16. Matchbox
? ? !!!
Acordei assustada. A claridade fez meus olhos arderem e minha cabeça estava um pouco zonza. Busquei pelo quarto quem chamava meu nome e logo avistei uma Hanna vestindo sua calça com um pouco de pressa.
"Estamos atrasadas." Foi o que ela disse antes de eu me desesperar. Olhei para o relógio e faltavam vinte minutos para o inicio das aulas. Puta merda!
Levantei correndo, vesti qualquer coisa que vi pela frente e fui ao banheiro. Eu estava acabada. Minha maquiagem estava toda borrada e meu rosto estava amassado. Enrolei meu cabelo em um coque, escovei meus dentes e joguei uma água na cara. Quando voltei para o quarto, Hanna não estava mais ali. Peguei minha bolsa, meus óculos de sol e fui para aula.
Estava com uma ressaca horrorosa. Nunca mais irei beber, pensei atravessando o portão de entrada. Comprei um café forte na lanchonete da universidade e fui para sala de aula.
A pior coisa numa classe de mestrado era que havia poucos alunos, então querendo ou não eu seria notada pelos professores. Sentei-me numa cadeira no fundo da sala e permaneci ali em silêncio. Foi inevitável pensar na noite anterior e como aquele cara do bar era maravilhoso. Como sua boca era macia e se encaixava perfeitamente na minha, ou em como suas mãos foram feitas para estar em minha cintura, ou, ainda, como aquele sotaque ficava lindo naquela voz grossa e rouca.
"Bom dia. Meu nome é e nesse semestre irei ministrar as aulas de Arquitetura Medieval."
Senti meu coração parar. Isso só podia ser uma pegadinha, daquelas bem sem graça por final. Escorreguei na cadeira para me esconder. Ele estava com óculos no rosto, camisa social branca e calça jeans escura. Tão lindo quanto me lembrava.
"Quero conhecê-los antes de falar sobre mim." Continuou.
"Merda." Falei e algumas pessoas me olharam e pediram silêncio, foi assim que seu olhar cruzou com o meu. Eu não sabia se ficava feliz ou se chorava de nervoso. Seu olhar de surpresa fez com que o meu melhor sorriso crescesse em meu rosto. Sentei-me ereta na cadeira e fiquei encarando-o. Acho que você já me conhece bem até demais, pensei e ri sozinha, novamente me pediram silêncio. Virei-me a para loira que estava um pouco mais à frente e a fuzilei com o olhar.
"É, bom, você pode começar?" Disse o professor apontando para o rapaz à minha frente.
"Me chamo Sebastian Dussen e cursei arquitetura em Oxford."
"Dussen? Holandês?" Perguntou .
"Exato." Disse Sebastian.
E assim o professor prosseguiu com as apresentações, enquanto eu só conseguia pensar no quanto era azarada.
ALGUMAS HORAS ATRÁS
Sentia o vento batendo em meu rosto enquanto caminhava pelo campus de Lyon II. Era meu primeiro dia de aula do mestrado e eu não estava nem um pouco animada. O dia estava nublado, meio chuvoso e frio, e eu só queria estar dormindo. Não me entendam mal, eu queria mesmo fazer esse mestrado, meu último ano foi voltado num projeto para poder ingressar no curso, mas hoje, em especial, não era um dia muito bom. Respirei fundo e segui meu caminho, logo avistei Thomas e corri para alcançá-lo.
"Hanna sumiu." Falei quando o alcancei. Thomas deu um pulo e me olhou assustado com a mão no coração.
"Credo, menina, quer me matar?"
"Pardon." Sorri e continuamos andando.
"Sem Pardon, sabe que odeio francês." Falou enganchando o braço no meu.
"Não sei o que faz na França se odeia francês." Revirei os olhos.
"Ei, em minha defesa, eu adoro um bom parisiense." Me olhou malicioso.
