Capítulo 1
Estacionei meu carro no meio fio da rua deserta do condomínio em que estava, o horário cooperava para que tudo em meu caminho estivesse completamente livre e eu pudesse chegar sem nenhum atraso no meu primeiro dia de trabalho.
Finalmente.
A casa a minha esquerda era meu destino final, lá dentro estava a minha chance de tentar voltar com a minha vida para os eixos certos, mesmo me questionando se o que me foi prometido em nossa conversa seria cumprido. Durante alguns dias, eu havia falado com o responsável por me contratar muitas vezes por telefone e então quando marcamos de nos encontrar para que ele me avaliasse pessoalmente, foi em um restaurante qualquer que eu tinha escolhido, não tendo assim, quaisquer dados sobre local de trabalho.
Em uma avaliada rápida depois de descer de meu carro, decidi que tudo ali deveria ser bem tedioso. Não havia nada de mais ou de menos suspeitar, as casas eram bem parecidas entre si, o bairro era planejado por alguma construtora de renome e o pior caso ai deveria ser o cachorro da casa da frente que não parou de latir desde que desliguei o motor de meu carro.
Respirei fundo e não me preocupei em trancar a porta de meu carango, qualquer um ali tinha um carro melhor que o meu e se o roubassem, seria um favor a mim, poderia receber o seguro e investir em qualquer coisa mais útil. Puxei meu celular do bolso da jaqueta que usava para ver se estava realmente no lugar certo, o questionamento referente ao meu treinamento militar havia sido exagerada demais para o local onde me encontrava.
Saco, fui indicado, não seria possível me meter em uma roubada, o filho da puta era meu melhor amigo e sabia de todos meus problemas, não faria uma sacanagem de me indicar para trabalhar em um lugar ruim.
Tudo tinha que dar certo, pelo menos uma vez em minha vida.
Bati o dedo na campainha com um frio subindo por minha espinha e repetia mentalmente que estava tudo bem, tudo ficaria realmente bem.
— Boa tarde. — uma senhora magricela e com os cabelos esticados presos em um coque me recebeu.
Ela deu um passo à frente na soleira da porta, fechando a mesma atrás de si, mas não demorou muito mais do que instantes para uma fresta surgir e foi o bastante para acabarmos sendo espiados por um garotinho que eu diria que não passava dos cinco anos.
— Boa tarde. — saudei em resposta e estiquei uma das mãos para a cumprimentar. — Estou procurando o senhor Lee, sou .
Ela assentiu, dizendo que o mesmo estava à minha espera, me pedindo para a seguir, já girando nos calcanhares. O menino assim que ouviu o que a mulher falou, sumiu em um segundo de onde estava nos observando, ouvi seus pés batendo contra o piso rapidamente e não aguentei não sorrir.
Estava no lugar certo e assim que coloquei os pés para dentro da residência, um sentimento estranho de paz me acolheu. Nunca me senti tranquilo como estava me sentindo em um primeiro dia de emprego e acredite, tive muitos primeiros dias nos últimos três anos.
Durante o caminho, imaginei diversas possibilidades do que poderia acontecer dali em diante, talvez trabalhasse para uma velha rica, ponderando sobre o mal gosto por vasos logo no hall, típico de idoso. Minha mãe adorava esses tipos de inutilidade, contudo, indo em frente, saímos em um ambiente amplo e com mais tecnologia do que qualquer loja de eletrônico de última geração.
Pelo que pude observar, todos os lados possuíam um detalhe que podia ser ressaltado e o local era o centro do imóvel, ali aparentemente dava acesso para todos os demais cômodos, nada do museu que era o hall podia ser percebido, eu teria que retirar o que havia pensado a minutos atrás.
Por fora não mostrava nada da grandiosidade que existia e eu nunca soube muito bem lidar com lugares que precisariam de uma certa etiqueta de minha parte. Sempre fui desleixado quase ao extremo, a calma que sentia dava um lugar pequeno para uma ponta de vergonha que ia crescendo sem permissão alguma. Não soube se foi por minhas roupas baratas ou tênis com alguns rasgos nas laterais.
Passei a mão por minha jaqueta, a ajeitando melhor em meu corpo e continuei seguindo a mulher a minha frente, decidindo parar de olhar ao meu redor.
Foquei em pensar para quem trabalharia, era sempre o mesmo tipo de gente que solicitava tal tipo de “serviço”, mas nunca foram tão enfáticos. Acho que estava mais interessado mesmo em saber no que estava me metendo e por que minhas habilidades com armas e tipos de lutas serem questionadas tantas vezes antes de ter a resposta positiva do processo todo.
— Willian, por favor. — a senhora falou quando estávamos atravessando o cômodo e eu sai do modo automático que fiquei por alguns segundos. — Pare de querer assustar as pessoas.
Do lado de uma estante, o menino se revelou, cabisbaixo.
— Diga “olá” para o senhor .
— Olá, senhor . — ele falou baixinho, meio enrolado, então ergueu seus olhos castanhos expressivos, os fixando em mim — É o senhor quem vai me levar para escola agora?
O “senhor” me incomodou um pouco, mas passou longe de ser o mesmo tanto que seu olhar ainda infantil, parecia que ele era capaz de ver através de qualquer mentira que lhe fosse contada. Uma cor comum que meio mundo possuía, entretanto, nele tinha algo a mais que não consegui distinguir e que me fez perder um tempo de diálogo entre a senhora e o mesmo.
— Não adianta resmungar, Willian.
— Mas a já tem bastante gente para cuidar dela, eu vi na TV ontem a noite! — o garoto disse emburrado, mas sem quaisquer sinais de frescura.
Mas que porra de história era essa de TV?
Eu não esbocei reação alguma por sua tentativa e quando seu olhar voltou outra vez para mim, esperando que fosse ao seu auxilio, eu apenas enfiei as mãos nos bolsos de minha jaqueta e encarei qualquer coisa no ambiente. Eu não tinha muito o que fazer e a essa altura, minha mente já estava a mil, não demorou muito para que algumas suspeitas virem a minha mente, o velho havia me passado só o básico do básico, sempre atento a cada palavra que saia por sua boca, tanto que só soube que ele falava a verdade quando começou a falar de valores e chegou, se juntando ao assunto de que alguém “capacitado” era imprescindível.
O assunto entre a mulher e o menino terminou com uma dura da senhora quando o menino tentou argumentar novamente. Ela simplesmente fechou o semblante e o mandou ir para o quarto se arrumar antes que ela mesma fosse cuidar disso.
— Desculpas por isso. — ela disse, voltando a me levar adiante.
— Está tudo bem. — respondi, focado em ideias e mais ideias que em vinham a mente.
Eu seguiria orando para que a menina que teria que acompanhar fosse uma pirralha de até 10 anos, talvez alguma dessas que fazem vídeo de qualquer babaquice no Youtube. Minhas chances aumentavam quando pensava na idade do que estava em minha frente antes, chutava que os pais eram novos demais para ter uma adolescente em casa, mas nunca estive tão errado e ao passar por um ambiente que aparentemente deveria estar fechado.
Pausei meus passos e meu olhar foi direto para um quadro amplo o suficiente para ser visto mesmo de onde eu estava. Todos na imagem sorriam, eram bem parecidos, o menino que parecia ser o mais velho tinha o cabelo claro como o da mulher mais velha que estava sentada imediatamente a sua frente, ao lado dela um homem bem arrumado e em seu colo o menino que havia instantes antes saído de minha frente, ambos com fios escuros, por fim, sentada no chão entre os dois mais velhos estava a pessoa que seria reconhecida imediatamente por qualquer pessoa do planeta que tivesse menos de trinta anos.
— . — soltei e suspirei, meu humor deve ter chego no inferno.
— A conhece?
— Minha sobrinha é fã dela, tem fotos por todo o quarto. — rebati amargurado.
Pela primeira vez eu estava me sentindo mal de estar ali e a tendência era piorar.
Fazer, ser segurança de uma celebridade era um dos últimos trabalhos que estavam em minha lista de “o que procurar para sobreviver e pagar as contas”, tive uma experiência nada interessante com isso, frescuras sem limites e exigências demais que eram totalmente desnecessárias.
Sem contar as regras, benditas regras que eu não era nada bom em seguir.
A mulher tornou a andar para a extremidade da sala e já em outro corredor, prosseguimos sem dizer absolutamente nada, mas eu estava com pensamentos a mil, imaginando qual seria o motivo eu daria para pedir dispensa daqui uns três ou quatro dias.
Eu, definitivamente, não seria babá de celebridade outra vez, ainda mais de uma adolescente!
— Lee. — a mulher soltou de uma maneira informal que não a vi usando nem com o menino de cinco anos. — O indicado do menino está aqui.
Havíamos acabado de entrar na cozinha quando ela chamou o velho que estava sentado numa mesa junto a algumas demais pessoas. Duas mulheres estavam de um outro lado da bancada, uma andava de lá para cá sem parar, outra mexia em uma panela. Tinha um homem com elas, cortava alguma coisa e levantou o rosto para encarar os recém chegados, no caso a senhora que eu não sabia o nome e eu.
O vi dando um breve aceno que retribui e então me virei para frente, vendo Lee se aproximar e me estender a mão.
— Olá, rapaz. — cumprimentou com um sorriso tranquilo debaixo de seu bigode. — Tudo bem?
Confirmei sem ânimo e questionei o mesmo, recebendo uma afirmativa.
— O disse que vocês serviram juntos a marinha, é verdade?
Um cara que estava na mesa perguntou, ele se apresentou como Hadong. Tinha o cabelo raspado, era moreno, troncudo e foi a primeira pessoa da qual senti uma certa hostilidade ali. Assenti, era meu melhor amigo e pelo tempo que passamos dividindo tarefas na marinha, acredito que isso de “melhor” era retribuído por ele, da mesma forma que falava do , para outros, ele falava de mim também.
Então toda a imagem negativa que construí do cara desabou, ele sorriu e disse que era ex marinheiro também, mas serviu anos antes, na mesma base.
— Bem, vamos conversar um pouco mais, . — Lee disse quando terminamos o assunto do que tínhamos em comum.
A ideia de permanecer trabalhando ali não me foi mais tão péssima, se tinha outro como eu, não seria de todo ruim, mas não anularia o fato de que seria péssimo, talvez com muita sorte a paciência, acabasse sendo suportável. Minha sobrinha pelo menos falava que era uma pessoa que ela queria ser quando crescer, ninguém se espelha em gente mesquinha, principalmente de minha família, onde minha mãe martelava em nossas mentes que “ser” era muito mais importante que “ter”.
