Finalizada

Capítulo Único

Flashback on

Olhei para o espelho e vi outra mulher além de mim. Eu já não era mais a mesma de antes. Havia tomado coragem e por alguns segundos achei que se esvaíra. Respirei fundo, retomando a coragem dando força a mim mesma. Afinal, só eu poderia fazer aquilo.
Abri a porta do quarto em silencio. Se ele não percebera o que fizera comigo durante todo esse tempo de descaso, não seria eu que ia contar a ele. Passei por ele na sala e ao abrir a porta da saída, se assustou levantando-se do sofá.
- Aonde você vai? – Eu colocava meus fones de ouvido para não ouvir sua voz, mas já era tarde demais. Eu teria responder.
- Embora. – Olhei pra ele. – Pra sempre! – a ultima palavra saiu um pouco mais forte. Seus olhos arregalaram. Ele não esperava isso de mim, eu sei.
- Como assim, ? Você não pode me deixar.
- Já estou, . Apenas cansei de ser maltratada e desprezada por você. Eu tentei de todas as formas fazer com que você me amasse, mas não consegui. Estamos acostumados a ter um ao outro e só, e pra mim não é o bastante. – Antes que ele argumentasse eu fechei a porta aumentando o volume da musica no celular. Eu me sentia bem. Havia me livrado de quem não me amava.

Flashback off

18 de Novembro de 2014

Eu ainda acordava com essa cena em minha cabeça. Mesmo depois de alguns meses, eu ainda lembrava daquele que eu amava. Errado, amei. Ele não merecia o amor que eu estava pronta a dar. Mas isso não poderia durar mais. Não gostava das minhas musicas, sempre a recriminava. Qual o problema com James Taylor? Nenhum... A verdade era que eu estava cega e apaixonada, não enxergava que eu era um tanto faz como tanto fez pra ele. Mas ainda doía pensar naquele dia.

- Filha? – minha mãe batia a porta.
- Sim, mãe! – adentrou meu quarto sorrindo.
- Filha, vai ficar em casa hoje? O dia está tão lindo. Vá passear! – Desde meu rompante término com , eu estava sim um pouco mais retraída em casa. Mas o dia realmente pedia um passeio, um sorvete, algo refrescante, talvez.
- Tô de folga, mãe! Mas tem razão. Vou dar uma volta. A senhora me empresta o carro? – fiz cara de pidona arrancando mais sorrisos da senhora a minha frente.
- Claro, minha filha! Vá aproveitar seu dia. – Nos levantamos. Mamãe me deixou só pra me arrumar.
Um vestido claro e leve e um batom vermelho foram o suficiente para me sentir bem para o passeio. Calcei as sandálias, caminhei até a cozinha encontrando mamãe que cozinhava. Algo que ela amava fazer... E olha que papai só chegava mais tarde. Vai entender.
- Não demore, quero a senhorita aqui na hora do jantar. – Virei de frente a ela, espantada com o pedido.
- Mãe! – Voltei meu caminho que era o da saída pra lhe dar um abraço. – Eu aviso caso venha pro jantar, ok? – Pisquei pra ela e saí. Provavelmente já estaria em casa pro jantar, mas não pude perder a chance de vê-la com cara de brava.

