17. The Story Never Ends

Enviada em Março de 2021

Capítulo Único

Meus ouvidos retumbaram com o estrondoso som da porta batendo, havia partido furiosa; muito provavelmente encontraria seu grupo de amigas me culpando por tudo. Suspirei enquanto encarava o cristalino copo de whisky. O gosto amargo, deixado por mais uma discussão, inundava minha boca. A frustração percorria minhas veias como navalhas, a irritação causada pelos problemas infinitos me deixava sem rumo. era uma mulher enlouquecedora, sem igual! Como uma droga viciante me deixou dependente de seus lábios, corpo, alma... A possibilidade de não sermos mais um casal acabava comigo. Repousei o copo sobre o tampo da mesa de vidro enquanto me deixava afundar no sofá, era sempre a mesma e repetitiva história sem fim, um ataque de ciúmes, um comentário errado, uma saída com meus amigos... Meus nervos estavam em frangalhos, minha mente exausta, meu sistema não estava com álcool suficiente para calar a voz da minha consciência ; a qual suplicava pôr um fim a essa exaustiva história.

— A única mulher que me fascina é tão fodidamente complicada como eu!

Minha voz soou absurdamente amarga no cômodo silencioso. Deixei as memórias invadirem minha mente; uma última vez antes que tudo chegasse ao fim... No final das contas jamais seria o homem pelo qual procurava tão desesperadamente...

3 anos atrás...

O festival da primavera deixava a capital japonesa mais bela com a chegada da primavera; havia turistas, crianças, jovens, casais, pessoas de todas as idades e de várias nacionalidades... As lentes da minha câmera capturavam expressões felizes, de admiração, singulares e tão cativantes quanto. Os eventos públicos eram meu palco favorito para encontrar momentos únicos.
A bela arte de eternizar um momento era o que eu sabia fazer de melhor. e haviam desaparecido entre a multidão enquanto seguia o fluxo de pessoas atrás de boas fotos. Algo como magnetismo atraia as pessoas até seus túneis rosados, pétalas caiam como uma suave chuva ao balançar do vento tornando aqueles exatos 2 minutos os mais produtivo. Assim que as árvores pararam seu leve balanço, meus olhos encontraram a solitária e encantadora figura. Com uma yukata turquesa com desenhos em um vívido carmim, olhos gentis e um sorriso hipnotizante a figura de uma mulher me encarava sem pudores. Seus olhos pareciam capazes de desvendar os mais impossíveis mistérios da humanidade. Sua beleza era única, e ela parecia saber bem disso. Lentamente levei minhas mãos até o botão da câmera capturando aquela rara beleza. Sua pose confiante comprovava que ela sabia de seu poder. Eu ainda não a conhecia mas sabia que travaria uma batalha perdida...

2 anos atrás,um inverno em Osaka...

me encarava com seus olhos sagazes enquanto repousava sua cabeça sob meu peito. Sua pele estava de encontro a minha devido a horas atrás, na qual passamos amando cada mínimo detalhe um do outro.

— Ainda não consigo entender seu hábito de me observar — quebrou o silêncio de forma curiosa.
— Sou um fotógrafo, faz parte observar belas coisas — a respondi afagando carinhosamente sua face.
— Mas se um dia se cansar disso? — ela me questionou, sua fala era subjetiva e me deixou confuso sobre ao que exatamente ela se referia.
— Certamente nunca me cansarei — a respondi de todo modo, tendia a esconder seus verdadeiros objetivos.
— Mas e se eventualmente isso ocorrer? — ela insistiu com seus olhos repletos de segredos.
— Não estou entendo o que deseja com isso — a respondi sem me dar o trabalho de procurar entender o significado por trás daquela pergunta.
— Estou fazendo uma simples pergunta, — ela se sentou sobre o colchão.
, será que pelo menos durante essa viagem podemos ficar sem seus joguinhos dúbios?! — suspirei me sentando de frente para ela, minha mão esquerda entrelaçou nossas mãos enquanto a direita tocava sua face em carícias gentis.
— Por que você tem que acabar estragando todos os nossos momentos colocando a culpa em mim? — ela se levantou tempestivamente irada.

Suspirei enquanto a encarava desacreditado, com respirações longas e profundas buscava acalmar minha irritação. jamais admitiria que estava errada em qualquer ocasião, ou sequer concordaria em assumir a responsabilidade pelos seus atos.

— Não vamos começar uma discussão por nada querida, por favor — tentei dissuadi-la.
— A quem você está chamando de querida? — ela me encarou com os olhos tomado pela raiva.
, eu e você sabemos aonde isso vai dar. Você vai me ofender, eu vou te responder com palavras cruéis e a viagem que deveria ser para acalmar nossa última discussão será arruinada — busquei trazer-lhe um pouco de razão.
— Agora você se importa? E quanto aquela noite em que passei em claro esperando o momento em que você retornaria?! — ela me empurrou sem piedade. — Tem ideia de quantas noites passei em claro por conta de suas saídas com e ?
— E quanto as suas noites, ? — rebati farto. — Quantas e quantas vezes você me transformou na merda do vilão da história? — a respondi no mesmo tom.
— Agora é a vítima de tudo isso?! — ela gargalhou desacreditada vestindo as roupas que anteriormente cobriam sua pele.
— Me responda com sinceridade, quantas foram as vezes que levei nossos problemas para estranhos? Quantas foram as vezes que lhe maldiz por suas costas? Quantas foram as vezes que levei a pessoas que eram nossos amigos a se afastar de você? — a encurralei contra a parede do quarto, sua respiração estava tão irregular quanto a minha. — Em momento algum eu deixei de lutar por nós, em hipótese alguma lhe difamaria e sem chance alguma afastaria pessoas de você só porque estaria furioso.
— Um verdadeiro cavaleiro — sua acidez fez com que me afastasse; sua raiva a cegaria até que pudesse se acalmar.
— Eu não vou discutir com você nesse estado — segui em direção a sacada.

Atualmente...

Uma a uma as memórias preencheram minha mente como um ensaio de fotografia. Eram momentos prazerosos, agridoces, ácidos, fossem eles bons ou ruins me deixei afundar em cada emoção vivida ao lado de . O anel prateado ao lado do meu copo me incomodava embora soubesse que fosse a escolha certa a se tomar. Com um único movimento me levantei seguindo em direção ao quarto que dividia com , uma a uma organizei minha mala; deixaria ela ficar em meu apartamento até que encontrasse um outro lugar para se estabelecer. Aquele apartamento possuía meu estúdio pessoal de fotografia e alguns dos meus mais estimados quadros. Quando se mudasse redecoraria o imóvel, tornando impossível recordar que um dia ela esteve lá.
Uma carta fora deixada ao lado do anel, na qual transmitia-lhe os mais sinceros e inestimáveis sentimentos. Com um adeus silencioso deixei o lugar.




Fim.



Nota da autora: Espero que tenham compreendido o real sentido da história; escrevi ela com o objetivo de conscientizar o leitor a respeito das dificuldades enfrentadas em um relacionamento a partir do ponto de vista masculino. Não a escrevi com o intuito de vitimizar homens ou colocar as mulheres como vilã, busquei ser o mais séria e cuidadosa ao desenvolver a história.
Espero sinceramente pela a opinião de vocês.



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