Percebia pouco a pouco uma mulher que aparentava ser um pouco mais nova que eu. Seus olhos castanhos estavam marejados, mas não entendia o porquê. Jamais havia visto essa mulher, nunca esqueceria uma beleza tão única quanto a dela, porém a mesma não pronunciava uma única palavra, apenas me observava com os olhos cada vez mais marejados. Não a conheço, porém ela parece achar que a conheço. Um sorriso tão lindo, com os olhos cheios de lágrimas. Quando a mulher se aproximou, me encarando no fundo dos olhos, meu corpo inteiro se arrepiou. Suas mãos tocaram meu rosto, fazendo carinhos. Quem era aquela mulher? Por que agir dessa maneira?
Percebia pouco a pouco uma mulher que aparentava ser um pouco mais nova que eu. Seus olhos estavam marejados, mas não entendia o porquê. Jamais havia visto essa mulher, nunca esqueceria uma beleza tão única quanto a dela, porém a mesma não pronunciava uma única palavra, apenas me observava com os olhos cada vez mais marejados. Não a conheço, porém ela parece achar que a conheço. Um sorriso tão lindo, com os olhos cheios de lágrimas. Quando a mulher se aproximou, me encarando no fundo dos olhos, meu corpo inteiro se arrepiou. Suas mãos tocaram meu rosto, fazendo carinhos. Quem era aquela mulher? Por que agir dessa maneira?
— ! — Ela disse, puxando-me para um abraço forte e desesperado. A mulher permaneceu em meus braços, colando nossos corpos. Suas lágrimas molhavam a minha camisa. Não sabia o que fazer, mas retribuía o abraço. — Você está tão lindo, cheio de vida, e seus olhos estão com brilho novamente. — Disse, encarando meu rosto enquanto enxugava suas lágrimas.
— Desculpe, mas não a conheço. — Disse o mais delicado possível, afinal, nunca fui desses caras que pisa nas mulheres. — Você deve estar me confundindo com alguma pessoa.
— Nunca me esqueceria dos seus olhos. — Disse, sorrindo fraco. — Nunca me esqueceria do seu sorriso. — Bagunçou meus cabelos. — Nunca me esqueceria do . — A mulher olhou-me nos olhos e seguiu em direção à saída do pub. A verdade é que sua presença mexeu comigo de tal forma que não sei explicar, porém logo avistei meus amigos em uma mesa próxima e me juntei a eles.
Uma mulher gritava desesperadamente. Os olhos vermelhos e marejados, as mãos geladas e trêmulas. Ela estava deitada no meio do local, agarrada ao meu corpo, que estava caído sobre o chão. Não conseguia ver seu rosto, mas podia ouvir seu choro tão alto que fazia meu coração doer como nunca. Uma de suas mãos segurava firme em minha mão, e a outra afagava meus cabelos. Ouvia algumas vozes, porém em um momento o choro da mulher se fez mais forte e alto do que tudo. Nessa hora senti suas mãos se soltarem das minhas, a mulher sacudia meu corpo, e por algum motivo eu queria corresponder, mas meu corpo não respondia.
Acordei assustado, como em todas as vezes que tinha esse mesmo sonho. Não acontecia todos os dias, mas quando ocorria, sentia uma sensação horrível, perdia o sono e sentia necessidade de algo que nem eu mesmo sei o que é. Pergunto a todos se preciso lembrar mais alguma coisa, porém dizem que o pouco que precisei relembrar, já me contaram. Mas sabe quando parece faltar algo? E essa mulher dos meus sonhos, nunca consigo ver seu rosto.
— Cara, vai dormir. — tacou um travesseiro em meu rosto. — Apaga essa luz. — Gritou, tacando mais um travesseiro. Desliguei a luz e, em seguida, deitei na cama, porém não deixava de pensar em um único segundo em como queria ver o rosto daquela mulher que mexe tanto comigo, mesmo que em sonhos, mas mexe. Saí do quarto fazendo o mínimo de barulho possível, não gosto de perturbar o quando se trata de sono.
Não me apresentei, me chamo , tenho 23 anos, sou universitário e atualmente trabalho em um projeto solo, porque depois de tentar incontáveis vezes trabalhar com outras pessoas, acabei percebendo que precisava me tornar independente e me arriscar nessa loucura rotulada de “Vida”.
•••
Logo cedo, quando acordei, não conseguia parar de pensar na mulher dos meus sonhos, ou pesadelos, porque em nenhum deles estávamos felizes, sempre com os olhos marejados e tristes. Quem seria aquela mulher? Por que não conseguia ver o seu rosto? Sinceramente, no começo pensei que fosse loucura ou apenas algo sem sentindo, porém, quando você passa a sonhar com a mesma mulher, pelo menos, uma vez por semana, não parece qualquer coisa, e sim que tem algo que você precisa saber. Portanto, estou empenhado em decifrar esse enigma que me persegue há um ano. Como nem tudo é feito de festas, mulheres e cerveja, levantei e me arrumei para assistir a aulas chatas na universidade. Por sinal, estou no último ano de engenharia mecatrônica e logo começa o estágio para ocupar o tempo que eu já não tenho. Tomei um banho e coloquei um jeans qualquer, minha blusa xadrez e um vans. Cabelos bagunçados e sorriso safado nos lábios, as meninas amam, e eu? Seria louco se não gostasse do assédio. Além de cursar engenharia mecatrônica, também canto nos finais de semana em um pub bem conhecido da cidade.
