Capítulo Único
Itália; Florence.
O sol entrava pela a janela entreaberta, era um costume dela quando as noites eram calorentas. acordou e ficou encarando sua cortina de tecido fino dançar com a brisa fresca e quentinha do vento. Era tão boa a sensação que se tornava indescritível, dava mais vontade ainda de permanência ali, deitada enquanto o vento assoprava sua pele clara. Era seu primeiro dia de férias depois de trabalhar dois anos seguidos sem descanso nenhum, apenas com pausas para o Natal e Réveillon.
Saiu da cama vestindo ainda sua camisola larga abriu a janela e sentiu aquele perfume das flores, ao outro lado da calçada cumprimentou o casal de senhores que cuidavam do pequeno jardim na porta da casa.
– Buongiorno* senhor Ezio e senhora Francesca. – Disse em um tom elevado.
– Buongiorno , não foi trabalhar hoje? – A mulher de fios brancos questionou.
– Hoje não, hoje é meu primeiro dia de férias.
– Oh que maravilha! – Disse o homem. – Venha jantar conosco, a Fran faz aquela polpetta com polenta que você gosta. – Convidou.
– Não, eu não quero incomodar vocês. – Foi educada. No fundo estava com saudades do molho da senhora.
– Não será um incomodo, venha as dezenove horas, estaremos esperando por você. – Disse Fran.
– Está bem, chego lá as dezenove em ponto. – Sorriu.
Os Bhau sorriram e acenaram de volta. Os dois a consideravam como neta já que sua filha única só teve meninos. Então desde o dia que ela se mudou para a rua, os Bhau a adotaram como a neta deles.
fez um coque prendendo em seu próprio cabelo, fez seu café da manhã e ajeitou tudo na mesa e aproveitou como não tinha feito a um bom tempo. Era simples, porém recheado de sabor. Aquela manhã ela ia passar o tempo cuidando de si e visitando o lugar que ela planejava a um bom tempo, ver o vinhedo de Petra, um lugar lindo onde sua arquitetura foi projetada pelo o arquiteto suíço Mario Botta; O lugar sem via das dúvidas era um dos prediletos da veterinária, e o outro, claro que seria a Casa da Julieta. Mesmo sendo italiana ela nunca tinha ido até o local, principalmente depois que seus pais morreram em um descarrilamento de trem em Portugal.
Foi um período difícil para a menina que só tinha dezesseis anos, ela passou o tempo todo no internato já que seus avós paternos não aceitaram o casamento de seu filho com a garota camponesa. A verdade é que não tinha muitos momentos bons em sua vida, até se formar em Medicina Veterinária, com dezenove anos teve sua decepção amorosa com o estudante – na época – de Bioquímica. Nas festas que tinham entre as turmas dos cursos, ela viu Victorio tendo relação sexual com uma das garotas da turma dele, isso nos quartinhos que tinha naquele casarão.
A loira seguiu em frente, mesmo com todos esses momentos ruins, e ao se formar teve todas suas memórias indesejáveis apagadas e no lugar momentos indescritíveis, principalmente depois que conheceu os Bhau.
Arrumou a casa mesmo a mesma estando ajeitadinha, colocou um vestido liso cor de azul. Pegou sua bicicleta branca com cestinho prata e foi pedalando pelas as ruas de Florence. Ela andou tranquilamente apreciando aquele ar único da cidade, as flores e as crianças e casais rindo e conversando. Quanto tempo que ela não sentia essa alegria passando pelo seu rosto e fios de ouro.
Mais tarde naquele dia, Rossi colocou uma saia floral e uma regata amarela pegou uma bolsa tiracolo branca e foi para a casa dos seus avós.
– Buona notte, ciao*! Entre, a Fran já está terminando. – O Senhor deu passagem.
– Buona notte obrigada Ezio. – Sorriu. – Senhora Fran? Oi. – Adentrou na cozinha.
– Oi bel fiore*, quer me ajudar?
– Sim! – Seus olhos brilharam.
– Pegue um avental ali. – Apontou. – Você vai mexer a polenta enquanto eu frito as polpettas*.
– Está bem.
ajudou a senhora entre risadas e conversas, muitas delas um pouco cabulosa para uma mulher de sessenta e cinco anos. Não que tenha restrição, mas a loira ficou ruborizada com algumas partes do assunto. Terminaram o jantar, Ezio e colocaram a mesa enquanto a dona trocava de roupa; O jantar foi esplêndido, a mulher comeu a ponto de lamber os dedos, quanto tempo não comia uma comida deliciosa, tudo era sempre fria e rápida, ou as vezes as industrializadas. Seu emprego tomava conta do horário todo até mesmo os horários de lazer e folga.
Podia ser um trabalho puxado, com condição financeira medial, mas ela amava e como amava. Ver os seus pets saindo da sala do consultório era um alivio tão grande que isso pagava qualquer hora mal dormida ou então em ajudar seu chefe nas cirurgias de emergências. Sim não tinha uma clínica própria, ela trabalhava com mais cinco veterinários – contando com ela e seu chefe – entretanto amava tudo que fazia no Piccolo Animale* e como amava!
Depois do jantar, os três sentaram na sala para apreciar o vinho da Petra. avisou que iria fazer uma pequena viagem e que precisaria de alguém para ficar de olho na casa.
– Mas é apenas de olho, não precisam ir lá e limpa-la. – Reforçou.
– Não se preocupe menina, eu e a Fran vamos cuidar muito bem.
– Por favor não se desgastem em cuidar da minha casa, ela não é tão grande e também vocês podem ficar tranquilos. – Deu um gole em seu vinho.
– Querida, você tem que parar de achar que você está dando trabalho para nós. – Fran foi sincera. – Quando podemos cuidar de você nós fazemos com muito amor, pode ter certeza, você se tornou nossa neta lembra?
– Sim, eu lembro. – Rossi sorriu. – Bom a conversa está maravilhosa, porém eu vou indo já está tarde. – Era quase onze horas. – O jantar estava divino.
– Vai lá, se cuida e boa noite, que isso! – A senhora agradeceu.
– Cuidado ao sair de carro amanhã. – Ezio alertou. – Descanse bem para pegar a estrada.
– Descansarei, mais uma vez, muito obrigada pelo jantar.
– Por nada, se cuide. – Os dois falaram.
Era bom ter alguém que realmente se preocupava com ela, ainda mais que a adotaram como neta deles. de sentia mais viva e protegida de todos de os males.
Entrou em casa tomou uma bela ducha e arrumou as malas, não pretendida passar mais de uma semana fora, e sabia que não podia ficar tanto tempo fora, afinal de contas ela amava sua rua sossegada e "deserta".
Florence poderia ser grande, mas aquele bairro que ela morava era o melhor tamanho para seu viver.
Aninhou-se em sua cama e no embalo da ansiedade para viajar até a vinícola que ela tanto sonho.
A manhã estava deslumbrante, saiu correndo para se arrumar, com um vestido florido e uma trança bagunçadinha, pegou seu par de óculos aviador e o molho de chave e foi para seu carro junto de sua mala. Os Bhau a esperavam no portão de ferro branco, com um potinho de Brusqueta – sempre foi mimada por eles – não podia negar que amava aquelas Brusquetas*.
×
Aquele vento que entrava pela sua janela era tão bom, não tinha como não amar aquela sensação de férias. Uma palavra que não conhecia a tempo.
Tudo foi tão tranquilo, a moça parou o carro no encostamento subiu no capô do automóvel e junto a si, pegou o potinho de Brusquetas e comeu admirando aquele lindo sol nascer. É ela tinha saído mais cedo, só para ver aquela estrada ser banhada pelos os raios de luz do sol. Comeu tudo e sentiu a falta de fazer o gesto na bochecha – referente sobre a comida está boa – para a Francesca ver. Riu sozinha.
Deu um pulinho do capô e adentrou dando partida rumo ao hotel. O mesmo não era luxuoso grande e extremamente espaçoso, era simples lembrava um pouquinho a casa dela, mas não era igualzinho o conforto da mesma; deixou as malas lá dentro, pegou sua bolsa de um ombro só e junto de seu carro saiu para ir até a vinícola.
– Bounasera*! – Tirou os óculos de sol. – Para poder visitar a vinícola tem que ter um horário marcado, ou uma hora adequada?
– Bounasera, sim, você precisa assinar essa folha. – A atendente pegou a ficha. – Preencha a mesma naquelas cadeiras. – Apontou. – Que aí depois passo o horário de visita.
– Grazie*.
Rossi sentou e fez nas anotações no papel, riu com algumas perguntas, algumas do tipo "Você tem alergia ao suco de uva?", porém respondeu tranquilamente todas as perguntas, até mesmo onde coloca o número para contato, – que colocou dos Bhau.
– Aqui está. – A loira entregou.
– Grazie mille*. Bom você tem dois horários para poder vim aqui, as seis horas da manhã e as dezesseis horas da tarde, você pode vim aqui com esse cartão apresentar para mim que irei validar sua entrada, caso você venha em um dos horários é bom que você chegue quinze minutos antes, assim você já se arruma deixa suas coisas nos armários e pode pegar um bom lugar nas vagas. – Deu uma piscadinha mostrando que queria ajudar em relação a vaga. Teria muitos visitantes naquele "pequeno" local.
– Agradecida pelas informações, eu venho aqui no horário das seis. – Sorriu.
– Está bem. Até amanhã, tchau.
– Tchau.
só faltava dar pulinhos de alegria seu sonho ia se realizar em menos de vinte e quatro horas, na volta para o hotel a moça passou em uma lojinha para comprar um par de óculos de sol e uma bolsa nova, não sairia de lá sem algumas compras mesmo se fosse um ímã de geladeira.
O hotel estava em silêncio, só escutava as vozes dos recepcionistas, sorriu para o homem que monitorava o elevador e disse o andar que iria enquanto isso procurava a chave do seu quarto, nada que uma boa ducha a fizesse relaxar para o dia de amanhã.
×
Duas horas da madrugada, não tinha pregado os olhos ainda, aquele livro nem ajudava a relaxar a mente, mesmo sendo uma leitura para o celebro descansar. Decidiu então pegar sua chave de casa e uma jaqueta fina, mesmo estando calor o vento estava bem fresquinho até porque era madrugada. Quem sabe esse passeio na madrugada pudesse ajudá–lo achar seu sono, Fillipo sabia que a pior coisa era ter insônia, mas insônia com ansiedade por conta de uma apresentação era horrível.
Aquela noite estava incrível, as estrelas brilham, o céu estava limpo sem nenhuma nuvem; Fillipo sentou em um banco perto do trabalho de sua mãe e ficou admirando o céu e os casais que saíram e ficaram até a luz do luar para namorar, no fundo sentiu falta de uma companhia de manhã, alguém para conversar sobre assuntos que não se fala com a mãe, sentia falta de uma amiga namorada e não o ao contrário.
As horas passaram rápido e junto a ela seu sono apareceu, ando novamente o mesmo caminho chegando assim em sua casa, deitou com a mesma roupa do corpo e firmou por apenas duas horas, já que as sete em ponto ele teria que está no auditório.
Acordou com os olhos pesados e o corpo todo dolorido, como ele iria fazer uma apresentação todo acabado fisicamente? Não tinha como escolher ele precisa ajudar em casa, e não seria sua insônia que não deixaria ele ajudar em casa.
Vestiu seu melhor terno e colocou seu melhor sapato social, tudo de segunda mão, mas bem cuidado, Fillippo aprendeu isso com seu pai e seu avô.
Seu pai morreu antes de dar o sobrenome para ele, o homem foi embora depois de uma separação e a briga bem conturbada, o seu filho tinha cinco anos na época e era de costume da família da sua ex-esposa dar o sobrenome depois dos cinco anos, uma tradição que ele Giovanni aceitou tranquilamente, mas isso não ocorreu depois da briga do casal. Então era isso, não tinha como reclamar de sua vida sendo que a culpa nunca foi sua, na verdade ele sempre soube que seu pai tinha um sério envolvimento com o álcool e isso sua mãe sempre deixou isso bem claro principalmente que ele tinha um bom caráter que foi isso que fez ela se apaixonar por Giovanni.
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Ao chegar no local da palestra ele se preparou deixando todas as folhas, na verdade colas de sua apresentação, e o slides e a pequena mesinha com água e os produtos que ele iria apresentar. Agora só esperar dar a hora, já que os organizadores adiaram por conta do atraso.
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– E aqui é onde separamos a casca da uva, depois disso as mesmas são reutilizadas para ser adubos de outras fazendas, tudo ecologicamente correto, e sem dispersos. Ali na frente. – O homem apontou. – Fica a máquina que faz todo o processo do suco da uva com o álcool. Agora vamos para o local que eu sei que vocês tanto desejam.
Todos riram. O grupo de visitantes seguiram o instrutor, logo atrás dele ia arrumando seu macacãozinho verde água, ela tentava de todos os jeitos e formas manter sua blusa dentro dele. Era um macacãozinho cavado nas laterais, sua blusa era soltinha e curta no tom branco dando destaque apenas para a maior peça, é claro que não deixaria sua pequena mochila de listra branca e caramelo.
Olhar para aquele campo cheio de uvas dando o melhor aroma de todos os lugares que ela visitou, sua vontade era de pegar um cacho de uva e comer direito do pé. O instrutor explicou tudo para eles, principalmente o modo de cuidado e preparo da plantação das parreiras e logo guio ate o auditor. sentou na primeira fila, colocando sua bolsa em seu colo assim podia cobrir suas coxas com a mesma, ela se sentiu um pouco vergonhada por estar com algo que ficasse curto ao sentar.
O homem a sua frente, apresentava uma bela e mais nova safra de vinho, com doce mais ressaltado e um aroma de amora junto, ele colocou em uma taça e na mais forma sutil entregou para , que a mesma agradeceu.
A loira saiu de lá radiando. Nunca imaginou que levaria duas garrafas do mais novo vinho deles. Ao chegar no hotel tomou um banho jantou e foi deitar, teria um longo caminho pela frente, e como teria, amanhã ela iria conhecer a famosa casa da Julieta.
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– E então filho, como foi hoje? – Sua mãe indagou ao colocar ao último refratário na mesa.
– Bem, produtivo, a plateia gostou do que eu ofereci. – Disse orgulhoso.
– Isso é incrível, fiz macarronada para comemoramos.
– E as cartas? – Encheu o prato. – Tem mais do que o normal?
– Sim, recebemos tantas que ainda estamos a responder, é como senão tivesse cartas para acabar, como se estivesse infinita.
– Fico feliz. – Segurou rapidamente a mão de sua mãe. – Esse jantar está maravilhoso. – Agradeceu.
– Obrigada filho, amanhã você poderia ajudar a gente?
– Claro.
– Pegue as novas cartas no muro da Julieta e traga para a gente, como você sabe o que cada uma faz, você pode dividir também para cada ajudante? Assim ajuda e facilita as meninas.
– Claro mãe, sem problemas, trago tudo para você ok? Agora me passa mais essa polpetta porque está uma maravilha.
Fillippo ajudou sua mãe a tirar a louça de cima da mesa e a lavar e guardar. Depois arrumou seu quarto, já que o mesmo estava cheio e coberto de papeis para a sua apresentação, por fim tudo ocorreu bem, ele e sua ansiedade sempre fazia como que tudo desse errado, mas dessa vez por algum motivo tudo deu certo e ocorreu certo.
O dia amanheceu meio nublado, no noticiário falava que poderia fazer mais frio que o normal na Itália, deixando quase todos, se não todos, os moradores assustados pois não era época de frio ainda mais na primavera. Fillippo pegou algumas peças de roupas mais quente e levou para o local onde sua mãe trabalhava, deixou no carro e foi recolher as cartas.
estava sentada em um dos banquinhos do pátio, admirando aquele local, olhando todas aquelas cartas no muro e até mesmo a sua ali. O lugar era carregado de amor, e era tão fácil sentir isso no ar, mesmo muitos corações estarem partidos ali, mesmo muitos agradecendo Julieta por ter confortado nas horas mais difíceis no amor; agora ela entendia e compreendia o porquê daquele lugar ser tão cheio de amor.
Percebeu que um moço alto, cabelos escuros e com um casaco pesado retirava as cartas no fim daquela tarde fria, como não conhecia aquele procedimento achou um absurdo aquele homem fazer aquilo com milhares de cartas e com a dela. Educadamente se aproximou e emitiu um som logo seguida de uma cutucada no ombro dele – sutil – e esperou que ele a olhasse com aqueles lindos olhos azuis.
– Você quer entregar uma carta? – Ele questionou.
– Não, na verdade quero saber por que está tirando as cartas? – Disse em um tom de logica.
– Como as secretarias vão responder as cartas se as cartas não saírem daqui? – Ele sorriu, entendeu que ela não era dali. – Então eu venho aqui e retiro elas, e depois elas são respondidas.
– E voltam para cá? E as pessoas pegam as cartas?
– Daí em diante eu não sei. – Foi sincero. – Porem se quiser eu posso levar você até elas.
– Me levaria? – Seus olhos brilharam.
– Sim, me acompanhe senhorita.
Os dois andaram até o escritório das secretarias em um único silencio, sem ao menos se importar ela precisava de uma informação ou não antes de entrar.
– Mãe, senhoras e senhorita, essa aqui é a. – Lembrou que não indagou o nome da mulher.
– , mas podem me chamar de .
– Eu a trouxe para apresentar a vocês, ela estava curiosa com a minha ação. – Levantou o cesto demostrando que se referia as cartas.
– Entre , eu sou Antonella, aquela é a Franciele ela tem a melhor história de amor. – Todas riram. – Está casada há cinquenta anos com o amor da vida dela, ambos fugiram para viver esse amor. Aquela é a Paola, a mais jovem de todas, com trinta e cinco anos que ainda procura seu amor verdadeiro, e a última é a nossa doce Monalisa a matriarca de todas nós. E ele é o meu filho. – Apontou fazendo a loira olhar. – Fillipo.
– Nos conhecemos até que de uma forma boa. – Ele riu. – Vou organizar e deixar as madames conversarem e escreverem. – Se retirou.
– Então vocês que fazem todo esse processo de responder as meninas? – Disse maravilhada.