Fui conduzido o caminho todo de volta agora com o velho de parceiro.
— O trabalho aqui paga bem, como eu havia lhe dito. O me contou um pouco que está precisando, é sua irmã que está tem problemas, né?
Assenti, soltando o ar que havia prendido de uma forma que, sem dúvidas, soou rude, detestava que ficassem falando da minha vida sem eu saber e descobrir que tinha feito isso me irritou um pouco, mas, infelizmente, talvez fosse por essa informação pessoal que eu estivesse ali, tentei segurar meu desgosto por esse detalhe.
— É minha sobrinha que precisa mais. — corrigi.
— Bem, mesmo que não fique muito tempo conosco, se precisar de algo, é só dizer que eu tento ver o que posso fazer por você. — falou, dando um aperto em um de meus ombros. — Amigo do é meu amigo também.
Eu sinceramente não sabia o que responder, aquele lugar se tornou um pesadelo em forma de sonho.
— Bem, sei que na verdade todo mundo está com toda essa crise, mais complicado ainda quando se está em um ramo que não gosta. — Lee rebateu divertido ao perceber, obviamente, meu semblante fechando ainda mais.
Ele sabia que eu odiaria estar ali e sobre o meu temperamento também. Ótimo, . Fofoqueiro de merda.
A realidade naquilo tudo, apesar de orgulhoso, era que eu precisava de dinheiro e muito, minha mãe também estava doente e o que minha irmã ganhava mal cobria suas próprias contas, minha sobrinha tinha uma alergia que precisava ser tratada com um sabonete especial que custa mais do que sobrava para comprar, demos preferência então para o remédio que aliviava a coceira na pele depois de cada banho que ela toma, mas não estava mais sendo tão eficaz.
Eu esgotei o que ganhei no tempo de marinha comprando uma casa, trouxe então minha irmã, sobrinha e minha mãe para morarem comigo, pelo menos não ficaríamos sem um teto, mas estava vendo a hora que definharíamos de fome, atolados em contas que não paravam de passar por debaixo da porta.
Não queria ter que voltar para marinha, apesar de tudo, então o jeito era aceitar o que surgisse na minha frente, fiz uns bicos desde lavar alguns banheiros, desentupir privadas, até personal trainer de um babaca que não suportou três dias de treino comigo.
soube da minha situação depois de um desabafo regado a cervejas pagas por ele, então disse que tinha conseguido algo bom em uma empresa, seu lugar onde trabalhava ficaria vago, então me indicou para onde começaria uma rotina hoje.
— Tente aguentar uma semana, se não for o que você espera, posso te realocar para outra função que não lide diretamente com a , mas eu realmente preciso se alguém com treinamento para segurar o que está acontecendo aqui. — o velho desabafou e antes que eu perguntasse o que queria dizer, ele continuou, mudando de assunto. — Bem, trouxe o que foi solicitado?
Chegamos a uma sala até que grande, tinha dois sofás, televisores com câmeras que mostravam os portões, entrada da casa e fundos da residência.
Uma chance seria o máximo que daria antes de largar tudo e voltar ao que fazia antes. tinha que agradecer muito a Lee e a sua necessidade por meus “atributos”.
Entreguei a ele meus documentos que estavam dentro da pasta em minha mão, não era nada que nenhum outro lugar não pedia, coisas como carteira de trabalho, antecedente criminal e uma carta provando que eu sabia como era trabalhar como babá armada de um ser humano.
No lado oposto à porta que havíamos passado, uma mesa para qual eu fui encaminhado e instantes depois de nos acomodarmos, o senhor começou a vistoriar todos os papéis que provavam que eu era uma pessoa “boa”. O velho leu cada linha minuciosamente e quando acabou, em encarou com um semblante tranquilo.
— Limpo.
— Como as águas do Caribe. — rebati.
O que ele esperava? Que eu fosse algum criminoso só por estar precisando de dinheiro? Eu, obviamente, não era melhor pessoa da face da Terra, mas ninguém jamais me veria sujo por causa de uns trocados a mais.
— O salário aqui é pago semanalmente, toda sexta antes de terminar o dia, passe aqui para que eu transfira o que deve receber ou, se preferir, te entrego em espécie. — o velho disse e prosseguiu — Custo com transporte para qualquer lugar é pago por nós, se estiver em um lugar com ela e o motorista por algum acaso não puder chegar até vocês, o meio que usar para se locomover será acertado assim que chegar aqui.
Confirmei que até ali estava entendendo tudo.
— Enquanto estivermos pela cidade, dispensamos o uso de uniformes, mas nada de roupas extravagantes, em viagens terno será obrigatório. — lembrou e agradeci, ficar andando dentro de um lugar que me senti tão bem de terno seria, no mínimo, incomodo. — O senhor tem passaporte?
— Não.
— Certo. Vou transferir o valor para que providencie o mais rápido possível. — falou, desbloqueando o computador à sua frente. — O valor das passagens e hotéis que ficar também é pago pela menina.
— Ela que paga todo mundo?
— Sim. — Lee respondeu e eu me remexi na cadeira.
O vi respirar fundo e deixar o que estava fazendo de lado, apoiando em seguido os cotovelos na mesa e encostando a testa nas mãos que tinham os dedos entrelaçados.
— A tem uma relação bem difícil com os pais, não devo dizer mais que isso, mas o que eles fizeram com ela e o pequeno Willian não é uma atitude muito agradável e todos que estavam aqui na época, dois anos atrás, tomaram partido da menina. — revelou baixou e depois se endireitou.
— O que vou fazer hoje por aqui?
— Bem, seu primeiro dia é apenas para conhecer como as coisas funcionam aqui dentro, se puder, a tem uma entrevista mais tarde, pode já a acompanhar, ver como é os bastidores na TV para quando estiver sozinho, conseguir lidar melhor com os imprevistos. É bom saber como lidar com toda logística de entrada e saída das emissoras.
Estou aqui pelo dinheiro. Definitivamente esse seria meu mantra, afinal, uma semana de trabalho aqui era o que conseguia tirar por mês no ferro velho que larguei dois dias atrás. Pois é, não são mais tantos locais que contratam ex marinheiro com habilidades bem especificas.
Tal pensamento me fez lembrar que estava para perguntar sobre e nunca surgia a chance, mas agora eu era parte deles, não haveria mal em saber sobre o que precisasse, era apenas para fazer eu trabalho bem.
— Posso perguntar o porquê de precisar tanto de alguém como eu? — indaguei, finalmente, sobre a única coisa da qual ainda não tinha me sido esclarecida — estava aqui e tem outro marinheiro, não sei quanto aos demais, o bairro parece ser bem seguro e a é amada pelos seus fãs, o que tem de errado?
Lee ia começar a me responder quando o menino de antes invadiu a sala em que estávamos, os olhos cheios de lágrimas e a voz, assim que chamou pelo mais velho, saiu embargada.
— Tio... Invadiram o quarto da , a tia YuSeon pediu para que eu viesse te chamar rápido, eu vim correndo.
O velho se sobressaltou, deixando tudo de qualquer maneira em cima da mesa, me chamado para o acompanhar e não esperando para sair correndo.
Enquanto seguíamos por entre os corredores e subíamos, juntos, as escadas de dois em dois degraus, chegamos a porta escancarada de um quarto e parado debaixo do batente da porta, observei por alguns minutos o que estava acontecendo, a senhora que eu acreditava que atendia por YuSeon, estava parada ao lado de uma poltrona, seu olhar visivelmente assustado enquanto as mãos apertavam o encosto vinho do móvel.
Entrei no cômodo instantes depois que o menino que havíamos deixamos para trás passou por mim e sumiu de minha visão, queria ver mais, saber para onde os dois mais velhos olhavam e o que o garotinho foi fazer para aquele lado do cômodo.
Senti meu coração bater na garganta.
Eu estava finalmente cara a cara com e, se antes eu estava internamente louco para dar o fora dali, me recusando a ser segurança de outra pessoa famosa — ainda pior por estar sempre em destaque e no momento mais alto de sua carreia, bem, agora eu não sabia explicar, mas a vendo de uma forma que ninguém fora daqueles portões imaginava, eu queria protegê-la.
Aquela menina tinha algum pacto muito forte com alguma entidade oculta, porque um instinto maluco que eu não entendia surgiu em mim, no exato momento que a vi chorando tão copiosamente, eu entraria na frente de uma bala para a proteger e não duvidava que todos naquele cômodo fariam o mesmo.
Ela tinha um pano nas mãos e o esfregava com brutalidade na parede, as bochechas completamente molhadas e o lábio inferior preso nos dentes para segurar o pranto.
— Calma, . — a senhora disse de onde estava mesmo. — Se sente que vou pedir um chá para você, menina.
— Ele não vai parar... — ela murmurou transtornada. — Ele não vai parar, eu tenho que proteger o Will e tenho que proteger quem gosta de mim.
Mesmo sem muitas informações para definir o que eu faria ali de verdade, com o pouco que tinha, percebi que meu trabalho seria bem mais complicado do que podia imaginar e enquanto minha mente tentava ainda juntar pontos para chegar em qualquer lugar, senti uma de minhas mãos serem seguradas. Me surpreendi ao ver o garotinho ali, me encarando com aqueles olhos penetrantes que agora estavam banhado em lágrimas.
— Senhor , você tem que proteger minha irmã para ela continuar cuidando de mim, ‘tá? — o pequeno disse em sua total inocência e eu apenas respirei fundo, assentindo em seguida.
De onde estava não conseguia ver o que ela tentava apagar com tanta vontade, mas não ousei me mexer mais, tentando evitar que o pequeno não pudesse ver mais o que quer que fosse que estivesse lá.
Todos no quarto permaneciam em um silêncio desconfortável e apenas alguns suspiros de podiam ser ouvidos junto com o pano sendo esfregado na parede. Era estranho a ver de uma forma tão diferente dos clipes, entrevistas e apresentações que eu via na tela do notebook com minha sobrinha no colo.
Continuei no mesmo local onde estagnei ao dar de cara com mesmo vários minutos tendo se passado, o ambiente persistia tenso e o medo nos olhos do velho Lee eram quase palpáveis, as mãos de Willian estavam frias e a senhora tinha os lábios em uma linha fina que claramente revelavam sua apreensão e ainda continuava com os dedos pressionando o estofado da poltrona.
