Prólogo
“Sim, sim, sim, sim
Deixe- me ver suas mãos para cima…”
As festas de boas vindas são todas muito divertidas, exceto se você for novato. Porque apesar de ser uma festa para animar as voltas aulas, é uma festa feita pelos veteranos e muitas vezes para os veteranos. É onde muitos deles vão para se reafirmar na pirâmide de hierarquia ou como muitos preferem chamar “cadeia alimentar”.
null percebeu isso mais rápido do que a cerveja demorou para acabar nas primeiras horas da festa. As aulas começavam na semana seguinte e null queria estar em Nova York curtindo os últimos dias de férias e despedindo- se dos seus amigos e do seu quarto, já que com a mudança não terá um só pra ela.
- null! - alguém a desperta de seus pensamentos.
- O-oi.- null responde sendo transportada de volta a realidade.
- Lembra de mim? Sou a Stacy, da casa ao lado a sua, brincávamos juntas quando pequenas.- Stacy diz sorridente. Estava bem animada em reencontrar null. Ela era alta, tinha os cabelos cacheados e escuros, bastante modelados, parecia que seus cachos foram esculpidos de tão bem alinhados, sua pele negra destacava bastante a cor quase âmbar dos seus olhos. Ela era linda e estava maravilhosa no seu vestido de rendinha que ia até as coxas.
- Lembro sim, brincávamos bastante. Você não está muito diferente, apesar de mais bonita.- null fica mais confortável e relaxada. Ter uma pessoa conhecida por perto é bem melhor.
- Veio com alguém? Eu estou com alguns amigos, você pode ficar com a gente.
- Eu vim sozinha, cheguei hoje de viagem. null me mandou o convite com o endereço da festa por e-mail.
- Aah, por e-mail? Então você é um caso raro, a null entrega todos os convites pessoalmente.- Stacy se aproxima para falar mais baixo a última parte.
- Então eu acho que isso pode ter influência do meu pai.
- Como assim? - Stacy pergunta confusa.
- Meu pai casou com a mãe dela no verão passado. Agora somos irmãs.- null sorri irônica.
- Como ela não me disse?
- Talvez já esteja protestando contra mim. Agora me diz, como ela é? - null pergunta curiosa.
- Ela só é a veterana mais popular e venerada, inclusive é ela quem organiza as festas desde o início do colegial.
- Então ela é a queridinha. Por que ela faz isso?
- Isso o quê? As festas? - Stacy pergunta em tom óbvio.
- Não, Tacy, a entrega pessoalmente.
- Segundo ela, para controlar a qualidade.- Stacy revira os olhos.- Vamos?
- Vamos.
O laço de amizade que as duas tinham era evidente, parecia que o tempo não tinha passado.
*
“Sim, sim, sim, sim Deixe- me ver suas mãos para cima Sim, sim, sim, sim...”
A música tocava alta e a pouca iluminação fazia com que null mexesse o corpo sem nenhum pudor. Depois de alguns drinks era fácil interagir em meio a tanta gente desconhecida. Então hora dançava com Stacy e os amigos, hora bebia uma mistura colorida que alguém na rodinha havia lhe dado. Ela estava fervendo por dentro, passando as mãos sensualmente no quadril e seios, coisa que não faria em sã consciência nem que a pagassem. O ritmo da música mudou para um mais lento, mas sem deixar de ser sensual e foi nesse momento que null notou um olhar nada discreto sobre si e o correspondeu. O rapaz que a olhava estava com uma jaqueta do time de futebol, super clichê, e nada mais clichê ainda se ela continuasse a provocar ele, null sorriu com esse pensamento e foi na direção dele, que ao notar ficou sem reação, ela o puxou pela mão e o levou para o meio da pista onde colocou os braços ao redor do pescoço dele e deitou sua cabeça em seu ombro, ela estava fora de si, ou queria pensar que estava para que assim pudesse ter coragem de continuar com aquilo. Ele não recuou, estava encantado por ela desde o momento em que ela chegou na festa, sozinha e curiosa, e ficou observando meio assustada o desafio de boas vindas que os veteranos faziam, depois ele a acompanhou ir para o grupo de Stacy e dançar sensualmente, fazendo com que ele desejasse ainda mais colocar as mãos no seu corpo e beijá-la. A música lenta terminou e deu lugar a outra muito agitada, mas null ainda continuava abraçada ao rapaz que puxou para dançar sem nem saber quem era. Depois de alguns minutos ambos se afastaram e entrelaçaram as mãos como se já tivessem feito isso milhares de vezes, como se seus pensamentos estivessem interligados e se dirigiram para os fundos da casa onde ficava a piscina e a sauna. O lugar escolhido foi a sauna, por ser o lugar mais afastado e estar sem ninguém, ao contrário da piscina que estava cheia de jovens e alguns casais mais afastados fazendo o que eles iriam fazer. Eles atravessaram o pequeno jardim até a sauna de mãos dadas como saíram da casa, abriram e entraram se trancando logo em seguida, null estava mais sóbria do que na pista de dança, mas continuava sensual e desinibida, o que a ajudou a não perder tempo e beijar o rapaz desconhecido, tirando sua jaqueta logo em seguida e fincar suas unhas no braços recém-expostos dele o levando a apertar a sua cintura.
“Sim, sim, sim, sim Deixe- me ver suas mãos para cima Sim, sim, sim, sim…”
Os beijos iam ficando intensos a cada minuto deixando ambos sem fôlego. null tirou a sua própria blusa num ato rápido e em seguida sua calça, incentivando o rapaz a acompanhar seu gesto e fazer a mesma coisa com suas roupas, colando seus corpos logo depois dando início a uma explosão de paixão, desejo e prazer.
Deixe- me ver suas mãos para cima…”
As festas de boas vindas são todas muito divertidas, exceto se você for novato. Porque apesar de ser uma festa para animar as voltas aulas, é uma festa feita pelos veteranos e muitas vezes para os veteranos. É onde muitos deles vão para se reafirmar na pirâmide de hierarquia ou como muitos preferem chamar “cadeia alimentar”.
null percebeu isso mais rápido do que a cerveja demorou para acabar nas primeiras horas da festa. As aulas começavam na semana seguinte e null queria estar em Nova York curtindo os últimos dias de férias e despedindo- se dos seus amigos e do seu quarto, já que com a mudança não terá um só pra ela.
- null! - alguém a desperta de seus pensamentos.
- O-oi.- null responde sendo transportada de volta a realidade.
- Lembra de mim? Sou a Stacy, da casa ao lado a sua, brincávamos juntas quando pequenas.- Stacy diz sorridente. Estava bem animada em reencontrar null. Ela era alta, tinha os cabelos cacheados e escuros, bastante modelados, parecia que seus cachos foram esculpidos de tão bem alinhados, sua pele negra destacava bastante a cor quase âmbar dos seus olhos. Ela era linda e estava maravilhosa no seu vestido de rendinha que ia até as coxas.
- Lembro sim, brincávamos bastante. Você não está muito diferente, apesar de mais bonita.- null fica mais confortável e relaxada. Ter uma pessoa conhecida por perto é bem melhor.
- Veio com alguém? Eu estou com alguns amigos, você pode ficar com a gente.
- Eu vim sozinha, cheguei hoje de viagem. null me mandou o convite com o endereço da festa por e-mail.
- Aah, por e-mail? Então você é um caso raro, a null entrega todos os convites pessoalmente.- Stacy se aproxima para falar mais baixo a última parte.
- Então eu acho que isso pode ter influência do meu pai.
- Como assim? - Stacy pergunta confusa.
- Meu pai casou com a mãe dela no verão passado. Agora somos irmãs.- null sorri irônica.
- Como ela não me disse?
- Talvez já esteja protestando contra mim. Agora me diz, como ela é? - null pergunta curiosa.
- Ela só é a veterana mais popular e venerada, inclusive é ela quem organiza as festas desde o início do colegial.
- Então ela é a queridinha. Por que ela faz isso?
- Isso o quê? As festas? - Stacy pergunta em tom óbvio.
- Não, Tacy, a entrega pessoalmente.
- Segundo ela, para controlar a qualidade.- Stacy revira os olhos.- Vamos?
- Vamos.
O laço de amizade que as duas tinham era evidente, parecia que o tempo não tinha passado.
“Sim, sim, sim, sim Deixe- me ver suas mãos para cima Sim, sim, sim, sim...”
A música tocava alta e a pouca iluminação fazia com que null mexesse o corpo sem nenhum pudor. Depois de alguns drinks era fácil interagir em meio a tanta gente desconhecida. Então hora dançava com Stacy e os amigos, hora bebia uma mistura colorida que alguém na rodinha havia lhe dado. Ela estava fervendo por dentro, passando as mãos sensualmente no quadril e seios, coisa que não faria em sã consciência nem que a pagassem. O ritmo da música mudou para um mais lento, mas sem deixar de ser sensual e foi nesse momento que null notou um olhar nada discreto sobre si e o correspondeu. O rapaz que a olhava estava com uma jaqueta do time de futebol, super clichê, e nada mais clichê ainda se ela continuasse a provocar ele, null sorriu com esse pensamento e foi na direção dele, que ao notar ficou sem reação, ela o puxou pela mão e o levou para o meio da pista onde colocou os braços ao redor do pescoço dele e deitou sua cabeça em seu ombro, ela estava fora de si, ou queria pensar que estava para que assim pudesse ter coragem de continuar com aquilo. Ele não recuou, estava encantado por ela desde o momento em que ela chegou na festa, sozinha e curiosa, e ficou observando meio assustada o desafio de boas vindas que os veteranos faziam, depois ele a acompanhou ir para o grupo de Stacy e dançar sensualmente, fazendo com que ele desejasse ainda mais colocar as mãos no seu corpo e beijá-la. A música lenta terminou e deu lugar a outra muito agitada, mas null ainda continuava abraçada ao rapaz que puxou para dançar sem nem saber quem era. Depois de alguns minutos ambos se afastaram e entrelaçaram as mãos como se já tivessem feito isso milhares de vezes, como se seus pensamentos estivessem interligados e se dirigiram para os fundos da casa onde ficava a piscina e a sauna. O lugar escolhido foi a sauna, por ser o lugar mais afastado e estar sem ninguém, ao contrário da piscina que estava cheia de jovens e alguns casais mais afastados fazendo o que eles iriam fazer. Eles atravessaram o pequeno jardim até a sauna de mãos dadas como saíram da casa, abriram e entraram se trancando logo em seguida, null estava mais sóbria do que na pista de dança, mas continuava sensual e desinibida, o que a ajudou a não perder tempo e beijar o rapaz desconhecido, tirando sua jaqueta logo em seguida e fincar suas unhas no braços recém-expostos dele o levando a apertar a sua cintura.