– Sim somos nós, você quer nós ajudar?
– É não sei se tenho todo esse dom que vocês têm.
– Tente. – Franciele entregou papel e caneta. – Todas nós escrevemos o que passamos, sentimos, e outros sentimentos, cada uma aqui tem sua função, e como a Nelle falou de cada uma você já deve imaginar quem responde o que.
– Sim, consigo imaginar. – Sorriu. – Posso tentar algo relacionado à perda? Se tiver é claro.
– As perdas. – Monalisa suspirou. – Essa palavra aparece em tantas cartas que não sabemos mais como responder. Aqui. – Entregou. – Pegue e tente alguma, sente–se ao meu lado.
pegou as mesmas e sentou ao lado de Lisa, leu a primeira carta e sentiu seu coração desmanchando com cada letra colocada naquele pedaço de papel. O moço – sim um homem – havia perdido seus dois maiores amores da sua única vida, sua mãe e sua noiva; sua mãe para um câncer terminal, seus últimos dias foram os piores até que ambos decidiram que o sono mais profundo dos justos seria o melhor para eles. Na época seu dinheiro foi indo embora para o tratamento de sua querida mãe, e aquela casa milionária com seu último carro do ano foi indo embora, juntamente de sua ex–noiva interesseira. Estava perdido e desolado, sua última chance de esperança estava em uma reposta de Julieta, então escreveu para ele.
Não foi uma das cartas mais amorosas que ela achou que ia responder de primeira, mas foi a mais sincera. Sentindo tudo que ele passou, complementou que a felicidade está nas coisas mais simples, até mesmo aquelas pessoas que demostram o amor falando que aquela roupa é pouquíssima demais para um frio, que se preocupa com os horários que chega do trabalho ou até mesmo em cuidar da sua casa em uma viagem curta. Deu o exemplo dela mesmo, mas não se identificando, e de seus dois amores de vizinho que cuidavam dela como se fosse a neta mais preciosa que eles tinham além de conseguir sua maior conquista profissional. O amor para ela foi preenchido dessas duas maneirais e que só encontraria o verdadeiro amor companheiro quando mesmo não esperasse.
Dobrou a folha e colocou dentro do envelope, e pôs ao lado junto de outras cartas. Pegou outra e respondeu. Todas focavam sempre no amor mais verdadeiro que já sentiram e em todas as respostas ela finalizava com uma simples frase “O amor verdadeiro é aquele que vem todas as manhãs ao olhar no espelho e saber que nos amamos primeiro de tudo”, bom para ela seria depois de Deus, mas ela não quis colocar afinal não sabia a religião de quem leria e não queria desrespeitar a mesma.
Saiu de lá já era tarde, e dona Antonella estava terminando de fazer o jantar, ou melhor, arrumar a mesa. Fillippo seu filho que tinha preparado tudo, a mais velha não tinha entendido o porquê que ele não fez ainda uma faculdade de gastronomia sendo que a comida dele ficava melhor que a dela. Convidou todas principalmente a garota para jantar com eles, até porque aquele frio era de se comer algo quente.
– Além dessa bela massa também temos vinho. – Ele colocou na mesa junto de algumas taças.
– Eu amo essa vinícola. – se manifestou. – É o melhor vinho da Itália toda.
– Todas nós temos a mesma opinião, só meu filho que não concorda muito.
– Como? Está errado isso. – Ela riu. – Você tem que saber tomar esse vinho, se não perde a graça.
– Ai não mais uma. – Fez todas rirem. – Quais seus argumentos para defender esse vinho?
– Meu pai me ensinou que temos que saber toma–lo. Ele não é só um vinho ele é uma preciosidade. – Riu lembrando–se de seu pai. – Ao colocar na taça você tem que colocar com ela inclinada desse jeito. – Demostrou. – Depois você vai virando até voltar a taça de “pé”. – Fez aspas com os dedos. – Assim ela se mistura com a delicadeza e dá o toque que todos falam, o dolce con acidità*. Experimenta agora. – Entregou para Fillippo.
O homem provou, e demostrou que estava de acordo com ela quando deu o terceiro gole e deixando aparecer em sua expressão que o vinho era realmente bom. sorriu vitoriosa e sabendo que aquela técnica ainda funcionava com todos. Que falta ela sentiu de seu pai naquele momento, e de sua mãe que sempre brigava com ele por dar vinho a uma garota de onze anos, mas no final os três estavam rindo na mesa.
– está tudo bem? – Paola indagou preocupada, a menina tinha fixado o olhar em “lugar nenhum” por cerca de cinco minutos.
– Sim, sim estou bem só preciso de um pouco de ar. Com licença.
A garota se retirou as pressas, não queria mostrar seus olhos marejados nem deixar o que elas entendessem que falaram algo errado. Foi para a sacada que tinha no escritório das mulheres e ficou lá sem casaco e cachecol vermelho, olhando o céu escurecer acompanhado da lua e das estrelas. Conversava mentalmente com seus pais, ressaltando que aquele dia foi quando sentiu mais falta deles depois do acidente, e isso não era normal. Estava tão concentrada naquele céu de primavera com frio, ela não percebeu que Fillippo se aproximava dela.
– Está tudo bem? – Ele perguntou a fazendo dar um pulo de susto.
– Você poderia ter me cutucado não me incomodaria. – Sorriu. – Sim estou, eu só, não é nada.
– Um nada te faz chorar? – Encostou no outro lado da porta.
– Às vezes sim.
– Sei que você não me conhece direito e eu também não conheço você direito, mas você pode conversar comigo, não irei contar a ninguém nem mesmo para minha mãe.
– Você já perdeu alguém que você nunca quisesse perder? Alguém que você sentisse vontade de trocar de lugar só para ter a certeza que eles estavam bem.
– Sim, perdi uma pessoa que nunca mais irei ver. Queria ter passado mais tempo com ele.
– Eu queria estar naquele trem, ao lado dos meus pais, mas no dia naquele maldito dia. – Seus olhos marejaram. – Não queria ter perdido eles, nem ficar sem eles, mas hoje me senti tão vazia algo que não sinto a tanto tempo. – Desabafou. – Foi como se tudo aquilo que eu vi na mesa, e o vinho e a explicação tivessem o código para essa dor sair e me deixar assim. – Fechou os olhos para conter as lagrimas.
– Não fale isso, eles queriam está com você hoje, mas tenho certeza que se você estivesse naquele trem eles teriam feito de tudo para poder salvar você. – Aproximou. – Eu entendo parcialmente, perdi meu pai porem ele não era tão presente em minha vida, uma separação horrível dos meus pais, o envolvimento dele com o álcool e hoje não sinto muita falta dele depois que ele se foi, ele tentou se reaproximar de mim, mas no final ele morreu. Para o álcool, compartilho da mesma dor.
Não sabia mais o que dizer.
– Eu sei. Você não teve nenhum contato com ele? – O olhou.
– Não, quando ele voltou eu tinha vinte anos, passamos apenas seis meses conversando, fazendo tudo agir da forma mais natural e então no dia do aniversário dele recebi a notícia que a pequena festa foi cancelada, que ele havia falecido e não precisaríamos comparecer na casa dele. No dia do velório eu fui e percebi que apenas eu estava lá, não sei o que ele fez de tão mal para os outros e confesso que nem quero saber.
– Eu, me desculpe nem sei o que dizer. Tenho certeza que não sabiam por isso não compareceram, quem avisou você podia ter só o seu contato. – Se encolheu mais naquela pequena jaqueta, despreparado.
– Foi do hospital, então o que você disse faz total sentido. – Tirou seu casaco. – Aqui coloca o meu.
– Não precisa de verdade.
– Não mesmo, você saiu de casa sem uma roupa adequada. – Colocou sob os ombros dela.
– Na verdade eu nem moro aqui. – Ajeitou. – Obrigada.
– Mas você é italiana não é? – Arqueou a sobrancelha confuso.
– Sim eu sou. – Riu suave. – Mas moro em Florence.
– E você saiu de lá só para vim aqui? Estou surpreso.
– Demorei quase minha vida toda para vim aqui, na verdade era para eu ter vindo quando completei dezesseis anos, mas algumas coisas aconteceram que você já sabe.
– Entendo. Mas agora, já que está aqui, não acha que precisa de um guia?
– Acho que sim.
– Eu posso ser, sem cobrar nada.
– Mentira? – Seus olhos brilharam. – Mas isso não é tentativa de ficar comigo, ou é?
– Não. – Gargalhou. – Somos apenas bons amigos . – Estendeu a mão.
– Bons amigos, qual seu apelido?
– Pode chamar de , como todos aqui me chamam.
– Está bem, agora se não achar muito rude da minha parte vamos entrar eu estou virando o Olaf aqui.
– Vamos, pois você não é única.
Ali naquela troca de experiência entre de perdas, e começaram a cultivar o primeiro estágio do amor, a amizade. Para muitos a amizade não é tão importante que o primeiro beijo ou o primeiro sexo, mas para os dois sempre foi a amizade. Não teria a mesma felicidade se não se conhecesse e soubesse que poderia contar um com o outro até mesmo nas horas mais improváveis e a longa distância.
já estava com um semblante melhor ao adentrar na sala de estar, onde todas já haviam terminado seus respectivos jantares. Ele apenas serviu mais um pouco de vinho e depois foram até o encontro das mulheres; elas não tocaram no assunto para não ver a mais nova desanimada outra vez apenas alegraram aquela noite até a hora da mesma ir embora. Antes de ir, indagou qual horário estaria bom para ele ir se encontrar com ela na Casa da Julieta, e assim fazerem um passeio por Veneza, combinaram e se despediram. Mal sabiam que essa uma semana ia ser mais plena que qualquer outra semana da vida deles.
×
Seis da manhã.
se levantou, tomou um remédio para o estomago odiando está com sua gastrite atacada, podia ser tantas coisas que comeu que nem fez menção de querer imaginar que podia ter sido aquele jantar divino. Entretendo não quis dar muita atenção para ela – a gastrite – só queria focar em que roupa usar já que ainda estava frio e não tinha levado nenhuma muda para se agasalhar afinal era primavera.
Saiu deixando parcialmente sua cama arrumada e suas roupas ajeitadas no guarda roupa do hotel, entregou a chave na recepção e foi nos passos mais rápidos para o local marcado, optou por ir a pé, pois assim seu corpo se esquentava. E assim se lembrou da aula de Bioquímica que teve na época da faculdade. Até que não era tão longe do hotel até o local, ou ela andou rápido; Olhou para os lados em procura de porem ele não havia chegado ainda isso a fez se perguntar inúmeras vezes se ela era mais pontual ou tinha um tique de chegar atrasada nos compromissos.
– Demorei? – Falou ao se aproximar dela. – Bom dia.
– Bom dia, a não sei.
– Como não sabe?
– Eu não sei se cheguei cedo demais ou se você chegou tarde demais. – Riu.
– Bom então vamos temos muito o que fazer, e primeiro, vamos tomar algo quente e levar você para comprar uma roupa mais quente. Me acompanhe. – Deu o braço para ela.
– Primeira parada é comida né?
– Eu ia levar você para comprar roupa, agora você que escolhe. – Destravou o carro.
– Não faz pergunta difícil para mim, ainda nesse frio repentino.
– Vamos fazer assim então pegamos para comer em casa porem comemos aqui no carro e depois vamos pegar uma roupa para a senhorita.
– Combinado. – Colocou o cinto.
Foram em direção de uma padaria que ele sempre ia desde pequeno, comprou dois cafés com leite, dois Brioches* e voltou para o carro. Ambos comeram entre algumas conversar sobre os pontos que eles iriam passar. O garoto logo avisou que não seria todos os turísticos, mas ia ser os lugares que ele achava mais lindo.
Quando chegaram ao fim do café da manhã e passaram na única loja que estava vendendo roupa de frio, parecia que eles até tinham feito um trato com o tempo. vestiu inúmeros casacos, blusas e até mesmo outras calças, colocou as sacolas dentro do porta-malas do carro agora sim se sentia mais aconchegante, com uma bota de cano curto e seu casaco vermelho que combinava com sua toca.
– Eu gosto daqui. – A levou para um pequeno campo de flores. – Minha mãe me trazia aqui com meus avos, fazíamos um picnic* e só voltávamos no alto da tarde.
– É lindo aqui, queria fazer isso também, mas não ia dar muito certo.
– Seus pais?
– Sim. – Andou até uma arvore e encostou-se. – Mas tem duas pessoas que queria que estivessem aqui também, meus avós, mas eles estão em Florence então não dá para traze-los até aqui.
Era impossível, entretanto ele estava começando a gostar dela, era simples, legal, incrível e tinha um coração gigante, não era um sentimento de namorar com ela, mas sim como amiga. A semana toda eles passaram juntos passando por todos os lugares que ele queria leva-la e respondendo algumas cartas, de todas, a última foi a de , que ia ser entregue no último dia que ela fosse embora.
A semana passou rápido e no finalzinho da mesma o clima começou a esquentar um pouco, como despedida Antonella e seu filho planejaram o picnic que ela comentou com o mesmo, assim ela teria uma das melhoras lembranças daquela família que a conquistou.
– Bom dia. – Ele apareceu ao lado dela.
– Bom dia, acho que o sol está feliz hoje. – Sorriu.
– Ah sim, ele até acordou cantando não ouviu?
– Ah sim, parecia você tentando falar baixo. – Riu. – Onde vamos tomar nosso café da manhã?
– Logo você descobrira.
– Eu não sou muito fã de surpresa, sabe eu tento descobrir antes de você me falar.
– Não seja estraga prazeres. Só preciso que confie em mim.
– É, eu confio, não deveria, mas confio.
– Então vamos, temos muitas coisas para fazer.
– , não me diga que vamos até os hotéis entregar as cartas.
– Está cansada? Porque é exatamente isso.
– Não é cansaço é que você anda rápido demais, aí me deixa ofegante entende?
– Ando tão devagar. – Parou no semáforo. – Depois vamos tomar café.
– Oi?! Está errado isso, nem pensar.
– Mas vai ser assim, pode ter certeza que não vai ficar com muita fome.
– Eu estou com fome agora, eu vivo com fome, mas por favor só um pedacinho de comida, assim eu fico feliz e não com muita fome, eu nem tomei lá no hotel achando e íamos fazer isso juntos. – Foi sincera. – Estou falando do café.
– Dramática. – Riu. – Você vai tomar café da manhã logo.
– Ok então, já vi que não vou consegui ir comer agora, vamos logo levar as cartas e eu vou avisar sua mãe da crueldade que você está fazendo comigo.
– Ela que pediu, chegamos e como você disse que confiava em mim feche os olhos.
– Pronto, se tentar algo sei me defender.
– Eu vou trazer um belo de café da manhã e você está reclamando. – Vendou os olhos dela.
O bom era que não tinha decorado o caminho, muito menos percebido que estavam indo longe demais para fazer a entrega das cartas. Ele ajudou ela descer do carro já que estava vendada e a guiou até a grande toalha estendida no chão nas cores vermelha e branco, Antonella tinha preparado um bolo de morango com chantilly de chocolate, duas jarras de suco de laranja, e até mesmo Brusquetas que tanto amava. Estava tudo tão lindo, tudo do jeito que ela tinha pensado quando seu amigo comentou sobre a ação e claro que seria assim que os dois se despediriam da loira.
– Pode abrir seus olhos. – Disse ao pé do ouvido dela.
– Ai, meu, Deus! Vocês fizeram para mim? Eu não acredito!
– Acredite , me contou do seu desejo com, ou melhor, da sua vontade e então eu resolvi fazer com que desse tudo certo.
– Eu só dei uma ajudinha para minha mãe.
– Vocês são incríveis serio não sei que seria desse último dia de viagem sem vocês.
– Senta aqui. – Bateu suavemente na grama coberta. – E você vai voltar como?
– De carro. – Sentou-se.
– Você veio até aqui de carro? – Ela cortou um pedaço de bolo.
– Sim, foi tranquilo acredite, foi mais calmo que eu imaginei e espero que a volta também seja.
– Vai ser. – Ele disse aflito, sentindo uma pontada no peito.
– Então, passamos quase que uma semana juntas, e você não falou nada sobre você.
– É verdade. – Sorriu tímida logo depois de dar uma mordida no bolo. – Eu sou medica veterinária, e tenho os melhores avos do mundo. – Se referiu aos seus vizinhos.
– Eles devem ter orgulho, os meus moram longe de mais, e ai perdemos contato, nem sabemos onde estão. – Comentou.
– Eu disse que seus avos estão em Florence, você que não se recorda.
– Em que lugar Nelle? – Ela questionou
– Norte de Florence.
– Ah, eu moro no sul, se não dava um jeitinho de levar algo de vocês.
– Não precisa, quem sabe um dia vamos para lá e ai visitamos você. – A mais velha agradeceu.
– Vou amar, me avisem por conta do trabalho.
– Acho que podemos dar um jeito de ir ainda nas suas férias, não é mãe?
– Claro filho! Vamos nos ajeitar e ele te informa ok?
– Isso, eu vou amar a presença de vocês lá, agora vamos comer pois está maravilhoso esse bolo. – Pegou mais um pedaço.
ia ficar até as três horas da tarde, pois queria voltar com a noite caindo, não ia se incomodar de pegar a estrada no escuro, afinal a estrada que ela sempre usava era a mais tranquila todas; Depois do piquenique voltaram para aonde Antonella trabalhava, naquele dia não iria passear nem mesmo visitar algum ponto turístico ia só ficar ali com aquelas quatro mulheres e com , admirando aquela pequena família que acolheu ela com muito amor.
Ficou para almoçar e depois já iria embora, então quando recebeu o aviso que a comida já estava sendo feita ela e foram para o local onde se conheceram apenas por passear.
– Então é só você e seus avos? – Ele perguntou encostando no muro.
– Sim, apesar de que eles moram na casa em frente a minha.
– Pelo menos você os tem.
– Sim, fico muito aliviada com isso. – Sorriu. – Ainda mais quando estou doente, ela vai lá para cuidar de mim.
– Mimada. – Ele brincou.
– Sou mesmo, se duvidar vou ser mais mimada agora do que doente.
– Não duvido, a pequena neta ficou longe de casa uma semana toda. – Pegou o celular. – Podemos tirar uma foto?
