CAPÍTULOS: [Prólogo] [Epílogo]









Prólogo



“Olá.
Aqui quem vos fala é uma antiga fã. Ouso dizer: uma fã que já amou vocês mais do que imaginou que poderia amar alguém.
Não queria me destacar por minha nacionalidade, mas isso é meio impossível. Sou brasileira. E posso dizer que a credibilidade da banda (ou da antiga banda?) em meu país, não está das melhores.
Pode ser que vocês tenham milhões de cartas para ler e nem cheguem a abrir a minha, correr os olhos e saber que escrevi com as últimas esperanças do McFLY voltar a ser o que era antes. E, bom, eu realmente não espero mais.
Vocês foram meu maior amor, minha maior batalha, que eu “nunca” abandonei. Pois estou a ponto de abandonar.
Não sei o que aconteceu para vocês mudarem de atitude tão rápido assim, de entrar numa banda sem previsão nenhuma de dar certo, e agirem como se realmente deu certo quando, na verdade, isso é uma mentira.
Eu só desejo que vocês repensem tudo que já fizeram. Se vale a pena continuar fazendo uma coisa que só lhes convêm e não a nós: fãs.
Não sei se ainda posso me colocar nesse meio, depois de tantas decepções. De qualquer forma, ainda estou aqui pedindo:
Se eu estiver enganada, me mandem uma resposta. Só isso que eu peço. Uma resposta.

De uma fã decepcionada.
Ex-fã. Talvez.”




Things That Should Be Said



Essa poderia ter sido uma simples carta aos olhos de Jéssica. Brasileira, 17 anos, com sonhos e perspectivas de vida, tendo uma das suas maiores admirações sendo arruinada. Mas não. Não foi uma simples carta.
Quando Tom pousou a mão naquele envelope branco, com listras verdes e amarelas na borda, ele tinha certeza que aquela não era uma simples carta. - Abre logo! - Danny resmungou.
- É, Tom, para de ficar alucinando. Já entendemos que essa não é uma carta qualquer. Agora, faça o favor de abrir! - Dougie desabafou, já irritado com aquele clima de situações de outro mundo que Tom impôs no ambiente.
Nem tão rápido assim, o rapaz abriu a carta e leu cautelosamente em voz alta. Depois do último trecho, eles se olharam como se realmente houvesse algo de errado. Aquela menina e sua simples carta haviam tocado numa ferida e os outros meninos achavam que aquilo não iria dar certo, então, sim, eles queriam muito rir. Por puro nervosismo. Tirando o monocova do meio, já que tinha a expressão facial nitidamente nervosa e não havia nenhuma possibilidade desta vingar numa risada.
Os risos só cessaram quando ele se irritou e começou a esbravejar na frente dos outros pedindo atenção. Pois, não, ele não admitiria aquilo.
- Epa, mais respeito pela menina que escreveu isso, tá bom? - pediu. - Peguem leve.
Harry o olhou de canto de olho, ainda com o riso na cara, mas logo percebeu que Tom falava sério e que havia algo de errado com ele.
- Ei, Tom - o baterista disse - Tá tudo bem com você?
Depois de umas olhadas cabisbaixas para os pés de quem estava no ambiente, ele resolveu parar de esconder o que estava sentindo naquele um mês e meio, e colocar tudo para fora antes que explodisse em casa, em frente a sua mulher, que nada tinha a ver com isso.
- Ah, cara… Na moral? – ergueu a sobrancelha e viu os outros dois mantendo os olhos por cima dele também - Não tô bem, não, dudes.
- O que aconteceu? - Danny retrucou, sentando numa cadeira-poltrona ali por perto do ambiente de trabalho e diversão e fixou o olhar nos movimentos do amigo.
- Eu… Apenas não entendo - realmente estava confuso, mas queria mostrar o motivo; por isso, deu-se ao trabalho de colocar a cabeça para pensar e formular um pouco de frases para ver se os colegas de banda entendiam o que se passava por ela - Acho que já faz um tempo que não estou satisfeito com o nosso trabalho. E… Como chegamos a esse ponto? Das nossas fãs perceberem que estamos errados? Nem elas nos reconhecem!
Antes de continuar falando, percebeu que todos mudaram suas posturas, como se aquele assunto fosse proibido. Não havia exceção: o incômodo era unânime. Mas não sabiam o que fazer, nem por onde começar para acabar com isso.
- Vocês estão legais? - Tom retrucou com um tom engraçado, já que essa foi a pergunta que fizeram a ele alguns minutos atrás. Percebeu que eles realmente não iriam responder e deixou a pergunta no ar.
Com um pouco de sono, e sem estar mais afim de discutir sobre aquilo, esticou suas pernas, sentou no chão e pousou sua cabeça no estofado do sofá onde suas costas apoiavam e fechou os olhos por alguns segundos. Num instante, eram 9 de março de 2015, noutro, eram 10 de julho de 2003.

Tom:

Parecia que minha cabeça podia explodir a qualquer momento. Meus olhos? Eu tentava os manter fechados. Se a dor de cabeça já era grande, imagina se eu os abrisse!
Fiquei daquele jeito até começar a sentir algo duro em minhas costas. Não, não é nada disso que vocês estão pensando! Era só a parede… Mas que parede se eu estava encostado num sofá? Foi, então, num pulo, que eu abri meus olhos e dei de cara com uma porta amadeirada com o número 305 escrito nela. Minha cabeça parecia ter voado, tamanha falta de peso que ela fazia em meus ombros naquela hora.
“Que loucura”, pensei.
Olhei em volta e constatei: ninguém no corredor. Nenhum barulho. Tudo ok. Mas aonde, diabos, eu estava? Demorou para cair a ficha, mas depois de umas horas, finalmente constatei que tinha voltado no tempo. Se eu não estava enganado, poderia ter sido armação do James e do Matt com aquela tal de “máquina do tempo” que eles cismam ter que usar. Façam o favor de manter esse negócio futurístico apenas dentro de suas músicas do Busted, ok? E nada de passado, por favor! De louca já basta a minha vida. Não, na verdade, aquela foi a coisa mais louca que eu já tinha vivido.
Em frente à porta 305, novamente, o número em preto, agora brilhava em dourado para mim. Desde quando eu tinha ficado daltônico?
Depois de 15 minutos tentando entender o que estava fazendo ali, comecei a ouvir barulhos estranhos, de pessoas falando.
“Ah, finalmente! Alguém veio me tirar daqui!” Pensei, feliz e empolgado. Pra minha surpresa, eram apenas Dougie, Danny e Harry. As três mocinhas elegantes: a cobra, o jacaré e o elefante.
Eles se aproximaram, andando e observando, como se também não estivessem entendendo nada.
“Ok, agora sim eu estou ferrado”, meus pensamentos voltaram a ser solicitados. Me mantive calado até eles notarem que eu estava ali e tomar alguma providência.
- Ei! - Dougie olhou para mim e depois para os outros dois - Esse não é o Tom? O que ele tá fazendo aqui?
Foi involuntário. Eu, Danny e Harry batemos em nossas próprias testas e balançamos a cabeça. Dougie consegue ser mais lerdo até que o Danny às vezes.
- Ô, cabeção! - Harry deu um tapa na parte de trás da cabeça de Dougie - E quem mais poderia ser essa pessoa?
- Eu, sei lá! - resmungou o baixinho - Vai que era só um vulto, ou… Estava vendo coisas? - levantou uma sobrancelha - Nesse lugar maluco, eu espero qualquer coisa.
- Tá, tá… - Danny mexeu a mão como se isso tudo fosse baboseira - Deixa de falar bobeira, Dougie. Eu só quero saber o que que estamos fazendo aqui.
É, acho que o nosso amigo lerdo, nesse caso, estava até adiantado. Ou não, já que eu já tinha me feito a mesma pergunta. Também queria sair dali, já que aquele lugar remetia lembranças desastrosas também.
- Ninguém sabe - comentei olhando para a porta que tinha me chamado a atenção.
Eles vieram mais para perto de mim e também observaram o número. Até o momento que Harry ia colocar a mão na maçaneta e Dougie gritou:
- Não! - arregalou os olhos - Não coloca a mão aí, seu retardado!
- Porque não? - o baterista perguntou.
- Vai que esse lugar está enfeitiçado… Só sei que não quero morrer.
Depois daquele comentário, eu, Jones e Judd resolvemos relevar as maluquices de Dougie. Sentia que eles também deviam estar se perguntando se ele voltou a ter 15 anos também, porque não era possível que aqueles comentários viessem de um ser com 27 anos.
- Vai, Harry, esquece o Dougie. Pode abrir a porta, sim - confirmei seu ato anterior.
E, então, ele abriu. E, para nossa surpresa, não tinha nada demais. A não ser um bloco de anotações no criado mudo ao lado de duas camas, uma janela fechada com gotas d’água no vidro, que denunciavam que havia chovido, e um céu cheio de nuvens cinzentas, confirmando a nossa denúncia.
Enquanto eu e os meninos falávamos sobre o tempo, Dougie tinha o caderno na mão, analisando o que estava escrito. Soube disso porque no momento em que nos viramos, a expressão dele não era das melhores.
- Tem algo muito estranho por aqui - ele falou realmente assustado - Isso aqui… - ele apontava pro caderninho, frustrado - É uma música nossa!
- O que?
- Oi?
- Como assim?
Nossas reações foram exatamente essas.
E para piorar a situação, fomos ver do que ele falava. Que música seria?
De título, lá estava ela: “Room on the third floor”.
Meu Deus! Como eu fui burro! Era claro! Estávamos no InterContinental! O hotel onde eu e Danny tínhamos feito aquela música! O hotel onde achamos que as aventuras seriam maiores e não menores… Aquele hotel. Como eu poderia não ter notado se, naquele momento, sentia que ele todo ainda estava tão vivo dentro de mim?
Mas ainda não entendíamos o que estávamos fazendo ali! E por que tudo estava tão velho, exatamente como deixamos quando tínhamos ficado por aqui. Claro que depois, como eu já falei, entendemos que foi tudo uma artimanha do tempo, mas, no momento, estávamos frustrados a ponto de querer sair dali voando por entre as nuvens cinzas que ainda estavam no céu, ameaçando cair mais uma penca d’água, como, eu bem lembrava, e sentia a nostalgia batendo por dentro de mim, do dia em que realmente chegamos ali. Não por uma aventura do tempo, mas pela ordem cronológica dos fatos.
Resolvemos nos acalmar e nos sentar para conversar e saber o que fizemos de errado (ou certo, huh?) para estarmos ali. Eu e Danny numa cama, Harry e Dougie na outra. Estávamos um de frente para o outro e começamos a analisar:
- Tocamos no show e depois fomos pro camarim… - Danny começou e sinalizamos que sim, aquilo era o correto.
- Depois do camarim, recolhemos nossas coisas e fomos pro estúdio. - Dougie tentou.
- É, e quando recolhemos nossas coisas, lembrem-se que pegamos comidas. - Harry fez uma boa observação - Alguém comeu alguma delas?
Balançamos a cabeça em negação e também tiramos a conclusão que, mesmo se um tivesse comido, não estaríamos os quatro ali.
- Então, como viemos parar aqui? - Harry perguntou com os olhos no chão e a mão na cabeça, coçando-a.
- Olha, eu lembro que tinha pegado no sono – pronunciei - Mas não sei como vocês vieram parar aqui - analisei-os e tentei seguir uma linha de raciocínio - Por acaso algum de vocês também tirou um cochilo?
Os três fecharam a boca e levantaram o dedo calmamente, confirmando que, sim, todos tinham dormido. Tá bom, mas então estaríamos sonhando o mesmo sonho? Ou…
- E aquela carta? - Harry falou com o cenho franzido, querendo saber se algo tinha a ver com ela, mas, não tendo provas para colocar a culpa nela, deixamos prosseguir o assunto, fazendo com que fosse apenas mais uma das suposições. Talvez a mais correta, mas isso só saberíamos depois de pensar muito.