Acredito que o ambiente prosseguiria em um silêncio preocupado se não fosse pelo toque do meu celular que soou tão alto que sobressaltou até a mim, puxei o aparelho do bolso de trás de minha calça, sem querer dar mais tempo para que a música continuasse a repercutir pelo ambiente, atendi a chamada sem nem ver de quem se tratava.
— , você pode pegar a Wendy na escola? — minha irmã disse sem nem esperar que eu falasse alguma coisa — Vou ficar presa aqui na fábrica e não tem como eu sair no horário.
— Certo, mais tarde nos falamos.
— Tudo bem, obrigada. Fico te devendo mais uma, maninho. — Meghan disse e eu apenas confirmei de forma breve e desliguei.
Guardei o aparelho no bolso da jaqueta que eu usava depois de colocar o mesmo no modo silencioso, encarei os três mais velhos já que o mais novo do cômodo mantinha sua mão segurando a minha, então tive a surpresa de estar me encarando, finalmente notando minha presença em seu quarto. Os olhos castanhos estavam avermelhados, bem como a ponta de seu nariz, o cabelo mesmo desarrumado para os padrões da indústria, para mim estavam perfeitos.
— Tia, pega água e sabão para mim, preciso apagar isso. — disse ainda com seu olhar, tão parecido com os do irmão, fixos em mim.
Me peguei por um instante pensando na forma que o menino se dirigiu ao homem e como a outra repetia o tratamento com a senhora, desconhecia casas que houvesse tal intimidade entre patrões e empregados, talvez acabasse relevando se fosse apenas o mais novo, mas agora os dois e uma sendo grande o bastante para ter consciência de sua posição ali dentro, era novidade.
— , você vai se machucar, deixa que depois eu limpo isso.
— Preciso apagar isso agora. — rebateu teimosa.
— Você tem que se arrumar se não vai se atrasar para o programa com o Jerry, sabe que é ao vivo, não? — Lee disse pela primeira vez desde que entrou no cômodo — Você vai ter um novo segurança, vai estar com você junto ao lado do Hadong.
parou os movimentos frenéticos que fazia e socou a parede, assisti tudo o que veio depois me sentindo impotente por não saber nem o que dizer. Ela jogou o pano do outro lado do quarto e xingou quem quer que fosse a pessoa que a estava perseguindo, tornando sua vida um inferno como ela própria disse.
Senti a mão do pequeno se apertando a minha, ele estava com medo e não tive outra reação a não ser pegá-lo no colo.
— Está tudo bem. — garanti a ele pouco antes da senhora que também assistia tudo o tomar de mim, querendo o afastar de ver a crise que a irmã estava tendo.
Quando a senhora passou pela porta, a fechou e sem esperar nada, me aproximei de Lee e consegui ler, mesmo de forma borrada, o recado:
“Mais uma oportunidade de te matar, minha princesinha, quem sabe na próxima eu não o faça, mas não sem antes de te amarrar e comer bem devagar, ouvindo seus gritos maravilhosos. ”
— O que eu faria se o Will já soubesse ler? — ela indagou, encarando o velho. — Ou o que eu faria se esse lunático sequestrasse meu irmão? Ou o machucasse?
gesticulada com as mãos, os olhos transbordando de vez o choro que segurou instantes antes.
— Não dizendo que não amo vocês que estão comigo e me ajudando todo santo dia, mas eu só tenho meu irmão e ele só tem a mim.
— Senta e se acalma, ficar assim não vai adiantar nada, na verdade vai adiantar só para esse cretino ter o que quer, você descontrolada. — Lee disse com a voz serena, obedeceu e então o homem se virou para mim. — Agora podemos ter certeza que ele é um homem, certo? Mas não temos mais nada além disso.
Concordei com sua linha de raciocínio para o sexo do cara, mas não gostando nem um pouco que teria que lidar com um maluco atrás da garota.
— , formalmente apresentando, esse é , o amigo que o indicou para nós. — o mais velho disse, sugerindo para que nos aproximássemos de onde a menina ainda respirava profundamente. — A partir de hoje, ele será seu segurança em todos os programas, eventos e o que mais estiver em sua agenda. Desculpa por não ter conseguido explicar isso antes, , mas as circunstancias me impediram, não dava para confiar em ninguém logo de cara, porém, o que disse de você adiantou muitos passos de todo processo.
Lee então iniciou um monologo, falando das diretrizes sobre meu trabalho ao lado da jovem, a cada novo tópico sobre meu trabalho, ele me encarava e perguntava se eu estava de acordo ou se achava aquilo sensato, se deveria mudar. Nunca minha opinião, em emprego nenhum foi levada tão em conta, estava bem impressionado com tudo ali, começando pelos tratamentos informais aos limites de trabalho que não eram abusivos.
— Eu quero me mudar daqui. — falou em uma das pausas que surgiu na conversa, sem dúvidas não ouvira quase nada do que Lee havia dito, ele no entanto a olhou surpreso. — Você estava certo, aqui é muito exposto, com gente demais para segurança de menos.
— Você está certa disso?
— Sim, depois da entrevista, podemos procurar algum lugar melhor e que esteja disponível, acho que não tenho mais nada para fazer depois da entrevista, tudo bem com isso, senhor ? — dessa vez ela me encarou e eu anui com um aceno, pedindo depois que me chamasse apenas de . — Ótimo, pode me chamar apenas de , nada de senhorita mais, por favor.
— Tudo bem, querida, tome um banho e coma, não pode demonstrar fraqueza para esse criminoso, agora vai, se arrume antes que se atrasar de verdade. — Lee pronunciou e se levantou, coçando os olhos que permaneciam vermelhos.
A garota sumiu por uma porta e me virei para as janelas, fechando uma a uma das três que o quarto tinha, as trancando em seguida.
Sai do quarto ao lado de Lee e caminhando de volta para o escritório em que estávamos, para terminamos de discutir sobre meu trabalho, acertando detalhes pequenos que ele achou que ficaram de fora.
— Essa é a segunda vez que ele deixa uma mensagem direta para ela, as outras nós barramos entre nós, funcionários, já tem responsabilidades demais para se estressar com mais esse problema. — o velho disse, me devolvendo a pasta com meus documentos, esperamos um pouco os contratos de trabalho saírem da impressora sobre a mesa.
— A polícia não disse nada?
— As câmeras foram desligadas cinco minutos antes de tudo acontecer, estávamos em um hotel em Cardiff. — ele explicou e riu. — Uma coisa que precisa saber, é louca por futebol, principalmente quando envolve o Real Madrid.
Sorri, talvez eu daria mais de uma chance para a senhorita e o que mais a acompanhava.
Mal imaginava que isso seria o que mudaria minha vida.
Lee colocou todos os papéis na minha frente e depois quando por fim terminei de assinar o que deveria, voltamos à frente da casa e lá já estava o outro cara que havia servido na mesma base que e eu.
Não demorou para que estivéssemos sozinhos, Hadong começou a conversar comigo sobre tudo o que estava fazendo desde que havia saído e que provavelmente seria passado para mim, explicou mais ou menos como tudo funcionava, desde que saiam pelos portões do condomínio até voltarem. Perguntei algumas coisas básicas que não estava por dentro e quando o assunto chegou ao fim, antes que um silêncio incomodo nos cercasse, o menino saiu correndo por a fora com sua mochila nas costas e a lancheira na mão.
— Willian é uma comédia, ele é demais. — Hadong falou, apontando para o menino e eu sorri, concordando.
— Tio Hadong, senhor . — o menino nos viu e veio correndo, Hadong sussurrou para mim que logo ele começaria a me chamar de tio também. — A deixou eu fazer judô, sabia? Você vai me ver quando eu lutar?
— Claro que eu vou, vamos praticar juntos também, você vai ser o melhor aluno da academia. — Hadong disse e entrou na pilha do menino, o fazendo rir alto e contagiando a todos que viam a cena.
Não demorou muito para que a garota também aparecesse, óculos escuros escondia os olhos e o cabelo estava solto, não sou de reparar muito em roupa de mulher, mas ela estava bonita de uma forma bem simples, um sapato de salto vermelho, calça preta e a camiseta branca, com estampa de algo que não sabia o que era, mas parecia muito uma daquelas imagem de pôster antigo, enfim, ela estava muito bonita.
— Esqueci a chaves lá dentro. — Hadong disse, colocando Willian no chão e saiu em disparada lá para dentro.
fez uma piada qualquer que eu não escutei por não passar de um murmuro, então de virou para o irmão e sorriu, abaixando para ficar quase da altura do menino.
— Me desculpa por antes, eu só fico preocupada que alguém te machuque.
Willian veio para meu lado.
— Ele já é seu amigo, Will? — perguntou, tentando puxar assunto.
— É sim, o tio ele vai te proteger do bicho malvado que quer te tirar de mim. — ele falou e então foi para a irmão, que estendeu os braços para receber o abraço do mais novo. — Quem vai cuidar de mim se você se também me deixar?
Engoli a seco com a última frase da criança, desconfortável com o rumo de tudo que eu descobria a cada minuto que passava ali. A jovem sorriu e parecia que ela levava o peso do mundo em suas costas, quantos anos ela tinha para ter, ao que me parecia, tantas responsabilidades? Dezesseis anos? Dezessete no máximo.
— Eu não vou te deixar, Will. — garantiu . — Nunca.
— Você promete?
— É obvio que sim, eu prometo. — estendeu o dedinho num gesto bem infantil que foi repetido pelo outro. — Agora para dentro do carro, dá para te deixar na escola antes de eu ir para entrevista.
A jovem deu um beijo estalado na bochecha de Will e abriu a porta de trás, o ajudando a entrar no GMC.
— SENHOR HADONG HONG. — gritou ela, sorrindo em seguida — A chave está aqui dentro do carro.
Demorou algum tempo para que o homem voltasse, correndo, rindo da trapalhada própria.
O caminho até a escola de Will era fácil, segui observando tudo ao redor para não esquecer caso fosse preciso, lembrei de Wendy e coloquei o celular para despertar, uma hora antes do termino das aulas de minha sobrinha.
Hadong desceu do carro para ajudar Willian, fiquei alguns minutos apenas com dentro do carro, atento caso alguém aproximasse demais com intenções ruins. A encarei de soslaio no banco de trás, ela tinha os olhos fechados, os óculos estavam presos na gola de sua própria blusa e as mãos em torno do celular sobre o colo.
— Está tudo bem? — questionei num impulso e me arrependi no mesmo segundo, quando a ouvir fungar.
— Depende de qual área da minha vida você está curioso para saber. — rebateu sem sair da posição em que estava.
— Desculpa.
— Pelo o quê?
