Capítulo Único
O clima entre eles havia mudado drasticamente, a amizade que antes era descontraída e de companheirismo não existia mais. Eles se conheciam desde o primário e eram amigos desde então, quando ela mordeu o braço dele, enquanto ele tentava roubar a merenda dela. Nenhum dos dois podia imaginar, que ali, no último ano do colegial, o clima seria tão pesado e eles seriam tão distantes como estavam agora, e aquilo tinha um impacto enorme até no grupo de amigos que tinham em comum.
Por mais que tivessem conversado sobre o assunto, uma vez aquele sentimento quebrado nunca mais seria restaurado, e ele só teve a certeza depois dessas cinco semanas sem se falarem, dela mudando sua rota matinal para o colégio, para que não se encontrassem pelo caminho e pala decisão dela de entrar para o clube de dança que ficava do lado oposto a quadra de futebol, para que também, na hora de saírem de seus compromissos extracurriculares, não se esbarrassem.
Depois daquela palhaçada na frente de todo mundo na hora do intervalo, ela nunca mais foi a mesma. Ela nunca mais teve coragem de olhar em seus olhos, nunca mais foi carinhosa, atenciosa e o brilho que antes existia desapareceu, dando espaço para uma nuvem escura sempre que precisava, por obrigação, ter uma das aulas com ele. E isso fez com que toda a amizade e amor que existia entre os dois durante todos aqueles anos chegasse ao fim, e aquela água quente era a sua única chance para acalmar o seu coração e a sua mente que entravam em conflito quando a lembrança surgia em momentos inoportunos. Por exemplo agora, de olhos fechados tentando concentrar a sua atenção naquela voz que gritava dentro da sua cabeça que ele era um Idiota, burro, babaca… frouxo.
— Por que eu fiz isso? Por que não assumi naquele momento o que sentia por você? Por que não coloquei um ponto final em todas aquelas fofocas? — Ele fez perguntas que não iriam ser respondidas em nenhum momento. Estava ali, no vestiário, sozinho. Longe de toda a equipe de futebol, porque os caras já tinham ido embora.
havia pedido um tempo para esquecer o incidente, optando pelo isolamento depois de todas as atividades e ambos mantinham o mínimo contato quando eram obrigados a dividir o mesmo ambiente. O constrangimento e o arrependimento com aquele espetáculo que fizeram sobre os dois, tinha rendido durante muito tempo muitas especulações sobre um possível relacionamento entre os dois amigos, já existia a dúvida sobre essa amizade ser somente amizade. Naquele dia em especial alguém vazou um poema que ela tinha escrito para ele, ela o amava de fato, mais do que amava um amigo, mas eles nunca tinham conversado mais profundamente sobre aquilo e quando ele virou o capitão do time de futebol e ela só a amiga nerd que vivia grudada nele, as pessoas começaram a ser maldosas com e aquilo então estourou, ela falava sobre seus sentimentos e talvez no fundo soubesse que eles estavam lá, mas na hora ele não sabia o que pensar, simplesmente entrou em parafuso. Todo mundo estava cansado de saber como os dois eram próximos, e como tudo que os envolvia vinha cheio de risadas e de carinhos, mas aí soltarem aquela declaração forçada, daquela forma tão inesperada na frente de todos os alunos e quem mais estivesse ali, pegou de surpresa.
Ele enfiou a cabeça embaixo da água e não conseguia esquecer a cena que foi a grande causadora de tudo.
Eles estavam sentados um ao lado do outro como de costume, há anos se sentavam juntos na hora do almoço e comiam o lanche um do outro. sentado ao lado de fechava a fila de cadeiras na mesa. O grupo todo de amigos ia chegando e se sentando com eles. Como de praxe, muitas risadas, conversas jogadas fora e muitas especulações sobre o trabalho de conclusão de curso que os mais velhos teriam de apresentar naquele ano. As brincadeiras entre todos os companheiros era sempre presente. Aquilo já fazia parte da identidade do grupo, e como sempre e estavam rindo juntos e brincando um com a mão do outro. Pouco antes do sinal tocar, uma das líderes de torcida, que era alta com longos cabelos tingidos de ruivos, que estava sentada logo na mesa da frente se levantou e ficou em pé, em cima da mesa.
— Gostaria de ter a atenção de todos! — O pátio ficou em silêncio e todos voltaram a atenção para a mulher, inclusive , que por algum motivo, estava com as mãos suando. Talvez fosse o calor, ou a ansiedade em saber o que Meg iria falar daquela vez. — Vocês devem conhecer nosso casal ali. — Apontou na direção de e . — Que juram que são só amigos, mas sabem o que eu descobri? — Puxou uma folha que tinha a lateral desenhada de roxo, que na hora fez com que gelasse, era uma página de seu diário, ela sabia, ela vivia escrevendo coisas nele. — Que a nossa querida patinha feia, ah desculpem, , também não acredita que eles sejam apenas amigos, eu vou ler para vocês. "Eu o amo? Acho que isso não deveria ser uma pergunta, não é? Porque eu o amo, somos amigos afinal! Mas acho que estou também apaixonada por …
— Meg, pare com isso, não tem graça! — Uma outra menina da equipe de líderes de torcida disse tentando puxar a menina pela roupa. E ela pouco se importou.