— Bom dia, senhor . — Meu professor de física disse com a voz aparentemente cansada. — Como sempre, atrasado.
— Posso entrar? — Perguntei e o professor, abriu a porta, dando passagem para que eu passasse, e assim o fiz. Sentei-me na carteira ao lado do , que flertava descaradamente com a intercambista. Por sorte, o professor não havia colocado conteúdo no quadro. As duas horas passaram, ou melhor, se arrastaram. E ainda tinha aula duas aulas de química e computação, depois me perguntam por que prefiro a música. Me diz em que mundo química é melhor do que música? A única química perfeita é quando rola com uma gatinha. Quando o professor de química adentrou a sala, as garotas correram para se sentarem perto da mesa dele. Tudo isso porque o cara aparenta ter uns trinta e poucos anos, solteiro e, segundo elas, ele é bonito. Por isso prefiro as meninas de medicina, são gatas e gostosas. As aulas de química, por sorte, passaram na velocidade da luz. Tínhamos mais ou menos duas horas de intervalo e, em seguida, duas aulas de computação, porém pelo menos a professora era gostosa.
— Cara, você não sabe. — disse indignado, sentando-se ao meu lado.
— Lógico que eu não sei. Você não me contou. — Sorri, e ele me deu um peteleco. Meus amigos não entendem que sou zoeiro, não importa que os conheça praticamente a minha vida inteira, sempre irei zoá-los até mais do que zoo as outras pessoas.
— A intercambista é lésbica. — Disse, franzindo o cenho. — Ainda disse que se fosse hétero, nunca ficaria com um “cara como eu”. — A feição dele era a melhor, um misto de raiva com dúvida.
— Um cara como você? — Gargalhei. — Um cara que já pegou metade da faculdade e não desenvolve sentimento por nenhuma, por mais gostosa que ela seja. Cara, você pega as mulheres e depois joga todas fora como se fossem um papel sem utilidade.
— Queria o quê? Que ficasse com uma só e perdesse minha vida? — Sorriu. — Nunca, meu amigo, não existe apenas uma gatinha no mundo e sou grato por isso. Afinal, figurinha repetida não completa álbum de ninguém.
— Não sei de nada. — Disse, pegando meus cigarros. — Só sei da minha vida. — Sorri e, em seguida, acendi meu cigarro. Alguns minutos depois, seguimos em direção à aula de computação, juro que fosse o antigo professor, um senhor de idade, gordo e que se enchia de comida durante as aulas, não pensaria duas vezes antes de matar a aula dele. Porém esse ano fomos gratificados com uma professora jovem, bonita e gostosa. Quando adentrei a sala, avistei sua figura totalmente perfeita, sua pele clara, os cabelos vermelhos e vestia um dos seus vestidos que fazia qualquer um perder a linha. Portanto, não hesitei em trocar de lugar apenas para observá-la melhor. As aulas passaram mais rápido do que imaginava e queria. Peguei meu carro no estacionamento e segui em direção ao pub para tratar com o dono sobre o meu show no final de semana.
A universidade se encontrava em obras, então decidi dar uma festa no final de semana, porém preciso organizar a zona que carinhosamente chamo de meu apartamento. Arrumei meu quarto, vai que eu precise dele. Em seguida, coloquei algumas roupas para lavar e comecei a organizar a cozinha.
— . — adentrou o apartamento com uma caixa de cervejas. Coloquei-as sobre o balcão da cozinha e não perdi tempo, pegando uma.
— Vai ajudar na faxina. — Disse, pegando mais uma cerveja. Ele sacudiu a cabeça negativamente, se jogando no sofá.
— Não, não. — Gargalhou, ligando a televisão, porém peguei o controle de suas mãos e desliguei. — Cara, você está parecendo uma mulherzinha falando e agindo desse jeito.
— Mulherzinha? Vai se foder, .
— Desculpe, mas olhe pra você — apontou para minhas mãos, que seguravam uma vassoura, e para o balde que se encontrava ao meu lado. — Parece a minha mãe em dia de faxina. — Gargalhou alto.
— A mulherzinha aqui — apontei pra mim mesmo — pega mais mulheres que o machão que está jogado no sofá. — Gargalhei, pegando uma cerveja e recebendo uma chinelada na cabeça.
— Tá bom. — Disse, contrariado. — Tudo porque preciso dessa festa. — Disse, começando a limpar e organizar o minibar que estava no meio da sala. — Existem faxineiras que amariam ganhar dinheiro pra isso. — disse, aspirando o tapete da sala.
— Você tem dinheiro? Porque eu não tenho. — Disse, pegando uma cerveja. — Se você for pagar, vai em frente. — sacudiu a cabeça, negando, e prosseguimos com a arrumação. Deveria ter um bom tempo que não limpava meu apartamento, nem fazia questão, mesmo. Ligamos para a pizzaria, e quando entregaram, comemos em menos de 10 minutos e acabamos com as cervejas. foi embora para seu apartamento e eu fui tomar meu banho.