"Está no lugar errado, querido, acho que..." Thomas parou bruscamente.
"Meu deus, olha essa bunda." Olhei na direção que ele estava olhando e vi um rapaz de costas. "Preciso!"
"Por favor, não faz dez minutos que chegamos e você já está apaixonado." Revirei os olhos e o puxei para seguirmos nosso caminho.
"Não consegui ver o rosto do crush, sua vadia." Fingi que não escutei e continuei caminhando até avistar Hanna encostada perto da porta de uma sala, prestando atenção em seu celular.
"Estou apaixonado." Thomas disse assim que paramos ao lado de Hanna.
"De novo?" Ela disse sem desgrudar os olhos do celular. "Já está na hora de irmos beber?" Disse Hanna bocejando. Olhei meu relógio.
"Ainda temos 13 horas até as dez." Respondi.
"Droga." Disse ela desanimada. "Quem é a vitima?" Perguntou Hanna a Thomas.
"Credo, vocês me tratam como se eu fosse uma vadia."
"Vadia é pouco para você, monamour." Hanna disse e eu não consegui segurar minha risada. Thomas me olhou com a cara fechada.
"Fiquem ai rindo, enquanto isso irei descobrir quem é aquele gostoso. Beijos." Thomas saiu pela multidão, deixando Hanna e eu rindo da situação.
"Ethan me ligou hoje." Disse Hanna olhando para o chão.
"O QUÊ?" Gritei no meio do corredor e o olhar de todos os presentes caiu sob nós. Hanna me puxou, enganchando seu braço ao meu para podermos caminhar.
"Seja mais discreta, , por favor." Hanna me repreendeu.
"Desculpa. Agora me diga o que ele queria?!" Ela suspirou.
"Ele está na cidade." Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
"Você só pode estar de brincadeira."
"Quem me dera fosse brincadeira. Ele quer me ver."
"E o que você disse?" A encarei.
"Que não, né. Não sou tão idiota a ponto de encontrá-lo depois de tudo o que ele me fez."
Ethan Jones era o ex-namorado pé no saco da Hanna, que, por coincidência ou não, era o melhor amigo do meu ex-namorado pé no saco, Tyler. Ambos eram sócios em uma boate clandestina em Boston. Lá rolava de tudo, desde prostituição e drogas a assassinatos encomendados.
"É, eu espero que não seja mesmo." A repreendi.
+++
O primeiro dia de aula tinha sido pura introdução. Os professores passaram metade da aula falando o quão extenso eram seus currículos e a outra metade explicaram como funcionaria suas disciplinas. Nada de importante, tirando as referências bibliográficas que pareciam não ter fim. Eu havia prometido ao meu pai que faria esse mestrado e que iria ajuda-lo em sua empresa, mas já estava ficando arrependida. Estudar Patrimônio Arquitetônico e Urbano da Idade Média até o Período Contemporâneo definitivamente não era a minha área, deveria ter escutado minha mãe quando me disse para nunca prometer nada para o meu pai.
Ao final da aula voltei para meu quarto no dormitório. Hanna não havia chego ainda, então aproveitei para tomar um bom e longo banho. Quando sai do banheiro, enrolada na toalha, Hanna estava sentada em sua cama mexendo em seu celular.
"Pensei que tinha desmaiado no banheiro, já estava chamando uma ambulância." Disse me fitando. Revirei os olhos e caminhei até minha cama, jogando-me sobre a mesma.
"Será que o Tyler veio junto com o Ethan?" Perguntei.
"É bem provável." Disse Hanna dando de ombros. "Ele me mandou outra mensagem perguntando o que eu faria hoje à noite."
"E o que você respondeu?"
