Capítulo Único
deu dois passos a direita para que o casal que vinha correndo a sua frente pudesse passar. Ela nunca havia entendido porque as pessoas começavam a correr quando a chuva começava a cair. sempre continuou seu caminhar tranquilo e deve ser por isso que começou a apreciar e gostar de dias de chuva.
Observou o sinal de pedestres piscar indicando que não daria tempo de atravessar a rua e não se importou com o fato de que ficaria parada na chuva, esperando. Qual a necessidade? Não tinha pressa nenhuma de chegar a sua casa, na verdade, gostava do fato de estar na rua. Aqui, vendo as pessoas passarem, rostos que sorriam e pediam desculpas por esbarrarem nela quase não lembrava a escuridão e solidão que sua casa havia se tornado.
Isso era tão incrível, porque a casa deles sempre havia sido seu lugar favorito no mundo. Não podia ser diferente, a casa tinha a cara deles. Claro, eles haviam escolhido cada detalhe juntos, inclusive aquele sofá marrom horrível que ele havia insistido que era o mais confortável e agora ela dormia nele todos os dias. E o desgraçado tinha razão, o sofá era horrível, mas era confortável demais. sabia que teria que voltar a dormir na sua cama em breve, mas ela ainda parecia grande demais para apenas uma pessoa. A falta dele era ainda mais avassaladora naquele quarto, naquela cama, onde podia olhar para o lado e ver que ele não estava ali para abraçá-la como costumava fazer.
O sinal voltou a ficar verde e atravessou a rua para entrar em seu condomínio e admirou seu prédio. Eles tinham se apaixonado por ele assim que o viram. O corretor não precisou de muito esforço para que tivessem que comprá-lo.
Abriu a porta do apartamento e, assim como fazia todos os dias, olhou em volta, procurando algum sinal de que ele tivesse voltado, e, mais uma vez, o desapontamento tomou conta do seu coração. Ela vinha trabalhando todos os dias para não esperá-lo, mas só percebia que falhara quando entrava na casa deles e via que ele não estava. A decepção ameaçava esmagar lhe a alma. não estava sentado naquele horrível sofá, lhe dando o sorriso mais lindo do mundo.
Suspirou e assim como fazia todos os dias desde que ele partiu, sentava naquele sofá e chorava.
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acordou, assustado, ao ouvir ao longe um barulho de tiro. Olhou em volta procurando um sinal de onde poderia estar e a realidade lhe bateu como uma bala de canhão. Estava no Afeganistão, ainda estava em guerra e seus homens e país ainda precisavam dele.
Esfregou o rosto com as mãos para espantar o sono. Tentou lembrar o que estava sonhando e um sorriso apareceu em seus lábios. Estivera sonhando com . vinha alimentando um medo de estar começando a esquecer como era o som de sua voz, mas, agora, depois do sonho, conseguia ouvir claramente o som de sua risada e também da forma que ela dizia seu nome.
Um soldado entrou em sua barraca e agradeceu aos céus por estar acordado. Detestava parecer fraco em frente aos seus homens. Sabia que era completamente aceitável estar dormindo, mas ele sempre preferiu que seus homens pudessem ver que ele era confiável e estava sempre alerta e que sempre poderiam contar com ele. Relaxou ainda mais quando percebeu que o recém-chegado era seu melhor amigo.
- Capitão Carter – o soltado Lewis bateu continência.
bufou ao vê-lo bater continência e teve vontade, mais uma vez, de quebrar o nariz de John.
- Eu já falei que se fizer isso mais uma vez quando estivermos sozinhos eu vou rebaixar você a cozinheiro.
John sorriu e sentou em frente a ele. – Você não fará isso nunca.
- Não faria? – perguntou arqueando uma sobrancelha.
- Não. – John respondeu chutando seu pé. – Você sabe como cozinho mal e teria que comer minha comida assim como todos os outros.
- Está certo, não quero castigar meus homens, apenas você – disse sorrindo também –, vou colocá-lo para limpar banheiros.
- Como se tivéssemos banheiro nesse lugar – John falou e agora já não sorria.
