Capítulo Único
:
Ela era a garota mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. era simplesmente a garota dos meus sonhos. Era inteligente. Conquistara a vaga dos seus sonhos na empresa projetista local e se formara com êxito em Arquitetura pela faculdade que sempre quis. Era talentosa. Mesmo seus primeiros projetos tinham lhe dado um nome dentro da empresa onde estagiava, além de ser uma aluna exemplar. E linda. Seria modelo com facilidade, se lhe conviesse. Era educadíssima, além de ser extremamente discreta. Passava grande parte das noites em casa e, de vez em quando, se dava ao luxo de sair com algumas amigas. Iam geralmente ao pub da cidade. Lembro-me de tê-la visto lá uma ou duas vezes. Sempre com um Dry Martini nas mãos, muito bem vestida, maquiada e sempre sorrindo. Ela era feliz. Tinha tudo o que lhe passara pela cabeça um dia.
E eu? Eu não era ninguém. Ninguém que merecesse uma vaga no universo perfeito de . Músico fracassado, sem formação superior. De vez em quando, eu consegui a façanha de tocar em algum barzinho. Era o que eu fazia na primeira vez em que a vi. Ela brilhava, por mais que não houvesse nenhum foco de luz sobre ela. Tão linda. Os cabelos balançavam, e o sorriso abria a cada passo de dança que ela dava. Me controlei para não parar de cantar quando a vi. Ela era realmente de deixar qualquer cara sem palavras. com certeza era uma pessoa feliz. Seus olhos, seu sorriso, sua risada exalavam felicidade. Quando a vi, foi como se um pouco da felicidade dela passasse para mim. Passei a sorrir mais, mesmo sem tê-la por perto. Só o fato de tê-la visto, pelo menos uma vez, tornava tudo mais feliz.
Então, era isso. Eu estava apaixonado por sem nem mesmo ter conversado com ela. Eu tinha visto a garota uma vez na minha vida, e estava apaixonado. é a garota pela qual valeu a pena esperar. E como eu esperei!
Não vamos dizer que a vida amorosa de um músico mal sucedido seja ruim. De vez em quando, uma garota ou outra conseguia atrair a minha atenção, e até tive alguns relacionamentos mais sérios. Mas nenhuma garota teve sobre mim o mesmo poder que teve. Nenhuma me trouxe os sorrisos que trouxe. Nenhuma outra garota me proporcionou tanta alegria, sem uma palavra sequer, quanto .
Eu nunca tinha trocado uma palavra com . Não conhecia o som da voz dela, a sonoridade de palavras saindo da sua boca. Até uma noite. Eu estava tocando no pub, como era minha programação em grande parte das noites. Porém, aquele dia 15 de maio, do qual eu guardo até hoje a recordação, seria especial. Eu sabia que ele seria inesquecível. Como poderia esquecer?
- Flashback-
- Oi – ela disse, tímida.
Seu “oi” era carregado de insegurança e hesitação, mas, ao mesmo tempo, tinha uma ponta de confiança. Assustei-me e derrubei o microfone no chão. Toda a aparelhagem estava desligada, e agradeci por isso.
- Oi – eu respondi, me abaixando e pegando o microfone. - Tudo bem?
- Tudo.
- Que bom.
- Só queria dizer que eu adorei o show hoje. Assim como os outros – ela disse, quebrando o silêncio que se perpetuara por alguns instantes.
- Obrigado. Gostaria eu que todos tivessem essa sensibilidade pra música como a sua.
Ela sorriu.
- Bonito sorriso – eu elogiei. Ela sorriu de novo, olhando para o chão. – Qual o seu nome?
- . .
- ? Diferente, huh?
- É brasileiro. Tenho ascendência direta. Minha mãe.
- Jura?
- Por qualquer coisa. Aquela história clichê de sempre.
- Intercâmbio?
- Bingo.