"Nada. Não vou responder, não quero insistir mais uma vez em algo que eu sei que não vai dar certo." Respondeu levantando-se. "Vou tomar banho, quando eu voltar espero que esteja pronta." Pegou sua toalha e foi em direção ao banheiro, fechando a porta logo em seguida. Permaneci deitada em minha cama, pensando se Tyler iria me procurar ou não. Não que eu quisesse, realmente não queria, mas acho que eu merecia uma explicação. Deixei pra lá esses pensamentos e resolvi me arrumar. Iria com Thomas e Hanna em um barzinho novo que tinha aberto não muito longe dali.
+++
Havíamos acabado de chegar ao St. James, Hanna estava animadíssima, como sempre que íamos a algum pub.
O lugar era bonito e aconchegante, tinha um bar, uma pista de dança e no canto possuía alguns sofás para uma conversa mais calma. Tocava The Libertines e isso já me deixou mais animada.
"Cadê o Thomas? Não vou esperar ele para beber." Disse Hanna impaciente.
"Achei que ele já ia estar aqui." Dei de ombros. "Vamos começar sem ele." A puxei em direção ao bar. Eu adorava o fato de Hanna ser tão parecida comigo.
Quando chegamos ao bar, me apressei pedir nossas bebidas ao garçom que estava ali.
"Boa noite, quero duas doses de Cuervo, ouro." Sorri o vendo anotar o pedido em minha comanda e colocar a tequila nos copinhos em nossa frente. Hanna me olhou, sorriu e pegou o seu copo, fiz o mesmo e viramos num gole, pura. Senti a bebida descer queimando minha garganta. Rimos alto.
"O que essas duas gostosas fazem sozinhas por aqui?" Olhei para trás e vi Thomas sorrindo.
"Esperando alguém bom o suficiente para um ménage." Disse Hanna abraçando-o.
"Estou a seu dispor, ma lady." Disse Thomas a abraçando. "Oi, ." Sorriu e me abraçou.
"Você demorou, já começamos a beber." Disse retribuindo o abraço.
"Você acha que ser bonito assim é fácil?" Ele abriu os braços e deu uma voltinha. "Leva tempo, querida. Não sou igual vocês que colocam qualquer roupinha e já ficam gostosas."
"Até parece, quero três cervejas." Disse Hanna escorada no balcão. "Olha a bunda desse garçom, socorro." Nós três olhamos e rimos. Sentei em um banco na frente do balcão e aproveitei para olhar a multidão.
"Já vi melhores." Disse Thomas sentando ao meu lado.
"Perdi algo?" Hanna disse arqueando a sobrancelha. O garçom colocou três cervejas no balcão e as abriu. Peguei a minha enquanto Thomas e Hanna conversavam.
"Tem um cara no departamento de Arquitetura que é de tirar o fôlego de qualquer um." Respondeu Thomas.
"Hum, sério?" Disse Hanna, tomando sua cerveja. "E ele estuda com você, ?"
"Acho que não, não sei. Eu só o vi de costas, é aquele crush de mais cedo." Respondi, dando um gole na cerveja também.
"Ahhhh. Devemos investigar." Disse Hanna. "Estou precisando de uma bunda boa, um pau grande e um abdômen sarado". Quase cuspi minha cerveja gargalhando.
"Todas precisamos, querida." Disse Thomas. "Agora vamos dançar." Ele levantou e nos puxou pela mão. Tocava The Kooks. Continuei bebendo enquanto dançava, o lugar estava começando a encher.
"ALL OF US, WE'RE GOING OUT TONIGHT. WE'RE GONNA WALK ALL OVER YOUR CARS. THE KOOKS ARE OUT IN THE STREETS OH WERE GONNA STEAL YOUR SKIES."
Cantamos juntos enquanto dançávamos.
Após algumas cervejas, estávamos dançando um pop americano que tocava alto no local.
"Vem, vamos ao banheiro." Disse Hanna me puxando pela mão. Thomas me olhou e fez sinal para irmos. Eu já não estava no meu normal, ri sozinha enquanto me olhava no espelho. Retoquei meu batom e arrumei meu vestido justo preto. Logo Hanna saiu do banheiro e eu aproveitei para ir também.
