CAPÍTULO 1 – SUNRISE CLUB
O letreiro brilhante do Sunrise Club chamava minha atenção enquanto eu esperava na pequena fila que se mantinha na entrada. A boate não se comparava as grandes casas noturnas de Londres, nas quais os famosos tinham presença garantida aos fins de semana, porém, para mim, era o lugar perfeito para achar novas histórias.
Não sou do tipo baladeira, muito menos procuro um homem para a paquera – Desisti disso depois de dar tantas vezes com a cara no muro – Porém, alguns meses atrás, meu último encontro me rendeu algo bom: descobri que esse tipo de local, abarrotado de jovens cheios de hormônios, rende muita inspiração para novos enredos.
Como escritora há mais de seis anos, aprendi a observar tudo e todos ao meu redor, especialmente depois de vir para Londres, onde várias pessoas de diferentes partes do mundo se encontravam para trabalhar, conversar e se divertir, o que, se eu prestar atenção, pode render ideias para enredos, exatamente o que aconteceu quando tentava fugir de Marco, um cara chato que tentava me paquerar, na festa em que estávamos: fiquei perto de um casal que tinha acabado de se reencontrar e, ao ouvir partes de sua conversa, tive um lampejo para meu novo livro.
A partir daí, todas as vezes que me sinto travada na escrita, volto a casa noturna, sentando-me sempre na mesma cadeira em frente ao bar e apenas visualizando a diversão explicita nos olhos de todos os visitantes. Fato esse que, infelizmente, nas últimas semanas tem se tornado frequente, pois mesmo atenta, a mente tem entrado em colapso, fazendo a fantasia entrar e sair sem deixar qualquer resquício. Estaria na hora de procurar uma nova fonte para a imaginação?
Ajeitando meu vestido vermelho, pensava sobre a nova tática que tentaria essa noite: entrar no personagem e vivenciar o momento de diversão, diferentemente do que eu fazia; permanecer como uma simples espectadora - postura que não dava mais nenhum resultado. Então, assim que passei pela porta do estabelecimento, fui em direção à minha cadeira rotineira, me surpreendo ao encontrá-la já ocupada por um homem moreno, de barba rala, que vestia uma jaqueta de couro e segurava um copo de whisky, no qual bebericava enquanto conversava com o loiro ao seu lado. Balançando a cabeça para parar de prestar atenção em como ele era bonito, segui para um lugar vazio do outro lado do pequeno bar.
- Hey, Mark! – cumprimentei o barman, que já estava acostumado com minha frequência ali. Ele acenou, enquanto preparava uma bebida. – Faz um drink refrescante para mim?
- Não vai beber somente energético hoje? – perguntou, espantado
- Resolvi inovar! – Dei uma piscadela, vendo-o abrir um sorriso antes de fazer um coquetel vermelho e laranja degradê, que descobri depois se chamar Sex on the Beach, e me entregar.
Sentindo o sabor suave e adocicado da bebida, virei-me para a pista de dança, que já se enchia de pessoas que mexiam os quadris conforme a batida de uma música eletrônica que invadia o ambiente. Por mais que preferisse a boa música brasileira da minha terra natal, tentei me envolver com o ritmo, algo que se tornou mais fácil assim que terminei a segunda taça e senti o corpo esquentar.
Completamente descontraída, deixei o copo vazio por cima da bancada antes de esgueirar-me entre os jovens a procura de um espaço para ficar, ao mesmo tempo em que o som alto me contagiava, fazendo-me balançar o corpo sem timidez alguma. Em meio a isso, senti um toque eu meu ombro, antes que a voz de minha melhor amiga chegasse aos meus ouvidos, abafada pela música:
- !! O que está fazendo aqui?
- Ei, ! Que saudades! – Falei alegrinha por conta dos drinks, a abraçando desajeitadamente. – Estou só fazendo sacrifício pelo meu trabalho!
- O quê? – Ela estava confusa, e não é para menos, pois desde que nos conhecemos no colegial, ela sabia que eram raras as vezes que eu ia em festas.
- Mais tarde eu te conto! – pronunciei. – Vamos dançar! – gritei, puxando-a, assim que “Hear Me Now” do Alok, começou a tocar
- Amanhã eu vou cobrar, porque você tá muito louca hoje! – gargalhou, logo juntando-se a mim na dança desajeitada.
- Aliás, o que você está fazendo aqui? - Lembrei-me em um momento de lucidez. – Não era para você estar com o porque ele vai viajar amanhã?
- Ele teve que ir mais cedo! – disse alto. – Então passei na sua casa para termos nossa noite de fofocas, mas cheguei lá e a Chloe falou que você tinha vindo para cá! Vim ver se você não tinha enlouquecido – explicou, fazendo me acenar positivamente – E comprovei que estou certa. Olha esses passos, não pode ser de alguém normal! – Riu com minha dança.
Exclamei um “Ei!”, antes de juntar-me a na risada, pois sabia que ela estava certa. Diferente de mim que não levo jeito nesse ramo, minha melhor amiga é professora de dança do ventre, conhecendo o gingado do corpo como ninguém. Então, no instante seguinte, a mesma me passou algumas dicas de movimento, o que fez meu corpo entrar no ritmo da música.
Coloquei as mãos na cintura enquanto balançava todo o tronco e o bumbum audaciosamente, vivendo apenas o momento e, pela primeira vez na vida, deixando os problemas da vida de lado, pois em minha cabeça passava apenas a sensação de leveza causada pela bebida alcoólica, que ainda mantinha seu gosto em minha boca.
Get low, get low
Hands on your waist, let's go
Get low, get low
Girl, you got the vibe, I'm up for the climb
Get low, get low
Hands on your waist, let's go
Get low, get low
Girl, you got the vibe, I'm up for the climb
Com ao meu lado, mexi meu quadril de forma sensual enquanto as mãos passeavam por toda a lateral do corpo e, enquanto rebolava, desci lentamente até o chão, aproveitando o calor que me envolvia por completo enquanto uma música internacional cheia de malícia começava a tocar. Sem me importam com alguns olhares direcionados a mim, fechei os olhos ao mesmo tempo em que rodopiava e mexia em meu cabelo, querendo prolongar essa minha nova versão que se despertou sem medo.
Entretanto, assim que a playlist mudou para algo no ritmo latino, senti minha garganta secar, pedindo por uma bebida gelada. Virei-me para minha melhor amiga, que me olhava perplexa – em meu dia a dia, eu era tudo, menos uma pessoa atrevida – e, assim que a avisei que iria até o bar, sob protestos de eu me embebedar mais, segui meu rumo, encontrando o barman relaxado, enquanto conversava com um dos clientes do balcão:
- Ei, Mark! Pode me fazer outro drink? Preciso de algo bem gelado!
- Deixa comigo! – Acenou com a cabeça.
- Faz um Mojito para ela, cara! – O homem ao meu lado, no qual conversava com meu garçom, se pronunciou. – Por minha conta! – completou, direcionando-se para mim.
Reparando melhor no sujeito, percebi ser o mesmo que havia sentado em meu lugar anteriormente e, olhando-o mais de perto, pude constatar como ele era um pedaço de mal caminho: seus olhos eram de um tom âmbar e, sua boca carnuda o deixava assimetricamente perfeito, principalmente quando pôs os dois cotovelos em cima do balcão, deixando os músculos mais evidentes. Eu estava em Londres, porém, naquele momento, me sentia dentro do próprio Olimpo.
- E o que te faz pensar que vou gostar dessa bebida? – questionei, com um sorriso sacana.
- Porque... – Chegou mais perto, pronunciando ao pé de meu ouvido. – Aquela sua dança sensual merece algo à altura! – completou maliciosamente, voltando ao seu lugar.
No mesmo instante um arrepio passou por todo o meu corpo, contudo, ao invés de me envergonhar por conta de seu ato – o que aconteceria se eu estivesse no estado sóbrio – soltei uma pequena gargalhada, gostando de sua atitude travessa.
- E qual seria o nome desse garoto atrevido? – Mordi o lábio. Vi um ligeiro espanto passar por seu rosto, que logo foi substituído por um sorriso gatuno.
- Sou , muito prazer! – beijou minha mão, galante. – E você, lady sedutora, como se chama?
- , o que está fazend... – chegou até nós, parando a frase no meio quando me viu com o desconhecido – Parece que arranjou uma boa companhia! – Sorriu, sacana. – Nos falamos amanhã, amiga! – Se despediu, saindo sem que eu tivesse a oportunidade de dizer algo. Apenas balancei a cabeça, risonha.
- Parece que agora você descobriu meu nome sozinho! – brinquei – Encantada em te conhecer também, !
- Vem sempre aqui? – Jogou seu charme com o clichê
- Se eu te disser quase toda a semana, você acredita? – Devolvi, enquanto dava um gole no drink em minha frente – Nossa, isso é mesmo delicioso! – Exprimi, automaticamente
Uma vantagem de ter anosmia, doença que não me permite sentir cheiro de absolutamente nada, é que o gosto por algumas coisas, principalmente as doces, se acentua drasticamente então, o sabor do Mojito causou uma satisfação gostosa em minhas papilas gustativas, fazendo-o meu companheiro achar graça da minha reação positiva.
- Falei que você iria gostar! Eu tenho faro para adivinhar o gosto das pessoas! – Se vangloriou
- Ah, é? – Levantei as sobrancelhas. – E, segundo sua intuição, o que diria sobre o meu gosto? – desafiei
- Bem... – Colocou sua mão no queixo, me analisando. – Bonita, bem vestida, espontânea, vem frequentemente para cá, deve ser solteira, estou certo? – perguntou, me fazendo olhá-lo com uma expressão misteriosa. – Okay! – continuou. – Você prefere o verão, gosta de ir à praia, gosta de música pop melosa, e está louca para me beijar! – finalizou, fazendo-me olhar para sua boca que parecia ainda mais apetitosa.
- Sinto muito te decepcionar! – Desviei a atenção para seus olhos, já sentindo borboletas no estômago por conta de sua última fala. – Mas prefiro o inverno, meu lugar favorito é a piscina e, mesmo estando num país que respira pop, não sou muito ligada em música, ouvindo uma vez ou outra músicas MPB do meu país. – Levantei da cadeira que estava sentada, sentindo a coragem me dominar enquanto ficava quase colada a ele. – Contudo, estou solteira e, sim, desde que começamos a conversar estou querendo muito provar o sabor dos seus lábios! – pronunciei a última frase em seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua orelha.
- Não seja por isso! – proferiu, com um olhar diferente. – Nunca deve-se deixar uma dama com vontade.
Antes mesmo que eu respondesse seu flerte, o moreno avançou sobre mim, cobrindo minha boca com a sua, em um selinho que, meio segundo depois, se tornou um beijo intenso e delicioso. Ao mesmo tempo que nossas línguas batalhavam por espaço, sua mão direita enlaçou empoderadamente minha cintura, mostrando-me a força de sua pegada.
