Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único


De: , o babaca que a deixou ir embrora.
Para: , aquela que nunca deveria ter ido.

“Nova Iorque, 31 de dezembro de 2014, 10 horas desde que se foi.
Eu sinceramente não sei como começar esta carta.
Qualquer formalidade não a faria soar sincera como eu quero. Na verdade, qualquer amontoado de palavras não poderia expressar o que sinto enquanto a escrevo e por mais clichê que isso soe, é exatamente o que está acontecendo nesse momento.
E mesmo assim, ainda não sei como começar esta carta.
Podia ser tão simples como foi quando soubemos que éramos um só. Quando lhe vi pela primeira vez, tão perdida, e a encontrei. Entretanto, foi muito mais do que isso, eu me encontrei. A vida não poderia ter sido mais irônica ao fazer com que um cara que nunca acreditou no amor, se apaixonasse à primeira vista. Mas, felizmente, ela não foi cruel ao ponto de permitir que não fosse recíproco. Percebi pelo seu olhar, apesar de todas as lágrimas, que você também havia se encontrado. E nada nunca me pareceu tão certo.
Até hoje me pego sorrindo ao lembrar-me daquela noite, sabia? Ainda não sei exatamente o que fazia ali, você nunca me disse. Mas você estava lá, e isso já era o bastante. Secou o rosto totalmente molhado pelo choro, e pude ouvir sua doce voz pela primeira vez. “Me leve para casa”. Aliás, obrigado. Obrigado por de alguma forma ter me escolhido, ter confiado em mim ao ter feito esse pedido. Ter me deixado entrar em sua vida. E ter se tornado a razão da minha.
Enquanto eu dirigia e conversávamos sobre as coisas mais alheias possíveis, descobri o que a felicidade realmente significava ao ver sua face tomada pelo sorriso mais genuíno que já havia visto e o brilho de seus olhos, que também sorriam. Acho que nada mais poderá me fazer sorrir verdadeiramente daqui pra frente além dessa lembrança. Obrigado por me proporcioná-la também.
Paramos num café de beira de estrada e resolvemos comer aquele bolinho de aparência duvidosa do lado de fora daquele cubículo claustrofóbico. Felizmente, não morremos de intoxicação no dia seguinte. Tudo estava indo tão bem até eu agir como um idiota. Ver sua expressão alegre mudar tão abruptamente para pura angústia fez com que eu me sentisse o pior ser humano do mundo, e prometi a mim mesmo que nunca mais me permitiria ser a razão disto novamente. Você nunca soube dessa promessa. Desculpe por não conseguir cumpri-la. Quando voltei a mim e a única coisa que me veio à cabeça foi pedir que olhasse para cima, vi o sorriso retornar ao seu rosto e permiti-me encostar a seus ombros. Você não recuou, e até hoje eu agradeço às estrelas por isso.
Depois tudo é como um flash em minha mente. Chegamos a minha casa, você largou sua bolsa no chão, deitou-se no sofá e dormiu. Tão rápido que não tive a oportunidade de perguntar o seu nome. E então só me lembro de que não pude dormir pensando em qual seria.
Naquela manhã de domingo, enquanto você se trocava tive a ideia de fazer um café da manhã diferente. Desastroso seria uma palavra melhor para defini-lo como você pôde perceber. Ainda bem que, no fim, tudo ocorreu tão bem. Você estava tão perfeita gargalhando de minhas piadas imbecis usando minha blusa surrada, e tão serena após aquela nossa promessa. Acho que nós começamos ali. Eu a mantenho até hoje.
