eu estou aqui porque sei que você quer vir comigo. E eu estou aqui porque eu quero você.
Observei durante momentos. Seu olhar continuava transmitindo a mesma confiança de sempre, mesmo apesar de tudo eu sentia que ele não me havia mentido.
- , eu não posso levar essa vida que você leva.
- Se você vier comigo eu nunca mais faço um assalto na vida. – se aproximou de mim, me estendo a mão e me ajudando a levantar, envolvendo a minha cintura em seguida.
- Para onde vamos?
- Para onde a lua e as estrelas quiserem. Para onde existir o maior deserto para você visitar ou a ilha mais bonita. Para onde você quiser. Eu só preciso estar com você.
- Bem, está comprovado que não tem coisa melhor que conhecer pessoas no banheiro. – Soltei uma risada.
- É, eu acho que conheci a melhor pessoa da minha vida.
Depois das suas últimas palavras eu apenas senti seus lábios envolvendo os meus delicadamente. O ritmo do meu coração acelerou e eu retribui o beijo apressadamente. Era o que eu queria desde o primeiro momento em que os nossos olhares se haviam encontrado. Nenhum de nós saberia explicar o que estava sentindo, acho que culparíamos o destino. Só podia ser. E a minha decisão estava tomada. Eu iria com . Afinal, ele roubara cada pedacinho do meu coração.

“I'm only here because you stole my heart…”


FIM



Nota da autora (30/10/2015): Oi minhas queridas :)
Queria agradecer desde já a quem leu, essa é a minha segunda participação num ficstape é sempre bom saber que alguém aprecia a sua história. Peço para deixarem os seus comentários para ajudar um bocadinho o FFOBS, que bem merece, não acham?
Se quiserem ler outras fanfics minhas no site neste momento eu tenho quatro longas, “My Sister’s Murderer”, “Don’t Play Innocent”, “Greek Revolution” e “Baby, You Got Me Tied Down”. Tenho ainda uma short no ficstape da Riri, 08. What Now. Se quiserem falar um pouco com a portuguesa aqui o meu twitter @drunklouisgirl 
Lots of love x

Nota da beta: Quando comecei a ler já reconheci na hora essa escrita portuguesa da srta. Sofia! Ai, como eu amo as histórias dela, gente! Essa menina mergulha em uma fonte de criatividade, é? Sofs, tem isso aí em Portugal? Porque eu tô precisando um monte! Quero ver MUITOS comentários aqui embaixo, porque em só dez páginas essa guria fez uma obra prima! <333

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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