— Não deveria perguntar essas coisas. — expliquei, em meu antigo trabalho de guarda-costas, perguntei isso apenas uma vez e recebi uma resposta atravessada, fazendo meu trabalho mudo dali em diante.
— Não sou melhor do que você ou qualquer outra pessoa no planeta para achar ruim uma pergunta tão simples assim. Por favor, não fique com receio de falar comigo o que quer que seja, ou perguntar.
era uma boa pessoa para os mais novos se espelharem, sem dúvidas.
Hadong retornou ao carro correndo, dizendo que chegaríamos atrasados se ficasse mais um minuto ali, seu jeito meio desesperado fez com que sorrisse e vi quando ele sorriu também. Seu jeito estabanado era para a fazer contente.
Não demorou mais do que meia hora para que chegássemos ao estúdio da SBS, recolocou os óculos e perguntou para Hadong e a mim se podia abrir a janela um pouquinho, para acenar para seus fãs que estavam com cartazes de apoio a ela.
— Espera a gente entrar, ai você desce e pode ir até a grade. — Hadong disse, eu concordei com ele.
Assim que estacionamos, desceu e a gritaria começou, ela sorriu, um sorriso largo e verdadeiro, seu nome era chamado pela pequena multidão que estava ali e ela não hesitou em se aproximar.
Perguntei a Hadong quanto tempo ela poderia ficar ali e ele encarou o relógio, respondendo que pouco, cerca de três minutos, ela tinha que passar por maquiagem ainda e arrumar o cabelo antes que chegasse sua hora de ser entrevistada. Por mim ela sairia da grade e iria para frente das câmeras, sem dúvidas eu era um leigo total no assunto.
— , eu te amo. — uma menina gritou e sua voz sobressaltou a de todos os demais, sorriu e se aproximou de outra.
— Qual seu nome?
— Anne.
— Bom, eu te amo também, Anne. — soltou e a tal da Anne desandou a chorar.
distribuiu autógrafos e tirou fotos como podia.
Chequei meu relógio e me aproximei dela, a advertindo que tínhamos que ir.
— Tchau, gente, muito obrigada pelo carinho de vocês, assistam a entrevista hoje e espero tirar as dúvidas do CD que está por sair. — disse simpática, mandando beijo a todos e agradecendo.
Entramos no estúdio e logo uma mulher apareceu, começando a nos guiar para o camarim, perguntou algumas coisas a que eu não entendi nada, encarei Hadong por um segundo, buscando respostas, mas ele deu os ombros como se também não entendesse nada do que estava acontecendo por ali.
A sala do camarim era toda branca, um tanto pequena para o tanto de gente de tinha por lá, a mulher que nos encontrou logo na entrada tentou nos expulsar, mas Hadong disse que tanto eu como ele não sairíamos dali, se caso insistissem, teria que ir junto.
Ela sorriu para nós e então nos arrumaram dois banquinhos, ficamos em um cantinho apenas observando o que faziam com ela.
Não demorou muito para que ela pudesse se levantar e quando nos encarou, perguntando como estava. Respondemos que ela estava bonita, o outro mais confortável com isso do que eu, que disse e desviei o olhar para qualquer lugar.
Ela seguiu para onde deveria estar pronta quando a anunciassem seu nome e para isso não foi necessário tanto tempo, seria a primeira da noite, mas ficaria até o final para cantar uma ou duas de suas músicas.
— Com vocês, , a nossa princesa da música pop atual. — respirou fundo antes da porta abrir e quando finalmente apareceu para a plateia do programa, ela sorriu e entrou no cenário que abrigava o programa.
A entrevista foi tranquila, ela sabia tudo que tinha que dizer, como dizer, como se portar, para onde olhar e a maneira que deveria mexer as mãos, cruzas as pernas e mexer no cabelo, ela tinha tudo programado. Quando as perguntas acabaram, o apresentador quis fazer uma brincadeira de canto com ela, aceitou e os dois fizeram alguns covers intercalados.
Ela tinha talento, mas muitos outros tinham, o que a diferenciava do restante, sem dúvidas era a simpatia e humildade. Pontos que foram exaltados quando as perguntas de seus fãs apareciam num telão ao fundo, primeiro eles a elogiavam e depois questionavam o que queriam saber.
— Última da noite, . — a platéia fez um coro triste e ela sorriu, carismática.
— Eu sei, estou amando estar aqui e queria ficar mais tempo.
— Ela volta no último bloco para cantar um pouquinho para nós, não fiquem tristes. — Jerry Colleman falou, aproveitando que gostaram da menina para segurar todos ali — Bem, a última pergunta da noite é: você tem alguém especial, ? Desde que terminou o namoro com Jake Wang nunca mais ouvimos falar de você com mais ninguém, ou será que ainda rola alguma coisa entre Jake e você?
A platéia fez um barulho de quem aprovava o relacionamento dos dois e Hadong xingou baixo, dizendo em seguida que o cara era um babaca, que merecia muito mais e que a melhor coisa entre eles foi o termino, três anos atrás.
— Bem, Jerry, Jake e eu não temos mais nada um como outro, somos apenas amigos que perderam contato. — começou a responder. — E não, não tenho ninguém especial atualmente, vivo apenas voltada para minha carreira, compor, tocar, cuido do meu irmão mais novo e é isso, sem ninguém especial, a não ser se quer falar das pessoas que trabalham comigo, todas são bem atenciosas e agradeço por não e deixarem sozinha em momento algum.
— Você pode falar um pouco mais do término do seu relacionamento com o Jake, ele veio aqui um tempo atrás e revelou que foi muito cruel com você, mas que não ia expor porque isso era decisão sua.
— Jake sempre foi ótimo comigo, foi muito especial também, mas nos últimos meses nada ia bem, ambos estávamos estressados, tudo foi muito complicado a partir disso e ambos saímos machucados, seja por causa da cobertura que foi bem intensa como também o que dissemos um para o outro. — dizia tudo com calma, suas palavras saiam claras, era gostoso a ouvir falar sobre o que quer que fosse — Fiquei em casa por dias, saí porque não podia adiar o show que faria em Dortmund. Nos encontramos na première do último filme dele e duas das músicas são minhas, apenas nos cumprimentamos de longe e a vida segue. Infelizmente acabamos de um modo muito caótico, mas espero que ele encontre alguém que possa dividir a vida, assim como quero ter alguém para conseguir fazer o mesmo, nossa vida não é fácil, acho que a de ninguém é, mas fica tudo mais fácil se temos para onde voltar quando o dia chega ao fim.
— , vinte e dois anos de vida e tem tanta coisa para nos dizer, muito obrigado por ter vindo hoje e até o último bloco.
— Eu que agradeço o convite, Jerry, obrigada a todos presentes por todo carinho e por me ouvirem tanto. — sorriu e o intervalo entrou.
Ela saiu do palco aplaudida euforicamente e então seguimos para o mesmo camarim de antes, se sentou na cadeira da maquiagem e mais uma vez nos encarou, perguntando como tinha sido, deixei Hadong falar e a opinião dele, seria as minha, não sabia como era geralmente, então não podia fazer uma comparação das outras com a mais recente.
— Ambos saíram machucados, ? — Hadong estava indignado. — Se eu encontrar aquele moleque eu vou socar a cara dele até que ele perca todos os dentes. Ele bateu em você, essa cicatriz em baixo do queixo vai demorar a sumir e enquanto não o acertar, não vou perdoar isso.
— Ele te bateu? — indaguei surpreso, não me contendo
— Ele quase a matou.
o repreendeu e arfou, obviamente o assunto estava longe de ser um dos melhores para ser discutido, mesmo depois de tanto tempo.
— Não queria me meter, mas por que escondeu isso? — perguntei.
— Era meu primeiro CD e eu estourei, estava tocando nas rádios do mundo todo, mas tinha boatos que logo eu sumiria, era nova demais para isso e logo também abriria mão. — ela começou a contar e se ajeitou onde estava sentada — Eu o conheci em uma premiação da Nick e fui deixando rolar, lancei meu segundo CD e não fez tanto sucesso quanto antes, estava sobrecarregada com o que estavam falando, todas as perguntas e então aconteceu, se eu contasse isso, ele sairia mais como vítima do que eu.
Entendi seu ponto de vista, ela seria vista como a oportunista e tudo o que mais a mídia poderia agregara a isso. Meio dia de trabalho e eu já estava decepcionado com o que acontecia nos fundos que não iam parar na TV.
— Bem, espero que isso não saia daqui, seria outro tempo ruim para enfrentar. — concluiu ela.
Ela era muito madura e quando me peguei pensando quão nova ela era, ri de meus pensamentos, ela era nova, mas não tanto quanto pensei, apenas vinte e dois, mas realmente, ela tinha mais responsabilidades do que deveria.
Com a idade dela, eu estava na faculdade e na marinha, estudava logo cedo por a tarde tinha treinamento que ocupava também parte da noite, fiz um período de economia, não gostei, fui para educação física e achei horrível, então me encontrei no direito, mas não tirei permissão para exercer a função. Tinha que trabalhar, estudar me cansaria mais e abalaria meu rendimento, não estava bom como estávamos, mas conseguíamos sobreviver.
Depois de cantar três músicas, iria seguir direto para o estacionamento, Hadong já estava no carro e eu fiquei para trás, para a esperar terminar a agenda. Jerry a cercou segundos depois que ela saiu de frente das câmeras, pediu para tirar uma foto com ela e gravar um vídeo curto para postar no Instagram do programa.
Depois de realmente terminar o que tinha para fazer na SBS, se aproximou de mim e juntos começamos a caminhar para fora do estúdio.
Queria dizer que ela cantava bem ao vivo e por mais que tudo que havia perguntado tivesse tido uma resposta, sem grosseria ou algo do tipo, me manteria na minha fazendo o que fui pago fazer, sem mais ou menos. Bem, sempre achei que a apresentação que vi dela com Wendy era puro playback, algumas poderiam ser, mas ela sabia fazer o que a sustentava e mandava muito bem.
Entramos no veículo e meu celular despertou, tinha que ir buscar Wendy, mas de onde estava, até chegar na casa dos e depois seguir para onde eu morava seria impossível cumprir horário, não sabia que um programa podia ocupar tanto tempo, e ainda teria que olhar casa com e Lee.
Merda, eu tinha que começar a me organizar melhor.
Liguei para e perguntei que hora estaria livre, depois de sua resposta, pedi para que buscasse minha sobrinha na escola e ele assentiu, pedindo o endereço que passei por mensagem.