- Você poderá limpar banheiro do batalhão quando voltarmos. – Falou ainda tentando manter a animação na voz, mas sabia, assim como seu amigo também sabia, que voltar não era uma garantia em seu futuro. Para nenhum dos dois.
- Ok, você venceu então, sem continência. – John voltou a sorrir, mas percebeu que o sorriso não estava em seus olhos. Ele sabia que o amigo estava pensando em casa, assim como ele estivera há alguns minutos. era sua casa, seu lar, sua família.
- Agora que concordamos com isso, a que devo a honra de sua visita?
- – a voz de John havia assumido um tom de preocupação –, os homens estão apreensivos, ontem tivemos um incêndio a alguns quilômetros daqui. Ninguém sabe ao certo o que fazer.
- Quais proporções?
- Não muito grande, mas alguns disseram que as chamas poderiam ser vistas a distância. O boato é de que tenham colocado fogo em um armazém que vinha servindo de abrigo para alguns refugiados.
- Droga. – se levantou. – Precisamos mandar alguns homens averiguar. John, reúna as tropas, irei me arrumar e encontro vocês em meia hora para decidimos nossa estratégia de ação. E, enquanto isso, você poderia conversar com Lee e Walker para que reúnam mais quatro homens para irem até o armazém?
- Claro – se levantou para sair e seguir as ordens de seu amigo e capitão.
- ? – John o chamou.
- Sim?
- Não é culpa sua, cara – ele respondeu quando viu o amigo assumir aquela cara de quem deveria ter previsto o ataque. De que tudo que acontecesse com pessoas inocentes era culpa sua por não ter evitado. – Nada do que acontece nessa merda de lugar é culpa nossa, cara. Estamos aqui para lutar por eles, mas essa porcaria de guerra, definitivamente, não é nossa culpa.
voltou a suspirar. Ele sabia que a guerra não era culpa sua, mas toda dor que estava presenciando, sofrimento de tantos inocentes... que pouco ou nada estava conseguindo fazer para evitar, era demais.
- Às vezes eu só não sei o que fazer. – lhe confidenciou. – Tantas vidas em jogo, incluindo desses homens aí fora, esperando que eu tome alguma decisão. E se for errada, John? E se algum deles morrer e apenas uma medalha de honra voltar para sua família por culpa minha?
- Não será culpa sua, é isso que você precisa entender. Pode ser eu ou você também. Estamos juntos nisso, meu amigo. Se tivermos que morrer hoje, morremos, mas não sem lutar. Entenda isso e essa vida nesse horror será mais fácil de aceitar. Nós dois já perdemos alguns companheiros aqui e só o que podemos fazer é continuar lutando por essas pessoas para que suas mortes não fiquem em vão e que o sacrifício deles seja lembrado.
- Você está certo – concordou com leve toque de tristeza na voz –, eu só estou cansado, acho. Quando fecho os olhos ainda vejo todo esse fogo a nossa volta, todos os tiros e horror e estou deixando isso... - Te afetar – John terminou por ele. – Isso acontece com todos nós, você sabe disso. Mas agora se recomponha e vá lá fora liderar esses homens que esperam suas ordens ou quem irá lavar banheiro quando voltarmos será você! - Completou sorrindo para o amigo e se dirigiu para fora da barraca.
voltou a esfregar o rosto e seus olhos pararam no papel e caneta depositados no improvisado criado mudo. Ele pretendia escrever para , dizer que pensava nela quando via o pôr do sol naquele lugar. Fazê-la acreditar que havia beleza onde só reinava dor. Sua menina precisava imaginar que ele estava bem e assim tirar o sofrimento que sabia haver em seu coração. era seu tudo e só a lembrança de saber que ela existia e estava a sua espera lhe dava força para continuar com sua jornada.
Mas agora havia um fogo, um incêndio e uma tropa há sua espera e não era o tipo de homem que deixava sua responsabilidade para depois. Se sentindo um pouco derrotado, ele se levantou e procurou sua roupa para vestir.
Outro dia nessas montanhas o esperava e só a certeza de saber que isso significava um dia a menos nesse lugar, um dia a menos para voltar para os braços da pessoa que mais amava, lhe deu a força necessária para enfrentar tudo que estava lhe aguardando.
