Finalizada em: 13/06/2022

Capítulo Único

Ver no baile aquela noite em hipótese alguma deixava feliz.

, como príncipe e futuro rei de seu reino, sabia que era errado ter tais sentimentos por alguém que não poderia estar ao seu lado, era doloroso e chegava a ser cruel. Mas ele não conseguia se afastar, havia tentado inúmeras vezes e era como se fossem como ímãs que, uma vez juntos, jamais poderiam ser separados.

A diferença era que aquilo não passava de uma mentira.

Eles podiam e seriam separados mais cedo ou mais tarde e mesmo que fosse um dos seus sonhos mais loucos, arriscados e confusos, ele não podia tê-la para si fora deles.

Mas ainda assim, era tudo sobre ela, cada detalhe nela que seu coração implorava.

— Vossa alteza se encontra bem? — um de seus servos perguntou, vendo o quão pálido havia ficado de repente.

De fato, seu estômago havia revirado com a ideia de deixá-la. Aquela noite seria definitiva para aquilo e ele, de alguma forma, preferia que ela direcionasse seu ódio a ele do que qualquer outra coisa. Ele queria que ela o odiasse para o resto de sua vida, ele queria que ela tivesse pena do impiedoso futuro forçado que ele teria e que se sentisse aliviada por ter se livrado daquilo.

Mas ela não o fez. Quando o noivado foi anunciado pelo próprio rei, com a nobre de título mais alto do que jamais poderia ter, ela sorriu de forma sinceramente triste, bateu palmas assim como os demais e seu coração doeu.

— Vossa alteza se encontra bem? — dessa vez quem perguntou foi seu amigo mais próximo, . — Você não me parece bem, .
— Eu só preciso tomar um pouco de ar! — o príncipe disse, saindo da presença de todos com urgência.

Na noite anterior, havia sonhado com aquilo, seu choque era realmente acontecer tudo exatamente igual naquela noite.

O príncipe não aguentava um destino tão enfadonho. Por mais que amasse seu povo, ele realmente gostaria de ter uma vida como todos os outros que via quando fazia viagens à cidade com . Lógico, ele não sabia como o amor funcionava, afinal, todos à sua volta sequer tiveram a oportunidade de amar antes de cumprirem seus deveres, e isso inclui seus pais na lista.

— Aí está você! — ouviu a voz do amigo surgir atrás de si. — Sempre que você está decepcionado ou triste vem ao mesmo lugar, deveria aprender a mudar um pouco, pode ser perigoso.

O local era seu favorito e ele sabia porque, afinal, ali havia sido o primeiro lugar onde seus olhos avistaram e seus ouvidos escutaram a garota pela primeira vez.

Flashback

“A shining memory, a trеasured fantasy
I be living in a dream
Bеcause everything's possible
I be living in a dream
I look for you again today
I be living in a dream
I miss you like this
I'm sketching you in my dreams
My heart floats far away on its own”


— E então o príncipe disse à plebeia que ele a amava de todo seu coração. — quando ecoava, a voz dela fazia com que qualquer pessoa que passava parasse e prestasse atenção em suas palavras. — Ele a amava tanto que chegava doer todas as partes de seu corpo, dos ossos a carne.

Sentada em um dos balanços florais do lado leste do palácio, junto da pequena irmã de , atraía não apenas olhares, mas também ouvidos. Pelo que todos diziam, suas histórias eram fascinantes, mas aquela era a primeira vez que ele presenciava em pessoa.

— E eles ficam juntos no final? — ele perguntou surgindo detrás de uma das árvores grandes que o jardim possuía, assustando a todos que ouviam sua história.
— Vossa alteza! — ela disse se levantando rapidamente do balanço junto dos outros, assustados e se curvando em respeito ao futuro rei de seu povo.
— Então quer dizer que é aqui que vocês se escondem durante a tarde? Bom, é compreensível. — ele disse brincando, mas parece que não entenderam seu tom brincalhão.

Todos arregalaram os olhos e estavam prontos para se desculparem, mas tomou a frente e baixou sua cabeça, se desculpando primeiro.

— A culpa é minha, Vossa Alteza. Eu estava preparando um piquenique com , digo, com a princesa. — ela consertou. — E pensei que mais algumas pessoas pudessem ouvir a história de hoje. Eu pedi o favor para aqueles que estavam em seus horários de descanso, então, por favor, se alguém deve levar a culpa, que seja a minha pessoa. — ela disse sem subir seu olhar.
— Oh, não! — ele disse, movendo as mão rapidamente em movimentos negativos, quase desesperados e um tanto desengonçados. — Não foi isso que eu quis dizer. — ele disse, olhando em súplica para que sua irmã o ajudasse. Ela apenas riu da cena, negou com a cabeça e deixou que ele mesmo resolvesse aquilo. — Eu estava elogiando a senhorita, digo, sua história, a maneira de contá-la, já ouvi muito sobre suas histórias, digo, sempre está me contando a maioria delas nos jantares de sexta-feira à noite.

não sabia muito como reagir, o clima constrangedor havia se instalado entre eles, não esperava ouvir um elogio do príncipe, assim como ele não esperava ficar tão nervoso a ponto de elogiá-la na frente de todos ali.

