01. Let The Good Times Roll (I/II)
guardou seu livro de física no armário e o trancou em seguida. Estava satisfeita com sua nota A+ na prova da aula anterior, mas agora só queria dar um tempo em cálculos e ficar sossegada.
Ajeitou os óculos e encostou no armário à espera de , seu namorado.
Avistou o garoto saindo da sala de aula e se recompôs. Ela gostava de admirar a forma descontraída dos passos do rapaz, sempre despreocupado com o mundo ao seu redor. Por mais que as garotas suspirassem apaixonadas pelo menino, sabia que só tinha olhos pra ela. Podia ser o mais popular e mais bonito do último ano, mas ainda sim era só seu e ela se sentia abençoada por isso.
sorriu ao ver a namorada e foi até ela.
- Você fica melhor sem esses óculos horrorosos. - o garoto disse, tirando os óculos da menina e colocando no bolso da sua jaqueta jeans.
- Você sabe que eu não enxergo nada sem eles.
- Tudo bem, eu guio você.
passou um braço ao redor dos ombros de e os dois começaram a caminhar para fora da escola.
- Não quero ir pra casa. - a garota resmungou enquanto desciam as escadas. - Não quero mesmo ir.
- Você ainda não contou à sua família sobre nós, não é?
- É complicado...
- Já faz seis meses, , uma hora eles têm que saber.
- Eu sei, mas... Eu não consigo dizer. Te falei como meu pai é, se te ver vai imediatamente me colocar de castigo pro resto da vida.
- Eu não sou tão ruim assim. - disse bem humorado, na tentativa de melhorar o clima.
- Você é incrível, mas tenta explicar isso pra ele...
Caminharam mais um pouco até a moto do garoto no estacionamento. pegou seu capacete e entregou outro para .
- Você tá com fome?
- Um pouco.
- Vem, vamos comer alguma coisa no pier.
Os jovens moravam em Santa Mônica, Califórnia, e o famoso pier era o lugar favorito deles, onde podiam ser quem quisessem ser sem se preocupar com os olhares indiscretos das pessoas que os julgavam por terem aparências tão diferentes. Uma garota normal, um garoto desajustado.
- Você me entende, não é? Entende que estou tentando. - disse enquanto se sentavam na areia da praia.
- É claro. Quero dizer... Eu não queria ter que pular nenhuma janela quando seus pais chegassem, mas eu entendo.
tirou do bolso um maço de cigarros. Pegou o primeiro, acendeu e levou aos lábios. Deu uma tragada longa e então expirou a fumaça. deitou a cabeça no ombro do namorado e fechou os olhos. O barulho das ondas do mar faziam-na se acalmar e esquecer que seu tempo estava acabando e ela teria que enfrentar sua família.
- Eu estava pensando se você gostaria de ir pra Malibu no fim de semana. - disse após um tempo em silêncio. - Só nós dois. Minha tia mora lá, ela não se importa de nos receber.
- Malibu? - abriu os olhos e olhou para .
- É, pra gente pensar em alguma solução pra isso, ficar longe dessa tensão e deste medo de sermos descobertos... O que você acha?
- Acho que pode ser bom. - sorriu. - Não, eu acho que pode ser épico. Vou dizer que vou viajar com a . Você é um gênio, . - ela disse por fim e o beijou.
Quando chegou em casa, a primeira coisa que fez foi ligar para sua melhor amiga, , e contar a idéia pra ela. era uma garota sensata e sempre tinha uma resposta na ponta da língua. No começo desconfiava do relacionamento de e , não confiava no garoto por causa da imagem que ele passava, mas com o tempo percebeu o quanto um fazia bem ao outro. achou melhor ir até a casa da amiga para conversarem melhor sobre a viagem. Estava preocupada pois o plano podia falhar miseravelmente.
- Me conta melhor essa história. - disse, se sentando na cama da amiga.
- Você precisa me acobertar. - começou a falar baixo, pois os pais estavam no andar de baixo. - Vou dizer aos meus pais que você me chamou pra ir pra Burbank e você vai concordar. A gente diz que os celulares não funcionam lá.
- Não é meio arriscado, ?
- É arriscado, mas eu preciso desse tempo. Nós precisamos, . Eu tô muito tensa, não aguento mais isso.
- Seu pai vai ficar uma fera quando descobrir.
- Até lá eu estarei pronta. E aí, o que me diz? Você vai me ajudar?