•••
Fiz a minha higiene matinal, em seguida, fui em direção à cozinha preparar algo para comer, porque meu estômago gritava, implorando por comida. Porém tropecei em algumas caixas e me xinguei por tê-las esquecido no meio da sala. Empilhei as caixas uma em cima da outra e fui em direção ao “depósito”. Era um quarto afastado dos outros, onde guardava o que eu não precisava. Larguei as caixas em um canto vazio, porém um baú me chamou a atenção. Quando o abri, achei cartas e bilhetes.
“Nunca sei direito como me expressar em relação a você. Sou realmente complicada e vivo me perguntando por que uma pessoa como você escolheu amar justamente a mim. Sabe, acho que já te disse, mas quando estou longe de você, é como se houvesse um vazio dentro de mim, é verdade. E ele só se preenche quando você está por perto e ele acaba se tornando tudo. Esse “tudo”, pode ser o que chamamos de felicidade, ou a única coisa que me torna eu mesma, coisa que eu escondia a muito tempo. E é só com você que eu consigo ser assim.”
“É realmente estranho como nós nos apaixonamos. Engraçado, confuso, chato, delirante, talvez seja verdade que se escolhemos quem pudéssemos amar, seria bem mais fácil de não se machucar, não ter de esquecer, e ainda assim conviver com as memórias presas a mente, relembrando o passado, esquecendo o futuro. É, talvez, mas seria como se não houvesse amor. Não conseguimos enxergar através da alma, somos cegos a este ponto. Nossos olhos se envolvem na beleza de aparência, não na real. Seria ilusão, amor é quando não podemos ver, nem ouvir e mesmo assim estamos dispostos a entrar naquele caminho, sem medo do que pode ocorrer. Assim comecei a entender o sentimento.”
“E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nula. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca. Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Fazer-me feliz.”
“Quantas vezes me deixou ir embora, porém correu e puxou-me pelo braço, tomando meus lábios em beijos desesperados. Sabe seus olhos ? Então, tem alguma coisa neles porque todas as vezes que quis negá-lo, bastou olhar no fundo desses olhos que mudei totalmente de ideia. Lembro-me bem a primeira vez que fizemos amor, você disse que nunca havia feito amor com ninguém e eu o olhei, me perguntando: Como assim, o cara mais safado da universidade nunca teve nada com ninguém? E então você se explicou, me acalmando, dizendo que antes era apenas sexo com mulheres vazias, porém naquele dia havia experimentado a oportunidade de fazer amor com a pessoa que você amava. Nem preciso dizer que me ganhou ainda mais com tais palavras. Um idiota cujo sorriso é perfeito. Os beijos com você não são apenas beijos, são guerras entre duas línguas que buscam insaciavelmente se chocar uma com a outra. Eu o amo exatamente assim, para todo o sempre.”
Procurava por algo que me fizesse chegar a essa mulher. As cartas não tinham remetente, apenas as palavras mais lindas que me lembro de alguém escrever para mim. Queria conversar com essa pessoa, saber o porquê de palavras tão fortes para mim. Peguei meu carro e dirigi apressadamente em direção à casa da minha mãe, ela teria que me explicar o que eram esses papéis. Peguei as chaves e entrei na casa, à procura da minha mãe.
— Mãe — Gritava pela casa, e a mesma saiu da cozinha com os olhos assustados, porém fiz questão de despejar as palavras que estavam embaralhando a minha cabeça. — Mãe, quando tivemos aquela conversa sobre meu trauma, você me contou tudo? — Olhei em seus olhos tão quanto os meus.
— Sim, querido. — Apertou as minhas bochechas, mesmo sabendo que odiava tal gesto.
— Tem certeza? Não esqueceu nada, mesmo? Não esqueceu nenhuma pessoa importante?
— , aonde quer chegar com isso? — Perguntou, um pouco nervosa. — Contei tudo, meu filho.
— Mãe, nunca contei, porém desde que me recuperei, tenho sonhos com uma mulher misteriosa.
— Você consegue ver o rosto dela?
— Não, não. — Disse com o tom de voz chateado. Quando notei a feição triste da minha mãe, decidi mudar de assunto, porque sei o quanto meu acidente e meu trauma mexeu com ela. Passamos a tarde conversando, outro hábito que comecei a praticar depois do acidente que quase tirou a minha vida, porque antes eram raras as vezes em que falava ou via a minha mãe.
— Mãe, preciso ir, tem uma festa no meu apartamento. — Peguei as chaves do carro e depositei um beijo no topo da sua cabeça.
— Dirija com cuidado. — Sorriu. — Querido, não exagere na bebida, ok? — Minha mãe sorriu, brincando com a minha bochecha. Mães nunca perdem a oportunidade de nos encher de avisos. Mas eu amo esse lado dela, tão carinhosa, a vida inteira foi a minha mãe e ao mesmo tempo o meu pai.
•••
Estacionei meu carro e encontrei a minha nova vizinha, uma loira que aparentava ter uns vinte e oito anos, e os seus olhos eram azuis como piscinas. Não contive um sorriso malicioso ao observar seu corpo perfeito, porém ela usava uma aliança de noivado. Lógico que uma mulher como ela não estaria solteira, até eu, se encontrasse uma mulher assim, a pediria logo em casamento e marcava uma data. Não deixaria homem nenhum roubar uma garota dessas. Peguei as cervejas no porta-malas, e quando cheguei no meu apartamento, coloquei todas na geladeira, liguei para o restaurante e trouxeram a comida, que seria japonesa. Estava tudo pronto e decidi tomar um banho. Coloquei uma blusa de botões, um jeans preto e coloquei meu vans vermelho. Baguncei os cabelos, e quando terminei de passar o perfume, a campainha tocou. Quando abri a porta, era , que estava com duas caixas de cervejas em suas mãos. Qual parte do “Não precisa comprar cerveja” o meu amigo não entendeu? Peguei as cervejas e coloquei na geladeira do minibar.