Não sei por quanto tempo andei pelas avenidas, mas quando dei por mim já estava próxima à hora do jantar e avistei uma de minhas lanchonetes favorita. Eu tinha que parar ali e tomar ao menos um café. Ao abrir a porta, me deparei com o aroma do café fresco e meu sorriso foi involuntário. Me senti uma viciada em alguma droga que sorri apenas com a hipótese de se drogar mais uma vez.
Escolhi uma mesa próxima a janela e pedi um café e biscoitos. Olhei ao redor para ver se conhecia alguém ali, habito que adquiri com o tempo que namorei o às escondidas. Deparei com um rapaz me olhando, seu olhar ao me deparar com ele deixou-me constrangida. Algumas pessoas se aproximaram dele que parou de rir e voltou sua atenção aos que estavam ali. A minha não sairia daquela mesa.
Meu café chegou e o tomava sem desviar meu olhar daquele que eu não fazia ideia de quem seria. Que sorriso lindo, daqueles que fechava os olhos os espreitando. Como me encantava esse tipo de riso. Em certos momentos ria tão relaxado que sua cabeça caía pra trás. Numa dessas, seu olhar se encontrou com o meu e o desconhecido acenou, eu retribui com sorriso.
Desviei. Estava muito claro que prestava atenção nele.
A conta chegou, estava na hora de ir pra casa. O jantar logo estaria pronto e mamãe com certeza me ligaria preocupada. Paguei a conta e saí de lá tentando decorar aquele rosto que possivelmente não veria mais.
- Ei! – ouvi alguém me chamar. Olhei para trás assustada.
- Não vai me dizer seu nome? – era o rapaz do riso solto.
- Eu deveria? – respondi com os lábios formando um riso, não ia ser rude com ele. Comecei a andar envergonhada, não era minha intenção flertar com ele.
- Sim. Eu começo. Me chamo . Agora você me diz o seu. Eu quero saber. – Parei de andar, ponderando se diria ou não o meu nome.
- O meu é – respondi girando sob meus calcanhares dando de cara com ele.
- Prazer, ! Você pode me chamar de , se achar melhor. – Apertamos as mão por pura educação, mas o tempo parou. Não dissemos uma só palavra, apenas nos olhamos sorridentes.
- Pronto, você já sabe meu nome, eu o seu. Satisfeito? - Juro não queria ser rude, mas estava nervosa.
- Sim. Mas é isso? Você já vai? Não podemos tomar mais um café e conversar?
- Hum, não vai dar. Tenho um compromisso agora. – Olhei para o relógio pra disfarçar meu nervosismo. - Você não tem que voltar para os seus amigos? – Eu queria acabar logo com aquilo.
- Tenho, mas pra eu ter certeza que você não está me dispensando, vou te acompanhar até seu carro. Posso? – Como ele sabe que estou de carro? Meu coração acelerou e minha feição mudou, com certeza. Ele riu.
- Calma, apenas vi você chegar. Eu fazia meu pedido no balcão quando estacionou e andou até a lanchonete.
- Tem certeza? – desconfiei, por mais que fosse estranho eu estava gostando de falar com ele.
- Vamos, você é muito desconfiada. – Caminhou na minha frente, me convidando a acompanha-lo até o carro. – Me diz, por que a pressa de ir embora? Você mal chegou, comeu correndo e já está indo? – puxou assunto como se não acabássemos de nos conhecer.
- Eu tenho que estar em casa na hora do jantar.
- Ah, síndrome de Cinderela...
- Não entendi. - Olhei para frente pra saber se faltava muito pra chegar.
- A Cinderela tinha que voltar pra casa a meia noite. Você até a hora do jantar.
- Não é isso. É que minha pediu e ela estava tão concentrada no jantar que me despertou a vontade de atender seu pedido. São raros os jantares com todos lá em casa.
- Eu sei como é. Sou de outro estado e sei a falta que faz ter a família ao redor da mesa em qualquer refeição. Bom, mocinha, está entregue ao seu carro. Foi muito bom te conhecer. Espero vê-la mais vezes.
- Obrigada, . – O olhei demonstrando ter aceitado o chamar apenas pelo apelido. – A gente se esbarra por aí. – A nossa educação era tanta que a nossa despedida foi com dois beijos no rosto, mas admito que ao fim, a minha vontade era de um terceiro e não era no rosto.

24 de Janeiro de 2015

E de fato nós nos esbarramos por aí outras vezes, até finalmente trocarmos número de telefone. E conversarmos várias vezes; aquela lanchonete foi testemunha de quantas vezes nos encontramos e riamos de cada história hilária que ele já viveu. Eu apenas o ouvia, vez ou outra contava um pouco mais de mim, das minhas descontraídas histórias. Eu quase falei do pra ele, mas me segurei. Ele não precisava saber das partes ruins da minha vida. O telefone tocou despertando-me dos pensamentos e mais uma vez seu nome na tela.
- ? – perguntou desconfiado.
- Nop, a clone dela. Quem deseja? – Não segurei a risada gargalhando ao telefone.
- Muito engraçada você. Vou rir pra não te deixar sem graça.
- Eu sei que foi sem graça, por isso a gargalhada.
- Eu gosto da sua risada. – Mais uma vez ele me deixara sem graça. Ele não sabia, mas eu sim.
- Mas, me diz. O que mandas? – Deitei na cama, tinha certeza que seria outra daquelas conversas intermináveis.
- Vai fazer alguma coisa agora? Não quer vir aqui em casa? Vou preparar o jantar e não quero comer sozinho – fez voz de manha.
- Cadê seus amigos? E que voz de manha é essa? Seja homem! – brinquei.
- Acho que você também é uma amiga – ignorou minha brincadeira. - Quero você aqui hoje pra jantar comigo. Hoje a noite seremos eu e você. Que tal? – questionou.
- Eu levo um vinho! – me animei.
- Você nem sabe o cardápio, como vai trazer o vinho? Aliás, o cardápio será surpresa!
- Podemos beber depois do jantar se for o caso, chato. Deixa de complicar as coisas. Ah, vai cuidar da nossa comida, eu vou me trocar.
- Vem linda, ok?
- Eu sou linda, meu bem. Te vejo daqui a pouco! – desliguei o telefone na empolgação. – Puts! Na cara dele. – Deixei o telefone na cama e corri para meu banho.