– Dez euros. – Riu. – É claro, mas dá uma abaixadinha você é mais alto que eu.
se abaixou um pouco para poder ficar proporcional a garota, e tiraram mais de duas fotos, sendo uma delas no fundo demostrando as cartas deixadas no muro, o principal motivo para eles terem se tornados amigos. Depois de um tempo conversando e se conhecendo mais eles voltaram para casa almoçaram e deixaram as horas se aproximando e assim a saudade já ia nascendo.
– Bom está na hora de eu ir. – Se levantou. – Eu agradeço profundamente tudo que vocês fizeram por mim, até mesmo me deixarem participar e ser temporariamente uma secretaria da julieta, nossa eu não sei o que seria de mim aqui sem vocês. – Com sua sinceridade e seus olhos marejados deixou transparecer seus verdadeiros votos a eles.
– Nos que agradecemos , você nos ajudou com as cartas de perdas, nos trouxe alegria e uma amizade incrível, eu e meu filho. – O procurou com os olhos, mas não tinha o achado. – E as meninas. – Disse em um sorriso para as suas amigas secretarias.
– Você foi um anjo que caiu do céu, salvou mais das metades das cartas. – Paola confirmou.
– O que seria de nós sem você, flor.
– Ai gente, vamos parar se não todas nós vamos estar chorando. – Pegou sua bolsa. – Tchau, até mais.
– Tchau , ah isso aqui é para você, sua carta que foi respondida pelas secretarias da julieta. – Antonella entregou.
– Agradecida.
se despediu de todas com um pedido: que elas não a acompanhasse até a porta, assim não ficava mais doloroso para ambas as partes. Saiu procurando a chave de seu carro quando a encontrou olhou para frente e viu encostado no automóvel com os braços cruzados.
– Será que nos vemos de novo?
– Eu não sei, mas espero que sim. – Parou na frente dele.
– Não pode ficar uma semana a mais, ou alguns dias.
– Preciso voltar, mas queria ficar mais eu gostei daqui, das pessoas dos novos amigos.
– Eu nunca vou te esquecer . – Se aproximou. – Eu nuca irei me esquecer de você. – Reforçou.
– Eu também , você permanecera para sempre em meu coração. – O abraçou.
– Promete que não vai se esquecer de mim? Que vai manter o contato comigo? – Afagava os fios loiros dela.
– É claro, eu não vou deixar de mandar mensagens para você, só quando eu estiver dormindo. – Sorriu ao se soltar. – Pode acreditar em mim, agora eu preciso ir.
– Cuidado na estrada. – Deu um beijo no topo da testa. – Se precisar de algo no meio do caminho pode me chamar.
– Tomarei não se preocupe, até mais . – Deu um beijo no rosto dele.
– Até mais .
Entrou no carro e acenou para ele, agora sua volta para Florence seria unicamente ela e seu Spotify; Foi tranquilo como ela realmente esperava ser e imaginava, só sentiu falta das Brusquetas que Francesca fez para ela levar na ida. Suas costas doíam de tanto ficar sentada, saiu do carro com toda a dificuldade sua lombar já não a ajudava mais como antes, retirou suas malas e colocou na frente da porta de sua casa e quando destrancou a porta pode ouvir a voz de Francesca.
– Achei que não voltaria mais. – Abraçou a neta.
– Cheguei. – Sorriu. – Morta de cansada.
– Entre, vou levar seu almoço, e você me conta tudo.
– Ok, cadê o Ezio?
– Ele saiu para comprar algumas frutas, logo ele chega.
sorriu e acenou com a cabeça – agradecendo – entrou em sua casa tomou um bom banho e esperou o almoço, uma bela de macarronada com molho rose; Enquanto comia contava todas as novidades e tudo que aconteceu, até mesmo as novas amizades que ela fez em Veneza era tudo perfeito para ela, e aquela semana toda só aconteceu ali dentro daquela “bota”.
Esperou sua avó sair para poder ler a carta que as secretarias haviam respondido; Na mesma ela definiu tudo o que sentia desde a perca de seus pais, e de seu ex-noivo Victorio.
“Querida , existe momentos em nossas vidas que as piores dores vem todas juntas, fazendo com que tudo desestabilize nossa base fazendo com que tudo que achamos que nada poderá melhorar e fazer com que viramos a página e transforamos essa dor em uma capa dura para podermos crescer.
Mas é nos momentos mais simples que conseguimos ver o quão evoluímos, e com você não foi e não será diferente. Muitas vezes é apenas uma questão de sentar e olhar para fora, ver o quanto tudo que você conquistou até hoje se tornou, uma linda medica veterinária com dois avós que te amam, sei que ainda deve estar sendo difícil para você, mas não podemos desanimar então aqui através dessa carta venho te dizer, sinta a brisa que Veneza proporciona, veja o amor passar por você igual o perfume das flores e o mais importante não deixe de se amar você é incrível .
Quem sabe você pode encontrar seu Romeu aqui, igual a mim.”
Suas lágrimas deslizaram depois de um bom tempo as evitando. Nunca imaginou que o que estava escrito ali, foi tudo que ela passou a semana inteira em Veneza. Guardou a carta dentro de um potinho branco com um cachorrinho de cristal na tampa, enviou uma mensagem para avisando que tinha chegado, estava bem e sendo mimada como eles haviam comentado.
É tudo que tinha acontecido naquela semana ia ficar apenas gravado em momentos únicos em sua memória. Aquele dia foi estranho para os dois, a presença de cada um fazia com que eles se sentissem vazios, sem muita razão para acordar e fazer as tarefas, a única coisa que fazia com eles se sentissem mais próximos.
Dias se passaram, e suas férias estavam chegando ao fim, não havia comentado se eles – ele e sua mãe – iriam visitar os avós maternos. Sua espera foi grande que chegou a desistir de acreditar que eles iriam no final das férias dela. E junto de sua espera suas férias haviam acabado.
×
Anos se passaram. e Felippo permaneceram mantendo contado um com o outro e independente da hora eles davam um jeitinho de conversarem por vídeo conferencia, não era a mesma coisa, mas dava para matar um pouquinho das saudades. E com isso algo a mais foi crescendo no coração de cada um, de tanto conversar e contar todos os problemas e conquistas fez com que cada um sentisse aquele calor no coração, aquela preocupação e aquele ciúmes que fazia arder até a alma quando ambos comentavam sobre um relacionamento relâmpago – em outras palavras ficar por uma noite, era incrível com Julieta fez os dois se encontrarem e principalmente sentiram o amor através da verdadeira amizade.
A manhã nasceu calorenta, Felippo acordou fez suas higienes matinais e foi ver se sua mãe precisava de algo antes de ir para o escritório das secretarias da Julieta. E como toda a manhã a mulher já avia saído, olhou para o celular inúmeras vezes esperando ter a certeza que não tinha deixado passar uma mensagem de , foi quando viu uma pequena janelinha piscar no visor do seu eletrônico alertando que um e-mail tinha chegado até ele. Pegou seu notebook ligou e acessou o e-mail assim era mais fácil de ler e responder, era nada mais e nada menos que seu chefe avisando que estava entrando de férias e que só volta daqui dois meses, merecido já que seu trabalho era exaustivo, não era fácil trabalhar em uma das mais renomeadas vinícolas da Itália – principalmente sendo a favorita da loira – era agora o momento mais inesperado de sua vida. Ir para Florence.
Avisou sua mãe das férias e que estava comprando passagem para Florence, claro que perguntou se ela ia junto que recebeu um sim sem delongas. Passagens compradas para daqui dois dias, eles iriam arrumar, mas não avisaria que estavam indo para lá, na verdade, ele não ia avisar que estava indo para lá, queria fazer uma surpresa para ela.
Dia da viagem.
Apressou sua mãe que a mesma terminava de passar o batom na frente do espelho; Desceu e entrou no taxi ele estava mais ansioso que a própria mulher que ia rever os pais. Saíram calmamente do carro enquanto seu filho fazia o check-in – desesperadamente diga-se de passagem. O voo não ia demorar muito para chegar até Florence, desembarcaram no fim da tarde e não se preocuparam mais uma vez em procurar um hotel para morar já que tinha a casa dos pais de Antonella, e sabiam que iam ficar nos quartos.
pagou o taxi depois de tirar as respectivas malas e sua mãe esperar que abrissem a porta. Um homem caucásico e de olhos negros saiu estranhando a presença da família e principalmente das malas.
– Pois não?
– Oi, eu sou e essa é minha mãe Antonella. Queríamos saber sobre o senhor Mariano, ele está?
– Ele se mudou a um bom tempo, eu comprei a casa já que é apenas eu.
– Me desculpe, grazie. – Nelle agradeceu.
– Grazie. – Se afastaram. – E então mãe, o que faremos? Não temos onde ficar.
– Ligue para um hotel reservando apenas uma única noite, pode pegar o quarto mais simples, eu vou ligar para seus avôs.
– A-alô madre*?
– Figla*, que bom escutar sua voz, está tudo bem?
– Sim mãe, a senhora se mudou?
– Nós nos mudamos sim, por quê?
– Eu e o íamos fazer uma visita surpresa, mas você se mudou.
– Eu passo o endereço por mensagem, não seja tapada, sua mãe agora tem whatsapp. – Fez a filha rir do outro lado.
– Está bem mãe, mande uma mensagem para mim, eu chego ai amanhã de manhã está bem.
– É claro figla, Buona notte.
– Buona notte, madre.
– E então? – Ele indagou.
– Vamos para o hotel e manhã vamos até o endereço que sua avó me passou.
– Ok. – Suspirou. – Vamos então.
×
O quarto era simples como ela havia pedido, apenas dois dormitórios para cada um; esperou sua mãe sair do banho e adentrou no mesmo, aquele vapor o ajudava a manter a calma e tranquilizar mais ainda seu coração sentia falta dela e como sentia, mas não era só como amiga algo no fundo de seu pequeno coração gritava por ela como bem mais que amiga. Sentou no sofá com a Budweiser que tinha na pequena geladeira do quarto. Tomou apenas uma garrafa tentando entender porque de tanto sentimento estranho pela a loira.
deitou no sofá – depois de tomar toda a cerveja – e adormeceu ali mesmo, só acordou depois que sua mãe praticamente gritou para acorda-lo; Se levantou trocou de roupa e desceu com sua mãe, lá no hall de entrada eles acertaram a hospedagem e chamaram um taxi, Antonella passou o endereço para o homem que levou eles para o local.
terminava de assar alguns Brioches para seu café da manhã; colocou a jarra de suco na mesa, pegou um pedaço do Brioche e passou geleia de ameixa e quando foi morder o primeiro pedaço escutou uma gritaria na rua e a voz do seu Ezio elevada ate de mais, levantou bruscamente fazendo seu copo vazio cair. Rapidamente destrancou a porta e ainda de camisola azul claro e seus fios despenteados. Não esperava ver Ezio aos prantos enquanto abraçava, ou melhor, sufocava uma mulher.
– Está tudo bem? – se aproximou, sem ao menos se preocupar com suas vestes.
– Sim, só minha linda filha ela aqui, com meu neto mais novo. Lembra que eu falei deles ? – Fran a lembrou.
– Me lembro sim.
se virou para ela e olhou nos fundo daqueles olhos azuis, era inacreditável aquela mulher ao lado de sua avó era a única mulher que desejava ver.
– ! – Seus olhos brilharam, seu coração palpitou cem vezes mais rápido.
– Oi! Não achei que você estivesse aqui, quer dizer. – Arrumou o cabelo. – Que eles fossem seus avós.
– Sou sim, eles. – Foi interrompido.
– , oi. – Antonella a abraçou.
– Vocês já se conhecem? – Ezio perguntou.
– Sim, quando ela foi para Veneza. – Sua filha comentou. – E olha ela aqui, é vizinha de vocês.
– Vamos todos entrar! – Ezio convidou. – Tomamos café da manhã juntos.
– Eu vou recusar dessa vez, tenho que me trocar e ir trabalhar. – Lembrou.
– Oh, é mesmo, vai lá bello, bom trabalho. – Francesca desejou.
– Obrigada Fran.
Fechou a porta e encostou nela, respirou fundo umas duas vezes focou no que tinha que fazer e principalmente se arrumar para poder sair afinal daqui meia hora ela entrava em cirurgia, voltou para a mesa tomou seu café da manhã extremamente rápido, trocou de roupa e pegou o pijama cirúrgico colocou dentro de sua bolsa e foi terminar de se arrumar, passou apenas um batom rosinha, rímel e blush se levantou prendendo seu cabelo em rabo de cavalo e correu para carro, estava atrasada.
O dia foi corrido para , duas cirurgias sendo uma delas de emergência, estava realmente exalta nem teria energia para poder passar apenas na casa dos Bhau. Já para foi o mesmo de sempre, sentiu falta de poder passar a tarde toda conversando com , de poder leva-la para conhecer as ruas, ali ele se sentia perdido como se não tivesse na Itália.
Estava na janela quando viu a garota chegar do trabalho, estava um tanto quanto diferente, não estava dirigindo calmamente e sempre olhava para trás através do retrovisor, logo atrás um SUV vinho estacionou quase batendo no carro prata da mulher, um homem desenvolvo, fios morenos e bem penteados milimetricamente colocados para trás com cera; O mesmo desceu com raiva e deixando seu carro aberto e ligado sem se incomodar com o ato.
– Quem é ele? Me fala! Eu sei que tem outro, por isso você não quer voltar comigo! – Alternava o tom de voz.
– Não tem ninguém Victorio! Eu não estou com ninguém, agora me deixa ir.
– Não mesmo. – Segurou o antebraço dela, apertando com muita força. – Você vai entrar comigo no meu carro.
– Não, Victorio, me solta!
tentava se soltar enquanto era arrastada para dentro da SUV. Francesca que estava na sala escutou a gritaria vindo lá de fora e a voz tremula se levantou com Antonella e Ezio em seu encalço, e quando perceberam que era saíram rapidamente para tentar ajuda-la. Felippo que estava na sacada da janela de hospede viu todo o acontecimento e ficou imobilizado não sabia que ela tinha voltado com seu ex-noivo muito menos que estavam em crise – e das feias –. Desceu da própria sacada apenas pulando dela já que não era muito alta e correu até .
– Fique longe dela. – Se aproximou da porta do passageiro.
– Quem é esse cara? – Victorio questionou com mais raiva.
– Eu não te devo satisfação Victorio.
– Vou falar mais uma vez. – Disse sentido seu corpo ferver. – Fique longe dela.
Victorio soltou uma risada sarcástica.
– Você ainda acha que eu vou soltar a ?
– Você vai sim.
deu um soco no rosto de Victorio, fazendo o cair para trás de tanta força que colocou no golpe, pegou pela mão e a puxou para mais perto de seu corpo e a levando em direção de sua família, ao fundo pode ouvir os passos de Victorio se levantando e indo em direção de , o puxou pela camisa e acertou ele com um soco na boca do estomago fazendo ele recuar para recuperar o ar. ficou espantada sem saber o que fazer se gritava ou se intervia na briga dos dois, mas foi quando caiu no chão que ela parou na frente de Victorio, a essa altura todos da vizinhança já estavam em suas janelas e fora de casa olhando a briga dos dois homens.
– Chega! Victorio vai embora! – Disse firme.
– E deixar você ficar ai com esse.
– Cale a boca, você não se atreva falar algo que desrespeite a ele ou a família dele.
– Eu não acredito. – Tirou o sangue que escorria no canto dos lábios. – Você está com isso aí?
– Mesmo se eu estivesse, você não tem o direito achar que eu ainda sou sua, eu deixei isso bem claro no nosso último encontro, a quatro anos atrás não lembra?
– Vai se arrepender por tudo, você vai se arrepender.
Victorio entrou em seu carro, e em alta velocidade saiu daquele pequeno showzinho que ele tinha feito. se virou para ajudar , mas ele já estava entrando na casa dos Bhau. Estava envergonhada não sabia como agradecer e como pedir desculpas para eles, na verdade não sabia nem o que fazer.
Entrou na casa deles e ficou sentada no pequeno sofá enquanto todos davam atenção ao garoto, por sorte ele não se machucou muito, mas ela sabia que não podia deixar ignorar todos os sinais dele e evita-lo de levar ao médico, podia ter dado uma complicação interna.
– Como você está ? – Francesca se aproximou.
– Estou bem, só meu braço que está um pouco dolorido.
– Eu vou passar essa pomada ok? Eu achei que vocês não se falassem mais.
– Mas não nos falamos, ele que me seguiu até aqui, por isso eu não fiz nada eu fiquei em choque ainda mais porque ele me seguia de carro, você lembra Fran a última vez que ele veio até aqui só faltou eu chamar os Assassin’s Creed. – Riu acompanhada da mais velha.
– Eu me lembro muito bem.
– Ele já veio aqui? – Fillipo se ajeitou no sofá, mantendo sua mão encima das costelas.
– Sim, esse dia junto com o nonno* colocamos ele para correr, achamos que ele nunca mais ia fazer isso, mas vi que hoje ele ainda é capaz de me persegue.
– Ele não tem limites, ainda acha que é dele, da próxima vez ele vai ter a presença da polícia.
– Não haverá próxima vez vô. – disse convicto. – Ele nem vai se aproximar dela.
Seu olhar demostrava raiva, tinha vontade de sair dali e ir atrás dele, mesmo deixando o homem com muitos hematomas. Saiu de dentro da casa de seus avôs deixando todos preocupados com a próxima atitude dele, principalmente Rossi que não sabia como ia ser a reação dele. Nas trocas de mensagem ela nunca citou que ele foi atrás dela, nem mesmo que seu ex-noivo a procurava ainda o que tinha deixado o homem mais furioso.
– Hei, onde você vai? – Fechou o portão.
– Andar, não está vendo?
– Não precisa ser tão rude comigo, e me espera por favor. – Deu uma corridinha para se aproximar dele.
– Porque não me contou?
– O que?
– O que? Você ainda me retribui com essa pergunta? Dele , dele!
– Me desculpa está bem? Mas eu não sou de falar sobre ele para qualquer um.
– E eu sou qualquer um?