Danny:

Depois que Tom pegou no sono, eu troquei algumas palavras com Harry e respirei fundo. Sentia algo pinicando em meus dedos, mas não me importei. Apoiei meu queixo em minha mão e, sem querer, fechei meus olhos por três segundos. Aquela foi a minha explicação para Tom sobre o que aconteceu para que eu aparecesse ali.
- Mas, por acaso, meu corpo ainda estava lá quando você falava com o Judd? - Tom falou, eufórico. Mas digamos que a preocupação era geral.
- Estava - senti minhas sobrancelhas levantando por livre e espontânea vontade, e ainda assim, completei - Não foi como se “BOOM”, seu corpo sumisse. Aí sim eu acharia que algum mágico entrou em nosso camarim e fez você sumir.
Depois de trocarmos mais ideias sobre aquela maluquice, assombração, mágica ou sei lá o quê, que aconteceu com a gente, continuamos com a conclusão mais óbvia: dormir foi o erro.
Dougie pulou da cama, depois dos quinze minutos que ficamos por ali, e se pronunciou:
- Pois bem… Além do fato de estarmos aqui ser uma bizarrice, também tem outra coisa que eu estava pensando - ficamos olhando para ele e ele passou o olhar por todos nós, querendo criar impacto na situação (já disse que ele é péssimo nisso?), mas não conseguindo - Será que esse lugar está sendo habitado, a não ser pela nossa presença?
Harry, que estava na minha frente, me olhou sugestivamente e Tom também concordou mentalmente, pelo que percebi pela sua face, com a pergunta de Dougie.
- É... Até que é uma boa pergunta. - Tom falou.
Dougie fez uma cara de quem estava bolando um plano e, antes que ele falasse, Harry tomou as rédeas com medo de saber o que sairia daquela cabecinha. - Veja lá o que pretende falar, hein, anãozinho - aproveitou e levantou sua sobrancelha, fazendo nosso loiro bronzeado rolar os olhos.
- Só ia dar a ideia de a gente ver o que tem por esse lugar. Não é tão óbvio? - bateu um pé no chão chamando a nossa atenção e depois bufou.
- É, vou ter que concordar de novo… - Tom falou levantando as mãos até o ombro, se redimindo. Eu e Harry não tínhamos muito o que discordar, então, só nos levantamos e fomos até a porta.
- Eu dei a ideia, eu vou na frente. - Dougie passou para nossa frente e fez cara de quem é o maioral. Depois daquela eu tinha certeza: ele tinha passado dos 20, mas continuava um adolescente. Praticamente, sem causa.

Dougie:

Fui na frente daqueles mongóis dos meus amigos de banda e desci pela escada que tinha pelo lado esquerdo, parando no 2º andar. Continuava achando aquilo tudo uma maluquice, mas, como falam, “quem está na chuva, é pra se molhar”.
Devo fazer uma breve pausa para dizer que, quando tomei aquele caderno em minhas mãos, logo que coloquei os pés naquele quarto onde passamos três noites para shows de primeira viagem, algo me disse que ele era bem importante para o que quer que iria acontecer por ali. Minha cabeça martelava querendo saber o que era, mas sentia que não era a hora, que tinha fatos mais importantes para ocorrer antes de bisbilhotarmos qualquer coisa por ali. Palavra de (antigo) escoteiro.
Descemos mais um lance de escada parando no térreo, vendo tudo limpo e inóspito. Percorremos o olhar por todo o lugar, mas não encontramos nenhuma alma viva. Danny, retardado como só ele, andou até um balcão curvado que havia perto da porta de vidro automática e nos chamou:
- Ei, gente! - falou mexendo as mãos no ar sem parar - Venham aqui - começamos a andar, intrigados, e ele se irritou - Rápido!
Sem mais delongas, chegamos lá e vimos uma mulher dormindo em cima de uns papéis por detrás do balcão. O susto foi geral e, Tom e Harry só não gritaram porque Danny tapou as bocas deles. Ao contrário da minha, que, naquele lugar, o grito ecoou por todo ambiente fazendo a suposta recepcionista acordar num susto.
- Oi. Pois não? Posso ajudar? - falou como se tivesse sonhando com seu próprio trabalho.
Assim que ela levantou o rosto, meu susto foi ainda pior. Eu a conhecia! Sei que não via fazia muito tempo, mas ela tinha a mesma cara de sempre!
- Ei! - dei um passo à frente, empolgado - Eu te conheço!
Ela riu baixinho e passou a mão nos olhos, retirando os vestígios do sono. Me olhou sem entender e sorriu de lado, passando os olhos pelos meus amigos também.
- Você disse isso quando chegou aqui, não lembra? – colocou o cabelo para trás da orelha e eu reparei em como ela estava bonita. Mais do que já era antigamente. - Ah, e eu não consegui transferir vocês para outro quarto. Desculpem, meninos, sei que vocês não queriam o do terceiro andar mas é o único disponível.
- Falei? Cheguei? - Enruguei a testa sem entender sobre o que ela estava falando. - Queríamos? - Não lembrava de nada daquilo!
- Sofreu algum colapso mental? - Riu da minha cara e ouvi Jones ao meu lado rir baixinho e dei um tapa com as costas da minha mão na barriga dele, que emitiu um “ai!”.
- Na verdade, todos nós sofrem… - estava apontando para nós quatro quando Tom passou o braço na frente de Judd e colocou a mão na minha boca. Não entendi nada e fechei a cara. Devo falar, se não é que já falei, que meus amigos sofrem de vários problemas mentais, não só no passado e em viagens no tempo, como no tempo presente mesmo.
- Cala boca, jumento! - Tom falou baixo e deu um tapa na minha testa. A menina riu e ele voltou para o lugar dele, sentindo-se vitorioso, devido sua cara de metido.
- Aliás… - ela olhou para baixo avistando os papéis, agora amassados, e depois me fitou - Estão gostando do hotel? - sorriu com os dentes e pude lembrar dos momentos que aquele sorriso me acalmava quando era mais novo. Até parece que tinha 15 anos de novo.
- Estamos sim! - Danny respondeu, quando percebeu que eu estava intrigado demais com a boca dela e não teria reação - Apesar de conhecer pouco, aqui parece bom… - sorriu e conseguiu mentir bem, o que não era novidade para nosso lerdinho favorito.
- Fico feliz! - ela se movimentou e levantou - Aproveitem que se “perderam” e conheçam mais o espaço, então. Juro que não vão se arrepender.
Nessa altura do campeonato, eu que não cogitava me arrepender em estar ali.