- Já ouvi várias histórias desse tipo. É muito comum. Britânicos são irresistíveis.
Ela soltou uma gargalhada gostosa. Além da boa aparência, era bem humorada. Tinha como aquela garota ficar mais incrível?
Tinha.
- Você toca em outros lugares?
- Às vezes no Olivio’s, domingo à noite. Noite de música ao vivo. Vou tocar lá amanhã.
- Legal. A carreira da música é difícil?
- Difícil é começar. Depois disso, deslancha.
- Legal.
- Você trabalha com...?
- Arquitetura. Ainda estou na faculdade, teoricamente, mas já fiz alguns bicos. Deu pra provar da experiência. Divertido.
- Arquiteta. Isso é incrível. Como o Chandler de FRIENDS.
- É. Não acredito que você assiste a esse seriado. Achei que ninguém mais assistisse.
- Nunca encontrei algum que se comparasse a FRIENDS.
E nossa conversa fluiu como se fossemos melhores amigos. Nossas semelhanças não paravam no gosto pelos seriados. Tínhamos praticamente a mesma composição familiar, gostos musicais semelhantes, costumes extremamente parecidos. podia ser o que todos chamam de alma gêmea. A minha alma gêmea.
Nossos encontros passaram a ser mais frequentes. passou a ir ao Olivio’s, nos domingos em que eu tocava, e passamos a tomar café juntos praticamente todos os dias. Ela gostava de me ver tocar, apenas por me ver tocar. Dizia que gostava da forma como as notas saiam das cordas do violão quando meus dedos as tocavam. Gostava de como eu cantava cada palavra de uma canção com amor a cada uma delas.
:
Foi fácil me apaixonar por . Foi quase inevitável. Foi como se cada órgão e sistema do meu corpo se apaixonaram por ele. Quando eu conversei com ele, naquela noite, naquele pub, foi como se meu coração finalmente reconhecesse a quem ele sempre pertenceu.
Fiquei encantada com . Sua alegria no palco. A felicidade na sua voz. Sua expressão singela, sua voz calma e seu jeito sereno. Meu coração foi roubado desde a primeira vez que eu ouvi a sua voz. Desde a primeira vez que eu o ouvi tocar. E, quando conversamos, parecia como se nos conhecêssemos há anos. Foi tão natural. Tão simples. Tão... destinado. Planejado. Foi como se o mundo conspirasse completamente ao nosso favor e como se tudo fosse mais fácil para nós.
Lembro-me de uma tarde em que saímos. Era uma quinta feira de agosto, início de outono. tinha me ligado e dito que iríamos ao parque. Não consegui discordar. E nem pude. simplesmente tinha o poder de me persuadir como ninguém. Se ele dizia “vamos?”, eu não sabia dizer não. E, naquele dia, no parque, eu mal sabia o que poderia acontecer.
- Flashback -
- , está um vento horrível aqui. Não quer me contar logo o que viemos fazer aqui?
- Fica quieta, ! Enjoy the surprise, live the moment! – ele disse, naquele sotaque britânico perfeito, do qual eu morria de inveja, porque claro que o meu não era igual, e com a pressa costumeira. Sempre parecia que falava com pressa, embolando as palavras umas nas outras.
- Estou passando frio aqui, ! Não dá pra rolar a surpresa mais depressa? – eu disse, me encolhendo toda dentro do meu sobretudo marrom claro.
- Ah, VOCÊ está passando frio? Eu não, né?
- Britânico não sente frio, meu bem. Ascendência brasileira, lembra?
- Vai dizer que lá não faz frio?
- Claro que faz. Mas já comparou o frio europeu com o brasileiro?
- Eu sei, eu sei. Não tem comparação. Você vive falando isso.
- Obrigada por entender.
- Agora, anda. A gente não vai demorar a chegar.
