Capítulo 1
Sentei no cordão da calçada para esperar o táxi. O grande dia finalmente chegou: embarque de volta para a casa. Para trás tudo o que possa trazer lembranças: roupas, objetos, presentes... E, principalmente: . O principal motivo de minha partida. Tudo ficaria para trás. Na mochila apenas o básico para uma viagem. A vida iria começar do zero novamente, mesmo que na cidade da partida inicial.
- ? – fui chamado por uma voz conhecida. Tirei o foco das pedras que fazem o calçamento da rua e avistei meu amigo, .
- E aí, velho?! – disse.
- Trouxe algo para você. – disse receoso. – Está aqui. – Estendeu um envelope azul marinho próximo ao meu rosto. Assenti com o rosto e peguei o envelope. Ele apenas sorriu de canto e saiu, deixando-me sozinho novamente, agora, com um envelope misterioso.
Estou escrevendo para pedir desculpas. Desculpas por ter sido tão ridícula e covarde, principalmente por não ter coragem suficiente para admitir a única certeza que eu tenho no momento: eu amo você mais do que a mim mesma. Eu amo você mais do que eu achei que poderia amar e não sei muito sobre como é esse negócio de amor, mas esse sentimento me faz pensar em você durante a manhã, durante a tarde e durante toda a insônia noturna. Meu Deus , o que eu faço agora? Não sei o que vou fazer quando você for embora. O certo, depois de tudo o que aconteceu, seria deixar isso para trás, esquecer, levar uma vida nova... Só ainda não sei como isso vai ser possível se você não sai da minha cabeça. Bem, a parte boa é que já estou planejando meu futuro próximo, e tentando ao máximo não incluir você em nenhum dos meus planos. Mas, eu pergunto: Você acha que estou conseguindo? Se sim, bem... Está muito, muito errado. Infelizmente... Sei que você deve estar cansado do meu jeito de levar a vida, sempre tão confusa e inconstante. Eu também estou cansada... Sabe, eu gostava da forma como se preocupava comigo. Gostava da forma com que se interessava por meus problemas, pela minha vidinha boba e pelas banalidades que eu costumava dizer. Você sempre tão esforçado, tão preocupado em entender aquilo que nem eu mesma consigo entender. Engraçado, que eu que sempre tive esse jeito bobo de desprezar o fácil, fiquei completamente louca quando o fácil tornou-se difícil. Imaturidade... eu sei! Não me orgulho por isso. O meu maior medo agora, é que seja tarde demais. Talvez minhas palavras já não sejam tão necessárias, talvez você tenha mesmo se cansado de mim, da nossa vida, e da minha constante indecisão, por isso, uma das coisas que estou listando é o destino que vou dar a esta carta e creio que ela não vá chegar às suas mãos tão cedo. O motivo disso tudo é apenas para evitar mais sofrimento, principalmente o seu, pois sei que deve estar me odiando cada vez mais ao ler as palavras desta carta, mas eu juro pra você: estou sendo sincera, como sempre fui, embora você não acredite mais em mim. Quero e desejo profundamente o melhor para a sua vida, e penso que talvez eu não esteja mais inclusa nos seus planos, e, se for assim, desejo que você se case com a moça mais inteligente da cidade, que tenha filhos tão lindos quanto você e que um dia, mesmo que demore, você possa me perdoar. Quanto a mim, não se preocupe... Vou aceitar isso e continuar vivendo a minha vida... Sem mentiras desta vez, embora pra você isso pareça impossível. Espero um dia ter seu perdão.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto quando terminei de ler o que ela havia escrito para mim. Como era possível uma única pessoa conseguir me deixar sentir amor e ódio, tudo no mesmo dia, no mesmo instante, de uma hora pra outra, duas linhas tênues. Era ela... somente ela, que fazia meu coração bater tão forte, que me deixava confuso em meio as certezas da minha vida. ... Eu precisava achá-la e resolver tudo de uma vez.
Ouvi o som de passos vagarosos descendo as escadas, depois que apertei campainha. A porta abriu mais vagarosa ainda, e uma moça um tanto acabada estava ali, me olhando com surpresa.
- Uau – ela disse, tentando arrumar seus cabeços bagunçados. Se ela soubesse como estava linda daquele jeito.
- Não sei ao certo o que vim falar com você, apenas vim... – eu disse, um pouco temeroso com o que estava acontecendo. Ela ainda parecia surpresa com a minha presença. – Depois que li sua carta apenas corri até aqui para resolver tudo.
- Minha carta¿ - Ela perguntou surpresa.
- Sim, sua carta. – Afirmei. A carta tinha o cheiro dela, o papel amarelado, a caneta preta falhada do RPG, a letra torta dela, com o pingo no “i” gigante que só ela sabia fazer. Não havia dúvidas.
- Aquele filho da puta pegou a carta e te entregou¿ - Não sei explicar a expressão que ela fez, apenas fiquei observando seu rosto, pela primeira vez, demonstrando alguma vergonha, medo, choque... um misto de sensações fora do normal.
- Olha, ... eu quero dizer que estou sinceramente pensando em nós, em todos esses dias, e espero que depois de tudo que você escreveu pra mim naquela carta nós possamos apenas nos abraçar e ficar juntos de uma vez antes que eu fique completamente louco por sua causa. – Despejei um monte de palavras sem saber ao certo o que estava dizendo, só sei que disse, e ela sorriu, e eu sorri... e então nos abraçamos. Apertado. Emocionado. Amado. Eu me sentia amado, e de tantas incertezas que eu tinha da vida, aquela era a única coisa certa que eu podia ter certeza: Eu também amava mais do que a mim mesmo, e nada nesse mundo poderia nos separar.