Harry:

Enquanto Dougie e os meninos estavam mais interessados em escutar o que a recepcionista tinha a dizer, eu mantive os meus olhos pregados no calendário de pé que tinha em cima do móvel a esquerda da , onde nele tinha explícito uma data que não condizia com o dia em que estávamos.
- Moç… - antes que eu pudesse continuar a falar, ela me cortou.
- Pode me chamar de - Ela sorriu, mas, ainda assim, eu estava muito assustado para prestar atenção nela, ao contrário de Doug, que tinha o olhar fixo nela, enquanto a mesma abaixava para pegar um papel no móvel atrás da cadeira, onde estava sentada anteriormente. Sem comentários para Dougie, o tarado.
- Continuando… - balancei a cabeça e me concentrei na pergunta - Por acaso aquele calendário - apontei para o objeto e os meninos seguiram o meu dedo com o olhar - está certo? - Levantei meu olhar para ela, que já tinha virado de volta e olhava para o mesmo lugar que todos nós.
- Está sim - juntou as sobrancelhas - Algum problema?
- Ah, nada não… - cocei a mão em nervosismo e segurei-as firme, antes de puxar Tom para o lado, que levou um susto - Precisamos conversar. - Falei baixo o suficiente para só ele escutar, mas Fletcher puxou os outros doi, para que todos nós tivéssemos certeza do que estava havendo por ali.
- Tchau, ! - Dougie falou sorrindo, deixando a cabeça cair para o lado para avistar a garota, enquanto Tom o puxava pelo braço a contragosto.
- Tchau, Dougie! - Só deu tempo de escutarmos uma risada dela e já estávamos subindo os degraus para o segundo e, então, terceiro andar.
Entramos no quarto, batendo a porta e sentando todos no chão.
- Tá, o que realmente está acontecendo aqui? - Danny falou, tentando não tremer a voz, mas não conseguiu contê-la, deixando-a sair bem fraca. Nem tentei falar. Sentia que a minha sairia ainda bem pior.
- Eu disse! - Dougie gritou - Esse lugar está enfeitiçado! - pulou de seu lugar e saiu correndo até a janela, tentando abrir o vidro que parecia emperrado - Eu quero a minha mãe! Ou a ! - Ele ia começar a chorar ou desmaiar, pelo que tinha acabado de dizer, se não tivéssemos corrido até ele e se Tom não tivesse segurado em seus ombros, proclamado um belo de um: - Demência tem limites, Poynter! - respirou fundo para não dar um tapa na cara de Doug, já que a mão dele estava a um toque do rosto do mesmo, e pediu - Vamos nos acalmar e tentar colocar as ideias no lugar. - Fechou os olhos - Aliás, de onde você conhece a recepcionista, jovem padawan?
- Casos antigos, querido Fletcher, casos antigos… - Dougie falou, já alterado para o lado das sacanagens do que para aquele dos surtos que, segundos atrás, ele estava tendo.
- Já até prevejo que o anãozinho vai ficar caindo de amores ao invés de focar em sair desse lugar tenebroso. - Danny passou a mão pelo cabelo, ajeitando-o, e eu resolvi me sentar antes de emitir a ideia que tive.
- Sabe, estava pensando… - me ajeitei onde sentei e continuei - Pode não ser uma ideia tão boa, já que a do Dougie foi um fracasso, mas… E se a gente bater na porta dos outros hóspedes? Já que nem lembrávamos dessa tal aqui, pode ser que, daquela época pra cá, houve um colapso no tempo e mudou algumas coisas… - Falei ponderando aquelas ideias que pareciam malucas, mas, por algum motivo, poderiam seguir alguma lógica - Só tentar, pelo menos - inclinei minha cabeça para o lado, tentando os convencer.
Tom olhou para fora da janela e meu olhar seguiu o dele. As nuvens pareciam estar indo embora e o céu azul começou a aparecer. Talvez fosse um bom sinal. Antes de me responder, o branquelo da monocova falou:
- Vocês já se perguntaram que horas são nesse lugar? - virou-se e me encarou, o que eu entendi que era pra procurar um relógio naquele lugar.
- Depois eu que sou o burro… - Dougie reclamou, mais calmo. Foi até a mesinha, onde estava o pequeno caderno de anotações, e viu um relógio digital, sinalizando 9:00 da manhã, apontando para que a gente pudesse ver o que ele também via - Tcharam! - A ironia devia ser a melhor amiga dele, só pode.
- Que estranho… - Tom falou, coçando e enrugando o queixo - Depois do show era 9 da noite e não da manhã. - Analisou bem, mas Jones o rebateu.
- Talvez aqui é o contrário de lá - olhei para ele, que resolveu sentar no chão perto de Tom, e o lerdo estava com a sobrancelha levantada.
Bufei e passei a mão no rosto, notando que estava soando frio.
- Só sei que isso tá me deixando nervoso… - falei.
- Você não é o único. - Tom reclamou, sentando na cama a minha frente.
Alguns resmungos ali, passos do Dougie por aqui, e Danny saltou do nada, portando-se como se fosse o herói da pátria e falou: - Quer saber? - Olhava para o teto, fingindo ser o Super-homem - Vou fazer o que o Judd recomendou! – começou, indo até a porta e, quando abriu, virou-se para nós, achando-se o protagonista da história - Hora da aventura!
Naquele momento eu já não achava minha ideia assim tão boa. Não nas mãos do lerdo do Danny.

Danny:

Nem liguei para as caras de bocós deles. Só sai dali e virei à direita procurando o número 301. Também não pensei em começar pelo segundo andar, estava tão focado na minha missão que ignorei que tinha um piso abaixo do nosso.
- Quero ir junto! - Dougie apareceu correndo atrás de mim, quando bati com os nós de meus dedos na porta do quarto.
- Fica quietinho aí! - emburrei minha cara para aquele copião de meia figa - E não queira assustar os outros hóspedes com suas retardadices - falei baixinho, antes de um homem de 40 anos abrir a porta coçando o olho.
- Pois não? - falou com a voz rouca de quem acaba de acordar.
- Precisa de serviço de quarto? - perguntei a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- Rapaz, se eu quisesse, teria ligado para recepção - ele falou bravo naquela hora, cruzando os braços e abrindo as pernas, mostrando seu porte físico. Me afastei um pouco, querendo não morrer, e Tom surgiu do além, com sua voz de atendente de telemarketing.
- Desculpe, moço, meu amigo não anda muito bem. Acho que tomou o remédio errado quando acordou – ele agarrou meu braço e, antes de me tirar dali a força, completou: - Se houver mais algum incômodo, ligue para recepção.
O homem assentiu com a cabeça e fechou a porta, sem ao menos agradecer ao loiro aguado do meu amigo. Belo amigo, aliás, para não dizer o contrário.
- Mal educado… - resmunguei, tirando a mão de Tom do meu braço e virando o rosto, vendo Judd aparecer por ali também - Olha no que você me meteu, baterista de banda de esquina!
- Você sabe que a gente toca na mesma banda, né, burrinho? – ele deu um tapa na minha cabeça e eu levei minha mão ao lugar agredido para sentir se tinha feito algum galo. Acho que é só quando bate em algum lugar, né? Ou tapa também deixa algum sinal de agressão? De qualquer forma, um dia eu ainda iria denunciar esses meus amigos por violência. Onde já se viu?
Meus devaneios se prosseguiram até eu resolver me virar para o nosso quarto novamente e deixar minha aventura de lado. E foi nesse momento que inalei algo que não devia e comecei a tossir desesperadamente, quase pude ver minha vida passando pelos meus olhos. Reparei num rastro de fumaça que vinha da porta entreaberta do quarto 304 e consegui pegar fôlego para falar:
- A pessoa desse quarto não tem noção de onde se deve fumar, não? - reclamei com Tom, que me segurava novamente, mas, dessa vez, para que minhas tripas não saíssem pela boca.
- É, dude, acho que não - Harry falou, antes de completar - Mas quem precisa de noção, quando tem uma beleza dessas que ela tem?
Não entendi o que ele falou até reparar que a porta finalmente tinha se aberto, dando lugar a uma bela mulher de vestido cinza, com uma meia ¾ transparente e um sobretudo preto, dando destaque para o cigarro que estava entre seus lábios. Tentei não cair no encanto natural que ela tinha e voltei a falar com Harry:
- Nem é tudo isso, não… - fingi negar - E não se deve fumar em lugares fechados.
- Jones, você tá lembrado que nós estamos em 2003, né? - Harry me olhou nos olhos, expressando seu incômodo com a minha lerdice. É, tenho que assumir que eu sou bem lerdo mesmo. Mas foi mamãe que me fez assim. A culpa é toda dela.
- É verdade, né… - cocei minha cabeça, quando notei que ela tinha nos visto e sorrido para nós - Opa - falei baixinho tirando um riso de Tom e Dougie que estavam quietos até o momento, o que não era de costume.
- Olha que é gata, hein, Jones - Dougie alfinetou - Aproveita!
- Shiu! - virei para ele, arregalando os olhos - Ela ainda tá aqui, idiota!
- Que que tem? - Dougie estava com o sorriso escancarado - Vai preferir ficar babando ou tê-la na sua cama? - deu um tapão nas minhas costas e ainda teve a cara de pau de falar: - Age, queridão! - só tenho amigo filho da puta, não é, não?
Fui parar no chão com aquele tapa, enquanto a menina passava na nossa frente. Vergonha era pouco para o que eu sentia naquele momento.
- Tudo bem aí? - Ouvi a voz dela se aproximando de mim e senti uma mão no meu ombro.
Levantei o rosto aos poucos até reparar que não era certo fazer aquilo por causa da minha posição. Quando eu quero sou um anjinho, viu?
- Segura minha mão que eu te ajudo - ela esticou o braço e abriu as mãos com um sorriso de canto nos lábios. Dei minha mão a ela e, num impulso, já estava de pé novamente.
- Obrigado… - sorri sem graça e passei a mão pelo meu antebraço.
- Por nada! - Ela falou antes de se apresentar - Meu nome é . Você é…
- Daniel Jones, mas pode me chamar de Danny. - Sorri enquanto ela fitava os outros, que falavam seus nomes também, enquanto eu era o mais sem graça. Nunca que eu me imaginaria numa situação daquelas.
Seguindo aquele ditado que eu nunca gostei, e passei a odiar, chamado "Tudo que é bom dura pouco", rapidamente, ela já estava se despedindo de todos nós, sem deixar nem uma conversinha acontecer.
- Bom, tenho compromisso agora - ela sorriu - Vejo vocês por aí!
Acenamos e ela saiu elegante de onde estávamos e se dirigiu para o elevador. Pensei até que era madame por não querer descer só dois andarezinhos de escada, mas percebi que ela estava de salto. Bem fazia em andar com aquilo e ter esses certos privilégios.
- Acho que já fizemos muita coisa por hoje, não? - Harry falou, andando em direção ao quarto que foi reservado para nós, tirando-nos daquele raro momento tranquilo, ainda mais naquele lugar que de tranquilo não tinha nada (mas que podia ficar, talvez, na companhia da moça do 304) - Era pra estar de noite, dudes, estou com sono… - Bocejou, sonolento, e entrou no quarto, seguido por Tom, eu e Dougie.
- Verdade… - Tom fez um bico de lado, pensativo, e tirou uma conclusão, no mínimo, sensata daquilo tudo: - Já que parece não ter muito jeito de sairmos daqui agora, aproveitem parar dormir. Se vocês quiserem, já que eu não estou com tanto sono assim - falou sentando na ponta de uma das camas e apontando para uma porta que ficava na parede oposta das camas, no canto direito – E acho que ali tem mais um quarto. Só acho.
Como Dougie já tinha se alojado na outra cama do ambiente, eu e Harry fomos em direção a outra porta que, na verdade, dava no banheiro.
- “Eu acho” - resmunguei imitando Tom, que tacou o tênis dele na minha panturrilha. Mandei o dedo do meio para ele enquanto entrava pela porta certa.