— . — chamou quando encerrei a chamada. — Pode buscar sua sobrinha quando estiver comigo, não tem problema algum. Fique avisado para as próximas vezes que precisar.
— Certo, obrigado. Mas hoje deixa que o faz isso por mim.
— Mande um beijo para ele quando o encontrar, estou com saudades. — falou saudosa e continuou — Ele é bem divertido.
Percebi nesse momento que ela se segurava por eu estar ali, ainda não confiava em mim, talvez tentasse quando respondia tudo o que perguntava a ela, mas estava longe de ser o que era quando estava somente com Hadong ou qualquer outro.
É só o primeiro dia, idiota.
O caminho de volta à residência dos foi tranquilo. Quando chegamos, Hadong saltou do carro e o velho Lee logo assumiu o volante, voltando para a saída do condomínio e logo caindo numa estrada que levava a uma parte nobre de nossa cidade.
Droga, a viagem que teria que fazer da minha casa até onde Lee estava nos levando era de quase duas horas. E como se tivesse lido meus pensamentos, soltou irônica:
— Se queria que eu mudasse de país era só falar.
— Nós mal saímos do bairro ainda, mocinha. — Lee rebateu.
— Já parou para pensar que não passa um ônibus para onde está indo? Nem todo mundo que trabalha lá em casa tem carro ou muito menos sabe dirigir. — a menina soltou. — O mais próximo de transporte aqui é o metrô e fica a quase um quilômetro, se você for buscar a Suna e a Mama todo dia, eu fico com a terceira, caso contrário, pode esquecer esse lugar e vamos de volta para Apgujeong.
Lee fez uma manobra na rua no segundo seguinte, voltaríamos sem sequer sair do carro para esticar as pernas, era muito consciente de tudo à sua volta e me espantou tal detalhe nela, porque eu pensei no meu tempo de casa até ali, apenas eu e eu, sequer considerei alguém além de mim.
O carro entrou em um silêncio incomodo e achei que o problema era apenas comigo quando Lee acabou ligando o rádio, pedindo para que eu selecionasse alguma rádio qualquer. A cada sinal captado, deixava rolando a música cinco segundos e trocava a estação, na décima troca, riu no banco de trás.
— Você só não é pior que ela procurando rádio, pelo amor, deixe em uma e pronto. — Lee reclamou e eu voltei ao meu banco, com vergonha de encarar o sorriso debochado que achava que o velho tinha.
Por sorte, depois que duas músicas que eu não sabia de quem eram, uma antiga começou a tocar, reconhecia a música por causa de minha irmã que ouvia sem parar quando lançou e minha mãe deu o CD da cantora a ela. A pegava direto dançando em seu quarto, com uma escova de cabelo e na frente do espelho, se tivesse um celular na época, ela estaria sendo chantageada por mim até dias atuais.
Permaneci um tempo imerso em minhas memórias e quando a voz de se sobressaiu sobre a música, não aguentei e a espiei por sobre os ombros, ela cantava observando o caminho ficando passando e foi ali que minha fica caiu, eu estrava trabalhando para .
A volta foi rápida, sem muita conversa, apenas o rádio que encontrou uma frequência de rock antigo, eu gostava e parecia que os demais ali comigo também.
Chegamos em frente à casa de e sem nenhum de nós movermos para sair do carro, Lee abriu a boca.
— Podemos por hora, vamos reforçar a segurança aqui mesmo, pode cuidar disso? , sua agenda estará com ele a partir de amanhã. — respirou fundo — Seu assessor ligou enquanto estava fora, a partir da semana que vem você pode começar a gravar, o estúdio ficara livre para você durante seis semanas, mas ele quer ver as músicas antes.
assentiu e saiu do carro, iria fazer o mesmo quando Lee pediu para que eu ficasse, voltei a posição que estava e aguardei que ele recomeçasse o falatório.
— O que achou de seu primeiro dia? Acha que aguenta ou preciso procurar outro? — indagou e prosseguiu. — Sei que não é a sua área dos sonhos, aliás, é a que mais detesta, mas a é bem tranquila, é isso que você viu hoje, só vez ou outra ela faz uma estripulia que se resume em ligar o som em um volume alto de madrugada, com o tempo vocês começam a entender um ao outro melhor.
Sério que o mais grave que ela aprontava era ligar o rádio de madrugada?
— Bem, eu acredito que aguento sim, eu estava com uma visão bem fechada quanto a ser novamente um segurança de alguém da mídia, mas se não vai passar disso, eu fico sem problemas. — garanti e o velho sorriu.
Saímos do carro e o segui para dentro da casa para buscar meus documentos e não demorei a sair depois, voltando para minha casa com expectativas boas, mas não muito altas. Era comum para mim manter um pé atrás com tudo e não seria agora que mudaria.
Capítulo 2
Entre o estúdio de música, estúdio fotográfico, alguma entrevista na tv ou em rádios, autógrafos na rua quando parávamos para comprar o bendito café e a ida da casa dela até meu humilde dois quartos, sala banheiro e cozinha, o tempo passou tão rápido que para alguém que tinha em mente que iria ficar apenas alguns dias, arrumando logo uma maneira de ser livrar daquilo, eu merecia um prêmio de enganado do ano. Quatro meses após minha chegada e estar convivendo com ela diretamente, eu não tinha do que reclamar, ela respondia educada o que eu perguntava, conversávamos sobre alguma notícia qualquer do dia e riamos de piadas bobas, mas não passava disso, pois ela ainda permanecia um tanto receosa comigo, não sei de onde a vontade de ter a confiança dela surgiu, mas eu queria que ela me visse como alguém que ela podia confiar, não apenas seu guarda costas como estava sendo.
Hoje eu viraria vinte e quatro horas dentro da residência já que a agenda dela só teria movimentação novamente em umas quatro semanas. O cara da noite, Marco, estava com a esposa pronta para trazer a primeira filha deles ao mundo e não achei que seria justo ele não estar junto, era um momento importante para ele e eu não tinha nada melhor para fazer em casa.
Aproveitei o momento tranquilo e de pouca movimentação para atualizar as câmeras que tinham sido instaladas dois dais atrás, sabia como funcionava e hoje seria o momento para as movimentar para qualquer lado sem ninguém me chamar para resolver alguma coisa da agenda de , aliás, no momento ela teria um tempo longo para se dedicar completamente nas letras e arranjos de sua música — achei incrível quando descobri que a maioria de seu repertório eram escritos pela própria, considerei até em comprar um cd depois desse fato. Repassei o olho em sua agenda de compromissos, só para garantir que não estava errado de que teríamos um bom tempo somente em casa, no máximo ia até um café com ela e voltávamos.
Passei algumas horas checando todo sistema, virei as câmeras para todos os ângulos que pude e quando não tinha mais o que ver, revisar ou arrumar, tirei meus tênis e deitei no sofá que tinha na sala que foi destinada as câmeras.
Tudo tranquilo.
Liguei a TV e um filme qualquer passava, não conhecia nenhum dos atores, é devia ter uns anos que eu não ia ao cinema. Percebi depois de alguns minutos que era o filme do ex de , o babaca que a socou até que ela desacordasse, minhas forças se uniu a de Hadong, em qualquer evento só esperávamos pelo momento que eu poderíamos dar o troco, eu apenas o amedrontaria na verdade, mas quanto ao meu parceiro, eu não tinha tanta certeza se o filho da puta sairia ileso.
Estava focado na cena de ação quando o alarme soou pelo cômodo, não era muito alto, apenas quem estivesse naquela sala de câmeras escutaria, mas dava um susto quando se estava desprevenido — como eu estava.
Procurei a câmera que havia detectado o “invasor” e não demorei para achar o local, abri a imagem numa tela maior e vi abrindo a geladeira, tirando de dentro do eletro uma garrafa que sabia que ela de whisky e um doce que sobrou da sobremesa da janta.
Ela se sentou no chão mesmo e não tardou em levar a garrafa aos lábios e seu conteúdo ser sorvido em bons goles, eu diria que 1—3 do líquido tinha sido ingerido.
Sai da sala sem me preocupar que estava apenas de meias e caminhei para a cozinha, ela estava em casa e ali dentro, não haveria quaisquer problemas de ela ser apenas a que ninguém conhecia.
Eu gostava mais dela do que da popstar, era solitária e com responsabilidades demais que foram assumidas ainda muito nova. Sentia muito por ela ter que “crescer” tão rápido.
Me aproximei e apenas me escorrei no batente, a observando, ela comeu uma fatia do bolo e deixou o restante de lado, tornando a virar a garrafa.
— Você vai passar mal daqui a pouco. — a alertei depois de um pigarro, como resposta, vi seus ombros subirem e descerem rapidamente.
Ela não se importava, demonstrou dando mais um gole generoso.
— Se quiser me contar o que aconteceu, estou aqui para ouvir. — disse, insistindo.
— Sabe o que eu mais queria nesse exato momento? — questionou e ficou em um silêncio que foi natural para mim, então continuou — Eu queria ter menos responsabilidades, nem que fosse por um dia só.
Outra virada e estava prevendo a ressaca que ela teria no dia seguinte. não era de beber, a situação deveria estar em seu máximo para que ela apelasse para tal meio. Seu nariz começou a ficar vermelho, deduzia que ela iria chorar em alguns minutos, seria bom por para fora o que a estivesse angustiando.
— Meu pai é um babaca, é sério, não dê risada! — ela falou e me repreendeu — Eu não me importo se por show eu tirar uma média que dê somente para comprar só um pacote de salgadinho. Não estou dizendo que não estou realidade com o que tenho, mas se eu não tivesse tudo isso, eu não deixaria as pessoas que digo que são importantes para mim para trás, ainda mais com o peso no mundo nas costas.
— O que quer dizer com tudo isso?
— No dia que ele foi embora, ele passou no meu quarto e disse que não podia aceitar que a filha ganhasse mais que ele, olha que absurdo! — deu mais um gole e antes que acabasse de vez com o líquido, tomei o vidro de suas mãos e ela sorriu, aparentemente o álcool subiu muito rápido — Ele foi em meu quarto com o Will no cesto, ele tinha um pouquinho mais de um ano, então disse que estava indo embora e que eu não deveria o procurar, ele não tinha mais filhos a partir daquele momento.
Havíamos falado da briga entre eles apenas uma vez quando o assunto teve que ser abordado, pois ela iria participar de um programa e o item “família” estava na lista de assuntos que deveríamos decidir permitir ou não.
— Já se passou cinco anos e eu nunca mais o vi realmente.
— Por que está assim agora?