Observou o sinal de pedestres piscar indicando que não daria tempo de atravessar a rua e não se importou com o fato de que ficaria parada na chuva, esperando. Qual a necessidade? Não tinha pressa nenhuma de chegar a sua casa, na verdade, gostava do fato de estar na rua. Aqui, vendo as pessoas passarem, rostos que sorriam e pediam desculpas por esbarrarem nela quase não lembrava a escuridão e solidão que sua casa havia se tornado.
Isso era tão incrível, porque a casa deles sempre havia sido seu lugar favorito no mundo. Não podia ser diferente, a casa tinha a cara deles. Claro, eles haviam escolhido cada detalhe juntos, inclusive aquele sofá marrom horrível que ele havia insistido que era o mais confortável e agora ela dormia nele todos os dias. E o desgraçado tinha razão, o sofá era horrível, mas era confortável demais. sabia que teria que voltar a dormir na sua cama em breve, mas ela ainda parecia grande demais para apenas uma pessoa. A falta dele era ainda mais avassaladora naquele quarto, naquela cama, onde podia olhar para o lado e ver que ele não estava ali para abraçá-la como costumava fazer.
O sinal voltou a ficar verde e atravessou a rua para entrar em seu condomínio e admirou seu prédio. Eles tinham se apaixonado por ele assim que o viram. O corretor não precisou de muito esforço para que tivessem que comprá-lo.
Abriu a porta do apartamento e, assim como fazia todos os dias, olhou em volta, procurando algum sinal de que ele tivesse voltado, e, mais uma vez, o desapontamento tomou conta do seu coração. Ela vinha trabalhando todos os dias para não esperá-lo, mas só percebia que falhara quando entrava na casa deles e via que ele não estava. A decepção ameaçava esmagar lhe a alma. não estava sentado naquele horrível sofá, lhe dando o sorriso mais lindo do mundo.
Suspirou e assim como fazia todos os dias desde que ele partiu, sentava naquele sofá e chorava.
acordou, assustado, ao ouvir ao longe um barulho de tiro. Olhou em volta procurando um sinal de onde poderia estar e a realidade lhe bateu como uma bala de canhão. Estava no Afeganistão, ainda estava em guerra e seus homens e país ainda precisavam dele.
Esfregou o rosto com as mãos para espantar o sono. Tentou lembrar o que estava sonhando e um sorriso apareceu em seus lábios. Estivera sonhando com . vinha alimentando um medo de estar começando a esquecer como era o som de sua voz, mas, agora, depois do sonho, conseguia ouvir claramente o som de sua risada e também da forma que ela dizia seu nome.
Um soldado entrou em sua barraca e agradeceu aos céus por estar acordado. Detestava parecer fraco em frente aos seus homens. Sabia que era completamente aceitável estar dormindo, mas ele sempre preferiu que seus homens pudessem ver que ele era confiável e estava sempre alerta e que sempre poderiam contar com ele. Relaxou ainda mais quando percebeu que o recém-chegado era seu melhor amigo.
- Capitão Carter – o soltado Lewis bateu continência.
bufou ao vê-lo bater continência e teve vontade, mais uma vez, de quebrar o nariz de John.
- Eu já falei que se fizer isso mais uma vez quando estivermos sozinhos eu vou rebaixar você a cozinheiro.
John sorriu e sentou em frente a ele. – Você não fará isso nunca.
- Não faria? – perguntou arqueando uma sobrancelha.
- Não. – John respondeu chutando seu pé. – Você sabe como cozinho mal e teria que comer minha comida assim como todos os outros.
- Está certo, não quero castigar meus homens, apenas você – disse sorrindo também –, vou colocá-lo para limpar banheiros.
- Como se tivéssemos banheiro nesse lugar – John falou e agora já não sorria.
- Você poderá limpar banheiro do batalhão quando voltarmos. – Falou ainda tentando manter a animação na voz, mas sabia, assim como seu amigo também sabia, que voltar não era uma garantia em seu futuro. Para nenhum dos dois.