- Já que vocês querem muito, então eu faço.
As meninas continuaram arquitetado o plano nos mínimos detalhes para que não houvesse nenhuma falha de comunicação entre elas. topou passar o final de semana sem sair de casa para que a amiga tivesse a oportunidade de esvaziar a cabeça repleta de pensamentos ruins. Ainda tinha suas dúvidas quanto ao , mas não podia negar o quanto o rapaz fazia bem à sua melhor amiga e pra ela foi o suficiente.
- Vai dar tudo certo. - abraçou a amiga. - Deixe os bons tempos rolarem.
foi pra casa se sentindo aliviada. Estava feliz por poder contar com e mal podia esperar pelo final de semana mais emocionante de sua vida.
A menina entrou em casa e se deparou com os pais recebendo visitas. Na sala de jantar eles jantavam acompanhados pelos tios da garota.
- , que bom que você chegou. - sua mãe disse sorrindo. - Junte-se a nós, querida.
cumprimentou os tios, se serviu e se sentou à mesa com a família. Estava tão feliz que podia tolerar seus parentes por alguns minutos. Ela se limitou a ouvir tudo e embora não concordasse com as ideologias da sua família, ficou quieta e decidiu não se intrometer.
- E então, ? Já sabe que faculdade fazer?
estava pronta para responder, mas seu pai respondeu primeiro.
- vai cursar direito em Stanford, está se preparando pra isso.
- Stanford? Isso é ótimo, . - seu tio disse admirado, sorrindo para a garota. - A tradição vai se prolongar por mais uma geração.
apenas sorriu educadamente em resposta. Não queria ir para Stanford e muito menos cursar direito, mas toda a sua família desde a geração do seu avô eram advogados ou qualquer outra profissão formados em Stanford. não sabia pra qual faculdade ir e nem qual curso fazer, mas decidiu mais uma vez fazer o que seus pais queriam pra ela.
Aproveitou quando o foco da conversa mudou e mandou uma mensagem ao namorado:
...
Ao anoitecer, esperou os pais dormirem para ligar para . Assim que o rapaz atendeu, eles começaram a conversar, mas dessa vez o assunto era a faculdade de ambos.
- Não sei mesmo o que fazer. - suspirou pesado. - Não quero ir pra Stanford e nem ser advogada.
- Você precisa se decidir, . - disse rindo. - Eu ainda não sei o que quero mas a pressão é menor aqui em casa. Diga aos seus pais que você não quer.
- Eu... Eu não consigo. Se eu não fizer o que eles querem, provavelmente nunca mais vão olhar na minha cara.
- E isso não é um bônus? , você tá presa numa bolha, uma vida que não é a sua. Olhe ao longe, amor, deixa o seu destino se desdobrar.
- Não é tão fácil quanto parece...
- Sei que não, mas você vai conseguir. Se tudo der errado, você vai me encontrar no final.
- Eu te amo. - sorriu mesmo que não a visse. - Obrigada.
02. Let The Good Times Roll (II/II)
pediu permissão aos pais para viajar com no fim de semana para Burbank. Ela disse tudo o que ela e combinaram na tentativa de convencer os pais que até um ou dois anos atrás não deixavam sequer a filha ir para a escola sozinha. Felizmente eles consideravam uma boa companhia.
- Por favor. Tenho andado muito estressada ultimamente por causa da faculdade e preciso muito esfriar a cabeça um pouco. - se justificou.
- Está bem, , você pode ir. - o pai disse por fim. - Não quero que a faculdade acabe se tornando um problema pra você ao invés de uma solução.
- Obrigada, pai. - sorriu e pegou a mochila no sofá.
- Agora vamos, querida, não vai se atrasar pro colégio. - sua mãe pegou as chaves do carro e então as duas saíram.
entrou no carro de sua mãe e colocou o cinto de segurança. Sua mãe ligou o carro e deu partida. A menina, não podendo se conter de alegria, decidiu fazer uma pergunta inusitada pra mãe.
- Mãe...
- Sim?
- Eu... Hum... Com quantos anos você teve o seu primeiro namorado?
- Primeiro namorado? Deixa eu ver... Acho que eu tinha a sua idade. Por quê?
- Tem um garoto, mãe... Eu gosto dele. - encolheu os ombros e sentiu o estômago revirar ao mencionar . - ele nem sabe disso, não temos nada, mas... Tenho medo do que o papai poderia achar.
- Um garoto? E como ele é?