– Não, não é, mas não é coisa que se conta por mensagem ou por chamada de vídeo, que amizade seria essa que sai contando tudo por mensagem? Tenho certeza que essa não é a nossa, afinal não foi você que ia me contar algo pessoalmente que não era noticia de se dar por mensagem e afins?
se virou e apoiou no poste de luz respirou fundo por alguns segundos e voltou a olhar para ela. Não respondeu às perguntas que ela fez, apenas a olhava, ela estava certa até ele tinha optado por contar as coisas pessoalmente para a garota. Apenas esticou sua mão para ela e ao sentir o toque da mesma a puxou para um abraço não tão apertado por conta das dores.
– Me desculpa. – A afagava. – Não vamos mais falar nesse assunto.
– Não mais. Vamos comer alguma coisa ou quer terminar de cuidar desses machucados?
– Melhor cuidar dos machucados, mas pode ser na sua casa? Minha mãe está ficando paranoica com esses cortes. – Riu.
– Pode ser sim.
Rossi o levou até sua casa, pegou a caixa de primeiros socorros e terminou os curativos e fez outros que nem se quer havia começado. Por fim ela preparou uma janta para os dois com a ajuda do rapaz. Conversaram, cozinharam e comeram. o levou para o terraço de sua casa e de lá ficaram olhando as estrelas e o céu limpo.
– Vai ficar quanto tempo aqui?
– Duas semanas, bem mais que você.
– Que novidade. – Bateu com uma almofada. – Sabe que não vamos poder ficar juntos?
– Como? – Fingiu estar indignado.
– Juntos, sair juntos. Meu Deus! – Ficou vermelha.
– Eu sei, eu entendi. – Gargalhava.
Ele virou de lado e apoiou seu braço para dar uma certa altura assim podia apreciar aquele olhar. O vento assoprava, calmamente como se estivesse-se acompanhando o ritmo do coração dos dois, calmo porem desesperados para ficarem mais perto um do outro.
– E o que você ia me contar pessoalmente? – Ela questionou com sua entoação baixa.
– O meu chefe disse que eu terei que passar um tempo fora de Veneza, terei que ir para outro lugar.
– Onde?
Sentiu seu coração ficar pequeno. Ele se aproximou até chegar ao pé do ouvido dela.
– Florence. – Voltou a olhar.
– Isso é serio? Florence? Aqui? – Ela chorava de felicidade.
– Sim, aqui eu vou passar essa temporada aqui com meus avôs, por isso que eu vim, precisava ver certinho desde o local até a casa deles. Está feliz?
– Feliz é pouco.
– Percebesse. – Tirou os fios do rosto dela.
Era para ser apenas uma conversa amigável, de amigo para amiga, mas ali naquele momento e no calor da emoção que a notícia propôs, o beijo aconteceu espontaneamente bom parcialmente pois esse um mês de troca de mensagem fez com que os dois sentisse, o amor que eles tanto procuravam.
– Perdoa, eu não, eu não sei onde estava com a cabeça. – Ela se desculpava.
– Tudo bem, não precisa se desculpar. – Acariciava o rosto dela.
– Vamos? Está tarde, preciso acordar cedo amanhã.
concordou com aceno de cabeça e se levantou ajudando a garota. Antes de abrir a porta, se despediram com um beijo repetindo de , sabia que ia ser difícil de não querer evitar beija-la e agora que sentiu que era correspondido – nos dois beijos – ele ia tentar de todas as formas namorar com ela.
Os dias passaram, ia trabalhar e até mesmo quando ela precisava virar a noite no hospital veterinário, ele ia ate lá conversavam e comiam alguma coisa feita pelas senhoras Bhau, Nelle e Fran. Era horrível pois as duas semanas não podiam passar juntos, não podiam sair adequadamente igual foi em Veneza, nem mesmo ir ver a igreja mais antiga da cidade eles foram (Ponte Vecchio, Piazza del Duomo e o Museo Galileo e Galleria); então o dia de Antonella voltar para Veneza se aproximou, e era nesse dia que se filho ia falar sobre o mais novo local de trabalho.
– Está tudo pronto? – Sua mãe perguntou.
– Podemos conversar? – Puxou a cadeira de seu quarto.
– Claro filho.
– Eu não vou voltar, só a senhora, essa viagem não foi só por conta das minhas férias, mas sim por conta que a vinícola me enviou até aqui para poder comercializar o novo vinho deles.
– Mas que benção! – Comemorou. – Eu estou tão orgulhosa por você meu filho, você além de me propor a visita aos meus pais você também me dá essa notícia, vamos comemorar antes de eu voltar para Veneza.
– Mãe. – Disse sem ânimo.
– Nada mais, vamos comemorar eu vou preparar aquele Carpaccio, vê se você consegue trazer a para almoçar com nós. – Se levantou. – Ah, você já falou com seus avôs?
– Não, pois sabia eu você ia querer fazer as honras. – Sorriu.
– Obrigada.
Riu, sabia que sua mãe gostava de dar as notícias para seus avós, agora vinha a duvida que ele teve ao ver em Florence, ela era neta dos seus avós? Iria tirar essa dúvida ainda hoje, enquanto eles voltassem para a casa dos Bhau. , esperou ela terminar de atender um cachorrinho para poder entrar no consultório dela. Comentou sobre o ocorrido e a chamou para almoçar com ele e sua família, com todas as certezas ela aceitou, avisou seu chefe, trancou seu consultório e entregou a chave para a recepcionista. Os dois foram andando até a rua que eles moravam.
passou em sua casa trocou de roupa e foi almoçar, enquanto eles esperavam ficar pronto, tentou ser gentil com as palavras e tirar a sua dúvida com ela.
– É, então eles que são seus avós?
– Sim, um amor né? – Disse inocentemente.
– Minha mãe não falou que tinha outro irmão ou irmã.
– Hã? Ah, meu Deus. – Gargalhou. – Eu os considero como meus avós, mas eles não são meus avós de verdade, segundo eles, a filha deles não deu uma neta só dois netos e então desde o dia que eles se mudaram e começamos a conversar com eles me adotaram como neta.
– Sem grau parentesco?
– Sem grau parentesco, pode acreditar.
– E eu acredito em você .
– Mas do jeito que você falou, realmente parecia ser eles.
– Eu imagino. – Sorriu. – E seu irmão?
– Lorenzo? Acho que você nunca ouviu falar dele.
– Não, sua avó me mostrou uma foto dele e ficou por isso.
– Ele é meu irmão mais velho, quando descobriu que tinha posse sobre a vinícola do meu pai ele se mudou de cidade. Ele sempre teve ambição, ser rico e ter uma vida de rei, mas nunca foi isso que nós queríamos, tanto eu, minha mãe e meus avós, então revoltado ele se “desfez” da família e com isso nunca mais o vimos.
– Você fala com tanta emoção. – Brincou. – Mas fora isso, ele era legal? Com você pois eu não sei o que é ter um irmão mais velho.
– Era sim, me protegia nas brigas de escola, era um bom irmão. Vamos logo se não minha mãe vai achar que você não vai. – Apressou os passos.
Os dois chegaram a tempo, a comida já estava pronta e bem saborosa. Além do prato favorito de seu filho, Antonella fez uma lasanha ao molho branco e abriu o vinho favorito da família. Todos se serviram e comemoraram a nova etapa de no ramo de trabalho; No meio tempo que ela – – estava lá, a mulher recebeu uma ligação dizendo que estava dispensada, pois a mulher de seu chefe estava entrando em trabalho de parto. Uma benção para o casal que fazia a um bom tempo que tentavam ter a graça de um bebê.
A noite caiu e Nelle estava se despedindo de todos no aeroporto, Fran como sempre estava chorando mesmo com a mulher falando que daqui a três meses ela voltava para Florence.
×
Quatro anos depois de está morando em Florence juntamente de seus avós. Os dois haviam ficado mais próximo um do outro, contavam coisas que nem mesmo contaria para a as respectivas mães. Era bem mais que uma amizade e era nítido, porém não queria que se estendesse, ou melhor, ela não queria perder a única coisa que fazia tão bem depois de tanto tempo depois do que Victorio fez com ela.
Em um certo dia, feriado de carnaval, e Francesca saíram juntas para comprar algumas coisas para a comemoração na rua, elas ficaram encarregadas dos comes e bebes sem duvidas que pediram para trazer uma quantidade de vinho, já as bebidas não alcoólicas elas levariam e fariam.
– Sabe , acho que meu neto gosta de você.
– Como? – Tossiu. – Não Fran, não está não somos apenas bons amigos.
– Você também gosta dele, só não quer assumir para você mesma. – Mexeu no cabelo da neta.
– Fran. – Sorriu sem graça.
– Pense nisso, vou ir pagar já volto.
E lá fora ficou pensando no que a sabia, de certo modo, falou para ela. Será que era apenas questão dela assumir para si mesma que gostava do seu vizinho – lindo e gostoso, mas não era por estética que se apaixonou era por quem ele era com e sem estar ao lado da loira. Completamente confusa com seus sentimentos, resolveu deixar que a vida guiasse os dois para o caminho certo dando espaço aberto para um relacionando.
A noite chegou e contigo o carnaval da rua, os moradores fecharam a mesma com cones enfeitados, as fitinhas feitas de papel laminado colorido refletia as luzes que apontavam para a pista de dança improvisada, o carnaval tinha um tema e ele remetia ao tempo antigo, mas não era obrigatório está cem por cento a caráter, eles podiam também estarem fantasiado de algum personagem.
– Olha só, se não temos a senhorita Evie Frye. – Ele disse próximo do ouvido por conta do som alto. Bhau, o neto, estava atrás da mulher. Ela se virou.
– Sim, e vejo que não sou a única Assassins aqui.
– Não mesmo, Arno Dorian. – Segurou a mão dela. – Ao seu dispor. – Depositou um beijo.
– Meu Deus, que imitação mais perfeita. – Gargalhava. – Espetacular.
– Eu sabia que ia gostar. – Se gabou. – Quer sair daqui, está muito alto o som.
– Sim, vamos lá para cima. – Se referiu a sua casa.
Subiram rapidamente, não gostavam muito de som alto.
– E então Evie. – Gozou da situação. – Será que alguém lindo e encantador, consegue algo com uma mulher incrível e indescritível como você?
– Sem duvidas não. – Ria mais ainda. – Você é muito tolo sabia?
– Sim eu sei.
– Tomou vinho de mais, está comprovado.
– Quem sabe umas duas taças a mais. Mas a verdade é que, eu. – Não conseguia achar palavras que se encaixavam suavemente.
E ali, tranquilamente e por pura vontade, Rossi se inclinou passou seus braços em volta do pescoço do rapaz e selou seus lábios; Bhau a puxou pela a cintura deixando o beijo mais intenso e caloroso. Ele começou a desabotoar o casaco que ela usava de sua fantasia, separou seus lábios e o puxou pela a mão o direcionando até seu quarto, tinha planos para aquela noite, e não era recente. Sonhou com aquele momento desde o primeiro beijo dos dois.
Entre beijos pediu para que ele tirasse uma boa parte da fantasia e esperasse por ela sentado na cama. A mulher tirou parte de sua fantasia também, mas deixando apenas sua lingerie por debaixo do vestido preto que ela já usava. Saiu do toalete deixando a pequena caixa de som tocando a única música que podia definir tudo que ela queria passar naquele momento. Dance for You, da Queen B.
puxou a cadeira para perto e sentou nela, enquanto apenas o som do instrumento tocava ela ficou o encarando com um sorriso malicioso e quando a voz soou ela se levantou e começou a dançar para ele; descia e subia com a maior sensualidade que ela guardou apenas para ele, deslizava suas mãos pelas suas curvas e mexia seus fios loiros com volúpia no mesmo ritmo da música, juntamente com os movimentos de suas curvas.
Aproximou-se mais dele, virou-se de costas e apoiou nas pernas dele assim desceu e depois rebolou encima dele; Quando a música chegava mais perto do fim se despia cada peça para cada frase até ficar nua.
Não aguentou mais esperar e a puxou para a cama, deitando encima dela. beijo o corpo todo dela inteiro, passando pela mandíbula e até chegar a virilha dela. Sentiu os dedos da mulher puxando seus fios, o deixando ainda mais com desejo de poder senti-la por inteira. Tirou sua roupa e pode desfrutar da melhor sensação que aquele amor estava propondo aos dois.
Uma única noite acompanhada de quatro anos convivendo junto foi bem mais que certeza que os dois se amavam e quem sabe, um futuro que os dois sempre imaginavam, O Casamento.
Daquela noite em adiante, os dois assumiram o namoro para a família e amigos. Todos sem exceção comemoraram. Com o tempo os dois começaram a organizar os preparativos do casamento, e como o amor era grande não precisavam mais de alguns anos para terem a prova que eles eram o verdadeiro amor, igual Julieta e Romeu.
×
Completava-se cinco anos de casamento. e preparavam as malas para poder ir até Veneza. Os dois tinham um único objetivo, renovar os votos.
Sem que ela soubesse, o homem tinha conversado com seu chefe e ambos tinham preparado uma surpresa, A Surpresa; Quando chegaram no hotel seu marido pediu para que ela colocasse o vestido e entrasse no táxi do numero 141, não era para questionar e colocar a venda quando o motorista pedisse, sem mais ela concordou percebendo que não teria argumentos que o faria falar.
No local marcado, a esperava de smoking preto e gravata vermelha. Em suas mãos um buque de rosas brancas, o padre estava no altar improvisado. Ao ver o taxi chegar com sua esposa, caminhou até o automóvel e abriu a porta e apenas disse um oi simples para ela, assim saberia que já estava com o homem. A guiou até o tapete vermelho de falsas pétalas, sabia que ela não ia querer que fossem pétalas de verdade, colocou o buque na mão dela e voltou para onde estava. A esposa de seu chefe tirou a venda e apenas disse para poder continuar a andar.
Era bem mais do que ela imagina, estava simples, com seu vestido dourado e ele com a gravata vermelha igual tinha comentado, estava impecável; O pequeno tapete de pétalas vermelhas, e ali na frente apenas e o Padre, até mesmo o Chefe e a esposa tinham saído da pequena cerimonia.
– Estamos aqui para abençoar a união deste casal, abertamente neste lugar lindo e abençoado e de baixo dos olhos de Deus. É de livre e espontânea vontade que vocês estão aqui? – Questionou.
– Sim. – O casal respondeu.
– Então vamos dar a continuação. Rossi Bhau, você aceita casar e renovar os votos com Bhau?
– Sim, eu aceito mais que tudo em minha vida. – Sorria enquanto chorava,
– Bhau, você aceita casar e renovar os votos com Rossi Bhau?
– Sim, eu aceito mais que tudo em minha vida. – A olhou.
– Eu os declaro, marido e mulher, novamente. – O padre deu uma risadinha. – Pode beijar a noiva.
Ao termino da cerimônia, os dois agradeceram o padre e andaram um pouco pela vinícola. Conversaram e apreciaram aquele lugar, Bhau contou como conseguiu a uma hora para os dois ficarem ali tranquilamente.
- , como esse sobrenome surgiu assim? – Sua esposa indagou.
- Esse é o sobrenome do meu pai, pedi para que fosse colocando mais deixasse o Bhau por último, quero que nossos filhos levam em adiante esse lindo sobrenome.
– Concordo, e não imaginava que fosse um nome assim, não lindo e maravilhoso. Aqui é tão lindo, eu nem acredito que era você que apresentava o novo vinho. – Ela disse sentido os braços de seu marido envolta dela.
– E imaginar que eu entreguei para você o vinho.
– Mundo pequeno. Tenho uma coisa para contar.
– O que seria?
– Você não pode mais levar vinho pra casa.
– Por quê? – Questionou confuso. – Você ama vinho, principalmente daqui.
– Então eu não posso mais beber vinho por isso.
– eu ainda não estou entendendo.
– . – Virou para ele. – Me de sua mão. Isso agora eu vou repetir ok? Eu não posso. – Colocou a mão dele em sua barriga. – Beber vinho, meu amor.
A voz de sua esposa sempre soava como a mais bela melodia para ele, mas aquela pequena frase acompanhada do gesto se tornou o canto dos anjos para ele; Indescritível era a palavra que definia tudo que ele sentia e queria falar, mal recebeu a notícia e já queria ver o rostinho daquele anjinho que estava no ventre de sua mulher. Meu Deus, como ele esperou tanto por esse tempo, como esperou por essa notícia a cada dia que acordava e a cada noite que dormia, e agora, depois da renovação de votos ele recebeu o melhor presente. Sua pequena princesa, Bella.
Os nove meses mais esperados, mais aguardado e bem planejado. Bella nasceu saudável e grandinha, seu pai quase desmaiou enquanto acompanhava o parto normal. E quando pegou sua pequena nos braços, apenas lagrimas definiam seu sentimento. Agora eles eram a família que ele sempre sonhou em ter. A sua família Rossi Bhau.
O sol entrava pela a janela entreaberta, era um costume dela quando as noites eram calorentas. acordou e ficou encarando sua cortina de tecido fino dançar com a brisa fresca e quentinha do vento. Era tão boa a sensação que se tornava indescritível, dava mais vontade ainda de permanência ali, deitada enquanto o vento assoprava sua pele clara. Era seu primeiro dia de férias depois de trabalhar dois anos seguidos sem descanso nenhum, apenas com pausas para o Natal e Réveillon.
Saiu da cama vestindo ainda sua camisola larga abriu a janela e sentiu aquele perfume das flores, ao outro lado da calçada cumprimentou o casal de senhores que cuidavam do pequeno jardim na porta da casa.
– Buongiorno* senhor Ezio e senhora Francesca. – Disse em um tom elevado.
– Buongiorno , não foi trabalhar hoje? – A mulher de fios brancos questionou.
– Hoje não, hoje é meu primeiro dia de férias.
– Oh que maravilha! – Disse o homem. – Venha jantar conosco, a Fran faz aquela polpetta com polenta que você gosta. – Convidou.
– Não, eu não quero incomodar vocês. – Foi educada. No fundo estava com saudades do molho da senhora.
– Não será um incomodo, venha as dezenove horas, estaremos esperando por você. – Disse Fran.
– Está bem, chego lá as dezenove em ponto. – Sorriu.