Tom:

Assim que Dougie pegou no sono, começou a resmungar e a se remexer. Já tinha noção do motivo dele estar daquele jeito, mas eu estava assistindo televisão e não estava afim de abaixar o volume naquela hora. Estava passando reprise de Doctor Who de 64, era óbvio que eu iria ver até a hora que acabasse.
- Ô, Tom, abaixa essa televisão logo, dude. Tá muito alta… - Dougie afundou a cara no travesseiro abafando a voz dele no final da frase.
- Para de reclamar e vai dormir, salva vidas de aquário – retruquei, rindo baixo e deixando ele se virar para conseguir dormir.
Alguns minutos se passaram e, quando o episódio estava no final, o telefone do quarto resolveu tocar. Dei um soco no colchão, irritado com a capacidade das pessoas de me tirarem do sério num momento sagrado como aquele, entre eu e a televisão, e fui atender a droga do telefone, que estava na mesinha ao lado da cama em que Dougie dormia.
- Alô? - Respondi bufando e rolando os olhos.
- Quem fala? - A voz era de mulher. Mas quem disse que eu ia deixar ligar para o nosso quarto e ser pretensiosa daquela maneira? Haja paciência.
- Aqui quem fala é Tom Fletcher - falei já irritado - O que a mocinha deseja? - Tentei não parecer tanto irônico como queria. Diga-se que sempre fui educado.
- Desculpe incomodar, Fletcher, mas será que poderia diminuir o volume de sua televisão?
Dude, quem ela achava que era? Sabia que falava com Tom Flet… Ah, é. Devo lembrar que naquela época não éramos famosos. Dei uma de Jones agora, foi mal.
Minha resposta foi mais ou menos…
- Ó, claro, está te incomodando, dona... - deixei no ar para ela falar seu nomezinho e parar de encher meu saco. Queria ver Doctor Who, ora pois! Que dificuldade.
- . - falou e quase pude sentir que tinha empinado o narizinho naquela hora, gesto compatível a seu tom de voz - E, por favor, mais respeito viu? Já me basta a televisão aos berros, ainda fica chiando, mereço...
- Olha, moça, você tem todo direito de reclamar do volume do aparelho, mas não vai falar mal do programa que eu tô vendo, né. - Olhei para o lado, sem acreditar na cara de pau da pessoa do outro lado da linha.
- De maneira alguma! Só não sabia que você via programas do século passado! - Ok, naquele minuto ela passou de todos os limites.
- Ah, quer saber? - falei já irritado, com meus músculos faciais se contorcendo de raiva - Vai procurar algo para fazer e para de me irritar.
- O senhor é muito mal-educado, hein! - A voz dela aumentava aos poucos e pude sentir que tinha acordado um monstro - Ah, e se eu pelo menos conseguisse escutar a minha tv… - riu baixo a contragosto e eu quase pude sentir a ironia dela.
Tentei me acalmar para não soltar mais meia dúzia de palavrões e usei meu lado cerebral mais sensato, fingindo esquecer que perdia um de meus seriados favoritos. Que, aliás, não passa na televisão na década em que eu estava há algumas horas atrás; consegui, com toda certeza, um milagre!
- Olha, eu não quero me estressar mais do que já me estressei hoje, então, espero que a Srta. se contente com o volume que colocarei agora - falei com o controle na mão e diminuindo um pouco do volume. Tinha que concordar que aquele foi o estopim do dia, contando que já havíamos tido um dia daqueles.
- Ótimo. Eu também não quero mais estresses - falou e senti a voz dela mais distante.
- Um bom dia para você e… - ia falar uma coisa muito feia, então achei melhor não terminar.
- E?... - Ops, acho que ela escutou.
- Nada não. Só um bom dia - fechei minha boca numa linha e nem escutei a resposta. Coloquei o telefone no gancho e fui me deitar na cama em que estava.
Nossa mãe do céu, parecia que meu dia não iria melhorar nunca! Até eu colocar minha cabeça no travesseiro e reparar que também estava com bastante sono. Quando mal pude esperar, já estava dormindo.

Harry:

Bocejei, sonolento, quando acordei e olhei para meu relógio de pulso que havia deixado em cima da mesinha de cabeceira. Cheguei a me perguntar que lugar era aquele, mas não demorei para lembrar que tinha sido teletransportado pelo tempo para outra dimensão, ano, ou sei lá o que era aquilo, pois, não, não havia caído a ficha do porquê de estarmos ali.
Olhei para meu lado esquerdo e vi Jones, com a boca aberta, babando no travesseiro. Aquele dali daria trabalho para acordar.
Respirei fundo e percebi que deu um leg na minha cabeça: às vezes, acontecia de eu fazer algo e não prestar atenção, então a informação não se fixava na minha cabeça. No caso, o horário ainda era desconhecido para mim.
Quando, finalmente, coloquei-o no pulso novamente pude perceber que tinha algo errado. Como assim já eram 7:30 da manhã do dia seguinte?
O susto foi tanto que dei um salto da cama e fui direto para porta que dividia os quartos, falando alto e acordando Tom, enquanto Dougie continuava no décimo sono. Outro que vivia dormindo. Suponho que se seu sobrenome não fosse Poynter, seria The Sleeper.
Bom, o que eu havia falado em alto e bom som foi um:
- Que porra de jet leg é esse? Já viu que quase levei porrada do meu caro Fletcher, né?
- Ô, retardadice - O monocova coçou o olho e se inclinou para frente, falando com a minha pessoa – O que faz acordado a essa hora? Tá cedo, dude, vai dormir.
Todavia, naquela hora, eu que queria dar um soco nele. O burrinho devia ter se esquecido que não estávamos em noite de pijama, (eita que a gente fazia isso quando tínhamos 20 anos, hein) muito menos na casa dele. Estávamos num lugar semidesconhecido, sem saber o que fazer da vida e muito menos sem saber como voltar para o ano em que estávamos, respectivo, 2015.
- Tomzinho do meu coração… - falei calmo juntando as mãos, mostrando a falta de paciência que eu estava, ironicamente - Que porra de cedo o quê? - Levei as mãos a cabeça, desesperado - Era para ser 7:30 no ano em que estávamos e não aqui! - Fiz menção de gritar a última palavra, mas acabei tendo que ouvir Dougie resmungando.
- Mas… QUÊ? - Tom se levantou de supetão e colocou seus óculos de armação preta que ele sempre andava - Não pode ser! Tínhamos ido dormir no máximo 10h do dia passado! Como que agora são 7:30?
Ninguém estava entendendo mais nada, e agora, sentados na mesma cama, tentando pensar em algo que pudesse fazer sentido, nos deixamos levar pela pouca iluminação que entrava pela janela e avistamos o sol nascer bem ao longe. A luz foi chegando mais próxima e adentrando minha retina, fazendo-a doer. Foi quando percebi que estava divagando demais sobre como era engraçada a vida e não como iríamos sair dali.
Num instante depois, ouvimos três batidas na porta e falei para Tom deixar que eu abrisse. Ele mal estava com os olhos abertos, quem dirá iria conseguir andar até a porta e abri-la.
Abri uma frestinha e olhei para baixo, vendo pernas de mulher e um vestido de camareira. Engoli em seco quando finalmente olhei para o rosto da moça e pude checar como ela era bonita. Estava com um sorriso no rosto que fazia com que eu quisesse me abanar.
- Serviço de quarto? - ela perguntou, vendo que eu não ia falar nada.
- Oh, sim, sim… - falei, deixando-a entrar com o carrinho que estava atrás dela.
Avistei-a entrando e pude checar todo seu corpo enquanto ela se locomovia até o meio do quarto, fazendo Tom reacender as ideias assim que ouviu o som do carrinho e passos de salto alto no ambiente.
- Bom dia! - Ela também sorriu para ele.
- Bom dia e obrigado. - Tom falou com um sorrisinho de canto e com os olhos, ainda, meio fechados. Eita, sono.
Ela se virou para mim e balançou de leve os cabelos meio ondulados, deixando alguns fios saírem de seu ombro, caindo em seu colo. Já percebeu em como eu estava atento a tudo, né? Já não bastava Dougie e Danny, lá estava eu, caindo nos encantos de alguma mulher por ali também. O que, na verdade, era bem errado.
Nem reparei direito quando ela percebeu que meu querido amigo Dougie ainda estava dormindo. Só notei quando ela voltou a me olhar e falar:
- Quer que eu volte em outra hora, quando todos estiverem acordados?
- Não! Não… - tentei consertar meu leve desespero embargado na voz, mas, mesmo assim, ela deu uma leve risada, que me fez ficar tonto - Digo, não vai atrapalhar. Ele está no décimo sono… Não será uma faxinazinha que irá o incomodar.
Ela entendeu que poderia fazer seu trabalho e olhou para o carrinho, no qual tinha muitas coisas. Com os olhos - que, por sinal, eram lindos -, foi selecionando o que seria necessário e se referiu a mim quando falou:
- Tudo bem… Vou fazer as camas que não estão sendo usadas e vejo o que mais será necessário. - Juntou os lábios num bico e arrastou as poucas coisas que precisaria até a cama onde Tom estava sentado.
Pediu-lhe licença e começou a fazer seu trabalho. Fazia com graciosidade e eu acompanhava cada gesto seu.
Tom, que havia se sentado do meu lado, perto da porta, dormia meio inclinado, mas sempre que levantava os olhos e notava que eu a encarava, me dava um peteleco e soltava alguma piadinha desnecessária.
Quando ela acabou os afazeres no quarto em que Fletcher e o pequeno Poynter estavam, voltou a falar comigo:
- Vou ao próximo quarto ou há alguém dormindo? - O peso de seu corpo estava numa só perna, o que demonstrava seu pequeno cansaço, mas que não se daria por vencida.
- Meu amigo está dormindo, mas ele não vai se incomodar também - falei levantando, disposto a ajudá-la - Venha que eu te acompanho. - Sorri e me dirigi à porta do próximo quarto. Nem era mais necessário olhar para o seu belo sorriso. Sabia que estava estocado em seus lindos lábios.