“Sim, sim, sim, sim Deixe- me ver suas mãos para cima Sim, sim, sim, sim…”
Os beijos iam ficando intensos a cada minuto deixando ambos sem fôlego. null tirou a sua própria blusa num ato rápido e em seguida sua calça, incentivando o rapaz a acompanhar seu gesto e fazer a mesma coisa com suas roupas, colando seus corpos logo depois dando início a uma explosão de paixão, desejo e prazer.
Capítulo Único
“Me lembro de sonhar com as coisas que eu faço agora
Como subir em uma nuvem
Com medo de olhar para baixo…”
A semana passou tão rápido depois daquele dia e null ainda tentava parar de pensar no rapaz misterioso. Seu pai já tinha voltado da lua de mel com a sua madrasta, a única coisa que faltava agora era ela conhecer os filhos da mulher. Ela já conhecia a madrasta, de uma das visitas de seu pai a Nova York. Ela era uma mulher fina, bonita e bastante reservada, null podia jurar que conservada, mas lembrou que se ela fosse não teria ficado com seu pai enquanto ele ainda estava com sua mãe, mesmo assim null não a tratava mal, na verdade nunca conversaram sem a presença de seu pai. null pensava que as coisas poderiam até serem interessantes dali em diante e que a convivência poderia ser fácil, mas uma coisa ela não sabia, e nem desconfiava, que a sua vida iria mudar drasticamente naquele ano.
*
Era fim de tarde do último dia de férias e null estava esperando Stacy na lanchonete próxima ao seu futuro colégio. Não tinha muito tempo desde que ela chegou, mas a lanchonete bar encheu em uma proporção descomunal e null pôde notar que ali era o ponto de encontro de muitos grupos.
- Achei você. Demorei? Tive que passar na casa do Alexy.- Stacy chega bem animada e dá um beijo em null, sentando na cadeira ao lado da mesma.
- Tudo bem Tacy, cheguei tem pouco tempo.- null sorri simpática.
- Esse é o Alexy que eu fui buscar.- Stacy aponta para o rapaz que se sentou em frente a null que ao ser mencionado deu dois beijinhos no rosto da menina. Alexy tinha os cabelos tingidos de azul escuro quase preto e usava óculos da mesma cor, contrastando com sua pele clara e camiseta quadriculada vermelha.
- Oi Alexy que ela foi buscar.
- Oi null da festa da null.- Alexy diz de modo sinuoso.
- Opa, como assim? - null diz se apoiando na mesa.
- Bem que você disse que ela só tinha a cara de quietinha.
- Não disse?.- Stacy e Alexy gargalham pela cara que null fez, deixando a mesma vermelha.
- Eu sou quieta.- null vira o rosto pra saída evitando olhar os dois recém-chegados.
- Nós sabemos e te digo, querida, que a essa altura toda a United Lenger sabe também.- Alexy alisa a mão de null.
- Ai, meu Deus, eu não fiz nada, gente, eu só…- null paralisa como todas as vezes que lembra do que ela e o garoto do time de futebol fizeram, tendo como resultado seu coração acelerado e suas mãos suadas.
- Vamos mudar de assunto, né pessoal.- Stacy sabe por alto o que rolou entre eles e não é a primeira vez que vê null reagir assim, talvez Alexy não precise saber mais, ele é muito direto.
- Como era o seu colégio em Nova York? Você era muito popular? Porque você tem o perfil de uma líder de torcida.- Alexy entende e muda de assunto atendendo ao pedido silencioso de Stacy, aproveitando para tentar saber um pouco mais sobre a então novata.
- Lá era muito legal, eu e meus amigos sempre saímos, claro que em finais de semana, porque na maioria das vezes minha semana acabava ficando muito cheia e minha mãe e eu sempre jantamos juntas. No caso antes da mudança.- null diz a última parte baixo.
- Então você era uma chefe? - Stacy diz divertida.
- Como assim chefe? - null pergunta curiosa.
- Deixa que eu explico, chefe na UL é como a elite é chamada, ou seja, líderes de torcida, jogadores de futebol, nadadores, os representantes do grêmio e as pestes do grupo de teatro.- Alexy diz a última parte com desdém.
- Não liga não null, é que o ex dele é do grupo de teatro.- Stacy e null riem, levando tapinhas de um Alexy irritado.
- Eu fazia parte de alguns desses grupos em Nova York.
- Bom, agora que sabemos da existência de mais uma chefe no grupo, eu quero saber o quão poderosa você era na cidade que nunca dorme.- Alexy puxa o assunto para null novamente.
- Eu meio que fazia um pouco de tudo naquele colégio e eu simplesmente amava, éramos muito unidos, fui homenageada no baile de fim de ano por dois professores das turmas avançadas.
- Sério? Então temos um gênio? - Stacy fica abobada com a revelação da amiga de infância.
- Não consigo acreditar que você fez parte das turmas avançadas.- Alexy esconde o rosto em desaprovação.
- Sim, mas eu só entrei para conseguir votos, admito. Depois acabei gostando.- Agora é a vez de null de alisar a mão de Alexy.
- Mentira, você era do grêmio? - o garoto se recupera rapidamente.
- Vice presidente, mas eu era mais conhecida e requisitada do que a própria presidente, o que a fez me odiar e eu decidi focar mais na torcida e no grupo científico.
- Eu estou pasmo com essa menina, Stacy, ela veio para destituir a null.- Alexy abraça null com empolgação.- Amei!
- Alexy! A null não é tão ruim.- Stacy tenta defender sua colega.
- Você só diz isso porque é o braço direito dela na torcida.- Alexy diz de forma irritada.
- Eu só ajudo, ela precisa de alguém para ficar de olho quando ela não está e eu sou a mais antiga na torcida.
- Então você também é uma chefe.- null diz num tom de descontração.
- Menina, você aprende rápido.- Alexy diz fingindo estar em choque, causando riso nas duas.
- Com certeza.- null responde.
*
O despertador toca pela segunda vez naquela manhã e null fica confusa em saber que aquela é a primeira vez que o seu toca de verdade, já que na outra ela acordou e olhou o celular e não estava no horário que ela levantaria, o que a levou a conclusão de que a famosa null tinha voltado da farra ontem bem tarde. null levantou e foi direto para o banheiro fazer sua higiene matinal, não queria se atrasar para o primeiro dia. Saiu do banheiro secando os cabelos com a toalha e abriu o segundo closet, um pouco menor por ter sido feito às pressas quando seu pai teve a incrível ideia de colocá-la para dividir o quarto com null. null escolheu uma roupa elegante, um vestido até um pouco acima dos joelhos que deixava as suas curvas realçadas sem ser vulgar. No novo colégio, o uniforme não era obrigatório então ela poderia ousar bastante no primeiro dia e ela estava a cara do poder, juntamente com seu sapato de bico fino branco, para combinar com seu vestido também branco e colar de pérola. O quarto era enorme, apesar da recente divisão, a casa no total tinha três suítes e um quarto para hóspedes, mas o pai de null insistiu para que ela ficasse no mesmo quarto que a filha de sua esposa, que por ironia era o seu antigo quarto, para que ambas pudessem se conhecer melhor, mas null sabia que esse não era o único motivo, seu pai queria que ela se sentisse parte da sua nova família e achou que se ela ficasse com o quarto para visitantes, mesmo que igualmente grande, não ajudaria no seu plano. null terminou de se arrumar e desceu as escadas, passando o primeiro andar onde ficavam os escritórios e a sala de jogos e filme. Chegando no andar de baixo foi direto para a sala de jantar onde estava o seu pai, a esposa de um lado e uma garota de outro, que ela supôs ser null. Ela era ruiva e estava vestida tão elegante quanto null, com seus sapatos de salto não tão altos, e comia tranquilamente.
- Bom dia.- null diz num tom razoável, chamando a atenção para si.
- Bom dia, filha.- Responde o homem.
- Bom dia, null, estávamos falando de você agora mesmo com null, ela estava ansiosa para te conhecer pessoalmente.- diz a madrasta de forma amigável. Tão amigável que null teve dúvida se era com ela.
- Um prazer finalmente conhecer a famosa null.- null diz com um leve sarcasmo e um sorriso no rosto.
- Igualmente, querida, mas pode me chamar de null.- a ruiva diz num tom angelical.
- null, a Penélope pediu que fizesse torta de limão, ainda é sua favorita? - o pai de null perguntou pousando a xícara na mesa.
- Sim, papai.- com a menção da torta null a pega e coloca perto de null, fazendo a outra se questionar tamanha gentileza em uma só hora. Minutos mais tarde null se levanta da mesa alegando estar atrasada.
- Tchauzinho tio Joe, beijo mamãe.- null dá beijo nos dois mais próximos de si e vira para null.- Nos vemos mais tarde, null.
- Espere, null.- Joe pede.- Por que não dá uma carona pra null até ela se enturmar? Aposto que vocês vão adorar ir juntas.- Joe sugere.
Ambas ficam totalmente sem reação, até mesmo Penélope que sabia o quão null estava se esforçando para suportar aquela recepção toda. Mas uma coisa era certa, todas estavam xingando Joe mentalmente naquele momento.
- Claro, tio Joe. Vamos, null? - null força um sorriso e pega sua bolsa na cadeira ao lado da que estava sentada.
*
- Prontinho, chegamos.- null diz assim que para o carro.- Desculpe não poder te mostrar o Colégio, querida null, mas eu tenho uma reunião com a diretora e o grêmio sobre o discurso de boas vindas e essas coisas de presidente.- null diz enquanto olha no espelho do carro e acena para null assim que a mesma sai.
- Não precisa se preocupar, querida null, eu marquei com uma colega.- null diz um pouco enjoada com tanta doçura.
null desce do carro e em seguida vai em direção a entrada da United Lenger. Ela não mentiu quando disse sobre a tal colega, mas ela não marcou com ninguém. null entrou na UL e seguiu corredor adentro, olhando cada detalhe, tudo era tão diferente e tão igual, até que esbarrou em alguém um pouco mais alto. A menina se recompôs rapidamente e quando estava pronta pra se desculpar e seguir em frente foi tomada pela mesma onda de calor da noite em que o viu o pela primeira vez, mas agora ele estava na frente dela e a ajudou a não se desequilibrar sem nem notar quem estava ajudando.
- Oi…- null se esforça para não travar.
- Humm… oi, então você realmente estuda aqui.- diz o rapaz.
Era incrível como o pessoal daquele colégio era bem direto e null pela primeira vez não gostou disso, porque só a estava deixando mais e mais nervosa, como se toda aquela sensação avassaladora do dia da festa de boas vindas estivesse presente novamente, fazendo com que seu corpo gritasse por liberdade.
- E nos encontramos mais uma vez.- null diz sem graça.
- Pois é, coincidência ou destino?
- Você estava me procurando? - null provoca.
- Procurando? - O rapaz fica vermelho e desvia o olhar para o sapato, coçando a cabeça.
- Você disse “você realmente estuda aqui”, estava me procurando? - null explica.
