Capítulo Único
Sentia meus olhos transbordando em lágrimas. Lágrimas essas que eram de tristeza tão quanto eram de raiva, decepção... Estava tudo confuso em minha cabeça e aquela mensagem piscando na tela do meu celular só intensificava a confusão.
"Me desculpe" - desculpar o quê, exatamente? Estávamos indo tão bem, tínhamos saído de um estágio em que nosso relacionamento estava no fundo do poço e quando tudo estava consertado um bilhete tão medíocre foi a única coisa que restou.
Eu mal conseguia ler as outras três palavras que se encontravam ali. Quando meus olhos passavam pelo "eu te amo" eu só conseguia imaginar aquelas palavras ditas com o melhor som de ironia.
Finalmente tomei coragem de tirar aquela notificação da tela do meu celular e discar os números que eu conhecia tão bem. Uma, duas, cinco, oito vezes foi o número de ligações recusadas. Sim, recusadas. O mais duro de tudo era saber que provavelmente ela nunca mais falaria comigo.
Por quê?
Acima de qualquer relacionamento éramos amigos. Melhores amigos. Fomos durante quatro anos antes de assumimos uma paixão um pelo outro. Não tivemos cem por cento de apoio no início, mas depois da tempestade de conflitos que passamos da transição de melhores amigos para melhores amigos E namorados.
“- Okay! Desembucha. O que você tem para me falar? – me joguei no gramado da escola. Era o último dia de aula antes das férias de verão, iríamos para nosso último ano do ensino médio. me mandou um bilhete no meio da aula falando que tinha algo importante para me falar antes das férias.
- Eu não sei por onde começar – mordeu a lateral do dedo mostrando nervosismo – na verdade eu acho que não deveria nem ter pedido para conversar – fez sinal de que iria levantar e eu a puxei de volta, a fazendo continuar sentada ao meu lado.
- Estou esperando. Você não vai me deixar curioso. Não mesmo! – reclamei.
- É sério, . Esquece, por favor – murmurou desviando o olhar de mim e eu bufei.
O mais engraçado é que eu sabia o que ela queria me falar. Ryan, meu melhor amigo, havia me dito que a ouviu conversando com minha mãe um dia antes, quando foi na minha casa e ela estava lá. O mais engraçado ainda é que, mesmo eu já tendo quase certeza do assunto, eu estava apreensivo para o que eu iria ouvir.
- Eu nunca mais falo com você se você ficar com essa besteira. Você sabe que pode me dizer qualquer coisa – olhei bem para seu rosto e ele assumiu um vermelho que me fez rir.
- Do que você está rindo, seu idiota? – reclamou parecendo ter ficado brava.
- Nada – dei de ombros – você está apaixonada e não quer me contar, é isso? – fingi ter chutado e ela me olhou assustada.
- Co-como você sabe?
- Apenas um chute! Sou seu amigo, você pode me contar o que quiser – lhe abracei de lado e o corpo dela ainda parecia estar em choque.
- E então? O que você acha? – ela perguntou mais nervosa do que antes.
- Só quero saber quem é o babaca. Digo... o cara – engoli seco. Fiz uma brincadeira, mas aquilo de alguma forma me atingiu.
- É você, seu idiota! Eu estou gostando de você!
Aquilo me atingiu em cheio. Eu não esperava por aquilo. Nem em mil anos. Éramos amigos e tinha na minha cabeça de que ela nunca seria capaz de se apaixonar por mim. Eu tinha certeza que eu estava parecendo um imbecil com minha expressão de assustado, mas aquilo tinha sido uma carga muito grande para mim.
Ela me encarava da mesma forma que eu a encarava.
- Você não vai dizer nada? – sua voz saiu baixa e entrecortada. Provavelmente por culpa das lágrimas que estavam começando a surgir nos olhos dela
- Eu... – eu estava em choque.
- Vamos esquecer o que aconteceu aqui - Ela levantou-se rápido pegando a mochila e saiu dando passos apressados.
Só naquele momento eu pareci cair em mim. Peguei minha mochila levantando rápido e correndo até ela que já estava consideravelmente longe. Fiquei na sua frente, parando seus passos e a encarei por alguns segundos para recuperar meu fôlego.
- Desculpa, só fiquei em choque... digo... Ryan me contou que viu você conversando com minha mãe sobre estar apaixonada por alguém. Só não imaginei que era eu – cocei a nuca.
- Vamos esquecer isso – ela deu um passo para o lado tentando passar por mim, mas eu a segui.
- Não quero esquecer. Eu só fiquei em choque, não quer dizer que não gostei – sorri nervoso e ela me olhou confusa – você quer namorar comigo?
- O quê?
- Você gosta de mim, eu gosto de você, somos amigos, melhores amigos na verdade. Acho justo namorarmos. Você quer namorar comigo?