Danny:

Minhas costas doíam e algo a incomodava - provavelmente por causa do péssimo estado daquela cama - , mas aquilo não foi desculpa para não dormir. Consegui fazer o que queria por um bom tempo, mas meu lindo e (nem tão) tranquilo sono foi interrompido por alguns barulhos vindo do outro quarto. Mas… Na minha casa ninguém dormia no quarto de visitas, ora bolas! Será que eu deixei alguém dormir lá e tinha esquecido? Do jeito que eu sou… Minhas divagações foram interrompidas quando ouvi a porta abrir e, lentamente, tentei abrir meus próprios olhos para saber o que estava acontecendo. Foi quando vi uma camareira e Judd entrar no quarto e, de repente, eu estava no chão.
- Ai, ai, ai! - Coloquei a mão no cóccix e levantei no meu tempo - Que cama do capeta. - Resmunguei olhando a bela mulher de canto e piscando para o meu amigo baterista, que tinha as mãos dele na cintura dela - Bom dia para os senhores.
Sai do quarto, andando meio manco (porque na minha cabeça a dor tinha a ver com a perna) e fui falar com Tom, sentando em cima do Dougie, sem perceber que ele estava ali e, muito menos, dormindo. Já percebeu que sou mais lerdo ainda quando acordo, né?
- Quem é? - O loiro entendia meu mau humor de manhã, então, só notou que minha cabeça havia se mexido para indicar a porta do quarto à esquerda e já me respondeu.
- Uma camareira… - balançou os ombros não ligando muito - Acho que o nome tava escrito no crachá. Algo como … - O sono dele estava apalpável, por isso, tentava me esquivar, apesar de saber que não iria conseguir dormir tão cedo por causa daquela dor. - Aiii… - Dougie começou a reclamar depois de alguns minutos - Que porra é essa, Jones? - Ele perguntou quando reparou que era eu que estava sentado em cima de suas panturrilhas. Dei um sorriso amarelo e sem sal, mas, de qualquer forma, recebi mais uma queda. Lá estava eu no chão novamente. Dessa vez, por causa de um lenhador de bonsai.
- Maldito! - Falei baixinho, levantando-me de novo, e indo para cima do loiro bronzeado do amigo da onça que era o Dougie. Dei uns tapas naquele rosto, deixando-o mais vermelho do que já era, e ele finalmente levantou, já que, de acordo com Tom, foi o primeiro a dormir e último a acordar.
Assim que se sentou, fechou a cara e cruzou os braços me olhando feio.
- Olha que cara feia pra mim é fome - falei zombando da cara dele com Tom me acompanhando na zoação. Ah, merecia, não concordam?
- É fome mesmo, seu idiota. - Tirou o edredom de cima dele e foi saindo da cama - Vou até descer para comer alguma coisa. - Saiu marchando até a porta e falou de mau humor - E vê se me deixem em paz!
Demos de ombros e percebemos que muitas vozes vinham do quarto em que Harry e, a tal da camareira , estavam. Levantamos uma sobrancelha, em consentimento com o que estava acontecendo lá dentro, e eu resolvi sair dali também.
- Tom, - bati na perna e estiquei a coluna para ver se melhorava um pouquinho - vou dar uma espairecida e ver mais esse lugar. - Levantei-me e, para ser educado, perguntei: - Quer vir comigo ou prefere ficar por aqui?
- Tô achando que vou ficar por aqui mesmo… - Ligou a televisão e esticou as pernas na cama - Ver o que está passando e só. Mas valeu pelo convite. - Sorriu e ajeitou os óculos no rosto, se acomodando na cama, também.
Balancei a cabeça de acordo com o que ele disse e fui até a porta do quarto, mais uma vez escutando as vozes de Harry e da tal . Ri de lado e reparei que tinha uma plaquinha de “Do not disturb” jogada no chão. Sei que devia deixar por ali, aliás, não era minha, não é? Mas, como belo amigo que eu sou, para dar aquela zoada básica com a cara do Judd, coloquei na maçaneta do outro quarto.
- Aposto que ele vai te quebrar a cara quando souber que foi você. - Tom disse remexendo nas gavetas do criado mudo procurando algo.
- Se ele souber que fui eu, caro Fletcher. - Sorri de lado, abrindo a porta ligeiramente e, antes de sair de vez, deixei um aviso para o meu amigo: - Vê se não fala nada, se não, vai ser você que vai ficar sem alguns dentes.
Ele riu e coçou a nuca, mas eu nem liguei. Já estava acostumado com aquelas palhaçadas e ameaças que a gente nunca revidava.
Minha preguiça de andar era tanta que fui esperar o elevador, só para ir até o térreo. Estava sem paciência e noutro mundo, então nem reparei quando alguém saiu do elevador e já fui logo entrando.
- Ei! - Os olhos da tal pessoa estava em meu encalço, com algumas rugas de expressão a vista também, e notei que já os conhecia. Claro que conhecia! Como poderia esquecer da , a bela moça do dia anterior?
- Opa, desculpe-me. - Abaixei para pegar algumas coisas da bolsa dela que tinham caído e ela riu baixinho pela minha lerdeza.
- Não precisa se desculpar. - Levantou e colocou o cabelo atrás da orelha - Eu também estava meio distraída…
- Tudo bem, entendo – falei, ficando nervoso por sua beleza, e ela reparou que fiquei paralisado. Riu de novo, sem saber como se mover, e apontou para a frente, mostrando que ia para o quarto onde estava hospedada.
- Tudo bem com você? – falou, juntando as sobrancelhas e coçando a pontinha de seu nariz.
- Tá sim. - Sai do transe e cocei a cabeça. Não entendia o que havia comigo…
Era a segunda vez que a via e ficava daquela maneira. Que absurdo, eu sou Danny Jones! Pensei por mais alguns segundos - ou foram minutos? -, e voltei a cabeça para o elevador, que parecia emperrado, já que a porta não havia se fechado.
- Vou tomar café, quer… me acompanhar? - Falei meio sem jeito e sem mão para aquilo. Algo estava muito errado.
fitou a própria bolsa, depois a porta do quarto 304 e, por fim, a minha pessoa. Dúvidas que eu seria o escolhido? Sorri de canto quando percebi que ela iria descer comigo, e mal pude perceber quando nossas mãos se esbarraram para apertar o botão do elevador, já que a porta estava, finalmente, se fechando.
Bufei, nervoso, e quase consegui ver algumas fumacinhas saindo da minha cabeça.
“Se alguém, um dia, puder me explicar o que está havendo aqui,” pensava enquanto me movia impaciente dentro do cubículo, “eu confio à pessoa meu próprio fígado”.

Dougie:

Meus amigos nunca foram normais, certo. Mas o Danny extrapolou. Minha perna ainda doía e eu mal conseguia andar. Tinha quase certeza que ele havia estourado alguma veia de minha panturrilha com os trocentos quilos que ele tinha naquela busanfa, para estar doendo tanto.
Desci de escada, mal sabendo que ia ficar daquela maneira, e pude perceber que as cortinas que rodeavam o tal hotel eram de um nylon muito do barato, quase me deixando cego tamanha luminosidade que adentrava pelas janelas enormes do lugar.
- Ei, . - Surgi perto do balcão onde vi seu cabelo reluzindo e a tirei por alguns segundos daquela folha que ela escrevia sem parar.
- Oi, Doug. - Ela sorriu, tranquila e com resquícios de sono em seu olhar, mas como se fosse a graciosidade em pessoa.
- Por que essas cortinas tão finas? – falei, dando um giro, tentando me referir aquele lugar iluminado demais que quase me deixava com dor de cabeça, em plena manhã que, aliás, não devia ser manhã.
- Não gira muito se não irá cair - ela riu, e ouvi o barulho da caneta em sua mão caindo sobre o balcão feito de mármore - E, olhe, eu não tenho nada a ver com isso… - pôs suas mãos diante de seus ombros, engraçada, enquanto olhava pro lado, mostrando imparcialidade - Pergunte ao dono desse hotel, porque também morro de vontade de fugir daqui quando o dia está tão ensolarado assim.
Impressionante como meu sorriso não conseguia sair de meus lábios naquele momento. Parecia que não era para sair dali, nem por um instante.
- Não lembrava que era tão engraçadinha assim – falei, estreitando os olhos e fazendo-a rir junto comigo. Ficamos nos encarando por mais uns segundos, como se estivéssemos competindo quem piscava por último, e acabamos caindo na gargalhada. Isso lembrava que eu já fui apaixonado por aquele jeito dela, mas também me lembrava que assim que eu voltasse para casa, não seria ela quem estaria do meu lado.
- Então… - me afastei um pouco, dando uma olhada ao redor, procurando onde ficava o banquete de café da manhã e, assim que avistei, voltei a falar com ela - Vou comer alguma coisa agora. Precisa de algo?
- Não, gentil cavalheiro… - Incrível como ela fazia piada com tudo! De onde aquela menina tinha surgido? Nunca imaginaria que iríamos nos reencontrar. - Já tomei um suco, estou bem - confirmou com a cabeça e mirou o resto de folhas que estavam por cima do balcão, mostrando que tinha muito trabalho pela frente e, mesmo assim, fez uma careta.
- Bom, estarei aqui pelo saguão… - falei, tomando mais distância, já pensando no que tinha por ali para comer, apesar de sentir que ela iria rapidinho sair do trabalho dela, se eu ainda me lembrasse de como era - Se precisar de algo, disponha!
Sorrimos um para o outro e ela levantou, arrastando a cadeira e não demorando para se portar ao meu lado. Levantei minha sobrancelha esquerda e fiz uma cara engraçada, mostrando que eu ainda sacava muito dela e, na hora que ela ia fazer uma gracinha, - me dar um tapa, acredita? Menina abusada! - eu logo percebi que, além de ouvir um ronco no meu estômago, também senti algo bem gelado nele. Oh, não! Era só uma velha amiga! Ela não poderia fazer isso comigo. Ou poderia?