Ele pegou a minha mão, em um ato impulsivo e totalmente inesperado para mim, que me fez estremecer por um momento. Eu podia me declarar apaixonada há umas três semanas, mas, por ora, me era suficiente ser apenas amiga dele. Ele estava bem assim, eu estava bem assim, por que mudar?
A minha frente, a poucos metros de distância, um lindo caminho aparecia. Sendo outono, as folhas das arvores que formavam perfeitamente um caminho já escureciam e caíam. Era lindo. Se não segurasse minha mão, podia jurar que aquilo era um sonho. Imagine uma paisagem linda, dessas que a gente encontra em foto no Google. Aquela era ainda mais linda. Porque era real.
queria alguma coisa me levando àquela paisagem. Desde que eu cozinhara panquecas para ele, muitas semanas atrás, sempre que ele queria mais, me comprava chocolates. Ele sabia me comprar muito bem. Levar-me aquele lugar indicava que alguma coisa ele tinha aprontado, ou queria. Mas, o que?
Caminhamos pela trilha formada pelas árvores. Eu não conseguia parar de sorrir. Aquele era um momento feliz, com toda a certeza. Tudo parecia uma grande brincadeira aos meus olhos de criança curiosa. Eu queria tocar as árvores, sentir as folhas úmidas. Queria escalar as árvores, e ver tudo de um ângulo diferente. Queria ver o mundo de uma forma diferente.
, vendo minha curiosidade, soltou minha mão inquieta, e eu imediatamente corri para as folhas. Claro que era totalmente infantil da minha parte, mas eu queria guardar algumas folhas daquelas. Já que provavelmente as folhas não sobreviveriam muito tempo no meu bolso, saquei o celular do bolso do sobretudo e resolvi tirar uma foto. Talvez por obra divina ou algo assim, o sol bateu nas folhas exatamente naquele instante, dando a elas uma iluminação incrível e as tornando quase laranjas.
- , olha! Olha essa foto que eu tirei! Não ficou...
Não consegui terminar a frase. jogou seu corpo contra o meu e seus lábios contra os meus, me puxando para um beijo. Um beijo forte, carregado de emoção. De ambas as partes, devo dizer. Então estava apaixonado por mim também. Oh, meu Deus.
- Fim do Flashback –
:
Quando eu beijei pela primeira vez, podia jurar que levaria um tapa na cara, ou algo do tipo. Mas não. simplesmente correspondeu perfeitamente ao meu beijo. Fiquei completamente sem reação, e mal me lembro do que pensei na hora. Mas me recordo com carinho do que me falou:
- Flashback-
me afastou dela e suspirou.
- Eu realmente não esperava por isso.
- Desculpe. Eu só achei que não ia aguentar mais tempo sem fazer isso. Foi uma coisa que eu quis demais, por muito tempo.
- Pode fazer de novo?
- O que?
- Pode me beijar de novo?
E eu simplesmente o fiz. O que eu faria? Deixaria ali a garota que eu amo, e que provavelmente me ama de volta, esperando por um beijo?
- Eu amo você, . Desde muito antes de a gente se conhecer. Eu olhava você do palco e sonhava com esse momento.
Ela sorriu, provavelmente com a besteira que eu tinha acabado de falar.
- É tão estranho estar aqui. Nos seus braços, desse jeito. Foi uma coisa com a qual eu sonhei muito. Eu também amo você, . De todas as formas que são possíveis e imagináveis. Eu amo seu talento, seu jeito carinhoso e a forma como você faz cada pessoa se sentir única no mundo. Eu espero que você possa fazer com que eu me sinta assim pelo resto da minha vida.
- Prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance pra te fazer feliz, minha fã preferida.
Ela sorriu e eu a puxei para um novo beijo.