Os Bhau sorriram e acenaram de volta. Os dois a consideravam como neta já que sua filha única só teve meninos. Então desde o dia que ela se mudou para a rua, os Bhau a adotaram como a neta deles.
fez um coque prendendo em seu próprio cabelo, fez seu café da manhã e ajeitou tudo na mesa e aproveitou como não tinha feito a um bom tempo. Era simples, porém recheado de sabor. Aquela manhã ela ia passar o tempo cuidando de si e visitando o lugar que ela planejava a um bom tempo, ver o vinhedo de Petra, um lugar lindo onde sua arquitetura foi projetada pelo o arquiteto suíço Mario Botta; O lugar sem via das dúvidas era um dos prediletos da veterinária, e o outro, claro que seria a Casa da Julieta. Mesmo sendo italiana ela nunca tinha ido até o local, principalmente depois que seus pais morreram em um descarrilamento de trem em Portugal.
Foi um período difícil para a menina que só tinha dezesseis anos, ela passou o tempo todo no internato já que seus avós paternos não aceitaram o casamento de seu filho com a garota camponesa. A verdade é que não tinha muitos momentos bons em sua vida, até se formar em Medicina Veterinária, com dezenove anos teve sua decepção amorosa com o estudante – na época – de Bioquímica. Nas festas que tinham entre as turmas dos cursos, ela viu Victorio tendo relação sexual com uma das garotas da turma dele, isso nos quartinhos que tinha naquele casarão.
A loira seguiu em frente, mesmo com todos esses momentos ruins, e ao se formar teve todas suas memórias indesejáveis apagadas e no lugar momentos indescritíveis, principalmente depois que conheceu os Bhau.
Arrumou a casa mesmo a mesma estando ajeitadinha, colocou um vestido liso cor de azul. Pegou sua bicicleta branca com cestinho prata e foi pedalando pelas as ruas de Florence. Ela andou tranquilamente apreciando aquele ar único da cidade, as flores e as crianças e casais rindo e conversando. Quanto tempo que ela não sentia essa alegria passando pelo seu rosto e fios de ouro.
Mais tarde naquele dia, Rossi colocou uma saia floral e uma regata amarela pegou uma bolsa tiracolo branca e foi para a casa dos seus avós.
– Buona notte, ciao*! Entre, a Fran já está terminando. – O Senhor deu passagem.
– Buona notte obrigada Ezio. – Sorriu. – Senhora Fran? Oi. – Adentrou na cozinha.
– Oi bel fiore*, quer me ajudar?
– Sim! – Seus olhos brilharam.
– Pegue um avental ali. – Apontou. – Você vai mexer a polenta enquanto eu frito as polpettas*.
– Está bem.
ajudou a senhora entre risadas e conversas, muitas delas um pouco cabulosa para uma mulher de sessenta e cinco anos. Não que tenha restrição, mas a loira ficou ruborizada com algumas partes do assunto. Terminaram o jantar, Ezio e colocaram a mesa enquanto a dona trocava de roupa; O jantar foi esplêndido, a mulher comeu a ponto de lamber os dedos, quanto tempo não comia uma comida deliciosa, tudo era sempre fria e rápida, ou as vezes as industrializadas. Seu emprego tomava conta do horário todo até mesmo os horários de lazer e folga.
Podia ser um trabalho puxado, com condição financeira medial, mas ela amava e como amava. Ver os seus pets saindo da sala do consultório era um alivio tão grande que isso pagava qualquer hora mal dormida ou então em ajudar seu chefe nas cirurgias de emergências. Sim não tinha uma clínica própria, ela trabalhava com mais cinco veterinários – contando com ela e seu chefe – entretanto amava tudo que fazia no Piccolo Animale* e como amava!
Depois do jantar, os três sentaram na sala para apreciar o vinho da Petra. avisou que iria fazer uma pequena viagem e que precisaria de alguém para ficar de olho na casa.
– Mas é apenas de olho, não precisam ir lá e limpa-la. – Reforçou.
– Não se preocupe menina, eu e a Fran vamos cuidar muito bem.
– Por favor não se desgastem em cuidar da minha casa, ela não é tão grande e também vocês podem ficar tranquilos. – Deu um gole em seu vinho.
– Querida, você tem que parar de achar que você está dando trabalho para nós. – Fran foi sincera. – Quando podemos cuidar de você nós fazemos com muito amor, pode ter certeza, você se tornou nossa neta lembra?
– Sim, eu lembro. – Rossi sorriu. – Bom a conversa está maravilhosa, porém eu vou indo já está tarde. – Era quase onze horas. – O jantar estava divino.
– Vai lá, se cuida e boa noite, que isso! – A senhora agradeceu.
– Cuidado ao sair de carro amanhã. – Ezio alertou. – Descanse bem para pegar a estrada.
– Descansarei, mais uma vez, muito obrigada pelo jantar.
– Por nada, se cuide. – Os dois falaram.
Era bom ter alguém que realmente se preocupava com ela, ainda mais que a adotaram como neta deles. de sentia mais viva e protegida de todos de os males.
Entrou em casa tomou uma bela ducha e arrumou as malas, não pretendida passar mais de uma semana fora, e sabia que não podia ficar tanto tempo fora, afinal de contas ela amava sua rua sossegada e "deserta".
Florence poderia ser grande, mas aquele bairro que ela morava era o melhor tamanho para seu viver.
Aninhou-se em sua cama e no embalo da ansiedade para viajar até a vinícola que ela tanto sonho.
A manhã estava deslumbrante, saiu correndo para se arrumar, com um vestido florido e uma trança bagunçadinha, pegou seu par de óculos aviador e o molho de chave e foi para seu carro junto de sua mala. Os Bhau a esperavam no portão de ferro branco, com um potinho de Brusqueta – sempre foi mimada por eles – não podia negar que amava aquelas Brusquetas*.
Aquele vento que entrava pela sua janela era tão bom, não tinha como não amar aquela sensação de férias. Uma palavra que não conhecia a tempo.
Tudo foi tão tranquilo, a moça parou o carro no encostamento subiu no capô do automóvel e junto a si, pegou o potinho de Brusquetas e comeu admirando aquele lindo sol nascer. É ela tinha saído mais cedo, só para ver aquela estrada ser banhada pelos os raios de luz do sol. Comeu tudo e sentiu a falta de fazer o gesto na bochecha – referente sobre a comida está boa – para a Francesca ver. Riu sozinha.
Deu um pulinho do capô e adentrou dando partida rumo ao hotel. O mesmo não era luxuoso grande e extremamente espaçoso, era simples lembrava um pouquinho a casa dela, mas não era igualzinho o conforto da mesma; deixou as malas lá dentro, pegou sua bolsa de um ombro só e junto de seu carro saiu para ir até a vinícola.
– Bounasera*! – Tirou os óculos de sol. – Para poder visitar a vinícola tem que ter um horário marcado, ou uma hora adequada?
– Bounasera, sim, você precisa assinar essa folha. – A atendente pegou a ficha. – Preencha a mesma naquelas cadeiras. – Apontou. – Que aí depois passo o horário de visita.
– Grazie*.
Rossi sentou e fez nas anotações no papel, riu com algumas perguntas, algumas do tipo "Você tem alergia ao suco de uva?", porém respondeu tranquilamente todas as perguntas, até mesmo onde coloca o número para contato, – que colocou dos Bhau.
– Aqui está. – A loira entregou.
– Grazie mille*. Bom você tem dois horários para poder vim aqui, as seis horas da manhã e as dezesseis horas da tarde, você pode vim aqui com esse cartão apresentar para mim que irei validar sua entrada, caso você venha em um dos horários é bom que você chegue quinze minutos antes, assim você já se arruma deixa suas coisas nos armários e pode pegar um bom lugar nas vagas. – Deu uma piscadinha mostrando que queria ajudar em relação a vaga. Teria muitos visitantes naquele "pequeno" local.
– Agradecida pelas informações, eu venho aqui no horário das seis. – Sorriu.
– Está bem. Até amanhã, tchau.
– Tchau.
só faltava dar pulinhos de alegria seu sonho ia se realizar em menos de vinte e quatro horas, na volta para o hotel a moça passou em uma lojinha para comprar um par de óculos de sol e uma bolsa nova, não sairia de lá sem algumas compras mesmo se fosse um ímã de geladeira.
O hotel estava em silêncio, só escutava as vozes dos recepcionistas, sorriu para o homem que monitorava o elevador e disse o andar que iria enquanto isso procurava a chave do seu quarto, nada que uma boa ducha a fizesse relaxar para o dia de amanhã.
Duas horas da madrugada, não tinha pregado os olhos ainda, aquele livro nem ajudava a relaxar a mente, mesmo sendo uma leitura para o celebro descansar. Decidiu então pegar sua chave de casa e uma jaqueta fina, mesmo estando calor o vento estava bem fresquinho até porque era madrugada. Quem sabe esse passeio na madrugada pudesse ajudá–lo achar seu sono, Fillipo sabia que a pior coisa era ter insônia, mas insônia com ansiedade por conta de uma apresentação era horrível.
Aquela noite estava incrível, as estrelas brilham, o céu estava limpo sem nenhuma nuvem; Fillipo sentou em um banco perto do trabalho de sua mãe e ficou admirando o céu e os casais que saíram e ficaram até a luz do luar para namorar, no fundo sentiu falta de uma companhia de manhã, alguém para conversar sobre assuntos que não se fala com a mãe, sentia falta de uma amiga namorada e não o ao contrário.
As horas passaram rápido e junto a ela seu sono apareceu, ando novamente o mesmo caminho chegando assim em sua casa, deitou com a mesma roupa do corpo e firmou por apenas duas horas, já que as sete em ponto ele teria que está no auditório.
Acordou com os olhos pesados e o corpo todo dolorido, como ele iria fazer uma apresentação todo acabado fisicamente? Não tinha como escolher ele precisa ajudar em casa, e não seria sua insônia que não deixaria ele ajudar em casa.
Vestiu seu melhor terno e colocou seu melhor sapato social, tudo de segunda mão, mas bem cuidado, Fillippo aprendeu isso com seu pai e seu avô.
Seu pai morreu antes de dar o sobrenome para ele, o homem foi embora depois de uma separação e a briga bem conturbada, o seu filho tinha cinco anos na época e era de costume da família da sua ex-esposa dar o sobrenome depois dos cinco anos, uma tradição que ele Giovanni aceitou tranquilamente, mas isso não ocorreu depois da briga do casal. Então era isso, não tinha como reclamar de sua vida sendo que a culpa nunca foi sua, na verdade ele sempre soube que seu pai tinha um sério envolvimento com o álcool e isso sua mãe sempre deixou isso bem claro principalmente que ele tinha um bom caráter que foi isso que fez ela se apaixonar por Giovanni.
Ao chegar no local da palestra ele se preparou deixando todas as folhas, na verdade colas de sua apresentação, e o slides e a pequena mesinha com água e os produtos que ele iria apresentar. Agora só esperar dar a hora, já que os organizadores adiaram por conta do atraso.
– E aqui é onde separamos a casca da uva, depois disso as mesmas são reutilizadas para ser adubos de outras fazendas, tudo ecologicamente correto, e sem dispersos. Ali na frente. – O homem apontou. – Fica a máquina que faz todo o processo do suco da uva com o álcool. Agora vamos para o local que eu sei que vocês tanto desejam.
Todos riram. O grupo de visitantes seguiram o instrutor, logo atrás dele ia arrumando seu macacãozinho verde água, ela tentava de todos os jeitos e formas manter sua blusa dentro dele. Era um macacãozinho cavado nas laterais, sua blusa era soltinha e curta no tom branco dando destaque apenas para a maior peça, é claro que não deixaria sua pequena mochila de listra branca e caramelo.
Olhar para aquele campo cheio de uvas dando o melhor aroma de todos os lugares que ela visitou, sua vontade era de pegar um cacho de uva e comer direito do pé. O instrutor explicou tudo para eles, principalmente o modo de cuidado e preparo da plantação das parreiras e logo guio ate o auditor. sentou na primeira fila, colocando sua bolsa em seu colo assim podia cobrir suas coxas com a mesma, ela se sentiu um pouco vergonhada por estar com algo que ficasse curto ao sentar.
O homem a sua frente, apresentava uma bela e mais nova safra de vinho, com doce mais ressaltado e um aroma de amora junto, ele colocou em uma taça e na mais forma sutil entregou para , que a mesma agradeceu.
A loira saiu de lá radiando. Nunca imaginou que levaria duas garrafas do mais novo vinho deles. Ao chegar no hotel tomou um banho jantou e foi deitar, teria um longo caminho pela frente, e como teria, amanhã ela iria conhecer a famosa casa da Julieta.
– E então filho, como foi hoje? – Sua mãe indagou ao colocar ao último refratário na mesa.
– Bem, produtivo, a plateia gostou do que eu ofereci. – Disse orgulhoso.
– Isso é incrível, fiz macarronada para comemoramos.
– E as cartas? – Encheu o prato. – Tem mais do que o normal?
– Sim, recebemos tantas que ainda estamos a responder, é como senão tivesse cartas para acabar, como se estivesse infinita.
– Fico feliz. – Segurou rapidamente a mão de sua mãe. – Esse jantar está maravilhoso. – Agradeceu.
– Obrigada filho, amanhã você poderia ajudar a gente?
– Claro.
– Pegue as novas cartas no muro da Julieta e traga para a gente, como você sabe o que cada uma faz, você pode dividir também para cada ajudante? Assim ajuda e facilita as meninas.
– Claro mãe, sem problemas, trago tudo para você ok? Agora me passa mais essa polpetta porque está uma maravilha.
Fillippo ajudou sua mãe a tirar a louça de cima da mesa e a lavar e guardar. Depois arrumou seu quarto, já que o mesmo estava cheio e coberto de papeis para a sua apresentação, por fim tudo ocorreu bem, ele e sua ansiedade sempre fazia como que tudo desse errado, mas dessa vez por algum motivo tudo deu certo e ocorreu certo.
O dia amanheceu meio nublado, no noticiário falava que poderia fazer mais frio que o normal na Itália, deixando quase todos, se não todos, os moradores assustados pois não era época de frio ainda mais na primavera. Fillippo pegou algumas peças de roupas mais quente e levou para o local onde sua mãe trabalhava, deixou no carro e foi recolher as cartas.
estava sentada em um dos banquinhos do pátio, admirando aquele local, olhando todas aquelas cartas no muro e até mesmo a sua ali. O lugar era carregado de amor, e era tão fácil sentir isso no ar, mesmo muitos corações estarem partidos ali, mesmo muitos agradecendo Julieta por ter confortado nas horas mais difíceis no amor; agora ela entendia e compreendia o porquê daquele lugar ser tão cheio de amor.
Percebeu que um moço alto, cabelos escuros e com um casaco pesado retirava as cartas no fim daquela tarde fria, como não conhecia aquele procedimento achou um absurdo aquele homem fazer aquilo com milhares de cartas e com a dela. Educadamente se aproximou e emitiu um som logo seguida de uma cutucada no ombro dele – sutil – e esperou que ele a olhasse com aqueles lindos olhos azuis.
– Você quer entregar uma carta? – Ele questionou.
– Não, na verdade quero saber por que está tirando as cartas? – Disse em um tom de logica.
– Como as secretarias vão responder as cartas se as cartas não saírem daqui? – Ele sorriu, entendeu que ela não era dali. – Então eu venho aqui e retiro elas, e depois elas são respondidas.
– E voltam para cá? E as pessoas pegam as cartas?
– Daí em diante eu não sei. – Foi sincero. – Porem se quiser eu posso levar você até elas.
– Me levaria? – Seus olhos brilharam.
– Sim, me acompanhe senhorita.
Os dois andaram até o escritório das secretarias em um único silencio, sem ao menos se importar ela precisava de uma informação ou não antes de entrar.
– Mãe, senhoras e senhorita, essa aqui é a. – Lembrou que não indagou o nome da mulher.
– , mas podem me chamar de .
– Eu a trouxe para apresentar a vocês, ela estava curiosa com a minha ação. – Levantou o cesto demostrando que se referia as cartas.
– Entre , eu sou Antonella, aquela é a Franciele ela tem a melhor história de amor. – Todas riram. – Está casada há cinquenta anos com o amor da vida dela, ambos fugiram para viver esse amor. Aquela é a Paola, a mais jovem de todas, com trinta e cinco anos que ainda procura seu amor verdadeiro, e a última é a nossa doce Monalisa a matriarca de todas nós. E ele é o meu filho. – Apontou fazendo a loira olhar. – Fillipo.
– Nos conhecemos até que de uma forma boa. – Ele riu. – Vou organizar e deixar as madames conversarem e escreverem. – Se retirou.
– Então vocês que fazem todo esse processo de responder as meninas? – Disse maravilhada.
– Sim somos nós, você quer nós ajudar?
– É não sei se tenho todo esse dom que vocês têm.
– Tente. – Franciele entregou papel e caneta. – Todas nós escrevemos o que passamos, sentimos, e outros sentimentos, cada uma aqui tem sua função, e como a Nelle falou de cada uma você já deve imaginar quem responde o que.
– Sim, consigo imaginar. – Sorriu. – Posso tentar algo relacionado à perda? Se tiver é claro.
– As perdas. – Monalisa suspirou. – Essa palavra aparece em tantas cartas que não sabemos mais como responder. Aqui. – Entregou. – Pegue e tente alguma, sente–se ao meu lado.
pegou as mesmas e sentou ao lado de Lisa, leu a primeira carta e sentiu seu coração desmanchando com cada letra colocada naquele pedaço de papel. O moço – sim um homem – havia perdido seus dois maiores amores da sua única vida, sua mãe e sua noiva; sua mãe para um câncer terminal, seus últimos dias foram os piores até que ambos decidiram que o sono mais profundo dos justos seria o melhor para eles. Na época seu dinheiro foi indo embora para o tratamento de sua querida mãe, e aquela casa milionária com seu último carro do ano foi indo embora, juntamente de sua ex–noiva interesseira. Estava perdido e desolado, sua última chance de esperança estava em uma reposta de Julieta, então escreveu para ele.