Não sei por que, mas optei por usar salto, calça jeans e camiseta. Simples, mas o salto me deixava mais elegante. Não exagerei na maquiagem; afinal, era um jantar na casa de um amigo. Ok que era a primeira vez que ia a casa dele. Não por falta de convite, sempre íamos ao condomínio dele, porém me limitava à área comum. Eram sempre churrascos ou encontrões entre amigos.
Saí de casa uma hora depois e em meia hora já estava em frente ao prédio do . O porteiro já me conhecia, assim como ele conhecia todos os amigos dele. Apenas o informou que eu havia chegado. Era norma do condomínio.

- Tô linda? – o questionei assim que abriu a porta.
- Opa! Até demais, eu nem me troquei ainda. Mas entra, o jantar está quase pronto. Vou pro banho e você me espera na sala, ok?
- Puts! O vinho ficou lá no carro. Vou buscar.
- Tá, leva a chave e quando voltar pode desligar o forno pra mim que já estará pronto. - saiu correndo até o quarto, me deixando sozinha. Peguei a chave onde ele havia apontado e saí pra buscar o vinho.
Na volta passei pela cozinha, contive minha curiosidade e não olhei o que era a comida. Desliguei o forno, coloquei o vinho sobre a mesa, que estava arrumada para duas pessoas e fui até a sala. Seu apartamento não era tão grande, mas as coisas estavam em seu devido lugar; uma TV grande, com seus devidos consoles abaixo dela. Ao lado duas estantes, uma de cada lado. Um com CD´s e DVS´s e outro com livros. Parei na estante de CD´s e DVD´s e não acreditei no vi.
Vários CD´s do James Taylor, se não todos. Ele já tinha me contado que gostava de suas musicas, mas não que tinha todos os CDs. Escolhi um deles enquanto procurava o controle do som para colocar pra tocar. apareceu na sala de calça jeans e camisa branca e sapatos.
- Você está me imitando – provocou. – Eu já havia escolhido minha roupa quando você chegou de jeans e camiseta.
- Desculpe, não sabia a ocasião do jantar e decidi por algo simples e acertei. – Pisquei pra ele. Ele desceu os olhos sobre meu corpo até chegar a minhas mãos!
- Ei! Esse é o meu James Taylor? Opa, soou estranho, mas tenho ciúmes dos CD´s dele. Então...
- Eu te disse que gosto dele. , você tem praticamente todos! Está faltando apenas dois e eu posso emprestá-los se quiser. – Mais uma piscada e um sorriso pra ele.
- Você tem todos os cd´s? – perguntou incrédulo.
- Acredita agora que também sou fã do James? – deu dois passos até mim, pegou o cd e o colocou pra tocar. Esse não tinha a capa, era algo caseiro e o título dizia: “As melhores de JT, por mim”.

A primeira musica a tocar foi You´ve Got a Friend (fique a vontade para ouvir https://www.youtube.com/watch?v=3WJ1cf3nrLE), meu recém amigo segurou minha mão e cantarolando a musica junto com James. Juntou nossos corpos quase que colados e começou a dançar comigo, passos lentos ao ritmo da musica. Ninguém havia feito isso, apenas meu pai, mas nessas horas não conta, né? Recostei meu rosto em seu peito, ele não era tão alto, mas deu pra fazer essa gracinha.
- Você desligou o forno? – Isso são horas de lembrar-se do forno, garoto!
- Sim. – Ri da sua pergunta.
- Ótimo, então dançaremos até fim da musica. – Ele continuou a sussurrar algumas partes da musica pra mim e sorria vez ou outra.