Quando saímos do banheiro, algumas selfies depois, voltamos para a pista para encontrar com Thomas, que segurava um drink azul na mão. Tocava Worth it e Thomas estava mais animado que o normal, ele rebolava e cantava alto.
"Você não faz ideia de quem está aqui." Disse Thomas gritando em meu ouvido.
"Quem?" Olhei ao meu redor e vi Hanna dançando, balançando seus longos cabelos loiros, ri sozinha.
"Sentado perto do bar. O gostoso de Arquitetura que vimos mais cedo." Olhei na direção em que ele indicou e o vi. O cabelo castanho penteado para trás e a barba por fazer. Ele estava vestido todo de preto e com coturnos nos pés, segurava um copo de algo que parecia ser whisky na mão e nos encarava sem disfarçar. Virei-me de costas imediatamente.
"Meu Deus, quem é aquele gostoso que não tira os olhos de vocês?" Disse Hanna.
"O cara de arquitetura que estávamos falando mais cedo." A respondi e disfarcei para olhá-lo.
"O crush da bunda gostosa?" Ela gritou e uns rapazes que estavam perto de nós riram.
"O próprio." Disse Thomas. "Você deveria ir lá saber se ele é hétero, porque se não for, menina, aquela bunda será toda minha." Hanna e eu nos entreolhamos e caímos na gargalhada.
"Ok, eu vou." Eu estava curiosa e um pouco alta por causa da bebida e sem falar que queria saber mais sobre ele.
"Sério?" Thomas me olhou surpreso.
"O quê? Você vai mesmo lá?" Gritou Hanna e eu apenas balancei a cabeça, concordando. "Traga cerveja pra mim!" Ela gritou, pegou na mão de Thomas e o puxou pro meio da pista. Ele me olhou rindo e acenou. Ri sozinha e fui em direção ao bar. Ele não desviou o olhar em nenhum momento. Encostei-me no balcão próximo dele e pedi outra dose de tequila. Ele batia os dedos no balcão no ritmo de um rock inglês que eu não conhecia. Quando a tequila chegou, dispensei o sal e o limão e a tomei pura, pedi uma cerveja e me sentei no banco ao seu lado. Sentia seu olhar me queimando. Eu realmente queria falar com ele. Ele parecia ser interessante e muito, muito gostoso, mas desde o acontecido com Tyler eu não conseguia confiar em ninguém, portanto, não conseguia manter uma relação com outro homem e eu já estava muito frustrada com isso.
"Acho que você deveria me pagar uma bebida." Disse sem olhá-lo. Eu só podia ser muito idiota, o que eu acabei de falar? Quem começa uma conversa assim? Parece que tenho 15 anos. Bebi um gole de minha cerveja para afastar meus devaneios e criar coragem de engatar uma conversa.
"E por que acha isso?" Sua voz era grossa, rouca e tinha um sotaque bonito. Acho que fiquei molhada só em ouvi-la.
"Você está me encarando e eu estou começando a ficar incomodada." Respondi ainda sem fita-lo. Ele riu, ou melhor: gargalhou.
"Acho que não fui tão discreto como pensei." Foi involuntário o sorriso que cresceu em meu rosto. O olhei discretamente e ele me olhava com um sorriso lindo no rosto. Senti meu rosto corar. Eu era uma filha da puta de uma adolescente novamente.
Já posso dizer que estou apaixonada? Não? Ah ok, vai com calma, . Ignorei minha consciência inútil e o vi chamar o garçom e pedir duas cervejas. Mordi o canto do meu lábio inferior para segurar o sorriso. O garçom logo pousou duas cervejas no balcão. Peguei a minha e tomei um longo gole, sentindo seus olhos em mim. Eu não sabia o que falar, não flertava com alguém por, pelo menos, cinco anos e ele pelo jeito não fazia questão de conversar.