— Agradeço a modéstia da princesa de gostar de minhas aulas e falar de minhas histórias. — ela disse, reverenciando a ambos.
— E então? — ele perguntou, tirando todo o clima constrangedor assim que fez o sinal para que todos se sentassem onde estavam antes, se sentando no terceiro balanço floral, na ponta oposta à sua irmã, com ao meio. — Eles ficam juntos no final?
— Temo em dizer que não, Vossa Alteza. — ela disse com uma expressão triste e imediatamente se juntou aos dois no balanço do meio. — Odette era teimosa demais, ela sabia que não funcionaria mesmo que ele deixasse tudo por ela.
— Por quê? — ele perguntou curioso.
— Porque ela sabia que ele não seria completamente feliz. — ela sorriu triste, folheando à procura da parte favorita de seu livro. — Ela sabe que ele sempre teve uma missão antes que aparecesse em sua vida e ela está bem com isso, afinal, por mais que ele tivesse sido seu primeiro amor e sempre tivesse um lugar especial em seu coração, não significava que ficariam juntos. — ela suspirou e ele achou encantador seus sentimentos que fluíam junto da história. — Ela sabia, — sorriu um pouco mais amarga do que imaginava — ela sabia que o amor tinha escalões diferentes, existem diversos tipos de amor.
— Existe o primeiro e o último. — , a irmã mais nova, se pronunciou. — Essa é a minha parte favorita, , leia para ele.

assentiu para mais nova, sorrindo.

— Existe uma carta. — ela disse, analisando a folha especial do livro em formato de carta. — Dizem que Odette e o príncipe eram pessoas reais, porém de nomes diferentes antigamente, e dizem que essa foi a última carta que Odette lhe escreveu antes de realmente entender que o amor estava onde ela quisesse que estivesse, e antes dele entender que, depois de um ano, ela havia decidido amar outra pessoa que realmente pudesse lhe dar o amor por completo. Alguém sem uma missão de vida, que não fosse amá-la e vê-la ser a mãe de seus filhos, alguém que não precisava se dedicar noventa por cento a um povo e dez por cento à pessoa que amava, alguém que não a deixou para casar com alguém que traria mais poder a seu reino.

“Você me amou o quanto pôde, você me amou mais do que deveria.
Inconsequentemente meu coração gritou seu nome e recitou poemas que eu sequer sabia que existiam lá dentro. Eu te amei e ainda amo. Acho que sempre amarei, afinal, sabemos o que dizem de primeiros amores: eles nunca se vão por completo. E Mark sempre foi ciente disso e ainda assim, ele esperou pacientemente.”

— Odette era uma mulher muito inteligente. — disse, interrompendo a leitura.

“Eu sei, do fundo do meu coração, que deveríamos e teríamos que passar por isso, era nosso destino, nossa sina, nosso fardo sermos o primeiro amor um do outro. Como da última vez em que nos vimos, antes de que eu me mudasse por completo para a cidade, ‘as estrelas estiveram a nosso favor, mas não o tempo ou o sangue com o qual nascemos’.
Um pouco amargo vindo de você que sempre vê tudo de uma forma positiva, coisa que eu sempre admirei.”

— O príncipe da história se parece muito com você, irmão! — a mais nova disse. — Ele é positivo, otimista, simpático, esforçado, um pouco descabeçado e apaixonado. — ele riu dos tantos elogios que recebeu. — Mas você ainda não encontrou sua Odette, e mesmo que se encontrasse, acho que o final seria o mesmo, uma princesa de outro reino te roubaria e sua Odette acabaria se casando com o último amor.
— Último amor? — ele perguntou e riu junto da princesa, que se desculpou sem responder, dizendo para que a mais velha continuasse sua leitura.

“Você, meu primeiro amor, sempre fará parte de mim.
Eu já disse isso, mas queria reafirmar o quão especial você é, foi e sempre será.
Mark é, no entanto, quem eu menos esperava que se tornasse o último, e ele esperou pacientemente por esse momento, ele segurou a minha mão assim que você já não foi mais capaz de segurá-la e me guiou por um caminho um tanto cruel para ele, eu diria, mas persistentemente ganhando o espaço que a vida devidamente já havia providenciado em meu coração assim que nos conhecemos, afinal, ela sabia que eu e você nunca poderíamos ficar juntos.

Não me tardarei mais nas palavras, desejo a mais profunda felicidade a você e que você seja infinitamente feliz.

Do seu primeiro amor, Odette.”

— Então, quer dizer que por mais que Odette o amasse e que fossem o primeiro amor um do outro, eles não ficariam juntos? — ele perguntou confuso e riu, achando fofo.
— Talvez em uma outra vida, Vossa Alteza! — um dos empregados disse, tirando seu chapéu no mesmo momento. — Odette e o príncipe eram fadados a encontrarem um ao outro e serem o primeiro amor um do outro, talvez em uma outra vida das muitas que tivessem. Uma delas era destinada puramente à missão de estarem juntos.
— Que triste final para uma história tão bonita. — ele disse decepcionado.
— Talvez para o romance central sim, mas não para os personagens. — respondeu. — Odette era e foi feliz com Mark, ela realmente o amava e o príncipe era feliz por ela. Talvez não tenham vivido a própria felicidade juntos, mas viveram um pelo outro da melhor forma que podiam.
— Acho que essa foi a conclusão mais bonita que eu poderia ouvir sobre um final tão trágico. Até me fez aceitar o destino dos dois. — o príncipe exclamou, ouvindo as palavras que saíam da boca da garota com atenção.