- Fim do Flashback-
E, desde então, já se passaram inúmeros dias. Eu tenho cumprido minha promessa, eu acho. sorri toda manhã quando me vê ao seu lado, e é a coisa mais linda do mundo. Eu vejo esse sorriso dela há tanto tempo, e nunca me canso dele. Tanto tempo. 1667 dias, pra ser preciso. Quatro anos, sete meses, duas semanas e três dias. Eu conto cada dia. Todos os dias ao lado de são especiais. Apenas pela oportunidade de tê-la ao meu lado. Apenas pela oportunidade de amá-la e de ser amado por ela. Ser amado pela é a coisa mais incrível desse mundo, mas amá-la... Ah, amá-la é simplesmente divino. É quase como magia. E eu ainda estou, ou melhor, eu ainda SOU eterna, infinita e completamente apaixonado por . E será assim. Até o fim das nossas vidas.
“Truly, madly, deeply, I am foolishly, completely fallin'. And somehow, you kicked all my walls in, so baby, say you'll always keep me, truly, madly, crazy, deeply in love with you, in love with you…”
Ela era a garota mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida. era simplesmente a garota dos meus sonhos. Era inteligente. Conquistara a vaga dos seus sonhos na empresa projetista local e se formara com êxito em Arquitetura pela faculdade que sempre quis. Era talentosa. Mesmo seus primeiros projetos tinham lhe dado um nome dentro da empresa onde estagiava, além de ser uma aluna exemplar. E linda. Seria modelo com facilidade, se lhe conviesse. Era educadíssima, além de ser extremamente discreta. Passava grande parte das noites em casa e, de vez em quando, se dava ao luxo de sair com algumas amigas. Iam geralmente ao pub da cidade. Lembro-me de tê-la visto lá uma ou duas vezes. Sempre com um Dry Martini nas mãos, muito bem vestida, maquiada e sempre sorrindo. Ela era feliz. Tinha tudo o que lhe passara pela cabeça um dia.
E eu? Eu não era ninguém. Ninguém que merecesse uma vaga no universo perfeito de . Músico fracassado, sem formação superior. De vez em quando, eu consegui a façanha de tocar em algum barzinho. Era o que eu fazia na primeira vez em que a vi. Ela brilhava, por mais que não houvesse nenhum foco de luz sobre ela. Tão linda. Os cabelos balançavam, e o sorriso abria a cada passo de dança que ela dava. Me controlei para não parar de cantar quando a vi. Ela era realmente de deixar qualquer cara sem palavras. com certeza era uma pessoa feliz. Seus olhos, seu sorriso, sua risada exalavam felicidade. Quando a vi, foi como se um pouco da felicidade dela passasse para mim. Passei a sorrir mais, mesmo sem tê-la por perto. Só o fato de tê-la visto, pelo menos uma vez, tornava tudo mais feliz.
Então, era isso. Eu estava apaixonado por sem nem mesmo ter conversado com ela. Eu tinha visto a garota uma vez na minha vida, e estava apaixonado. é a garota pela qual valeu a pena esperar. E como eu esperei!
Não vamos dizer que a vida amorosa de um músico mal sucedido seja ruim. De vez em quando, uma garota ou outra conseguia atrair a minha atenção, e até tive alguns relacionamentos mais sérios. Mas nenhuma garota teve sobre mim o mesmo poder que teve. Nenhuma me trouxe os sorrisos que trouxe. Nenhuma outra garota me proporcionou tanta alegria, sem uma palavra sequer, quanto .
Eu nunca tinha trocado uma palavra com . Não conhecia o som da voz dela, a sonoridade de palavras saindo da sua boca. Até uma noite. Eu estava tocando no pub, como era minha programação em grande parte das noites. Porém, aquele dia 15 de maio, do qual eu guardo até hoje a recordação, seria especial. Eu sabia que ele seria inesquecível. Como poderia esquecer?
- Flashback-
- Oi – ela disse, tímida.
Seu “oi” era carregado de insegurança e hesitação, mas, ao mesmo tempo, tinha uma ponta de confiança. Assustei-me e derrubei o microfone no chão. Toda a aparelhagem estava desligada, e agradeci por isso.