— Cadê as gostosas? — perguntou, se jogando no sofá.
— Estão em casa, porque a festa está marcada pra começar as 21h00 e ainda são 20h00. — Disse, rindo. Juntei-me a ele e ficamos assistindo a um jogo de basquete. Quando deu o horário, todos foram chegando aos poucos. Quantas mulheres gostosas, porém uma ruiva me chamou atenção e rapidamente cheguei até ela, puxando-a para dançar. Nossos corpos estavam tão colados que podia sentir seu cheiro doce invadir minhas narinas; gostosa e cheirosa, a combinação perfeita. Sem delicadeza nenhuma, puxei-a, juntando mais nossos corpos, e tomei seus lábios com beijos intensos. Tinha segundas, terceiras, quartas e infinitas intenções. Queria aquela mulher na minha cama e a teria. A noite passou na velocidade da luz, quando a mulher disse que ia embora, puxei a mesma e a beijei ferozmente. Não foi preciso muito para levá-la até a minha cama, nossas roupas estiradas no chão, corpos suados e ligados. Como era gostosa.
Todos os sábados acontece a “Chopada da Engenharia.” Os estudantes de engenharia organizam uma festa em uma área do campus reservada para eventos como esse. Compareço em todos, e hoje não será diferente. Tomei um banho, vestindo uma camisa xadrez e um jeans claro. Calcei meu all-star e baguncei meus cabelos.
— Droga! Cadê essa chave? — Falei sozinho enquanto procurava a porcaria da chave, que resolveu sumir. Quando enfim a encontrei, desci em direção ao estacionamento do meu prédio. Dei partida no carro, em poucos minutos adentrei o campus da universidade e estacionei meu carro. Cumprimentei um dos guardas que fazia a ronda noturna do campus. Em seguida, caminhei por alguns metros até encontrar alguns colegas, dançando e bebendo.
Percebia pouco a pouco uma mulher se aproximar. Aparentava ser um pouco mais nova que eu. Seus olhos estavam marejados, mas não entendia o porquê. Jamais havia visto essa mulher, nunca esqueceria uma beleza tão única quanto a dela, porém ela não pronunciava uma única palavra, apenas me observava com os olhos cada vez mais marejados. Não a conheço, porém ela parece achar que a conheço. Um sorriso tão lindo, com os olhos cheios de lágrimas. Quando a mulher se aproximou, me encarando no fundo dos olhos, meu corpo inteiro se arrepiou. Suas mãos tocaram meu rosto, fazendo carinhos. Quem era essa mulher? Por que agia dessa maneira?
— ! — Ela disse, puxando-me para um abraço forte e desesperado. A mulher permaneceu em meus braços, colando nossos corpos. Suas lágrimas molhavam a minha camisa. Não sabia o que fazer, mas retribuía o abraço. — Você está tão lindo, cheio de vida, e seus olhos estão com brilho novamente. — A mulher disse, encarando meu rosto enquanto enxugava suas lágrimas.
— Desculpe, mas não a conheço. — Disse o mais delicado possível, afinal, nunca fui desses caras que pisa nas mulheres. — Você deve estar me confundindo com alguma pessoa.
— Nunca me esqueceria dos seus olhos. — Disse, sorrindo fraco. — Nunca me esqueceria do seu sorriso. — Bagunçou meus cabelos. — Nunca me esqueceria do . — A mulher olhou-me nos olhos e seguiu em direção à saída do pub. A verdade é que sua presença mexeu comigo de tal forma que não sei explicar, porém logo avistei meus amigos em uma mesa próxima e me juntei a eles. Quando cheguei até a mesa, peguei uma garrafa de cerveja e comecei a pensar naquela mulher, era tão linda e parecia uma boneca, de tão perfeita. Tirei-a dos meus pensamentos e puxei uma colega para dançar. Nossos corpos suados entravam em contato, porém não conseguia enxergar nada além dos olhos da mulher misteriosa. Puxei-a e tomei seus lábios em um beijo desesperado, mas era inútil, porque aqueles olhos não saíam dos meus pensamentos, muito menos seu sorriso, com um misto de felicidade e malícia. O corpo dela era perfeito, seus cabelos cheirosos e sua pela que parecia um algodão, de tão macia. Ignorei todos esses pensamentos malucos e continuei a beijar aquela mulher, precisava não pensar na princesa dos olhos . Nunca havia visto ela no campus, na certa deveria ser alguma namorada ou irmã de um estudante da universidade.
— É melhor pararmos por aqui. — A minha colega de curso disse, se afastando.
— Por quê? — perguntei, me aproximando novamente.
— Não posso fazer isso.