- Eu quero? – ri do tom que a voz dela assumiu – quero.
Sorri me aproximando do rosto dela e lhe dando um selinho que durou alguns segundos. Tinha sido um beijo bem pré-adolescente, mas naquele momento parecia o suficiente.”
Tudo ficou bem.
Era o que eu pensava.
"Por favor, me atende" - mandei a mensagem na esperança de que ela sentisse, no mínimo, pena de mim. Liguei novamente, mas dessa vez tocou até que caísse na caixa postal.
Respirei fundo passando as mãos por meu rosto e finalmente levantei da cama. Um banho gelado talvez fizesse toda tristeza sair de mim. Ao menos um pouco já seria o suficiente para eu vencer aquela manhã.
- Você está doente? - senti uma mão em minha testa - Está meio abatido.
- Estou bem - murmurei tomando um copo de leite sem nem me dar o trabalho de olhar para um lugar diferente do centro da mesa.
- Certeza? Ryan ligou aqui para casa perguntando se você não iria para o jogo - um gelo percorreu rápido por meu corpo e eu olhei assustado para minha mãe e em seguida o relógio da parede da cozinha.
- Será que ele vai ficar muito chateado se eu não for?
- Pelo que ele disse vai sim. Estavam todos só te esperando para irem ao campo, você sabe que é um jogo importante para ele.
Suspirei assentindo e logo levantei, indo até meu quarto trocando a calça de moletom pelo short do time. Peguei a mochila com o resto das coisas saindo apressado. Não queria perder mais um amigo em um único final de semana.
(...)
- Cara, o que você tem? Já acabamos o primeiro tempo e você não fez nenhum gol! Não chegou nem perto, na verdade - Ryan reclamou.
- Não importa, Ryan. Estamos ganhando de qualquer forma - bebi um gole de água e Ryan ainda me encarava - O que foi?
- Esse vai ser o primeiro jogo que não vai ter um gol dedicado a ela? - Chaz chegou me encarando - Você não é do tipo que quebra promessas.
“- Só estou me escrevendo por sua culpa – falei em um tom de reclamação, mas na verdade eu realmente queria entrar para o time de futebol, só precisava de um incentivo que não fosse meus amigos que já estavam dentro.
- Assumo toda a culpa – sorriu erguendo os braços com um sorriso estampado no rosto – não deixaria você terminar a escola sem ter feito o que tanto queria.
- Eu nem sei se vou passar, . Isso é só a inscrição, tem os testes ainda e...
- Blá, blá, blá – revirou os olhos e eu fechei minha expressão a encarando – todo mundo sabe que você joga bem. Só é medroso para coisas novas. Como sua namorada, tenho o dever de incentivar seus sonhos – me deu um selinho e eu sorri junto com ela.
- Se eu conseguir entrar para o time, prometo dedicar um gol a você todos os jogos. Ao menos os mais importantes e os que eu for do time principal.
- Ótimo! Estarei em todos, só para garantir – me abraçou e logo saímos do corredor, estávamos atrapalhando os outros.”
- Esse vai ser o primeiro que ela não vem. Estamos quites - dei de ombros dando um gole em minha água.
Chaz e Ryan se encararam com uma expressão de confusão e eu arqueei as sobrancelhas em um questionamento mudo sobre o que eles estavam pensando.
- Antes do jogo ela te procurou - Ryan enrugou a testa e eu o encarei - ela estava meio estranha, mas...
- Ela te procurou pra quê?
- Pra perguntar de você, claro - revirou os olhos.
- Ela está assistindo ao jogo, . Ela é uma das organizadoras. Ela sempre organiza os jogos - dessa vez Chaz quem me encarou confuso - Vocês brigaram?
Neguei e levantei, focando apenas na informação de que ela estava lá. Aquilo era muito estranho. De manhã eu acordei com um bilhete de adeus e horas depois ela havia procurado por mim? O que ela queria afinal?
Saí do vestiário tendo certeza que os meninos estariam atrás de mim, mas eu precisava encontrá-la o mais rápido possível, antes que ela desistisse de mim por completo.
Depois de olhar em cada pedaço eu a vi auxiliando as líderes de torcida. Andei com passos apressados e ela, como algo quase automático, fixou o olhar em mim.
Na medida em que eu ia me aproximando eu podia perceber que ela ficava inquieta, até que em um momento ela saiu do campo e entrou pela porta ao lado da arquibancada.
Eu não podia imaginar o que teria acontecido ou poderia estar acontecendo. Eu me sentia estranho, mais perdido do que nunca, mas sabia que não poderia ficar esperando as respostas. Eu precisava delas. Eu precisava dela.
- ! Precisamos conversar - falei quando já estava perto dela. Ela estava parada no corredor apoiada na parede. Parecia tão abatida quanto eu.