- Ele é lindo. - sorriu. - Muito inteligente e divertido.
- E a família dele?
- Ele é de boa família.
já havia conhecido a família do namorado, mas sabia que não se encaixava no padrão da família . Se ela não tivesse ido até a casa do garoto, jamais saberia sobre a família dele porque não gostava de mencionar seus parentes em hipótese alguma.
- Isso é ótimo, filha... Seu pai...
- Não, eu ainda não vou falar nada pro papai. Ele acha que eu sou uma boneca de porcelana.
- Não diga isso, , seu pai se preocupa com você.
- Mãe, daqui dois meses farei dezoito anos, não vou pedir permissão pra namorar. Eu tô te falando do porque eu...
- ? O nome dele é ?
- É. - se xingou mentalmente porque ainda não pretendia dizer o nome dele.
- É um nome bonito...
- Eu sei. Mas voltando, mãe, eu gosto dele e só quero que vocês o conheçam um dia se caso a gente dê certo.
- Eu posso tentar convencer o seu pai...
- É sério?
- , você não é mais uma criança pequena e eu aprendi a enxergar isso, só falta o seu pai.
-Obrigada, mãe.
entrou no colégio com . As duas se encontraram na entrada e ficaram conversando um pouco até chegar e ir se encontrar com o seu namorado, .
- Falei com a minha mãe. - disse antes de dizer uma palavra que fosse.
- O quê? - tirou alguns livros do seu armário. - Isso é sério? Não brinca comigo, .
- Não, é sério. Eu não contei que estávamos juntos, mas falei que gostava de alguém, especificamente você. Ela fez algumas perguntas, mas aceitou numa boa. Agora ela vai ficar rondando o meu pai.
- Não me diga que você...
- Eu tive que falar da sua família, mas...
- ! Quantas vezes eu já disse que não gosto que as pessoas saibam sobre isso? - fechou a porta do armário e começou a caminhar em direção à sala de aula.
- Desculpa, . - foi atrás tentando seguir os passos apressados do rapaz. - Eu não falei nada demais, tá? Não entrei em detalhes, sei que você não gosta. Olha, ela só me perguntou "e a família dele?" e eu respondi que era uma boa família. Juro que não fiz por mal, , me perdoe.
- Acontece que não é uma boa família. - se virou para encarar .
- Você me entendeu. Parece que eu não sou a única que precisa superar alguma coisa, né?
- É diferente.
- Não, não é. Eu tenho medo de desacatar o meu pai e você tem medo de algum dia ficar engravatado que nem o seu. Estamos em situações parecidas, , mas não somos os nossos pais, ok?
- Tem razão. Me desculpe, eu exagerei.
- Exagerou mesmo. - tirou os óculos da mochila e os colocou. - E antes que você diga alguma coisa, eu não enxergo nada sem eles.
- Na verdade, você fica bem sexy com eles...
- Mentiroso.
- Preciso ir, os rapazes estão me esperando. - pôs as mãos no rosto da namorada e a beijou de leve nos lábios. - Boa aula.
- Obrigada, nos vemos no intervalo.
assentiu e seguiu seu caminho. foi pra sua primeira aula do dia que era matemática. Não era sua preferida, mas ela precisava mais do que nunca se sair bem, caso contrário, Stanford se tornaria um objetivo muito distante.
No sábado de manhã, estava com a mochila pronta para o fim de semana em Malibu. Se despediu dos pais pela manhã dizendo que iria para a casa de .
apenas virou a esquina para ficar esperando e às oito horas da manhã em ponto, chegou na sua moto. Recebeu a namorada com um beijo caloroso e entregou um capacete pra ela.
- A gente tem que ir antes que alguém me veja, aqui nesse bairro as paredes têm ouvidos, sabia? - perguntou, montando na moto.
- Eu sei. - riu e ligou o motor. - É melhor se segurar.
abraçou o namorado mesmo estando de mochila também e logo a moto já estava em movimento pronta para pegar a estrada.
se sentia livre pela primeira vez na vida, livre para ser quem quisesse ser e fazer o que bem entendesse. Estava seguindo em frente, deixando os bons tempos rolarem, como costumava dizer e agora tudo fazia sentido. Estes eram os bons tempos e ela estava deixando rolar, olhando ao longe e deixando seu destino se desdobrar. Estava decidida a enfrentar os pais assim que voltasse, embora estivesse conseguindo convencer sua mãe de que já não era uma criança e havia sobrevivido àquela inocência imposta por seu pai, aquela figura pura e imaculada que ela deveria ser. sabia que não queria isso pra si mesma, tudo o que queria estava bem ali embalado nos seus braços.
e chegaram em Malibu por volta das duas da tarde e foram muito bem recebidos pela tia do rapaz. gostava de tia por não ser arrogante como o resto da família. Ela os recebeu de braços abertos, conversou um pouco com e serviu o almoço, pois sabia que os garotos estavam com fome. De tarde ela saiu e deixou os adolescentes a sós.