- Oi – eu respondi, me abaixando e pegando o microfone. - Tudo bem?
- Tudo.
- Que bom.
- Só queria dizer que eu adorei o show hoje. Assim como os outros – ela disse, quebrando o silêncio que se perpetuara por alguns instantes.
- Obrigado. Gostaria eu que todos tivessem essa sensibilidade pra música como a sua.
Ela sorriu.
- Bonito sorriso – eu elogiei. Ela sorriu de novo, olhando para o chão. – Qual o seu nome?
- . .
- ? Diferente, huh?
- É brasileiro. Tenho ascendência direta. Minha mãe.
- Jura?
- Por qualquer coisa. Aquela história clichê de sempre.
- Intercâmbio?
- Bingo.
- Já ouvi várias histórias desse tipo. É muito comum. Britânicos são irresistíveis.
Ela soltou uma gargalhada gostosa. Além da boa aparência, era bem humorada. Tinha como aquela garota ficar mais incrível?
Tinha.
- Você toca em outros lugares?
- Às vezes no Olivio’s, domingo à noite. Noite de música ao vivo. Vou tocar lá amanhã.
- Legal. A carreira da música é difícil?
- Difícil é começar. Depois disso, deslancha.
- Legal.
- Você trabalha com...?
- Arquitetura. Ainda estou na faculdade, teoricamente, mas já fiz alguns bicos. Deu pra provar da experiência. Divertido.
- Arquiteta. Isso é incrível. Como o Chandler de FRIENDS.
- É. Não acredito que você assiste a esse seriado. Achei que ninguém mais assistisse.
- Nunca encontrei algum que se comparasse a FRIENDS.
E nossa conversa fluiu como se fossemos melhores amigos. Nossas semelhanças não paravam no gosto pelos seriados. Tínhamos praticamente a mesma composição familiar, gostos musicais semelhantes, costumes extremamente parecidos. podia ser o que todos chamam de alma gêmea. A minha alma gêmea.
Nossos encontros passaram a ser mais frequentes. passou a ir ao Olivio’s, nos domingos em que eu tocava, e passamos a tomar café juntos praticamente todos os dias. Ela gostava de me ver tocar, apenas por me ver tocar. Dizia que gostava da forma como as notas saiam das cordas do violão quando meus dedos as tocavam. Gostava de como eu cantava cada palavra de uma canção com amor a cada uma delas.
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Foi fácil me apaixonar por . Foi quase inevitável. Foi como se cada órgão e sistema do meu corpo se apaixonaram por ele. Quando eu conversei com ele, naquela noite, naquele pub, foi como se meu coração finalmente reconhecesse a quem ele sempre pertenceu.
Fiquei encantada com . Sua alegria no palco. A felicidade na sua voz. Sua expressão singela, sua voz calma e seu jeito sereno. Meu coração foi roubado desde a primeira vez que eu ouvi a sua voz. Desde a primeira vez que eu o ouvi tocar. E, quando conversamos, parecia como se nos conhecêssemos há anos. Foi tão natural. Tão simples. Tão... destinado. Planejado. Foi como se o mundo conspirasse completamente ao nosso favor e como se tudo fosse mais fácil para nós.
Lembro-me de uma tarde em que saímos. Era uma quinta feira de agosto, início de outono. tinha me ligado e dito que iríamos ao parque. Não consegui discordar. E nem pude. simplesmente tinha o poder de me persuadir como ninguém. Se ele dizia “vamos?”, eu não sabia dizer não. E, naquele dia, no parque, eu mal sabia o que poderia acontecer.
- Flashback -
- , está um vento horrível aqui. Não quer me contar logo o que viemos fazer aqui?
- Fica quieta, ! Enjoy the surprise, live the moment! – ele disse, naquele sotaque britânico perfeito, do qual eu morria de inveja, porque claro que o meu não era igual, e com a pressa costumeira. Sempre parecia que falava com pressa, embolando as palavras umas nas outras.