Me recusei a iniciar aquela conversa, eu tinha medo do que ela poderia dizer e quanto mais tarde fosse, melhor seria para mim. Nós olhávamos no fundo dos olhos um do outro e eu podia sentir todo o peso que ela sentia, ela parecia querer aquela conversa tanto quanto eu.
- Me desculpa, - murmurou abraçando o próprio corpo e eu me aproximei a abraçando, mesmo ela dando sinais de que queria resistir.
- O que aconteceu? Por que daquela mensagem? Eu não estou entendendo nada, ...
- A gente precisa terminar, ...
- ...
- Eu não quero explicar... Por favor - sua voz começou a ficar rouca e eu logo senti seu corpo estremecer.
- Não é justo, - me afastei, dessa vez abraçando a mim mesmo - eu preciso de uma explicação! Eu fiz algo que você não gostou? Você fez algo?
Antes mesmo de que eu formulasse outra pergunta em minha cabeça ou que ela me respondesse, seu corpo começou a balançar freneticamente e logo eu ouvi seu choro. Eu odiava a ver daquela forma.
Voltei a abraçar sentindo meus olhos voltarem a encher de lágrimas.
- Estávamos indo tão bem, estamos indo tão bem, na verdade - murmurei suspirando.
- É meu pai, ... Você sabe...
- Ele nunca nos apoiou, eu sei. Mas nunca foi um empecilho para nós, foi?
- Ele quer que eu vá morar com ele... Ele vai tentar de tudo. Eu não quero... Eu achei que se terminássemos seria mais fácil de passar por tudo...
“Era o dia em que tiramos para apresentarmos um ao outro à nossa família, como namorados. Minha mãe já sabia, mas desde que e eu começamos a namorar – duas semanas antes - elas não tinham se visto ainda.
O almoço com meus pais não teve nada diferente do esperado. Foi apenas um almoço normal, exceto pela presença do meu pai que não morava com minha mãe e eu, mas fez questão de estar lá.
O pesadelo veio mais tarde. Eu estava na mesa de jantar ao lado de , com uma roupa meio social/meio esportiva (um traje que eu achava o ideal para ocasiões assim) enquanto via os pais de discutindo sobre nosso namoro na nossa frente sem fazerem questão de esconder e ouvia em um choro baixo ao meu lado.
Ela não merecia aquela situação.
- Eu... Eu gostei do jantar, estava muito bom, senhora Beckster – interrompi a discussão que parecia infinita - mas acho está na hora de eu ir embora – sorri amarelo já levantando da cadeira e me acompanhou.
- Viu o que você fez? – a mãe de reclamou para seu pai, mas eu não tive tempo de ouvir nada mais, já que andei com passos apressados até a porta da saída.
- Desculpa, não sabia que meu pai reagiria assim – abraçou o próprio corpo.
- Está tudo bem – a abracei lhe dando um beijo na bochecha.
- Eles estão em processo de separação, acho que eu só piorei tudo com esse jantar.
- , não é culpa sua. Não tinha como adivinhar – segurei nas laterais de seu rosto e dei um sorriso – eu amo você – lhe dei um selinho demorado e logo em seguida iniciamos um beijo rápido.
- Eu também gosto de você – me abraçou e eu ri. Sabia que seria um processo muito longo até ela assumir me amar.
- Fica bem, qualquer coisa me liga – lhe dei mais um selinho e saí definitivamente da casa indo até o carro que eu havia ganhado recentemente de meus pais.”
- Ele não pode te obrigar, meu amor - dei um beijo em sua bochecha.
- E se...
- Eu não estou pronto para desistir de você... - a interrompi. Nenhuma teoria importava para mim - você se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida, eu não vou desistir nunca do que construímos. Demoramos muito para isso e eu já te disse milhares de vezes o quanto eu quero construir uma família com você...
- Ainda falta tanto tempo...
- Vai ser no tempo certo, minha princesa. Vai ser muito difícil também, mas é meu sonho e se você sonhar junto comigo podemos fazer se tornar realidade...
- Eu adoro você - ela apertou os braços em minha cintura e eu sorri fraco afastando nossos corpos e lhe dando um selinho.
- , o jogo vai começar! - ouvi a voz do Ryan de longe e eu assenti, olhando bem nos olhos de alguém que me fazia extremamente feliz
- Esteja de olhos bem abertos, princesa. O próximo gol é especial para você - lhe dei mais um selinho e corri para me juntar ao meu time.
(...)
- Parece que alguém decidiu acordar! - Ryan pulou em minhas costas quando fiz o último gol da partida e desempatei o jogo.
- Agora vamos comemorar! - Chaz juntou-se a nós com brutalidade em um pulo me fazendo desequilibrar e cair, também derrubando Ryan.