Flashback off


— Você está me ouvindo? — disse chamando a atenção do amigo que encarava o nada.
— Claro. — ele respondeu sem ânimo algum e claramente mentindo.
— Claro que não. — disse baixo. — Escuta, eu preciso conversar com você sobre uma coisa.
— Será que não podemos deixar isso para outra hora? Eu não estou muito bem hoje. — respondeu, se levantando do balanço e dando as costas para o amigo e para o local.
— Eu também a amo. — disse de repente, fazendo com que os passos de travassem no mesmo momento. — Desde o primeiro dia de verão em que os pais dela foram trabalhar na mansão ao lado da minha. — ele suspirou, se lembrando do dia em que a garota de menos de dez anos se juntou a ele no jantar a pedido de seus pais. — Eu a amo desde antes mesmo de seus pais partirem e ela viver conosco. Ela é minha melhor amiga, eu a amo antes mesmo de você conhecê-la.
— Eu também sou seu melhor amigo. — disse com uma ponta de orgulho em suas palavras.
— Eu sei e estou ciente de que você a ama mais do que qualquer pessoa que eu já tenha visto em sua vida. — respondeu, se sentando no balanço enquanto seguia de pé, encarando a grande árvore a sua frente. — E também estou ciente de que ela o ama da mesma forma, porém, eu precisava dizer isso ou parecia que me sufocaria até a morte.

nunca encarou bem seus sentimentos. As diversas danças, os diversos risos e sorrisos ao lado de nas quentes e entediantes tardes de verão haviam mudado praticamente tudo dentro de si, mas ele nunca havia dito que a amava tão bravamente e de boca afora como havia feito.

— Não estou te pedindo nada além de que você a faça feliz. Não importa o que decida, sei que fará tudo para ficar com ela. — suspirou pesadamente, se levantando. — Ou então eu tomarei a minha chance e jamais deixarei que ela sofra por ver seu primeiro amor se casando com outra pessoa, porque eu serei seu último amor e isso, para mim, é mais do que suficiente.
não é Odette. — respondeu, não de forma nervosa ou descompensada, mas cheio da tristeza que o encheu ao pensar que, em realidade, sua boca dizia palavras mentirosas, porque sua mente sabia a verdade.

E a verdade era que ironicamente o destino havia feito de sua Odette e dele seu príncipe fujão que ele tanto abominou do começo ao fim, afinal, sempre pensou que ele pudesse dar um jeito de fazer de sua amada sua esposa.

não esperou ou respondeu, ele apenas saiu dali. Sabia que aquela conversa não era algo que ele deveria se intrometer, ambos eram seus amigos e continuaram sendo independentemente de como seria dali para a frente.

se sentou outra vez, mas não por muito tempo, já que os servos vieram atrás dele. Chegando ao salão principal, teve que distribuir sorrisos quando sequer estava feliz. Era torturante para , que o observava de longe. Sabia que mais cedo ou mais tarde se dariam conta que entrarem um na vida do outro não tinha sido a melhor decisão. A dor em seu coração ardia tão forte que ela não conseguia mais continuar ali, era como se o que eles tinham apenas fosse parte de um sonho inconsequentemente surreal.

Ela se retirou do salão, deixando um forte suspiro sair de sua boca assim que pisou os pés fora do grande baile. Seus ouvidos pareciam estar surdos e seu coração se apertava em uma quase crise de pânico, até que uma mão tocou a sua e uma voz pareceu clarear sua mente.

— Quer ir para casa? — perguntou com um sorriso fraco nos lábios e um olhar preocupado em direção à garota, que apenas sacudiu a cabeça positivamente. — Aqui, coloque meu casaco enquanto vou atrás do senhor Kim. Está fazendo frio essa noite
! — ela o chamou antes que ele saísse do local. — Obrigada.
— Eu faria tudo e mais um pouco por você. — ele disse sorrindo. — Eu já te disse antes, a sua felicidade é a minha felicidade e a...
— Minha tristeza é a sua tristeza. — ela finalizou, fazendo com que ele sorrisse de forma terna para ela. — Ainda assim, obrigada, por tudo!

e viviam juntos há mais ou menos treze anos, desde que os pais dela faleceram de uma doença que os levou juntos, deixando a pobre criança só no mundo. era muito grato por seus pais sempre fazerem questão de que a garota fosse parte da família, eles sempre a tratavam bem e sempre foram a favor de que os dois fossem bons amigos, e até mesmo mais que isso. Sua mãe sabia bem dos sentimentos que habitavam o coração do filho mais novo e até mesmo recitou um poema a ele quando o pegou observando a garota da janela, conversando com os demais empregados da casa.

Flashback


— Você definitivamente é igual ao seu pai. — ela disse sorrindo, fazendo com que o garoto se assustasse com a presença da mãe.
— O quê? — ele perguntou confuso com a repentina comparação.
— Não sabe esconder que está apaixonado. — ela sussurrou apontando com a cabeça para a garota que ria de algo que as senhoras responsáveis pela cozinha diziam.

Os olhos do garoto se arregalaram tanto que a mãe não conseguiu segurar a risada, chamando atenção da garota que os viu conversando e, contente, foi em suas direções.