Não foi uma das cartas mais amorosas que ela achou que ia responder de primeira, mas foi a mais sincera. Sentindo tudo que ele passou, complementou que a felicidade está nas coisas mais simples, até mesmo aquelas pessoas que demostram o amor falando que aquela roupa é pouquíssima demais para um frio, que se preocupa com os horários que chega do trabalho ou até mesmo em cuidar da sua casa em uma viagem curta. Deu o exemplo dela mesmo, mas não se identificando, e de seus dois amores de vizinho que cuidavam dela como se fosse a neta mais preciosa que eles tinham além de conseguir sua maior conquista profissional. O amor para ela foi preenchido dessas duas maneirais e que só encontraria o verdadeiro amor companheiro quando mesmo não esperasse.
Dobrou a folha e colocou dentro do envelope, e pôs ao lado junto de outras cartas. Pegou outra e respondeu. Todas focavam sempre no amor mais verdadeiro que já sentiram e em todas as respostas ela finalizava com uma simples frase “O amor verdadeiro é aquele que vem todas as manhãs ao olhar no espelho e saber que nos amamos primeiro de tudo”, bom para ela seria depois de Deus, mas ela não quis colocar afinal não sabia a religião de quem leria e não queria desrespeitar a mesma.
Saiu de lá já era tarde, e dona Antonella estava terminando de fazer o jantar, ou melhor, arrumar a mesa. Fillippo seu filho que tinha preparado tudo, a mais velha não tinha entendido o porquê que ele não fez ainda uma faculdade de gastronomia sendo que a comida dele ficava melhor que a dela. Convidou todas principalmente a garota para jantar com eles, até porque aquele frio era de se comer algo quente.
– Além dessa bela massa também temos vinho. – Ele colocou na mesa junto de algumas taças.
– Eu amo essa vinícola. – se manifestou. – É o melhor vinho da Itália toda.
– Todas nós temos a mesma opinião, só meu filho que não concorda muito.
– Como? Está errado isso. – Ela riu. – Você tem que saber tomar esse vinho, se não perde a graça.
– Ai não mais uma. – Fez todas rirem. – Quais seus argumentos para defender esse vinho?
– Meu pai me ensinou que temos que saber toma–lo. Ele não é só um vinho ele é uma preciosidade. – Riu lembrando–se de seu pai. – Ao colocar na taça você tem que colocar com ela inclinada desse jeito. – Demostrou. – Depois você vai virando até voltar a taça de “pé”. – Fez aspas com os dedos. – Assim ela se mistura com a delicadeza e dá o toque que todos falam, o dolce con acidità*. Experimenta agora. – Entregou para Fillippo.
O homem provou, e demostrou que estava de acordo com ela quando deu o terceiro gole e deixando aparecer em sua expressão que o vinho era realmente bom. sorriu vitoriosa e sabendo que aquela técnica ainda funcionava com todos. Que falta ela sentiu de seu pai naquele momento, e de sua mãe que sempre brigava com ele por dar vinho a uma garota de onze anos, mas no final os três estavam rindo na mesa.
– está tudo bem? – Paola indagou preocupada, a menina tinha fixado o olhar em “lugar nenhum” por cerca de cinco minutos.
– Sim, sim estou bem só preciso de um pouco de ar. Com licença.
A garota se retirou as pressas, não queria mostrar seus olhos marejados nem deixar o que elas entendessem que falaram algo errado. Foi para a sacada que tinha no escritório das mulheres e ficou lá sem casaco e cachecol vermelho, olhando o céu escurecer acompanhado da lua e das estrelas. Conversava mentalmente com seus pais, ressaltando que aquele dia foi quando sentiu mais falta deles depois do acidente, e isso não era normal. Estava tão concentrada naquele céu de primavera com frio, ela não percebeu que Fillippo se aproximava dela.
– Está tudo bem? – Ele perguntou a fazendo dar um pulo de susto.
– Você poderia ter me cutucado não me incomodaria. – Sorriu. – Sim estou, eu só, não é nada.
– Um nada te faz chorar? – Encostou no outro lado da porta.
– Às vezes sim.
– Sei que você não me conhece direito e eu também não conheço você direito, mas você pode conversar comigo, não irei contar a ninguém nem mesmo para minha mãe.
– Você já perdeu alguém que você nunca quisesse perder? Alguém que você sentisse vontade de trocar de lugar só para ter a certeza que eles estavam bem.
– Sim, perdi uma pessoa que nunca mais irei ver. Queria ter passado mais tempo com ele.
– Eu queria estar naquele trem, ao lado dos meus pais, mas no dia naquele maldito dia. – Seus olhos marejaram. – Não queria ter perdido eles, nem ficar sem eles, mas hoje me senti tão vazia algo que não sinto a tanto tempo. – Desabafou. – Foi como se tudo aquilo que eu vi na mesa, e o vinho e a explicação tivessem o código para essa dor sair e me deixar assim. – Fechou os olhos para conter as lagrimas.
– Não fale isso, eles queriam está com você hoje, mas tenho certeza que se você estivesse naquele trem eles teriam feito de tudo para poder salvar você. – Aproximou. – Eu entendo parcialmente, perdi meu pai porem ele não era tão presente em minha vida, uma separação horrível dos meus pais, o envolvimento dele com o álcool e hoje não sinto muita falta dele depois que ele se foi, ele tentou se reaproximar de mim, mas no final ele morreu. Para o álcool, compartilho da mesma dor.
Não sabia mais o que dizer.
– Eu sei. Você não teve nenhum contato com ele? – O olhou.
– Não, quando ele voltou eu tinha vinte anos, passamos apenas seis meses conversando, fazendo tudo agir da forma mais natural e então no dia do aniversário dele recebi a notícia que a pequena festa foi cancelada, que ele havia falecido e não precisaríamos comparecer na casa dele. No dia do velório eu fui e percebi que apenas eu estava lá, não sei o que ele fez de tão mal para os outros e confesso que nem quero saber.
– Eu, me desculpe nem sei o que dizer. Tenho certeza que não sabiam por isso não compareceram, quem avisou você podia ter só o seu contato. – Se encolheu mais naquela pequena jaqueta, despreparado.
– Foi do hospital, então o que você disse faz total sentido. – Tirou seu casaco. – Aqui coloca o meu.
– Não precisa de verdade.
– Não mesmo, você saiu de casa sem uma roupa adequada. – Colocou sob os ombros dela.
– Na verdade eu nem moro aqui. – Ajeitou. – Obrigada.
– Mas você é italiana não é? – Arqueou a sobrancelha confuso.
– Sim eu sou. – Riu suave. – Mas moro em Florence.
– E você saiu de lá só para vim aqui? Estou surpreso.
– Demorei quase minha vida toda para vim aqui, na verdade era para eu ter vindo quando completei dezesseis anos, mas algumas coisas aconteceram que você já sabe.
– Entendo. Mas agora, já que está aqui, não acha que precisa de um guia?
– Acho que sim.
– Eu posso ser, sem cobrar nada.
– Mentira? – Seus olhos brilharam. – Mas isso não é tentativa de ficar comigo, ou é?
– Não. – Gargalhou. – Somos apenas bons amigos . – Estendeu a mão.
– Bons amigos, qual seu apelido?
– Pode chamar de , como todos aqui me chamam.
– Está bem, agora se não achar muito rude da minha parte vamos entrar eu estou virando o Olaf aqui.
– Vamos, pois você não é única.
Ali naquela troca de experiência entre de perdas, e começaram a cultivar o primeiro estágio do amor, a amizade. Para muitos a amizade não é tão importante que o primeiro beijo ou o primeiro sexo, mas para os dois sempre foi a amizade. Não teria a mesma felicidade se não se conhecesse e soubesse que poderia contar um com o outro até mesmo nas horas mais improváveis e a longa distância.
já estava com um semblante melhor ao adentrar na sala de estar, onde todas já haviam terminado seus respectivos jantares. Ele apenas serviu mais um pouco de vinho e depois foram até o encontro das mulheres; elas não tocaram no assunto para não ver a mais nova desanimada outra vez apenas alegraram aquela noite até a hora da mesma ir embora. Antes de ir, indagou qual horário estaria bom para ele ir se encontrar com ela na Casa da Julieta, e assim fazerem um passeio por Veneza, combinaram e se despediram. Mal sabiam que essa uma semana ia ser mais plena que qualquer outra semana da vida deles.
Seis da manhã.
se levantou, tomou um remédio para o estomago odiando está com sua gastrite atacada, podia ser tantas coisas que comeu que nem fez menção de querer imaginar que podia ter sido aquele jantar divino. Entretendo não quis dar muita atenção para ela – a gastrite – só queria focar em que roupa usar já que ainda estava frio e não tinha levado nenhuma muda para se agasalhar afinal era primavera.
Saiu deixando parcialmente sua cama arrumada e suas roupas ajeitadas no guarda roupa do hotel, entregou a chave na recepção e foi nos passos mais rápidos para o local marcado, optou por ir a pé, pois assim seu corpo se esquentava. E assim se lembrou da aula de Bioquímica que teve na época da faculdade. Até que não era tão longe do hotel até o local, ou ela andou rápido; Olhou para os lados em procura de porem ele não havia chegado ainda isso a fez se perguntar inúmeras vezes se ela era mais pontual ou tinha um tique de chegar atrasada nos compromissos.
– Demorei? – Falou ao se aproximar dela. – Bom dia.
– Bom dia, a não sei.
– Como não sabe?
– Eu não sei se cheguei cedo demais ou se você chegou tarde demais. – Riu.
– Bom então vamos temos muito o que fazer, e primeiro, vamos tomar algo quente e levar você para comprar uma roupa mais quente. Me acompanhe. – Deu o braço para ela.
– Primeira parada é comida né?
– Eu ia levar você para comprar roupa, agora você que escolhe. – Destravou o carro.
– Não faz pergunta difícil para mim, ainda nesse frio repentino.
– Vamos fazer assim então pegamos para comer em casa porem comemos aqui no carro e depois vamos pegar uma roupa para a senhorita.
– Combinado. – Colocou o cinto.
Foram em direção de uma padaria que ele sempre ia desde pequeno, comprou dois cafés com leite, dois Brioches* e voltou para o carro. Ambos comeram entre algumas conversar sobre os pontos que eles iriam passar. O garoto logo avisou que não seria todos os turísticos, mas ia ser os lugares que ele achava mais lindo.
Quando chegaram ao fim do café da manhã e passaram na única loja que estava vendendo roupa de frio, parecia que eles até tinham feito um trato com o tempo. vestiu inúmeros casacos, blusas e até mesmo outras calças, colocou as sacolas dentro do porta-malas do carro agora sim se sentia mais aconchegante, com uma bota de cano curto e seu casaco vermelho que combinava com sua toca.
– Eu gosto daqui. – A levou para um pequeno campo de flores. – Minha mãe me trazia aqui com meus avos, fazíamos um picnic* e só voltávamos no alto da tarde.
– É lindo aqui, queria fazer isso também, mas não ia dar muito certo.
– Seus pais?
– Sim. – Andou até uma arvore e encostou-se. – Mas tem duas pessoas que queria que estivessem aqui também, meus avós, mas eles estão em Florence então não dá para traze-los até aqui.
Era impossível, entretanto ele estava começando a gostar dela, era simples, legal, incrível e tinha um coração gigante, não era um sentimento de namorar com ela, mas sim como amiga. A semana toda eles passaram juntos passando por todos os lugares que ele queria leva-la e respondendo algumas cartas, de todas, a última foi a de , que ia ser entregue no último dia que ela fosse embora.
A semana passou rápido e no finalzinho da mesma o clima começou a esquentar um pouco, como despedida Antonella e seu filho planejaram o picnic que ela comentou com o mesmo, assim ela teria uma das melhoras lembranças daquela família que a conquistou.
– Bom dia. – Ele apareceu ao lado dela.
– Bom dia, acho que o sol está feliz hoje. – Sorriu.
– Ah sim, ele até acordou cantando não ouviu?
– Ah sim, parecia você tentando falar baixo. – Riu. – Onde vamos tomar nosso café da manhã?
– Logo você descobrira.
– Eu não sou muito fã de surpresa, sabe eu tento descobrir antes de você me falar.
– Não seja estraga prazeres. Só preciso que confie em mim.
– É, eu confio, não deveria, mas confio.
– Então vamos, temos muitas coisas para fazer.
– , não me diga que vamos até os hotéis entregar as cartas.
– Está cansada? Porque é exatamente isso.
– Não é cansaço é que você anda rápido demais, aí me deixa ofegante entende?
– Ando tão devagar. – Parou no semáforo. – Depois vamos tomar café.
– Oi?! Está errado isso, nem pensar.
– Mas vai ser assim, pode ter certeza que não vai ficar com muita fome.
– Eu estou com fome agora, eu vivo com fome, mas por favor só um pedacinho de comida, assim eu fico feliz e não com muita fome, eu nem tomei lá no hotel achando e íamos fazer isso juntos. – Foi sincera. – Estou falando do café.
– Dramática. – Riu. – Você vai tomar café da manhã logo.
– Ok então, já vi que não vou consegui ir comer agora, vamos logo levar as cartas e eu vou avisar sua mãe da crueldade que você está fazendo comigo.
– Ela que pediu, chegamos e como você disse que confiava em mim feche os olhos.
– Pronto, se tentar algo sei me defender.
– Eu vou trazer um belo de café da manhã e você está reclamando. – Vendou os olhos dela.
O bom era que não tinha decorado o caminho, muito menos percebido que estavam indo longe demais para fazer a entrega das cartas. Ele ajudou ela descer do carro já que estava vendada e a guiou até a grande toalha estendida no chão nas cores vermelha e branco, Antonella tinha preparado um bolo de morango com chantilly de chocolate, duas jarras de suco de laranja, e até mesmo Brusquetas que tanto amava. Estava tudo tão lindo, tudo do jeito que ela tinha pensado quando seu amigo comentou sobre a ação e claro que seria assim que os dois se despediriam da loira.
– Pode abrir seus olhos. – Disse ao pé do ouvido dela.
– Ai, meu, Deus! Vocês fizeram para mim? Eu não acredito!
– Acredite , me contou do seu desejo com, ou melhor, da sua vontade e então eu resolvi fazer com que desse tudo certo.
– Eu só dei uma ajudinha para minha mãe.
– Vocês são incríveis serio não sei que seria desse último dia de viagem sem vocês.
– Senta aqui. – Bateu suavemente na grama coberta. – E você vai voltar como?
– De carro. – Sentou-se.
– Você veio até aqui de carro? – Ela cortou um pedaço de bolo.
– Sim, foi tranquilo acredite, foi mais calmo que eu imaginei e espero que a volta também seja.
– Vai ser. – Ele disse aflito, sentindo uma pontada no peito.
– Então, passamos quase que uma semana juntas, e você não falou nada sobre você.
– É verdade. – Sorriu tímida logo depois de dar uma mordida no bolo. – Eu sou medica veterinária, e tenho os melhores avos do mundo. – Se referiu aos seus vizinhos.
– Eles devem ter orgulho, os meus moram longe de mais, e ai perdemos contato, nem sabemos onde estão. – Comentou.
– Eu disse que seus avos estão em Florence, você que não se recorda.
– Em que lugar Nelle? – Ela questionou
– Norte de Florence.
– Ah, eu moro no sul, se não dava um jeitinho de levar algo de vocês.
– Não precisa, quem sabe um dia vamos para lá e ai visitamos você. – A mais velha agradeceu.
– Vou amar, me avisem por conta do trabalho.
– Acho que podemos dar um jeito de ir ainda nas suas férias, não é mãe?
– Claro filho! Vamos nos ajeitar e ele te informa ok?
– Isso, eu vou amar a presença de vocês lá, agora vamos comer pois está maravilhoso esse bolo. – Pegou mais um pedaço.
ia ficar até as três horas da tarde, pois queria voltar com a noite caindo, não ia se incomodar de pegar a estrada no escuro, afinal a estrada que ela sempre usava era a mais tranquila todas; Depois do piquenique voltaram para aonde Antonella trabalhava, naquele dia não iria passear nem mesmo visitar algum ponto turístico ia só ficar ali com aquelas quatro mulheres e com , admirando aquela pequena família que acolheu ela com muito amor.
Ficou para almoçar e depois já iria embora, então quando recebeu o aviso que a comida já estava sendo feita ela e foram para o local onde se conheceram apenas por passear.
– Então é só você e seus avos? – Ele perguntou encostando no muro.
– Sim, apesar de que eles moram na casa em frente a minha.
– Pelo menos você os tem.
– Sim, fico muito aliviada com isso. – Sorriu. – Ainda mais quando estou doente, ela vai lá para cuidar de mim.
– Mimada. – Ele brincou.
– Sou mesmo, se duvidar vou ser mais mimada agora do que doente.
– Não duvido, a pequena neta ficou longe de casa uma semana toda. – Pegou o celular. – Podemos tirar uma foto?
– Dez euros. – Riu. – É claro, mas dá uma abaixadinha você é mais alto que eu.
se abaixou um pouco para poder ficar proporcional a garota, e tiraram mais de duas fotos, sendo uma delas no fundo demostrando as cartas deixadas no muro, o principal motivo para eles terem se tornados amigos. Depois de um tempo conversando e se conhecendo mais eles voltaram para casa almoçaram e deixaram as horas se aproximando e assim a saudade já ia nascendo.
– Bom está na hora de eu ir. – Se levantou. – Eu agradeço profundamente tudo que vocês fizeram por mim, até mesmo me deixarem participar e ser temporariamente uma secretaria da julieta, nossa eu não sei o que seria de mim aqui sem vocês. – Com sua sinceridade e seus olhos marejados deixou transparecer seus verdadeiros votos a eles.
– Nos que agradecemos , você nos ajudou com as cartas de perdas, nos trouxe alegria e uma amizade incrível, eu e meu filho. – O procurou com os olhos, mas não tinha o achado. – E as meninas. – Disse em um sorriso para as suas amigas secretarias.
– Você foi um anjo que caiu do céu, salvou mais das metades das cartas. – Paola confirmou.
– O que seria de nós sem você, flor.
– Ai gente, vamos parar se não todas nós vamos estar chorando. – Pegou sua bolsa. – Tchau, até mais.