- Estou passando frio aqui, ! Não dá pra rolar a surpresa mais depressa? – eu disse, me encolhendo toda dentro do meu sobretudo marrom claro.
- Ah, VOCÊ está passando frio? Eu não, né?
- Britânico não sente frio, meu bem. Ascendência brasileira, lembra?
- Vai dizer que lá não faz frio?
- Claro que faz. Mas já comparou o frio europeu com o brasileiro?
- Eu sei, eu sei. Não tem comparação. Você vive falando isso.
- Obrigada por entender.
- Agora, anda. A gente não vai demorar a chegar.
Ele pegou a minha mão, em um ato impulsivo e totalmente inesperado para mim, que me fez estremecer por um momento. Eu podia me declarar apaixonada há umas três semanas, mas, por ora, me era suficiente ser apenas amiga dele. Ele estava bem assim, eu estava bem assim, por que mudar?
A minha frente, a poucos metros de distância, um lindo caminho aparecia. Sendo outono, as folhas das arvores que formavam perfeitamente um caminho já escureciam e caíam. Era lindo. Se não segurasse minha mão, podia jurar que aquilo era um sonho. Imagine uma paisagem linda, dessas que a gente encontra em foto no Google. Aquela era ainda mais linda. Porque era real.
queria alguma coisa me levando àquela paisagem. Desde que eu cozinhara panquecas para ele, muitas semanas atrás, sempre que ele queria mais, me comprava chocolates. Ele sabia me comprar muito bem. Levar-me aquele lugar indicava que alguma coisa ele tinha aprontado, ou queria. Mas, o que?
Caminhamos pela trilha formada pelas árvores. Eu não conseguia parar de sorrir. Aquele era um momento feliz, com toda a certeza. Tudo parecia uma grande brincadeira aos meus olhos de criança curiosa. Eu queria tocar as árvores, sentir as folhas úmidas. Queria escalar as árvores, e ver tudo de um ângulo diferente. Queria ver o mundo de uma forma diferente.
, vendo minha curiosidade, soltou minha mão inquieta, e eu imediatamente corri para as folhas. Claro que era totalmente infantil da minha parte, mas eu queria guardar algumas folhas daquelas. Já que provavelmente as folhas não sobreviveriam muito tempo no meu bolso, saquei o celular do bolso do sobretudo e resolvi tirar uma foto. Talvez por obra divina ou algo assim, o sol bateu nas folhas exatamente naquele instante, dando a elas uma iluminação incrível e as tornando quase laranjas.
- , olha! Olha essa foto que eu tirei! Não ficou...
Não consegui terminar a frase. jogou seu corpo contra o meu e seus lábios contra os meus, me puxando para um beijo. Um beijo forte, carregado de emoção. De ambas as partes, devo dizer. Então estava apaixonado por mim também. Oh, meu Deus.
- Fim do Flashback –
:
Quando eu beijei pela primeira vez, podia jurar que levaria um tapa na cara, ou algo do tipo. Mas não. simplesmente correspondeu perfeitamente ao meu beijo. Fiquei completamente sem reação, e mal me lembro do que pensei na hora. Mas me recordo com carinho do que me falou:
- Flashback-
me afastou dela e suspirou.
- Eu realmente não esperava por isso.
- Desculpe. Eu só achei que não ia aguentar mais tempo sem fazer isso. Foi uma coisa que eu quis demais, por muito tempo.
- Pode fazer de novo?
- O que?
- Pode me beijar de novo?
E eu simplesmente o fiz. O que eu faria? Deixaria ali a garota que eu amo, e que provavelmente me ama de volta, esperando por um beijo?
- Eu amo você, . Desde muito antes de a gente se conhecer. Eu olhava você do palco e sonhava com esse momento.
Ela sorriu, provavelmente com a besteira que eu tinha acabado de falar.
