Fanfic finalizada.

Capítulo único

Eu preciso sair desse lugar - foi a primeira coisa que a adolescente pensou quando percebeu onde tinha se metido. Final da guerra fria, Berlim, 1989. Queda do muro. A jovem alemã se encontrava perdida, levando em consideração que tinha 17 anos e estava grávida de oito meses. Grávida de um espião de alta patente da URSS, . Ela sabia que não seria fácil a criança crescer com o pai presente, se é que ele fosse assumir, já que estava em missão, e, além disso, planejava fugir para a América o mais rápido possível. Seus pais não deram a mínima, seu irmão não deu a mínima. Ninguém dava a mínima pra situação dela. Ela sentia a mudança que a chegada da criança ia trazer.

foi até a União Soviética, procurou por em todo canto. Achou o espião depois de muita procura e contou o que estava acontecendo e como ela estava sozinha. , como era mais velho e trabalhava já tinha um tempo, arranjou um apartamento simples para conseguir ficar com a criança, pelo menos nos primeiros meses. O problema é que não queria ter aquele filho. Ela não se sentia capaz de segurar o bebê nos braços sem que caísse, não se sentia pronta e nem suficiente para virar mãe. Viu todos os seus sonhos despedaçados quando percebeu o tamanho do erro. Erro, era isso que aquela gravidez significava.

Dia quatro de dezembro de 1989, a bolsa estourou no apartamento, pariu a criança sozinha. Era assim que ela estava, afinal. Deu luz a uma linda menininha, que chamou de Katerina. O sonho de mudança, de deixar o país, ficou para trás. Era a única pessoa que a menina tinha. Preciso ir em um hospital, pensou. Precisava ver se estava tudo bem com ela. Ligou para várias vezes, mas ele não atendeu. Ela não ia deixar recado, mas preferiu avisar do nascimento de criança. Falou que estava indo pro hospital porque a menina nasceu, só. Objetiva e rápida, do jeito que pedia para ela falar, sem dar detalhes.

No hospital, recebeu os primeiros atendimentos e foi encaminhada para um quarto, em uma ala separada da ala comum. Achou estranho, mas pensou que talvez tivesse pedido para alguém lá dentro, já que ela o avisou.

Na cadeira de rodas, abriu a porta do quarto e levou um susto. Dentro dele, esperava em pé olhando para fora da janela, atento a qualquer movimento vindo do lado de fora.

- Olá.
- Oi. Não achei que viesse. – Respondeu incerta sobre o que falar.
- E não veio. Sou Ivar, irmão gêmeo de .
- Não sei como vai interpretar isso, mas eu nem sequer sabia da sua existência.
- Fique tranquila – respondeu o homem – ninguém te fará mal. Precisamos da criança, apenas.
- Para que? Minha filha acabou de nascer, o que está acontecendo?
- Ela corre perigo, . foi pego pelos Estados Unidos. Vão descobrir sobre a menina, e você também poderá ser pega. Ou salvamos você ou a criança, e eu particularmente prefiro salvar um dos meus.
- Como assim? Você não pode fazer isso!
- Não só posso como vou. Onde ela está, ?
- Eu não sei, de verdade. Me mandaram pra cá.
- Eu sei que te mandaram pra cá, foi eu quem mandou. Só preciso da criança.
- Eu posso escolher alguém para ficar com ela? Que ela fique segura, claro. Preciso só fazer uma ligação.
- E você virá conosco?
- Ivar, não me entenda mal, mas eu nunca estive preparada para ser mãe. Eu concordo com qualquer coisa para sair daqui. Eu preciso sair daqui. – Respondeu a menina, falando a última frase baixinho.
- Ok então. Fechado. sabe disso?
- Se depender de mim, nunca saberá.
- Onde você vai deixar a menina?
- Com alguém. Sei que vai ser bem criada e não vai levantar suspeitas. Você tem algum lugar seguro que eu possa fazer uma ligação?
- Claro. Faça. – O espião entregou um celular. – Apenas seja breve, não temos tempo. Estão nos esperando lá embaixo.
- Ok. – Respondeu , monossilábica, visivelmente nervosa.


- Oi, ela nasceu. Preciso que fique com ela. Não, não posso explicar. Katerina. Fique com o nome, por favor. Não levante suspeitas. Estou no hospital, aquele do centro, pode vir buscá-la. Ok. Desculpa. Não sei. Obrigada.

Ivar ouvia tudo atentamente, do lado de . Recebeu a informação que a recém nascida fora despachada e então chamou .

- Aqui, amarra esse cinto.
- Como assim?
- Você vai pular da janela. Eu vou atrás, tem gente esperando lá embaixo.
- Ok, ok.

Ao pisar na rua, sentiu tudo de uma só vez. Sua filha nasceu, ela não ia ficar com a criança, estava fugindo de algo. Katerina vai ficar bem, só não podiam pegá-la – pensava a jovem. Começou a chorar copiosamente.
- Até parece que queria ser mãe, .
- Não fale assim.
- Estou mentindo? me falou que você nunca quis ser mãe porque não se sentia pronta.
- Você não sabe meus motivos.
- E nem quero saber. Você precisa sair daqui. Sempre quis, não quis? Mudar os ares e tal.
- Pra onde eu vou?
- Cuba. Você precisa ir embora logo, fugir daqui. Não me pergunte por quê.
- Katerina vai ficar bem?
- Depende de quem você deu pra criar. E do governo.

foi posta dentro de um avião que desceu em Havana. Ela estava com tanta pressa e corria sem nem saber por quê. Alugou uma casa, pequena, simples, só pra ela. Arrumou emprego em uma farmácia. Mudanças, ela pensou. Mudanças são necessárias.



25 anos depois:

Nós estamos de observando. Lembra-se da sua filha?





Fim?



Nota da autora: Oi gente! Mais um ficstape meu por aí! Como estão? Eu fiz esse ficstape pensando na minha próxima fic. Esse aqui é um prólogo do prólogo dela. Pretendo postar em breve, já tenho ela começada. A nossa principal será a Katerina e não a , como foi aqui, mas espero que vocês estejam tão ansiosas quanto eu pra descobrir o que aconteceu/acontecerá com ela! Espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima! ❤️




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