Estava dirigindo quando meu telefone tocou. O nome de Amanda apareceu na tela e eu sorri ao ver sua foto.
- Amor. Já estou voltando.
- Senhor John? Aqui é o bombeiro Jones. Houve um incidente na sua casa e precisamos da sua presença aqui.
- Que incidente? Cadê a Amanda?
- É melhor que você veja com os próprios olhos. Não posso lhe informar detalhes por telefone.
A ligação caiu e eu nem tive tempo de responder. Por sorte estava perto de casa e acelerei. O trânsito estava tranquilo e não demorei para chegar. Tinha aglomeração anormal na entrada do meu prédio. Vi pessoas com semblantes nada agradáveis. Uma ambulância, um carro dos bombeiros e um carro do IML se aproximava. Mas o que estava acontecendo?
- Você é o John? – Assenti. – Sou o Jones, nos falamos por telefone. Por favor, me acompanhe.
Acompanhei o bombeiro até o meu apartamento e assim que a porta foi aberta eu me deparei com uma bagunça que se Amanda pudesse ver aquela cena surtaria até tudo estar em seus devidos lugares. Enquanto caminhava pelo apartamento encontrei algumas cartelas de remédios jogadas pelo chão. Estavam vazias. Comecei a suar frio já esperando o pior.
Corri até o quarto e ali me deparei com a pior cena já vista. Amanda estava ali, completamente imóvel. Um copo quebrado no chão, mais cartelas de remédio. Me aproximei dela e toquei sua pele. Estava gelada. Ela estava morta. Uma pontada de dor tomou conta do meu coração.
- Ela está morta? – Questionei.
- Infelizmente sim. Suicídio.
- Eu não consigo acreditar que ela tenha se matado. – Ali estava eu em prantos.
Joguei meu corpo por cima de Amanda e deixei as lágrimas cada vez mais intensas escorrerem, caindo sobre ela.
- Desculpe interrompê-lo. Precisamos levá-la.
- NÃO! VOCÊS NÃO PODEM TIRÁ-LA DE MIM.
- Eu sinto muito por sua perda.
- NENHUM DE VOCÊS ENTENDEM. ELA ERA MINHA ESPOSA.
- Por favor, acalme-se.
- NÃO QUERO ME ACALMAR. SÓ QUERO MINHA ESPOSA.
Senti meu corpo ser puxado para longe de Amanda e meus olhos se recusavam a acreditar que ela estava morta e que estava sendo levada naquele momento.
- Com licença. – Algum bombeiro se aproximou.
- Entre.
- Encontramos esse envelope em um dos bolsos da calça de sua esposa. Tem o seu nome.
O bombeiro me entregou o envelope e se afastou. Continuei no quarto, dessa vez me sentei na cama. Não sabia se deveria ou não abrir aquele envelope. Ela havia escrito para mim. Minha Amanda deixou uma mensagem. Apesar de ter aquele envelope em mãos, tudo o que eu queria era tê-la de volta. Ao mesmo tempo que mantinha a calma, o desespero tomava conta de mim.
Eu não tive tempo de me despedir, vivemos um conto de fadas. Costumava pensar que ela nunca me deixaria, mas ali estava eu. Sozinho. Abri o envelope e decidi ler o que ela havia escrito para mim. Eu precisava entender.
“Meu amor,
Muitas coisas nessa vida não fazem sentido. Muitas vezes buscamos por explicações, respostas. Nem sempre ouvimos o que gostaríamos. Nem sempre nossos sonhos se realizam, então outros sonhos vêm e o agarramos com força. Lembro-me exatamente do momento em que você me levou ao hospital por estar há dias enjoada e não entender o motivo. Lembro de quando o doutor nos olhou e disse “O enjoo é normal nas primeiras semanas. Logo vai passar. Parabéns.”, nos olhamos confusos e o médico nos disse que eu estava grávida. A felicidade tomou conta de nossas vidas de forma imensurável. Desde então, passávamos horas falando sobre nomes de bebês, pensando no sexo da criança, em como decoraríamos o quarto e como contaríamos a nossas famílias. Ver a alegria nos olhos dos nossos pais nos deixava ainda mais felizes.
Mas aí tudo mudou. Enquanto subia os degraus da nossa casa, segurando algumas sacolas, pisei em falso e caí. Desci rolando a escada e caí desmaiada no pé da escada. Você abriu a porta de casa algum tempo depois e me encontrou sob uma poça de sangue. Eu não estava morta, apenas desacordada. Corremos para o hospital e precisei ficar dois dias em observação. O mesmo médico que nos deu a melhor notícia que poderíamos receber também nos tirou o chão. Eu tinha perdido o nosso filho, nosso sonho.
Eu não consegui superar o que houve. Acordava me culpando todos os dias. Acordava infeliz. Tomar essa decisão foi a mais difícil que tomei na vida, mas eu não conseguiria viver normalmente carregando esse peso de ter destruído o nosso sonho. O meu amor por você é e sempre será incondicional. Eu sinto muito ter que deixá-lo dessa forma. Sinto muito lhe proporcionar tamanha dor. Mas nós dois precisamos seguir em frente. Eu estou interrompendo aqui, mas você merece o mundo inteiro. Merece conquistar o mundo inteiro. Não canso de dizer que o que mais me faz te amar é a sua bondade, altruísmo e paciência. Eu te amo mais que qualquer pessoa no mundo. Eu te amo como nunca amei nenhuma pessoa nessa minha vida. Eu te amo.
Com todo o meu amor,
Amanda.”

Nota da autora: Fanfic chorosa passando pelo FFOBS.





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