— … Isso é loucura, eu sei, afinal, ele é o , o cara mais popular, engajado, engraçado, sociável e querido de todo o planeta e eu sou só, eu." Nisso você tem razão gatinha, ele é areia demais para o seu caminhãozinho, mas nós diga, grande , quais seus sentimentos pela patinha feia? — Ela finalizou, os olhos estavam atentos para a mesa onde o grupo estava e os demais olhos caiam sobre os dois. ficou atônita.
— Existe um sentimento muito forte entre mim e realmente. — Ela engoliu engoliu em seco, sentia que todo o sangue do seu corpo fosse esvair naquele momento, e a cabeça estava entrando em colapso. Virou a cabeça e continuou olhando o amigo falar. — Nós nos damos super bem, e tudo que existe entre a gente é carinho e amor, é normal as pessoas especularem certas coisas, quando estão cansadas da própria vida, mas é mentira. Não é porque as pessoas têm carinho e amizade que elas são um casal. — As palavras saíram mais rudes da garganta do que ele realmente queria que saísse.
Um burburinho, piadinhas e risadinhas começou a tomar conta do local e a expressão de incredulidade e de tristeza automaticamente tomou conta do rosto de . Dali em diante o clima não só entre e ficou insustentável, assim como afetou todo o grupo.
Desligando o chuveiro ainda se sentia um covarde, idiota. Idiota por não ter tido coragem de assumir seus sentimentos naquele momento, idiota por não ter conversado depois com a amiga, explicado como ele se sentiu confuso, idiota por não ter pedido desculpas. Ele era um idiota que precisava muito conversar com alguém sobre como vinha se sentindo esse tempo todo. Assim que se vestiu, procurou seu aparelho celular e mandou uma mensagem para , se ficasse pensando em tudo aquilo sozinho seria capaz de enlouquecer.
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Pela resposta da amiga, ela ainda estava no colégio, aproveitou para organizar algumas coisa com antecedência para arrecadação anual para o novo uniforme da banda da escola e como era presidente do Grêmio, era sua obrigação todas aquelas tarefas. Assim que passou pela grande porta de vidro que dava acesso a sala de coordenação, onde a amiga geralmente ficava, avistou a mais velha conversando animadamente com uma das inspetoras. nunca perdia tempo, estava sempre fazendo amizades na área admistrativa da escola e com todos no geral, e isso mais que tudo fez com que o procurasse para essa conversa.
— ! Oi. — disse ao se aproximar de onde elas estavam, cumprimentou a moça e voltou a atenção para a amiga. — A gente pode conversar em lugar mais reservado? — esfregava as mãos uma na outra e abriu um sorriso amarelo.
— Claro, neném. — passou um dos braços pelos ombros de . — Até mais. — Ele se despediu da mulher antes de seguir com o amigo para o último andar onde tinha um terraço que quase ninguém usava.
Durante a subida do elevador o silêncio entre os dois era quase constrangedor, estava louca para perguntar o que era tão importante assim para procurá-la tão repentinamente, ainda mais depois de todas aquelas semanas em que mal o via pelos corredores. Alguma coisa estava acontecendo entre ele e e não era só especulação de ninguém. Assim que ouviu o barulho do elevador chegando ao andar, ela despertou de seus devaneios e seguiu o amigo que dava passos lentos até se acomodarem em um dos bancos que estavam espalhados pelo espaço.
— Diga, . Fala tudo, abre seu coração. — O sorriso no rosto de era tão convidativo e seguro que não teve dúvidas que era daquele sorriso, e daquele amparo que ele precisava nesse momento. A amiga com certeza saberia dar um norte em toda aquela situação.
— É um pouco complicado, , acho que nunca falei disso abertamente com ninguém. — Ele abaixou o olhar para os pés.
— Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? — O tom acolhedor da voz da amiga fez com que ele se sentisse muito confortável com o rumo que a conversa iria tomar.
— Eu sei, eu só estou me sentindo estranho em dizer isso em voz alta. — Ele procurou os olhos da amiga e fixou seu olhar profundamente no dela. — Eu tentei por muito tempo fugir de tudo isso, e dizer assim pra outra pessoa torna tão real. E ao mesmo tempo tão certo, a minha vida toda senti que era errado sentir isso. — Os olhos continuavam com a mesma intensidade e continuava atenta a todas as palavras. Mesmo sabendo onde o amigo queria chegar, não o interrompeu, nem o cortou, ele estava desabafando e precisava daquilo.
— Nenhum sentimento é errado, . — começou a falar quando viu que o amigo estava angustiado com aquilo e não conseguia prosseguir. — Independente de por quem você sente, o sentimento tem que ser verdadeiro, e o amor não é algo que a gente pode classificar, especialmente como certo ou errado, e nem escolher quem amamos, sabe, se pudéssemos, eu escolhia alguém e sossegaria. — Ela pegou as mãos do amigo, que estavam tremendo.
— Eu a amo, . O quanto isso pode ser prejudicial para nossa amizade e para nossos amigos? — A voz de estava embargada e os olhos marejados.