— Do que as minhas duas pessoas favoritas no mundo estão rindo? Posso saber? — ela disse, se aproximando dos dois com uma maçã em mãos.
estava me contando uma história muito engraçada, ! — ela disse piscando para o garoto. — Peça para que ele te conte depo...
, minha querida, será que você poderia ficar de olho no ensopado por alguns minutos? — Alice, uma das cozinheiras, disse, salvando de um constrangimento que aconteceria se a mãe tivesse continuado. — Preciso pegar algumas batatas na horta.
— Claro que sim, minha querida Alice! Um minuto. — ela disse sorrindo. — Quero ouvir essa história depois, . — ela disse sorrindo. — Vejo vocês no almoço.
— Eu já disse para você parar de trabalhar pela casa. — a mãe de disse. — Você é da família, não deveria estar trabalhando assim.
— Eu sei. — a garota disse. — Mas eu me ocupo melhor assim, é bom ajudar Alice na cozinha ou Aurora nos estábulos. — ela disse, deixando um beijo na bochecha da mais velha. — Além disso, alguém tem que limpar as bagunças de quando ele entra em momentos criativos na sala de música ou então ela ficaria com dezenas de papéis de jogados no chão, já que eu sou a única que ele permite entrar.

deixou um beijo na bochecha do amigo assim como fez com a mãe dele, mas, ainda que fosse algo muito comum entre eles desde que eram pequenos, a forma como seu coração reagia a ela havia mudado.

— Vejo vocês daqui a pouco. — ela disse se retirando.
— “Le jour pousse la nuit, Et la nuit sombre, Pousse le jour qui luit D’une obscure ombre”. — a mãe disse de repente, tirando a atenção dele que se encontrava no caminhar da garota até a cozinha. — “Mais la fièvre d’amours, Qui me tourmente, Demeure en moy tousjours, Et ne s’alente. Ce n’estoit pas moy, Dieu, Qu’il falloit poindre, Ta fleche en autre lieu Se devoit joindre.”
— Eu não sabia que a senhora falava francês, mãe. — ele disse, encantado pelas palavras que acabara de escutar sem ao menos tê-las entendido. — Mas eu não poderia dizer que as entendi porque troquei as classes de francês pelas classes de piano.
— Você deveria ter feito as duas ao mesmo tempo como eu disse na época. — ela disse rindo. — Se tivesse feito, entenderia em que tipo de situação se encontra.
— Ou a senhora poderia apenas explicar o que acabou de dizer. — ele sorriu.

“The day pushed the night,
(O dia empurrou a noite,)
And the dark night
(E a noite escura)
Pushes the day that shines
(Empurra o dia que brilha)
Of a dark shadow
(De uma sombra escura)
But the fever of loves,
(Mas a febre dos amores,)
That torments me,
(Isso me atormenta,)

Still stays in me,
(Ainda permanece em mim,)
And doesn’t feed itself.
(E não se alimenta sozinho.)
It wasn’t me God,
(Não fui eu, Deus,)
That needed to be hurt,
(Que precisava ser machucado,)
Your arrow, in another place,
(Sua flecha, em outro lugar)
Should have fallen.
(Deveria ter caído.)”

— A Cupidon, Pierre de Ronsard



Flashback off


Não se sabia, na história, quem realmente estava fadado a um amor não correspondido, porque, de alguma maneira, ambos foram correspondidos.
Naquela noite, procurou por , mas seus olhos já não alcançaram mais os dela porque já não estava mais presente, assim como , então ele soube que não teve sequer tempo de se despedir ou pedir para que ela lhe concedesse uma última dança como fazia naturalmente em todos os bailes que estavam presentes. De alguma forma, em seu coração, sentia que aquela ainda não havia sido uma despedida, mas a última vez que se viriam.

Flashback


— A minha estrela admirando as outras estrelas? — ele disse, a assustando enquanto ela olhava para o céu com seu longo e esverdeado vestido de baile.
— Elas são tão bonitas daqui. — ela disse sorrindo.
— Sim, linda! — ele disse se referindo a ela e não às estrelas.
— Como me encontrou? — ela perguntou, curiosa.
— Perguntei a onde você se metia quando estava entediada. — ele disse se encostando na sacada junto dela. — Mas eu tive uma sensação de que esse era seu lugar favorito pelo simples fato de você passar tanto tempo aqui com a minha irmã.
— A princesa realmente gosta desse lugar para estudar. — ela respondeu rindo.
— Nós deveríamos voltar ao salão para que você me concedesse uma dança especial. — ele disse a olhando.
— Terei que negar o pedido da vossa majestade. — ela disse sem graça. — o único tipo de dança que eu sei é a que eu e fazemos quando estamos felizes pela comida estar pronta às quintas-feiras. — ele riu confuso. — Alice, nossa cozinheira, faz nosso prato favorito às quintas-feiras.
— Você fala como se fossem casados ou algo do tipo. — ele disse, se encostando na sacada, voltando sua atenção ao céu a sua frente. — Me faz ter inveja que ele possa tê-la tão indiscretamente.
— Vossa majestade está com ciúmes de minha amizade com ? — ela perguntou, provocando o príncipe, o que era algo comum entre eles depois de diversos encontros às escondidas pelo castelo, onde conversaram sobre todas as coisas possíveis, e acabaram tendo seus corações presos um ao outro.
— De certa forma, sim! — ele respondeu sorrindo triste. — Eu queria podê-la exibir a todos pelo salão de baile hoje, mostrar o quanto ficamos bem juntos.
— Eu sabia em que posição me colocaria quando entrei em sua vida e deixei que me roubasse um beijo naquela tarde de inverno fria. — ela respondeu, acariciando levemente sua bochecha. — Quando for o momento, o destino dirá onde isso levará, então podemos aproveitar o que temos agora.
— A senhorita é incrível, sabia? — ele disse, juntando suas testas. — Não quero que isso acabe, queria tê-la conhecido em outra vida, queria não ter a posição que tenho agora, queria simplesmente viver de uma forma diferente, com você.
— Não tenha medo. — ela disse, acariciando uma de suas mãos. — Eu continuo aqui, e mesmo que tenhamos caminhos diferentes no futuro, você sempre estará em meu coração, porque você foi o meu primeiro amor e sabe o que dizem sobre o primeiro amor, Vossa alteza?
— O primeiro amor nunca se vai por completo. — ele respondeu. — O primeiro amor nunca deixa de ser o primeiro amor.