Se enganou quem pensou que os dois aproveitaram aquele tempo sozinhos de outro jeito. Estavam ambos na varanda da casa de frente para a praia, admirando o sol se pondo.
- Esse lugar é tão bonito. - disse após um tempo em silêncio. - Eu poderia ficar aqui pra sempre.
- Era o meu lugar favorito quando eu era criança... Acho que não mudou muita coisa... - riu. - Quando eu venho aqui, sinto que posso ser quem eu quiser.
- Eu estou pensando a mesma coisa. - sorriu. - E quem você é agora?
- Alguém com um pé numa vida perfeita e com outro na sarjeta.
- E o que seria uma vida perfeita pra você?
- Isso. - finalmente olhou pra namorada. - Nós, esse lugar, minha música. Sarjeta é toda aquela coisa que me colocam lá em casa... Você consegue entender? - concordou. - E eu tô dividido que nem você. - Eu tô tão perto de mandar todo mundo ir tomar no cu, mas tão longe de ser totalmente feliz... Isso faz sentido pra você?
- Faz sim. Tão perto de uma coisa, mas tão longe ao mesmo tempo...
- Tô tão cansado desse cabo de guerra que só me puxa pra baixo, ... Você não está?
- Estou, por isso decidi que vou enfrentar meu pai quando voltarmos. Vamos puxar esse cabo de guerra pra cima e seguir em frente. Não tem como piorar, né?
- Eu já disse que se você cair, eu vou te levantar.
- Eu sei que vai...
- Sabe... - desviou a atenção pro mar e mudou de assunto. - Eu tô louco pra pular na água... Você não está?
- Deve estar gelada, mas acho que sim. É, eu tô com vontade também. - riu.
- Quer apostar uma corrida?
- Tá de brincadeira, não é?
- Não, não to. - tirou a camiseta e jogou-a no chão. - Tá com medo de perder?
- Nunca.
também começou a se despir e logo os dois estavam apenas de roupas íntimas. Pularam a cerca e sentiram a areia fofa e quente nos pés, então contaram até três e saíram em disparada na direção do mar. Era uma boa corrida e na metade do caminho já sentiam os músculos implorarem por descanso. chegou primeiro na água enquanto chegou logo em seguida e se sentou na areia molhada, completamente sem fôlego.
- Eu ganhei! - ergueu os braços em comemoração. - Quem é o homem mais rápido do mundo?
- Barry... Allen. - respirou ofegante.
também estava cansado, então se sentou ao lado da namorada. Em seguida veio uma onda e os cobriu a metade do tronco.
- Não vamos ficar aqui sentados, vamos?
- Não, , é claro que não... Eu só... Preciso recuperar o fôlego.
respirou fundo algumas vezes e então se levantou.
- Vamos pro fundo, quero nadar um pouco.
se levantou também e os dois correram um pouco até a água atingir a altura do umbigo, então mergulhou primeiro. Ficaram ali até o anoitecer quando acharam melhor voltar pra casa.
- Foi divertido. - disse quando se aproximavam da casa. - Podemos fazer isso amanhã?
- É claro, vai ser ótimo. - sorriu e então pulou a cerca baixa em um impulso rápido.
Ajudou a pular e se secaram com as roupas que tinham deixado ali pouco antes. O que menos queriam era dar trabalho para a tia que estava sendo muito gentil com eles.
- Você pode tomar banho no banheiro do seu quarto, eu tomo aqui em baixo. - disse enquanto iam até a cozinha beber um copo de água.
viu um bilhete na porta da geladeira e foi pegar. Ao ver que era um recado, leu em voz alta para que também ficasse sabendo.
- Saí com algumas amigas e não tenho hora pra voltar. Juízo, crianças. Tia Heather... Legal, estamos sozinhos.
- Finalmente, não é? Só aqui pra isso acontecer... Vou ir pegar minha roupa no quarto, você vem?