— Não pode ou não quer? — Perguntei, sorrindo maliciosamente para a mulher. Seus olhos brilharam e levou seus lábios em direção aos meus. Que beijo é esse? Arrastei-a até o banheiro e empurrei-a para dentro de uma cabine. A sentei sobre meu colo, beijava aquela mulher com toda a vontade do mundo. Precisava tirar qualquer sentimento repentino que pudesse começar a desenvolver por esta mulher que agiu como uma maluca, chorando ao me encontrar. Levantei o vestido da mulher e a penetrei com força. Eu era rude com meus movimentos, porém ela parecia gostar. Mas pela primeira vez, ao terminar de transar com uma mulher como essa, me sentia vazio, como se faltasse algo. , você acabou de pegar uma gostosa que nunca deu mole pra nenhum cara da universidade! Quando voltamos, a garota, preferiu ir embora, e eu? Fui até o bar pedir a bebida mais forte, em seguida, tomei a segunda dose, depois a tripla, e depois...
Há exatamente uma semana não paro de pensar na mulher que encontrei na festa. Na curiosidade de descobrir o motivo das suas lágrimas e pela forma que agiu. A vontade de vê-la já estava maior que tudo, não conseguia parar de pensar nela. Peguei meu refrigerante, em seguida caminhei até a saída da lanchonete da universidade, porém, sem querer, derrubei todo o conteúdo do copo em cima de uma garota.
— Descul… — Tentei me desculpar, mas a voz feminina começou a despejar toda a sua raiva e não pude concluir minhas desculpas.
— Você é cego? — Gritou — Nem o meu… Esquece. — A garota, tentava limpar a sua blusa, porém seria inútil, afinal, fanta uva e regata branca não é a combinação perfeita.
— Desculpa, pago outra blusa. — Disse, encarando a garota pela primeira vez. Seus olhos , os mesmos da mulher misteriosa que encontrei na festa.
— V-você? — Gaguejou e por um segundo, pensei que ela fosse cair, mas rapidamente a segurei.
— Por que disse aquelas coisas? — Olhava nos olhos da garota. Queria respostas para perguntas que martelavam em minha mente desde o nosso encontro. — Por que me olha assim?
— Preciso ir, estou atrasada. — A garota correu e pouco a pouco a perdi de vista no meio da multidão. Segui em direção à biblioteca, tínhamos aula de pesquisa com o professor de física. Quando cheguei ao local, encontrei dormindo, apoiado a sua mochila em uma das mesas. Juntei-me a ele, porém peguei um livro e comecei a preparar a pesquisa. Quando a aula terminou, sacudi o para acordá-lo e seguimos para nossas respectivas casas.
•••
Joguei as minhas coisas em cima do sofá e corri para o estúdio. Passei a tarde preparando umas surpresas para os shows do final de semana. Consegui terminar uma música que estava parada há algum tempo. De alguma forma, a presença daquela mulher cujo nome nem sei, me inspirou. Abri uma das cervejas em seguida, sentei-me no quintal com o violão, não me preocupava com a hora ou com que os vizinhos falariam. Cada pessoa tem que descobrir algo que a acalme quando seus nervos estiverem à flor da pele ou até mesmo quando precisa relaxar. E o que me acalma é a música, tocar violão e compor. Em alguns minutos não havia mais nenhuma cerveja e meus dedos já estavam doloridos, devido ao tempo que eu estava tocando e porque o tempo está um pouco frio. Joguei fora todas as garrafas de cerveja, tranquei as portas, tomei o meu banho e me deitei na cama.
O despertador não tocou, e o resultado? Perdi as primeiras duas aulas e tenho 20 minutos para me arrumar e chegar na universidade, ou então perderei a prova de Química. Vesti qualquer roupa, peguei um pedaço de bolo e desci correndo para o estacionamento. Quando cheguei à universidade, estacionei meu carro e corri em direção à sala de aula. Para a minha sorte, o aplicador da prova não havia chegado, rapidamente me sentei em uma das cadeiras vazias.
— Bom dia. — Um homem, que aparentava ter quarenta e poucos anos, adentrou a sala de aula com um envelope em suas mãos. Deduzi que seria o aplicador da prova, porque o professor havia informado que não estaria presente por problemas pessoais. O homem trocou todos de lugar e em poucos minutos nos entregou a prova e disse que teríamos apenas uma hora para responder todas as questões, que eram discursivas. Por sorte sabia de cor e salteado aquela matéria, e assim que terminei de responder todas as questões, entreguei ao aplicador e me retirei da sala. Guardei meus livros dentro do armário e quando olhei para o lado, a mulher misteriosa estava guardando seus livros que, pelo que observei, são do curso de enfermagem.
— Bom dia… — Disse, próximo a garota.
— . — Sorriu sem graça. — Bom dia. — Sorriu e continuou a organizar seu armário, que ao contrário do meu, era todo organizado, não tinha pacotes de biscoitos ou uniformes do time de basquete.
— Muito prazer em conhecê-la, . — Sorri e beijei uma das suas bochechas. A garota corou na mesma hora e ficou terrivelmente linda. — Vai fazer algo mais tarde?
— Não, por quê? — Disse, fechando seu armário e colocando o cadeado.
— Gostaria de ir ao cinema comigo? — Sorri e ela me olhou nos olhos. Parecia pensar se aceitava ou não. — Vamos, prometo que será divertido.
— Tudo bem. — Sorriu. — Nos encontramos no shopping, pode ser?