Flashback off


2 semanas depois


— Você está se mudando para a cidade? — perguntou, atordoado e ensopado assim que abriu a porta de seu quarto.
— Meu Deus, ! — ela disse, olhando-o ensopado. — Você não estava no campo com seus pais? O que faz aqui? Por que está ensopado?
, me responda. — ele disse e a garota não sabia identificar se o que rolavam em seu rosto eram gotas da chuva repentina que ele havia pego ou se eram até mesmo lágrimas.
— Sim. — ela disse soltando um longo suspiro. — Eu pretendia te contar quando vocês voltassem da viagem ao campo. — ela disse, deixando que ele entrasse em seu quarto.
— Por quê? — ele perguntou ressentido. — Aqui não está bom para você? Podemos mudar para a nossa casa de inverno ou a que você tanto gosta no campo, onde a vovó fica quando sente falta do vovô.
— Não é isso. — ela disse. — Eu preciso passar um tempo sozinha e eu encontrei essa garotinha para quem posso dar aulas. Ela precisará de mim por um ano, não consegui recusar a oferta de sua mãe já que agora não tenho a quem ensinar. — ela suspirou. — E você ainda pode me visitar sempre que sentir minha falta, não é como se eu estivesse entrando em um barco e me mudando para outro país.
— Você não precisa se afastar de tudo e todos porque se apaixonou por alguém que não podia mantê-la em sua vida, . — ele disse, a olhando de uma forma que fez seu coração acelerar.
— E não estou. — ela disse segurando as mãos frias dele. — Acredite, não estou.
— Então não vá. — ele disse, quase implorando.

A verdade era que vê-la sofrendo já era algo agonizante dentro de seu peito, mas vê-la sofrendo sozinha era algo ainda pior.

— Fique, almoce comigo nossos pratos favoritos cozinhados pela Alice às quintas-feiras. — ele disse. — Fique e fuja comigo de bailes, encontros e pessoas chatas que encontramos por nossos passeios à cidade nos finais de semana, fique e brigue comigo por não ter aprendido como tocar sua música favorita ou por não rir das piadas sem graças de mamãe. — ele disse com um gosto amargo na ponta de sua língua. Viver sem ela definitivamente não fazia sentido ou parte da história.
— Ou você pode viver comigo na cidade. — ela disse, se agarrando ao sentimento em que surgia em seu coração. — Vivemos juntos a tanto tempo que não sei se realmente conseguiria viver longe da sua bagunça.

Flashback

“Can't live without you
The dream I dreamed of waiting for you
I want to hug you more
Uh, I guess everything was a dream
When I made eye contact with you, eh (When I made eye contact with you)
I was so happy, uhm, I guess I can't help it
Uh, my heart seems to be empty
I want to make you stay, uhm
Wanna keep falling asleep like this, huh
You know, like it's in dreams”


— Eu sabia que estaria aqui. — disse, se aproximando da garota aconchegando as mãos em sua cintura, demonstrando carinho com o abraço que lhe dava.
— Ela é linda. — disse, se afastando do seu abraço com cuidado para não parecer estar na defensiva. — Estou dizendo de coração, vocês fazem um belo par.
— Ela não é você. — ele disse, tentando se aproximar.
— Exatamente. — ela respondeu tranquila. — Porque ela é ela e tem suas próprias qualidades.
— Não foi isso que eu quis dizer. — ele conseguiu aproximar suas testas, necessitava senti-la próxima a ele.

Seu toque parecia frio, mas ele sabia que eram muitas emoções para ela suportar.

— Espero que saiba que nunca desejei colocá-la nessa situação. — ele disse triste.
— Espero que saiba que nunca me arrependi. — ela disse deixando um pequeno e simples beijo em seus lábios.
— Eu amo você, . — ele disse calmo.
— Adeus, primeiro amor. — ela sabia que respondê-lo reciprocamente doeria mais e provavelmente abriria uma ferida que jamais cicatrizasse.

Então ela apenas se despediu e saiu pela enorme porta do quarto.

Flashback off


Meses depois.


— Tenho uma surpresa para você! — disse entrando pela porta da enorme casa. — Duas, na verdade, porque trouxe seus morangos favoritos.
— Você trouxe morangos? — ela disse feliz enquanto admirava as frutas que ele havia deixado sobre a mesa de jantar. — E você aprendeu a escolhê-los, . — ela disse, o abraçando. — Estou orgulhosa de você.
— Como eu não aprenderia depois de ver você surtando sobre os morangos maduros que eu comprei da última vez? — ele respondeu, devolvendo o abraço da garota.
— Qual a outra surpresa? — ela perguntou curiosa.
— Venha! — ele disse indo em direção ao piano que tinha na sala de visitas.

se sentou e dedilhou algo rápido, testando a afinação do instrumento.

— Você compôs uma música para mim? — ela perguntou rindo e se sentando ao seu lado.
— Melhor. — ele respondeu sorrindo. — Preparada?

sacudiu a cabeça positivamente e ele começou a tocar uma canção totalmente conhecida por ela. Sua música favorita, ele estava tocando sua música favorita, a mesma que contava a triste história de Odette e do príncipe em sua melodia, mas também a mesma que mostrava o alívio por Mark existir na mesma história.