– Tchau , ah isso aqui é para você, sua carta que foi respondida pelas secretarias da julieta. – Antonella entregou.
– Agradecida.
se despediu de todas com um pedido: que elas não a acompanhasse até a porta, assim não ficava mais doloroso para ambas as partes. Saiu procurando a chave de seu carro quando a encontrou olhou para frente e viu encostado no automóvel com os braços cruzados.
– Será que nos vemos de novo?
– Eu não sei, mas espero que sim. – Parou na frente dele.
– Não pode ficar uma semana a mais, ou alguns dias.
– Preciso voltar, mas queria ficar mais eu gostei daqui, das pessoas dos novos amigos.
– Eu nunca vou te esquecer . – Se aproximou. – Eu nuca irei me esquecer de você. – Reforçou.
– Eu também , você permanecera para sempre em meu coração. – O abraçou.
– Promete que não vai se esquecer de mim? Que vai manter o contato comigo? – Afagava os fios loiros dela.
– É claro, eu não vou deixar de mandar mensagens para você, só quando eu estiver dormindo. – Sorriu ao se soltar. – Pode acreditar em mim, agora eu preciso ir.
– Cuidado na estrada. – Deu um beijo no topo da testa. – Se precisar de algo no meio do caminho pode me chamar.
– Tomarei não se preocupe, até mais . – Deu um beijo no rosto dele.
– Até mais .
Entrou no carro e acenou para ele, agora sua volta para Florence seria unicamente ela e seu Spotify; Foi tranquilo como ela realmente esperava ser e imaginava, só sentiu falta das Brusquetas que Francesca fez para ela levar na ida. Suas costas doíam de tanto ficar sentada, saiu do carro com toda a dificuldade sua lombar já não a ajudava mais como antes, retirou suas malas e colocou na frente da porta de sua casa e quando destrancou a porta pode ouvir a voz de Francesca.
– Achei que não voltaria mais. – Abraçou a neta.
– Cheguei. – Sorriu. – Morta de cansada.
– Entre, vou levar seu almoço, e você me conta tudo.
– Ok, cadê o Ezio?
– Ele saiu para comprar algumas frutas, logo ele chega.
sorriu e acenou com a cabeça – agradecendo – entrou em sua casa tomou um bom banho e esperou o almoço, uma bela de macarronada com molho rose; Enquanto comia contava todas as novidades e tudo que aconteceu, até mesmo as novas amizades que ela fez em Veneza era tudo perfeito para ela, e aquela semana toda só aconteceu ali dentro daquela “bota”.
Esperou sua avó sair para poder ler a carta que as secretarias haviam respondido; Na mesma ela definiu tudo o que sentia desde a perca de seus pais, e de seu ex-noivo Victorio.
“Querida , existe momentos em nossas vidas que as piores dores vem todas juntas, fazendo com que tudo desestabilize nossa base fazendo com que tudo que achamos que nada poderá melhorar e fazer com que viramos a página e transforamos essa dor em uma capa dura para podermos crescer.
Mas é nos momentos mais simples que conseguimos ver o quão evoluímos, e com você não foi e não será diferente. Muitas vezes é apenas uma questão de sentar e olhar para fora, ver o quanto tudo que você conquistou até hoje se tornou, uma linda medica veterinária com dois avós que te amam, sei que ainda deve estar sendo difícil para você, mas não podemos desanimar então aqui através dessa carta venho te dizer, sinta a brisa que Veneza proporciona, veja o amor passar por você igual o perfume das flores e o mais importante não deixe de se amar você é incrível .
Quem sabe você pode encontrar seu Romeu aqui, igual a mim.”
Suas lágrimas deslizaram depois de um bom tempo as evitando. Nunca imaginou que o que estava escrito ali, foi tudo que ela passou a semana inteira em Veneza. Guardou a carta dentro de um potinho branco com um cachorrinho de cristal na tampa, enviou uma mensagem para avisando que tinha chegado, estava bem e sendo mimada como eles haviam comentado.
É tudo que tinha acontecido naquela semana ia ficar apenas gravado em momentos únicos em sua memória. Aquele dia foi estranho para os dois, a presença de cada um fazia com que eles se sentissem vazios, sem muita razão para acordar e fazer as tarefas, a única coisa que fazia com eles se sentissem mais próximos.
Dias se passaram, e suas férias estavam chegando ao fim, não havia comentado se eles – ele e sua mãe – iriam visitar os avós maternos. Sua espera foi grande que chegou a desistir de acreditar que eles iriam no final das férias dela. E junto de sua espera suas férias haviam acabado.
Anos se passaram. e Felippo permaneceram mantendo contado um com o outro e independente da hora eles davam um jeitinho de conversarem por vídeo conferencia, não era a mesma coisa, mas dava para matar um pouquinho das saudades. E com isso algo a mais foi crescendo no coração de cada um, de tanto conversar e contar todos os problemas e conquistas fez com que cada um sentisse aquele calor no coração, aquela preocupação e aquele ciúmes que fazia arder até a alma quando ambos comentavam sobre um relacionamento relâmpago – em outras palavras ficar por uma noite, era incrível com Julieta fez os dois se encontrarem e principalmente sentiram o amor através da verdadeira amizade.
A manhã nasceu calorenta, Felippo acordou fez suas higienes matinais e foi ver se sua mãe precisava de algo antes de ir para o escritório das secretarias da Julieta. E como toda a manhã a mulher já avia saído, olhou para o celular inúmeras vezes esperando ter a certeza que não tinha deixado passar uma mensagem de , foi quando viu uma pequena janelinha piscar no visor do seu eletrônico alertando que um e-mail tinha chegado até ele. Pegou seu notebook ligou e acessou o e-mail assim era mais fácil de ler e responder, era nada mais e nada menos que seu chefe avisando que estava entrando de férias e que só volta daqui dois meses, merecido já que seu trabalho era exaustivo, não era fácil trabalhar em uma das mais renomeadas vinícolas da Itália – principalmente sendo a favorita da loira – era agora o momento mais inesperado de sua vida. Ir para Florence.
Avisou sua mãe das férias e que estava comprando passagem para Florence, claro que perguntou se ela ia junto que recebeu um sim sem delongas. Passagens compradas para daqui dois dias, eles iriam arrumar, mas não avisaria que estavam indo para lá, na verdade, ele não ia avisar que estava indo para lá, queria fazer uma surpresa para ela.
Dia da viagem.
Apressou sua mãe que a mesma terminava de passar o batom na frente do espelho; Desceu e entrou no taxi ele estava mais ansioso que a própria mulher que ia rever os pais. Saíram calmamente do carro enquanto seu filho fazia o check-in – desesperadamente diga-se de passagem. O voo não ia demorar muito para chegar até Florence, desembarcaram no fim da tarde e não se preocuparam mais uma vez em procurar um hotel para morar já que tinha a casa dos pais de Antonella, e sabiam que iam ficar nos quartos.
pagou o taxi depois de tirar as respectivas malas e sua mãe esperar que abrissem a porta. Um homem caucásico e de olhos negros saiu estranhando a presença da família e principalmente das malas.
– Pois não?
– Oi, eu sou e essa é minha mãe Antonella. Queríamos saber sobre o senhor Mariano, ele está?
– Ele se mudou a um bom tempo, eu comprei a casa já que é apenas eu.
– Me desculpe, grazie. – Nelle agradeceu.
– Grazie. – Se afastaram. – E então mãe, o que faremos? Não temos onde ficar.
– Ligue para um hotel reservando apenas uma única noite, pode pegar o quarto mais simples, eu vou ligar para seus avôs.
– A-alô madre*?
– Figla*, que bom escutar sua voz, está tudo bem?
– Sim mãe, a senhora se mudou?
– Nós nos mudamos sim, por quê?
– Eu e o íamos fazer uma visita surpresa, mas você se mudou.
– Eu passo o endereço por mensagem, não seja tapada, sua mãe agora tem whatsapp. – Fez a filha rir do outro lado.
– Está bem mãe, mande uma mensagem para mim, eu chego ai amanhã de manhã está bem.
– É claro figla, Buona notte.
– Buona notte, madre.
– E então? – Ele indagou.
– Vamos para o hotel e manhã vamos até o endereço que sua avó me passou.
– Ok. – Suspirou. – Vamos então.
O quarto era simples como ela havia pedido, apenas dois dormitórios para cada um; esperou sua mãe sair do banho e adentrou no mesmo, aquele vapor o ajudava a manter a calma e tranquilizar mais ainda seu coração sentia falta dela e como sentia, mas não era só como amiga algo no fundo de seu pequeno coração gritava por ela como bem mais que amiga. Sentou no sofá com a Budweiser que tinha na pequena geladeira do quarto. Tomou apenas uma garrafa tentando entender porque de tanto sentimento estranho pela a loira.
deitou no sofá – depois de tomar toda a cerveja – e adormeceu ali mesmo, só acordou depois que sua mãe praticamente gritou para acorda-lo; Se levantou trocou de roupa e desceu com sua mãe, lá no hall de entrada eles acertaram a hospedagem e chamaram um taxi, Antonella passou o endereço para o homem que levou eles para o local.
terminava de assar alguns Brioches para seu café da manhã; colocou a jarra de suco na mesa, pegou um pedaço do Brioche e passou geleia de ameixa e quando foi morder o primeiro pedaço escutou uma gritaria na rua e a voz do seu Ezio elevada ate de mais, levantou bruscamente fazendo seu copo vazio cair. Rapidamente destrancou a porta e ainda de camisola azul claro e seus fios despenteados. Não esperava ver Ezio aos prantos enquanto abraçava, ou melhor, sufocava uma mulher.
– Está tudo bem? – se aproximou, sem ao menos se preocupar com suas vestes.
– Sim, só minha linda filha ela aqui, com meu neto mais novo. Lembra que eu falei deles ? – Fran a lembrou.
– Me lembro sim.
se virou para ela e olhou nos fundo daqueles olhos azuis, era inacreditável aquela mulher ao lado de sua avó era a única mulher que desejava ver.
– ! – Seus olhos brilharam, seu coração palpitou cem vezes mais rápido.
– Oi! Não achei que você estivesse aqui, quer dizer. – Arrumou o cabelo. – Que eles fossem seus avós.
– Sou sim, eles. – Foi interrompido.
– , oi. – Antonella a abraçou.
– Vocês já se conhecem? – Ezio perguntou.
– Sim, quando ela foi para Veneza. – Sua filha comentou. – E olha ela aqui, é vizinha de vocês.
– Vamos todos entrar! – Ezio convidou. – Tomamos café da manhã juntos.
– Eu vou recusar dessa vez, tenho que me trocar e ir trabalhar. – Lembrou.
– Oh, é mesmo, vai lá bello, bom trabalho. – Francesca desejou.
– Obrigada Fran.
Fechou a porta e encostou nela, respirou fundo umas duas vezes focou no que tinha que fazer e principalmente se arrumar para poder sair afinal daqui meia hora ela entrava em cirurgia, voltou para a mesa tomou seu café da manhã extremamente rápido, trocou de roupa e pegou o pijama cirúrgico colocou dentro de sua bolsa e foi terminar de se arrumar, passou apenas um batom rosinha, rímel e blush se levantou prendendo seu cabelo em rabo de cavalo e correu para carro, estava atrasada.
O dia foi corrido para , duas cirurgias sendo uma delas de emergência, estava realmente exalta nem teria energia para poder passar apenas na casa dos Bhau. Já para foi o mesmo de sempre, sentiu falta de poder passar a tarde toda conversando com , de poder leva-la para conhecer as ruas, ali ele se sentia perdido como se não tivesse na Itália.
Estava na janela quando viu a garota chegar do trabalho, estava um tanto quanto diferente, não estava dirigindo calmamente e sempre olhava para trás através do retrovisor, logo atrás um SUV vinho estacionou quase batendo no carro prata da mulher, um homem desenvolvo, fios morenos e bem penteados milimetricamente colocados para trás com cera; O mesmo desceu com raiva e deixando seu carro aberto e ligado sem se incomodar com o ato.
– Quem é ele? Me fala! Eu sei que tem outro, por isso você não quer voltar comigo! – Alternava o tom de voz.
– Não tem ninguém Victorio! Eu não estou com ninguém, agora me deixa ir.
– Não mesmo. – Segurou o antebraço dela, apertando com muita força. – Você vai entrar comigo no meu carro.
– Não, Victorio, me solta!
tentava se soltar enquanto era arrastada para dentro da SUV. Francesca que estava na sala escutou a gritaria vindo lá de fora e a voz tremula se levantou com Antonella e Ezio em seu encalço, e quando perceberam que era saíram rapidamente para tentar ajuda-la. Felippo que estava na sacada da janela de hospede viu todo o acontecimento e ficou imobilizado não sabia que ela tinha voltado com seu ex-noivo muito menos que estavam em crise – e das feias –. Desceu da própria sacada apenas pulando dela já que não era muito alta e correu até .
– Fique longe dela. – Se aproximou da porta do passageiro.
– Quem é esse cara? – Victorio questionou com mais raiva.
– Eu não te devo satisfação Victorio.
– Vou falar mais uma vez. – Disse sentido seu corpo ferver. – Fique longe dela.
Victorio soltou uma risada sarcástica.
– Você ainda acha que eu vou soltar a ?
– Você vai sim.
deu um soco no rosto de Victorio, fazendo o cair para trás de tanta força que colocou no golpe, pegou pela mão e a puxou para mais perto de seu corpo e a levando em direção de sua família, ao fundo pode ouvir os passos de Victorio se levantando e indo em direção de , o puxou pela camisa e acertou ele com um soco na boca do estomago fazendo ele recuar para recuperar o ar. ficou espantada sem saber o que fazer se gritava ou se intervia na briga dos dois, mas foi quando caiu no chão que ela parou na frente de Victorio, a essa altura todos da vizinhança já estavam em suas janelas e fora de casa olhando a briga dos dois homens.
– Chega! Victorio vai embora! – Disse firme.
– E deixar você ficar ai com esse.
– Cale a boca, você não se atreva falar algo que desrespeite a ele ou a família dele.
– Eu não acredito. – Tirou o sangue que escorria no canto dos lábios. – Você está com isso aí?
– Mesmo se eu estivesse, você não tem o direito achar que eu ainda sou sua, eu deixei isso bem claro no nosso último encontro, a quatro anos atrás não lembra?
– Vai se arrepender por tudo, você vai se arrepender.
Victorio entrou em seu carro, e em alta velocidade saiu daquele pequeno showzinho que ele tinha feito. se virou para ajudar , mas ele já estava entrando na casa dos Bhau. Estava envergonhada não sabia como agradecer e como pedir desculpas para eles, na verdade não sabia nem o que fazer.
Entrou na casa deles e ficou sentada no pequeno sofá enquanto todos davam atenção ao garoto, por sorte ele não se machucou muito, mas ela sabia que não podia deixar ignorar todos os sinais dele e evita-lo de levar ao médico, podia ter dado uma complicação interna.
– Como você está ? – Francesca se aproximou.
– Estou bem, só meu braço que está um pouco dolorido.
– Eu vou passar essa pomada ok? Eu achei que vocês não se falassem mais.
– Mas não nos falamos, ele que me seguiu até aqui, por isso eu não fiz nada eu fiquei em choque ainda mais porque ele me seguia de carro, você lembra Fran a última vez que ele veio até aqui só faltou eu chamar os Assassin’s Creed. – Riu acompanhada da mais velha.
– Eu me lembro muito bem.
– Ele já veio aqui? – Fillipo se ajeitou no sofá, mantendo sua mão encima das costelas.
– Sim, esse dia junto com o nonno* colocamos ele para correr, achamos que ele nunca mais ia fazer isso, mas vi que hoje ele ainda é capaz de me persegue.
– Ele não tem limites, ainda acha que é dele, da próxima vez ele vai ter a presença da polícia.
– Não haverá próxima vez vô. – disse convicto. – Ele nem vai se aproximar dela.
Seu olhar demostrava raiva, tinha vontade de sair dali e ir atrás dele, mesmo deixando o homem com muitos hematomas. Saiu de dentro da casa de seus avôs deixando todos preocupados com a próxima atitude dele, principalmente Rossi que não sabia como ia ser a reação dele. Nas trocas de mensagem ela nunca citou que ele foi atrás dela, nem mesmo que seu ex-noivo a procurava ainda o que tinha deixado o homem mais furioso.
– Hei, onde você vai? – Fechou o portão.
– Andar, não está vendo?
– Não precisa ser tão rude comigo, e me espera por favor. – Deu uma corridinha para se aproximar dele.
– Porque não me contou?
– O que?
– O que? Você ainda me retribui com essa pergunta? Dele , dele!
– Me desculpa está bem? Mas eu não sou de falar sobre ele para qualquer um.
– E eu sou qualquer um?
– Não, não é, mas não é coisa que se conta por mensagem ou por chamada de vídeo, que amizade seria essa que sai contando tudo por mensagem? Tenho certeza que essa não é a nossa, afinal não foi você que ia me contar algo pessoalmente que não era noticia de se dar por mensagem e afins?
se virou e apoiou no poste de luz respirou fundo por alguns segundos e voltou a olhar para ela. Não respondeu às perguntas que ela fez, apenas a olhava, ela estava certa até ele tinha optado por contar as coisas pessoalmente para a garota. Apenas esticou sua mão para ela e ao sentir o toque da mesma a puxou para um abraço não tão apertado por conta das dores.
– Me desculpa. – A afagava. – Não vamos mais falar nesse assunto.
– Não mais. Vamos comer alguma coisa ou quer terminar de cuidar desses machucados?
– Melhor cuidar dos machucados, mas pode ser na sua casa? Minha mãe está ficando paranoica com esses cortes. – Riu.
– Pode ser sim.
Rossi o levou até sua casa, pegou a caixa de primeiros socorros e terminou os curativos e fez outros que nem se quer havia começado. Por fim ela preparou uma janta para os dois com a ajuda do rapaz. Conversaram, cozinharam e comeram. o levou para o terraço de sua casa e de lá ficaram olhando as estrelas e o céu limpo.
– Vai ficar quanto tempo aqui?
– Duas semanas, bem mais que você.
– Que novidade. – Bateu com uma almofada. – Sabe que não vamos poder ficar juntos?