- Claro, vamos.
Os dois tomaram banho em banheiros separados e depois decidiram assistir a um filme no quarto em que estava hospedada. Escolheram uma comédia romântica, mas logo no começo já estavam fazendo algo melhor.
Os beijos eram intensos, algumas peças de roupas estavam jogadas pelo chão e as mãos do rapaz deslizavam pelo corpo da garota. Era a primeira vez dos dois e nada poderia estragar aquele momento.
- Eu te amo. - disse entre os beijos. - E eu tô pronta.
- Você tem certeza? - parou de beijar a namorada e a olhou. - Não farei nada que você não queira.
- A única coisa que eu quero é você. - disse.
- Não sou tão experiente quanto você pensa.
- Eu também não.
sorriu e voltou a beijá-la. Eles continuaram as preliminares até não haver mais nenhuma peça de roupa os separando. se posicionou e abriu suas pernas para que ficasse mais confortável e então sentiu a penetração bem devagar vinda junto da dor da primeira vez. Uma lágrima escorreu pelo rosto dela, mas não queria que visse.
- O que foi? O que eu fiz?
- Nada... só... continue. - soltou um longo suspiro quando o namorado começou a fazer o movimento vai e vem.
tinha medo de machucá-la, queria que fosse especial pra ela como estava sendo pra ele, então fazia o movimento devagar entre carícias e beijos carinhosos, mas quando sentiu as unhas de cravando nas suas costas e o pedido para intensificar, sabia que ficaria melhor. Os gemidos de ambos aumentavam conforme os movimentos se intensificavam e ficavam mais fortes. Ele segurou as coxas dela com força quando estavam chegando ao orgasmo e jogou a cabeça pra trás, soltando um gemido de prazer quando chegaram aos seus limites. Ele caiu ao lado dela e logo os corpos suados estavam abraçados e suas respirações ofegantes.
- Você gostou? - perguntou após tomar fôlego.
- Eu amei. - olhou pra ele. - Foi perfeito. Me saí bem?
- Você é boa em tudo o que faz. - ele sorriu e ela deitou a cabeça sobre o peito dele.
Logo adormeceram.
03. You Know It's Gonna Get Better
O final de semana foi perfeito para os dois, mas como tudo o que é bom dura pouco, aqueles dois dias chegaram ao fim e no domingo a noite e voltaram para Santa Mônica, voltaram para a vida que não lhes pertencia.
parou a moto em frente à casa de , então ela desceu da garupa e o beijou.
- Obrigada por tudo. - ela sorriu. - Foi tudo perfeito. Você é perfeito.
- Ninguém é perfeito, , exceto você na cama. Supera os limites da perfeição.
- Eu não sei fazer nada.
- O quê? Ontem a noite foi bom, mas hoje de manhã, você por cima... Você conseguiu me deixar louco. - Os dois riram e o assunto morreu ali. - É melhor você entrar.
- Eu sei, vem comigo.
- O quê?
- Vem, , quero te apresentar pro meu pai.
- ...
- Vai andar pra trás agora? Não foi você que disse pra eu olhar ao longe? Eu tô olhando... Vem, , por favor.
- Está bem. - disse por fim, desligou a moto e desceu dela. - Vamos acabar com isso logo.
Eles deram as mãos e caminharam em passos decididos até o hall de entrada. abriu a porta devagar e respirou fundo após chamar os pais.
- É agora. - disse mais para si mesma do que para . - Estou pronta.
- Independente do que acontecer aqui, eu te amo e tenho muito orgulho de você por estar fazendo isso.
- Obrigada... Eu te...
- ? Já chegou? - seu pai desceu as escadas com sua mãe atrás.
- Sim, papai, já cheguei.
O pai da garota reparou que estava lá. Não soube conter sua surpresa por ver sua filha acompanhada por um garoto de calças rasgadas.
- Boa noite. - disse cordial.
- Boa noite, senhor. - encolheu os ombros. – Senhora. - a mulher fez um leve aceno com a cabeça em resposta.
reparou em como era parecida com sua mãe. A cor dos cabelos, os olhos e o porte físico. Era como ver sua namorada vinte anos no futuro, embora a mulher aparentasse ser mais jovem do que realmente era.
- ? Pode explicar o que está acontecendo aqui?
- Pai, esse é o , meu namorado.