— Amar alguém nunca vai ser prejudicial, . — Ela seguia fazendo carinho nas mãos do amigo. — Com os amigos, a gente organiza, continua seguindo a vida como sempre fizemos, o particular de cada um, nunca afetou o grupo. Não vai ser isso que vai te impedir de falar com , eu garanto que dependendo de que rumo isso levar, vamos estar juntos nessa, nunca vamos deixar de apoiar vocês. Agora quanto a serem melhores amigos, isso é algo que vão ter que ponderar juntos se vale a pena, que ela te ama a gente já viu, graças aquela vaca, Deus me perdoe, odeio odiar mulheres, mas odeio a Meg - então é com vocês, se sentem que o sentimento romântico é tão forte quanto a amizade, vá em frente, o que não dá é vocês ficarem se machucando dessa maneira. — O semblante no rosto de estava mais suave, e ele estava feliz por ouvir aquelas palavras.
— Obrigado por isso, . — Ele disse, apertando as mãos da amiga e abrindo um sorriso mais vivo.
— Não precisa me agradecer, eu sempre vou estar aqui, sempre. — Ela sorriu, olhando brevemente para o céu. O sol estava começando a esquentar e o vento batia agradável, balançando de leve seus cabelos. — Agora você precisa dizer isso pra ela. Essa situação está sufocando não só vocês, mas o grupo todo. Vai resolver isso, eu não aguento mais essa cara de enterro de vocês, dois jovens bonitos e gostosos, estão parecendo meus tios que tem 60 anos e ainda são solteiros. — riu, mas sabia que era verdade, o clima no grupo de amigos mudou muito depois do ocorrido, e os semblantes não eram os mais convidativos.
— Eu não sei mais onde ela está! — disse, ajeitando a mecha de cabelo que caia em seu rosto.
— Eu a vi mais cedo aqui na escola, não consegui conversar com ela, mas deve estar por aqui ainda, ela tinha alguma coisa do clube de dança, sabe como ela gosta de ser pontual com tudo. — se levantou, esticando o corpo. — Se eu fosse você, iria agora atrás dela e já resolvia esse impasse. — Ela abriu um largo sorriso para o amigo e seguiu em direção ao elevador. — Força, . Eu acredito em você.
não conseguia se mover, estava nervoso e ansioso para encontrar . Não percebeu quando a amiga tomou o elevador, só ficou repassando a informação dela por perto, na mente. Levantou de onde estava e impaciente para esperar o elevador, foi correndo direto para a escada de emergência, precisava encontrar antes que ela fosse embora.
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sentiu que as pernas não respondiam mais ao seu comando e o desespero surgiu quando entrou na sala de descanso, vendo que não estava ali também, já tinha corrido a escola quase toda e perdido as esperanças de encontrá-la naquela escola enorme e não sabia mais onde ir, ele já tinha procurado nos outros lugares que ela costumava ficar. Era tudo muito natural quando estavam juntos e às vezes não percebiam os comentários pela escola e nem de como os amigos brincavam com essa relação de “amizade” que existia entre eles. Perdido em todas as suas memórias enquanto corria por todos os lados da escola, lembrou exatamente do momento que passou a sentir algo diferente por e de como o seu coração ficava acelerado sempre que ela estava por perto. Era tão fácil achar motivos para estar apaixonado pela garota, razões e sentimentos tão sinceros que só cresceu com o passar dos anos. Ao lado de ele conseguia conforto, estabilidade e uma segurança que nunca sentiu com outra pessoa. O amor que sentia por ela era tão real, grande e fora dos eixos que só o que queria nesse momento era que ela te desse uma nova chance.
— Será que um dia você vai me perdoar? — Ele disse baixinho, com a cabeça encostada na parede de um dos corredores da ala sul. Precisava encontrá-la antes que sua coragem desaparecesse. — , não consigo mais guardar tudo isso. Preciso que você me perdoe e me dê uma nova chance. — Suplicando e com os olhos marejados de lágrimas, ficou parado ali por um tempo, recuperando a energia para que pudesse continuar procurando por todos os salas. Ele não podia desistir, não podia simplesmente esquecer desse sentimento e achar que tudo voltaria a ser como antes. não iria ficar esperando por ele a vida toda.
De repente um barulho vindo da sala de ensaios despertou a sua atenção e curiosidade para saber quem estava ali. Ele não sabia se todo o pessoal do clube de dança tinha ido embora ou não, logo, ele não imaginou, quem pudesse ser com aquela música alta e aquele barulho de sapatos batendo contra o chão. Limpou os olhos com as costas da mão e foi para frente da porta de vidro, era ela. .
— Que bom que eu te encontrei. — sorriu imediatamente ao vê-la dançando tão concentrada.
— O que você faz aqui? — parou, totalmente desconcertada ao ver parado na porta daquela maneira, o coração descompensado demonstrou que ele ainda causava incômodo em seu corpo e tentou esconder em como estava surpresa e ao mesmo tempo feliz por saber que a procurava.
— Eu estava procurando por toda escola…
— Porquê? Não temos nada para conversar. — Ela foi seca, interrompendo o rapaz para que não terminasse a frase. — Quer usar a sala? Eu posso sair e usar depois, não tem problema. — pegou sua toalha e a bolsa que estavam em cima de uma cadeira.
— . — a chamou, controlando o impulso de correr para os braços dela. Queria implorar por desculpas e pedir perdão por ter sido um covarde naquele dia. — Por favor. — Ele pediu, quebrando a distância que existia entre eles. Segurou o braço dela e aquele pequeno contato trouxe um arrepio em sua espinha.