Rodeei meus braços pelo seu ombro, puxando alguns fios de seu cabelo castanho que, devo dizer, eram macios feito seda. Já o gosto de seus lábios era inebriante, uma mistura de morango com o resquício do álcool que ele tinha bebido recentemente, o que me fazia querer experimentar mais e mais. A medida que nos enroscávamos, meu corpo inteiro se tornava a própria chama.
- Ham, ham! – O garçom pigarreou em nossa frente, chamando a atenção. – Sei que a pegação tá boa, mas é melhor irem para um lugar reservado. Ainda estão em uma boate.
- Mark tem razão! – falou, com a boca cheia de marcas do meu batom. – Que tal continuarmos isso aqui a quatro paredes? – sorriu malicioso, fazendo-me copiar sua expressão, tendo uma ideia.
- E se marcássemos esse lugar como nunca antes? – Sussurrei colada a ele, que me olhou em dúvida. – Vem comigo!
Puxando o britânico pela mão, segui em direção ao banheiro da casa de festa, decidida a fazer a primeira grande loucura de minha vida e, assim que a porta foi trancada e minha confissão feita - tinha um desejo sexual de fazer amor nesse cômodo inusitado – a melhor parte da noite realmente começou: roupas no chão. Gemidos ofegantes. Beijos fortes e chupões. Corpos se encaixando perfeitamente e prazer, muito prazer.
Não sou do tipo baladeira, muito menos procuro um homem para a paquera – Desisti disso depois de dar tantas vezes com a cara no muro – Porém, alguns meses atrás, meu último encontro me rendeu algo bom: descobri que esse tipo de local, abarrotado de jovens cheios de hormônios, rende muita inspiração para novos enredos.
Como escritora há mais de seis anos, aprendi a observar tudo e todos ao meu redor, especialmente depois de vir para Londres, onde várias pessoas de diferentes partes do mundo se encontravam para trabalhar, conversar e se divertir, o que, se eu prestar atenção, pode render ideias para enredos, exatamente o que aconteceu quando tentava fugir de Marco, um cara chato que tentava me paquerar, na festa em que estávamos: fiquei perto de um casal que tinha acabado de se reencontrar e, ao ouvir partes de sua conversa, tive um lampejo para meu novo livro.
A partir daí, todas as vezes que me sinto travada na escrita, volto a casa noturna, sentando-me sempre na mesma cadeira em frente ao bar e apenas visualizando a diversão explicita nos olhos de todos os visitantes. Fato esse que, infelizmente, nas últimas semanas tem se tornado frequente, pois mesmo atenta, a mente tem entrado em colapso, fazendo a fantasia entrar e sair sem deixar qualquer resquício. Estaria na hora de procurar uma nova fonte para a imaginação?
Ajeitando meu vestido vermelho, pensava sobre a nova tática que tentaria essa noite: entrar no personagem e vivenciar o momento de diversão, diferentemente do que eu fazia; permanecer como uma simples espectadora - postura que não dava mais nenhum resultado. Então, assim que passei pela porta do estabelecimento, fui em direção à minha cadeira rotineira, me surpreendo ao encontrá-la já ocupada por um homem moreno, de barba rala, que vestia uma jaqueta de couro e segurava um copo de whisky, no qual bebericava enquanto conversava com o loiro ao seu lado. Balançando a cabeça para parar de prestar atenção em como ele era bonito, segui para um lugar vazio do outro lado do pequeno bar.
- Hey, Mark! – cumprimentei o barman, que já estava acostumado com minha frequência ali. Ele acenou, enquanto preparava uma bebida. – Faz um drink refrescante para mim?
- Não vai beber somente energético hoje? – perguntou, espantado
- Resolvi inovar! – Dei uma piscadela, vendo-o abrir um sorriso antes de fazer um coquetel vermelho e laranja degradê, que descobri depois se chamar Sex on the Beach, e me entregar.
Sentindo o sabor suave e adocicado da bebida, virei-me para a pista de dança, que já se enchia de pessoas que mexiam os quadris conforme a batida de uma música eletrônica que invadia o ambiente. Por mais que preferisse a boa música brasileira da minha terra natal, tentei me envolver com o ritmo, algo que se tornou mais fácil assim que terminei a segunda taça e senti o corpo esquentar.
Completamente descontraída, deixei o copo vazio por cima da bancada antes de esgueirar-me entre os jovens a procura de um espaço para ficar, ao mesmo tempo em que o som alto me contagiava, fazendo-me balançar o corpo sem timidez alguma. Em meio a isso, senti um toque eu meu ombro, antes que a voz de minha melhor amiga chegasse aos meus ouvidos, abafada pela música:
- !! O que está fazendo aqui?
- Ei, ! Que saudades! – Falei alegrinha por conta dos drinks, a abraçando desajeitadamente. – Estou só fazendo sacrifício pelo meu trabalho!
- O quê? – Ela estava confusa, e não é para menos, pois desde que nos conhecemos no colegial, ela sabia que eram raras as vezes que eu ia em festas.
- Mais tarde eu te conto! – pronunciei. – Vamos dançar! – gritei, puxando-a, assim que “Hear Me Now” do Alok, começou a tocar
- Amanhã eu vou cobrar, porque você tá muito louca hoje! – gargalhou, logo juntando-se a mim na dança desajeitada.
- Aliás, o que você está fazendo aqui? - Lembrei-me em um momento de lucidez. – Não era para você estar com o porque ele vai viajar amanhã?
- Ele teve que ir mais cedo! – disse alto. – Então passei na sua casa para termos nossa noite de fofocas, mas cheguei lá e a Chloe falou que você tinha vindo para cá! Vim ver se você não tinha enlouquecido – explicou, fazendo me acenar positivamente – E comprovei que estou certa. Olha esses passos, não pode ser de alguém normal! – Riu com minha dança.
Exclamei um “Ei!”, antes de juntar-me a na risada, pois sabia que ela estava certa. Diferente de mim que não levo jeito nesse ramo, minha melhor amiga é professora de dança do ventre, conhecendo o gingado do corpo como ninguém. Então, no instante seguinte, a mesma me passou algumas dicas de movimento, o que fez meu corpo entrar no ritmo da música.
Coloquei as mãos na cintura enquanto balançava todo o tronco e o bumbum audaciosamente, vivendo apenas o momento e, pela primeira vez na vida, deixando os problemas da vida de lado, pois em minha cabeça passava apenas a sensação de leveza causada pela bebida alcoólica, que ainda mantinha seu gosto em minha boca.
Hands on your waist, let's go
Get low, get low
Girl, you got the vibe, I'm up for the climb
Get low, get low
Hands on your waist, let's go
Get low, get low
Girl, you got the vibe, I'm up for the climb
Com ao meu lado, mexi meu quadril de forma sensual enquanto as mãos passeavam por toda a lateral do corpo e, enquanto rebolava, desci lentamente até o chão, aproveitando o calor que me envolvia por completo enquanto uma música internacional cheia de malícia começava a tocar. Sem me importam com alguns olhares direcionados a mim, fechei os olhos ao mesmo tempo em que rodopiava e mexia em meu cabelo, querendo prolongar essa minha nova versão que se despertou sem medo.
Entretanto, assim que a playlist mudou para algo no ritmo latino, senti minha garganta secar, pedindo por uma bebida gelada. Virei-me para minha melhor amiga, que me olhava perplexa – em meu dia a dia, eu era tudo, menos uma pessoa atrevida – e, assim que a avisei que iria até o bar, sob protestos de eu me embebedar mais, segui meu rumo, encontrando o barman relaxado, enquanto conversava com um dos clientes do balcão:
- Ei, Mark! Pode me fazer outro drink? Preciso de algo bem gelado!
- Deixa comigo! – Acenou com a cabeça.
- Faz um Mojito para ela, cara! – O homem ao meu lado, no qual conversava com meu garçom, se pronunciou. – Por minha conta! – completou, direcionando-se para mim.
Reparando melhor no sujeito, percebi ser o mesmo que havia sentado em meu lugar anteriormente e, olhando-o mais de perto, pude constatar como ele era um pedaço de mal caminho: seus olhos eram de um tom âmbar e, sua boca carnuda o deixava assimetricamente perfeito, principalmente quando pôs os dois cotovelos em cima do balcão, deixando os músculos mais evidentes. Eu estava em Londres, porém, naquele momento, me sentia dentro do próprio Olimpo.
- E o que te faz pensar que vou gostar dessa bebida? – questionei, com um sorriso sacana.
- Porque... – Chegou mais perto, pronunciando ao pé de meu ouvido. – Aquela sua dança sensual merece algo à altura! – completou maliciosamente, voltando ao seu lugar.
No mesmo instante um arrepio passou por todo o meu corpo, contudo, ao invés de me envergonhar por conta de seu ato – o que aconteceria se eu estivesse no estado sóbrio – soltei uma pequena gargalhada, gostando de sua atitude travessa.
- E qual seria o nome desse garoto atrevido? – Mordi o lábio. Vi um ligeiro espanto passar por seu rosto, que logo foi substituído por um sorriso gatuno.
- Sou , muito prazer! – beijou minha mão, galante. – E você, lady sedutora, como se chama?
- , o que está fazend... – chegou até nós, parando a frase no meio quando me viu com o desconhecido – Parece que arranjou uma boa companhia! – Sorriu, sacana. – Nos falamos amanhã, amiga! – Se despediu, saindo sem que eu tivesse a oportunidade de dizer algo. Apenas balancei a cabeça, risonha.
- Parece que agora você descobriu meu nome sozinho! – brinquei – Encantada em te conhecer também, !
- Vem sempre aqui? – Jogou seu charme com o clichê
- Se eu te disser quase toda a semana, você acredita? – Devolvi, enquanto dava um gole no drink em minha frente – Nossa, isso é mesmo delicioso! – Exprimi, automaticamente
Uma vantagem de ter anosmia, doença que não me permite sentir cheiro de absolutamente nada, é que o gosto por algumas coisas, principalmente as doces, se acentua drasticamente então, o sabor do Mojito causou uma satisfação gostosa em minhas papilas gustativas, fazendo-o meu companheiro achar graça da minha reação positiva.
- Falei que você iria gostar! Eu tenho faro para adivinhar o gosto das pessoas! – Se vangloriou
- Ah, é? – Levantei as sobrancelhas. – E, segundo sua intuição, o que diria sobre o meu gosto? – desafiei
- Bem... – Colocou sua mão no queixo, me analisando. – Bonita, bem vestida, espontânea, vem frequentemente para cá, deve ser solteira, estou certo? – perguntou, me fazendo olhá-lo com uma expressão misteriosa. – Okay! – continuou. – Você prefere o verão, gosta de ir à praia, gosta de música pop melosa, e está louca para me beijar! – finalizou, fazendo-me olhar para sua boca que parecia ainda mais apetitosa.