- Bem, eu procurei saber, só isso, mas ninguém sabia de você, então eu pensei que fosse coisa da minha cabeça.
- Tcharam, não foi, em todo caso.- null sorri irônica.
- Sou o null.
- Sou a null.
- Está perdida, null?
- Na verdade sim, preciso pegar a minha chave, mas esse colégio é um tanto enorme e eu já esqueci a instrução que me deram para chegar na secretaria .
- Eu te levo, estou indo pra lá também.
*
- Prontinho.- null vai de encontro a null, que estava de cabeça baixa escrevendo, enquanto uma mulher esperava sentada no outro lado da mesa.
- Vai se inscrever em alguma coisa? - null pergunta a null sem parar de escrever.
- Acho que vou dar uma olhada primeiro.- null pegou uma folha em cima da mesa e começou a analisar as opções. Ela marcou o time de natação e devolveu o papel a mesa, coincidentemente no mesmo momento que null, fazendo suas mãos se tocarem num breve instante.
- null, foi muito bom reencontrar você, será que podemos almoçar juntos? - null diz apontando a saída a null e saindo logo depois. As pessoas eram realmente muito diretas por ali.
- Tudo bem por mim, null.
- Me espera na entrada principal?
- Sim.
*
O horário do almoço tinha chegado e null estava na tal entrada principal esperando null. Apesar de ter sido o primeiro dia, null já estava lotada de coisa para fazer, como voltar à tarde para uma reunião com o grupo científico, porque o professor responsável pelo grupo achou que ela seria uma ótima integrante devido às suas notas e sua participação no próprio grupo científico do seu antigo colégio, ele achava ela tão boa que nem esperou ela ser liberada, foi chama-la na sala, o que pegou todos de surpresa, já que ninguém nunca foi convocado assim antes. null tem quase certeza que null gosta bem menos dela agora que as pessoas só falam da novata que foi convidada a participar do grupo científico e possivelmente pras turmas avançadas também.
null estava tão absorta em pensamentos que nem percebeu null chegar com sua moto, ou super máquina como todos do time chamavam.
- Hey, null!
- Ai que susto, null.- ela diz tentando normalizar a respiração.
- Você estava viajando legal.- null segura o riso.- Aqui o capacete, sobe aí.
- Onde vamos?
- No meu restaurante preferido.
*
- Então você é novata.- null diz depois que null lhe contou sobre a mudança recente de estado.
- Sim, null.- null confirma.
- Se inscreveu em quê? Esqueci de te perguntar.- null chama a atenção de null para um assunto novamente.
- Natação.- null diz meio empolgada.
- Sério? Você fazia parte do clube do seu antigo colégio? - null diz enquanto termina de mastigar suas batatas fritas.
- Fazia aulas particulares, o clube de lá nunca me interessou.
- O daqui tem algo que te interessa? - null pergunta.
- Por enquanto não sei, só estou querendo propor um desafio a mim mesma.- null diz com um sorriso no rosto, fazendo null sorrir e ter a confirmação de que ela era mais do que uma simples novata.
*
“Me lembro de sonhar com as coisas que eu faço agora…”
Poucos dias se passaram, e null ainda não conhecia o segundo filho da madrasta, mas ela não se importava muito em conhecê-lo, porque esperava que ele fosse tão chato e fingindo quanto null, que por sinal só a tratava bem na frente de Joe. Em uma semana null se tornou quase tão popular quanto null e mesmo que não fosse culpa da mesma, null não aceitava. A reunião com o grupo científico foi um sucesso e como esperado null foi chamada para as turmas avançadas. A sua amizade com Stacy e Alexy continuou e ela começou a ir para a UL com os dois, não chegava mais tão cedo como quando ia com null, mas não depender dela já era uma bênção. null também foi um avanço, null pensou que ele seria babaca por causa da festa de boas vindas, mas depois que ele a chamou para almoçar no primeiro dia, eles passaram a almoçar juntos a semana toda, ele até sugeriu que ela fizesse o teste para a torcida, mas null era a capitã e null queria distância, mesmo que amasse ser líder de torcida.
- A gente só almoçou junto, Stacy.- null tentava explicar para a amiga no telefone.
- Todos os dias da semana, null. Como não tá rolando algo?
- A gente só ficou uma vez, não significa que estamos apaixonados ou que vamos ficar outra vez.- null dizia a mesma coisa que disse para Alexy uma hora antes quando o mesmo ligou implorando para saber detalhes do novo casal da UL.
- Mas se ele estiver a fim? Você não vai querer? - Stacy insistia.
- Não sei, Tacy, eu cheguei aqui não tem nem um mês, não quero me envolver pra valer.- null mudou de posição na cama, ficando de barriga pra cima.- Quem sabe a gente só fique…
- Isso! Boa garota.- Stacy solta um gritinho pelo telefone, fazendo ambas rirem.- null , eu tenho que desligar, estão me chamando pro jantar.
- Tudo bem, depois me manda uma mensagem, acho que vão me chamar daqui a pouco.- Assim que null termina a frase batem na porta.- Tô dizendo, tchau Tacy.
- Já estou indo.- null levanta, coloca o celular no criado mudo e vai em direção à porta.
- Oi, eu já estou descendo pro…- null paralisa, seu coração acelera e suas mãos começam a suar como sempre.- null? O que você tá fazendo aqui? - null diz fechando a porta atrás de si .
- Como assim o que eu estou fazendo aqui? Eu moro aqui, null.
- Ai meu Deus, você é o filho da Penélope.
- Isso! E você é a filha do Joe. Caramba, o que custava me falarem seu nome?
- O que falaram? - null perguntou curiosa.
- Nada. Só disseram “a filha do Joe ta vindo morar com a gente.” “A filha do joe já chegou.” “Vai chamar a filha do Joe pro jantar”.- null dizia afinando a voz, fazendo a tensão diminuir.
- Então você é irmão da null?
- Irmão gêmeo.
- Você disse pra ela sobre a gente?
- Somos amigos, não tem nada demais, null.
- Ah, claro.
- E outra, ela não manda em mim.
- Você tem razão.- null deu um sorriso amarelo e o seguiu para a sala de jantar, tentando disfarçar a decepção. Ela não conseguia conter a súbita tristeza em ter suas expectativas desacreditadas.
- Boa noite, crianças.- Penélope diz assim que eles entram na sala de jantar.
- Boa noite Penélope. Meu pai não chegou ainda? - null pergunta se sentando na extremidade mais distante da mesa, afastada dos dois. Por mais que tenha sido algo totalmente bobo, null estava gostando das investidas de null e pensar que ela estava interpretando tudo totalmente errado a deixava com uma carranca difícil de esconder .
- Ainda não, querida.- Penélope responde.- Sabia que o null estuda na United Lenger também?
- Já nos conhecemos mãe, ela já sabe.- null diz encarando null com um sorrisinho.
- Que maravilha, você pode ajudá-la a fazer amigos e se enturmar.
- Ela é muito boa em fazer amigos sozinha, mas eu ajudo sim.- null e Penélope continuaram a se referir a null como se ela não estivesse ali, a deixando irritada.
- Por que só voltou hoje, querido? - Penélope continua a conversa como se null não estivesse na mesa.
- Estava com os caras, mãe, ensaiando as músicas da banda e essas coisas, eu avisei.
- Encontrou a Kim?
- Não, a gente não se fala mais, eu já te disse também.
- Kimberly é a namorada do null, nós gostamos muito dela, acho que você vai amar conhecê-la, null.- Penélope diz, cuspindo veneno para todo lado.
- Ex-namorada.- null olha para null pedindo desculpas.
- Acho que vou sim, Penélope, licença, vou subir, marquei com uma amiga, ela deve passar cedo por aqui amanhã.- null não conseguiu disfarçar que tinha sido super atingida pelas palavras da madrasta, o que não passou despercebido por nenhum dos dois presentes.
- Certo, querida.- Penélope dá um sorriso cínico. null levanta da mesa e vai direto para o quarto. Horas difíceis e null nem estava presente, null a agradeceria depois por a mesma deixar o quarto todo para ela aquela noite.
*
Semanas se passaram e tudo estava na mesma, null fazia de tudo para não se afastar de null e null fazia de tudo para não criar mais expectativas, porque em uma hora ele a queria só como amiga e em outra se mostrava a pessoa mais apaixonada do mundo. null notou a aproximação e não gostou muito, na cabeça dela null queria roubar tudo que a pertencia, o que piorou bastante quando um mês após sua chegada, null era uma das pessoas mais sugeridas a ser escolhida a rainha do baile de primavera e segundo null poderia chegar a competir de igual para igual com a mesma quando o momento da votação chegasse.
*
Alguns meses se passaram e a temporada das competições estava no seu auge, tendo a UL ganhando competições e avançando no campeonato regional. Tudo estava na mais perfeita ordem, até que o final do mês chegou sendo acompanhado por uma notícia nada boa para null.
- null!
- Sim, Stacy? - null diz tirando os olhos da sua prancheta de escalações das líderes para o próximo jogo.
- Temos que conseguir outra garota para os saltos, a Lis acabou de fraturar a perna.
- Chama alguma menina da suplência, Stacy, e não me enche com isso.- null diz fazendo uma observação no nome da menina citada por Stacy, suspirando pesadamente.
- Já chamamos as duas da suplência para cobrir as veteranas que saíram ano passado e acabamos de fazer seleção, as vagas estão todas completas.
- Exceto a vaga da Lis agora.
- Exato.
- Meu Deus, ela não poderia esperar terminar o campeonato? - null passa as mãos no rosto preocupada.
- Foi um acidente, ela não teve culpa.- Stacy diz.
- Sim, querida, mas agora estamos sem ninguém.
- null, eu conheço uma pessoa que pode substituir ela.
- Mesmo que essa pessoa aceite ajudar a gente, não sabemos se ela é boa o bastante para nos acompanhar .
- null, eu te garanto que ela é.- Stacy insiste.
- Pode chamar ela para o treino de agora?
*
null estava no vestiário, esperando Stacy com a tal garota, quase uma hora e nada, ela já estava cansada de esperar, teve que atrasar o treino por causa da tal menina.
- Pronto.- Stacy entra no vestiário com null em seu encalço.
- Onde ela está? - null olha em volta.
- Aqui.- Stacy aponta para null.
- Ela?
- Eu.
- Eu não vou colocá-la no grupo, Stacy.- Por mais que estivesse precisando muito, o medo de perder as líderes de torcida para null a dominou.
- Eu avisei, Stacy, ela é orgulhosa demais.- null ajeitou sua bolsa no ombro e se preparou para ir embora.
- Chega! Ela é a nossa única solução, null.- Stacy entrou no meio das duas.
- null, pare de pensar só em você uma vez na vida.- null continuou.
- Eu não estou falando com você.- null desvia o olhar de null.