O homem abriu a boca, mas som algum saiu da mesma. Procurava palavras que descrevessem sua surpresa, mas nenhuma era suficiente. Ele sempre foi o tipo de pai controlador. Apenas agora estava tendo um pouco mais de liberdade, mas um namorado estava fora de questão, ainda mais se tratando de alguém que parecesse ter saído de uma banda de pop punk dos anos 90.
- Namorado?
- É, pai, meu namorado.
- Achei que já tínhamos conversado sobre isso.
- Não vou me casar com um advogado formado em Stanford. Estou apaixonada, pai, o senhor pode aceitar isso?
- Não, eu não posso aceitar. Você não precisa disso, , não precisa criar raízes aqui em Santa Mônica. Isso não vai pra frente.
- Mas pai...
- Não é não! Você não vai continuar com esse namoro idiota e fim de papo!
estava bem atrás de recebendo o olhar furioso do senhor . Tinha medo de dizer alguma coisa que o prejudicasse, mas tomou a palavra porque sabia que seu relacionamento não era idiota.
- Senhor, eu discordo, nosso relacionamento não é idiota. Eu amo a sua filha. - mostrou as mãos dadas dos dois. - Se me der uma chance eu posso provar que não sou o que está pensando.
- Por favor, pai... - os olhos de começaram a marejar. - Estou tão feliz! Nunca senti nada parecido, é tão bom... - sorriu em meio às lágrimas. - Por favor... Mãe, diz pra ele que a senhora entende.
- Ela tem razão, querido... Olhe como eles combinam. - a senhora disse embora estivesse tão surpresa quanto seu marido. - tem quase dezoito anos e algumas decisões não cabem a nós tomarmos por ela.
- Se vocês estão achando que eu vou mudar de idéia, estão muito enganados! , se despeça do rapaz e vá pro seu quarto. Enquanto a você, meu jovem, fique bem longe da minha filha, ouviu bem? Tenho planos melhores pra ela.
- Eu não sou sua marionette! - não pôde conter sua raiva. - não vim aqui pedir tua permissão, pai, vou continuar com o o senhor queira ou não! Eu cansei, ok? Cansei de ser sua filhinha perfeita! Posso dizer que sobrevivi à sua ignorância, resisti à essa inocência que o senhor me impôs. Eu vou lutar pelo que eu quero, não vou mais abaixar a cabeça pra tudo o que você diz!
caiu em prantos e abraçou . O garoto, por sua vez, evitava olhar na direção do sogro furioso. Queria dizer algumas verdades, mas lhe faltou coragem.
- Então é isso? Você vai desperdiçar tudo o que eu te dei? - o pai mudou seu tom de voz para triste sem receber uma resposta. - Tudo bem... Espero que você consiga pagar a faculdade do seu próprio bolso.
Sem mais demandas, ele deu as costas e subiu as escadas. Ouviram uma porta batendo no andar de cima e se sentiu ainda pior.
-Eu sinto muito, mãe. - a garota abraçou sua mãe.
-Tudo bem, querida, tudo bem. - a mulher afagou os cabelos da filha. - Eu vou falar com ele...
- Não precisa, eu não quero voltar a ser manipulada por ele. - elas se separaram e secou as lágrimas. - Sinto muito, mas eu não quero ser advogada e nem ir pra Stanford.
- Eu vou te apoiar na sua decisão.
- Obrigada, mãe.
- . - chamou a atenção para si. - Eu não queria causar isso.
- Você não fez nada, ok? Ele não ia morrer se te desse uma chance.
- Eu vou pra casa, acho que você precisa ficar sozinha e se acalmar.
- Não, eu vou com você, não quero ficar aqui. Se importa, mãe?
- Só não volta tarde.
- Tá. Vamos, .
- Tchau, senhora , foi um prazer conhecê-la.
- Tchau, querido. Se te serve de consolo, eu posso te dar uma chance. Sei o quanto minha filha gosta de você e posso aceitar isso.
- Obrigado... Até mais.
e saíram da casa e foram até a moto. Colocaram os capacetes e ainda com as mochilas nas costas, montaram na moto.
- Você quer ir pra onde? - perguntou ligando o motor.
- Só pega a estrada, vamos andar sem rumo por aí.
- Mas é perigoso, .
- Vai, .
deu partida e alguns minutos depois, pegaram a estrada na direção de San Francisco. Estava escuro e aquilo deixava desconfortável. Por mais que já tivesse feito aquilo antes, ele não gostava de pegar a estrada de noite.