- Sinto muito te decepcionar! – Desviei a atenção para seus olhos, já sentindo borboletas no estômago por conta de sua última fala. – Mas prefiro o inverno, meu lugar favorito é a piscina e, mesmo estando num país que respira pop, não sou muito ligada em música, ouvindo uma vez ou outra músicas MPB do meu país. – Levantei da cadeira que estava sentada, sentindo a coragem me dominar enquanto ficava quase colada a ele. – Contudo, estou solteira e, sim, desde que começamos a conversar estou querendo muito provar o sabor dos seus lábios! – pronunciei a última frase em seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua orelha.
- Não seja por isso! – proferiu, com um olhar diferente. – Nunca deve-se deixar uma dama com vontade.
Antes mesmo que eu respondesse seu flerte, o moreno avançou sobre mim, cobrindo minha boca com a sua, em um selinho que, meio segundo depois, se tornou um beijo intenso e delicioso. Ao mesmo tempo que nossas línguas batalhavam por espaço, sua mão direita enlaçou empoderadamente minha cintura, mostrando-me a força de sua pegada.
Rodeei meus braços pelo seu ombro, puxando alguns fios de seu cabelo castanho que, devo dizer, eram macios feito seda. Já o gosto de seus lábios era inebriante, uma mistura de morango com o resquício do álcool que ele tinha bebido recentemente, o que me fazia querer experimentar mais e mais. A medida que nos enroscávamos, meu corpo inteiro se tornava a própria chama.
- Ham, ham! – O garçom pigarreou em nossa frente, chamando a atenção. – Sei que a pegação tá boa, mas é melhor irem para um lugar reservado. Ainda estão em uma boate.
- Mark tem razão! – falou, com a boca cheia de marcas do meu batom. – Que tal continuarmos isso aqui a quatro paredes? – sorriu malicioso, fazendo-me copiar sua expressão, tendo uma ideia.
- E se marcássemos esse lugar como nunca antes? – Sussurrei colada a ele, que me olhou em dúvida. – Vem comigo!
Puxando o britânico pela mão, segui em direção ao banheiro da casa de festa, decidida a fazer a primeira grande loucura de minha vida e, assim que a porta foi trancada e minha confissão feita - tinha um desejo sexual de fazer amor nesse cômodo inusitado – a melhor parte da noite realmente começou: roupas no chão. Gemidos ofegantes. Beijos fortes e chupões. Corpos se encaixando perfeitamente e prazer, muito prazer.
CAPÍTULO 2 – DECISÕES
O toque do celular me fez abrir os olhos de supetão, fechando-os logo em seguida por conta da luz do dia que invadia o quarto pela cortina entreaberta. Assim que me acostumei, levantei-me, procurando um remédio pela cômoda, pois a dor de cabeça já tinha começado forte – consequência da última noite de diversão – e, no momento em que pude pensar de novo, após uma xícara de café forte, flashs de todas as loucuras que cometi apareceram sem permissão, me fazendo sentir vergonha de minha exposição durante a madrugada mas, também sorrir, pois nunca havia experimentado tantas sensações ao mesmo tempo, seja me soltando na pista de dança, seja ao lado de , que me tirou completamente do chão.
Ao abrir a pequena bolsa que tinha levado para pegar minha carteira, avistei um pedaço de guardanapo dobrado e, ao desamassá-lo, consegui ler o que dizia:
“Sunrise Club, sexta-feira, 21h. Te espero lá, lady sedutora! Xx L.P”
Arregalei os olhos ao mesmo tempo em que o coração dava um solavanco. Ele quer se encontrar comigo de novo? O medo me atingiu, eu não poderia revê-lo pois, com meu histórico de pé frio, logo o destino daria um jeito de despedaçar meu coração novamente, algo que eu estou querendo evitar. Foi isso que falei para quando encontrei-a em uma cafeteria mais tarde:
- Você está se ouvindo? – Me repreendeu. – Acabou de dizer que teve a melhor e mais louca noite de sua vida com um gato – frisou a última palavra. – E está pensando em fugir só porque ele quer te dar outro encontro repleto de prazer? Nem em sã consciência você vai recusar isso!
- Você não entende, amiga! Todo o relacionamento que eu entro acaba em tragédia logo depois, e a que sai mais machucada sou eu – desabafei.
- Em primeiro lugar, ele não está te pedindo em casamento, só para te ver de novo. E, em segundo, você precisa parar de erguer muros assim que um cara legal se aproxima, . Não é porque não deu certo antes, que não pode dar certo agora.
- Não sei, não, ! – Estava insegura. – Eu estava fora ontem! – falei, ouvindo-a soltar um “eu vi” antes de continuar. – Me deixei levar pelo momento, mas agora a realidade tá batendo a porta de novo e eu preciso arcar com minhas responsabilidades!
- Olha você arranjando motivo de novo para fugir!
- Não estou fugindo de nada!
- Está sim, porém, você faz tão no automático que nem percebe! – Ela argumentou. - Você gostou de ontem, não gostou? Qual o problema de esquecer um pouco dos problemas e só viver o momento? Conversar, beijar um cara legal, até transar sem pensar no amanhã? – continuou. - Você precisa de instantes de fogo e desejo que reativem seu amor pela vida, pois há tempos que eu a vejo desanimada para tudo.
Foi esse seu último discurso que permaneceu martelando em minha cabeça pelo resto da semana, fazendo-me pensar e repensar algumas decisões diversas vezes. Uma coisa tinha razão, nos últimos meses minha vida tem se mantido em uma rotina constante: acordar, comer, ligar para os meus pais, que moram em São Paulo, pesquisar e tentar escrever uma nova estória e, à noite, ir com Chloe, minha colega de quarto, para a Universidade de Oxford, onde faço pós-graduação em roteiro.
Pós-graduação, foi esse o motivo de eu ter vindo há um ano e meio para a terra da rainha. Depois de várias tentativas, consegui uma bolsa de estudos nessa especialização que sonhava tanto em fazer e, depois de pegar as economias que guardei por anos e vender meu carro, parti cheia de esperanças para Londres, onde, após muita decepção, trabalho duro em uma lanchonete e saudades de casa, consegui contrato com uma pequena editora independente da capital britânica, que, além de traduzir meus dois livros “ Teleportados” e “Pétalas de cerejeira” para o inglês, deu-me a chance de lançar mais um, dessa vez com seu selo.
Por esse motivo que, durante esses quatro meses que se passaram desde que o contrato foi assinado, tenho me dedicado totalmente a um novo enredo, pois esse deve ser perfeito para que conquiste os leitores europeus, o que me levou a momentos de ansiedade, explosões de preocupação e muito bloqueio criativo onde, cada ideia que surgia, era logo jogada no cesto de lixo.
Comprometida com esse projeto – faltam apenas dois meses para que chegue ao fim o prazo da entrega de, ao menos, parte da estória para a aprovação – comecei a viver cada vez menos fora da tela do computador, recusando saídas com as amigas, excluído aplicativos de namoro, tendo cada vez menos lazer, o que fez meus dias serem mais monótonos e preto no branco.
Porém, a mistura de sensações explodiu em mim naquela noite de sábado, fazendo arder aquele fogo que há muito tempo se mantinha apagado e, depois de refletir muito, constatei que o maior culpado não foi o álcool, mas o homem trouxe o esquecimento a minha mente de todos os problemas por poucas, contudo, bem aproveitadas horas. Com esse pensamento, resolvi encontrá-lo de novo na data marcada.
Dessa vez com um vestido preto mais colado, decidir provocar um pouco mais, ignorei o frio que passava pelas minhas costas desnudas, entrando no Sunrise Club com o coração na boca. Logo avistei , vestindo dessa vez uma camiseta azul de botões, na qual evidenciava seu peitoral forte, o que me deixou completamente molhada. Me bati mentalmente, como é possível isso se eu nem cheguei perto dele ainda?
- Parece que a lady sedutora resolveu aceitar meu convite! – O moreno pronunciou, já abrindo um sorriso safado quando me viu.
- Como poderia recusar? – falei, chegando mais perto. – Seu gosto ficou na minha memória a semana...
Não consegui completar a frase, pois avançou sobre mim, beijando-me de um jeito avassalador e fazendo-me esquecer até meu nome. Enquanto sua língua entrava em uma luta silenciosa e ardente contra a minha, meu corpo todo entrava em erupção, mostrando que queria mais e mais. Todavia, em um segundo de lucidez, lembrei do meu propósito ali então, sem demora, terminei nosso beijo com selinhos, me afastando um pouco em seguida para recuperar o fôlego.
- Nossa! Hoje você não quer perder tempo! – falei.
- Com uma delícia dessas, cada segundo é importante! – disse, antes de avançar novamente sobre mim, fazendo-me colocar a mão em seu peito, para pará-lo.
- Antes de tudo, precisamos ter uma conversa franca! – exprimi, decidida. – Mas precisa ser em um lugar mais calmo – Olhei ao redor, parando a atenção em meu amigo, que terminava de misturar um drink. – Mark! – chamei.
- O que o casal vai querer? – O loiro perguntou do outro lado da bancada.
- Pode me emprestar o depósito de bebidas por cinco minutos? – Fiz cara de cachorrinho que caiu da mudança. – Preciso ter um papo sério com o meu companheiro aqui! Por favorzinho!
- Papo é? – Nos olhou malicioso. – Cinco minutos e nada a mais! – avisou. – Só porque você é minha amiga! – completou, alcançando a chave da pequena despensa.
Sem perder mais tempo, puxei pelo braço em direção ao local, enquanto ele me olhava com uma grande interrogação no rosto, perguntando o que eu iria aprontar. Assim que a pequena porta de madeira foi fechada, virei-me para o homem em minha frente, que já me analisava com um olhar safado:
- Agora entendi seu teatrinho! Quer fazer sexo num lugar inusitado, não é? Era só me avisar, gatinha! – Me encostou na porta, avançando em meu pescoço.
- , não! – Fechei os olhos, tentando protestar, enquanto sua boca chupava lentamente meu colo.
- Diz que não quer! – pronunciou, dando pequenas mordidas perto do queixo.
- É sério! – Gemi, sentindo meu corpo inteiro esquentar.
- A gente conversa o quanto você quiser depois, porque agora essa sua roupa provocante... esse seu cheiro... estão me deixando louco! – falou, pausando para dar pequenos chupões enquanto apertava minha cintura com suas mãos fortes. Foi inevitável não revirar os olhos ao ouvir sua voz soando rouca ao pé do meu ouvido.
- Um minuto, eu preciso... de só... um minuto! – proferi, ofegante, lutando contra meu próprio desejo. Segurei seu ombro, obrigando-o a me olhar.
- ‘Tô vendo que você não vai sossegar até falar. – Se rendeu. – Mas 60 segundos apenas, não vou aguentar ficar com sua boca longe da minha por muito tempo! – Colocou a língua entre os dentes, de forma sexy.
- Obrigada! – Suspirei. – Sei que é apenas nossa segunda ficada e eu estou gostando demais! – confidenciei. – Mas não procuro relacionamentos nem nenhum envolvimento mais sério..