Tom:

Demorei muito para despertar naquela manhã-não-manhã; tenho que assumir. Mas que fuso horário estranho! Era como se, a qualquer momento, estaríamos na Londres dos anos 15 de novo. Estranho… Muito estranho!
Tentei deixar aquilo de lado e reparei que estava sem minhas escovas de dente, as quais eu não conseguia viver sem. Procurei por tudo quanto era lugar no quarto e não encontrei nenhumazinha. Aquilo, definitivamente, era um pesadelo.
Decidi sair daquele quarto, antes que Harry saísse e visse a piada que o Jones fez e colocasse a culpa em mim, e fui em busca de algumas coisas de higiene por ali.
- Ei, ei, ei! - Corri atrás de uma moça que descia correndo pelas escadas, já que era o único ser humano que parecia habitar aquele lugar naquele momento.
- Que foi? - Ela continuava a descer apressada, apenas olhando para trás para ver quem a seguia, no caso, eu!
- Deixa, deixa… - parei de descer apressado porque parecia um esfomeado na Etiópia e, na hora que eu ia girar, ela também parou, dando uma volta e olhando para cima.
- Por acaso é louco? Chama qualquer pessoa assim do nada sem ao menos conhecer e simplesmente deixa? - Me olhava engraçada e fiquei sem entender. Parecia com a voz da menina que havia falado comigo no dia anterior. Será?
- É, deixe… Eu estou sem nada aqui, só queria saber onde que poderia encontrar objetos de higiene, mas, já que não tem no quarto onde estou, você também não deve saber muito… - falei de qualquer jeito, já pensando em voltar e deixá-la seguir sua vida, apesar de ter ficado intrigado com a coincidência das vozes.
- Ei! - Dessa vez ela subiu e eu fiquei sem entender nada. Chegou ainda mais perto de mim e emburrou a cara antes de falar: - Você é o grosso da televisão!
Fechei a boca e olhei para os lados, fugindo do olhar vingativo da moça que esqueci o nome, e fingi que não era comigo.
- Não se faça de desentendido, senhor… - botou sua mão no queixo, o que me fez lembrar que eu também tinha aquela mania e falou quase gritando - Fletcher!
- Então… - falei com um riso frouxo, coçando a cabeça e recuando dos berros da maluca - Achei que tínhamos nos entendido pelo telefone, né?
- De maneira alguma! - Ela parecia bem irritada, devia estar na tpm ou algo assim, porque, sinceramente, não havia motivos – Primeiro, o jeito que me trata no telefone, agora esse surto de correr atrás das pessoas? De que planeta você veio?
Estávamos no último degrau que dava para o andar onde eu estava, e eu já podia planejar algum modo de sair dali.
- Vim de nenhum lugar, não - levantar a voz não daria em nada, por isso me mantive impassível para ver se ela melhorava o humor - Aliás, qual seu nome mesmo? - Nem liguei se soaria mal-educado, mas era estranho falar com alguém que eu não sabia o nome.
- É - falou, olhando as próprias unhas - Vê se não esquece, Tom Fletcher - olhava em meus olhos irritada e parecia que tinha esquecido que estava apressada a descer.
- Não tinha algo para fazer, Srta. ? - Falei, debochado.
- Tinha sim, mas deixe de ser enxerido e vá cuidar de sua vida.
- O que que eu te fiz, criatura? – falei, já mais que irritado por ela me tratar assim, e cheguei bem perto dela, fazendo-a piscar várias vezes com a proximidade.
- N-n-nada – gaguejou, tentando tirar seus olhos dos meus.
Tom 1 x 0 . Ponto, yay!
- Então pare de falar comigo dessa maneira, eu hein! - Enraiveci com o olhar e ela pareceu amolecer, apesar de eu achar que devia ter causado o inverso.
- Tudo bem, Fletcher, me desculpe por isso tudo, é só que… - seu olhar foi parar em todo ambiente, menos em mim. Não entendia o que se passava por sua cabeça, apesar de estar curioso pelo motivo dela ser tão irritadinha.
- É só que...? - Tentei ajudá-la. Ás vezes era bom nisso.
- Eu estou apressada agora para fazer algumas coisas do meu trabalho, mas preferia que tivesse uma companhia… - ela coçou o canto da boca antes de falar o que eu imaginava que ela ia falar, mas finalmente falou: - Não está afim de ir ali na Starbucks da esquina, não?
- Nem um pouquinho temperamental… - pensei alto, quase fazendo-a escutar, mas resolvi não me meter mais em encrenca com aquele projeto de confusão a minha frente - Tá, pode ser, não tenho nada a fazer agora mesmo…
Esqueci que estava à procura de produtos de higiene e fui com ela até a tal Starbucks. Aquela meia hora que pude ajudá-la com o trabalho de arquiteta dela foram as melhores desde o momento que cheguei naquele lugar. me explicou o motivo de tanta irritação, devido a um tal ex-namorado dela que a havia traído com a ex-melhor amiga dela e, então, não foi muito difícil de aconselhá-la quanto aquilo sendo que já havia passado por aquilo também.
Podia ter sido maluca naqueles encontros desastrosos que tivemos pelo telefone e pelo corredor, mas, ali, mostrava que tinha fundamento e não era uma total maluca assim.
A hora passou rápido, mais uma vez, e notei que já estava a noite. Não sei se foi porque o tempo parecia passar mais rápido mesmo ou por eu ter me interessado tanto nela. Só sei que não queria sair dali. Não mesmo.

Harry:

Falam, falam, falam e eu não posso contar nada do tempo que eu fiquei dentro daquele quarto com , que na verdade não tinha nada de camareira. Se tivesse algum resquício, era o jeito que ela tinha para os afazeres, mas o rosto… Era o de uma princesa que vivia presa naquele lugar. Não era o que ela merecia.
- Obrigada mesmo, Harry, por me ajudar e por me fazer rir como não ria há muito tempo - ela sorria de canto enquanto voltávamos do lanche que tínhamos tido por ali mesmo. Nem preciso dizer que fiz companhia a ela o dia todo, não é? Tenho que assumir que a presença de mulheres na minha vida estava tão baixa que aquela contava como uma ida num mundo só de mulheres e ficado horas por lá desfrutando daquele sentimento que não sentia há muito tempo. Opa, o que foi que eu disse?
De qualquer forma, nem liguei por ter ficado longe de meus amigos: sabia que eles deviam estar se divertindo por ali o tanto quanto eu.
Por incrível que pareça, me fez lembrar várias fãs que eu já tinha visto durante toda a minha vida. E olha que ela não tinha nada a ver com nenhuma delas. Só que aquele modo de falar, e de andar, e tudo nela me lembrava que eu não tinha dado a atenção que as fãs da minha banda (a de quatro membros, galera) mereciam.
Definitivamente, aquela carta da fã brasileira foi só um pedaço do mal que eu estava sentindo, por mais de um mês, de esquecer do fato que eu tinha uma multidão de fãs e que não estava podendo fazer um “ai” por elas por causa do McBusted. Sei que aquilo era um projeto paralelo, que o nosso sonho não era aquele, mas, até alguns meses atrás, todos estávamos adorando e não queríamos ficar sem nossas próprias companhias.
Lembrei também dos momentos que discutíamos sobre aquilo algumas vezes durante o dia, mas me distraiu e pude ver que a vida é muito mais que alguns amigos, algumas companhias e que, na verdade, são várias pessoas que podem dar aquele amor que juraram para sempre dar. E eu sabia que tinha perdido algumas fãs. Era inevitável. Mas não queria perder mais. Não podia perder mais.
Não sabia o que tinha dado em mim, só sabia que precisava falar com meus amigos naquele momento antes que esquecesse tudo aquilo e uma outra enxurrada de pensamentos fosse jogada sobre minha cabeça, como um balde cheio de papéis de lembretes de dez anos que se passaram fosse despejado sobre ela.
- Não precisa agradecer. - Sorri para ela, mas já pensando onde estariam Tom, Danny e Dougie.
O dia tinha passado rápido, assim como aquela madrugada, ou tarde, do dia anterior. Assim como queria sair dali, também queria fazer mais companhia àquela mulher que tinha acabado de conhecer, e descobrir outros milhares de segredos sobre ela.
Estava em frente ao 305 quando ela se moveu mais para perto de mim, quase sussurrando em meu ouvido, causando um leve arrepio em minha nuca:
- Eu vou agora, preciso limpar outros quartos – depois, só senti a boca dela grudando na minha bochecha, bem perto dos meus lábios e meu coração subindo para minha boca.
- Tudo bem… - falei, gaguejando e olhando para o chão, para tentar resistir à tentação, e já colocando a mão na maçaneta para finalmente abri-la.
Senti o perfume dela mais ao longe e fechei a porta atrás de mim logo que entrei.
“Uou” pensei, sozinho no ambiente, “, … Você é muito mais do que eu esperava”.
Andei até a cama em que Dougie havia dormido e sentei na ponta, dando uma checada com o olhar todo o quarto.
Aquele caderno, que ainda estava na escrivaninha, me tirou do devaneio e algo nele me fez ter vontade de lê-lo de cabo a rabo. Algo que eu não sabia dizer o que era, mas que me dizia que tinha algo que aquele pequeno objeto poderia revelar, e não tinha nada de pequeno. Uma surpresa daquelas. Só não foi possível pelo surgimento repentino de meus amigos eufóricos, que praticamente chegaram ao mesmo tempo.
- Eita, que foi? – falei, antes de me movimentar em direção ao caderno e, então, vi Tom grudando os olhos no mesmo lugar que eu. Suas mãos foram mais rápidas e estavam a poucos centímetros do caderno quando ele falou: - Eu pego.
“Alguém estava lendo meus pensamentos?”, pensei levantando as sobrancelhas e vendo meu amigo entusiasmado, como se pudesse, realmente, ler o que se passava pela minha mente. De alguma forma, estávamos conectados. Todos aqueles fatos estranhos pareciam se juntar em nós quatro e fazer de nós uma só pessoa. Talvez o novo (ou velho?) McFLY.