— Ok. — Sorri. — Até mais tarde. — Disse e caminhei em direção ao estacionamento. A parte boa de ter prova que você é dispensado das demais aulas, porém a parte ruim é que você tem que estudar mil capítulos para uma prova que não chegou a cair nem dois de todos os capítulos que o professor, pediu que estudássemos.
•••
Parecia um estudante do ensino médio, estava nervoso com esse encontro. Tomei o meu banho, caprichei na roupa e peguei as chaves do carro. O combinado foi às 20h00 no cinema, porém chegaria pelo menos uma hora adiantado, quando fico ansioso digamos que chego antes do combinado para nada dar errado. Assim que cheguei ao shopping, deixei meu carro no estacionamento, caminhei em direção ao cinema e comprei nossas entradas para assistirmos “O melhor de mim”, lembro de vê-la lendo esse livro quando estava passando pela biblioteca. Passava das 20h00 quando a avistei caminhando em direção ao local onde eu estava. Deus, como era linda, perfeita e gostosa. Seus cabelos estavam soltos e vestia um vestido que, com todo respeito, lhe caia muito bem.
— Boa noite. — sorriu. — Você está lindo.
— Boa noite. — Sorri, e sem disfarçar, a olhei de cima a baixo. — Você é está gostosa.... É-é, quer dizer, linda. — Sorri meio sem jeito.
— Obrigada. — Sorriu com a bochecha corada. Um misto de menina com mulher, estava louco por ela. Caminhamos em direção à sala do cinema, não deixei que visse o filme que iriamos assistir, queria que fosse uma surpresa para ela. Comprei a cadeira dos namorados, para que pudéssemos ficar ainda mais perto um do outro. Deixei-a sentada assistindo os trailers, comprei pipoca, refrigerante e chocolate. Quando voltei, ela sorriu pegando o chocolate, ponto pro .
— O melhor de mim? — Ela sorriu e pude ver seus olhos com um brilho tão lindo quanto ela. Apenas sacudi a cabeça positivamente e ela sorriu. — Tem alguém querendo ganhar uns pontos comigo?
— E consegui? — Sorri.
— Todos os pontos do mundo. — Sorriu. — Esse livro é tão lindo, sabe? Estava querendo vir assistir ao filme, porém não encontrava companhia. — Ela sorria e podia ver as suas covinhas. Tantas manias, gestos e sorrisos. Era encantador vê-la falar do livro e do quanto gostou dele. Sem dúvidas alguma, foi a melhor escolha, mesmo que esse gênero esteja longe de ser o meu preferido. Quando o filme começou, ela entrelaçou nossas mãos, e eu coloquei meu braço envolto da cintura dela. Comédias românticas são tão, mas tão melosas, que me dá vontade de dormir com dez minutos de filme, mas dessa vez era diferente, porque a mulher ao meu lado sorria, chorava, sorria e chorava, mostrando-se ser uma pessoa sensível e carinhosa. Esse filme me ajudou a descobrir muitas coisas sobre a , a primeira delas é que ela fica linda quando chora e faz um biquinho tão lindo. E também tem o fato do tom castanho dos seus olhos ganharem um brilho especial a cada vez que o casal do filme se beija. E quando ela sorriu ao mesmo tempo em que chorou? Eu sei, tudo isso é gay demais, porém jamais mulher nenhuma, pelo que lembro, despertou tal sentimento. Quando o filme terminou, enxuguei as lágrimas que estavam em seus olhos, que ganhou um tom vermelho devido às lágrimas. Porém a me surpreendeu com um beijo desesperado, suas mãos agarravam firme os meus cabelos, minhas mãos brincavam em sua cintura. Nossas línguas travavam uma verdadeira guerra, e que guerra gostosa. Levantei o espaço que reservavam para colocar o refrigerante e fiquei ainda mais próximo ao seu corpo. Suas unhas arranhavam minhas costas, coloquei minhas mãos em suas coxas e pude senti-la se arrepiar com tal gesto.
— Acho melhor se retirarem. — Um homem disse com a voz firme, colocando uma luz sobre nos. Puta merda, era o lanterninha do cinema. Não sei por que começamos a gargalhar feito dois adolescentes. Ajudei a a se levantar e caminhamos em direção à saída do cinema.
— Que vergonha! — Ela sorriu, colando suas mãos sobre seu rosto.
— Não estávamos fazendo nada demais ou que o homem nunca tenha feito. — Gargalhei, ouvindo a me acompanhar. — O que acha de fechar com chave de ouro na minha casa? — Sorri, malicioso.
— Melhor não. — Sorriu. — Pode me deixar em casa? Já está tarde. — Sorri para ela e entrelacei nossas mãos. Caminhamos brincando um com o outro, abri a porta do carro para ela entrar e em seguida, fechei a porta e dei partida no carro. Ela me deu o seu endereço, e em poucos minutos chegamos ao seu prédio. Quando ela ia descer, a puxei para um beijo feroz e intenso. Cessamos o beijo porque precisávamos respirar. passou a mão pelos cabelos, sorriu e desceu do carro. Seu sorriso era doce, seu olhar, um sonho, e seu andar era safado.
Um mês passou e muita coisa mudou, começando pelo meu guarda-roupa, que agora tem algumas roupas da , e no meu banheiro, que agora tem uma escova de dente rosa. Mulheres chegam em nossas vidas e deixam suas marcas. A minha situação com a é complicada, porque ainda não estamos oficialmente namorado, porém ela dorme na minha casa, saímos juntos para ir ao parque, ao cinema, para jantar e, na minha opinião, isso é um relacionamento.