— O que você quer, ? — Ela perguntou, tentando tirar a atenção dos olhos dele, mas era impossível não deixar de olhar a maneira intensa com que tinha os olhos presos ao seu rosto. A atração que existia por aquele garoto era algo que não conseguia explicar, às vezes era intenso, verdadeiro, único e em outras parecia ser algo mais carnal e cheio de desejo que ela nem ao menos conseguia controlar as reações do seu corpo quando ele estava por perto. Assim, dessa maneira, quando sentia o perfume dele por todo aquele ambiente e a sua pele arder em calor com aquelas mãos segurando fortemente o seu braço. não tinha mais expectativas em relação ao amigo, tudo havia se tornado tão decepcionante e um caos durante aquelas semanas que ela nem ao menos conseguia sustentar o olhar dele. Ela esperava que fosse mais corajoso, determinado e que pelo menos a tivesse defendido naquele momento.
— Preciso falar com você… — A voz dele saiu de maneira desigual, cansado. respirou algumas vezes, buscando um pouco de ar para não entrar em colapso nervoso e dizer tudo o que estava sentindo. Não podia mais fugir daquele sentimento que o sufocava cada vez mais. — Fiquei pensando em você esse tempo todo. E eu estou cansado de ficar escondendo as coisas dessa maneira, não consigo mais viver desse jeito, . São anos que eu venho escondendo o que eu sinto por você e eu me dei conta hoje durante o banho que não posso deixar de viver um amor por medo de julgamentos, ou por medo de perder o que a gente tem, quer dizer, agora a gente nem tem mais nada né? Sem você eu sinto o vazio no meu peito e não é pela minha melhor amiga de infância e pela garota que mais parecia minha namorada, a que eu gosto de cuidar, de abraçar, de rir junto, de ter aquela cumplicidade. — Ele disse de uma vez, subindo uma das mãos para o rosto dela. O toque contra o rosto trouxe diversas reações para ele que sorriu de maneira alegre, demonstrando que tudo aquilo era bem real.
— Você não pode despejar tudo isso dessa maneira, . — deu alguns passos para trás, afastando o rosto do toque das mãos dele. — É muito fácil conseguir falar agora, mas não pensou nisso quando eu fiquei despedaçada depois que você disse tudo aquilo na frente de toda a escola. Pensou? — Ela perguntou, deixando o olhar de vagar pela sala ao lembrar da maneira que ele havia falado sobre o envolvimento deles e o sentimento que existia. — “Não é porque as pessoas têm carinho e amizade que elas são um casal.” — repetiu, usando as mesmas palavras que tinha falado naquela tarde. — Não era isso que você tinha falado? — Novamente uma pergunta objetiva.
— Fiquei nervoso naquele momento, não me senti à vontade para falar algo tão pessoal daquela maneira, , nem eu sabia direito o que estava sentindo. — tomou distância dela, indo para o outro lado da sala andando como se estivesse perdido. Passou a mão no cabelo algumas vezes, aflito com todos aqueles pensamentos. Ele não aguentava mais aquela pressão em sua cabeça e nem essa situação que o estava deixando sem forças. — Desculpa por não ser a pessoa que merece o seu carinho e amor. Sei que errei e sei que não consigo voltar no tempo para consertar o que disse de errado. — O peso das suas palavras estavam causando uma dor em toda parte do corpo, e ele não conseguia fugir daquela sensação e da decepção que tinha sido para escutar todas as mentiras que ele tinha inventado ali na hora. — Tudo o que eu disse é mentira. Não é verdade. Eu também sinto o que você sente. — Ele confessou abaixando a cabeça encarando o chão. — Desde quando te conheci senti uma atração muito forte, no começo tentei não me iludir e achei que fossem coisas da minha cabeça. E isso foi mudando com o tempo e cada vez mais estava ansioso para ficar perto de você, dividir os brinquedos, o almoço e passar horas e horas sentado ao seu lado vendo algum filme. — conseguiu abrir um sorriso em meio a lágrimas com aquelas lembranças. Ele precisava colocar tudo isso para fora e não podia perder a chance de perder a única pessoa importante em sua vida. — O jeito que você sorria, a maneira perdida quando não entendia uma piada e até mesmo quando não acontecia nada de interessante, você me deixava preso e eu ficava observando, apaixonado e totalmente perdido por aquele olhar e aquele sorriso que me tirava o foco de todas as outras coisas ao meu redor. — O coração de parecia não ficar controlado e lentamente ele foi encostando as costas na parede procurando por apoio. ainda estava do outro lado da sala em silêncio escutando tudo atentamente, ela não tinha esboçado nenhuma reação, nenhum suspiro e nenhum outro gesto que pudesse entregar o que passava por sua cabeça naquele momento.
— . — quebrou o silêncio daquela sala, partindo em direção à ele. — Nós podemos tentar… — Ela disse surpresa com a maneira que aquela frase soou sensata e carregada de sentimentos. — Esperei tantos anos por você, eu te amei todo esse tempo. — Mais alguns passos foram dados e agora estava parada a poucos centímetros de distância. — Eu fiquei chateada, mais comigo do que com você naquele momento. Porque eu pensava que meus pensamentos e sentimentos estavam a salvo no meu diário. — Ela diminuiu toda a distância possível, e colocou a mão no rosto do rapaz.
Olhos olhos de se prenderam aos dela, e o rapaz abriu um pequeno sorriso com o toque.
— Eu devia ter te dito tudo antes eu… — colocou o indicador sobre os lábios de .