- Mas eu estou! Deixe de ser orgulhosa e aceite isso, já estou farta dos seus caprichos e exigências.
- Escute aqui, não ouse tentar arruinar a minha torcida ou roubar meu posto.
- Entendido, querida.- null sorri cinicamente.
- Stacy, dê um uniforme para ela.- null se vira para sair.
- Esteja pronta em cinco minutos, quero ver o que você sabe fazer.
*
“Eu me lembro quando eu estava sozinha
Sem ninguém por perto
Para me abraçar
Mas agora você está aqui comigo…”
Como esperado, a popularidade de null aumentou dez vezes com sua entrada na torcida. Ela foi bem aceita por todos, até pela treinadora, que disponibilizou uma vaga de titular para que ela fosse mantida mesmo depois da recuperação de Lis, fazendo com que null quase arrancar os cabelos e ficar mais insuportável e mimada nos jantares “em família”.
O baile de primavera aconteceria em breve e null era tão favorita quanto a sua irmã de criação, o que mexia com os ânimos de todos na UL e em casa.
Depois de dias dividindo o quarto com uma null raivosa devido os últimos acontecimentos, null finalmente teria sossego. null tinha saído desde a hora do almoço, deixando a casa vazia, devido a viagem de Joe e Penélope.
null estava quase pegando no sono quando a porta do seu quarto se abriu, revelando um null sem camisa.
- Errou o quarto? - null levanta o olhar do celular, engolindo em seco logo em seguida.
- Não.- null dá um sorrisinho quando percebe o mal jeito de null.- Vim avisar que a null não vai vir hoje, então o quarto é todinho seu.
- Obrigada por avisar.- null continua olhando para o visor do aparelho.
- Disponha, tchauzinho.- null se recolhe e fecha a porta.
- null, espera.- null solta o celular na cama e vai para a beirada da cama assim que a porta abre novamente.
- Oi, null.- null entra no quarto.
null vê um filme sobre ela e o rapaz parado em sua frente passar em câmera lenta e suas mãos começam a suar e seu coração acelerar, fazendo com que ela ficasse super nervosa e agisse por puro impulso. null foi em direção a null tão rapidamente que parecia que seus pés tinham vontade própria. Passou a mão pela nuca do rapaz e o puxou para um beijo. Quando se deu conta do que tinha acabado de fazer, foi surpreendida por uma super correspondida de null a envolvendo em outro beijo, dessa vez mais intenso e caloroso. As mãos começaram a se movimentar e as peças de roupa foram diminuindo, assim como a vergonha de ambos. A temperatura estava subindo e o que veio em seguida foi inevitável.
*
null despertou no meio da noite em seu quarto. Estava sendo abraçada pela cintura por braços fortes, o que confirmou que o momento anterior não teria sido um dos seus delírios e sonhos.
null realmente estava do seu lado e dormia tranquilamente com a boca levemente aberta. O que não seria um problema se null não estivesse num impasse consigo mesma. Ela não podia cobrar muito de null, a mãe do mesmo fazia questão de passar na sua cara que o apoiava com sua antiga namorada, mas ele fazia de tudo para mostrar a null que não concordava com a mãe e que seu coração estava em outro lugar que, às vezes fazia null pensar que era perto dela, mas de uma hora para outra todos os sinais desapareciam e a menina se via perdida, ela estava num impasse e sabia como finalmente resolver. null observou cada parte do rosto do rapaz, levantando a mão suavemente para arrumar uma mecha que caía na testa. Voltou a sua posição original e continuou sua tour pelo rosto de null, quando sem aviso, o último sela seus lábios.
- Que susto! Pensei que estivesse dormindo.- null arfa com o movimento súbito de null.
- Eu estava, antes de sentir estar sendo observado.- null sorri e puxa a garota para mais perto.
- Eu gosto de te observar. Tem algum problema nisso? - pergunta null com um certo divertimento.
- Claro que não madame, mas devo lhe avisar dos riscos de se apaixonar.
- E se eu já estiver apaixonada?
- Devo lhe avisar novamente que possa ser um erro da sua parte.- null termina a última parte da frase afastando o cabelo que caía nos olhos de null a fazendo arrepiar com o toque e intensidade dos olhares. Ele dizia ser um erro se apaixonar por ela, mas não estava falando sério, torcia profundamente que null o desacreditasse e mostrasse que estava disposta aos riscos.
- Talvez eu queira cometer esse erro.- null diz sustentando o olhar de null.
- Então vamos cometer esse erro juntos.- null acaricia a bochecha de null e sorri. Aquela era a oportunidade perfeita para pôr as cartas na mesa, mas ela não sabia como. Será que ele estava a correspondendo realmente? Tantas dúvidas e nenhuma resposta. Ela queria que tudo se estabelecesse, mas a situação de ambos como "irmãos" os deixava amedrontados com que poderia vir em seguida.
- E os nossos pais? - null enfim expressa a sua maior preocupação.
- Nós contamos a eles na hora certa, que não é agora por motivos óbvios de: não teremos como escapar até a formatura.
- Você é um gênio, null, a faculdade vai nos salvar.- null diz animada com a ideia de ter um plano.
- Só temos que esperar mais alguns meses e tudo vai se acertar. - por mais que o medo de as coisas não acontecerem como estavam planejando o casal não deixava transparecer tanto.
- E a null? - null pergunta com preocupação novamente na voz.
- Ela vai precisar aceitar isso, null, somos irmãos, sabe? Ela tem que me apoiar.
- Ela me odeia.
- Não, null. Ela odeia não ter atenção toda para ela.
*
Por mais que null amasse toda atenção que recebia, óbvio que se sentia sozinha. Ela ia a festas, organizava mais um bocado de festas e todos na UL queriam fazer parte do seu grupo, que no fundo, nem ela mesma fazia parte. Sempre foi uma garota mimada e esperava que as pessoas fizessem sempre suas vontades, mas quebrar esse ciclo pode ser doloroso, principalmente quando você não está preparado para sair dele e ter que tentar uma vida mais normal fora da proteção do colégio, mas ela não podia negar que sentia falta de uma coisa nisso tudo, seu irmão. Por mais que todas essa atenção a fizesse ser o que ela não era lá no fundo, ela não conseguia suprir a falta que seu irmão fazia nos últimos meses, mesmo morando na mesma casa. Ela era a garota mais popular e desejada, mas seu irmão preferia null, ela era a mais influente, mas seu irmão preferia null. Ela sentia falta do seu irmãozinho, aquele que dividia as aventuras e curtia cada parte fútil do colegial. Pensar em todas essas coisas a deixava muito pior, mas a fazia chorar e chorar é um ótimo remédio, mesmo que para isso ela tenha que ir para um lugar mais isolado, como atrás das arquibancadas. Sua mãe não aprovaria tal ato, onde já se viu a sua filha choramingar por besteira. Era isso que ela dizia, por mais que null ficasse triste. Então a mesma abaixou a cabeça e continuou chorando o quanto podia.
- Olá? Está tudo bem? - null num sobressalto limpou a maior quantidade de lágrimas que conseguia e arrumou os cabelos.
- Sim, está tudo bem, eu só… null? - Ambas estavam estáticas, claro que por motivos diferentes, mas não tão diferentes assim.
- Você está bem, null? - null continuou a perguntar tentando ao máximo disfarçar que não estava surpresa e mesmo sendo quem era, iria prestar sua "ajuda ".
- Estou bem sim, obrigada. - null levanta.- O que você está fazendo aqui?
- Escutei um choro e vim ver o que estava acontecendo. A pessoa parecia estar em agonia.- null foi sincera, tentando de certo modo mostrar para null que ela sabia o que era ter que chorar quase que em silêncio.
- Bem, já passou. Eu só precisava colocar para fora.
- Aconteceu algo? - null continuou.
- Nada que você deva saber, agora me deixe.- null pega a sua bolsa no chão e marcha em direção a null.
- Sabe null, você não deveria guardar tudo para você.
- E com quem você acha que eu deveria compartilhar? Com você? - null alfineta, deixando transparecer toda a irritação.
- Com o seu irmão. Ele se preocupa com você.
*
Por mais que null odiasse, tinha que admitir, null levava muito jeito para recepções, o baile de primavera estava lindo. Depois de alguns meses de planejamento estava tudo muito decorado, todas as pessoas arrumadas, a primeira banda estava tocando naquele momento uma melodia suave, deixando o ambiente mais receptivo, os petiscos estavam ótimos e a bebida também, mesmo que não fosse alcoólica, devido o lugar do baile em questão. Em meio a seus pensamentos, null foi interrompida.
- Está gostando da festa? - uma garota desconhecida pergunta. Ela estava com um vestido longo e rosa, que combinava perfeitamente com seu tom de pele bronzeado e seus olhos verdes.
- Eu estou sim, a null não decepciona.- null responde meio desconfiada com a abordagem.
- Eu vim por causa da banda que vai se apresentar daqui a pouco, eles são muito bons.- a garota diz. O que deixou null bem mais desconfiada ainda, aquela menina não estudava ali? Ela conhecia a banda de null? Eles eram conhecidos em outras escolas?
- Eu ainda não os ouvi tocar.- null diz desconfortável.
- Sou a Kim.- a garota estende a mão. Claro que era ela, null tinha se esquecido desse detalhe do passado de null, uma ex-namorada, que todos gostavam.
- Sou a null.
- Sim, que bom te conhecer, ouvi falar muito de você, a mais nova irmãzinha do null. Aposto que também ouviu falar de mim. Todos me amam.- a então Kim, diz sorridente, mas não menos cínica.
- Eu não diria todos.- uma pessoa interrompe a conversa das duas escutando as preces de null.
- Aah, oi null. Que bom rever você, como está sua mãe? null me disse que a casa nova é maravilhosa.
- Ela está bem. Vem, null! - null puxa null sem nem se despedir de Kimberly. Já afastadas da antiga cunhada de null, a mesma quebra o silêncio.
- Se mantenha afastada daquela naja, não acredite em uma só palavra do que ela diz e aproveite o show, meu irmão quer te ver bem a frente do palco, então não se demore aqui quando as luzes se apagarem. Eu não estou sendo legal por sua causa.- null despejou de uma vez todas as palavras em null e saiu como se nada tivesse acontecido. Ela estava tão atordoada com os acontecimentos que nem notou quando as luzes se apagaram e a multidão já estava aglomerada na frente do palco que tinha sido montado ali. E então tudo aconteceu muito rápido. A banda de null entrou no palco, apresentou algumas músicas cover e iriam para a última música deixando todos muito empolgados. null procurava null na platéia e isso não passou despercebido, a música foi se encerrando e null foi abrindo espaço entre a multidão, null tocou o último acorde da música e desceu do palco para ir de encontro a uma null recém encontrada, mas foi surpreendido por Kimberly que o puxou e beijou, na frente de todos e de null, que tinha acabado de chegar à frente do palco. As pessoas começaram a comemorar o espetáculo que estava sendo o beijo deles, então null virou e foi embora antes de ver null se desvincular e brigar com Kim e tentando seguir null pra onde ela tenha ido. null corria tanto que pensou que seus saltos iriam se fundir com seus pés. Ela parou quando já estava distante o suficiente do baile. Tirou os sapatos e foi andando para um lugar bem conhecido por aqueles que querem chorar ou fumar um baseado sem ser percebidos. Minutos depois se culpando e martirizado por não ter percebido que null não a queria e que ela tinha sido uma trouxa, alguém sentou do seu lado, a fazendo se preparar para xingar muito caso levantasse a cabeça e fosse o rapaz.