— Você aprendeu! — ela disse animada, o abraçando em seguida. — Você realmente aprendeu.
— Passei horas no estúdio, mas consegui. — ele disse sorrindo enquanto ela ainda estava abraçada a ele. — Feliz aniversário. — ele sussurrou.
— Não acho que receberia um presente melhor que esse por toda a minha vida. — ela disse feliz. — Eu amo você, . Obrigada por estar ao meu lado sempre que eu precisei.
— E quando não precisou também. — ele disse rindo e se soltando dela em seguida.
— Eu sempre precisei de você. — ela disse de repente. — Sempre.
— E eu de você. — ele respondeu, perdido no olhar da garota a sua frente. — , eu prometi para mim mesmo que não faria nada do tipo antes de ter certeza que poderia fazer com que você me visse com outros olhos, mas eu não sei se suporto mais isso. — ele disse, respirando fundo. — Eu sempre fui muito paciente, mas quando envolve você, eu simplesmente não sei o que fazer.
— O que você quer dizer com isso? — ela perguntou, tentando ter certeza do que ele falava.
— Quero dizer que eu... — ele foi interrompido pelas batidas da porta principal da casa.

esperou por sua resposta, mas nada saiu de sua boca, então ela apenas se levantou para ver quem tocava àquela hora da manhã.

— Surpresa! — a mãe dele disse, aparecendo na porta com um bolo em mãos.

Flashback


— Vocês dois estão me deixando tão cedo! — disse a mulher mais velha, choramingando.
— Mamãe, a senhora pode nos visitar sempre que quiser. — respondeu a mãe. — Não é como se estivéssemos longe.
— Vocês estavam longe sim! — a mulher reclamou. — Alice sentirá falta de cozinhar para vocês às quintas-feiras, olhem a cara de desolada que ela está.

Os dois deram risada com o drama que a mãe de fazia com quase tudo que envolvia ambas as partes.

— Espero que já estejam noivos da próxima vez que vierem me visitar. — ela disse rindo, fazendo com que arregalasse os olhos e corasse.
— Mamãe! — ele disse, tentando fazer com que ela parasse com o assunto.
— Não estou mentindo. — ela disse. — Acenderei uma vela todos os dias pedindo por isso.

Ambos deram risada, mas esse momento despertou a curiosidade sobre o que a convivência dos dois poderia criar com o tempo. Não que não convivessem antigamente, mas a casa era basicamente cheia e sem privacidade para que pudessem pensar em algo como almoçarem apenas os dois, de uma forma romântica, que não fosse apenas mais um jantar divertido em família, mas sim romântico.

Flashback off


— Uma carta chegou, senhorita ! — a cozinheira disse, entrando pela porta com as sacolas de mercado e a carta em mãos com o selo oficial do príncipe.
— Obrigada, Alena. — ela respondeu apreensiva com o que aquela carta poderia ser. — Você está dispensada por hoje.

não estava pela casa, havia saído para visitar a mãe pela manhã e voltaria na parte da tarde. Como tinha tido aula naquele dia, não pôde ir junto dele, então significava que teria que lidar com aquilo sozinha. Por isso, abriu a carta com cuidado.

“Olá, minha ! Ainda posso chamá-la assim?”

Ela começou lendo.

“Tentarei manter a possessão fora de minha palavras, prometo.” riu, sabia que aquilo era algo impossível para ele.

A garota sentou-se na poltrona com a carta em mãos e se acomodou para lê-la confortavelmente.

“Eu decidi que ao invés de esperar por uma carta sua, eu mesmo deveria enviá-la uma, já que em sua história preferida o príncipe não mandou uma a Odette. Dessa vez a história terá um detalhe diferente: tudo que eu queria lhe dizer quando ainda nos víamos, mas acabei não dizendo, estará nessas palavras, então espero que não se importe.”

já imaginava que aquilo aconteceria. Por mais que ele não fosse uma pessoa apegada a sentimentos assim como ela, que demorou para deixar de pensar nos preparativos do casamento dele com sua futura esposa dele, ele ainda continuava sendo apegado a momentos, e os que eles haviam tido definitivamente haviam sido especiais.

“Em inúmeras vezes eu me imaginei indo até você, agarrando a sua mão e te envolvendo em meus braços na frente de todos. Eu realmente tentei e desejei não ter nascido com sangue real várias e várias vezes por conta da dúvida ainda ser algo enorme em minha cabeça, mas quando eu arrisquei, quando eu tentei me aproximar de você outra vez a exatos três meses depois de você ter partido e eu mesmo ter cancelado meu casamento por não suportar a ideia de viver sem você ou de estar com outra pessoa que possivelmente não entenderia a diferença do amor que habitava meu peito. Eu a procurei pela cidade, eu fui à casa dos pais de e eles me disseram que vocês estavam vivendo na casa da cidade e que você estava bem, dando aulas, sendo a mulher independente que sempre foi. Eu a procurei e a encontrei.”

não sabia do que aquilo se tratava, não o via pessoalmente desde o baile em que se despediram.

“Eu a vi enquanto ia em direção à feira, você estava sorridente de uma forma que eu acho que nunca vi antes, com seus braços entrelaçados aos de . Aquilo me incomodou tanto que eu simplesmente não consegui descer da carruagem que estava pronta para levá-la de volta comigo ao palácio. Você sorria como se nada estivesse machucado, ou melhor, como se nada a pudesse machucar porque ele segurava o seu braço.