— Eu sei, eu também. Mas agora eu preciso fazer uma coisa, uma coisa que tenho esperado a muito tempo.
Ela tirou o dedo dos lábios de e o substituiu pelos seus lábios. A forma com que aquele contato era suave e macio fez com que uma corrente elétrica passasse por toda a extensão da espinha de . As mãos dele foram direto para a cintura de , puxando mais o corpo da garota no seu. Quando as línguas finalmente se encontraram misturando o gosto dos dois, enfiou a mão nos cabelos de e eles perceberam ali, que nada e nem ninguém seriam capazes de podar aquele sentimento. O Amor e o carinho que aquele beijo trouxe ao coração de fez com que ele, naquele momento mais que nunca, soubesse que o que sentia não tinha porque ser errado. Errado foi viver todos aqueles anos sem tudo aquilo.
Por mais que tivessem conversado sobre o assunto, uma vez aquele sentimento quebrado nunca mais seria restaurado, e ele só teve a certeza depois dessas cinco semanas sem se falarem, dela mudando sua rota matinal para o colégio, para que não se encontrassem pelo caminho e pala decisão dela de entrar para o clube de dança que ficava do lado oposto a quadra de futebol, para que também, na hora de saírem de seus compromissos extracurriculares, não se esbarrassem.
Depois daquela palhaçada na frente de todo mundo na hora do intervalo, ela nunca mais foi a mesma. Ela nunca mais teve coragem de olhar em seus olhos, nunca mais foi carinhosa, atenciosa e o brilho que antes existia desapareceu, dando espaço para uma nuvem escura sempre que precisava, por obrigação, ter uma das aulas com ele. E isso fez com que toda a amizade e amor que existia entre os dois durante todos aqueles anos chegasse ao fim, e aquela água quente era a sua única chance para acalmar o seu coração e a sua mente que entravam em conflito quando a lembrança surgia em momentos inoportunos. Por exemplo agora, de olhos fechados tentando concentrar a sua atenção naquela voz que gritava dentro da sua cabeça que ele era um Idiota, burro, babaca… frouxo.
— Por que eu fiz isso? Por que não assumi naquele momento o que sentia por você? Por que não coloquei um ponto final em todas aquelas fofocas? — Ele fez perguntas que não iriam ser respondidas em nenhum momento. Estava ali, no vestiário, sozinho. Longe de toda a equipe de futebol, porque os caras já tinham ido embora.
havia pedido um tempo para esquecer o incidente, optando pelo isolamento depois de todas as atividades e ambos mantinham o mínimo contato quando eram obrigados a dividir o mesmo ambiente. O constrangimento e o arrependimento com aquele espetáculo que fizeram sobre os dois, tinha rendido durante muito tempo muitas especulações sobre um possível relacionamento entre os dois amigos, já existia a dúvida sobre essa amizade ser somente amizade. Naquele dia em especial alguém vazou um poema que ela tinha escrito para ele, ela o amava de fato, mais do que amava um amigo, mas eles nunca tinham conversado mais profundamente sobre aquilo e quando ele virou o capitão do time de futebol e ela só a amiga nerd que vivia grudada nele, as pessoas começaram a ser maldosas com e aquilo então estourou, ela falava sobre seus sentimentos e talvez no fundo soubesse que eles estavam lá, mas na hora ele não sabia o que pensar, simplesmente entrou em parafuso. Todo mundo estava cansado de saber como os dois eram próximos, e como tudo que os envolvia vinha cheio de risadas e de carinhos, mas aí soltarem aquela declaração forçada, daquela forma tão inesperada na frente de todos os alunos e quem mais estivesse ali, pegou de surpresa.
Ele enfiou a cabeça embaixo da água e não conseguia esquecer a cena que foi a grande causadora de tudo.
Eles estavam sentados um ao lado do outro como de costume, há anos se sentavam juntos na hora do almoço e comiam o lanche um do outro. sentado ao lado de fechava a fila de cadeiras na mesa. O grupo todo de amigos ia chegando e se sentando com eles. Como de praxe, muitas risadas, conversas jogadas fora e muitas especulações sobre o trabalho de conclusão de curso que os mais velhos teriam de apresentar naquele ano. As brincadeiras entre todos os companheiros era sempre presente. Aquilo já fazia parte da identidade do grupo, e como sempre e estavam rindo juntos e brincando um com a mão do outro. Pouco antes do sinal tocar, uma das líderes de torcida, que era alta com longos cabelos tingidos de ruivos, que estava sentada logo na mesa da frente se levantou e ficou em pé, em cima da mesa.
— Gostaria de ter a atenção de todos! — O pátio ficou em silêncio e todos voltaram a atenção para a mulher, inclusive , que por algum motivo, estava com as mãos suando. Talvez fosse o calor, ou a ansiedade em saber o que Meg iria falar daquela vez. — Vocês devem conhecer nosso casal ali. — Apontou na direção de e . — Que juram que são só amigos, mas sabem o que eu descobri? — Puxou uma folha que tinha a lateral desenhada de roxo, que na hora fez com que gelasse, era uma página de seu diário, ela sabia, ela vivia escrevendo coisas nele. — Que a nossa querida patinha feia, ah desculpem, , também não acredita que eles sejam apenas amigos, eu vou ler para vocês. "Eu o amo? Acho que isso não deveria ser uma pergunta, não é? Porque eu o amo, somos amigos afinal! Mas acho que estou também apaixonada por …
— Meg, pare com isso, não tem graça! — Uma outra menina da equipe de líderes de torcida disse tentando puxar a menina pela roupa. E ela pouco se importou.