- Relaxa, não é o null.- a então pessoa que se sentou ao seu lado era null e ela continuou.- Eu vi o que aconteceu.
- Veio passar na minha cara? Que seu irmão fez certo em escolher ela na frente se todos e me humilhar? - null disse entre soluços.
- Por que eu faria isso? Como eu te disse, eu vi o que aconteceu. E não acredito que você esteja tão cega de insegurança que não vê também.
- Ele a beijou, null.- null limpou as lágrimas, mesmo que elas insistissem em cair.
- Não! Ela o beijou, ele preparou tudo isso para você, o show e o pedido depois dele.- null dizia sem tirar os olhos de null.
- Como você sabe disso? - null não conseguia acreditar no que null dizia, logo ela que não suportava dividir seu irmão com null .
- Eu dei essa ideia para ele. Depois do dia que você me aconselhou aqui mesmo, eu fui conversar com meu irmão e ele se abriu comigo em relação a você e por mais que eu não goste de dividi-lo, eu o amo e quero o melhor para ele.- null realmente estava tirando a máscara para null e esperava que isso ajudasse seu irmão, ela sabia que uma hora teria que se acertar com menina chorosa a sua frente e sabia também que parte da sua recusa em aceitar a menina era birra por se sentir ameaçada. null tinha conseguido tudo em tão pouco tempo, tudo que ela lutou para conseguir e para manter e não era culpa dela ter conseguido tudo desse jeito, mas null a fez enxergar que aquilo estava o afastando dela, ela não poderia ficar tão obcecada, aquilo não valia mais que sua relação com seu irmão e então daquele dia em diante ela teria que se esforçar para fazer as pazes com null.
“Esta noite, olhe para o que você encontrou Eu estava sozinha por um tempo…”
- Mas ela estava lá null, ela o beijou e eu não soube como reagir e todos estavam aplaudindo.- null resolveu tirar suas barreiras para a outra.
- Isso, querida, você já está voltando a consciência. Ela o beijou, ele foi pego de surpresa e todo mundo aplaudiu, porque todos nessa escola amam um espetáculo.
- Mas o que eu vou fazer? Saí de lá feito uma derrotada.- null dizia agora se recompondo.
- Você vai voltar comigo e vai encarar isso como se nada tivesse acontecido, vai limpar esse rosto e retocar a maquiagem, se você não tiver, eu te empresto.- null disse com um sorrisinho no rosto. Por mais que fosse recente tudo aquilo, lidar com null não era tão difícil,a outra menina pensou.
- E se eles estiverem juntos? - null continuava amuada.
- null, respira! O que eu disse? Foi tudo um mal entendido. null quer você.- null disse finalmente, não aguentava mais tanto choramingo e tinha a impressão que foi rude.- Me desculpe. Só se ajeite, estou aqui com você.
- Me desculpe também, null, eu não fui uma boa colega de quarto, deveria ter evitado te provocar, você já estava lidando com o afastamento do seu irmão por em partes minha causa.
- Eu te desculpo. Agora vamos! A coroação do rei e rainha do baile.- null terminou a última frase e levantou, estendendo a mão para null, a ajudando a levantar. O tão esperando momento desde o retorno das aulas tinha chegado e por uma reviravolta do destino, as duas estavam juntas, entendidas entre si e prontas para aplaudir qual das duas seja a escolhida como rainha do baile.
*
“Não vou sair sem o seu amor hoje à noite, hoje à noite
Estou dançando ao som
E as minhas palavras na multidão
Estou nas alturas para descer…”
Depois que null e null voltaram ao baile juntas todos entenderam que uma irmandade tinha sido formada, cheia de poder e cumplicidade. null estava perto da saída desnorteado com que tinha acontecido depois da sua apresentação, que só notou null quando a mesmo estava parabenizando uma null com uma coroa de rainha do baile super sorridente, que quase instintivamente olhou na direção que ele estava, o notando e em seguida falando algo para null que saiu logo em seguida, fazendo null ir em sua direção, parando somente para falar com a irmã.
- Parabéns null, a null…- sem que terminasse sua frase null foi interrompido.
- Ela foi para o pátio, null.- A irmã riu da sua cara de confuso e fez sinal para que ele seguisse em frente. null saiu do baile e seguiu para o pátio, onde encontrou null de costas para a entrada.
- null? - ele a chamou.- Eu sinto muito por você ter passado por aquilo, eu tinha planejado te pedir em namoro no momento que desci, a null disse que você iria gostar, mas a Kim veio e ela…- null foi interrompido por null, que o beijou sem pestanejar, ela podia sentir a inocência do menino em toda aquela história.
- Uau! Que ótimo jeito de mandar calar a boca.- null disse.
- Ainda está de pé ?
- O quê? Você me beijar outra vez assim? - null puxou a garota para mais perto.
- Não, seu bobo. O pedido. - null sorriu e arrumou o cabelo da testa do rapaz, enquanto o mesmo a olhava admirado, se afastando um pouco e tirando uma caixinha do bolso.
- null, você quer namorar comigo?
- Sim.
Como subir em uma nuvem
Com medo de olhar para baixo…”
A semana passou tão rápido depois daquele dia e null ainda tentava parar de pensar no rapaz misterioso. Seu pai já tinha voltado da lua de mel com a sua madrasta, a única coisa que faltava agora era ela conhecer os filhos da mulher. Ela já conhecia a madrasta, de uma das visitas de seu pai a Nova York. Ela era uma mulher fina, bonita e bastante reservada, null podia jurar que conservada, mas lembrou que se ela fosse não teria ficado com seu pai enquanto ele ainda estava com sua mãe, mesmo assim null não a tratava mal, na verdade nunca conversaram sem a presença de seu pai. null pensava que as coisas poderiam até serem interessantes dali em diante e que a convivência poderia ser fácil, mas uma coisa ela não sabia, e nem desconfiava, que a sua vida iria mudar drasticamente naquele ano.
Era fim de tarde do último dia de férias e null estava esperando Stacy na lanchonete próxima ao seu futuro colégio. Não tinha muito tempo desde que ela chegou, mas a lanchonete bar encheu em uma proporção descomunal e null pôde notar que ali era o ponto de encontro de muitos grupos.
- Achei você. Demorei? Tive que passar na casa do Alexy.- Stacy chega bem animada e dá um beijo em null, sentando na cadeira ao lado da mesma.
- Tudo bem Tacy, cheguei tem pouco tempo.- null sorri simpática.
- Esse é o Alexy que eu fui buscar.- Stacy aponta para o rapaz que se sentou em frente a null que ao ser mencionado deu dois beijinhos no rosto da menina. Alexy tinha os cabelos tingidos de azul escuro quase preto e usava óculos da mesma cor, contrastando com sua pele clara e camiseta quadriculada vermelha.
- Oi Alexy que ela foi buscar.
- Oi null da festa da null.- Alexy diz de modo sinuoso.
- Opa, como assim? - null diz se apoiando na mesa.
- Bem que você disse que ela só tinha a cara de quietinha.
- Não disse?.- Stacy e Alexy gargalham pela cara que null fez, deixando a mesma vermelha.
- Eu sou quieta.- null vira o rosto pra saída evitando olhar os dois recém-chegados.
- Nós sabemos e te digo, querida, que a essa altura toda a United Lenger sabe também.- Alexy alisa a mão de null.
- Ai, meu Deus, eu não fiz nada, gente, eu só…- null paralisa como todas as vezes que lembra do que ela e o garoto do time de futebol fizeram, tendo como resultado seu coração acelerado e suas mãos suadas.
- Vamos mudar de assunto, né pessoal.- Stacy sabe por alto o que rolou entre eles e não é a primeira vez que vê null reagir assim, talvez Alexy não precise saber mais, ele é muito direto.
- Como era o seu colégio em Nova York? Você era muito popular? Porque você tem o perfil de uma líder de torcida.- Alexy entende e muda de assunto atendendo ao pedido silencioso de Stacy, aproveitando para tentar saber um pouco mais sobre a então novata.
- Lá era muito legal, eu e meus amigos sempre saímos, claro que em finais de semana, porque na maioria das vezes minha semana acabava ficando muito cheia e minha mãe e eu sempre jantamos juntas. No caso antes da mudança.- null diz a última parte baixo.
- Então você era uma chefe? - Stacy diz divertida.
- Como assim chefe? - null pergunta curiosa.
- Deixa que eu explico, chefe na UL é como a elite é chamada, ou seja, líderes de torcida, jogadores de futebol, nadadores, os representantes do grêmio e as pestes do grupo de teatro.- Alexy diz a última parte com desdém.
- Não liga não null, é que o ex dele é do grupo de teatro.- Stacy e null riem, levando tapinhas de um Alexy irritado.
- Eu fazia parte de alguns desses grupos em Nova York.
- Bom, agora que sabemos da existência de mais uma chefe no grupo, eu quero saber o quão poderosa você era na cidade que nunca dorme.- Alexy puxa o assunto para null novamente.
- Eu meio que fazia um pouco de tudo naquele colégio e eu simplesmente amava, éramos muito unidos, fui homenageada no baile de fim de ano por dois professores das turmas avançadas.
- Sério? Então temos um gênio? - Stacy fica abobada com a revelação da amiga de infância.
- Não consigo acreditar que você fez parte das turmas avançadas.- Alexy esconde o rosto em desaprovação.
- Sim, mas eu só entrei para conseguir votos, admito. Depois acabei gostando.- Agora é a vez de null de alisar a mão de Alexy.
- Mentira, você era do grêmio? - o garoto se recupera rapidamente.
- Vice presidente, mas eu era mais conhecida e requisitada do que a própria presidente, o que a fez me odiar e eu decidi focar mais na torcida e no grupo científico.
- Eu estou pasmo com essa menina, Stacy, ela veio para destituir a null.- Alexy abraça null com empolgação.- Amei!
- Alexy! A null não é tão ruim.- Stacy tenta defender sua colega.
- Você só diz isso porque é o braço direito dela na torcida.- Alexy diz de forma irritada.
- Eu só ajudo, ela precisa de alguém para ficar de olho quando ela não está e eu sou a mais antiga na torcida.
- Então você também é uma chefe.- null diz num tom de descontração.