- Eu vou passar. Tenho planos melhores para hoje - dei de ombros enquanto levantava. Ignorei as piadinhas de meus amigos enquanto se aproximava, não tão animada quanto eu imaginava que estaria. Ela correu para terminar com a distância de nossos corpos e escondeu o rosto em meu ombro.
- Podemos sair daqui? - murmurou e eu só assenti.
Era estranho. Ao mesmo tempo em que eu me sentia aliviado existia um sentimento de preocupação tão grande que eu não conseguia entender. Era como se a conversa que eu tive com não tivesse sido o suficiente para estar tudo bem. A inquietação dela ao meu lado, no banco do passageiro, só comprovava minha teoria. Passamos por um drive thru para comprarmos algo enquanto chagávamos no parque.
- , está tudo bem? – perguntei tomando um gole de meu refrigerante. Ela estava calada o suficiente para que eu soubesse que não estava bem – você tem algo a mais para me contar?
- Na verdade eu tenho algo para te mostrar – tirou um papel dobrado de seu bolso e me estendeu.
Eu desdobrei o envelope vendo o símbolo do Hospital de Atlanta no início da folha. Não sabia nem mesmo quando ela tinha ido até Atlanta.
- Antes de tudo, quando você foi para Atlanta? – a encarei
- Isso não é importante agora – resmungou e eu assenti
- Outra pergunta – a encarei – só para eu me preparar melhor... Isso envolve alguma vida? Especialmente uma diferente da nossa? – perguntei com medo da resposta. Nunca tinha ficado tão nervoso.
- Envolve uma vida, obviamente, mas não uma diferente da nossa – a vi revirar os olhos e eu assenti mais relaxado.
- Mas...
- Vai logo, ! – ela quase gritou – Você até está me deixando menos preocupada e nervosa! Esse papel responde tudo – suspirou.
- Eu devo ficar nervoso também?
- Se você fizer mais alguma pergunta eu vou pegar esse papel, picar em pedaços minúsculos e botar fogo para você nunca saber! É sério, . – mordeu seu dedo, mostrando nervosismo.
Terminei de abrir o papel, deixando o envelope de lado, e tinha um papel cheio de números e nomes que mais pareciam gregos para mim. Passei para a outra página tendo a certeza de que ali eu encontraria as tais respostas.
- Antes que você comece a ler, quero que saiba que eu menti sobre meu pai querer que eu vá morar com ele. Eu só precisava de mais tempo, queria te entregar isso quando tivéssemos a sós. Não é tão fácil para mim – senti seu braço rodear minha cintura e eu assenti, engolindo em seco.
“A paciente possui um quadro inicial de tumor maligno pulmonar”
Parecia um soco na boca do estômago. Foi até essa frase que eu li. Não consegui ler depois por culpa das lágrimas que jorraram de uma forma que eu não conseguia controlar.
- Não... Não é possível – murmurei e a encarei, ela também tinha seu rosto molhado por lágrimas.
- Me desculpa.
- Você não tem nada o que se desculpar – a abracei forte e permanecemos calados por alguns minutos, apenas derrubávamos as lágrimas que precisávamos derrubar.
Pelos minutos que estávamos ali passou tudo o que vivemos juntos. Era tão pouco tempo, mas eu já me sentia tão completo ao lado dela.
“- Acho que você teve a sorte de ser minha dupla – era primeiro dia de aula, logo depois das férias de verão e o professor de matemática havia dividido duplas para resolver uma folha de atividades. Ele sempre fazia isso para “sairmos da nossa zona de amizades”, segundo ele.
- Talvez tenha sido o contrário – ela deu de ombros e eu olhei para ela sem acreditar.
- Meu nome é ...
- E o meu é – ela pegou a folha de questões que estava comigo – podemos começar?
Apenas assenti, os assuntos seguintes foram apenas sobre as questões, mas vez ou outra acabávamos discutindo e rindo de alguns erros que cometíamos.
Parecia que nós nos conhecíamos há anos.”
- Eu só quero que você saiba que eu vou estar para sempre com você, nós passamos por muitas coisas e conseguimos superar todas elas. Eu só preciso que você confie em mim, assim como eu confio em você. Nós podemos ir a qualquer lugar, alcançar qualquer objetivo, vencer qualquer luta enquanto estivermos juntos. Pode ter certeza que quando essa chuva e céu escuro sumir de nossas vidas, vai vir um céu limpo e um sol mais vivo do que nunca. Eu quero te proteger para sempre. Eu te amo – sorri aproximando meu rosto do dela e lhe dando um selinho longo.
- Eu te amo – ela sorriu e me abraçou – eu confio completamente em você.
"Me desculpe" - desculpar o quê, exatamente? Estávamos indo tão bem, tínhamos saído de um estágio em que nosso relacionamento estava no fundo do poço e quando tudo estava consertado um bilhete tão medíocre foi a única coisa que restou.