"Estou lhe atrapalhando?" Falei encarando o.
"O quê?" Perguntou confuso e logo completou. "Não, é claro que não. Se você não tivesse vindo, eu provavelmente ainda estaria aqui pensando em como ir falar com você." Disse me fazendo sorrir novamente.
"Você não é daqui." Conclui. "Inglês?" Perguntei e ele concordou bebendo um gole de sua cerveja.
"Nasci em Gales, mas cresci em Preston, na Inglaterra. E você?"
"Nasci aqui. Não aqui em Lyon, aqui na França, em Estrasburgo. Porém, mudei ainda bebê para Genebra, conhece?"
"Claro, é um lugar maravilhoso." Disse sorrindo.
"Sim." Concordei. "Sai de lá com quase dezessete para ir estudar na América."
"Na América?" Perguntou demonstrando estar interessado.
"Sim, cursei a universidade lá. Não é uma fase da minha vida que eu goste de lembrar." Comentei.
"Oh, me desculpe." Ele disse. "E o que lhe trouxe até Lyon?" Perguntou.
"Uma promessa que fiz ao meu pai de assumir os negócios de família, as consequências daquela época da minha vida." Não queria falar sobre a minha vida, queria mesmo era dar uns beijos. Ri sozinha com a conclusão do meu subconsciente.
"E o que lhe trouxe de tão longe?" Perguntei.
"Trabalho." Disse desanimado.
"Ah, e você faz o quê?"
"O que você acha que eu faço?" Me encarou com um sorriso sacana no rosto.
"Não sei, um assassino de aluguel, talvez." Disse bebericando minha cerveja. Ele gargalhou.
"Que imaginação fértil. Sou professor." Professor? Como assim? "O que foi?" Ele perguntou notando minha confusão.
"Oh nada." Respondi. "Você não tem cara de professor." O olhei.
"Falam-me isso com frequência." Respondeu.
"Mas o que lhe trouxe aqui? Professores não deveriam estar em casa, sei lá, preparando uma aula? É dia de semana." Ele riu da minha conclusão idiota.
"Que preconceito é esse? Não é porque sou professor que não posso sair para ouvir uma boa música e beber um pouco. Quem sabe conhecer alguém e terminar a noite bem." Engasguei com minha cerveja assim que notei o que ele queria dizer, ri sozinha e o olhei.
"Vem, vamos dançar." Levantei-me.
"Prefiro só lhe admirar." Ele respondeu me olhando. Ri sozinha e fui até a pista de dança, passei meus olhos ao redor para ver se avistava Thomas ou Hanna. Tocava The White Stripes, comecei a balançar meu corpo no ritmo da música. Passei a mão em meus cabelos e os levantei formando um rabo alto e rebolei. Eu queria provocá-lo, queria que ele viesse até mim e que fizesse qualquer coisa que não fosse falar. O olhei por cima do ombro e vi que me encarava, sorri quando nossos olhares se encontraram. Senti meu celular vibrar dentro do sutiã, mas nem dei bola. Virei de costas novamente e continuei com os movimentos. Percorri os olhos pelo salão, à procura de Hanna e Thomas novamente, mas não os avistei. Logo senti duas mãos grandes segurarem minha cintura, eu sabia quem era e sorri. Sentia sua respiração em meu pescoço, me deixando arrepiada. Balançávamos juntos. Uma de suas mãos subiu pela lateral de meu corpo até chegar a meus cabelos. Ele os juntou em um rabo e os ergueu, senti sua respiração bem perto de meu ouvido.
"Não deveria dançar desse jeito para alguém que acabou de conhecer." Ele disse passando a língua em minha orelha, fazendo meu corpo todo se arrepiar.
"Por quê?" Respondi dando um passo para trás e colando mais ainda meu corpo ao seu.
"Quem te garante que não sou apenas um aproveitador?" Sussurrou em meu ouvido.