- Menina, você aprende rápido.- Alexy diz fingindo estar em choque, causando riso nas duas.
- Com certeza.- null responde.
O despertador toca pela segunda vez naquela manhã e null fica confusa em saber que aquela é a primeira vez que o seu toca de verdade, já que na outra ela acordou e olhou o celular e não estava no horário que ela levantaria, o que a levou a conclusão de que a famosa null tinha voltado da farra ontem bem tarde. null levantou e foi direto para o banheiro fazer sua higiene matinal, não queria se atrasar para o primeiro dia. Saiu do banheiro secando os cabelos com a toalha e abriu o segundo closet, um pouco menor por ter sido feito às pressas quando seu pai teve a incrível ideia de colocá-la para dividir o quarto com null. null escolheu uma roupa elegante, um vestido até um pouco acima dos joelhos que deixava as suas curvas realçadas sem ser vulgar. No novo colégio, o uniforme não era obrigatório então ela poderia ousar bastante no primeiro dia e ela estava a cara do poder, juntamente com seu sapato de bico fino branco, para combinar com seu vestido também branco e colar de pérola. O quarto era enorme, apesar da recente divisão, a casa no total tinha três suítes e um quarto para hóspedes, mas o pai de null insistiu para que ela ficasse no mesmo quarto que a filha de sua esposa, que por ironia era o seu antigo quarto, para que ambas pudessem se conhecer melhor, mas null sabia que esse não era o único motivo, seu pai queria que ela se sentisse parte da sua nova família e achou que se ela ficasse com o quarto para visitantes, mesmo que igualmente grande, não ajudaria no seu plano. null terminou de se arrumar e desceu as escadas, passando o primeiro andar onde ficavam os escritórios e a sala de jogos e filme. Chegando no andar de baixo foi direto para a sala de jantar onde estava o seu pai, a esposa de um lado e uma garota de outro, que ela supôs ser null. Ela era ruiva e estava vestida tão elegante quanto null, com seus sapatos de salto não tão altos, e comia tranquilamente.
- Bom dia.- null diz num tom razoável, chamando a atenção para si.
- Bom dia, filha.- Responde o homem.
- Bom dia, null, estávamos falando de você agora mesmo com null, ela estava ansiosa para te conhecer pessoalmente.- diz a madrasta de forma amigável. Tão amigável que null teve dúvida se era com ela.
- Um prazer finalmente conhecer a famosa null.- null diz com um leve sarcasmo e um sorriso no rosto.
- Igualmente, querida, mas pode me chamar de null.- a ruiva diz num tom angelical.
- null, a Penélope pediu que fizesse torta de limão, ainda é sua favorita? - o pai de null perguntou pousando a xícara na mesa.
- Sim, papai.- com a menção da torta null a pega e coloca perto de null, fazendo a outra se questionar tamanha gentileza em uma só hora. Minutos mais tarde null se levanta da mesa alegando estar atrasada.
- Tchauzinho tio Joe, beijo mamãe.- null dá beijo nos dois mais próximos de si e vira para null.- Nos vemos mais tarde, null.
- Espere, null.- Joe pede.- Por que não dá uma carona pra null até ela se enturmar? Aposto que vocês vão adorar ir juntas.- Joe sugere.
Ambas ficam totalmente sem reação, até mesmo Penélope que sabia o quão null estava se esforçando para suportar aquela recepção toda. Mas uma coisa era certa, todas estavam xingando Joe mentalmente naquele momento.
- Claro, tio Joe. Vamos, null? - null força um sorriso e pega sua bolsa na cadeira ao lado da que estava sentada.
- Prontinho, chegamos.- null diz assim que para o carro.- Desculpe não poder te mostrar o Colégio, querida null, mas eu tenho uma reunião com a diretora e o grêmio sobre o discurso de boas vindas e essas coisas de presidente.- null diz enquanto olha no espelho do carro e acena para null assim que a mesma sai.
- Não precisa se preocupar, querida null, eu marquei com uma colega.- null diz um pouco enjoada com tanta doçura.
null desce do carro e em seguida vai em direção a entrada da United Lenger. Ela não mentiu quando disse sobre a tal colega, mas ela não marcou com ninguém. null entrou na UL e seguiu corredor adentro, olhando cada detalhe, tudo era tão diferente e tão igual, até que esbarrou em alguém um pouco mais alto. A menina se recompôs rapidamente e quando estava pronta pra se desculpar e seguir em frente foi tomada pela mesma onda de calor da noite em que o viu o pela primeira vez, mas agora ele estava na frente dela e a ajudou a não se desequilibrar sem nem notar quem estava ajudando.
- Oi…- null se esforça para não travar.
- Humm… oi, então você realmente estuda aqui.- diz o rapaz.
Era incrível como o pessoal daquele colégio era bem direto e null pela primeira vez não gostou disso, porque só a estava deixando mais e mais nervosa, como se toda aquela sensação avassaladora do dia da festa de boas vindas estivesse presente novamente, fazendo com que seu corpo gritasse por liberdade.
- E nos encontramos mais uma vez.- null diz sem graça.
- Pois é, coincidência ou destino?
- Você estava me procurando? - null provoca.
- Procurando? - O rapaz fica vermelho e desvia o olhar para o sapato, coçando a cabeça.
- Você disse “você realmente estuda aqui”, estava me procurando? - null explica.
- Bem, eu procurei saber, só isso, mas ninguém sabia de você, então eu pensei que fosse coisa da minha cabeça.
- Tcharam, não foi, em todo caso.- null sorri irônica.
- Sou o null.
- Sou a null.
- Está perdida, null?
- Na verdade sim, preciso pegar a minha chave, mas esse colégio é um tanto enorme e eu já esqueci a instrução que me deram para chegar na secretaria .
- Eu te levo, estou indo pra lá também.
- Prontinho.- null vai de encontro a null, que estava de cabeça baixa escrevendo, enquanto uma mulher esperava sentada no outro lado da mesa.
- Vai se inscrever em alguma coisa? - null pergunta a null sem parar de escrever.
- Acho que vou dar uma olhada primeiro.- null pegou uma folha em cima da mesa e começou a analisar as opções. Ela marcou o time de natação e devolveu o papel a mesa, coincidentemente no mesmo momento que null, fazendo suas mãos se tocarem num breve instante.
- null, foi muito bom reencontrar você, será que podemos almoçar juntos? - null diz apontando a saída a null e saindo logo depois. As pessoas eram realmente muito diretas por ali.
- Tudo bem por mim, null.
- Me espera na entrada principal?
- Sim.
O horário do almoço tinha chegado e null estava na tal entrada principal esperando null. Apesar de ter sido o primeiro dia, null já estava lotada de coisa para fazer, como voltar à tarde para uma reunião com o grupo científico, porque o professor responsável pelo grupo achou que ela seria uma ótima integrante devido às suas notas e sua participação no próprio grupo científico do seu antigo colégio, ele achava ela tão boa que nem esperou ela ser liberada, foi chama-la na sala, o que pegou todos de surpresa, já que ninguém nunca foi convocado assim antes. null tem quase certeza que null gosta bem menos dela agora que as pessoas só falam da novata que foi convidada a participar do grupo científico e possivelmente pras turmas avançadas também.
null estava tão absorta em pensamentos que nem percebeu null chegar com sua moto, ou super máquina como todos do time chamavam.
- Hey, null!
- Ai que susto, null.- ela diz tentando normalizar a respiração.
- Você estava viajando legal.- null segura o riso.- Aqui o capacete, sobe aí.
- Onde vamos?
- No meu restaurante preferido.
- Então você é novata.- null diz depois que null lhe contou sobre a mudança recente de estado.
- Sim, null.- null confirma.
- Se inscreveu em quê? Esqueci de te perguntar.- null chama a atenção de null para um assunto novamente.
- Natação.- null diz meio empolgada.
- Sério? Você fazia parte do clube do seu antigo colégio? - null diz enquanto termina de mastigar suas batatas fritas.
- Fazia aulas particulares, o clube de lá nunca me interessou.
- O daqui tem algo que te interessa? - null pergunta.
- Por enquanto não sei, só estou querendo propor um desafio a mim mesma.- null diz com um sorriso no rosto, fazendo null sorrir e ter a confirmação de que ela era mais do que uma simples novata.
“Me lembro de sonhar com as coisas que eu faço agora…”
Poucos dias se passaram, e null ainda não conhecia o segundo filho da madrasta, mas ela não se importava muito em conhecê-lo, porque esperava que ele fosse tão chato e fingindo quanto null, que por sinal só a tratava bem na frente de Joe. Em uma semana null se tornou quase tão popular quanto null e mesmo que não fosse culpa da mesma, null não aceitava. A reunião com o grupo científico foi um sucesso e como esperado null foi chamada para as turmas avançadas. A sua amizade com Stacy e Alexy continuou e ela começou a ir para a UL com os dois, não chegava mais tão cedo como quando ia com null, mas não depender dela já era uma bênção. null também foi um avanço, null pensou que ele seria babaca por causa da festa de boas vindas, mas depois que ele a chamou para almoçar no primeiro dia, eles passaram a almoçar juntos a semana toda, ele até sugeriu que ela fizesse o teste para a torcida, mas null era a capitã e null queria distância, mesmo que amasse ser líder de torcida.
- A gente só almoçou junto, Stacy.- null tentava explicar para a amiga no telefone.
- Todos os dias da semana, null. Como não tá rolando algo?
- A gente só ficou uma vez, não significa que estamos apaixonados ou que vamos ficar outra vez.- null dizia a mesma coisa que disse para Alexy uma hora antes quando o mesmo ligou implorando para saber detalhes do novo casal da UL.
- Mas se ele estiver a fim? Você não vai querer? - Stacy insistia.
- Não sei, Tacy, eu cheguei aqui não tem nem um mês, não quero me envolver pra valer.- null mudou de posição na cama, ficando de barriga pra cima.- Quem sabe a gente só fique…
- Isso! Boa garota.- Stacy solta um gritinho pelo telefone, fazendo ambas rirem.- null , eu tenho que desligar, estão me chamando pro jantar.
- Tudo bem, depois me manda uma mensagem, acho que vão me chamar daqui a pouco.- Assim que null termina a frase batem na porta.- Tô dizendo, tchau Tacy.
- Já estou indo.- null levanta, coloca o celular no criado mudo e vai em direção à porta.
- Oi, eu já estou descendo pro…- null paralisa, seu coração acelera e suas mãos começam a suar como sempre.- null? O que você tá fazendo aqui? - null diz fechando a porta atrás de si .
- Como assim o que eu estou fazendo aqui? Eu moro aqui, null.
- Ai meu Deus, você é o filho da Penélope.
- Isso! E você é a filha do Joe. Caramba, o que custava me falarem seu nome?
- O que falaram? - null perguntou curiosa.