When you're down and troubled
(Quando você estiver abatida e com problemas)
And you need a helping hand
(E precisar de uma mão para ajudar)
And nothing, whoa nothing is going right
(E nada, nada estiver dando certo)
Close your eyes and think of me
(Feche seus olhos e pense em mim)
And soon I will be there
(E logo eu estarei aí)
To brighten up even your darkest nights
(Para iluminar até mesmo suas noites mais sombrias)

You just call out my name
(Apenas chame meu nome)
And you know wherever I am
(E você sabe, onde quer que eu esteja)
I'll come running, oh yeah baby
(Eu irei correndo)
To see you again
(Para te ver novamente)

Isso me fez sentir tão segura em seus braços. Alguém ao meu lado era tudo o que eu precisava naquele momento. Mas ao meu lado de verdade, não apenas o corpo, mas a alma também, e era isso que ele estava me oferecendo. Eu poderia contar com ele a qualquer momento. Em todos os momentos. Inevitável não sorrir. segurou em meu rosto alinhando nossos olhares. E continuou a cantar. A mim só cabia fechar os olhos e aproveitar a dança.
Senti as mãos de em minhas costas indecisas de onde deveriam parar, para ajuda-lo, coloquei uma em meu pescoço, a outra em minha cintura. Voltei a olha-lo e não tiraria os olhos dos dele nem tão cedo.
- Eu acho que não quero mais ser só seu amigo. – sussurrou em meu ouvido provocando arrepios em mim.
- Como assim “acha”? – disse calma, apesar do espanto com sua declaração.
- Não tenho certeza que você também queira. – A música acabou e deu inicio a outra que agora não prestava mais atenção pra saber. Queria mesmo era entender o que acontecia naquele momento.
- Eu terminei um relacionamento há uns meses e eu achava que tudo eram só perdas, rastejar, me humilhar. – Abaixei a cabeça.
- Se não quiser, eu vou entender.
- Eu quero! – respondi de imediato. Ri sem graça. – Quero. – alegrou-se com minha resposta. Aproveitou sua mão em meu pescoço pra me aproximar de seus lábios e finalmente o beijo aconteceu.

***

Acordei com se mexendo ao meu lado, senti uma pontada na cabeça. Ressaca do vinho que bebemos a noite na sala ao som de James Taylor. Sim, nós ouvimos todos os CDs.
Conversamos sobre vários assuntos e acabamos dormindo por ali mesmo, abraçados. Foi tão confortável. Eu que sempre achei chato dividir a cama com alguém apesar de tanto querer isso, dessa vez foi bom. Continuei abraçada a ele forçando-me a voltar a dormir, porém senti seus lábios em minha pele e seu corpo se movendo pra mais perto.
- Bom dia... – desejou ainda esfregando os olhos.
- Oi. – Virei de frente a ele. – Dormiu bem? – Fiz carinho em seu rosto.
- Sim. – Selou nossos lábios.
- Ah, que bom. Eu também, mas esse chão acabou comigo. Preciso de um banho.
- Você pode usar o banheiro, eu vou preparar um café. – levantou muito mais disposto do que eu. Não sirvo pra me manter de pé pela manha.