Eu mal conseguia ler as outras três palavras que se encontravam ali. Quando meus olhos passavam pelo "eu te amo" eu só conseguia imaginar aquelas palavras ditas com o melhor som de ironia.
Finalmente tomei coragem de tirar aquela notificação da tela do meu celular e discar os números que eu conhecia tão bem. Uma, duas, cinco, oito vezes foi o número de ligações recusadas. Sim, recusadas. O mais duro de tudo era saber que provavelmente ela nunca mais falaria comigo.
Por quê?
Acima de qualquer relacionamento éramos amigos. Melhores amigos. Fomos durante quatro anos antes de assumimos uma paixão um pelo outro. Não tivemos cem por cento de apoio no início, mas depois da tempestade de conflitos que passamos da transição de melhores amigos para melhores amigos E namorados.
“- Okay! Desembucha. O que você tem para me falar? – me joguei no gramado da escola. Era o último dia de aula antes das férias de verão, iríamos para nosso último ano do ensino médio. me mandou um bilhete no meio da aula falando que tinha algo importante para me falar antes das férias.
- Eu não sei por onde começar – mordeu a lateral do dedo mostrando nervosismo – na verdade eu acho que não deveria nem ter pedido para conversar – fez sinal de que iria levantar e eu a puxei de volta, a fazendo continuar sentada ao meu lado.
- Estou esperando. Você não vai me deixar curioso. Não mesmo! – reclamei.
- É sério, . Esquece, por favor – murmurou desviando o olhar de mim e eu bufei.
O mais engraçado é que eu sabia o que ela queria me falar. Ryan, meu melhor amigo, havia me dito que a ouviu conversando com minha mãe um dia antes, quando foi na minha casa e ela estava lá. O mais engraçado ainda é que, mesmo eu já tendo quase certeza do assunto, eu estava apreensivo para o que eu iria ouvir.
- Eu nunca mais falo com você se você ficar com essa besteira. Você sabe que pode me dizer qualquer coisa – olhei bem para seu rosto e ele assumiu um vermelho que me fez rir.
- Do que você está rindo, seu idiota? – reclamou parecendo ter ficado brava.
- Nada – dei de ombros – você está apaixonada e não quer me contar, é isso? – fingi ter chutado e ela me olhou assustada.
- Co-como você sabe?
- Apenas um chute! Sou seu amigo, você pode me contar o que quiser – lhe abracei de lado e o corpo dela ainda parecia estar em choque.
- E então? O que você acha? – ela perguntou mais nervosa do que antes.
- Só quero saber quem é o babaca. Digo... o cara – engoli seco. Fiz uma brincadeira, mas aquilo de alguma forma me atingiu.
- É você, seu idiota! Eu estou gostando de você!
Aquilo me atingiu em cheio. Eu não esperava por aquilo. Nem em mil anos. Éramos amigos e tinha na minha cabeça de que ela nunca seria capaz de se apaixonar por mim. Eu tinha certeza que eu estava parecendo um imbecil com minha expressão de assustado, mas aquilo tinha sido uma carga muito grande para mim.
Ela me encarava da mesma forma que eu a encarava.
- Você não vai dizer nada? – sua voz saiu baixa e entrecortada. Provavelmente por culpa das lágrimas que estavam começando a surgir nos olhos dela
- Eu... – eu estava em choque.
- Vamos esquecer o que aconteceu aqui - Ela levantou-se rápido pegando a mochila e saiu dando passos apressados.
Só naquele momento eu pareci cair em mim. Peguei minha mochila levantando rápido e correndo até ela que já estava consideravelmente longe. Fiquei na sua frente, parando seus passos e a encarei por alguns segundos para recuperar meu fôlego.
- Desculpa, só fiquei em choque... digo... Ryan me contou que viu você conversando com minha mãe sobre estar apaixonada por alguém. Só não imaginei que era eu – cocei a nuca.
- Vamos esquecer isso – ela deu um passo para o lado tentando passar por mim, mas eu a segui.
- Não quero esquecer. Eu só fiquei em choque, não quer dizer que não gostei – sorri nervoso e ela me olhou confusa – você quer namorar comigo?
- O quê?
- Você gosta de mim, eu gosto de você, somos amigos, melhores amigos na verdade. Acho justo namorarmos. Você quer namorar comigo?
- Eu quero? – ri do tom que a voz dela assumiu – quero.
Sorri me aproximando do rosto dela e lhe dando um selinho que durou alguns segundos. Tinha sido um beijo bem pré-adolescente, mas naquele momento parecia o suficiente.”
Tudo ficou bem.
Era o que eu pensava.
"Por favor, me atende" - mandei a mensagem na esperança de que ela sentisse, no mínimo, pena de mim. Liguei novamente, mas dessa vez tocou até que caísse na caixa postal.