- Nada. Só disseram “a filha do Joe ta vindo morar com a gente.” “A filha do joe já chegou.” “Vai chamar a filha do Joe pro jantar”.- null dizia afinando a voz, fazendo a tensão diminuir.
- Então você é irmão da null?
- Irmão gêmeo.
- Você disse pra ela sobre a gente?
- Somos amigos, não tem nada demais, null.
- Ah, claro.
- E outra, ela não manda em mim.
- Você tem razão.- null deu um sorriso amarelo e o seguiu para a sala de jantar, tentando disfarçar a decepção. Ela não conseguia conter a súbita tristeza em ter suas expectativas desacreditadas.
- Boa noite, crianças.- Penélope diz assim que eles entram na sala de jantar.
- Boa noite Penélope. Meu pai não chegou ainda? - null pergunta se sentando na extremidade mais distante da mesa, afastada dos dois. Por mais que tenha sido algo totalmente bobo, null estava gostando das investidas de null e pensar que ela estava interpretando tudo totalmente errado a deixava com uma carranca difícil de esconder .
- Ainda não, querida.- Penélope responde.- Sabia que o null estuda na United Lenger também?
- Já nos conhecemos mãe, ela já sabe.- null diz encarando null com um sorrisinho.
- Que maravilha, você pode ajudá-la a fazer amigos e se enturmar.
- Ela é muito boa em fazer amigos sozinha, mas eu ajudo sim.- null e Penélope continuaram a se referir a null como se ela não estivesse ali, a deixando irritada.
- Por que só voltou hoje, querido? - Penélope continua a conversa como se null não estivesse na mesa.
- Estava com os caras, mãe, ensaiando as músicas da banda e essas coisas, eu avisei.
- Encontrou a Kim?
- Não, a gente não se fala mais, eu já te disse também.
- Kimberly é a namorada do null, nós gostamos muito dela, acho que você vai amar conhecê-la, null.- Penélope diz, cuspindo veneno para todo lado.
- Ex-namorada.- null olha para null pedindo desculpas.
- Acho que vou sim, Penélope, licença, vou subir, marquei com uma amiga, ela deve passar cedo por aqui amanhã.- null não conseguiu disfarçar que tinha sido super atingida pelas palavras da madrasta, o que não passou despercebido por nenhum dos dois presentes.
- Certo, querida.- Penélope dá um sorriso cínico. null levanta da mesa e vai direto para o quarto. Horas difíceis e null nem estava presente, null a agradeceria depois por a mesma deixar o quarto todo para ela aquela noite.
Semanas se passaram e tudo estava na mesma, null fazia de tudo para não se afastar de null e null fazia de tudo para não criar mais expectativas, porque em uma hora ele a queria só como amiga e em outra se mostrava a pessoa mais apaixonada do mundo. null notou a aproximação e não gostou muito, na cabeça dela null queria roubar tudo que a pertencia, o que piorou bastante quando um mês após sua chegada, null era uma das pessoas mais sugeridas a ser escolhida a rainha do baile de primavera e segundo null poderia chegar a competir de igual para igual com a mesma quando o momento da votação chegasse.
Alguns meses se passaram e a temporada das competições estava no seu auge, tendo a UL ganhando competições e avançando no campeonato regional. Tudo estava na mais perfeita ordem, até que o final do mês chegou sendo acompanhado por uma notícia nada boa para null.
- null!
- Sim, Stacy? - null diz tirando os olhos da sua prancheta de escalações das líderes para o próximo jogo.
- Temos que conseguir outra garota para os saltos, a Lis acabou de fraturar a perna.
- Chama alguma menina da suplência, Stacy, e não me enche com isso.- null diz fazendo uma observação no nome da menina citada por Stacy, suspirando pesadamente.
- Já chamamos as duas da suplência para cobrir as veteranas que saíram ano passado e acabamos de fazer seleção, as vagas estão todas completas.
- Exceto a vaga da Lis agora.
- Exato.
- Meu Deus, ela não poderia esperar terminar o campeonato? - null passa as mãos no rosto preocupada.
- Foi um acidente, ela não teve culpa.- Stacy diz.
- Sim, querida, mas agora estamos sem ninguém.
- null, eu conheço uma pessoa que pode substituir ela.
- Mesmo que essa pessoa aceite ajudar a gente, não sabemos se ela é boa o bastante para nos acompanhar .
- null, eu te garanto que ela é.- Stacy insiste.
- Pode chamar ela para o treino de agora?
null estava no vestiário, esperando Stacy com a tal garota, quase uma hora e nada, ela já estava cansada de esperar, teve que atrasar o treino por causa da tal menina.
- Pronto.- Stacy entra no vestiário com null em seu encalço.
- Onde ela está? - null olha em volta.
- Aqui.- Stacy aponta para null.
- Ela?
- Eu.
- Eu não vou colocá-la no grupo, Stacy.- Por mais que estivesse precisando muito, o medo de perder as líderes de torcida para null a dominou.
- Eu avisei, Stacy, ela é orgulhosa demais.- null ajeitou sua bolsa no ombro e se preparou para ir embora.
- Chega! Ela é a nossa única solução, null.- Stacy entrou no meio das duas.
- null, pare de pensar só em você uma vez na vida.- null continuou.
- Eu não estou falando com você.- null desvia o olhar de null.
- Mas eu estou! Deixe de ser orgulhosa e aceite isso, já estou farta dos seus caprichos e exigências.
- Escute aqui, não ouse tentar arruinar a minha torcida ou roubar meu posto.
- Entendido, querida.- null sorri cinicamente.
- Stacy, dê um uniforme para ela.- null se vira para sair.
- Esteja pronta em cinco minutos, quero ver o que você sabe fazer.
“Eu me lembro quando eu estava sozinha
Sem ninguém por perto
Para me abraçar
Mas agora você está aqui comigo…”
Como esperado, a popularidade de null aumentou dez vezes com sua entrada na torcida. Ela foi bem aceita por todos, até pela treinadora, que disponibilizou uma vaga de titular para que ela fosse mantida mesmo depois da recuperação de Lis, fazendo com que null quase arrancar os cabelos e ficar mais insuportável e mimada nos jantares “em família”.
O baile de primavera aconteceria em breve e null era tão favorita quanto a sua irmã de criação, o que mexia com os ânimos de todos na UL e em casa.
Depois de dias dividindo o quarto com uma null raivosa devido os últimos acontecimentos, null finalmente teria sossego. null tinha saído desde a hora do almoço, deixando a casa vazia, devido a viagem de Joe e Penélope.
null estava quase pegando no sono quando a porta do seu quarto se abriu, revelando um null sem camisa.
- Errou o quarto? - null levanta o olhar do celular, engolindo em seco logo em seguida.
- Não.- null dá um sorrisinho quando percebe o mal jeito de null.- Vim avisar que a null não vai vir hoje, então o quarto é todinho seu.
- Obrigada por avisar.- null continua olhando para o visor do aparelho.
- Disponha, tchauzinho.- null se recolhe e fecha a porta.
- null, espera.- null solta o celular na cama e vai para a beirada da cama assim que a porta abre novamente.
- Oi, null.- null entra no quarto.
null vê um filme sobre ela e o rapaz parado em sua frente passar em câmera lenta e suas mãos começam a suar e seu coração acelerar, fazendo com que ela ficasse super nervosa e agisse por puro impulso. null foi em direção a null tão rapidamente que parecia que seus pés tinham vontade própria. Passou a mão pela nuca do rapaz e o puxou para um beijo. Quando se deu conta do que tinha acabado de fazer, foi surpreendida por uma super correspondida de null a envolvendo em outro beijo, dessa vez mais intenso e caloroso. As mãos começaram a se movimentar e as peças de roupa foram diminuindo, assim como a vergonha de ambos. A temperatura estava subindo e o que veio em seguida foi inevitável.
null despertou no meio da noite em seu quarto. Estava sendo abraçada pela cintura por braços fortes, o que confirmou que o momento anterior não teria sido um dos seus delírios e sonhos.
null realmente estava do seu lado e dormia tranquilamente com a boca levemente aberta. O que não seria um problema se null não estivesse num impasse consigo mesma. Ela não podia cobrar muito de null, a mãe do mesmo fazia questão de passar na sua cara que o apoiava com sua antiga namorada, mas ele fazia de tudo para mostrar a null que não concordava com a mãe e que seu coração estava em outro lugar que, às vezes fazia null pensar que era perto dela, mas de uma hora para outra todos os sinais desapareciam e a menina se via perdida, ela estava num impasse e sabia como finalmente resolver. null observou cada parte do rosto do rapaz, levantando a mão suavemente para arrumar uma mecha que caía na testa. Voltou a sua posição original e continuou sua tour pelo rosto de null, quando sem aviso, o último sela seus lábios.
- Que susto! Pensei que estivesse dormindo.- null arfa com o movimento súbito de null.
- Eu estava, antes de sentir estar sendo observado.- null sorri e puxa a garota para mais perto.
- Eu gosto de te observar. Tem algum problema nisso? - pergunta null com um certo divertimento.
- Claro que não madame, mas devo lhe avisar dos riscos de se apaixonar.
- E se eu já estiver apaixonada?
- Devo lhe avisar novamente que possa ser um erro da sua parte.- null termina a última parte da frase afastando o cabelo que caía nos olhos de null a fazendo arrepiar com o toque e intensidade dos olhares. Ele dizia ser um erro se apaixonar por ela, mas não estava falando sério, torcia profundamente que null o desacreditasse e mostrasse que estava disposta aos riscos.
- Talvez eu queira cometer esse erro.- null diz sustentando o olhar de null.
- Então vamos cometer esse erro juntos.- null acaricia a bochecha de null e sorri. Aquela era a oportunidade perfeita para pôr as cartas na mesa, mas ela não sabia como. Será que ele estava a correspondendo realmente? Tantas dúvidas e nenhuma resposta. Ela queria que tudo se estabelecesse, mas a situação de ambos como "irmãos" os deixava amedrontados com que poderia vir em seguida.
- E os nossos pais? - null enfim expressa a sua maior preocupação.
- Nós contamos a eles na hora certa, que não é agora por motivos óbvios de: não teremos como escapar até a formatura.
- Você é um gênio, null, a faculdade vai nos salvar.- null diz animada com a ideia de ter um plano.
- Só temos que esperar mais alguns meses e tudo vai se acertar. - por mais que o medo de as coisas não acontecerem como estavam planejando o casal não deixava transparecer tanto.
- E a null? - null pergunta com preocupação novamente na voz.
- Ela vai precisar aceitar isso, null, somos irmãos, sabe? Ela tem que me apoiar.
- Ela me odeia.
- Não, null. Ela odeia não ter atenção toda para ela.