- Eu também não!
- Porém, não quero que esse seja nosso último encontro, quero aproveitar esses momentos o quanto puder com você.
- Também penso assim, mas, onde você quer chegar?
- Eu tenho uma proposta! E se a gente continuasse com isso, mas apenas aqui dentro da boate? Aproveitando nossos encontros ao máximo, sem problemas da vida lá fora, sem perguntar um do outro, só curtindo essa bolha de prazer que nos rodeia?
- Tipo, estranhos lá fora, mas parceiros de sexo e pegação aqui dentro? – Questionou, me fazendo balançar a cabeça em concordância. – Estou começando a gostar dessa ideia. – Me prensou na porta, fazendo-me sentir seu membro lá embaixo latejar. – Porém, só aceito se começarmos aqui e agora! - Referiu-se a dispensa que estávamos.
- Acho que posso aceitar essa condição! – Dei um sorriso ladino, mas aliviada por ter resolvido esse dilema que tanto me assolava nos últimos dias.
I don't care if we get too loud
Sexy, I want you now
Bet I could take you there
Whispering in your ear
What do you wanna feel?
Let's just enjoy the thrill
I'll take over the wheel
And give you the touch you're missing
Sem pestanejar, avancei sobre seus lábios, tomando-os para mim e, dessa vez, deixando-me levar pelo tesão por aquele homem que me envolvia desde que pus meus pés nesse clube. As mãos bobas começaram desenfreadas ao mesmo tempo em que as roupas iam de encontro ao chão. Gemidos baixos invadiram o cômodo enquanto eu esquecia que o combinado com o barman era apenas cinco minutos. Acho que eles conseguem se virar sem as bebidas do depósito um pouco mais.
Ao abrir a pequena bolsa que tinha levado para pegar minha carteira, avistei um pedaço de guardanapo dobrado e, ao desamassá-lo, consegui ler o que dizia:
“Sunrise Club, sexta-feira, 21h. Te espero lá, lady sedutora! Xx L.P”
Arregalei os olhos ao mesmo tempo em que o coração dava um solavanco. Ele quer se encontrar comigo de novo? O medo me atingiu, eu não poderia revê-lo pois, com meu histórico de pé frio, logo o destino daria um jeito de despedaçar meu coração novamente, algo que eu estou querendo evitar. Foi isso que falei para quando encontrei-a em uma cafeteria mais tarde:
- Você está se ouvindo? – Me repreendeu. – Acabou de dizer que teve a melhor e mais louca noite de sua vida com um gato – frisou a última palavra. – E está pensando em fugir só porque ele quer te dar outro encontro repleto de prazer? Nem em sã consciência você vai recusar isso!
- Você não entende, amiga! Todo o relacionamento que eu entro acaba em tragédia logo depois, e a que sai mais machucada sou eu – desabafei.
- Em primeiro lugar, ele não está te pedindo em casamento, só para te ver de novo. E, em segundo, você precisa parar de erguer muros assim que um cara legal se aproxima, . Não é porque não deu certo antes, que não pode dar certo agora.
- Não sei, não, ! – Estava insegura. – Eu estava fora ontem! – falei, ouvindo-a soltar um “eu vi” antes de continuar. – Me deixei levar pelo momento, mas agora a realidade tá batendo a porta de novo e eu preciso arcar com minhas responsabilidades!
- Olha você arranjando motivo de novo para fugir!
- Não estou fugindo de nada!
- Está sim, porém, você faz tão no automático que nem percebe! – Ela argumentou. - Você gostou de ontem, não gostou? Qual o problema de esquecer um pouco dos problemas e só viver o momento? Conversar, beijar um cara legal, até transar sem pensar no amanhã? – continuou. - Você precisa de instantes de fogo e desejo que reativem seu amor pela vida, pois há tempos que eu a vejo desanimada para tudo.
Foi esse seu último discurso que permaneceu martelando em minha cabeça pelo resto da semana, fazendo-me pensar e repensar algumas decisões diversas vezes. Uma coisa tinha razão, nos últimos meses minha vida tem se mantido em uma rotina constante: acordar, comer, ligar para os meus pais, que moram em São Paulo, pesquisar e tentar escrever uma nova estória e, à noite, ir com Chloe, minha colega de quarto, para a Universidade de Oxford, onde faço pós-graduação em roteiro.
Pós-graduação, foi esse o motivo de eu ter vindo há um ano e meio para a terra da rainha. Depois de várias tentativas, consegui uma bolsa de estudos nessa especialização que sonhava tanto em fazer e, depois de pegar as economias que guardei por anos e vender meu carro, parti cheia de esperanças para Londres, onde, após muita decepção, trabalho duro em uma lanchonete e saudades de casa, consegui contrato com uma pequena editora independente da capital britânica, que, além de traduzir meus dois livros “ Teleportados” e “Pétalas de cerejeira” para o inglês, deu-me a chance de lançar mais um, dessa vez com seu selo.
Por esse motivo que, durante esses quatro meses que se passaram desde que o contrato foi assinado, tenho me dedicado totalmente a um novo enredo, pois esse deve ser perfeito para que conquiste os leitores europeus, o que me levou a momentos de ansiedade, explosões de preocupação e muito bloqueio criativo onde, cada ideia que surgia, era logo jogada no cesto de lixo.
Comprometida com esse projeto – faltam apenas dois meses para que chegue ao fim o prazo da entrega de, ao menos, parte da estória para a aprovação – comecei a viver cada vez menos fora da tela do computador, recusando saídas com as amigas, excluído aplicativos de namoro, tendo cada vez menos lazer, o que fez meus dias serem mais monótonos e preto no branco.
Porém, a mistura de sensações explodiu em mim naquela noite de sábado, fazendo arder aquele fogo que há muito tempo se mantinha apagado e, depois de refletir muito, constatei que o maior culpado não foi o álcool, mas o homem trouxe o esquecimento a minha mente de todos os problemas por poucas, contudo, bem aproveitadas horas. Com esse pensamento, resolvi encontrá-lo de novo na data marcada.
Dessa vez com um vestido preto mais colado, decidir provocar um pouco mais, ignorei o frio que passava pelas minhas costas desnudas, entrando no Sunrise Club com o coração na boca. Logo avistei , vestindo dessa vez uma camiseta azul de botões, na qual evidenciava seu peitoral forte, o que me deixou completamente molhada. Me bati mentalmente, como é possível isso se eu nem cheguei perto dele ainda?
- Parece que a lady sedutora resolveu aceitar meu convite! – O moreno pronunciou, já abrindo um sorriso safado quando me viu.
- Como poderia recusar? – falei, chegando mais perto. – Seu gosto ficou na minha memória a semana...
Não consegui completar a frase, pois avançou sobre mim, beijando-me de um jeito avassalador e fazendo-me esquecer até meu nome. Enquanto sua língua entrava em uma luta silenciosa e ardente contra a minha, meu corpo todo entrava em erupção, mostrando que queria mais e mais. Todavia, em um segundo de lucidez, lembrei do meu propósito ali então, sem demora, terminei nosso beijo com selinhos, me afastando um pouco em seguida para recuperar o fôlego.
- Nossa! Hoje você não quer perder tempo! – falei.
- Com uma delícia dessas, cada segundo é importante! – disse, antes de avançar novamente sobre mim, fazendo-me colocar a mão em seu peito, para pará-lo.
- Antes de tudo, precisamos ter uma conversa franca! – exprimi, decidida. – Mas precisa ser em um lugar mais calmo – Olhei ao redor, parando a atenção em meu amigo, que terminava de misturar um drink. – Mark! – chamei.
- O que o casal vai querer? – O loiro perguntou do outro lado da bancada.
- Pode me emprestar o depósito de bebidas por cinco minutos? – Fiz cara de cachorrinho que caiu da mudança. – Preciso ter um papo sério com o meu companheiro aqui! Por favorzinho!
- Papo é? – Nos olhou malicioso. – Cinco minutos e nada a mais! – avisou. – Só porque você é minha amiga! – completou, alcançando a chave da pequena despensa.
Sem perder mais tempo, puxei pelo braço em direção ao local, enquanto ele me olhava com uma grande interrogação no rosto, perguntando o que eu iria aprontar. Assim que a pequena porta de madeira foi fechada, virei-me para o homem em minha frente, que já me analisava com um olhar safado:
- Agora entendi seu teatrinho! Quer fazer sexo num lugar inusitado, não é? Era só me avisar, gatinha! – Me encostou na porta, avançando em meu pescoço.
- , não! – Fechei os olhos, tentando protestar, enquanto sua boca chupava lentamente meu colo.
- Diz que não quer! – pronunciou, dando pequenas mordidas perto do queixo.
- É sério! – Gemi, sentindo meu corpo inteiro esquentar.
- A gente conversa o quanto você quiser depois, porque agora essa sua roupa provocante... esse seu cheiro... estão me deixando louco! – falou, pausando para dar pequenos chupões enquanto apertava minha cintura com suas mãos fortes. Foi inevitável não revirar os olhos ao ouvir sua voz soando rouca ao pé do meu ouvido.
- Um minuto, eu preciso... de só... um minuto! – proferi, ofegante, lutando contra meu próprio desejo. Segurei seu ombro, obrigando-o a me olhar.
- ‘Tô vendo que você não vai sossegar até falar. – Se rendeu. – Mas 60 segundos apenas, não vou aguentar ficar com sua boca longe da minha por muito tempo! – Colocou a língua entre os dentes, de forma sexy.
- Obrigada! – Suspirei. – Sei que é apenas nossa segunda ficada e eu estou gostando demais! – confidenciei. – Mas não procuro relacionamentos nem nenhum envolvimento mais sério..
- Eu também não!
- Porém, não quero que esse seja nosso último encontro, quero aproveitar esses momentos o quanto puder com você.
- Também penso assim, mas, onde você quer chegar?
- Eu tenho uma proposta! E se a gente continuasse com isso, mas apenas aqui dentro da boate? Aproveitando nossos encontros ao máximo, sem problemas da vida lá fora, sem perguntar um do outro, só curtindo essa bolha de prazer que nos rodeia?
- Tipo, estranhos lá fora, mas parceiros de sexo e pegação aqui dentro? – Questionou, me fazendo balançar a cabeça em concordância. – Estou começando a gostar dessa ideia. – Me prensou na porta, fazendo-me sentir seu membro lá embaixo latejar. – Porém, só aceito se começarmos aqui e agora! - Referiu-se a dispensa que estávamos.
- Acho que posso aceitar essa condição! – Dei um sorriso ladino, mas aliviada por ter resolvido esse dilema que tanto me assolava nos últimos dias.
I don't care if we get too loud
Sexy, I want you now
Bet I could take you there
Whispering in your ear
What do you wanna feel?