Respirei fundo passando as mãos por meu rosto e finalmente levantei da cama. Um banho gelado talvez fizesse toda tristeza sair de mim. Ao menos um pouco já seria o suficiente para eu vencer aquela manhã.
- Você está doente? - senti uma mão em minha testa - Está meio abatido.
- Estou bem - murmurei tomando um copo de leite sem nem me dar o trabalho de olhar para um lugar diferente do centro da mesa.
- Certeza? Ryan ligou aqui para casa perguntando se você não iria para o jogo - um gelo percorreu rápido por meu corpo e eu olhei assustado para minha mãe e em seguida o relógio da parede da cozinha.
- Será que ele vai ficar muito chateado se eu não for?
- Pelo que ele disse vai sim. Estavam todos só te esperando para irem ao campo, você sabe que é um jogo importante para ele.
Suspirei assentindo e logo levantei, indo até meu quarto trocando a calça de moletom pelo short do time. Peguei a mochila com o resto das coisas saindo apressado. Não queria perder mais um amigo em um único final de semana.
- Cara, o que você tem? Já acabamos o primeiro tempo e você não fez nenhum gol! Não chegou nem perto, na verdade - Ryan reclamou.
- Não importa, Ryan. Estamos ganhando de qualquer forma - bebi um gole de água e Ryan ainda me encarava - O que foi?
- Esse vai ser o primeiro jogo que não vai ter um gol dedicado a ela? - Chaz chegou me encarando - Você não é do tipo que quebra promessas.
“- Só estou me escrevendo por sua culpa – falei em um tom de reclamação, mas na verdade eu realmente queria entrar para o time de futebol, só precisava de um incentivo que não fosse meus amigos que já estavam dentro.
- Assumo toda a culpa – sorriu erguendo os braços com um sorriso estampado no rosto – não deixaria você terminar a escola sem ter feito o que tanto queria.
- Eu nem sei se vou passar, . Isso é só a inscrição, tem os testes ainda e...
- Blá, blá, blá – revirou os olhos e eu fechei minha expressão a encarando – todo mundo sabe que você joga bem. Só é medroso para coisas novas. Como sua namorada, tenho o dever de incentivar seus sonhos – me deu um selinho e eu sorri junto com ela.
- Se eu conseguir entrar para o time, prometo dedicar um gol a você todos os jogos. Ao menos os mais importantes e os que eu for do time principal.
- Ótimo! Estarei em todos, só para garantir – me abraçou e logo saímos do corredor, estávamos atrapalhando os outros.”
- Esse vai ser o primeiro que ela não vem. Estamos quites - dei de ombros dando um gole em minha água.
Chaz e Ryan se encararam com uma expressão de confusão e eu arqueei as sobrancelhas em um questionamento mudo sobre o que eles estavam pensando.
- Antes do jogo ela te procurou - Ryan enrugou a testa e eu o encarei - ela estava meio estranha, mas...
- Ela te procurou pra quê?
- Pra perguntar de você, claro - revirou os olhos.
- Ela está assistindo ao jogo, . Ela é uma das organizadoras. Ela sempre organiza os jogos - dessa vez Chaz quem me encarou confuso - Vocês brigaram?
Neguei e levantei, focando apenas na informação de que ela estava lá. Aquilo era muito estranho. De manhã eu acordei com um bilhete de adeus e horas depois ela havia procurado por mim? O que ela queria afinal?
Saí do vestiário tendo certeza que os meninos estariam atrás de mim, mas eu precisava encontrá-la o mais rápido possível, antes que ela desistisse de mim por completo.
Depois de olhar em cada pedaço eu a vi auxiliando as líderes de torcida. Andei com passos apressados e ela, como algo quase automático, fixou o olhar em mim.
Na medida em que eu ia me aproximando eu podia perceber que ela ficava inquieta, até que em um momento ela saiu do campo e entrou pela porta ao lado da arquibancada.
Eu não podia imaginar o que teria acontecido ou poderia estar acontecendo. Eu me sentia estranho, mais perdido do que nunca, mas sabia que não poderia ficar esperando as respostas. Eu precisava delas. Eu precisava dela.
- ! Precisamos conversar - falei quando já estava perto dela. Ela estava parada no corredor apoiada na parede. Parecia tão abatida quanto eu.
Me recusei a iniciar aquela conversa, eu tinha medo do que ela poderia dizer e quanto mais tarde fosse, melhor seria para mim. Nós olhávamos no fundo dos olhos um do outro e eu podia sentir todo o peso que ela sentia, ela parecia querer aquela conversa tanto quanto eu.
- Me desculpa, - murmurou abraçando o próprio corpo e eu me aproximei a abraçando, mesmo ela dando sinais de que queria resistir.
- O que aconteceu? Por que daquela mensagem? Eu não estou entendendo nada, ...
- A gente precisa terminar, ...
- ...
- Eu não quero explicar... Por favor - sua voz começou a ficar rouca e eu logo senti seu corpo estremecer.