"Você é?" Minha respiração estava entrecortada e meu coração acelerado.
"Não."
"Então não tem problema algum." Rebolei ao som de um pop americano e pude sentir sua ereção em minhas costas. Suspirei. Ele puxou meu cabelo, virando meu rosto e começou a beijar meu pescoço. Minhas pernas amoleceram, segurei em sua mão que estava em minha cintura e empurrei meu corpo contra o dele. Foi a sua vez de suspirar.
"Não faça isso, Anjo." Ele falou baixo em meu ouvido.
"Por quê?" Virei mais o rosto para poder enxergá-lo e ele sorriu. Meu corpo virou num movimento brusco. Uma hora ele me encarava e na outra tinha chocado seus lábios contra os meus.
Senti alguém me cutucar e vi Sebastian e todos da classe, inclusive o professor, me encarando.
"O quê?" Perguntei.
"Sua vez de se apresentar?" Disse .
"É mesmo necessário?" Perguntei desafiando-o.
"Todos já se apresentaram, só falta você." Ele olhou em um papel que segurava. "." Ele disse meu nome e eu só conseguia pensar na noite anterior e em como ele gemia quando eu... "?" Ele me chamou
espantando meus devaneios.
"Ok. Sou , estudei História da Arte nos Estados Unidos."
"Americana?" Disse a loira com desdém.
"Não, querida. Sou francesa, de Estrasburgo. Cresci em Genebra, na parte francófona da Suíça e só depois fui para a América."
"Temos alguém que não cursou Arquitetura na sala, que maravilha!" Disse Sebastian comemorando e eu sorri.
"Interessante." Disse o professor. "Como já disse, me chamo e também cursei Arquitetura e História da Arte, porém, na Inglaterra, onde nasci."
"Duas graduações?" Perguntou a loira e eu revirei os olhos.
"Três." Ele sorriu. Como ele ficava lindo sorrindo. "Cursei Literatura também, só que em Harvard." Esse homem era perfeito. "Meu mestrado foi o mesmo que estão fazendo aqui. Aliás, eu estudei aqui e quando digo aqui estou me referindo a essa sala." Ele riu e os alunos também riram, enquanto eu só conseguia admirá-lo. "E meu doutorado foi em Arquitetura do Oriente Medieval. Não vou ficar falando todos os cursos que já fiz porque isso não tem relevância alguma." Nossos olhares se encontraram e eu sorri, - acho que depois de ontem eu tenho todo o direito de chamá-lo assim - também sorriu e continuou falando sobre como seria sua aula. Sempre que podia, Willa, a loira, interrompia a aula para enaltecer o ego do nosso querido professor. Eu não podia julgá-la, ela queria dar pra ele, todas queriam.
Quando a aula chegou ao fim, arrumei minhas coisas para ir encontrar com Hanna para almoçar.
"?" Olhei para . "Gostaria de trocar uma palavrinha com você." Assenti e o segui pelos corredores de Lyon. Encontrei com Hanna e Thomas não muito longe dali. Os olhos de Thomas arregalaram e sua boca abriu em 'O', fazendo-me rir. Ele empurrou Hanna, que bateu nele e ele apontou para mim, ou melhor: para . Hanna teve a mesma reação que Thomas, igualzinho, e eu ri alto. me olhou com o cenho franzido. "Está tudo bem?"
