Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Dizem que você deve dividir seu coração em duas partes e dar uma delas para o seu grande amor. Meu problema com essa teoria é que você quebra o seu coração... E também porque eu nunca fico com um dos pedaços. E é por isso que tenho a tendência de observá-lo de perto para não quebrar e fugir de minhas mãos. Mas sempre existe aquele alguém que o arranca de suas mãos, porém eu sinto que ele cuidará deste coração em meu peito muito melhor do que eu.
Suas mãos percorriam meu corpo. Seus dedos em minha boca. Suas chamas em minha cabeça. As juntas em minha bochecha. O seu sangue na parede de tanto socá-la. Apenas sua silhueta conseguia estremecer meus músculos. Deitar em sua cama me fazia sem saber o que pensar ou dizer. Era sempre o mesmo. O seu cabelo cinza que se mistura com o meu recém-pintado azul claro toda vez que me abraça. Era sempre o mesmo, mas por algum motivo ele sempre me deixava sussurrando:

E ao ouvir seu nome, abria um sorriso e colava nossos lábios. Então faria as mesmas promessas.
— Você é minha, e é por isso que eu me mantenho na linha.
Eu complementava repetindo.
— Você é meu...
E essa era a parte em que minha língua travava e me impedia de continuar, por mais insistente que eu fosse. Não importaria o quanto eu chorasse ou gritasse, a segunda parte não aparecia. O motivo disso tem mechas vermelhas e cheiro forte de cigarro. Era algo que me acompanhava e mesmo eu berrando insultos, permaneceria imóvel com um sorriso cínico. Eu sabia que ele não chegava aos pés de . Ele nunca limpou minhas lágrimas, porque ele sempre foi o motivo delas, o motivo da falta de confiança e a incerteza.
Dois anos de convívio e a repulsa aumentava, cada diálogo permanecia em mim.
— Todos querem saber se nós fodemos na pia do banheiro feminino.
Abaixei a minha cabeça assim que percebi sua presença e tentei chamar o barman antes que aquele sorriso desprezível continuasse a falar.
— Sabemos que a resposta é sim, né, pequena?
— Que porra você quer dessa vez?
, quando você ficou assim tão agressiva? — ele mostrou seu famoso sorriso cínico — desculpa, esqueci que agora é “”. Sabe, suas músicas são realmente muito boas, eu praticamente me senti dentro delas, fazendo parte da letra e tudo mais.
Peguei minha bolsa e sai andando. A última coisa que alguém precisava era um ex babaca que te perseguia como uma assombração, sem te dar chances de uma fuga real, porque hora ou outra ele apareceria novamente.
— Hey, linda, já vai embora? A noite está só começando. Pra onde você vai?
— Qualquer lugar que você não esteja, .
E isso seria uma rotina. Ele tentaria ir atrás de mim, sendo um idiota, então seguraria minha mão ou me colocaria contra a parede falando palavras bonitas e sobre como estava arrependido de suas atitudes, faria promessas de ser um homem melhor. E isso me faz odiar cada pedaço de meu ser, porque eu acreditava e ia atrás. Senti uma mão segurar meu braço e me virar no mesmo instante, mostrando seus olhos tristes.
, por favor... Você sabe que não ama o , você me ama.
Era aquele padrão horrível, era difícil olhar naqueles olhos e negar, depois de tudo. Mas algo em mim ascendeu. Ele vinha até mim com seu mesmo jeito, um dia ele sairia do meu funeral daquele jeito, arrependido ou não por ter feito algo errado. Ele me derrubava, mas quando estávamos juntos isso não era possível, pois eu já estaria no chão. Era impossível eu ser tão masoquista ou ter tanta falta de amor próprio para ainda conseguir olhar em seus olhos. E real, pela primeira eu não sentia uma mistura indecifrável de sentimentos, eu apenas sentia nojo.
Sem dizer uma palavra, puxei meu braço para mim e atravessei aquelas portas. As mesmas portas que abria com um sorriso quando íamos beber juntos no bar. Eram duas sensações tão diferentes, conseguia me fazer sentir mais leve. Como quando ele chegaria mais cedo em casa apenas para fazer uma surpresa com uma pequena flor que teria achado no meio do caminho. Quando decidiu compor uma música para mim no meu aniversário e ajudou a editá-la para que eu pudesse colocar no álbum. Todas as vezes que ele me ajudava nas coisas mais simples possíveis e sorria depois por saber que faria aquilo comigo. Não tentava roubar minha cena... Não me fazia chorar.
Eu persegui sonhos pelas nuvens, mesmo sabendo que deveria manter meus pés no chão e andar na linha. Diziam que esses sonhos eram de graça, e eu nunca questionei o que me custariam, eu achava muito, muito fácil para ser verdade, mas sim, eu sou uma tola por você. Você tem um jeito de me manter por perto que me faz perceber que era isso que eu devia ter feito esse tempo todo.
Quando chego em casa e o encontro com seu violão e seus discos do Johnny Cash ao lado eu percebo que eu mantenho meus olhos abertos em você. Você me dá uma sensação de amor que eu não posso mais esconder.
E meus dias sempre acabam bem, porque eu sei que eu escolhi poder dormir e acordar ao seu lado.
— Você é minha, e por isso eu ando na linha. — ele dizia.
— Você é meu, e por isso eu sempre vou andar na linha. — sorri — Agora eu sei que sim.




Fim



Nota da autora: Sem nota.



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