Let's just enjoy the thrill
I'll take over the wheel
And give you the touch you're missing
Sem pestanejar, avancei sobre seus lábios, tomando-os para mim e, dessa vez, deixando-me levar pelo tesão por aquele homem que me envolvia desde que pus meus pés nesse clube. As mãos bobas começaram desenfreadas ao mesmo tempo em que as roupas iam de encontro ao chão. Gemidos baixos invadiram o cômodo enquanto eu esquecia que o combinado com o barman era apenas cinco minutos. Acho que eles conseguem se virar sem as bebidas do depósito um pouco mais.
CAPÍTULO 3 – DESCOBERTAS
Saindo da sala de reuniões da Editora Pandora, respirei finalmente aliviada, pois o projeto do meu livro havia sido aprovado, me dando até dezembro, ou seja, três meses para finalizá-lo. Olhei para o prédio atrás de mim, sorrindo por finalmente as coisas estarem dando certo em minha vida.
Dois meses se passaram desde que comecei a encontrar-me com e, definitivamente o Sunrise Club se tornou nosso lugar fixo nas noites de sexta-feira. Falar sobre a vida pessoal era proibido, porém, além de sessões quentes no banheiro e no depósito de bebidas, conversamos muito sobre coisas completamente aleatórias, como top cinco dos melhores filmes, hobbies preferidos, lugares que quer conhecer, piores encontros, e, é claro, assuntos picantes referentes a desejos sexuais, partes do corpo sensíveis para beijar, posições na cama e desafios alcoólicos que logo terminavam com uma transa forte no cubículo mais perto.
Ao pensar em meus momentos com o moreno, automaticamente minha pele arrepiou, enquanto o corpo inteiro começava a esquentar, pedindo para ir logo ao seu encontro – A descontração de nossas conversas, aliado ao sexo sem compromisso, trouxeram a leveza para os meus dias, fato que fez até a inspiração para meu trabalho surgir mais facilmente. Minha postura mudou tanto que até notou depois de algum tempo:
- Aquele pedaço de mal caminho está te fazendo bem, ein! – comentou, enquanto fazíamos compras no shopping. – Parou até de ser reclamona e ranzinza!
- Que absurdo! – Cerrei os olhos. – Eu sou uma princesa! – Me fiz de ofendida, segurando a risada.
- A princesa da reclamação! – atiçou. – Não pode negar que fazia uma tempestade até com um copo d’agua virado!
- Touché! – falei. – Tenho que admitir que era um pouquinho implicante com tudo. – Fiz um biquinho, vendo minha amiga me empurrar levemente com seu ombro – Tá! Eu era insuportável – finalmente admiti. – Mas, em minha defesa, eu estava uma pilha de nervos por causa do novo livro!
- O que mudou rapidinho depois de um bom sexo selvagem, né? – sussurrou a última parte, abrindo um sorriso sacana.
- Cala a boca! – pronunciei, gargalhando, pois sabia que ela estava certa, fazendo algumas pessoas nos olharem estranho.
Entretanto, especialmente hoje não nos encontraríamos, pois o britânico teria que viajar a trabalho. Sem saber sua profissão, apenas concordei, imaginando que teria que me contentar com uma boa série na Netflix dessa vez, plano que mudou drasticamente quando ficou sabendo da “noite livre”, me intimando a passar o dia com ela para fofocar, o que descobri mais tarde ser uma desculpa para encarar um monte de adolescentes ao seu lado:
- Por favorzinho!!! – Pediu, com aquela cara de cachorro que caiu da mudança. – Anna está me importunando a semana toda porque o ídolo dela vai estar na BBC Radio 1 e ela quer esperar ele com as amigas – explicou. – Não me deixa passar por isso sozinha, amiga!
- Tá! – Me rendi. – Mas vai ficar me devendo!
Assim que pegamos a adolescente na casa de sua mãe, seguimos para o endereço da rádio, me surpreendendo ao encontrar um grande grupo de garotas em frente à entrada. Abarrotando o pequeno espaço da calçada, meninas entre 14 e 18 anos erguiam cartazes enquanto cantavam músicas pop a plenos pulmões, mostrando sua animação. Sorri ao ver tanto entusiasmo.
Nos esgueirando no meio da pequena confusão, conseguimos achar as amigas de Anna, que vestiam camisetas e bandanas com o nome em letras garrafais. Não acompanhava muito as sensações da música pop, mas já tinha ouvido esse nome das bocas de muitas adolescentes, concluindo que o homem era bem famoso por aqui.
- Ah! Não acredito! – A menor pronunciou.
- O que aconteceu, Aninha? – Minha amiga questionou.
- Adiantaram a entrevista, o já entrou! – A menina disse, murcha.
- O show dele vai ser hoje à noite, então mudaram todos os compromissos para mais cedo, segundo o Twitter do fã clube oficial. – Outra garota do grupinho disse, com os olhos focados no celular.
- Ele vai passar por essa entrada de novo depois, não é? – perguntei.
- Sim, ele sempre passa para falar com os fãs!
- Mas vai ter muito mais gente esperando ele, então o vai passar correndo! – Ana explicou.
- Mas estamos aqui e vamos conseguir seu autógrafo! – acalmou a sobrinha. – Quanto tempo demora essa entrevista?
- Ah, uns 20 minutos!
Durante a espera conseguimos chegar um pouco mais para perto da grade, onde dois seguranças protegiam a porta principal. Ao mesmo tempo em que ria da euforia deles, soube um pouco mais sobre o cantor que já tinha um filho e, antes de se tornar um artista solo, esteve na One Direction, banda mundialmente famoso. Não me surpreendi por saber apenas o nome do grupo, pois, além da música brasileira, apenas o rock tem espaço em minha playlist.
- Estou curiosa. - falou, chamando minha atenção. - O que você já sabe sobre seu gatinho?
- Mas conversa sobre garotos não iria ser só a noite? – Alfinetei, lembrando o que ela sempre dizia quando perguntava de seus relacionamentos.
- Conta!!! – pressionou. – Não vou aguentar até de noite. Nesses meses você falou o mínimo sobre , quero saber mais.
- Você sabe pouco dele porque eu sei pouco – esclareci. – Te disse que nosso acordo foi que nos relacionaríamos só dentro do pub, aqui fora somos só estranhos. Não sei onde ele mora, ou trabalha, se tem família ou não, e nem ele de mim.
- Tudo isso por medo de se envolver?
- Sabe que todos os namoros que entro acabo quebrando a cara, porque eles sempre me traem – esclareci. - Só estou me precavendo dessa vez, aproveitando só a parte boa do relacionamento, a diversão, sem compromisso algum!
- Você sabe porque isso acontece, amiga. Você mesma ergue uma barreira para ninguém penetrar. – Me confrontou.
- Deixa que eu se... –
Antes que eu completasse a frase, gritos de “, eu te amo” invadiram o local, avisando que o britânico já estava ali. Tentamos chegar um pouco mais perto por causa de Anna, mas o alvoroço dos fãs não deixou, não passaríamos dali. Enquanto colocava a garota sobre os ombros, tentava olhar através das brechas para ver o cantor, mas os seguranças enormes ao seu lado o escondiam perfeitamente.
Entretanto, assim que ele chegou perto das fãs encostadas na grade para tirar fotos, paralisei instantaneamente. era nada menos que , o meu , que fez parte das minhas noites de sexta-feira, me fazendo rir com suas piadas ruins, arrepiando minha pele com beijos, mordidas e palavras sujas e me causando prazeres intensos, que me tiravam de órbita. Esse , agora sorria para adolescentes, assinando em seus cd's sem preocupação alguma. Abri a boca, sem fala, fazendo a primeira coisa que surgiu em minha cabeça: Correr para longe dali.
Dois meses se passaram desde que comecei a encontrar-me com e, definitivamente o Sunrise Club se tornou nosso lugar fixo nas noites de sexta-feira. Falar sobre a vida pessoal era proibido, porém, além de sessões quentes no banheiro e no depósito de bebidas, conversamos muito sobre coisas completamente aleatórias, como top cinco dos melhores filmes, hobbies preferidos, lugares que quer conhecer, piores encontros, e, é claro, assuntos picantes referentes a desejos sexuais, partes do corpo sensíveis para beijar, posições na cama e desafios alcoólicos que logo terminavam com uma transa forte no cubículo mais perto.
Ao pensar em meus momentos com o moreno, automaticamente minha pele arrepiou, enquanto o corpo inteiro começava a esquentar, pedindo para ir logo ao seu encontro – A descontração de nossas conversas, aliado ao sexo sem compromisso, trouxeram a leveza para os meus dias, fato que fez até a inspiração para meu trabalho surgir mais facilmente. Minha postura mudou tanto que até notou depois de algum tempo:
- Aquele pedaço de mal caminho está te fazendo bem, ein! – comentou, enquanto fazíamos compras no shopping. – Parou até de ser reclamona e ranzinza!
- Que absurdo! – Cerrei os olhos. – Eu sou uma princesa! – Me fiz de ofendida, segurando a risada.
- A princesa da reclamação! – atiçou. – Não pode negar que fazia uma tempestade até com um copo d’agua virado!
- Touché! – falei. – Tenho que admitir que era um pouquinho implicante com tudo. – Fiz um biquinho, vendo minha amiga me empurrar levemente com seu ombro – Tá! Eu era insuportável – finalmente admiti. – Mas, em minha defesa, eu estava uma pilha de nervos por causa do novo livro!
- O que mudou rapidinho depois de um bom sexo selvagem, né? – sussurrou a última parte, abrindo um sorriso sacana.
- Cala a boca! – pronunciei, gargalhando, pois sabia que ela estava certa, fazendo algumas pessoas nos olharem estranho.
Entretanto, especialmente hoje não nos encontraríamos, pois o britânico teria que viajar a trabalho. Sem saber sua profissão, apenas concordei, imaginando que teria que me contentar com uma boa série na Netflix dessa vez, plano que mudou drasticamente quando ficou sabendo da “noite livre”, me intimando a passar o dia com ela para fofocar, o que descobri mais tarde ser uma desculpa para encarar um monte de adolescentes ao seu lado:
- Por favorzinho!!! – Pediu, com aquela cara de cachorro que caiu da mudança. – Anna está me importunando a semana toda porque o ídolo dela vai estar na BBC Radio 1 e ela quer esperar ele com as amigas – explicou. – Não me deixa passar por isso sozinha, amiga!
- Tá! – Me rendi. – Mas vai ficar me devendo!
Assim que pegamos a adolescente na casa de sua mãe, seguimos para o endereço da rádio, me surpreendendo ao encontrar um grande grupo de garotas em frente à entrada. Abarrotando o pequeno espaço da calçada, meninas entre 14 e 18 anos erguiam cartazes enquanto cantavam músicas pop a plenos pulmões, mostrando sua animação. Sorri ao ver tanto entusiasmo.
Nos esgueirando no meio da pequena confusão, conseguimos achar as amigas de Anna, que vestiam camisetas e bandanas com o nome em letras garrafais. Não acompanhava muito as sensações da música pop, mas já tinha ouvido esse nome das bocas de muitas adolescentes, concluindo que o homem era bem famoso por aqui.