– Como? – Fingiu estar indignado.
– Juntos, sair juntos. Meu Deus! – Ficou vermelha.
– Eu sei, eu entendi. – Gargalhava.
Ele virou de lado e apoiou seu braço para dar uma certa altura assim podia apreciar aquele olhar. O vento assoprava, calmamente como se estivesse-se acompanhando o ritmo do coração dos dois, calmo porem desesperados para ficarem mais perto um do outro.
– E o que você ia me contar pessoalmente? – Ela questionou com sua entoação baixa.
– O meu chefe disse que eu terei que passar um tempo fora de Veneza, terei que ir para outro lugar.
– Onde?
Sentiu seu coração ficar pequeno. Ele se aproximou até chegar ao pé do ouvido dela.
– Florence. – Voltou a olhar.
– Isso é serio? Florence? Aqui? – Ela chorava de felicidade.
– Sim, aqui eu vou passar essa temporada aqui com meus avôs, por isso que eu vim, precisava ver certinho desde o local até a casa deles. Está feliz?
– Feliz é pouco.
– Percebesse. – Tirou os fios do rosto dela.
Era para ser apenas uma conversa amigável, de amigo para amiga, mas ali naquele momento e no calor da emoção que a notícia propôs, o beijo aconteceu espontaneamente bom parcialmente pois esse um mês de troca de mensagem fez com que os dois sentisse, o amor que eles tanto procuravam.
– Perdoa, eu não, eu não sei onde estava com a cabeça. – Ela se desculpava.
– Tudo bem, não precisa se desculpar. – Acariciava o rosto dela.
– Vamos? Está tarde, preciso acordar cedo amanhã.
concordou com aceno de cabeça e se levantou ajudando a garota. Antes de abrir a porta, se despediram com um beijo repetindo de , sabia que ia ser difícil de não querer evitar beija-la e agora que sentiu que era correspondido – nos dois beijos – ele ia tentar de todas as formas namorar com ela.
Os dias passaram, ia trabalhar e até mesmo quando ela precisava virar a noite no hospital veterinário, ele ia ate lá conversavam e comiam alguma coisa feita pelas senhoras Bhau, Nelle e Fran. Era horrível pois as duas semanas não podiam passar juntos, não podiam sair adequadamente igual foi em Veneza, nem mesmo ir ver a igreja mais antiga da cidade eles foram (Ponte Vecchio, Piazza del Duomo e o Museo Galileo e Galleria); então o dia de Antonella voltar para Veneza se aproximou, e era nesse dia que se filho ia falar sobre o mais novo local de trabalho.
– Está tudo pronto? – Sua mãe perguntou.
– Podemos conversar? – Puxou a cadeira de seu quarto.
– Claro filho.
– Eu não vou voltar, só a senhora, essa viagem não foi só por conta das minhas férias, mas sim por conta que a vinícola me enviou até aqui para poder comercializar o novo vinho deles.
– Mas que benção! – Comemorou. – Eu estou tão orgulhosa por você meu filho, você além de me propor a visita aos meus pais você também me dá essa notícia, vamos comemorar antes de eu voltar para Veneza.
– Mãe. – Disse sem ânimo.
– Nada mais, vamos comemorar eu vou preparar aquele Carpaccio, vê se você consegue trazer a para almoçar com nós. – Se levantou. – Ah, você já falou com seus avôs?
– Não, pois sabia eu você ia querer fazer as honras. – Sorriu.
– Obrigada.
Riu, sabia que sua mãe gostava de dar as notícias para seus avós, agora vinha a duvida que ele teve ao ver em Florence, ela era neta dos seus avós? Iria tirar essa dúvida ainda hoje, enquanto eles voltassem para a casa dos Bhau. , esperou ela terminar de atender um cachorrinho para poder entrar no consultório dela. Comentou sobre o ocorrido e a chamou para almoçar com ele e sua família, com todas as certezas ela aceitou, avisou seu chefe, trancou seu consultório e entregou a chave para a recepcionista. Os dois foram andando até a rua que eles moravam.
passou em sua casa trocou de roupa e foi almoçar, enquanto eles esperavam ficar pronto, tentou ser gentil com as palavras e tirar a sua dúvida com ela.
– É, então eles que são seus avós?
– Sim, um amor né? – Disse inocentemente.
– Minha mãe não falou que tinha outro irmão ou irmã.
– Hã? Ah, meu Deus. – Gargalhou. – Eu os considero como meus avós, mas eles não são meus avós de verdade, segundo eles, a filha deles não deu uma neta só dois netos e então desde o dia que eles se mudaram e começamos a conversar com eles me adotaram como neta.
– Sem grau parentesco?
– Sem grau parentesco, pode acreditar.
– E eu acredito em você .
– Mas do jeito que você falou, realmente parecia ser eles.
– Eu imagino. – Sorriu. – E seu irmão?
– Lorenzo? Acho que você nunca ouviu falar dele.
– Não, sua avó me mostrou uma foto dele e ficou por isso.
– Ele é meu irmão mais velho, quando descobriu que tinha posse sobre a vinícola do meu pai ele se mudou de cidade. Ele sempre teve ambição, ser rico e ter uma vida de rei, mas nunca foi isso que nós queríamos, tanto eu, minha mãe e meus avós, então revoltado ele se “desfez” da família e com isso nunca mais o vimos.
– Você fala com tanta emoção. – Brincou. – Mas fora isso, ele era legal? Com você pois eu não sei o que é ter um irmão mais velho.
– Era sim, me protegia nas brigas de escola, era um bom irmão. Vamos logo se não minha mãe vai achar que você não vai. – Apressou os passos.
Os dois chegaram a tempo, a comida já estava pronta e bem saborosa. Além do prato favorito de seu filho, Antonella fez uma lasanha ao molho branco e abriu o vinho favorito da família. Todos se serviram e comemoraram a nova etapa de no ramo de trabalho; No meio tempo que ela – – estava lá, a mulher recebeu uma ligação dizendo que estava dispensada, pois a mulher de seu chefe estava entrando em trabalho de parto. Uma benção para o casal que fazia a um bom tempo que tentavam ter a graça de um bebê.
A noite caiu e Nelle estava se despedindo de todos no aeroporto, Fran como sempre estava chorando mesmo com a mulher falando que daqui a três meses ela voltava para Florence.
Quatro anos depois de está morando em Florence juntamente de seus avós. Os dois haviam ficado mais próximo um do outro, contavam coisas que nem mesmo contaria para a as respectivas mães. Era bem mais que uma amizade e era nítido, porém não queria que se estendesse, ou melhor, ela não queria perder a única coisa que fazia tão bem depois de tanto tempo depois do que Victorio fez com ela.
Em um certo dia, feriado de carnaval, e Francesca saíram juntas para comprar algumas coisas para a comemoração na rua, elas ficaram encarregadas dos comes e bebes sem duvidas que pediram para trazer uma quantidade de vinho, já as bebidas não alcoólicas elas levariam e fariam.
– Sabe , acho que meu neto gosta de você.
– Como? – Tossiu. – Não Fran, não está não somos apenas bons amigos.
– Você também gosta dele, só não quer assumir para você mesma. – Mexeu no cabelo da neta.
– Fran. – Sorriu sem graça.
– Pense nisso, vou ir pagar já volto.
E lá fora ficou pensando no que a sabia, de certo modo, falou para ela. Será que era apenas questão dela assumir para si mesma que gostava do seu vizinho – lindo e gostoso, mas não era por estética que se apaixonou era por quem ele era com e sem estar ao lado da loira. Completamente confusa com seus sentimentos, resolveu deixar que a vida guiasse os dois para o caminho certo dando espaço aberto para um relacionando.
A noite chegou e contigo o carnaval da rua, os moradores fecharam a mesma com cones enfeitados, as fitinhas feitas de papel laminado colorido refletia as luzes que apontavam para a pista de dança improvisada, o carnaval tinha um tema e ele remetia ao tempo antigo, mas não era obrigatório está cem por cento a caráter, eles podiam também estarem fantasiado de algum personagem.
– Olha só, se não temos a senhorita Evie Frye. – Ele disse próximo do ouvido por conta do som alto. Bhau, o neto, estava atrás da mulher. Ela se virou.
– Sim, e vejo que não sou a única Assassins aqui.
– Não mesmo, Arno Dorian. – Segurou a mão dela. – Ao seu dispor. – Depositou um beijo.
– Meu Deus, que imitação mais perfeita. – Gargalhava. – Espetacular.
– Eu sabia que ia gostar. – Se gabou. – Quer sair daqui, está muito alto o som.
– Sim, vamos lá para cima. – Se referiu a sua casa.
Subiram rapidamente, não gostavam muito de som alto.
– E então Evie. – Gozou da situação. – Será que alguém lindo e encantador, consegue algo com uma mulher incrível e indescritível como você?
– Sem duvidas não. – Ria mais ainda. – Você é muito tolo sabia?
– Sim eu sei.
– Tomou vinho de mais, está comprovado.
– Quem sabe umas duas taças a mais. Mas a verdade é que, eu. – Não conseguia achar palavras que se encaixavam suavemente.
E ali, tranquilamente e por pura vontade, Rossi se inclinou passou seus braços em volta do pescoço do rapaz e selou seus lábios; Bhau a puxou pela a cintura deixando o beijo mais intenso e caloroso. Ele começou a desabotoar o casaco que ela usava de sua fantasia, separou seus lábios e o puxou pela a mão o direcionando até seu quarto, tinha planos para aquela noite, e não era recente. Sonhou com aquele momento desde o primeiro beijo dos dois.
Entre beijos pediu para que ele tirasse uma boa parte da fantasia e esperasse por ela sentado na cama. A mulher tirou parte de sua fantasia também, mas deixando apenas sua lingerie por debaixo do vestido preto que ela já usava. Saiu do toalete deixando a pequena caixa de som tocando a única música que podia definir tudo que ela queria passar naquele momento. Dance for You, da Queen B.
puxou a cadeira para perto e sentou nela, enquanto apenas o som do instrumento tocava ela ficou o encarando com um sorriso malicioso e quando a voz soou ela se levantou e começou a dançar para ele; descia e subia com a maior sensualidade que ela guardou apenas para ele, deslizava suas mãos pelas suas curvas e mexia seus fios loiros com volúpia no mesmo ritmo da música, juntamente com os movimentos de suas curvas.
Aproximou-se mais dele, virou-se de costas e apoiou nas pernas dele assim desceu e depois rebolou encima dele; Quando a música chegava mais perto do fim se despia cada peça para cada frase até ficar nua.
Não aguentou mais esperar e a puxou para a cama, deitando encima dela. beijo o corpo todo dela inteiro, passando pela mandíbula e até chegar a virilha dela. Sentiu os dedos da mulher puxando seus fios, o deixando ainda mais com desejo de poder senti-la por inteira. Tirou sua roupa e pode desfrutar da melhor sensação que aquele amor estava propondo aos dois.
Uma única noite acompanhada de quatro anos convivendo junto foi bem mais que certeza que os dois se amavam e quem sabe, um futuro que os dois sempre imaginavam, O Casamento.
Daquela noite em adiante, os dois assumiram o namoro para a família e amigos. Todos sem exceção comemoraram. Com o tempo os dois começaram a organizar os preparativos do casamento, e como o amor era grande não precisavam mais de alguns anos para terem a prova que eles eram o verdadeiro amor, igual Julieta e Romeu.
Completava-se cinco anos de casamento. e preparavam as malas para poder ir até Veneza. Os dois tinham um único objetivo, renovar os votos.
Sem que ela soubesse, o homem tinha conversado com seu chefe e ambos tinham preparado uma surpresa, A Surpresa; Quando chegaram no hotel seu marido pediu para que ela colocasse o vestido e entrasse no táxi do numero 141, não era para questionar e colocar a venda quando o motorista pedisse, sem mais ela concordou percebendo que não teria argumentos que o faria falar.
No local marcado, a esperava de smoking preto e gravata vermelha. Em suas mãos um buque de rosas brancas, o padre estava no altar improvisado. Ao ver o taxi chegar com sua esposa, caminhou até o automóvel e abriu a porta e apenas disse um oi simples para ela, assim saberia que já estava com o homem. A guiou até o tapete vermelho de falsas pétalas, sabia que ela não ia querer que fossem pétalas de verdade, colocou o buque na mão dela e voltou para onde estava. A esposa de seu chefe tirou a venda e apenas disse para poder continuar a andar.
Era bem mais do que ela imagina, estava simples, com seu vestido dourado e ele com a gravata vermelha igual tinha comentado, estava impecável; O pequeno tapete de pétalas vermelhas, e ali na frente apenas e o Padre, até mesmo o Chefe e a esposa tinham saído da pequena cerimonia.
– Estamos aqui para abençoar a união deste casal, abertamente neste lugar lindo e abençoado e de baixo dos olhos de Deus. É de livre e espontânea vontade que vocês estão aqui? – Questionou.
– Sim. – O casal respondeu.
– Então vamos dar a continuação. Rossi Bhau, você aceita casar e renovar os votos com Bhau?
– Sim, eu aceito mais que tudo em minha vida. – Sorria enquanto chorava,
– Bhau, você aceita casar e renovar os votos com Rossi Bhau?
– Sim, eu aceito mais que tudo em minha vida. – A olhou.
– Eu os declaro, marido e mulher, novamente. – O padre deu uma risadinha. – Pode beijar a noiva.
Ao termino da cerimônia, os dois agradeceram o padre e andaram um pouco pela vinícola. Conversaram e apreciaram aquele lugar, Bhau contou como conseguiu a uma hora para os dois ficarem ali tranquilamente.
- , como esse sobrenome surgiu assim? – Sua esposa indagou.
- Esse é o sobrenome do meu pai, pedi para que fosse colocando mais deixasse o Bhau por último, quero que nossos filhos levam em adiante esse lindo sobrenome.
– Concordo, e não imaginava que fosse um nome assim, não lindo e maravilhoso. Aqui é tão lindo, eu nem acredito que era você que apresentava o novo vinho. – Ela disse sentido os braços de seu marido envolta dela.
– E imaginar que eu entreguei para você o vinho.
– Mundo pequeno. Tenho uma coisa para contar.
– O que seria?
– Você não pode mais levar vinho pra casa.
– Por quê? – Questionou confuso. – Você ama vinho, principalmente daqui.
– Então eu não posso mais beber vinho por isso.
– eu ainda não estou entendendo.
– . – Virou para ele. – Me de sua mão. Isso agora eu vou repetir ok? Eu não posso. – Colocou a mão dele em sua barriga. – Beber vinho, meu amor.
A voz de sua esposa sempre soava como a mais bela melodia para ele, mas aquela pequena frase acompanhada do gesto se tornou o canto dos anjos para ele; Indescritível era a palavra que definia tudo que ele sentia e queria falar, mal recebeu a notícia e já queria ver o rostinho daquele anjinho que estava no ventre de sua mulher. Meu Deus, como ele esperou tanto por esse tempo, como esperou por essa notícia a cada dia que acordava e a cada noite que dormia, e agora, depois da renovação de votos ele recebeu o melhor presente. Sua pequena princesa, Bella.
Os nove meses mais esperados, mais aguardado e bem planejado. Bella nasceu saudável e grandinha, seu pai quase desmaiou enquanto acompanhava o parto normal. E quando pegou sua pequena nos braços, apenas lagrimas definiam seu sentimento. Agora eles eram a família que ele sempre sonhou em ter. A sua família Rossi Bhau.
FIM
Nota da autora: Oi amores, Espero que gostem dessa ficstape, minha ideia no começo era colocar ela como restrita, mas infelizmente não deu muito certo... Estou triste por isso porem a vida que segue. A mesma foi inspirada um pouquinho no filme “Cartas para Julieta” e o resto foi a minha paixão que tenho por Itália meu país de sangue e coração, e também – nitidamente – alguns leves elementos de Assassin’s Creed, um jogo que eu amo assim muito e eu queria fazer referencia ao mesmo faz um tempinho.
Alle e Lippo foram meus amorzinhos durante esse tempo que passei com eles e espero que também seja o amorzinho de vocês.
(Cara beta, não precisa deixar o link da minha pagina de autora ali, pode tirar e colocar só com o icon) “Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.
Vou deixar aqui os lugares onde vocês tem acesso a cada informação da Fic e também minha Pagina da Autora, com todas as Minhas Fanfics e informações sobre mim.
* Evie Frye faz parte do jogo Assassin’s Creed Syndicate e o Arno Dorian do Unity.
** O nome Ezio também foi inspirado no personagem principal do jogo.
Glossário Italiano = Português.
Buongiorno - Bom dia.
Buona notte, ciao - Boa noite, tchau.
Bel fiore - Bela flor.
Polpettas - São almôndegas de carne em formato esférico.
Piccolo Animale - Pequeno Animal.
Brusquetas - Pequenas torradas de pão com azeite e tomate.
Bounasera - Boa Tarde.
Grazie mille - Muito Obrigado(a).
Dolce con acidità - Doce com acidez.
Brioche - É um croissant.
Madre - Mãe.
Figla - Filha.
Nonno - Avô.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Alle e Lippo foram meus amorzinhos durante esse tempo que passei com eles e espero que também seja o amorzinho de vocês.
(Cara beta, não precisa deixar o link da minha pagina de autora ali, pode tirar e colocar só com o icon) “Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.
Vou deixar aqui os lugares onde vocês tem acesso a cada informação da Fic e também minha Pagina da Autora, com todas as Minhas Fanfics e informações sobre mim.
* Evie Frye faz parte do jogo Assassin’s Creed Syndicate e o Arno Dorian do Unity.
** O nome Ezio também foi inspirado no personagem principal do jogo.
Glossário Italiano = Português.
Buongiorno - Bom dia.
Buona notte, ciao - Boa noite, tchau.
Bel fiore - Bela flor.
Polpettas - São almôndegas de carne em formato esférico.
Piccolo Animale - Pequeno Animal.
Brusquetas - Pequenas torradas de pão com azeite e tomate.
Bounasera - Boa Tarde.
Grazie mille - Muito Obrigado(a).
Dolce con acidità - Doce com acidez.
Brioche - É um croissant.
Madre - Mãe.
Figla - Filha.
Nonno - Avô.