— , estamos atrasados. — sorriu ao olhar para o relógio sobre a cabeceira da cama. — Muito atrasados. — Sorriu e selamos nossos lábios.
— Bom dia, meu bebê. — Sorri e ela acariciou meus cabelos.
— Bom dia, meu amor. — Sorriu levantando e caminhando em direção à cozinha. Pegou algumas frutas e transformou-as em uma deliciosa salada de frutas que em poucos minutos foi devorada por dois esfomeados, porque a minha garota, age como uma dama e come como um pedreiro. Tomei um banho e vesti qualquer roupa. Em seguida, adentrou o banheiro e não demorou muito, quando saiu vestia um casaco com a sua calça jeans que era uma das minhas preferidas por deixar bem marcado suas coxas e seu bumbum avantajado, que perdição na minha frente. Pra completar o nosso atraso, encaramos um trânsito horrível. Deixei a no campus de enfermagem que era duas ruas depois do meu. Quando cheguei ao laboratório do grupo de pesquisa que participo, todos me olharam e eu apenas sorri meio sem graça. Coloquei meu jaleco e meus óculos protetores, me juntei a eles e comecei a ajudar em nossa pesquisa que será analisada pelos professores, em poucos meses antes de concluirmos nosso curso.
•••
Cheguei em casa um pouco atrasado, porém arrumei tudo para logo mais. Pedi comida no restaurante italiano e arrumei a mesa de jantar. Em poucos minutos o entregador trouxe a comida, paguei e deixei a comida na cozinha. Tomei um banho bem relaxante para tirar qualquer estresse devido às doze horas que passei na universidade. Peguei um vinho na adega e o deixei sobre a mesa. A campainha tocou e quando abri, vestia um vestido vermelho que marcava suas curvas, não deixei de sorrir maliciosamente quando a olhei de cima baixo. Puxei a cadeira para se sentar, busquei a comida na cozinha e nos servi. Enchi as nossas taças com o vinho que havia escolhido em minha adega, fizemos um brinde e começamos a jantar.
— E a sobremesa? — sorriu maliciosamente.
— Está bem aqui — Apontei para meus lábios. — Se quiser, tem que vir buscar. — sorriu, caminhou lentamente até a cadeira onde eu estava e sentou-se em meu colo.
— Cadê a minha sobremesa, ? — Sorriu safada colocando suas pernas entrelaçadas em minha cintura. Nossas intimidades se chocaram e senti meu membro latejar dentro da calça. A puxei e tomei seus lábios em um beijo como primeira, segunda, terceira e quartas intenções. tinha uma boca carnuda que dá vontade de beijar a cada segundo, seu corpo é maravilhoso, por onde ela passa vestindo os seus jeans, deixa os caras completamente loucos, e isso me deixa um pouco orgulho por saber que TUDO é meu e com ciúmes pelos olhares pervertidos no corpo da MINHA garota.
— Isso é tudo que você é capaz, ? — Disse com os lábios próximos ao meu ouvido, ela estava me provocando e ainda se referindo a mim pelo sobrenome. De onde saiu essa garota? Nem em meus sonhos, mais pervertidos, estive tão excitado como estou nesse momento. A prensei na parede, segurei firme seus pulsos, abri as suas pernas e me encaixei em um pequeno espaço. Ela pediu e ela vai ver do que sou capaz. A joguei na cama, comecei a distribuir beijo por toda extensão do seu corpo, porém ameaçava beijar seus lábios, porém quando chegava bem próximo, recuava e voltava para o seu corpo.
— Quer brincar comigo? — sorriu com seu olhar safado. — Pois, você sabe, eu adoro os jogadores. — Disse próxima a minha boca.
— E você ama o jogo. — A puxei tomando seus lábios desesperados pelos meus, coloquei uma das minhas mãos em sua calcinha, meus dedos deslizaram para sua região mais íntima e comecei a estimulá-la. Seus gemidos eram altos e ofegantes, quando sentia que ela estava próxima ao seu orgasmo, parava com os meus movimentos, deixando-a totalmente desesperada. Suas mãos começaram a retirar minha camisa, levantei meus braços e ela terminou de tirá-la, tacando-a em qualquer canto.
— O que faço pra tê-lo? — Disse ofegante e não pude conter uma risada. Então minha garota está precisando de mim? Meu membro ficou ainda mais feliz com tal descoberta.
— Mostre-me o quanto precisa de mim. — Sorri puxando seus cabelos. Então ela me empurrou na cama e sentou-se em meu colo, deslizava sua intimidade por cima do meu membro coberto pelo jeans. — Acho que você não precisa tanto assim de mim. — Sorri debochado, ameacei a me lentar, porém foi mais rápida, me empurrando com tudo sobre a cama, abriu meu jeans e levou as suas mãos por cima da minha boxer, começou a alisar meu membro em movimentos de vai e vem, tirei as suas mãos do meu membro e com pressa tirei minha calça, levando junto a minha boxer.
— Entendeu o quanto preciso de você, querido? — Ela sorriu, maliciosa.