Devo ser sincero em dizer que nos primeiros dias aquela cena de vocês dois, tranquilamente escolhendo morangos em uma das paradas, ficou presa em minha mente e, de certa forma, acertou meu orgulho em cheio. Mas minha mente clareou quando eu apenas me dei conta de que você estava feliz. É difícil acreditar, mas eu fiquei feliz por você estar feliz, por ele te fazer feliz daquela forma, porque, afinal, tudo que vocês têm um com outro é o que nós não tivemos tempo de ter. Ele sempre a amou, ele chegou a ser sincero a respeito disso na noite em que nos despedimos, ele me disse que a amava e que tentaria de tudo se eu tivesse que deixá-la mais cedo ou mais tarde. Eu bati meus pés, insisti que você não era Odette e nunca seria, eu menti para mim mesmo porque sempre soube que você não deveria ser minha, que seria crueldade dar continuidade ao amo que tivemos. Mas, ainda assim, não sou capaz de mentir sobre isso, não sou capaz de dizer que não te amo mais. Pelo contrário, continuo te amando como meu primeiro e último amor, mas sigo feliz com a escolha que tomamos, que eu tomei. É infinitamente melhor vê-la feliz por poder sair livremente de braços dados com alguém para escolher morangos na feira do que sempre ter que escondê-la quando alguém nos via próximos nos bailes ou quando você dava as aulas de .

sente sua falta e eu ainda mais, não sei se um dia serei capaz de parar de sentir.

Você foi como um sonho do qual eu jamais gostaria de ter acordado, mas a realidade bate à nossa porta e nós percebemos que nem sempre tudo é como desejamos. Mesmo que tudo em minha vida seja sobre você, eu prefiro vê-la sem mim do que vê-la infeliz como naquela noite. Por favor, nunca se esqueça de quem eu fui, seu primeiro amor. Eu sei que é pedir demais, eu sei que é egoísmo também, mas eu realmente queria que você guardasse com você nossa primeira memória especial juntos, nossa primeira dança no baile de inverno, logo depois de nos conhecermos.”


Ela se lembrava muito bem daquele dia, mesmo que já não tivesse o mesmo pensamento sobre seus sentimentos. Ela se lembraria sempre da felicidade que sentiu naquele momento.

Flashback


— Por que não a chama para dançar, ? — a irmã mais nova disse, chegando ao seu lado.

Ela era observadora, notou que o irmão não tirou os olhos da garota durante todo o baile, e mesmo antes disso já havia notado um interesse dele por ela.

— Vamos, ! não seja covarde. — ela disse, empurrando o irmão em direção a , e os pais dele que conversavam tranquilamente com outros barões e condes que se aproximavam deles para puxar assunto.
— O que você... — ele não teve muito tempo de repreender a irmã que o empurrou sem muita delicadeza até o grupo de pessoas que não estava muito longe deles. — Boa noite! O que estão achando do baile? — ele disse se recompondo e escutando a risada da irmã atrás de si.
— Olá, . Olá, ! — disse saindo de trás do irmão, apenas cumprimentando aqueles que já conhecia.
— Está adorável, Vossa Majestade. — o pai de respondeu a junto de sua esposa que sorria.
— Olá, princesa! — e responderam ao mesmo tempo.
— Espero que tenha feito sua lição para a aula de amanhã! — a mais velha disse, brincando com a princesa que riu.
— Eu fiz. — ela disse. — me ajudou, ele é muito inteligente, sabia?
— A sabedoria do príncipe herdeiro é conhecida por todo o reino, princesa! — respondeu rindo.

então cutucou levemente o irmão, que prestava atenção na conversa da irmã e quase morria de vergonha de todos que escutavam também. Os músicos mudaram os acordes da canção que tocava e outra começou, uma muito bem conhecida por ele e até mesmo pela princesa, fazendo com que ela o cutucasse mais uma vez e ele tossisse levemente, ainda envergonhado pela atitude da irmã.

— Hum. — ele começou falando com um pouco de incerteza. — A senhorita me concederia essa dança?

Ele perguntou, oferecendo sua mão a . Todos a encararam imediatamente, alguns abismados como os barões que tinham suas filhas por perto, outros esperançosos como o pai de que realmente apreciava a gentileza do príncipe, pois o havia visto crescer assim como a própria garota, e outros olhavam com tristeza, como a própria mãe de , que encarava a cena dos braços da garota se soltando dos braços do filho para dançar com o príncipe, cena que lhe cortava o coração.

— Espero que não se importe de eu roubar sua companhia por hoje, ! — o príncipe disse amigável.
— Desde que a conheci, eu soube que teria que disputar por sua atenção mais cedo ou mais tarde. — o amigo respondeu brincando.

Não era como se ele não soubesse dos sentimentos especiais de pelo príncipe também. Ele não se meteria em uma história por puro luxo, a menos que ela desse indícios de que poderia se machucar.

— Como a Vossa Majestade está se sentindo hoje? — ela perguntou, segurando sua mão com delicadeza enquanto os pés giravam pelo salão junto dos dele.
— Bem melhor agora. — ele disse, lhe dando um sorriso sincero. — Senti falta de me juntar a você e a na última semana.
— A princesa me disse que Vossa Majestade estava viajando para resolver assuntos do reino no povoado vizinho. — a garota disse. — Ela ficou extremamente chateada de não ter sido convidada a se juntar a vocês.
— Por favor. — ele disse, se aproximando um pouco mais dela. — Não me chame de Vossa Majestade, ao menos não quando estivermos a sós, como agora.
— Como deveria chamá-lo? — ela perguntou, tentando não demonstrar sua felicidade com tamanha aproximação dos dois.
— Me chame de . — ele disse sorrindo.