— O Will perguntou sobre ele mais cedo e eu não sabia o que responder. — ela finalmente me encarou e seus olhos estavam vermelhos, quase transbordando — Acho que se tinha uma chance dele voltar atrás no que decidiu, eu arruinei tudo.
— Você não tem culpa alguma das escolhas ridículas dele ou de sua mãe. Mal sabe ele como o Will é um menino incrível. — argumentei e ela riu.
— Isso é verdade.
A ajudei a levantar e subir as escadas de volta para seu quarto, caiu na cama de barriga para cima e uma parte de seu abdômen apareceu, a chamei para que se endireitasse e não tive respostas, me aproximei de seu rosto e ela já estava dormindo.
— Estou te achando cada vez mais incrível também, senhorita , mas isso é segredo, fica entre nós dois. — sussurrei e passei o braço por debaixo de seus joelhos, a arrumando em sua cama, cobrindo seu corpo com a cocha da cama por não saber onde encontrar nada em seu quarto.
Sai pé ante pé até chegar ao corredor, passei pelo quarto do mais novo para ver se estava tudo bem e o peguei no flagra jogando no mudo. O vi me encarar em espanto e sorri.
— Mais vinte minutos, certo?
— Obrigado, tio, não conta para e nem para tia Yu, tá?
— Pode deixar que vou guardar seu segredo, baixinho. — garanti e sai do cômodo, voltando para a sala das câmeras e me jogando no sofá novamente.
[...]
Era a primeira apresentação verdadeira de que eu via pessoalmente, era outra energia que a animava de minuto a minuto. Estava embasbacado com o tamanho do lugar e que cada acento estava ocupado por uma pessoa que gritava por seu nome, chorava por sua música e a amava sem nunca a ter conhecido pessoalmente.
Estava completando quatro meses de convivência direta com , a mulher era um exemplo, sim mulher, porque uma menina não tem a mentalidade e atitudes que ela tem. Passava tempo o bastante ao lado dela para afirmar com toda certeza isso.
anunciou a última música do concerto, mas eu sabia que tinha pelo menos mais duas preparadas, então ela cantou Supplementary — a música que foi título do último álbum e, sem dúvidas, um de seus maiores sucessos.
Ela saiu do palco assim que as luzes se apagaram e como a havia instruído, ela veio até mim e juntos, eu atento a qualquer movimento mais brusco de terceiros, fomos para seu camarim. correu para trocar de roupa enquanto ouvíamos toda plateia chamar por uma de suas músicas mais tocadas no mundo inteiro.
O vestido foi colocado e ela se aproximou para que eu a ajudasse fechar, o fiz com cuidado, cobrindo suas costas nuas a cada centímetro que o zíper subia.
Eu ainda era homem e acredito que essa era a parte mais difícil de meu dia quando tinha show com troca de roupa.
Ela cantou You Never Walk Alone e a outra que tinha preparada foi esquecida por uma surpresa que ganhou dos fãs, foi realmente um momento inesquecível, os fotógrafos ficaram loucos como painel com a frase de que ela nunca andaria realmente sozinha, mas que eles sempre estariam ali por ela.
Dez minutos que pura troca de carinho entre ela e seu pública, aquele era o primeiro show de uma mini turnê que passaria somente em sete cidades da Ásia, tirando a abertura e encerramento, esses seriam em Seoul mesmo.
Durante todo o caminho do camarim até seu carro, agradecia a cada pessoa que via por seu trabalho e empenho para que tudo acontecesse de maneira agradável para todos, nunca tive contato com uma pessoa gentil quanto ela, nem que fosse tão famosa quanto. A cada dia eu acreditava que ela merecia o mundo e esse sentimento eu julgava perigoso, acabaria confundindo as coisas se não me mantivesse focado apenas no que tinha de fazer e cumprir.
— Eu posso ir até a grade falar com eles? — questionou ela quando nos aproximávamos do carro.
— Cinco minutos. — respondi olhando a hora e marcando o tempo.
Ela abriu um sorriso para mim, não demorando em ir de uma vez para onde alguns fãs que não puderam entrar, viram o show por um telão externo que ela havia pedido.
Parei alguns passos de distância enquanto as pessoas se espremiam no alambrado tentando se aproximar o quanto podiam, ela pedia para que eles não se empurrassem, que todos um dia teriam a chance de a ver mais de perto.
Não demorou para as clássicas perguntas surgirem, uma se sobressaiu as demais logo no início.
— Quem é esse cara que está sempre com você? — apontaram para mim.
Continuei em minha posição se sempre, ignorando olharem questionadores, uns até me fuzilavam, acredito por ter a oportunidade que eles sonhavam. explicou que era eu cuidava da agenda dela e garantindo que eu que não deixava que ela dormisse demais, me chamando quase de mãe. Os fãs riram e algumas meninas comentaram que eu era charmoso, quis rir, mas me segurei, ao contrário de que além de soltar uma risada, concordou com o que foi dito. Algumas perguntas mais foram respondidas, fotos tiradas e então avisei que tinha dado nosso tempo ali.
Estávamos quase no carro, mexia em seu celular e eu só pensava em chegar em casa e dormir, não sei como ela aguentava tanto esforço, estava exausto e suei nem a metade do que ela em cima daquele palco, estávamos tão imersos em nosso mundo que não vimos de onde aquele grupo enlouquecido apareceu em nossa frente, cercando que em um reflexo, parou quase atrás de mim, agarrando minha mão tão forte que senti dor por suas unhas se fincarem tão firmes em minha pele. Sentindo seu pânico pelo susto, de uma forma protetora, me coloquei a sua frente e tentei barrar que conseguissem fazer qualquer maldade contra ela.
— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei, fechando o semblante e quem estava a minha frente recusou alguns passos.
— Gente, agradeço pelo carinho, mas, por favor, nunca mais façam isso. — disse em um tom sério. — Vocês podiam se machucar seriamente.
Pelo amor do que quer que quisesse, mulher, tenha mais preocupação com si mesma!
— Mas é que a gente veio de longe, queríamos te ver e conseguir um autografo. — uma garota explicou falando um coreano bem carregado, sem dúvidas ela veio de muito longe.
olhou para mim, essas interações diretas ficavam a meu critério decidir a favor ou contra.
— Que essa seja a primeira e última vez. — disse sério e fiquei ao lado de , esperando ela autografar o que era posto em sua frente.
Não demorou muito para que os seguranças da casa de show se aproximassem e então com uma encarada em completa desaprovação por sua inutilidade para barrar meia dúzia de pessoas, eles interviram no que estava acontecendo ali.
Coloquei a mão nas costas de assim que formaram uma barreia em sua frente e depressa a conduzi para o carro.
— Está tudo bem? — perguntei quando me sentei atrás do volante — Eles te machucaram?
— Estou bem, só o susto mesmo. E você?
— Não precisa se preocupar comigo, . — respondi e ela fez uma careta de desagrado que sumiu rapidamente.
O caminho de volta para casa era sempre calmo, mas parecia que hoje estava melhor, ficou tensa a semana inteira ensaiando para que o show de hoje e os posteriores acontecessem sem nenhum problema. Acompanhei todo processo e agora era aproveitar, mas não pensava assim e foi que antes de virar para a avenida que nos levaria de volta para o condomínio, desviei o caminho.
— Para onde estamos indo? — ela questionou um tempo depois.
— Surpresa.
— É sério isso?!
— Muito sério, se quiser dormir, se sinta à vontade, te acordo quando chegarmos.
Ela riu, confortável, extinguindo meu maior medo que se resumia em ela recusar o que eu estava planejando, sem nem mesmo me escutar, mas tudo com ela era uma surpresa. Depois de tantos dias juntos, finalmente eu conseguia sentir que tinha seu “eu mesmo” comigo quando as câmeras desligavam e ela entrava no modo de casa.
Ela saiu do banco traseiro e passando entre os da frente, ela se acomodou ao meu lado. Como disse, tudo com ela era uma surpresa, muito agradável, devo ressaltar.
Durante o tempo de viagem, ela tentou descobrir para onde a estava levando, mas minha boca era um túmulo e ela não saberia enquanto não estacionasse em nosso destino final. Queria dar algo a ela, mas não possuía valor material, depois do desabafo sobre seu pai, tudo o que ele representava para ela ficou martelando em minha mente por dias e eu não achava justo ele condicionar a vida dela por um orgulho ferido.
Chegamos a praia de Incheon bem tarde, dormia e esperei um pouco para a chamar, parado bem próximo a areia, tinha minha visão limpa do horizonte, perdi as contas de quantos aviões vi abaixarem no céu para pousarem antes de a acordar.
era manhosa para acordar e nunca tive nenhum fetiche por isso, mas ela fazia com que sentia vontade de beijar sua testa, um carinho que demostrava que me preocupava e zelava por sua vida.
— Já chegamos?
Anui e ela então olhou em volta, o escuro não a permitiu ver tudo claramente, mas assim que seus olhos começaram a perceber onde estava, seu sorriso tomou seu rosto e ela não me esperou para descer do carro.
Fui atrás dela e me aproximando, ela me encarou.
— Por que me trouxe aqui?
— Gostou?
— Eu amei, obrigada.
— Que ótimo, mas tem um motivo a mais do que só ver o mar. — comecei a falar explicar qual era meu propósito.
Queria que ela tivesse uma compreensão de que tudo em nossas vidas possui o seu tempo, seja para acontecer, terminar ou simplesmente passar diante de nossos olhos. Quem somos ou deixamos de ser é definido pelos limites que permitimos nos barrar ou aqueles que decidimos romper, como ela fez ao investir mais em sua carreira para que pudesse ter condições de criar o irmão. Ultrapassar fronteiras do que nos atém a algo não é uma tarefa nada fácil ou simples, mesmo que você seja a pessoa mais mentalmente preparada do planeta para enfrentar os obstáculos que a vida impõe em seu caminho, se lhe faltar uma dose de loucura e um pingo de surdez, jamais saíra de onde está sendo paralisado.
Eu queria dar essa dose a ela e tapar seus ouvidos para o que fossem dizer.
Terminei de dizer tudo que tinha vontade, finalizando que ela era capaz de tudo que queria e eu a admirava por isso, uma lágrima escorreu por sua bochecha.
Ela não estava sozinha, estaria com ela por quanto tempo Deus me permitisse.
— Eu não sei como te agradecer mais. — ela confessou, limpando o rosto. — Eu posso fazer o que eu quiser aqui então?
— Vai com calma, mas a resposta continua sendo: sim, você pode. — concordei.