Danny: (bote pra tocar - se necessário, repita até aparecer “2015”)

Cigarros, comida e aquele sorriso. Que sorriso… Que dia… Deslumbrei sobre aquilo até chegar no quarto 305, junto com meus outros amigos. Nem notei quem estava passando, só quando Tom e Harry começaram a discutir sobre o tal caderno que tínhamos encontrado no dia anterior com tanta euforia, que achei que algo tinha acontecido.
- Olha, olha! - Tom mostrou alguma coisa que estava escrita.
Fomos para perto dele e notamos a data que tinha no canto superior esquerdo da folha:

“10/07/03”



Era o dia em que estávamos! Claro, naquele lugar estranho, mas naquele momento… Era confuso até para nós, então imagino como deve ser mais estranho ainda entender o que se passava.
- Ei, olha, tem a música que eu tinha dito e outras anotações! - Dougie tirou o caderno da mão de Tom e folheou mostrando que, realmente, tinha outras coisas escritas, mas, que para nós, não fazia tanto sentido, apesar de parecer que Tom sabia mais ou menos o que era aquilo. De qualquer forma, estávamos interessados em Room On The Third Floor, que parecia poder revelar algumas coisas para gente.
Fomos acompanhando os versos e pudemos reparar que tinha muitas coisas em comum com o que tínhamos passado em apenas dois dias. Ou era só um?

“Room on the third floor
Not what we asked for
I’m not tired enough to sleep…
One bed is broken
Next room smoking
Air conditioning’s stuck on heat…”


- Por acaso o ar condicionado tá parado no aquecedor? - Tom foi até o mesmo seguindo à risca o que Dougie perguntou e notou que tinha algo errado no aparelho.
- Esse negócio tá me assustando… - Judd falou baixinho e eu ri nervoso com aquilo tudo.

“Outside is raining
There’s a guest upstairs complaining
About the room that’s got the TV too loud…”


Tom:

O que diabos era aquela música? Eu não lembrava de nada daquilo! Como tudo começou a fazer sentido se, em 2003, nada daquilo tinha acontecido? É como se, agora sim, eu tivesse tido um lapso na memória.
Queria ter conhecido no ano que fiz aquela música e não naquele momento, sem entender como ela surgiu do nada e como a canção parecia perfeita para o que tinha acontecido. E, enquanto eu pensava, assustado, sobre aquilo tudo, os meninos continuavam a ler baixinho.

“Wake up early
Round 7:30
Housekeeper knocking on my door…”


A cara de Harry foi no chão e os olhos dele só faltavam sair de suas pálpebras. Parecia mentira. Ou simplesmente mágica. Bem que Danny poderia estar certo quanto o tal mágico que ele achou que tinha adentrado nosso camarim e feito alguma coisa com a gente. Mas parecia tudo tão interligado…

“Do not disturb sign
The back of her mind
I must’ve left it on the floor…”


Dougie:

Aquela parte eu não tinha entendido, mas, pelo visto, Danny tinha certeza do que era, já que seus lábios se curvavam num sorriso amarelo e Judd parecia querer matá-lo a qualquer momento. Os dois fizeram alguma merda. Certeza.

“My eyes are hurting
The cheap nylon curtains
Let the sunlight creep in through froom the clouds…”


Eita que as cortinas fui eu que descobri. E junto com a . Será que ela tinha algo a ver com aquela música? Será que eu a veria depois daquela maluquice toda? Notamos que o último verso era o que mais fazia sentido no momento. Nossos olhos se fixaram nele e parecia que a frase rodava por todo ambiente, confirmando que realmente devíamos fazer aquilo. Manter-nos em pé e ter certeza que aqueles eram tempos que não iriam mais voltar. Apesar de ficar em nossas memórias para sempre…

“I guess that times like these remind me
That I got to keep my feed on the ground”


Olha, tenho de assumir:
Aquele dia já estava louco. Completamente louco. Mas eu não podia me enganar. Desde que tinha colocado os olhos naquele caderno, sabia que tinha algo por trás. E, agora que estávamos desvendando, um frio corria pela minha espinha, como se a qualquer momento eu pudesse estar de volta aos anos “normais” e deixasse tudo aquilo no passado. Mas eu podia ver nos olhos dos meus amigos que aquela também era uma vontade unânime. Queríamos poder sair dali, mas levando tudo e todos que tínhamos conhecido.
O pouco tempo que estive com fez com que algo renasce em mim. Uma vontade imensa de fazer músicas sobre ela, sobre aquele sentimento, sobre os anos que tinha ela só para mim, e sobre tudo que eu queria poder reviver.
Não sei se foi só comigo que aconteceu aquela parte, mas sentia que Tom, Danny e Harry tinha alguns resquícios de paixão jogados dentro deles também, e que não seria muito fácil de tirar. Era pouco tempo, sabíamos daquilo, mas algo brotava. Eu sentia.

Harry:

Meus olhos não acreditavam no que liam e buscaram outra coisa a qual mirar. Batiam perplexos na janela, que mostrava o céu se fechando num cinza e com as nuvens, mostrando-se como no dia anterior. Meu estômago revirou e fingi que nada aconteceu.
Fui até o vidro da janela e me peguei pensando no que estava havendo comigo e com meus amigos. Num instante estávamos em 2015, noutro, 2003. E agora parecia que nada disso acabaria. A confusão era mais que aparente.
Apoiei minha testa no vidro e senti-o balançando. Algo estava para acontecer. Meus olhos marejavam e minha cabeça me incomodava.
- Acho que tô enjoado. - Dougie disse e eu me virei vendo-o colocar a mão no rosto e sentar-se na cama, parecendo procurar ar.
Tom nos olhou assustado e como se tivesse entendido tudo, falou:
- Não durmam. Só… - fechou os olhos, parecendo tonto e completou, engolindo em seco e respirando fundo - não durmam.
Entendemos o recado, mas sentimos que foi totalmente desnecessário. Num momento, eu estava em pé, no seguinte, parecia morto em cima da cama que Tom havia dormido.