"Oh, está sim, professor." Dei ênfase na última palavra, fazendo-o revirar os olhos. Olhei para trás e Hanna e Thomas ainda nos olhavam, rindo, mostrei o dedo do meio para eles e voltei a prestar atenção no caminho. Caminhamos até a ala administrativa, parando de frente a uma porta. pegou um molho de chaves do bolso e a abriu, ele me deixou entrar primeiro. Era uma sala rústica, parecida com um escritório. Tinha uma mesa com livros e alguns papéis perto de uma janela com as cortinas cinza fechadas, um sofá de couro preto e uma estante com as prateleiras cheias de livros. Escutei o barulho da porta sendo trancada. passou por mim, colocou suas coisas sob o sofá e me olhou, riu sozinho e caminhou em minha direção. Derrubei a bolsa no chão quando ele me beijou, empurrando-me contra a porta que fez um estrondo. O abracei pelo ombro e o beijei também. Senti suas mãos passeando pelo meu corpo e logo em seguida indo para minhas pernas, fazendo pressão para me erguer. Ele só podia ser louco. Cortei o beijo.
", estamos..."
"Eu sei, não tem problema." E me beijou novamente, e dessa vez ignorei todas as luzes vermelhas que se ascenderam em minha consciência. Só o beijei, e era tão bom quanto eu me lembrava. reivindicava minha boca como sua e tudo o que eu conseguia fazer era conceder. Minhas pernas estavam em volta de sua cintura e meu corpo pressionado contra a porta.
ALGUMAS HORAS ATRÁS
"Venha aqui." Ele me guiou até o canto do balcão, sentou ali e me puxou para ficar entre suas pernas. Acariciou meu rosto e me beijou novamente. Ele parecia um animal faminto, me beijava e me abraçava com uma fome gigante. Eu puxava seus cabelos e tentava unir mais nossos corpos. Eu estava com tanto tesão que daria para ele ali mesmo, sem pensar duas vezes. Eu precisava de mais, mais do que ele estava me dando. Apertei meu corpo contra o seu, fazendo-o suspirar e deslizar suas mãos pela lateral do meu corpo, arrepiando-me. Eu já não conseguia mais distinguir direito as coisas, era muita informação para uma pessoa só. Seu beijo, seu toque, eu estava bêbada demais, não podia ser tão bom assim.
"Ei." Resmunguei entre o beijo.
"Hum." Ele disse passando a beijar o meu pescoço.
"Preciso de mais." Passei a mão por suas coxas, indo em direção até a sua ereção, acariciando-a sobre a calça.
"Eu sei." Ele chupou meu pescoço e eu gemi, esfregando minhas coxas uma na outra. Apertei seu pau por cima da calça e ele também gemeu.
parou de me beijar quando ficou impossível respirar.
"Poderia ter ao menos me dito o seu nome." Foi o que ele disse. Depois de toda a manhã que passamos hoje, foi isso o que ele escolheu dizer.
"Serio que isso é o que mais lhe preocupa?" Ri sozinha.
"Na verdade, o que mais está me preocupando é ter que resolver isso." Ele esfregou sua ereção dura em mim e eu gemi. "Sozinho, de novo." Nós dois rimos e escutei um barulho. me olhou assustado. Alguém estava batendo em sua porta.
"Merda." Ele me colocou no chão.
"Professor ?" Só podia ser brincadeira. Willa estava chamando-o atrás daquela porta e eu queria matá-la.
"Willa?" Ele sussurrou questionando e eu concordei.
"Professor, você está ai?" Ela bateu e perguntou novamente, eu revirei os olhos e me sentei no sofá. Ele veio até mim e se ajoelhou em minha frente.
"Vamos ficar em silêncio até ela desistir e ir embora." Ele disse.
"Você não deveria atender todos os seus alunos?" Perguntei.
"Não no horário do meu almoço." Ele respondeu e eu senti um duplo sentido em sua frase, mas me fiz de desentendida e concordei, puxando-o para o meio de minhas pernas para beijá-lo.
"Acho que ela já foi." Disse , alguns minutos depois.
"Provavelmente." Foi o que consegui dizer. Ele sorriu e sentou ao meu lado.
"Então, professor. O que vamos fazer?" Disse olhando-o.
"Eu preciso almoçar, tenho aula daqui a pouco." Quê? "E você vai me passar o número do seu telefone."
Fim
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar
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