— … Isso é loucura, eu sei, afinal, ele é o , o cara mais popular, engajado, engraçado, sociável e querido de todo o planeta e eu sou só, eu." Nisso você tem razão gatinha, ele é areia demais para o seu caminhãozinho, mas nós diga, grande , quais seus sentimentos pela patinha feia? — Ela finalizou, os olhos estavam atentos para a mesa onde o grupo estava e os demais olhos caiam sobre os dois. ficou atônita.
— Existe um sentimento muito forte entre mim e realmente. — Ela engoliu engoliu em seco, sentia que todo o sangue do seu corpo fosse esvair naquele momento, e a cabeça estava entrando em colapso. Virou a cabeça e continuou olhando o amigo falar. — Nós nos damos super bem, e tudo que existe entre a gente é carinho e amor, é normal as pessoas especularem certas coisas, quando estão cansadas da própria vida, mas é mentira. Não é porque as pessoas têm carinho e amizade que elas são um casal. — As palavras saíram mais rudes da garganta do que ele realmente queria que saísse.
Um burburinho, piadinhas e risadinhas começou a tomar conta do local e a expressão de incredulidade e de tristeza automaticamente tomou conta do rosto de . Dali em diante o clima não só entre e ficou insustentável, assim como afetou todo o grupo.
Desligando o chuveiro ainda se sentia um covarde, idiota. Idiota por não ter tido coragem de assumir seus sentimentos naquele momento, idiota por não ter conversado depois com a amiga, explicado como ele se sentiu confuso, idiota por não ter pedido desculpas. Ele era um idiota que precisava muito conversar com alguém sobre como vinha se sentindo esse tempo todo. Assim que se vestiu, procurou seu aparelho celular e mandou uma mensagem para , se ficasse pensando em tudo aquilo sozinho seria capaz de enlouquecer.
— ! Oi. — disse ao se aproximar de onde elas estavam, cumprimentou a moça e voltou a atenção para a amiga. — A gente pode conversar em lugar mais reservado? — esfregava as mãos uma na outra e abriu um sorriso amarelo.
— Claro, neném. — passou um dos braços pelos ombros de . — Até mais. — Ele se despediu da mulher antes de seguir com o amigo para o último andar onde tinha um terraço que quase ninguém usava.
Durante a subida do elevador o silêncio entre os dois era quase constrangedor, estava louca para perguntar o que era tão importante assim para procurá-la tão repentinamente, ainda mais depois de todas aquelas semanas em que mal o via pelos corredores. Alguma coisa estava acontecendo entre ele e e não era só especulação de ninguém. Assim que ouviu o barulho do elevador chegando ao andar, ela despertou de seus devaneios e seguiu o amigo que dava passos lentos até se acomodarem em um dos bancos que estavam espalhados pelo espaço.
— Diga, . Fala tudo, abre seu coração. — O sorriso no rosto de era tão convidativo e seguro que não teve dúvidas que era daquele sorriso, e daquele amparo que ele precisava nesse momento. A amiga com certeza saberia dar um norte em toda aquela situação.
— É um pouco complicado, , acho que nunca falei disso abertamente com ninguém. — Ele abaixou o olhar para os pés.
— Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? — O tom acolhedor da voz da amiga fez com que ele se sentisse muito confortável com o rumo que a conversa iria tomar.
— Eu sei, eu só estou me sentindo estranho em dizer isso em voz alta. — Ele procurou os olhos da amiga e fixou seu olhar profundamente no dela. — Eu tentei por muito tempo fugir de tudo isso, e dizer assim pra outra pessoa torna tão real. E ao mesmo tempo tão certo, a minha vida toda senti que era errado sentir isso. — Os olhos continuavam com a mesma intensidade e continuava atenta a todas as palavras. Mesmo sabendo onde o amigo queria chegar, não o interrompeu, nem o cortou, ele estava desabafando e precisava daquilo.
— Nenhum sentimento é errado, . — começou a falar quando viu que o amigo estava angustiado com aquilo e não conseguia prosseguir. — Independente de por quem você sente, o sentimento tem que ser verdadeiro, e o amor não é algo que a gente pode classificar, especialmente como certo ou errado, e nem escolher quem amamos, sabe, se pudéssemos, eu escolhia alguém e sossegaria. — Ela pegou as mãos do amigo, que estavam tremendo.
— Eu a amo, . O quanto isso pode ser prejudicial para nossa amizade e para nossos amigos? — A voz de estava embargada e os olhos marejados.
— Amar alguém nunca vai ser prejudicial, . — Ela seguia fazendo carinho nas mãos do amigo. — Com os amigos, a gente organiza, continua seguindo a vida como sempre fizemos, o particular de cada um, nunca afetou o grupo. Não vai ser isso que vai te impedir de falar com , eu garanto que dependendo de que rumo isso levar, vamos estar juntos nessa, nunca vamos deixar de apoiar vocês. Agora quanto a serem melhores amigos, isso é algo que vão ter que ponderar juntos se vale a pena, que ela te ama a gente já viu, graças aquela vaca, Deus me perdoe, odeio odiar mulheres, mas odeio a Meg - então é com vocês, se sentem que o sentimento romântico é tão forte quanto a amizade, vá em frente, o que não dá é vocês ficarem se machucando dessa maneira. — O semblante no rosto de estava mais suave, e ele estava feliz por ouvir aquelas palavras.