- É tão estranho estar aqui. Nos seus braços, desse jeito. Foi uma coisa com a qual eu sonhei muito. Eu também amo você, . De todas as formas que são possíveis e imagináveis. Eu amo seu talento, seu jeito carinhoso e a forma como você faz cada pessoa se sentir única no mundo. Eu espero que você possa fazer com que eu me sinta assim pelo resto da minha vida.
- Prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance pra te fazer feliz, minha fã preferida.
Ela sorriu e eu a puxei para um novo beijo.
- Fim do Flashback-
E, desde então, já se passaram inúmeros dias. Eu tenho cumprido minha promessa, eu acho. sorri toda manhã quando me vê ao seu lado, e é a coisa mais linda do mundo. Eu vejo esse sorriso dela há tanto tempo, e nunca me canso dele. Tanto tempo. 1667 dias, pra ser preciso. Quatro anos, sete meses, duas semanas e três dias. Eu conto cada dia. Todos os dias ao lado de são especiais. Apenas pela oportunidade de tê-la ao meu lado. Apenas pela oportunidade de amá-la e de ser amado por ela. Ser amado pela é a coisa mais incrível desse mundo, mas amá-la... Ah, amá-la é simplesmente divino. É quase como magia. E eu ainda estou, ou melhor, eu ainda SOU eterna, infinita e completamente apaixonado por . E será assim. Até o fim das nossas vidas.
“Truly, madly, deeply, I am foolishly, completely fallin'. And somehow, you kicked all my walls in, so baby, say you'll always keep me, truly, madly, crazy, deeply in love with you, in love with you…”
Fim
Nota da autora: Vou confessor a vocês que quando fiz a escolha por essa música, apesar de ela ser uma das minhas preferidas nesse mundo inteirinho de músicas legais, achei que não iria conseguir. Mas pensei, “ah meu Deus, Mariana, deixe de ser tão boba e vá escrever”. Eu tinha a ideia, tinha a música, tinha inspiração. O que me faltava era a confiança. Então, eu sinceramente espero que vocês gostem de ler essa oneshot tanto quando eu gostei de escrevê-la.
Ah, e caso alguém esteja curioso pra saber: os nomes dos personagens originais dessa fic. são Lauren e Liam. No dreamcast, Lauren é uma mistura entre Maia Mitchell e Danielle Campbell, e o Liam é o Liam mesmo. Se quiserem optar por uma época em que se passe a história, imaginem como se o inicio fosse próximo ao lançamento do clipe de One Thing (Liam tinha cabelo curto naquela época), e como se a época que se passa “agora” fosse equivalente ao lançamento do clipe de Night Changes (Liam estava com o cabelo mais comprido e topete). Sim, eu criei uma linha do tempo com base nos cortes de cabelo do Liam. Mas, quem nunca, não é? HAHA <3
Deixem comentários, por favor, e eu espero muito que vocês gostem da fanfic. Quem sabe eu não apareço por aqui em outro Ficstape? Beijinhos de caramelo!
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Ah, e caso alguém esteja curioso pra saber: os nomes dos personagens originais dessa fic. são Lauren e Liam. No dreamcast, Lauren é uma mistura entre Maia Mitchell e Danielle Campbell, e o Liam é o Liam mesmo. Se quiserem optar por uma época em que se passe a história, imaginem como se o inicio fosse próximo ao lançamento do clipe de One Thing (Liam tinha cabelo curto naquela época), e como se a época que se passa “agora” fosse equivalente ao lançamento do clipe de Night Changes (Liam estava com o cabelo mais comprido e topete). Sim, eu criei uma linha do tempo com base nos cortes de cabelo do Liam. Mas, quem nunca, não é? HAHA <3
Deixem comentários, por favor, e eu espero muito que vocês gostem da fanfic. Quem sabe eu não apareço por aqui em outro Ficstape? Beijinhos de caramelo!