Em segundos ela tirou os sapatos, meias e o casaco de moletom, foi para areia e ali ela começou a se despir do que faltava, ficando apenas com as vestes íntimas que não consegui ver nada bem por estar escuro.
A vi mergulhar e voltar a superfície, repetindo o processo várias vezes.
A cada minuto, ela se soltava mais, peguei as roupas que estava perto de mim, as joguei sobre meus ombros e fui seguindo em sua direção, pegando cada peça que ela deixou no caminho. Me sentei o mais próximo da água que pude, mas ainda na areia seca. Não sei por quanto tempo fiquei assistindo ela se divertindo sozinha, mas a cada risada dela, eu ria junto, infinitamente mais contido, porém, não deixando de a acompanhar.
voltou para areia e pude enfim admirar seu corpo, ela não sentiu vergonha de mim e agradeci, pois nesse momento eu não conseguia simplesmente desviar minha atenção para outro lugar que não fosse ela.
— Obrigada. — ela disse ofegante. — Muito obrigada, mesmo!
Estiquei sua camiseta para que se vestisse, mas não aguentei, assim que ela se inclinou, eu quebrei todas as proibições que tinha mentalmente feito sobre envolvimento entre o eu funcionário e ela patroa que bancava meu salário, mas ela não protestou quando a puxei para mim, mas sim moldou seu corpo seminu ao meu antes de enfiar seus dedos em meus cabelos e eu descer o toque por seus braços e parar em sua cintura.
Nosso beijo era suave, o gosto salgado do mar era passado levemente para mim cada vez que inventava de morder chupar seus lábios ou chupar seu colo.
Parei por ali mesmo quando um pingo de juízo voltou a minha mente, não tirei a boca de seu corpo, muito menos as mãos, mas parei o que fazia antes que não tivesse mais volta.
— Desculpa. — ela pediu primeiro e eu ri, voltando com o rosto para seu pescoço, ela era maravilhosa.
— Eu que deveria pedir desculpas.
Nos levantamos e ela vestiu a camiseta e colocou a calça, seus sapatos eu tinha deixado no mesmo lugar eu ela os tirou e a viagem de volta foi complicada, pelo menos para mim, duas horas e meia me perguntando o que tinha no lugar dos neurônios.
Estacionei em frente à casa de e ao lado dela, caminhei para dentro tentando não ser muito babaca com ela, tinha minhas convicções e sabia que querendo ou não, independente do que ela pensava, acabaria falando alguma merda, mas no automático a estava respondendo sem nem pestanejar.
— Se eu disser que gostaria de continuar o que aconteceu. — ela averiguou cautelosa.
— Não podemos. — a cortei.
Ela parou no lugar, absorvendo minhas palavras.
— É tão ruim para você ficar comigo?
— O quê? — olha o tipo de besteira ela estava pensando, céus — Não foi isso que eu quis dizer, só que, eu sou pago para te proteger, não para transar com você.
— Tudo bem, obrigada pela noite, foi incrível.
Ela subiu as escadas sem olhar para trás e então eu a segui, que se dane.
Assim que ela bateu a porta, eu a abri e antes que perguntasse o que eu estava fazendo ali, a beijei. Foi melhor do que foi na praia e muito mais íntimo, éramos nós dois sem resistências e com vontade.
A passos cegos, chegamos até sua cama e caímos por lá, minhas mãos foram para a parte de trás de suas coxas e ela adiantou o que eu faria, separando voluntariamente ambas as pernas e me abrigando entre elas. A observava com o desejo crescendo e tomando dimensões que em breve seria incapaz de controlar.
Minha boca mais uma vez foi para seu maxilar, indo para seu colo.
Tocava sua cintura com possessividade, me concentrava por instantes a mais nas áreas em que ela reagia investidas, mas não demorava em ir buscar por mais locais onde meu corpo pudesse corresponder a mim.
Ela arfou e fechou os olhos quando desabotoei sua calça e me ergui apenas para deslizar a peça por meu corpo, voltando minhas mãos por meu corpo desde os tornozelos, passando direto meu ponto mais sensível.
Sorri com meu desejo e não ignorei, deitei ao meu lado e a fina veste de sua calcinha não foi o bastante para que sentisse menos a caricia que recebeu sobre meu íntimo, a vi fechar os olhos numa tentativa de não gemer, mas tudo em si entregava o quanto foi afetada com a nossa brincadeira.
Me ajeitei para ter melhor a admirar, apoiando meu peso no braço livre, meus olhos atentos a forma que eu respondia ao meu toque.
— Pode gemer. — falei baixo, a voz carregada de desejo — Ninguém vai te ouvir essa hora, confia em mim.
Meus lábios se aproximaram de seu ouvido e não teve como ela segurar mais o que denunciaria de vez o quanto aquilo estava agradável. Sorri e deixei um breve beijo em sua bochecha, queria ir etapa por etapa, mas era difícil com ela começando a molhar meus dedos ainda por cima do tecido íntimo.
Ela mordeu meu lábio inferior quando intensifiquei o movimento que fazia, a escutei finalmente soltar, mesmo baixo, meu nome e nunca alguém me chamando fora tão sensual aos meus ouvidos.
— Vamos, , geme para mim.
A caricia ficou por mais algum tempo sobre o pano delicado, ela se controlando para não começar a se contorcer, mas sentia uma onda de prazer quase se consolidando, estava perto. Então parei inesperadamente com o que fazia, recebendo um olhar confuso dela.
Umedeci os lábios e me ajeitei onde estava, com boa parte do corpo sustentado por mim mesmo, contudo, de uma forma que pedisse menos energia e, com isso, pudesse canalizar o que tinha para somente ela.
Eu tinha a mão que a acariciava instantes atrás aberta sobre sua barriga e os olhos cravados sobre ela e o que estava fazendo, voltei então a descer ela ao seu íntimo, mas dessa vez, por dentro do que a cobria.
— . — mais uma vez ela soltou meu nome, bem arrastado e só não conseguindo fechar suas pernas por eu estar entre elas.
— Te tocar é excitante. — declarei, sentindo meus dedos escorregarem em seu íntimo como uma massagem.
Eu pegava seu líquido e o espalhava por toda área que queria explorar, facilitaria o prazer que queria proporcionar.
— Você gosta dos meus dedos em você? — questionei e expliquei. — Preciso saber, porque eu gostei tanto de sentir o quanto está úmida, já acho que essa vai ser uma das minhas provocações preferidas.
Meus dedos faziam movimentos circulares em seu clitóris e ia aumentando a velocidade, mas depois de algumas voltas, diminuía o ritmo e começava tudo de novo.
— Isso, oh. — arfou. — Isso é não é justo.
— Por que não?
— Me sinto excitada com muito pouco. — respondi, lidaria com a vergonha por minhas palavras depois.
Sorri e selei nossos lábios.
Sentia que em algum momento da noite ela cortaria seu lábio de tanto que o mordia, tentando se controlar e quase tive um vislumbre disso quando meus dedos chegaram perto de sua entrada, induzindo que a penetraria, entretanto, não o fazia, recebendo um resmungo frustrado por parte dela, esse ciclo se repetiu só algumas vezes, mas não as provocações também atingiam a mim e não aguentei, mergulhando meus dígitos nela em uma lentidão inexplicável.
O vem e vai do ato era consequência, esperava por isso e eu daria, não demorou para seus espasmos de um ápice sendo atingido aparecerem, continuei com dois de meus dedos entrando e saindo com tanta destreza e vivacidade, prolongando o que ela sentia por mais tempo, ela arqueava as costas querendo mais um pouco de tudo o que sentia e eu me dava, sem nem pestanejar.
Seu corpo amoleceu sobre a cama instantes depois, nós dois estávamos arfantes, ela mais que eu, mas não deixávamos de estar ambos em um estado alterado.
Tirei os dedos dela e depois de dentro de sua calcinha, os vendo lambuzados com o líquido dela e não hesitei em levar até minha boca e chupar um por um.
— , já estou me sentindo pronta para outro apenas com essa cena. — confessou e eu ri.
— Como está se sentindo? — perguntei, deixando o local que ocupava, me sentando.
— Estou ótima.
Não demorou muito para que nossas respirações se normalizassem, mas teria sido momentos antes se não começássemos a nos beijar, o que era para ser apenas algo simples, pendeu para o lado intenso e o fôlego que recuperávamos não demorou a se tornar falho outra vez.
Em um movimento único e rápido, a puxei para meu colo e, pela primeira vez na noite, ela pode sentir meu membro desperto, com uma perna de cada lado de meu corpo, ela se esfregou em mim sem pudor algum, totalmente tomada pelo desejo e sem dúvidas queria me ver afetado igual a ela momentos antes.
Um gemido baixo escapou por meus lábios quando ela fez um movimento mais forte e eu jurei que seria capaz de chegar lá apenas com isso. Eu estava bem necessitado.
— Vai com calma. — pedi, sussurrando em seu ouvido, mas meus atos me contradizendo, já que minhas se prenderam a cintura de e a fiz repetir o movimento.
Comecei a puxar sua camiseta para cima com uma tranquilidade que não me pertencia, meus dedos não refletiam a ansiedade que havia em mim e era algo bom não parecer desesperado, apesar de estar em tal estado. Assim que o pano fora jogado por mim em qualquer canto, meus lábios se juntaram ao dela mais uma vez, nossos beijos cada vez mais carregados de luxuria e tesão se iniciou.
Muitos toques e mordidas, muitas arfadas para conter os gemidos, muitas esfregadas que me faziam quase chegar ao paraíso.
Minha blusa foi erguida e nos míseros segundos que paramos para conseguir puxar o ar para nossos pulmões, ela foi arrancada de mim. Para não perder tempo, a peça intima que abrigava os seios de foram a próxima a encontrar o chão.
Nossos sexos se friccionaram finalmente de uma forma inteiramente promiscua, o beijo que prosseguiu foi vivaz por um tempo considerável para ir morrendo à medida em que ela não conseguia mais o corresponder, apenas gemidos baixos saíam de seus lábios, queria dizer o quanto estava bom e o quanto eu gostava dela, sim, gostava dela.
Ela tentou me agradar também, mas assim que seus lábios tocaram meu maxilar, a segurei e trouxe de volta a sua boca até a minha, antes de falar, completamente rouco:
— Não.
— Por quê?
— Você não precisa. — respondi e meus lábios desceram por seu pescoço, parando na lateral de um de seus seios.
— Mas eu quero. — protestou.