- Eu amo você. – ela disse ainda abraçada em mim.
- Eu amo você, minha pequena.
- ? – fui chamado por uma voz conhecida. Tirei o foco das pedras que fazem o calçamento da rua e avistei meu amigo, .
- E aí, velho?! – disse.
- Trouxe algo para você. – disse receoso. – Está aqui. – Estendeu um envelope azul marinho próximo ao meu rosto. Assenti com o rosto e peguei o envelope. Ele apenas sorriu de canto e saiu, deixando-me sozinho novamente, agora, com um envelope misterioso.
Estou escrevendo para pedir desculpas. Desculpas por ter sido tão ridícula e covarde, principalmente por não ter coragem suficiente para admitir a única certeza que eu tenho no momento: eu amo você mais do que a mim mesma. Eu amo você mais do que eu achei que poderia amar e não sei muito sobre como é esse negócio de amor, mas esse sentimento me faz pensar em você durante a manhã, durante a tarde e durante toda a insônia noturna. Meu Deus , o que eu faço agora? Não sei o que vou fazer quando você for embora. O certo, depois de tudo o que aconteceu, seria deixar isso para trás, esquecer, levar uma vida nova... Só ainda não sei como isso vai ser possível se você não sai da minha cabeça. Bem, a parte boa é que já estou planejando meu futuro próximo, e tentando ao máximo não incluir você em nenhum dos meus planos. Mas, eu pergunto: Você acha que estou conseguindo? Se sim, bem... Está muito, muito errado. Infelizmente... Sei que você deve estar cansado do meu jeito de levar a vida, sempre tão confusa e inconstante. Eu também estou cansada... Sabe, eu gostava da forma como se preocupava comigo. Gostava da forma com que se interessava por meus problemas, pela minha vidinha boba e pelas banalidades que eu costumava dizer. Você sempre tão esforçado, tão preocupado em entender aquilo que nem eu mesma consigo entender. Engraçado, que eu que sempre tive esse jeito bobo de desprezar o fácil, fiquei completamente louca quando o fácil tornou-se difícil. Imaturidade... eu sei! Não me orgulho por isso. O meu maior medo agora, é que seja tarde demais. Talvez minhas palavras já não sejam tão necessárias, talvez você tenha mesmo se cansado de mim, da nossa vida, e da minha constante indecisão, por isso, uma das coisas que estou listando é o destino que vou dar a esta carta e creio que ela não vá chegar às suas mãos tão cedo. O motivo disso tudo é apenas para evitar mais sofrimento, principalmente o seu, pois sei que deve estar me odiando cada vez mais ao ler as palavras desta carta, mas eu juro pra você: estou sendo sincera, como sempre fui, embora você não acredite mais em mim. Quero e desejo profundamente o melhor para a sua vida, e penso que talvez eu não esteja mais inclusa nos seus planos, e, se for assim, desejo que você se case com a moça mais inteligente da cidade, que tenha filhos tão lindos quanto você e que um dia, mesmo que demore, você possa me perdoar. Quanto a mim, não se preocupe... Vou aceitar isso e continuar vivendo a minha vida... Sem mentiras desta vez, embora pra você isso pareça impossível. Espero um dia ter seu perdão.
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Uma lágrima escorreu pelo meu rosto quando terminei de ler o que ela havia escrito para mim. Como era possível uma única pessoa conseguir me deixar sentir amor e ódio, tudo no mesmo dia, no mesmo instante, de uma hora pra outra, duas linhas tênues. Era ela... somente ela, que fazia meu coração bater tão forte, que me deixava confuso em meio as certezas da minha vida. ... Eu precisava achá-la e resolver tudo de uma vez.
Ouvi o som de passos vagarosos descendo as escadas, depois que apertei campainha. A porta abriu mais vagarosa ainda, e uma moça um tanto acabada estava ali, me olhando com surpresa.
- Uau – ela disse, tentando arrumar seus cabeços bagunçados. Se ela soubesse como estava linda daquele jeito.
- Não sei ao certo o que vim falar com você, apenas vim... – eu disse, um pouco temeroso com o que estava acontecendo. Ela ainda parecia surpresa com a minha presença. – Depois que li sua carta apenas corri até aqui para resolver tudo.
- Minha carta¿ - Ela perguntou surpresa.
- Sim, sua carta. – Afirmei. A carta tinha o cheiro dela, o papel amarelado, a caneta preta falhada do RPG, a letra torta dela, com o pingo no “i” gigante que só ela sabia fazer. Não havia dúvidas.
- Aquele filho da puta pegou a carta e te entregou¿ - Não sei explicar a expressão que ela fez, apenas fiquei observando seu rosto, pela primeira vez, demonstrando alguma vergonha, medo, choque... um misto de sensações fora do normal.
- Olha, ... eu quero dizer que estou sinceramente pensando em nós, em todos esses dias, e espero que depois de tudo que você escreveu pra mim naquela carta nós possamos apenas nos abraçar e ficar juntos de uma vez antes que eu fique completamente louco por sua causa. – Despejei um monte de palavras sem saber ao certo o que estava dizendo, só sei que disse, e ela sorriu, e eu sorri... e então nos abraçamos. Apertado. Emocionado. Amado. Eu me sentia amado, e de tantas incertezas que eu tinha da vida, aquela era a única coisa certa que eu podia ter certeza: Eu também amava mais do que a mim mesmo, e nada nesse mundo poderia nos separar.
- Eu amo você. – ela disse ainda abraçada em mim.
- Eu amo você, minha pequena.
Cause we're crazy, I'll go crazy with you
You're so crazy, I'll go crazy with you
Fim.
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