2015



Os olhos dos rapazes se abriram, praticamente compassados, e avistaram o local de onde não deviam ter saído. Não entendiam como poderiam estar cansados se dormiram por pelo menos um dia inteiro. Pois, sim, tudo aquilo fora um sonho em suas cabeças.
Ouviram um murmurinho vindo de algum lugar por ali e se entreolharam, sem entender, sem fazer sentido, e com tudo pelos ares.
Harry foi o primeiro a se mexer e abrir um bocão, se espreguiçando bem do jeito que ele sempre gostava de fazer. Reparou que estava deitado no chão e se apoiou nos braços e, então, no cotovelo para se inclinar e, finalmente, sentar.
Não se importava com dor nem nada, só queria saber se seus amigos realmente tiveram o mesmo sonho que ele ou era tudo invenção.
- Ai, ai… - Dougie fez o mesmo que o amigo, mas seu joelho esquerdo falhou, fazendo-o levar um susto com a lembrança de Danny ter sentado em sua perna e ter feito a doer tanto.
Judd o fitava assustado e os outros meninos acordavam aos poucos, tentando fazer alguma ficha cair, apesar de parecer não haver.
O murmurinho sumiu, mas batidas na porta que dava ao camarim foram escutadas.
- Quem vai? - Falou Tom, o preguiçoso.
- Eu, eu… - Danny se mexeu de qualquer forma e quase caiu, o que, para ele, já era de costume, ainda mais depois daquele sonho louco e cheio de tombos. Abriu a porta, mas parecia que seu queixo foi ao chão quando viu quem estava a sua frente. Aquela não era ? A camareira? Que Harry conheceu e…?
A cabeça dele parecia entrar em colapso, mas foram necessários apenas mais alguns segundos para ver a sombra de alguém que estava atrás dela também - que, aliás, não lembrava nada uma camareira naquela hora.
Foi revelado, então, o rosto de uma menina desconhecida e depois dois rostos que ele sabia de quem eram, mas que também não podia acreditar no que via.
- O que está acontecend… - sua voz mal saia, mas conseguiu terminar, falhamente, a frase - aqui? - Sentiu uma corrente elétrica passar por seu corpo quando avistou os olhos de e deu um passo para trás, batendo o pé e caindo no chão, chamando a atenção das pessoas no recinto.
- Tudo bem? - deu uns passos à frente e esticou a mão para ele, fazendo-o ter um déjà vu, apesar de já ter sentido aquilo e a emoção de tocar na mão dela. Não respondeu, apenas segurou na mão e se levantou.
O sorriso dela ecoou em sua mente e ele podia ter certeza que estava surtado. Procurava desesperadamente um sentido para aquilo, mas nada fazia e podia sentir que não precisava daquilo no momento. Era estranho, mas, ao mesmo tempo, … Reconfortante.
Viu os meninos de pé com canto de olho e, por alguns segundos, pôde sentir que estava tudo certo. Sorriu, podendo sentir o clima mais limpo, e abraçou a graciosidade do momento, que sentia não poder se repetir.
Mas não sairiam de suas cabeças insistentes como elas foram parar ali.
- Ainda não entendi a conexão dos acontecimentos… - Dougie resmungou para Tom, que tinha seus olhos fixos em . Aquela menina era de ouro. Tinha sorte de a ter encontrado naquele passeio e gostado tanto de tê-la por perto. Quem sabe agora, no presente, ele não pudesse a conhecer melhor?
- Vocês sabem que isso não foi um sonho, né? - se pronunciou e os viu absortos em pensamento, achando engraçado.
- Sabemos? - Dougie falou e sentiu uma coisa engraçada dentro dele. Tinha certeza que já havia tido aquela conversa com ela. Num impulso, foi até a menina e a abraçou. O susto foi certo, mas ele queria fazer aquilo desde o momento que havia a visto por trás do balcão daquele hotel, que mal lembrava o nome.
Os meninos riram entre si e chegaram a algumas conclusões mentais sobre aquela fuga repentina do presente e sobre toda aquela maluquice.
“Certeza que era para elas estarem aqui, algo me diz…” Era o pensamento de Danny vindo à tona, com suas lerdices e idiotices que ninguém nunca acreditava.
“Meus óculos, ninguém sai!” Tom sentiu-se atordoado por não sentir seus preciosos óculos em seu rosto, mas logo reparou que estava no móvel ao lado do sofá. “Pronto, agora que eu tenho você de volta ao meu rosto, espero poder falar com a melhor e descobrir o que finalmente aconteceu”, a mente do rapaz dava um nó e ele não seria o melhor para interpretar o que tinha ocorrido.
Dougie afagava o cabelo de , que sorria e tinha os olhos semiabertos.
“Que saudade de fazer isso…” Delirava enquanto a tinha em seus braços.
O único que ainda tinha um pouquinho de razão por ali, era Harry. Aquela conversa que ele queria ter com os amigos não foi feita, mas sentia que eles podiam reparar que, daquela maneira, talvez pudessem estar mais sóbrios. Fazia tempo que precisavam de inspirações, que o foco tinha sido perdido. Mas sentia que, agora, tudo tinha um jeito.
De certa forma, abriu seus olhos e ele queria poder abraçar todas as suas fãs naquele momento e dizer que tudo ia ficar tudo bem.
Queria falar com James, Matt e todos que estavam por trás da banda de seis, e dizer que acabasse, que o que tinha de ser feito já tinha sido feito. Que o amor que ele tinha por eles não iria mudar, mas que precisava voltar a sua vida, voltar ao McFLY e voltar a amar o trabalho que fazia antes de McBusted.
Podia sentir seus braços formigando para um abraço grupal, mas faltava uma única coisa para descobrir o que havia acontecido.
Foi até a carta que estava jogada no chão, que tinha listras verdes e amarelas na ponta, bem como tinha reparado no início de toda confusão, ele mal tocou e pôde sentir que tinha algo ali.
Claro! Como foi bobo… Era mágica, mas daquela brasileirinha.
O sorriso foi se espalhando por seu rosto e viu o pó caindo da carta quando virou o envelope onde ela veio, de cabeça pra baixo.
“Espertinha…”, pensou, e se manteve longe dá sujeira no chão. “Deixe que alguém limpe e tenha uma surpresa”, riu com outro pensamento e viu os amigos já conversando com as meninas que conheceram alguns anos atrás, ou algumas horas atrás.
Deu mais uma olhada na bagunça e virou o rosto, sentindo que tinha, daquela vez, outra aventura na qual se meter…

- É muito confuso! Não entendi nada! - Tom falava de boca cheia e com uma batata frita querendo sair de seus lábios enquanto o fitava dos olhos até a boca.
- É fácil, Tom! - Pegou uma das batatas dele e passou o molho, logo comendo e podendo explicar, mais uma vez, o que se passava por sua cabeça, com vários gestos para que ele pudesse entender finalmente (apesar de ser a terceira vez que tentava o convencer do que ocorreu, tirando as vezes que Danny e Dougie a interrompiam) - Olha, tem a dimensão, não tem? - Sua mão estava parada no ar fazendo uma concha e ela olhou para o lado, vendo Fletcher prestar atenção e abrindo a boca para falar - Não, não! Eu falo! Não me atrapalha!
- Ahn, conta… - Danny já estava cansado de escutar aquilo e tinha de seu lado com um maço de cigarros, já totalmente vazio, e quase dormindo no braço direito da menina.
- Retardado… - Srta. ria de Danny, mas continuou sua explicação - Pois bem, as dimensões, além das espaciais e do espaço-tempo, também incorporam outros mundos paralelos e os sonhos! - Frisou a última palavra - Às vezes, a realidade se confunde com estes, por ser muito parecida, não é?
- Olha que você está me confundindo ainda mais… - Harry, que estava do outro lado dela, esbarrou seu ombro na moça que fez um bico, querendo dar um pedala nele.
- Judd, não tem quando a gente acha um sonho tão real que achamos que, na verdade, foi verdadeiro? - Ele assentiu - Então… Também acontece o contrário. Simples assim - sorriu angelicalmente e viu que ele entendeu.
- Tá, então isso quer dizer que não foi um sonho? - ele fez uma careta enquanto via Tom praticamente engolindo toda sua comida.
- Não, não foi. - o cutucou na barriga, pedindo atenção enquanto respondia. Ele sorriu e outra pergunta veio a cabeça dele.
- E como vocês vieram parar aqui? - A sobrancelha subiu e sua face ficou séria.
- Sempre estivemos aqui, mas a realidade é mudada quando o passado é mudado. - , dessa vez, foi quem se pronunciou. Dougie se orgulhava por ela ser tão esperta, porque ele continuava não entendendo.
- Vocês pensam demais - bufou e deu uma olhada em seu hambúrguer comido pela metade - Estamos aqui e pronto. Realidade, sonho, o que quer que isso seja… O que importa é que era para acontecer. Não veem? – sorriu, vendo Danny apertar suas bochechas e quis dar um tapa nele por tê-la machucado, tamanha a força que usou, mas também queria abraçá-lo e nunca mais soltar. Amava o jeito dele.
- Isso eu tenho que concordar com você. - Judd apontou para ela, que riu e fechou os olhos, ficando feliz por alguém entender seu lado.
- Agora será que podemos nos divertir? - tirou o cabelo do rosto e abriu os olhos brilhantes vendo o que chegava a sobremesa.
Os esfomeados já tinham se esquecido de toda aquela confusão e só se importavam com o presente. Estar ali era praticamente uma conquista e eles amavam o que tinham ainda para viver. Passado, presente ou futuro? Eles não sabiam. Desde que estivessem os quatro ali, com as meninas do passado e um futuro incerto para viver, tudo estaria do jeito que eles queriam. Ou imaginariam.

Epílogo



“Olá, querida fã, ex-fã, ou seja lá como você gostaria de ser chamada.
Sabe, algo mágico aconteceu… De alguma forma, algum jeito, fomos parar em tempos inesquecíveis, mas que mudaram nossas vidas, não só uma vez, como duas. Tais coisas aconteceram e você pode encontrar no spin-off que lançamos mês passado aqui na Inglaterra do nosso livro Unsaid Things, que deve chegar no Brasil logo mais. Este, chama-se Things That Should Be Said, e contamos um pedaço da nossa aventura, interna e externa, de como uma carta chegou em nossas mãos e sobre o que ela revelou de um mundo que estava guardado apenas em nossas memórias. Também, não posso esquecer, gira em torno de pessoas que fizeram os velhos Tom, Harry, Danny e Dougie reviverem, mostrando a diferença de como eram nossas vidas antes e um pedacinho de como ficaram após aparecerem, e modificar tudo o que imaginávamos ser o correto.
Essa carta será curta, já que a nossa resposta para você está nesse livro.
Esperamos que tome a melhor decisão e que goste da que tomamos.

Com muito amor,
McFLY”




Fim



Nota da autora: (19.05.15)
Ufa! Acabei! Essa ficou grandinha, né? Mas foi pra compensar os pequenos capítulos que tem a minha long (tem seis capítulos prontos e o mesmo número de páginas que essa short, lol). E, então, o que acharam? Confusa? Gostaram? Fiquem à vontade para criticar, que estou aceitando de tudo, hahahah. Aproveitem que sou boazinha!
Devo deixar aqui um MEGA agradecimento à Thai Linda Menezes, que se disponibilizou para ler essa ~short~ e teve vários surtos comigo no e-mail devido as piadas que fiz nessa durante toda a narrativa comédia - que, aliás, cês pegaram também? HAHAHA. E a Paula também que me deixou toda boba lendo o primeiro “sou sua fã” da minha vida durante uma de nossas conversas no wpp (vê se posso com esse mimo, gente!!!). E também a Lah Belvedere, que participou do ficstape e se disponibilizou para ler meu projeto de shortfic, hahaha.
Também quero deixar claro que essa foi uma homenagem ao nosso antigo McFLY, que não dá as caras há um tempinho e (acho) que aquelas fãs eufóricas para volta deles podiam gostar. Eu, sinceramente, amei minha ideia, mas não sei se fiz jus a ela. Isso só vocês podem me ajudar! Whatever, espero que tenham gostado e que possam comentar bastante! Beijo da Tham e fiquem com os anjinhos (nosso anjinhos McFLYanos :P)




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