- Ah! Não acredito! – A menor pronunciou.
- O que aconteceu, Aninha? – Minha amiga questionou.
- Adiantaram a entrevista, o já entrou! – A menina disse, murcha.
- O show dele vai ser hoje à noite, então mudaram todos os compromissos para mais cedo, segundo o Twitter do fã clube oficial. – Outra garota do grupinho disse, com os olhos focados no celular.
- Ele vai passar por essa entrada de novo depois, não é? – perguntei.
- Sim, ele sempre passa para falar com os fãs!
- Mas vai ter muito mais gente esperando ele, então o vai passar correndo! – Ana explicou.
- Mas estamos aqui e vamos conseguir seu autógrafo! – acalmou a sobrinha. – Quanto tempo demora essa entrevista?
- Ah, uns 20 minutos!
Durante a espera conseguimos chegar um pouco mais para perto da grade, onde dois seguranças protegiam a porta principal. Ao mesmo tempo em que ria da euforia deles, soube um pouco mais sobre o cantor que já tinha um filho e, antes de se tornar um artista solo, esteve na One Direction, banda mundialmente famoso. Não me surpreendi por saber apenas o nome do grupo, pois, além da música brasileira, apenas o rock tem espaço em minha playlist.
- Estou curiosa. - falou, chamando minha atenção. - O que você já sabe sobre seu gatinho?
- Mas conversa sobre garotos não iria ser só a noite? – Alfinetei, lembrando o que ela sempre dizia quando perguntava de seus relacionamentos.
- Conta!!! – pressionou. – Não vou aguentar até de noite. Nesses meses você falou o mínimo sobre , quero saber mais.
- Você sabe pouco dele porque eu sei pouco – esclareci. – Te disse que nosso acordo foi que nos relacionaríamos só dentro do pub, aqui fora somos só estranhos. Não sei onde ele mora, ou trabalha, se tem família ou não, e nem ele de mim.
- Tudo isso por medo de se envolver?
- Sabe que todos os namoros que entro acabo quebrando a cara, porque eles sempre me traem – esclareci. - Só estou me precavendo dessa vez, aproveitando só a parte boa do relacionamento, a diversão, sem compromisso algum!
- Você sabe porque isso acontece, amiga. Você mesma ergue uma barreira para ninguém penetrar. – Me confrontou.
- Deixa que eu se... –
Antes que eu completasse a frase, gritos de “, eu te amo” invadiram o local, avisando que o britânico já estava ali. Tentamos chegar um pouco mais perto por causa de Anna, mas o alvoroço dos fãs não deixou, não passaríamos dali. Enquanto colocava a garota sobre os ombros, tentava olhar através das brechas para ver o cantor, mas os seguranças enormes ao seu lado o escondiam perfeitamente.
Entretanto, assim que ele chegou perto das fãs encostadas na grade para tirar fotos, paralisei instantaneamente. era nada menos que , o meu , que fez parte das minhas noites de sexta-feira, me fazendo rir com suas piadas ruins, arrepiando minha pele com beijos, mordidas e palavras sujas e me causando prazeres intensos, que me tiravam de órbita. Esse , agora sorria para adolescentes, assinando em seus cd's sem preocupação alguma. Abri a boca, sem fala, fazendo a primeira coisa que surgiu em minha cabeça: Correr para longe dali.
CAPÍTULO 4 – VERDADES DURAS
Sentada num banco qualquer do Hyde Park – foi o primeiro lugar que os meus olhos notaram durante a fuga – mantinha as mãos sobre a cabeça, como uma forma falha de colocar no lugar meus pensamentos, que se mantinham em uma confusão completa.
Minha vida vivia em um constante looping, no qual, no momento que penso que tudo está se encaixando, algo acontece e o destino me derruba sem piedade alguma. Dessa vez, realmente pensei que restringindo o relacionamento com , ou melhor, , apenas para dentro do bar, não haveria envolvimento emocional e, pelo menos por um período de tempo, meu coração estaria a salvo. Porém, descobrir sua identidade e, ainda por cima, que era alguém extremamente famoso, fez meu chão desabar, pois, esse fato muda tudo.
- Amiga! Até que enfim te achei! – se aproximou de mim, toda afobada. – O que aconteceu? Você saiu correndo de lá do nada, pareceu até que viu um fantasma. – Estava preocupada.
- Era ele, amiga! – Disse com a voz embargada, enquanto a olhava.
- O quê? Um fantasma? – Franziu a testa. Eu riria de sua hipótese se não tivesse tão confusa e desiludida.
- , ele é... o , o meu .
- O quê? – Se sentou ao meu lado, perplexa. – O da balada? – Balancei a cabeça positivamente! – Cacilda! Sabia que na balada ele me lembrava alguém! – Bateu na sua própria testa, desacreditada.
- Eu nunca quis saber sobre a vida dele porque todos os caras com que saí se revelaram canalhas, mas nunca imaginei que poderia ser famoso – desabafei.
- E o que pretende fazer agora? Não dá mais para esconder que não sabe quem ele é.
- Eu realmente não sei, – falei, sincera.
E realmente não tinha a menor ideia do que fazer. Nosso encontro semanal seria dali a alguns dias e eu me perguntava se deveria ir vê-lo. Me comportar como se nada tivesse acontecido e eu não soubesse sua verdadeira identidade não era uma opção, pois eu não tinha tanto sangue frio assim e, mesmo que eu não quisesse admitir, saber que o homem no qual tive momentos de prazer era um cantor famoso, me abalou completamente.
Foi como um baque – nada relacionado a pegar seu namorado na cama com outra, mas, mesmo assim, um grande baque. Na minha cabeça eu sabia que nosso “relacionamento de bar” não duraria para sempre, que talvez algum dia ele arranjaria alguém e pararia de frequentar o clube noturno, fazendo cada um seguir para um lado, no entanto, descobrir que por meses me relacionei com uma celebridade e nem por um minuto desconfiei disso, trazia o sentimento de que tudo o que vivi foi uma mentira, mesmo sabendo que não deveria, pois fui eu mesma que defini nossos termos.
Conforme o tempo passava, grudava cada vez mais em minha cabeça e, apenas bastou um minuto de bobeira com o computador ligado para que meus dedos ganhassem vida própria, procurando no Google sobre o cantor britânico, que descobri ter sido parte da One Direction, uma banda que tem fãs ao redor de todo o mundo. Quando percebi, já estava no Youtube, ouvindo suas músicas, me apaixonando por cada letra ao mesmo tempo que lia sobre suas entrevistas mais recentes, espantando-me com o quanto ele se importava com todos ao seu redor.
Como diz minha avó: “Quem está na chuva é para se molhar”, então, logo o segui nas redes sociais, tentada a saber um pouco mais sobre o homem com quem dormi diversas vezes. Foi exatamente isso que me denunciou quando estava almoçando na quinta-feira com e Chloe, quando minha melhor amiga notou as notificações do Twitter, nas quais evidenciavam as publicações de :
- Eu não acredito! – Ralhou a ruiva, quando roubou meu celular de mim, vendo as notificações na tela. – Você tá acompanhando a carreira dele? – frisou a última parte, pois Chloe não sabia sobre o . – Então quer dizer que...
- Não! Não quer dizer nada!
- O que tá acontecendo, gente? – Minha colega de quarto francesa perguntou, confusa.
- Sabe o , o cara que estava ficando no Sunrise Club? – Resolvi tirá-la um pouco do escuro, sem revelar muito, pois não queria comprometer o cantor.
- Sim, aquele que você se encontra as sextas-feiras!
- Isso! – concordei. – Eu encontrei-o por acaso nas redes sociais, descobrindo que ele é um dos mais conhecidos no ramo dele... Agora, não sei o que fazer! – exprimi minha preocupação.
- Como assim, gente? Você não disse que estava gostando de passar as noites com ele? Agora é só começarem a se pegar fora do bar – Chloe era do tipo prática.
- O problema é que nosso acordo foi não sabermos sobre a vida pessoal do outro, só continuar com o sexo. Mas agora eu estraguei tudo! – choraminguei, colocando as mãos no rosto. – Acho melhor seguir a vida e esquecer que o conheci! Já que mais cedo ou mais tarde nossos caminhos iriam se separar mesmo!
- O quê? – se exaltou. – , está se ouvindo? Você vai deixar sua chance de ser feliz escapar por seus dedos por causa do seu medo bobo?
- Não é medo, só estou fazendo o inevitável! Ele não é para mim. – Fui sincera.
- Por anos você tem se esquivado dos homens, fugindo dos relacionamentos e depois colocando a culpa neles porque foram babacas. – Foi direta. – Não vou tirar a culpa deles, mas você também tem sua parcela. Mantém na sua cabeça as atitudes do Bruno, que foi o verdadeiro idiota e transfere a responsabilidade do que deu errado para os namoros futuros, como se todos os caras fossem iguais! Com esse pensamento você não vai fazer mal a eles amiga, mas a si mesma.
- Mas...
- Me deixa terminar! – Estava brava. – No caso do... – Quase falou o nome do . Respirei aliviada que ela conseguiu disfarçar. – Você decidiu sobre esse acordo, você não queria conhecê-lo aqui fora, porque seu medo falou mais alto – falou. – Vocês dois são livres e desimpedidos, qual o problema de conversar e trazer esse “relacionamento de balada” para a vida real? Vai doer tanto assim?
- Concordo com a ! – Chloe se manifestou.
- Vocês não entendem! – desabafei. – Depois que o Bruno jogou verdades na minha cara, eu nunca consegui esquecer. Eu sou defeituosa, não mereço a felicidade. Um exemplo disso é que fiz a casa dos meus pais pegar fogo.
- Amiga, você só tinha oito anos, não é sua culpa que não sentiu o cheiro da fumaça – A ruiva disse, mais mansa. – E outra, eu nunca conheci aquele canalha, mas só pelo o que você me contou deu para perceber que ele te manipulava, para você ser sempre a culpada, para se não estiver com ele, não merecer estar com ninguém.
- Isso é relacionamento abusivo! – Chloe completou, fazendo a outra assentir. – A gente que não tá nele não percebe, mas vive em uma tortura psicológica.
- E isso já faz tantos anos, você precisa se libertar dessa culpa para poder ser feliz, . – pegou minha mão sob a mesa. – E nós estamos com você para passar por esse processo, para te mostrar que você merece ser feliz sim, merece ter seu talento mostrado para o mundo todo.
- Bruno não tinha dito que você nunca ia fazer sucesso com seus livros “mixurucas”? – A francesa perguntou, me fazendo assentir. – E olha onde você está agora? Prestes a publicar seu primeiro livro em terras inglesas!
- Enquanto o idiota só chora de recalque! – Minha amiga soltou, me fazendo rir em meio as lágrimas, que eu nem percebi que já estavam caindo.
- Ai, garotas! Vocês são incríveis! – Me levantei da cadeira, dando um abraço forte em cada uma.