14 de Fevereiro de 2015

Fim de semana do carnaval! Um sábado esplendoroso de calor, estamos na piscina do condomínio. Usávamos uma das churrasqueiras, alguns amigos, o dia estava muito agradável. O dia passou despercebido, ao final estávamos eu, , e dois amigos dele colocando a bagunça em ordem. Quando terminamos os dois nos deixaram a sós alegando que iriam curtir a noite e beijar várias bocas.
- Ainda bem que eu já tenho a minha pra beijar. – Segurou em minha cintura beijando meu pescoço.
- Deixa de ser assanhado. Vamos subir, quero guardar essas coisas. – Saí de seus braços indo ao encontro da louça em cima de uma das mesas.
- Espere um pouco meu amor, vamos curtir um pouco mais da piscina agora que está vazia. – Concordei com ele. Mergulhei à sua frente numa tentativa de seduzi-lo, não sei se surtiu efeito, mas mal cheguei à borda e já estava atrás de mim.
- Achei que teria você só pra mim o dia inteiro, mas tive que te dividir com todo mundo. – distribuía beijos pelo meu rosto e pescoço.
- Deixa de ser egoísta, são seus amigos, eu que tive que te dividir. – Pisquei pra ele o abraçando.
- Avisou sua mãe que vai dormir aqui? – perguntou em tom de preocupação. Vez em quando baixava o “pai” nele.
- Não. Mas ela sabe que quando venho pra cá as chances de dormir aqui são grandes. Eu mando uma mensagem pra ela mais tarde.
- Hum. Tudo bem. – encarou-me por segundos, olhou para cada parte do meu rosto, voltou sua atenção para meus lábios e sorriu, mas tinha tristeza no riso dele. Ai, ai, ai isso não é nada bom.
- Fala, amor, o que você tem a me dizer.
- Irei embora em dois meses, . – jogou a bomba pra eu segurar.
- Como assim embora?
- Você sabe que não sou daqui. Estou montando meu apartamento na minha cidade e preciso ir até lá pra resolver assuntos que necessitam da minha presença. Minha vida de mochileiro tá no fim.
- Mas eu achei que você fosse demorar mais um pouco. Como que agora me diz que está indo? – Saí da piscina, eu não queria mais ficar ali.
- , volta aqui! Deixa eu terminar de falar. – Ele me seguiu. – ! – O me alcançou em poucos segundos. Eu precisava me acalmar, não era pra tanto drama, mas eu estava me acostumando, me apaixonando. Mas quer saber? É até bom saber logo, assim não me iludo.
- Calma, minha linda, quanto drama! Eu vou, tenho que ir, mas quero deixar claro que em poucos meses eu estarei de volta. Não vá achando que irá se livrar tão fácil de mim. Logo agora que eu a encontrei? – tentou me provocar cócegas, mas eu estava muito séria pra rir. - Ei, lembro todos os dias do sorriso que você deu ao entrar naquela lanchonete e acredite, eu senti que eu tinha que conhecer você.
- Você está falando sério? – a essa altura, caminhávamos para seu apartamento esquecendo-nos da louca na área de lazer.
- Claro! Não posso deixar você longe de mim. Confie em mim, eu nem fui embora ainda. Vamos aproveitar cada momento juntos meu amor. E depois de alguns meses eu estarei de volta. Você nem vai perceber.

13 de Abril de 2015

Último dia do na minha cidade. Dormimos juntos mais uma vez, era a ultima até sua volta. O ajudei a arrumar a mala na noite anterior e pela manha tomamos café junto e a tarde almoçamos. Aproveitamos cada minuto que nos restavam, não merecia todo esse drama, mas nos dois últimos meses eu me preparei psicologicamente para isso, eu estava tranquila. Nos veríamos outra vez.
- Não gosto de despedidas, então prefiro que fique aqui, ok? Não precisa ir ao aeroporto comigo.
- Eu não ia conseguir ir com você mesmo, desabaria de saudade. – O abracei forte apenas o sentindo em meus braços. Não falamos mais nada, estava explicito naquele abraço o agradecimento de cada um por tudo o que vivemos.

12 de Junho de 2015

Era dia dos namorados e o que eu mais queria era estar ao lado do . Passamos o dia nos falando por whatsapp. Mas ao fim do dia, uma surpresa. A campainha tocou e era um entregador com um envelope. Antes mesmo que eu abrisse, me ligou.
- Oi, o entregador passou aí, né?
- Sim, o que você está aprontando? - Eu olhava para o envelope sem saber o que fazer apesar da minha curiosidade gritar para abri-lo logo.
- É o meu presente pra você. Já abriu? – ele ria nervoso.
- Vou abrir agora. – O mantive na linha e abri o envelope e não dava pra acreditar. Passagens de ida e volta pra cidade dele. – O que você fez? Como? Você é louco?
- Não, eu que não consigo mais ficar longe de você. Eu vou demorar a voltar, e a questão nem é financeira como pode ver, mas os assuntos aqui irão me prender por mais tempo. Eu preciso ver você, beijar você, preciso de você em meus braços, na minha cama. – Ruborizei com a última frase.
- Você só pode estar brincando comigo, e o meu trabalho? Eu, eu... Preciso pedir férias! Mããããããããããããããe! – Comecei a pirar e planejar a viagem meu coração estava acelerado. Minha mãe chegou a sala correndo assustada.
- O que houve, menina? – suas mãos estavam em seu peito.
- O comprou passagens para eu ir vê-lo. É semana que vem. Me ajuda! – Minha mãe riu aliviada. Meu anjo ainda estava ao telefone.
- ... tá me ouvindo? Não precisa pedir férias, você vai estar de férias, esqueceu? Falamos sobre isso semana passada.
- É verdade. Culpa sua com essa surpresa. Eu disse que estava pesquisando valor de passagem pra tentar ir.
- Eu sei, mas não aguentei esperar. Eu comprei. Agora me diz o que achou da surpresa. Não está brava por eu ter feito isso, não é?
- Impossível. Eu adorei, . Ah, só você pra fazer isso comigo. – Eu sorria igual boba.
- Vou deixar você se preparar, te vejo semana que vem. – desligou sem ao menos deixar-me falar algo. Como pode? Mas eu estava esfuziante, tinha que comprar algumas coisas, levar um presente pra ele. Ai meu Deus, eu preciso de uma mala!