Inverti nossas posições e prendi suas mãos com uma das minhas, não a respondeu, minha boca foi de encontro a um de seus mamilos e o instiguei com suaves lambidas e chupões, a língua rodeando o ponto mais vulnerável daquela área.
— Eu tenho camisinha, mas está em minha bolsa, na sala dos funcionários. — disse entre uma mordida leve em sua bochecha — Se quiser, posso ir buscar.
— Está tudo bem. — ela respondeu e completou — Comigo está tudo certo, com você também, né?
Afrouxei o aperto em seus pulsos e me ajoelhei a sua frente, minhas mãos pararam em seus ombros e foram descendo por seu corpo, devagar, parei apenas no cós de sua calcinha e aos poucos fui descendo a mesma.
— Sim. — respondi e a deitei, indo por cima novamente, meus lábios encostando nos seus em um selar carinhoso. — Mas não era por isso que eu estava preocupado.
— Ah, ah sim, pode ficar tranquilo quanto a isso. — garantiu sorrindo, meus olhos se fixaram nos seus e ela sorriu.
— Amanhã passamos numa farmácia. Só por garantia.
Foi a última coisa que disse antes de a beijar e deixarmos nossos corpos agirem levados pelo desejo. Senti seus arranhões em minhas costas quando meu membro brincou na sua entrada, mas ainda não podia a penetrar, sequer a tinha provocado mais, com isso em mente, fui descendo meus toques pelo corpo definido que possuía, lambendo e assoprando, a vendo arrepiar.
A vi fechar os olhos e apoiar sua testa próxima de minha clavícula quando conseguiu alcançar meu falo, arfei pesadamente assim que iniciou os movimentos de vem e vai, seu ouvido estava bem perto de minha boca e não precisei de muito para conseguir morder de leve seu lóbulo e sussurrar algumas besteiras para ela.
— Se eu te machucar, você me avisa. — avisei parando suas mãos.
Me posicionei e com uma única estocada, invadi de uma vez, apesar do pequeno incomodo que ela deve ter sentido, esperava que o prazer houvesse sido muito maior. Sai dela totalmente e voltei a penetrar da mesma forma, duas, cinco, várias vezes seguidas sem dar chances de recuperar da vez anterior.
O espaço à nossa volta era completamente preenchido com nossos gemidos e estalos do choque entre nossos corpos. Segurava sua cintura e a puxava para mim, cada vez que vinha contra meu íntimo, a cada instante, aplicava mais intensidade, indo rápido e forte.
Gemi sôfrego quando ela me apertou dentro de si, meu timbre rouco a fazendo repetir o ato.
— Queria te sentir mais. — confessou.
— Faz de novo então, quantas vezes você quiser.
Os lábios tão perfeitos, agora estavam inchados e avermelhados por nossos beijos, os meus não deviam estar diferentes. Perdi a noção do tempo e de qualquer coisa que não envolvesse junto com seus beijos quentes e envolventes.
Meus lábios beijavam cada parte de seu corpo que tinha contato, não cansaria nunca de dizer que ela era perfeita. Soltei sua cintura apenas para segurar em seu cabelo e o puxar para mim, mantínhamos um ritmo constante e acentuado, nós dois nos deleitávamos com as sensações do ato que a cada segundo parecia exigir por mais, mais uma estocada, mais um gemido rouco, mais fervor.
As investidas ficaram mais violentas quando nos aproximamos do final, precisava me aliviar, meu corpo pedia isso enlouquecidamente.
— Oh, merda. — soltou.
E no mesmo instante maneirei na intensidade.
— O que foi?
— Não, não para, pelo amor, continua. — pediu se abstendo da timidez de pedir algo assim — Mais, por favor!
Apertei sua cintura com ambas as mãos, voltando a entrar com veemência, me empenhava não apenas em me satisfazer, mas proporcionar prazer a nós dois. apoiava suas onde conseguia e eu mantinha o ritmo, ela era o encaixe exato em todas as medidas para mim.
O arfar seguido de um gemido cansado, ela gozou e enquanto apertava meu membro em si, não demorei para a acompanhar, tirando me de dentro dela e explodindo em suas coxas.
Ficamos quase uma hora deitados abraçados, era um novo sentimento que aquecia meu interior e era verdadeiro demais para ter vergonha de assumir, não queria me separar dela, depois que levantasse, cada um seguiria sua vida normalmente e ficaria por isso.
— ?
— Oi.
— Como foi?
— Ótimo. — respondeu e sorriu contra meu peito — Eu acho que gosto de você.
Capítulo 3
Estava mais uma vez cobrindo o cara da noite e nunca isso nunca aconteceu em um momento tão propício.
Sentado acariciando os cabelos de que agora estavam curtos e colorido, escutei o alarme da cozinha soar e não tinha como ser a dessa vez indo assaltar a geladeira. Fui para a mesa das câmeras e clicando em cada uma, fui seguindo os passos do invasor até quando ele chegou perto da escada e sabia o próximo passo, ali passava a fiação de toda a rede de câmeras da casa, sabendo qual desliga, ele acabava com o sistema de monitoração que eu tinha, e foi o que ele fez.
Sai do cômodo com a arma em punho, as luzes apagadas de dentro da casa não eram necessárias, pois as do lado de fora conseguia iluminar o cômodo o quanto eu precisava.
Segui passo após passo, parando perto dos fios das câmeras e religando porcamente o principal, das “imagens", então subi as escadas preparado para reagir a qualquer ataque que pudesse sofrer.
Passei pelo quarto de Willian só para garantir que o menino estava bem, então peguei a chave de sua porta e a tranquei. Ali aquele cretino não entraria.
Fui certo então para o quarto de e pelo reflexo do espelho do lado oposto da porta, conseguia ver uma parte do que aquele animal fazia. Estava novamente escrevendo na parede, o cheiro da tinta se espalhava pelo corredor e para que fosse pego em flagrante, tinha que esperar alguns minutos mais, ele tinha que terminar de escrever o que quer que fosse. Pensei em o dominar assim que se afastou, admirando o próprio trabalho, mas resolvi o pegar quando estivesse saindo do quarto.
Continuando observando seus passos, meu próximo ato foi o que me tirou do sério e agradeci aos céus por ela ter descido para me encontrar na sala de monitoramento. Sem nem hesitação, o cretino abaixou as calças e começou a se masturbar, não demorando para gozar e espalhar seu liquido pelo travesseiro e parte da cama dela.
Eu não lembrava de um momento em que eu tivesse ficado tão furioso em toda minha vida, garantiria que ele não usaria aquele pau para mais nada, então entrei no quarto, mirando em sua cabeça, ele não escaparia de mim.
— Não se mexa ou eu vou atiro. — disse com a voz rouca, pesada.
— Ora, finalmente contrataram alguém descente. — zombou e se virou, tirando a máscara que não tampava somente seus olhos.
Estagnei no lugar, paralisado, era somente por foto antiga que eu o conhecia, mas ele não havia mudado quase nada.
— Seu filho da puta doente, como pode fazer isso com ela?
— Não me diga que caiu nos encantos dela? Oh, céus!
— Fique quieto ou eu atiro. — ameacei.
— O plebeu se apaixonando pela princesa. O quão ridículo isso soa para você?
E então abaixei a mira para sua perna e não hesitei.
— Seu... Filho da puta!
— Olha a boca ou eu atiro na outra perna, porque sim, você vai sofrer na minha mão antes da polícia chegar.
E assim foi, me aproximei e o esmurrei até que estivesse próximo de desacordar, então perguntei:
— Como é que pode fazer isso com sua própria filha?
Antes que respondesse, o larguei no chão com brutalidade e ele desmaiou por si próprio.
O amarrei improvisando uma camiseta de como corda na cabeceira da cama da mesma, com a cara no próprio fluido e então sai do quarto para chamar a polícia, ainda dormia e fui até o sistema ver se estava tudo gravado.
Como já tinha tido, eu não era a melhor pessoa do universo, então apaguei a parte em que atirei no homem e toda surra que havia lhe dado. Depois de garantir que estava limpo, chamei .
— Ah não, , me deixa dormir um pouco mais. — pediu manhosa e eu ri — Só mais um minutinho.
Era muito fácil se apaixonar por ela cada vez mais.
— . — insisti, tinha que mostrar para ela quem estava por trás de tudo aquilo — O stalker, eu consegui pegar ele...
Ela se levantou rápido.
— Queria que fosse só uma surpresa atoa, mas é algo sério. — disse, esperando um pouco para que despertasse de vez.
pegou suas roupas no chão e depois de se vestir, joguei sobre seus ombros meu casaco que estava esquecido sobre o encosto e a abracei, sendo retribuído.
Respirei fundo.
— Você o conhece?
— Sim e infelizmente você também. Quer saber mais?
— Eu não sei, mas acho melhor não. — ela se aconchegou mais a mim — Obrigada por tudo.
— Vou chamar a polícia e uma ambulância ainda, desculpa por não ser bom como você, mas ele precisava sofrer um pouco. — revelei.
Ela não precisava agradecer e instintivamente saberia de quem se tratava, mesmo se não quisesse prestar nenhuma queixa atualmente.
Depois de alguns minutos apenas aproveitando o calor de seu corpo, me afastei dela para ligar para amigos que tinha na polícia e pedi para que viessem a casa de sem muito alarde, o quanto pudéssemos evitar a impressa, melhor seria.
— Agora esse pesadelo acabou, vou subir para pegar o Will e trazer para cá, pode ficar aqui dentro que eu resolvo tudo. — falei e ela assentiu.
Subi as escadas pegando a chave do quarto do menino quer continuava da mesma maneira que tinha visto antes.
Trabalhar para ela não foi o sonho virando pesadelo, mas sim um pesadelo de transformando em um sonho. Não estávamos mais sozinhos tendo que lidar com o mundo, tínhamos um ao outro e agora poderíamos sorrir verdadeiramente.
Fim.
Nota da autora: Céus, acho que se o limite da fic fosse 80 páginas, eu escreveria as 80 . Fazia tempo que tinha a ideia para essa fanfics, mas nunca tinha tido algo que me motivasse a passar a ideia pro papel. Não ficou como eu queria, pq se fosse, passaria de short fic para long fic em um piscar de olhos KKKKKKKKK Bem essa é minha primeira fanfic postada no ffobs e espero muito que tenham gostado, fazia um tempinho que não escrevia algo tão long de uma vez só, foi uma experiencia bem divertida que espero logo seja repedida.
Muito obrigada a todos que leram e desculpa Mayh pelo exagero KKKKKK
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Muito obrigada a todos que leram e desculpa Mayh pelo exagero KKKKKK
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