— Obrigado por isso, . — Ele disse, apertando as mãos da amiga e abrindo um sorriso mais vivo.
— Não precisa me agradecer, eu sempre vou estar aqui, sempre. — Ela sorriu, olhando brevemente para o céu. O sol estava começando a esquentar e o vento batia agradável, balançando de leve seus cabelos. — Agora você precisa dizer isso pra ela. Essa situação está sufocando não só vocês, mas o grupo todo. Vai resolver isso, eu não aguento mais essa cara de enterro de vocês, dois jovens bonitos e gostosos, estão parecendo meus tios que tem 60 anos e ainda são solteiros. — riu, mas sabia que era verdade, o clima no grupo de amigos mudou muito depois do ocorrido, e os semblantes não eram os mais convidativos.
— Eu não sei mais onde ela está! — disse, ajeitando a mecha de cabelo que caia em seu rosto.
— Eu a vi mais cedo aqui na escola, não consegui conversar com ela, mas deve estar por aqui ainda, ela tinha alguma coisa do clube de dança, sabe como ela gosta de ser pontual com tudo. — se levantou, esticando o corpo. — Se eu fosse você, iria agora atrás dela e já resolvia esse impasse. — Ela abriu um largo sorriso para o amigo e seguiu em direção ao elevador. — Força, . Eu acredito em você.
não conseguia se mover, estava nervoso e ansioso para encontrar . Não percebeu quando a amiga tomou o elevador, só ficou repassando a informação dela por perto, na mente. Levantou de onde estava e impaciente para esperar o elevador, foi correndo direto para a escada de emergência, precisava encontrar antes que ela fosse embora.
— Será que um dia você vai me perdoar? — Ele disse baixinho, com a cabeça encostada na parede de um dos corredores da ala sul. Precisava encontrá-la antes que sua coragem desaparecesse. — , não consigo mais guardar tudo isso. Preciso que você me perdoe e me dê uma nova chance. — Suplicando e com os olhos marejados de lágrimas, ficou parado ali por um tempo, recuperando a energia para que pudesse continuar procurando por todos os salas. Ele não podia desistir, não podia simplesmente esquecer desse sentimento e achar que tudo voltaria a ser como antes. não iria ficar esperando por ele a vida toda.
De repente um barulho vindo da sala de ensaios despertou a sua atenção e curiosidade para saber quem estava ali. Ele não sabia se todo o pessoal do clube de dança tinha ido embora ou não, logo, ele não imaginou, quem pudesse ser com aquela música alta e aquele barulho de sapatos batendo contra o chão. Limpou os olhos com as costas da mão e foi para frente da porta de vidro, era ela. .
— Que bom que eu te encontrei. — sorriu imediatamente ao vê-la dançando tão concentrada.
— O que você faz aqui? — parou, totalmente desconcertada ao ver parado na porta daquela maneira, o coração descompensado demonstrou que ele ainda causava incômodo em seu corpo e tentou esconder em como estava surpresa e ao mesmo tempo feliz por saber que a procurava.
— Eu estava procurando por toda escola…
— Porquê? Não temos nada para conversar. — Ela foi seca, interrompendo o rapaz para que não terminasse a frase. — Quer usar a sala? Eu posso sair e usar depois, não tem problema. — pegou sua toalha e a bolsa que estavam em cima de uma cadeira.
— . — a chamou, controlando o impulso de correr para os braços dela. Queria implorar por desculpas e pedir perdão por ter sido um covarde naquele dia. — Por favor. — Ele pediu, quebrando a distância que existia entre eles. Segurou o braço dela e aquele pequeno contato trouxe um arrepio em sua espinha.
— O que você quer, ? — Ela perguntou, tentando tirar a atenção dos olhos dele, mas era impossível não deixar de olhar a maneira intensa com que tinha os olhos presos ao seu rosto. A atração que existia por aquele garoto era algo que não conseguia explicar, às vezes era intenso, verdadeiro, único e em outras parecia ser algo mais carnal e cheio de desejo que ela nem ao menos conseguia controlar as reações do seu corpo quando ele estava por perto. Assim, dessa maneira, quando sentia o perfume dele por todo aquele ambiente e a sua pele arder em calor com aquelas mãos segurando fortemente o seu braço. não tinha mais expectativas em relação ao amigo, tudo havia se tornado tão decepcionante e um caos durante aquelas semanas que ela nem ao menos conseguia sustentar o olhar dele. Ela esperava que fosse mais corajoso, determinado e que pelo menos a tivesse defendido naquele momento.
— Preciso falar com você… — A voz dele saiu de maneira desigual, cansado. respirou algumas vezes, buscando um pouco de ar para não entrar em colapso nervoso e dizer tudo o que estava sentindo. Não podia mais fugir daquele sentimento que o sufocava cada vez mais. — Fiquei pensando em você esse tempo todo. E eu estou cansado de ficar escondendo as coisas dessa maneira, não consigo mais viver desse jeito, . São anos que eu venho escondendo o que eu sinto por você e eu me dei conta hoje durante o banho que não posso deixar de viver um amor por medo de julgamentos, ou por medo de perder o que a gente tem, quer dizer, agora a gente nem tem mais nada né? Sem você eu sinto o vazio no meu peito e não é pela minha melhor amiga de infância e pela garota que mais parecia minha namorada, a que eu gosto de cuidar, de abraçar, de rir junto, de ter aquela cumplicidade. — Ele disse de uma vez, subindo uma das mãos para o rosto dela. O toque contra o rosto trouxe diversas reações para ele que sorriu de maneira alegre, demonstrando que tudo aquilo era bem real.