24 de Junho de 2015

Deitados no sofá depois de mais um passeio acariciava meus cabelos, enquanto eu acariciava seu rosto e assistíamos TV. O dia tinha sido delicioso, uma tarde agradável pelo centro da cidade. com seu espírito anfitrião me mostrou todos os cantos interessantes do lugar. Aliás, onde nós íamos, ele dava uma volta pra me mostrar um pouco mais. E saber que eu estava preste a voltar pra casa, me deixava entristecida.
- Você podia vir morar comigo, né? – soltou a frase como se me convidasse pra ir ali comer pizza.
- O quê? – respondi incrédula.
- Sim. Você não quer começar a faculdade? Seu trabalho não tá um saco? Vem mudar de vida aqui. – piscou maroto.
- Como se fosse fácil mudar de vida em segundos, . Eu não posso largar tudo e vir correndo. E você não disse que ia voltar?
- Voltaria pra te ver. Mas te ajudando a se estruturar aqui, não vejo o porquê de ir te visitar... Não precisa vir às pressas, você pode se preparar, conversar com seus pais.
- Você só pode estar louco. – Voltei minha atenção a TV, mas aquele convite ficou em minha mente. E ele tinha razão, pois, eu não aguentava mais meu trabalho e a faculdade que há anos eu não sabia o que cursar, este ano já estava decidido. Eu só precisaria de coragem e coragem eu tenho.

02 de Janeiro de 2016

Confesso. Eu estava morrendo de medo. Na verdade, medo era o que mais pairava sobre mim desde o dia que decidi me mudar. Mas desde o convite, essa ideia ficou martelando em minha mente, cada vez que pensava eu criava mais coragem. Nos dois dias seguintes, e eu ficamos planejando como seria se eu fosse morar com ele.
Onde eu poderia trabalhar, em qual faculdade cursar. Do meu emprego não foi difícil sair. Conversei com meu patrão e ele já tinha percebido que meu tempo ali já tinha acabado. Cumpri meu aviso, intensifiquei os estudos pra fazer vestibular. Tentaria bolsas nas faculdades e consegui uma. Trabalho, o conseguiu com um amigo dono de uma empresa. Fui convidada a morar em outro estado com garantia de um emprego e com um lugar pra ficar e com a faculdade só faltando apresentar os documentos.
E aqui estou pronta pra desembarcar deste avião. Ele me esperava na área de embarque, foi o que li em sua ultima mensagem do whatsapp. Quem diria que eu estaria aqui? E de vez.
Não foi fácil convencer meus pais, mas com a ajuda da minha mãe foi muito menos trabalhoso. Ela já havia entendido que eu já era uma mulher independente e que poderia me virar onde quer que fosse e me garantiu que, se nada desse certo, ela estaria me esperando de braços abertos. Mas que eu só saberia se daria certo ou não me arriscando. Ela conseguiu convencer meu pai. E depois da conversa com minha mãe tive certeza que deveria me arriscar nessa nova jornada.
Ao entrar naquela lanchonete, não fazia a ideia de que minha vida mudaria por completo, um novo amor, um ano depois um novo lar e nova cidade. Tudo revirou de forma tão inusitada. Isso porque um dia eu decidi me livrar de alguém que não me amava e recomeçar. Ao olhar pra trás vi que o que eu considerava ruim pra mim, me forçou a buscar por algo melhor. E tudo aquilo simplesmente passou.
Consegui pegar minhas malas com certa rapidez, um milagre em aeroportos. Cada passo que dava para minha nova vida, meu coração batia mais acelerado. Mas no desembarque, quando as portas deslizaram e eu encontrei aquele que com um sorriso abriu as portas para uma nova vida, eu finalmente posso dizer que tudo irá recomeçar.




FIM



Nota da autora: E ai, gostaram? Eu to indecisa ahahahahah Gente, eu amei a história dessa musica e quis mesclar com algo que aconteceu na minha e confesso que gostaria desse final pra mim viu! Bom deixa ai seu recado. É muito importante. E se liguem no recado: Não tem como saber se vai dar certo ou não se você não tentar. Um beijo pra vocês e até a próxima!



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