- Não é justo, - me afastei, dessa vez abraçando a mim mesmo - eu preciso de uma explicação! Eu fiz algo que você não gostou? Você fez algo?
Antes mesmo de que eu formulasse outra pergunta em minha cabeça ou que ela me respondesse, seu corpo começou a balançar freneticamente e logo eu ouvi seu choro. Eu odiava a ver daquela forma.
Voltei a abraçar sentindo meus olhos voltarem a encher de lágrimas.
- Estávamos indo tão bem, estamos indo tão bem, na verdade - murmurei suspirando.
- É meu pai, ... Você sabe...
- Ele nunca nos apoiou, eu sei. Mas nunca foi um empecilho para nós, foi?
- Ele quer que eu vá morar com ele... Ele vai tentar de tudo. Eu não quero... Eu achei que se terminássemos seria mais fácil de passar por tudo...
“Era o dia em que tiramos para apresentarmos um ao outro à nossa família, como namorados. Minha mãe já sabia, mas desde que e eu começamos a namorar – duas semanas antes - elas não tinham se visto ainda.
O almoço com meus pais não teve nada diferente do esperado. Foi apenas um almoço normal, exceto pela presença do meu pai que não morava com minha mãe e eu, mas fez questão de estar lá.
O pesadelo veio mais tarde. Eu estava na mesa de jantar ao lado de , com uma roupa meio social/meio esportiva (um traje que eu achava o ideal para ocasiões assim) enquanto via os pais de discutindo sobre nosso namoro na nossa frente sem fazerem questão de esconder e ouvia em um choro baixo ao meu lado.
Ela não merecia aquela situação.
- Eu... Eu gostei do jantar, estava muito bom, senhora Beckster – interrompi a discussão que parecia infinita - mas acho está na hora de eu ir embora – sorri amarelo já levantando da cadeira e me acompanhou.
- Viu o que você fez? – a mãe de reclamou para seu pai, mas eu não tive tempo de ouvir nada mais, já que andei com passos apressados até a porta da saída.
- Desculpa, não sabia que meu pai reagiria assim – abraçou o próprio corpo.
- Está tudo bem – a abracei lhe dando um beijo na bochecha.
- Eles estão em processo de separação, acho que eu só piorei tudo com esse jantar.
- , não é culpa sua. Não tinha como adivinhar – segurei nas laterais de seu rosto e dei um sorriso – eu amo você – lhe dei um selinho demorado e logo em seguida iniciamos um beijo rápido.
- Eu também gosto de você – me abraçou e eu ri. Sabia que seria um processo muito longo até ela assumir me amar.
- Fica bem, qualquer coisa me liga – lhe dei mais um selinho e saí definitivamente da casa indo até o carro que eu havia ganhado recentemente de meus pais.”
- Ele não pode te obrigar, meu amor - dei um beijo em sua bochecha.
- E se...
- Eu não estou pronto para desistir de você... - a interrompi. Nenhuma teoria importava para mim - você se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida, eu não vou desistir nunca do que construímos. Demoramos muito para isso e eu já te disse milhares de vezes o quanto eu quero construir uma família com você...
- Ainda falta tanto tempo...
- Vai ser no tempo certo, minha princesa. Vai ser muito difícil também, mas é meu sonho e se você sonhar junto comigo podemos fazer se tornar realidade...
- Eu adoro você - ela apertou os braços em minha cintura e eu sorri fraco afastando nossos corpos e lhe dando um selinho.
- , o jogo vai começar! - ouvi a voz do Ryan de longe e eu assenti, olhando bem nos olhos de alguém que me fazia extremamente feliz
- Esteja de olhos bem abertos, princesa. O próximo gol é especial para você - lhe dei mais um selinho e corri para me juntar ao meu time.
- Parece que alguém decidiu acordar! - Ryan pulou em minhas costas quando fiz o último gol da partida e desempatei o jogo.
- Agora vamos comemorar! - Chaz juntou-se a nós com brutalidade em um pulo me fazendo desequilibrar e cair, também derrubando Ryan.
- Eu vou passar. Tenho planos melhores para hoje - dei de ombros enquanto levantava. Ignorei as piadinhas de meus amigos enquanto se aproximava, não tão animada quanto eu imaginava que estaria. Ela correu para terminar com a distância de nossos corpos e escondeu o rosto em meu ombro.
- Podemos sair daqui? - murmurou e eu só assenti.
Era estranho. Ao mesmo tempo em que eu me sentia aliviado existia um sentimento de preocupação tão grande que eu não conseguia entender. Era como se a conversa que eu tive com não tivesse sido o suficiente para estar tudo bem. A inquietação dela ao meu lado, no banco do passageiro, só comprovava minha teoria. Passamos por um drive thru para comprarmos algo enquanto chagávamos no parque.