- Só me promete que não vai fugir dessa vez! – pediu, séria. – Esquece por um momento o status dele e se permita viver, amiga, porque você merece encontrar sua felicidade.
Minha vida vivia em um constante looping, no qual, no momento que penso que tudo está se encaixando, algo acontece e o destino me derruba sem piedade alguma. Dessa vez, realmente pensei que restringindo o relacionamento com , ou melhor, , apenas para dentro do bar, não haveria envolvimento emocional e, pelo menos por um período de tempo, meu coração estaria a salvo. Porém, descobrir sua identidade e, ainda por cima, que era alguém extremamente famoso, fez meu chão desabar, pois, esse fato muda tudo.
- Amiga! Até que enfim te achei! – se aproximou de mim, toda afobada. – O que aconteceu? Você saiu correndo de lá do nada, pareceu até que viu um fantasma. – Estava preocupada.
- Era ele, amiga! – Disse com a voz embargada, enquanto a olhava.
- O quê? Um fantasma? – Franziu a testa. Eu riria de sua hipótese se não tivesse tão confusa e desiludida.
- , ele é... o , o meu .
- O quê? – Se sentou ao meu lado, perplexa. – O da balada? – Balancei a cabeça positivamente! – Cacilda! Sabia que na balada ele me lembrava alguém! – Bateu na sua própria testa, desacreditada.
- Eu nunca quis saber sobre a vida dele porque todos os caras com que saí se revelaram canalhas, mas nunca imaginei que poderia ser famoso – desabafei.
- E o que pretende fazer agora? Não dá mais para esconder que não sabe quem ele é.
- Eu realmente não sei, – falei, sincera.
E realmente não tinha a menor ideia do que fazer. Nosso encontro semanal seria dali a alguns dias e eu me perguntava se deveria ir vê-lo. Me comportar como se nada tivesse acontecido e eu não soubesse sua verdadeira identidade não era uma opção, pois eu não tinha tanto sangue frio assim e, mesmo que eu não quisesse admitir, saber que o homem no qual tive momentos de prazer era um cantor famoso, me abalou completamente.
Foi como um baque – nada relacionado a pegar seu namorado na cama com outra, mas, mesmo assim, um grande baque. Na minha cabeça eu sabia que nosso “relacionamento de bar” não duraria para sempre, que talvez algum dia ele arranjaria alguém e pararia de frequentar o clube noturno, fazendo cada um seguir para um lado, no entanto, descobrir que por meses me relacionei com uma celebridade e nem por um minuto desconfiei disso, trazia o sentimento de que tudo o que vivi foi uma mentira, mesmo sabendo que não deveria, pois fui eu mesma que defini nossos termos.
Conforme o tempo passava, grudava cada vez mais em minha cabeça e, apenas bastou um minuto de bobeira com o computador ligado para que meus dedos ganhassem vida própria, procurando no Google sobre o cantor britânico, que descobri ter sido parte da One Direction, uma banda que tem fãs ao redor de todo o mundo. Quando percebi, já estava no Youtube, ouvindo suas músicas, me apaixonando por cada letra ao mesmo tempo que lia sobre suas entrevistas mais recentes, espantando-me com o quanto ele se importava com todos ao seu redor.
Como diz minha avó: “Quem está na chuva é para se molhar”, então, logo o segui nas redes sociais, tentada a saber um pouco mais sobre o homem com quem dormi diversas vezes. Foi exatamente isso que me denunciou quando estava almoçando na quinta-feira com e Chloe, quando minha melhor amiga notou as notificações do Twitter, nas quais evidenciavam as publicações de :
- Eu não acredito! – Ralhou a ruiva, quando roubou meu celular de mim, vendo as notificações na tela. – Você tá acompanhando a carreira dele? – frisou a última parte, pois Chloe não sabia sobre o . – Então quer dizer que...
- Não! Não quer dizer nada!
- O que tá acontecendo, gente? – Minha colega de quarto francesa perguntou, confusa.
- Sabe o , o cara que estava ficando no Sunrise Club? – Resolvi tirá-la um pouco do escuro, sem revelar muito, pois não queria comprometer o cantor.
- Sim, aquele que você se encontra as sextas-feiras!
- Isso! – concordei. – Eu encontrei-o por acaso nas redes sociais, descobrindo que ele é um dos mais conhecidos no ramo dele... Agora, não sei o que fazer! – exprimi minha preocupação.
- Como assim, gente? Você não disse que estava gostando de passar as noites com ele? Agora é só começarem a se pegar fora do bar – Chloe era do tipo prática.
- O problema é que nosso acordo foi não sabermos sobre a vida pessoal do outro, só continuar com o sexo. Mas agora eu estraguei tudo! – choraminguei, colocando as mãos no rosto. – Acho melhor seguir a vida e esquecer que o conheci! Já que mais cedo ou mais tarde nossos caminhos iriam se separar mesmo!
- O quê? – se exaltou. – , está se ouvindo? Você vai deixar sua chance de ser feliz escapar por seus dedos por causa do seu medo bobo?
- Não é medo, só estou fazendo o inevitável! Ele não é para mim. – Fui sincera.
- Por anos você tem se esquivado dos homens, fugindo dos relacionamentos e depois colocando a culpa neles porque foram babacas. – Foi direta. – Não vou tirar a culpa deles, mas você também tem sua parcela. Mantém na sua cabeça as atitudes do Bruno, que foi o verdadeiro idiota e transfere a responsabilidade do que deu errado para os namoros futuros, como se todos os caras fossem iguais! Com esse pensamento você não vai fazer mal a eles amiga, mas a si mesma.
- Mas...
- Me deixa terminar! – Estava brava. – No caso do... – Quase falou o nome do . Respirei aliviada que ela conseguiu disfarçar. – Você decidiu sobre esse acordo, você não queria conhecê-lo aqui fora, porque seu medo falou mais alto – falou. – Vocês dois são livres e desimpedidos, qual o problema de conversar e trazer esse “relacionamento de balada” para a vida real? Vai doer tanto assim?
- Concordo com a ! – Chloe se manifestou.
- Vocês não entendem! – desabafei. – Depois que o Bruno jogou verdades na minha cara, eu nunca consegui esquecer. Eu sou defeituosa, não mereço a felicidade. Um exemplo disso é que fiz a casa dos meus pais pegar fogo.
- Amiga, você só tinha oito anos, não é sua culpa que não sentiu o cheiro da fumaça – A ruiva disse, mais mansa. – E outra, eu nunca conheci aquele canalha, mas só pelo o que você me contou deu para perceber que ele te manipulava, para você ser sempre a culpada, para se não estiver com ele, não merecer estar com ninguém.
- Isso é relacionamento abusivo! – Chloe completou, fazendo a outra assentir. – A gente que não tá nele não percebe, mas vive em uma tortura psicológica.
- E isso já faz tantos anos, você precisa se libertar dessa culpa para poder ser feliz, . – pegou minha mão sob a mesa. – E nós estamos com você para passar por esse processo, para te mostrar que você merece ser feliz sim, merece ter seu talento mostrado para o mundo todo.
- Bruno não tinha dito que você nunca ia fazer sucesso com seus livros “mixurucas”? – A francesa perguntou, me fazendo assentir. – E olha onde você está agora? Prestes a publicar seu primeiro livro em terras inglesas!
- Enquanto o idiota só chora de recalque! – Minha amiga soltou, me fazendo rir em meio as lágrimas, que eu nem percebi que já estavam caindo.
- Ai, garotas! Vocês são incríveis! – Me levantei da cadeira, dando um abraço forte em cada uma.
- Só me promete que não vai fugir dessa vez! – pediu, séria. – Esquece por um momento o status dele e se permita viver, amiga, porque você merece encontrar sua felicidade.
CAPÍTULO 5 – UMA CONVERSA E UM RECOMEÇO
Batendo o pé no chão de nervosismo, eu olhava o relógio: 20h45. Faltava apenas quinze minutos para a hora que eu encontrava sempre com as sextas-feiras e eu ainda estava de pijamas. Depois da minha conversa com as garotas, decidi que deveria encontrá-lo para pôr as cartas na mesa, seja para continuar com nosso inusitado relacionamento, seja para dar um fim aos nossos encontros, mas dessa vez, sem fugir. Entretanto, perto da hora h, a coragem resolveu desaparecer sem aviso.
Ainda tentando encontrá-la, senti meu celular vibrar ao meu lado: Era uma mensagem de , com letras garrafais:
Quase meia hora depois, o vestido cor de vinho já estava em meu corpo, enquanto uma maquiagem leve escondia as olheiras das noites mal dormidas. Com minha bolsa pequena na mão, respirei fundo, abrindo a porta para seguir o rumo até o Sunrise Club. Entretanto, a surpresa apareceu em meu rosto quando me deparei com em frente a porta, com uma das mãos levantada, prestes a bater na madeira escura.
- Oi! – Disse simplesmente.
- O que você... – As palavras fugiram de minha boca, não deixando eu completar a pergunta.
- Eu... posso entrar? – O moreno perguntou, tímido.
- Ah, claro! – permiti, com a dúvida estampada em minha testa – Ãh, senta! – pronunciei, assim que ele passou por mim, colocando as mãos no bolso. Que bom que eu não era a única desconcertada com aquela situação.
- Sei que não está entendendo o que estou fazendo aqui... – começou, quando nos sentamos lado a lado. – Mas eu não consegui esperar no bar, precisava conversar sério com você.
- Eu sei que você é ! – Soltei, não conseguindo segurar mais. Ele me olhou, espantado. – Eu realmente não tinha ideia de quem você era, mas sexta passada eu fui até a BBC Radio 1 com minha amiga e a sobrinha e te vi. – terminei com um fio de voz.
- Oh, Deus! Eu não esperava por isso. – O britânico foi sincero. – Eu... eu queria te contar antes. Na verdade achei que você tinha me reconhecido, só estava fingindo, mas depois de conversarmos vi que você é mais ligada em música brasileira.
- Sim, o mais internacional do meu repertório é o rock! – disse, sem graça.
- E isso foi tão bom, porque, pela primeira vez em tempos pude me sentir uma pessoa normal, sem bajulação nem nada. – Sorriu fraco. – Eu queria te contar, mas aí veio nosso acordo de não revelar nada da vida pessoal, e eu guardei para mim. Mas me sentia um mentiroso, coisa que definitivamente eu não sou. Foi aí que Ruth, minha irmã, me convenceu a falar logo a verdade, pois, se eu queria algo com você, não deveria ter nada a esconder.
Arregalei os olhos com a última parte do seu discurso.
- Espera... primeiro, como você me achou? – Tentei organizar minha cabeça.
- O Mark me passou seu endereço! – esclareceu. – Não sabia se você iria até lá hoje, então desabafei com ele e pedi seu endereço. Estava ansioso demais para esperar, desculpe.
- Ah! – Lembrei que ele estava saindo com a Chloe. – Mas foi até bom você ter vindo, para conversarmos com mais calma – admiti.