Com o passar do tempo, além de seu nome, eu já sabia muito sobre você. Sabia que sua cor favorita era “aquele verde que não é azul”, que sua música favorita mudava de acordo com seu humor, que gostava de pular cercas dos locais de entrada proibida e pular de volta o mais rápido possível com a adrenalina pulsando nas veias, que tentava fazer-se de durona- até se render e chorar assistindo a um filme da Disney. Sabia da sua mania de falar sozinha como se estivesse tendo um diálogo com algum artista que gostava - no caso um treino para quando se conhecessem - e da sua teimosia irritante que se tornava evidente ao ser questionada sobre algo em que você certamente estava correta. Entre essas e tantas outras coisas queria que soubesse que a que eu mais tinha certeza era apenas uma: eu sabia que você aceitaria ser minha namorada. E aquele beijo na calçada da casa do vizinho foi o sim que eu já esperava.
Naquela noite, sim, a nossa noite, eu queria que soubesse de algo sobre mim também. Apesar de minhas feições estarem estranhas, como você mesma disse, e de minha frase não ter expressado exatamente o que eu pensava, eu queria que soubesse que eu estava apaixonado. Completamente, totalmente e profundamente louco por você. Espero que entenda agora.
Embora tenhamos nos desgastado com as circunstâncias e ficássemos dando voltas e voltas como se estivéssemos dançando em um pequeno globo de neve, nossa relação era sólida como gelo para mim. Eu ainda a amava. Eu ainda mantinha sua foto no meu escritório. Mas tudo deixou de ser transparente quando me disse aquelas palavras e eu enxerguei seu olhar da mesma forma embaçada de quando a vi pela primeira vez. Só que dessa vez não havia lágrimas.
Dizem que o amor pode machucar algumas vezes. Nunca me disseram que ele poderia matar. Porque foi assim que me senti naquele momento: morto. Não no sentido literal da coisa, apesar de que se meu coração parasse naquele instante, seria até melhor pra dar fim a toda àquela coisa insuportável. Porém isso não aconteceu, e tive que reunir todas as minhas forças para manter meus olhos bem abertos e sair sem ao menos olhar para trás.
E de todas as coisas que eu sabia sobre você, essa era a que eu tentava esquecer. Era a que me motivava a descobrir todas as outras e me esquecer de que uma hora eu seria apenas um inútil que te deixaria ir embora, pois não haveria mais nada a se fazer.
“Partirei esta noite”
E por mais que tentasse parecer forte, eu pude ver que queria ficar tanto quanto eu queria que ficasse. Mas nesse ponto, a vida foi extremamente cruel, e não nos deu alternativa a não ser nos conformar. Eu não me conformei. Nem nos minutos depois que saí pela porta, nem nas horas que se seguiram, nem agora enquanto escrevo esta carta. Eu não me conformei e nunca irei me conformar.
Diferentemente do começo, o fim surge mais rápido do que o esperado. A cada momento algo em nossas vidas é transformado. Nada é como foi há dois anos, dois meses, dois segundos. Não temos como resistir, menos ainda como mudar isso. Às vezes a mudança não é bem vinda. Querer parar o tempo, fazer com que tudo permaneça como está não é desejo de poucos. Mas a vida te passa uma rasteira e num piscar de olhos mais uma fase foi acabada. E só se dá conta disso quando tudo já acabou.
Você é a fase mais bonita da minha vida.
Sim, eu disse que você é a fase mais bonita de minha vida.
Acho que nós não terminamos aqui.
Eu sinceramente, não posso terminar essa carta.”


FIM



Nota da autora: Bem, esta é minha primeira n/a. Digamos que eu poderia estar soltando fogos ou dando uma festa se ao menos soubesse o que dizer. De qualquer forma, a primeira coisa que vem à minha mente é agradecer. A minha amiga Lavinya, que é sempre a primeira a ler algo que escrevo e dar os melhores conselhos que eu poderia ter. A Fabiane, por toda a motivação (o posto de leitora número um é sim todo seu!) e as meninas que fizeram esse ficstape possível. E por último e mais importante, a você, que chegou até aqui e usou parte do seu tempo lendo algo que escrevi, espero que não tenha sido em vão. Xx

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