Por mais que null amasse toda atenção que recebia, óbvio que se sentia sozinha. Ela ia a festas, organizava mais um bocado de festas e todos na UL queriam fazer parte do seu grupo, que no fundo, nem ela mesma fazia parte. Sempre foi uma garota mimada e esperava que as pessoas fizessem sempre suas vontades, mas quebrar esse ciclo pode ser doloroso, principalmente quando você não está preparado para sair dele e ter que tentar uma vida mais normal fora da proteção do colégio, mas ela não podia negar que sentia falta de uma coisa nisso tudo, seu irmão. Por mais que todas essa atenção a fizesse ser o que ela não era lá no fundo, ela não conseguia suprir a falta que seu irmão fazia nos últimos meses, mesmo morando na mesma casa. Ela era a garota mais popular e desejada, mas seu irmão preferia null, ela era a mais influente, mas seu irmão preferia null. Ela sentia falta do seu irmãozinho, aquele que dividia as aventuras e curtia cada parte fútil do colegial. Pensar em todas essas coisas a deixava muito pior, mas a fazia chorar e chorar é um ótimo remédio, mesmo que para isso ela tenha que ir para um lugar mais isolado, como atrás das arquibancadas. Sua mãe não aprovaria tal ato, onde já se viu a sua filha choramingar por besteira. Era isso que ela dizia, por mais que null ficasse triste. Então a mesma abaixou a cabeça e continuou chorando o quanto podia.
- Olá? Está tudo bem? - null num sobressalto limpou a maior quantidade de lágrimas que conseguia e arrumou os cabelos.
- Sim, está tudo bem, eu só… null? - Ambas estavam estáticas, claro que por motivos diferentes, mas não tão diferentes assim.
- Você está bem, null? - null continuou a perguntar tentando ao máximo disfarçar que não estava surpresa e mesmo sendo quem era, iria prestar sua "ajuda ".
- Estou bem sim, obrigada. - null levanta.- O que você está fazendo aqui?
- Escutei um choro e vim ver o que estava acontecendo. A pessoa parecia estar em agonia.- null foi sincera, tentando de certo modo mostrar para null que ela sabia o que era ter que chorar quase que em silêncio.
- Bem, já passou. Eu só precisava colocar para fora.
- Aconteceu algo? - null continuou.
- Nada que você deva saber, agora me deixe.- null pega a sua bolsa no chão e marcha em direção a null.
- Sabe null, você não deveria guardar tudo para você.
- E com quem você acha que eu deveria compartilhar? Com você? - null alfineta, deixando transparecer toda a irritação.
- Com o seu irmão. Ele se preocupa com você.
Por mais que null odiasse, tinha que admitir, null levava muito jeito para recepções, o baile de primavera estava lindo. Depois de alguns meses de planejamento estava tudo muito decorado, todas as pessoas arrumadas, a primeira banda estava tocando naquele momento uma melodia suave, deixando o ambiente mais receptivo, os petiscos estavam ótimos e a bebida também, mesmo que não fosse alcoólica, devido o lugar do baile em questão. Em meio a seus pensamentos, null foi interrompida.
- Está gostando da festa? - uma garota desconhecida pergunta. Ela estava com um vestido longo e rosa, que combinava perfeitamente com seu tom de pele bronzeado e seus olhos verdes.
- Eu estou sim, a null não decepciona.- null responde meio desconfiada com a abordagem.
- Eu vim por causa da banda que vai se apresentar daqui a pouco, eles são muito bons.- a garota diz. O que deixou null bem mais desconfiada ainda, aquela menina não estudava ali? Ela conhecia a banda de null? Eles eram conhecidos em outras escolas?
- Eu ainda não os ouvi tocar.- null diz desconfortável.
- Sou a Kim.- a garota estende a mão. Claro que era ela, null tinha se esquecido desse detalhe do passado de null, uma ex-namorada, que todos gostavam.
- Sou a null.
- Sim, que bom te conhecer, ouvi falar muito de você, a mais nova irmãzinha do null. Aposto que também ouviu falar de mim. Todos me amam.- a então Kim, diz sorridente, mas não menos cínica.
- Eu não diria todos.- uma pessoa interrompe a conversa das duas escutando as preces de null.
- Aah, oi null. Que bom rever você, como está sua mãe? null me disse que a casa nova é maravilhosa.
- Ela está bem. Vem, null! - null puxa null sem nem se despedir de Kimberly. Já afastadas da antiga cunhada de null, a mesma quebra o silêncio.
- Se mantenha afastada daquela naja, não acredite em uma só palavra do que ela diz e aproveite o show, meu irmão quer te ver bem a frente do palco, então não se demore aqui quando as luzes se apagarem. Eu não estou sendo legal por sua causa.- null despejou de uma vez todas as palavras em null e saiu como se nada tivesse acontecido. Ela estava tão atordoada com os acontecimentos que nem notou quando as luzes se apagaram e a multidão já estava aglomerada na frente do palco que tinha sido montado ali. E então tudo aconteceu muito rápido. A banda de null entrou no palco, apresentou algumas músicas cover e iriam para a última música deixando todos muito empolgados. null procurava null na platéia e isso não passou despercebido, a música foi se encerrando e null foi abrindo espaço entre a multidão, null tocou o último acorde da música e desceu do palco para ir de encontro a uma null recém encontrada, mas foi surpreendido por Kimberly que o puxou e beijou, na frente de todos e de null, que tinha acabado de chegar à frente do palco. As pessoas começaram a comemorar o espetáculo que estava sendo o beijo deles, então null virou e foi embora antes de ver null se desvincular e brigar com Kim e tentando seguir null pra onde ela tenha ido. null corria tanto que pensou que seus saltos iriam se fundir com seus pés. Ela parou quando já estava distante o suficiente do baile. Tirou os sapatos e foi andando para um lugar bem conhecido por aqueles que querem chorar ou fumar um baseado sem ser percebidos. Minutos depois se culpando e martirizado por não ter percebido que null não a queria e que ela tinha sido uma trouxa, alguém sentou do seu lado, a fazendo se preparar para xingar muito caso levantasse a cabeça e fosse o rapaz.
- Relaxa, não é o null.- a então pessoa que se sentou ao seu lado era null e ela continuou.- Eu vi o que aconteceu.
- Veio passar na minha cara? Que seu irmão fez certo em escolher ela na frente se todos e me humilhar? - null disse entre soluços.
- Por que eu faria isso? Como eu te disse, eu vi o que aconteceu. E não acredito que você esteja tão cega de insegurança que não vê também.
- Ele a beijou, null.- null limpou as lágrimas, mesmo que elas insistissem em cair.
- Não! Ela o beijou, ele preparou tudo isso para você, o show e o pedido depois dele.- null dizia sem tirar os olhos de null.
- Como você sabe disso? - null não conseguia acreditar no que null dizia, logo ela que não suportava dividir seu irmão com null .
- Eu dei essa ideia para ele. Depois do dia que você me aconselhou aqui mesmo, eu fui conversar com meu irmão e ele se abriu comigo em relação a você e por mais que eu não goste de dividi-lo, eu o amo e quero o melhor para ele.- null realmente estava tirando a máscara para null e esperava que isso ajudasse seu irmão, ela sabia que uma hora teria que se acertar com menina chorosa a sua frente e sabia também que parte da sua recusa em aceitar a menina era birra por se sentir ameaçada. null tinha conseguido tudo em tão pouco tempo, tudo que ela lutou para conseguir e para manter e não era culpa dela ter conseguido tudo desse jeito, mas null a fez enxergar que aquilo estava o afastando dela, ela não poderia ficar tão obcecada, aquilo não valia mais que sua relação com seu irmão e então daquele dia em diante ela teria que se esforçar para fazer as pazes com null.
“Esta noite, olhe para o que você encontrou Eu estava sozinha por um tempo…”
- Mas ela estava lá null, ela o beijou e eu não soube como reagir e todos estavam aplaudindo.- null resolveu tirar suas barreiras para a outra.
- Isso, querida, você já está voltando a consciência. Ela o beijou, ele foi pego de surpresa e todo mundo aplaudiu, porque todos nessa escola amam um espetáculo.
- Mas o que eu vou fazer? Saí de lá feito uma derrotada.- null dizia agora se recompondo.
- Você vai voltar comigo e vai encarar isso como se nada tivesse acontecido, vai limpar esse rosto e retocar a maquiagem, se você não tiver, eu te empresto.- null disse com um sorrisinho no rosto. Por mais que fosse recente tudo aquilo, lidar com null não era tão difícil,a outra menina pensou.
- E se eles estiverem juntos? - null continuava amuada.
- null, respira! O que eu disse? Foi tudo um mal entendido. null quer você.- null disse finalmente, não aguentava mais tanto choramingo e tinha a impressão que foi rude.- Me desculpe. Só se ajeite, estou aqui com você.
- Me desculpe também, null, eu não fui uma boa colega de quarto, deveria ter evitado te provocar, você já estava lidando com o afastamento do seu irmão por em partes minha causa.
- Eu te desculpo. Agora vamos! A coroação do rei e rainha do baile.- null terminou a última frase e levantou, estendendo a mão para null, a ajudando a levantar. O tão esperando momento desde o retorno das aulas tinha chegado e por uma reviravolta do destino, as duas estavam juntas, entendidas entre si e prontas para aplaudir qual das duas seja a escolhida como rainha do baile.
“Não vou sair sem o seu amor hoje à noite, hoje à noite
Estou dançando ao som
E as minhas palavras na multidão
Estou nas alturas para descer…”
Depois que null e null voltaram ao baile juntas todos entenderam que uma irmandade tinha sido formada, cheia de poder e cumplicidade. null estava perto da saída desnorteado com que tinha acontecido depois da sua apresentação, que só notou null quando a mesmo estava parabenizando uma null com uma coroa de rainha do baile super sorridente, que quase instintivamente olhou na direção que ele estava, o notando e em seguida falando algo para null que saiu logo em seguida, fazendo null ir em sua direção, parando somente para falar com a irmã.
- Parabéns null, a null…- sem que terminasse sua frase null foi interrompido.
- Ela foi para o pátio, null.- A irmã riu da sua cara de confuso e fez sinal para que ele seguisse em frente. null saiu do baile e seguiu para o pátio, onde encontrou null de costas para a entrada.
- null? - ele a chamou.- Eu sinto muito por você ter passado por aquilo, eu tinha planejado te pedir em namoro no momento que desci, a null disse que você iria gostar, mas a Kim veio e ela…- null foi interrompido por null, que o beijou sem pestanejar, ela podia sentir a inocência do menino em toda aquela história.
- Uau! Que ótimo jeito de mandar calar a boca.- null disse.
- Ainda está de pé ?
- O quê? Você me beijar outra vez assim? - null puxou a garota para mais perto.
- Não, seu bobo. O pedido. - null sorriu e arrumou o cabelo da testa do rapaz, enquanto o mesmo a olhava admirado, se afastando um pouco e tirando uma caixinha do bolso.
- null, você quer namorar comigo?
- Sim.