- Verdade! – O moreno concordou. – Mas eu quero que me desculpe por ter esperado demais para ter dito a verdade. Nossos encontros eram tão bons que eu também não queria que acabassem.
- Não há o que se desculpar – falei. – Na verdade, eu também preciso te explicar algo: essas coisas de relacionamento casual nunca foram do me feitio, eu estava me esquivando de relações amorosas porque já sofri muito – disse. – Mas naquele dia eu tinha bebido demais e deixei-me levar. E não me arrependo, porque nossas saídas também me fizeram bem. Entretanto, quero que saiba que não foi proposital não querer saber da sua vida pessoal, só foi um jeito de fugir do que meus traumas deixaram.
- Traumas? – Ele estava interessado.
Então, de forma resumida, contei para ele sobre meu relacionamento abusivo com Bruno, o episódio em que minha casa pegou fogo porque eu, mesmo acordada, não senti o cheiro da fumaça e o medo que afronta de não conseguir ser feliz exatamente por causa da minha anosmia.
- Você tem anosmia? – questionou. – Minha irmã também nasceu com a falta de olfato, mas seus outros sentidos se afloraram ainda mais. E, acredite, ela é casada e tem dois filhos – falou. - Seu dom raro só vai te impedir de ser feliz se você deixar!
- Ela também tem? Nossa! – Me espantei, não conhecia ninguém que tivesse a mesma condição olfativa que eu. – Ela está certa, os outros sentidos, como visão e paladar se aguçam ainda mais.
- Paladar é? – Mudou sua expressão para uma mais safada. – Então quer dizer que nossos beijos foram mais gostosos na sua boca? – Colocou a língua entre os dentes.
- Para! – Ri, sem graça. – É sério! – Tentei ficar séria, falhando miseravelmente. – Te contei tudo isso por um motivo: não quero mais continuar com essa relação às escuras, mesmo nossas noites terem sido as melhores! – admiti, fazendo-o sorrir ladino. – Mas depois de te ver, procurei sobre você, o que me deu ainda mais vontade de te conhecer a fundo. Então, mesmo que pertençamos a mundos diferentes, queria continuar ao menos com sua amizade. Podemos?
- Bem, eu quero muito saber mais sobre você, porém, não sei se só amizade vai ser suficiente para mim. – Arrastou seu corpo para mais perto de mim, fazendo meu coração dar um solavanco. – Porque meu corpo pede pelo seu, querendo arrepiar cada centímetro da sua pele que ainda não arrepiou, te ouvir gritar meu nome aos quatro ventos... – Chegou em meu ouvido, sussurrando - dessa vez para os vizinhos ouvirem em alto e bom som.
- , eu..
- Mas não vou fazer nada que não queira – Se afastou bruscamente. – Porque entendo seus traumas e quero te mostrar que não estou aqui só para sexo, como também para todos os momentos.
I'm right here, you know, when your waves explode
Escape the undertow
Know that you've been broken
Know that you've been hoping
Swimming in your ocean
A new life is floating
The stars were made to shine
Reach up and make a wish
It's a beautiful time
I hope you take a glimpse
We're the sound of lovers blowing crazy in the wind
You don't have to pretend
I don't care where you've been
- Não sei se eu te dou um tapa ou te beijo, porque você faz essa covardia de falar coisas sujas ao pé do ouvido e depois termina sendo fofo! Aff, ! – Fingi estar braba, para logo depois dar uma pequena risada, mais descontraída.
- Eu voto na segunda opção!
Sem esperar permissão, avancei sobre seus lábios, me batendo internamente por sentir tanto a falta desse sabor apimentado delicioso. Sozinha em casa com – Chloe foi visitar seus pais na França – deixei meus medos de lado, aproveitando cada parte daquele homem gostoso que tenho vontade de descobrir, sexualmente, mas também como pessoa, que já se mostra alguém doce e incrível.
I don't care if we get too loud
Sexy, I want you now
Bet I could take you there
Whispering in your ear
What do you wanna feel?
Let's just enjoy the thrill
I'll take over the wheel
And give you the touch you're missing
O amanhã ninguém sabe, porém, meu sexto sentido gritava que a parte dois de minha vida estava recém começando, com muitas pitadas de felicidade e prazer ao lado de um certo britânico sexy.
Ainda tentando encontrá-la, senti meu celular vibrar ao meu lado: Era uma mensagem de , com letras garrafais:
“Se estiver em dúvida, não pense, SÓ VAI ATRÁS DO !”
Foi como um tapa na cara, que me fez acordar para a vida: Eu tinha que fazer isso! Então, com um fôlego vindo de um lugar desconhecido, me pus de pé de supetão para procurar uma roupa descente para vestir.Quase meia hora depois, o vestido cor de vinho já estava em meu corpo, enquanto uma maquiagem leve escondia as olheiras das noites mal dormidas. Com minha bolsa pequena na mão, respirei fundo, abrindo a porta para seguir o rumo até o Sunrise Club. Entretanto, a surpresa apareceu em meu rosto quando me deparei com em frente a porta, com uma das mãos levantada, prestes a bater na madeira escura.
- Oi! – Disse simplesmente.
- O que você... – As palavras fugiram de minha boca, não deixando eu completar a pergunta.
- Eu... posso entrar? – O moreno perguntou, tímido.
- Ah, claro! – permiti, com a dúvida estampada em minha testa – Ãh, senta! – pronunciei, assim que ele passou por mim, colocando as mãos no bolso. Que bom que eu não era a única desconcertada com aquela situação.
- Sei que não está entendendo o que estou fazendo aqui... – começou, quando nos sentamos lado a lado. – Mas eu não consegui esperar no bar, precisava conversar sério com você.
- Eu sei que você é ! – Soltei, não conseguindo segurar mais. Ele me olhou, espantado. – Eu realmente não tinha ideia de quem você era, mas sexta passada eu fui até a BBC Radio 1 com minha amiga e a sobrinha e te vi. – terminei com um fio de voz.
- Oh, Deus! Eu não esperava por isso. – O britânico foi sincero. – Eu... eu queria te contar antes. Na verdade achei que você tinha me reconhecido, só estava fingindo, mas depois de conversarmos vi que você é mais ligada em música brasileira.
- Sim, o mais internacional do meu repertório é o rock! – disse, sem graça.
- E isso foi tão bom, porque, pela primeira vez em tempos pude me sentir uma pessoa normal, sem bajulação nem nada. – Sorriu fraco. – Eu queria te contar, mas aí veio nosso acordo de não revelar nada da vida pessoal, e eu guardei para mim. Mas me sentia um mentiroso, coisa que definitivamente eu não sou. Foi aí que Ruth, minha irmã, me convenceu a falar logo a verdade, pois, se eu queria algo com você, não deveria ter nada a esconder.
Arregalei os olhos com a última parte do seu discurso.
- Espera... primeiro, como você me achou? – Tentei organizar minha cabeça.
- O Mark me passou seu endereço! – esclareceu. – Não sabia se você iria até lá hoje, então desabafei com ele e pedi seu endereço. Estava ansioso demais para esperar, desculpe.
- Ah! – Lembrei que ele estava saindo com a Chloe. – Mas foi até bom você ter vindo, para conversarmos com mais calma – admiti.
- Verdade! – O moreno concordou. – Mas eu quero que me desculpe por ter esperado demais para ter dito a verdade. Nossos encontros eram tão bons que eu também não queria que acabassem.
- Não há o que se desculpar – falei. – Na verdade, eu também preciso te explicar algo: essas coisas de relacionamento casual nunca foram do me feitio, eu estava me esquivando de relações amorosas porque já sofri muito – disse. – Mas naquele dia eu tinha bebido demais e deixei-me levar. E não me arrependo, porque nossas saídas também me fizeram bem. Entretanto, quero que saiba que não foi proposital não querer saber da sua vida pessoal, só foi um jeito de fugir do que meus traumas deixaram.
- Traumas? – Ele estava interessado.
Então, de forma resumida, contei para ele sobre meu relacionamento abusivo com Bruno, o episódio em que minha casa pegou fogo porque eu, mesmo acordada, não senti o cheiro da fumaça e o medo que afronta de não conseguir ser feliz exatamente por causa da minha anosmia.
- Você tem anosmia? – questionou. – Minha irmã também nasceu com a falta de olfato, mas seus outros sentidos se afloraram ainda mais. E, acredite, ela é casada e tem dois filhos – falou. - Seu dom raro só vai te impedir de ser feliz se você deixar!
- Ela também tem? Nossa! – Me espantei, não conhecia ninguém que tivesse a mesma condição olfativa que eu. – Ela está certa, os outros sentidos, como visão e paladar se aguçam ainda mais.
- Paladar é? – Mudou sua expressão para uma mais safada. – Então quer dizer que nossos beijos foram mais gostosos na sua boca? – Colocou a língua entre os dentes.
- Para! – Ri, sem graça. – É sério! – Tentei ficar séria, falhando miseravelmente. – Te contei tudo isso por um motivo: não quero mais continuar com essa relação às escuras, mesmo nossas noites terem sido as melhores! – admiti, fazendo-o sorrir ladino. – Mas depois de te ver, procurei sobre você, o que me deu ainda mais vontade de te conhecer a fundo. Então, mesmo que pertençamos a mundos diferentes, queria continuar ao menos com sua amizade. Podemos?
- Bem, eu quero muito saber mais sobre você, porém, não sei se só amizade vai ser suficiente para mim. – Arrastou seu corpo para mais perto de mim, fazendo meu coração dar um solavanco. – Porque meu corpo pede pelo seu, querendo arrepiar cada centímetro da sua pele que ainda não arrepiou, te ouvir gritar meu nome aos quatro ventos... – Chegou em meu ouvido, sussurrando - dessa vez para os vizinhos ouvirem em alto e bom som.
- , eu..
- Mas não vou fazer nada que não queira – Se afastou bruscamente. – Porque entendo seus traumas e quero te mostrar que não estou aqui só para sexo, como também para todos os momentos.
Escape the undertow
Know that you've been broken
Know that you've been hoping
Swimming in your ocean
A new life is floating
The stars were made to shine
Reach up and make a wish
It's a beautiful time
I hope you take a glimpse
We're the sound of lovers blowing crazy in the wind
You don't have to pretend
I don't care where you've been
- Eu voto na segunda opção!
Sem esperar permissão, avancei sobre seus lábios, me batendo internamente por sentir tanto a falta desse sabor apimentado delicioso. Sozinha em casa com – Chloe foi visitar seus pais na França – deixei meus medos de lado, aproveitando cada parte daquele homem gostoso que tenho vontade de descobrir, sexualmente, mas também como pessoa, que já se mostra alguém doce e incrível.
Sexy, I want you now
Bet I could take you there
Whispering in your ear
What do you wanna feel?
Let's just enjoy the thrill
I'll take over the wheel
And give you the touch you're missing
FIM.
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.