- , está tudo bem? – perguntei tomando um gole de meu refrigerante. Ela estava calada o suficiente para que eu soubesse que não estava bem – você tem algo a mais para me contar?
- Na verdade eu tenho algo para te mostrar – tirou um papel dobrado de seu bolso e me estendeu.
Eu desdobrei o envelope vendo o símbolo do Hospital de Atlanta no início da folha. Não sabia nem mesmo quando ela tinha ido até Atlanta.
- Antes de tudo, quando você foi para Atlanta? – a encarei
- Isso não é importante agora – resmungou e eu assenti
- Outra pergunta – a encarei – só para eu me preparar melhor... Isso envolve alguma vida? Especialmente uma diferente da nossa? – perguntei com medo da resposta. Nunca tinha ficado tão nervoso.
- Envolve uma vida, obviamente, mas não uma diferente da nossa – a vi revirar os olhos e eu assenti mais relaxado.
- Mas...
- Vai logo, ! – ela quase gritou – Você até está me deixando menos preocupada e nervosa! Esse papel responde tudo – suspirou.
- Eu devo ficar nervoso também?
- Se você fizer mais alguma pergunta eu vou pegar esse papel, picar em pedaços minúsculos e botar fogo para você nunca saber! É sério, . – mordeu seu dedo, mostrando nervosismo.
Terminei de abrir o papel, deixando o envelope de lado, e tinha um papel cheio de números e nomes que mais pareciam gregos para mim. Passei para a outra página tendo a certeza de que ali eu encontraria as tais respostas.
- Antes que você comece a ler, quero que saiba que eu menti sobre meu pai querer que eu vá morar com ele. Eu só precisava de mais tempo, queria te entregar isso quando tivéssemos a sós. Não é tão fácil para mim – senti seu braço rodear minha cintura e eu assenti, engolindo em seco.
“A paciente possui um quadro inicial de tumor maligno pulmonar”
Parecia um soco na boca do estômago. Foi até essa frase que eu li. Não consegui ler depois por culpa das lágrimas que jorraram de uma forma que eu não conseguia controlar.
- Não... Não é possível – murmurei e a encarei, ela também tinha seu rosto molhado por lágrimas.
- Me desculpa.
- Você não tem nada o que se desculpar – a abracei forte e permanecemos calados por alguns minutos, apenas derrubávamos as lágrimas que precisávamos derrubar.
Pelos minutos que estávamos ali passou tudo o que vivemos juntos. Era tão pouco tempo, mas eu já me sentia tão completo ao lado dela.
“- Acho que você teve a sorte de ser minha dupla – era primeiro dia de aula, logo depois das férias de verão e o professor de matemática havia dividido duplas para resolver uma folha de atividades. Ele sempre fazia isso para “sairmos da nossa zona de amizades”, segundo ele.
- Talvez tenha sido o contrário – ela deu de ombros e eu olhei para ela sem acreditar.
- Meu nome é ...
- E o meu é – ela pegou a folha de questões que estava comigo – podemos começar?
Apenas assenti, os assuntos seguintes foram apenas sobre as questões, mas vez ou outra acabávamos discutindo e rindo de alguns erros que cometíamos.
Parecia que nós nos conhecíamos há anos.”
- Eu só quero que você saiba que eu vou estar para sempre com você, nós passamos por muitas coisas e conseguimos superar todas elas. Eu só preciso que você confie em mim, assim como eu confio em você. Nós podemos ir a qualquer lugar, alcançar qualquer objetivo, vencer qualquer luta enquanto estivermos juntos. Pode ter certeza que quando essa chuva e céu escuro sumir de nossas vidas, vai vir um céu limpo e um sol mais vivo do que nunca. Eu quero te proteger para sempre. Eu te amo – sorri aproximando meu rosto do dela e lhe dando um selinho longo.
- Eu te amo – ela sorriu e me abraçou – eu confio completamente em você.
Fim.
Nota da autora: Oi! Essa é minha primeira história aqui no ffobs, quando vi as músicas disponíveis para essa ficstape eu fiquei muito tentada a colocar em prática minha vontade de ser uma escritora aqui no site. UP foi uma música que me tocou muito na minha época louca de belieber (agora sou moderada kkkk) e quando eu fui ouvir as músicas novamente eu só conseguia lembrar daquela época e UP me atingiu em cheio nos sentimentos que eu nem lembrava mais que estavam vivos hahaha!
Espero que gostem, essa não é minha melhor história e nem surgiu de minhas melhores ideias, mas foi escrita de coração, bem no estilo mais “bobinho” e inocente que eu mais amo!
Beijos!
Sara.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Espero que gostem, essa não é minha melhor história e nem surgiu de minhas melhores ideias, mas foi escrita de coração, bem no estilo mais “bobinho” e inocente que eu mais amo!
Beijos!
Sara.