— Você não pode despejar tudo isso dessa maneira, . — deu alguns passos para trás, afastando o rosto do toque das mãos dele. — É muito fácil conseguir falar agora, mas não pensou nisso quando eu fiquei despedaçada depois que você disse tudo aquilo na frente de toda a escola. Pensou? — Ela perguntou, deixando o olhar de vagar pela sala ao lembrar da maneira que ele havia falado sobre o envolvimento deles e o sentimento que existia. — “Não é porque as pessoas têm carinho e amizade que elas são um casal.” — repetiu, usando as mesmas palavras que tinha falado naquela tarde. — Não era isso que você tinha falado? — Novamente uma pergunta objetiva.
— Fiquei nervoso naquele momento, não me senti à vontade para falar algo tão pessoal daquela maneira, , nem eu sabia direito o que estava sentindo. — tomou distância dela, indo para o outro lado da sala andando como se estivesse perdido. Passou a mão no cabelo algumas vezes, aflito com todos aqueles pensamentos. Ele não aguentava mais aquela pressão em sua cabeça e nem essa situação que o estava deixando sem forças. — Desculpa por não ser a pessoa que merece o seu carinho e amor. Sei que errei e sei que não consigo voltar no tempo para consertar o que disse de errado. — O peso das suas palavras estavam causando uma dor em toda parte do corpo, e ele não conseguia fugir daquela sensação e da decepção que tinha sido para escutar todas as mentiras que ele tinha inventado ali na hora. — Tudo o que eu disse é mentira. Não é verdade. Eu também sinto o que você sente. — Ele confessou abaixando a cabeça encarando o chão. — Desde quando te conheci senti uma atração muito forte, no começo tentei não me iludir e achei que fossem coisas da minha cabeça. E isso foi mudando com o tempo e cada vez mais estava ansioso para ficar perto de você, dividir os brinquedos, o almoço e passar horas e horas sentado ao seu lado vendo algum filme. — conseguiu abrir um sorriso em meio a lágrimas com aquelas lembranças. Ele precisava colocar tudo isso para fora e não podia perder a chance de perder a única pessoa importante em sua vida. — O jeito que você sorria, a maneira perdida quando não entendia uma piada e até mesmo quando não acontecia nada de interessante, você me deixava preso e eu ficava observando, apaixonado e totalmente perdido por aquele olhar e aquele sorriso que me tirava o foco de todas as outras coisas ao meu redor. — O coração de parecia não ficar controlado e lentamente ele foi encostando as costas na parede procurando por apoio. ainda estava do outro lado da sala em silêncio escutando tudo atentamente, ela não tinha esboçado nenhuma reação, nenhum suspiro e nenhum outro gesto que pudesse entregar o que passava por sua cabeça naquele momento.
— . — quebrou o silêncio daquela sala, partindo em direção à ele. — Nós podemos tentar… — Ela disse surpresa com a maneira que aquela frase soou sensata e carregada de sentimentos. — Esperei tantos anos por você, eu te amei todo esse tempo. — Mais alguns passos foram dados e agora estava parada a poucos centímetros de distância. — Eu fiquei chateada, mais comigo do que com você naquele momento. Porque eu pensava que meus pensamentos e sentimentos estavam a salvo no meu diário. — Ela diminuiu toda a distância possível, e colocou a mão no rosto do rapaz.
Olhos olhos de se prenderam aos dela, e o rapaz abriu um pequeno sorriso com o toque.
— Eu devia ter te dito tudo antes eu… — colocou o indicador sobre os lábios de .
— Eu sei, eu também. Mas agora eu preciso fazer uma coisa, uma coisa que tenho esperado a muito tempo.
Ela tirou o dedo dos lábios de e o substituiu pelos seus lábios. A forma com que aquele contato era suave e macio fez com que uma corrente elétrica passasse por toda a extensão da espinha de . As mãos dele foram direto para a cintura de , puxando mais o corpo da garota no seu. Quando as línguas finalmente se encontraram misturando o gosto dos dois, enfiou a mão nos cabelos de e eles perceberam ali, que nada e nem ninguém seriam capazes de podar aquele sentimento. O Amor e o carinho que aquele beijo trouxe ao coração de fez com que ele, naquele momento mais que nunca, soubesse que o que sentia não tinha porque ser errado. Errado foi viver todos aqueles anos sem tudo aquilo.
FIM.
Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos?
Meu Deus, mais uma fanfic colegial kkkkkry, ai gente eu não sei escrever isso, é dificil demais pra mim, mas essa musica pediu esse plot e aqui estamos, faz tempo que eu me formei no colégio, então toda minha experiência atual vem de séries da Netflix e filmes antigos como "Ela é Demais" "10 coisas que eu odeio em você" e seus derivados de coisas na escola kkkkkkk espero que tenham gostado. Eu amei!
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
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