Pode não parecer muito, mas apenas aqueles que tinham permissão ou eram extremamente próximos ao príncipe se arriscavam a chamá-lo pelo nome ou apelido. Se qualquer um escutasse, poderia receber algo como pena de morte ou uma punição severa e desagradável. Mas ele precisava daquilo, precisava ouvir seu nome sendo pronunciado por ela, precisava que ela lhe chamasse.

— Um prazer conhecê-lo outra vez. — ela sorriu. — .
— É um prazer conhecê-la outra vez, . — ele respondeu sorrindo.

Flashback off


“Lembre-se daquele baile e de sua importância em meu coração pelo simples fato de ser você. Você foi a primeira pessoa que eu quis que me chamasse pelo meu nome. Lembre-se de como eu segurei suas pequenas mãos com força enquanto dançávamos, porque, naquele dia, eu decidi que não a deixaria, independente de qual fosse o nosso futuro.

Eu quero a sua felicidade, .
Hoje e sempre.

E a sua felicidade também tem um nome, você sabe muito bem qual é, porque você sempre pôde chamá-lo quando precisava e quando não precisava também. Ele sempre a teve.

Diferente de mim.

Com amor, do seu primeiro amor!

Seja feliz,
.”


terminou de ler aquela carta sorrindo, afinal, o final daquela história era diferente de Odette e o príncipe, porque ele havia entendido primeiro que existia a felicidade em ver aquele que ama feliz, mesmo que fosse de longe. Ela também estava feliz por ele, seu reinado seria algo justo e tudo que o povo precisava, aquela era sua missão no final das contas.

Ela era grata por poder ter tido seu amor e também por poder amá-lo.

— Cheguei! — disse, entrando na casa cheio de coisas. — Mamãe insistiu que eu trouxesse essas coisas e ela ficou triste porque você não estava junto. — ele disse rindo. — Acho que ela preferia ver você do que a mim.

não respondeu, ela ainda estava pensando em cada palavra daquela carta que havia acabado de decidir sua vida.

? — a chamou, se aproximando assim que deixou as coisas sobre o balcão. — Está tudo bem? Você está se sentindo bem?

Antes, um dos maiores medos dela era que alguém além dela saísse ferido naquela história, mas também era inevitável, alguém sempre esteve machucado. Mesmo antes de ela saber o que aconteceria, alguém já a observava de longe.

— Estou bem. — ela disse, despertando de sua reflexão, lhe dando um sorriso confortável quando viu ele se agachar ao lado da poltrona apenas para ficar de seu tamanho. — Apenas um pouco zonza.
— Que bom! — ele disse aliviado. — Mas você ainda está pálida, não quer comer algo que a mamãe mandou para ver se melhora?
— Está tudo bem, , não se preocupe. — ela disse segurando uma de suas mãos, o que fez com que seu coração se descontrolasse.
— O que é isso? — ele perguntou, curioso com os papéis em sua mão.
— Ele me enviou uma carta. — ela disse tranquila. — Você sabia que ele havia cancelado o casamento, não sabia?
— Meus pais me contaram alguns meses depois. — ele se levantou, seu coração não suportaria vê-la partir. — Quando você se muda? — perguntou dando as costas para ela, indo em direção à cozinha. Aquilo não era muito de seu feitio, mas ele realmente não suportaria mais uma partida.
— Não vou. — ela disse parando atrás dele, o que fez com que seu corpo congelasse. — A menos que você queira que eu vá. — ela continuou se aproximando. — Você quer que eu me mude?
— Não! Não vá. — ele disse se virando de frente para ela. — Nunca mais saia do meu lado. — ele a abraçou. — Eu não sei se suporto mais uma vez.
— Ele sabia antes mesmo de mim. — ela disse e ele a afastou, olhando em seus olhos com confusão em seu rosto. — Ele sabia sobre você ter um espaço em meu coração que eu sequer imaginava ser tão grande. Eu amo você, . — ela disse suspirando. — E não faço ideia de quando isso começou.
— Eu sempre te amei, . — ele respondeu, a abraçando mais uma vez. — E sequer me lembro de quando começou.
— Espero que você não se importe de me ter vivendo com você por mais tempo do que o previsto. — ela disse rindo.
— E eu espero que você tenha meu sobrenome em breve. — ele respondeu sorrindo.

O sorriso da garota aumentou e ela não pensou duas vezes para responder.

Sua resposta foi um beijo caloroso e, de alguma forma, familiar e destinado, um beijo necessário.




FIM.



Nota da autora: Meu deus o que essa fic demorou e como eu amei esses três, sério! sem condições...
Enfim, gostaria de agradecer a quem me escutou reclamar sobre essa fic acabar com meu emocional, gostaria de dizer que são guerreiras minhas amigas hahaha Obrigada por terem lido, realmente me deixa muito feliz, espero de coração que tenham gostado.

Não esqueça de comentar no link que vai ficar aqui embaixo, é sempre legal saber a opinião de vocês.

Xoxo Caleonis



Nota da beta: Eu não tô chorando não. Vocês que tão.
Bem, o Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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