- Ok, você venceu então, sem continência. – John voltou a sorrir, mas percebeu que o sorriso não estava em seus olhos. Ele sabia que o amigo estava pensando em casa, assim como ele estivera há alguns minutos. era sua casa, seu lar, sua família.
- Agora que concordamos com isso, a que devo a honra de sua visita?
- – a voz de John havia assumido um tom de preocupação –, os homens estão apreensivos, ontem tivemos um incêndio a alguns quilômetros daqui. Ninguém sabe ao certo o que fazer.
- Quais proporções?
- Não muito grande, mas alguns disseram que as chamas poderiam ser vistas a distância. O boato é de que tenham colocado fogo em um armazém que vinha servindo de abrigo para alguns refugiados.
- Droga. – se levantou. – Precisamos mandar alguns homens averiguar. John, reúna as tropas, irei me arrumar e encontro vocês em meia hora para decidimos nossa estratégia de ação. E, enquanto isso, você poderia conversar com Lee e Walker para que reúnam mais quatro homens para irem até o armazém?
- Claro – se levantou para sair e seguir as ordens de seu amigo e capitão.
- ? – John o chamou.
- Sim?
- Não é culpa sua, cara – ele respondeu quando viu o amigo assumir aquela cara de quem deveria ter previsto o ataque. De que tudo que acontecesse com pessoas inocentes era culpa sua por não ter evitado. – Nada do que acontece nessa merda de lugar é culpa nossa, cara. Estamos aqui para lutar por eles, mas essa porcaria de guerra, definitivamente, não é nossa culpa.
voltou a suspirar. Ele sabia que a guerra não era culpa sua, mas toda dor que estava presenciando, sofrimento de tantos inocentes... que pouco ou nada estava conseguindo fazer para evitar, era demais.
- Às vezes eu só não sei o que fazer. – lhe confidenciou. – Tantas vidas em jogo, incluindo desses homens aí fora, esperando que eu tome alguma decisão. E se for errada, John? E se algum deles morrer e apenas uma medalha de honra voltar para sua família por culpa minha?
- Não será culpa sua, é isso que você precisa entender. Pode ser eu ou você também. Estamos juntos nisso, meu amigo. Se tivermos que morrer hoje, morremos, mas não sem lutar. Entenda isso e essa vida nesse horror será mais fácil de aceitar. Nós dois já perdemos alguns companheiros aqui e só o que podemos fazer é continuar lutando por essas pessoas para que suas mortes não fiquem em vão e que o sacrifício deles seja lembrado.
- Você está certo – concordou com leve toque de tristeza na voz –, eu só estou cansado, acho. Quando fecho os olhos ainda vejo todo esse fogo a nossa volta, todos os tiros e horror e estou deixando isso... - Te afetar – John terminou por ele. – Isso acontece com todos nós, você sabe disso. Mas agora se recomponha e vá lá fora liderar esses homens que esperam suas ordens ou quem irá lavar banheiro quando voltarmos será você! - Completou sorrindo para o amigo e se dirigiu para fora da barraca.
voltou a esfregar o rosto e seus olhos pararam no papel e caneta depositados no improvisado criado mudo. Ele pretendia escrever para , dizer que pensava nela quando via o pôr do sol naquele lugar. Fazê-la acreditar que havia beleza onde só reinava dor. Sua menina precisava imaginar que ele estava bem e assim tirar o sofrimento que sabia haver em seu coração. era seu tudo e só a lembrança de saber que ela existia e estava a sua espera lhe dava força para continuar com sua jornada.
Mas agora havia um fogo, um incêndio e uma tropa há sua espera e não era o tipo de homem que deixava sua responsabilidade para depois. Se sentindo um pouco derrotado, ele se levantou e procurou sua roupa para vestir.
Outro dia nessas montanhas o esperava e só a certeza de saber que isso significava um dia a menos nesse lugar, um dia a menos para voltar para os braços da pessoa que mais amava, lhe deu a força necessária para enfrentar tudo que estava lhe aguardando.
Fim
Nota da autora: Olá, moranguinhos, fic curtinha, mas espero que vocês tenham gostado. Beijocas!!!!
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
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