-Você tá bem? - o rapaz perguntou após um tempo em silêncio.
- Vou ficar. - respondeu alto - ainda não acredito que meu pai é tão ignorante.
- Sei que ele só se preocupa com você.
- Não, ele quer que eu seja uma nova versão dele mas eu não quero ser.
- Você pode ser quem quiser. Vou te amar de qualquer jeito.
- Obrigada, eu te amo. - a moto virou em uma curva perigosa. - Cuidado!
Um clarão veio na direção deles. Foi tão rápido que não teve tempo de desviar. A última coisa que sentiu foi segurando-o com força e então, em um piscar de olhos, a moto se chocou contra o carro que vinha na contra mão e os dois foram arremessados para longe com metros de distância um do outro. Entre ossos quebrados, mochilas rasgadas e sangue na pista, o capacete dele não resistiu ao forte impacto contra o chão e a frente perfurou o seu rosto enquanto ela quebrou o pescoço na hora da batida, caindo morta no asfalto.
Um sonho adolescente havia acabado junto com um amor pelo qual e dedicaram suas últimas horas lutando por ele. Suas preocupações, medos e inseguranças iriam junto com eles e não teriam que se preocupar com mais nada. Pra onde quer que fossem, se é que fossem, estariam em paz...
havia deixado um buquê de flores no túmulo dos amigos e agora olhava para o que um dia foram dois jovens apaixonados. Já havia se passado um ano e a garota foi aceita em Oxford para o curso de História da Arte. Se mudou para a Inglaterra, mas foi passar as férias de verão com os pais na Califórnia e decidiu visitar o túmulo pois aquele primeiro de agosto era pra ser um dia festivo mas que pela segunda vez se tornou motivo de choro.
- Eu sinto tanto a sua falta, amiga... Sinto falta de vocês dois... Sinto saudades de ver vocês pelos corredores do colégio sorrindo um pro outro. - tentou conter as lágrimas, mas era em vão. - Sinto muito, , mas não tenho notícias da sua família... Ouvi dizer que se mudaram para a Austrália, mas nada a mais do que isso... Nunca mais falei com os rapazes desde que e eu terminamos, mas tenho certeza de que eles são os que mais sentem sua falta. Espero que você esteja cuidando da aí do outro lado porque ela sempre vai ser a minha melhor amiga, ok? Amiga... Você seguiu meus conselhos e eu me orgulho tanto de você! Não é a mesma coisa sem você, mas eu vou continuar seguindo em frente, ok? Por você. Eu te amo muito mesmo... Encontrei sua mãe ontem e ela está bem melhor. Perder você e depois se divorciar não foi nem um pouco fácil pra ela. Já o seu pai... Ele não está bem, se culpa por ter sido tão rígido, diz que se não fosse pela arrogância dele, você estaria viva e feliz... Espero que você o perdoe porque ele mudou muito... E quanto a mim, eu estou seguindo, a faculdade é cansativa, mas é ótima... Só é horrível ficar tanto tempo longe de vocês mesmo que agora vocês se resumam a nada... Ao menos as famílias concordaram em enterrar vocês lado a lado, assim vocês podem ficar juntos como sempre quiseram... Agora eu preciso ir... Feliz aniversário, , não é todo dia que se faz 19 anos, não é? Espero que aonde quer que vocês estiverem, estejam felizes e cuidando um do outro... Eu amo vocês pra sempre... Até.
se virou e estava pronta para ir embora quando se lembrou do que ia realmente fazer ali. Pegou a caneta permanente no seu bolso e se ajoelhou na frente das duas lápides. Na lápide de , ela escreveu com sua letra delicada “let the good times roll’, seu lema que dizia sempre que a amiga estava com problemas, já na lápide de ela escreveu ‘you know it's gonna get better” pois essa frase representava muito bem o amigo, ele era uma das pessoas mais otimistas que já conheceu.
Feito o que tinha que fazer, secou suas lágrimas, se levantou e foi embora. Ainda doía nela tanto quanto no dia em que descobriu a notícia naquele cinco de junho mas fazia questão de contar para cada pessoa que conhecesse a história de um casal que enfrentou tudo e todos pelo amor, que não se deixaram abater por nada e que permaneceram juntos até na hora em que a morte os acolheu.
sabia que nunca mais veria sua melhor amiga mas estava em paz por saber que ao menos e deixaram os bons tempos rolar.
Fim.
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