— Seu pedido é uma ordem, princesa. — Mordi seus lábios, peguei uma camisinha, segurei seus pulsos, abri suas pernas e a penetrei de uma vez e pude ouvir seu gemido alto. A puxei pelas pernas, deixando nossos corpos ainda mais colados. Beijei seus lábios, segurava firme em seus cabelos enquanto a penetrava forte e intensamente. A peguei no colo e a coloquei sentada sobre meu membro, ela cavalgava em meu membro, fazendo-me gemer acompanhado por ela, sentia meu clímax chegar, aumentei a força e velocidade dos meus movimentos, gemia alto o que me deixava cada vez ainda, mais louco por ela. Em uma entocada mais forte que as outras gozei, porém continuei, afinal, não podia deixar minha garota na mão. Poucos segundos depois foi a vez de sentir a tremendo, se contorcendo. Ainda sentada em meu colo, apoiou sua cabeça em meus ombros, podia ouvir a sua respiração descompassada, apoiei minhas mãos em sua cintura e beijei lentamente os seus lábios. Peguei a no colo, ela me abraçava fortemente, a deitei em meu peitoral nu e logo ouvi a sua respiração voltar ao normal, seus olhos estavam fechados e Deus, como era linda.
Logo cedo fui buscar uns equipamentos novos para o meu estúdio, estavam precisando ser trocados, tinham uns dois anos que não trocava nem um simples microfone. Troquei os equipamentos antigos pelos novos, coloquei os antigos em caixas que iriam para o quarto de depósito, mesmo com o tempo todos ainda permaneciam funcionando, mas troquei por precaução e a grana esse mês não estava tão curta devido ao aumento na remuneração do estágio. Coloquei as caixas em um canto que ainda estava com um espaço, porém esbarrei em um pequeno armário que estava encostado na parede, com a queda, uma das gavetas caiu, revelando um papel meio sujo devido ao local e por com certeza estar há muito tempo guardado. Quando peguei o envelope, constatei que era a minha letra e percebi que tinha uma caixa vermelha que ao abri-la encontrei um anel de noivado.
“Minha pequena, muito obrigado mesmo por ter me feito feliz esse tempo todo, por ter mudado a minha vida para melhor, obrigado por ter entrado na minha vida, por ser o anjo que cuida de mim todas as manhas, dias e noites, me desculpa por algum dia não ter feito você feliz, por ter deixado triste, por não ser o que você tanto sonhou. Princesa, todas as noites, antes de dormir, e todos os dias, depois de acordar, eu penso em você, sabia? Cada dia que se passa eu te amo mais, meu amor, eu te amo muito, mais que ontem, e amanhã vou te amar muito, mais do que hoje. E esses dois anos que passei ao teu lado valeram pela minha vida inteira. Sabia que é muito bom ficar ao teu lado? Aguentar você no meu ombro, te abraçar na chuva, ficar na chuva ao teu lado com frio, mas lá com você, beijá-la em baixo d'água. Minha pequena, quero que saiba que a amo por tudo que sou quando estou ao seu lado e por tudo que serei a cada dia ao seu lado. Por favor, nunca pense que irei abandoná-la, porque você é o amor da minha vida, a mulher da minha vida, a futura mãe dos meus filhos. Eu amo você, não importa oque vão dizer, eu quero só você. E por isso faço a seguinte pergunta: quer casar comigo? E me aturar pelo resto da vida?”
Minha vista embaçou, peguei a carta e a caixa. Procurei pelas chaves do carro e quando as encontrei, dei partida no carro, dirigia em alta velocidade sem me importar com as multas que levaria. Quando cheguei à casa da minha mãe, peguei minhas chaves e abri a porta bruscamente.
— Mãe. — Gritava. — Mãe. — Gritava e meus olhos estavam vermelhos devido as filhas da puta das lágrimas que insistiam rolar pelo meu rosto.
— , acalma-se. — Minha mãe me olhava, preocupada devido ao meu estado. — Senta e se calma. — Minha mãe, disse tentando se aproximar, porém me esquivei.
— Não quero sentar. — Fui ríspido. — O que é isso? — Apontei para a carta e a caixa de veludo.
— Uma carta e um anel.
— Disso eu sei. — Gritei. — Mas o que significa essas palavras? E esse anel? Eu ia pedir alguém em casamento? — Ela não falava absolutamente nada. — Fala alguma coisa, mãe. — Gritei.
— Não. — Disse séria. — Você não tinha ninguém. — A mentira estava estampada em seus olhos e isso estava me deixando com uma raiva até então desconhecida por mim.
— Fala a verdade. — Gritei. — Se você mentir pra mim, quando descobrir, nunca mais falarei com você ou olho na tua cara. Apago você, assim como fiz com boa parte da minha vida.
— Você tinha uma namorada. — Disse com a voz falha, e meu coração sentiu uma pontada tão forte.
— O quê? — Gritei levando minhas mãos até meus cabelos. — Por que você mentiu?
— Meu filho, ela só queria o dinheiro da família e eu… — Não aguentava ouvi-la se explicar como se não tivesse cometido nenhum erro.
— Não acredito. — Gritei. — Perguntei incontáveis vezes se eu tinha alguém antes de sofrer aquele maldito acidente e você mentiu todas as vezes, dizendo que era solteiro e muito menos tinha alguém. — Gritei. — Duvido que eu tenha ficado com uma pessoa que só queria esse dinheiro, que quando precisei, não adiantou de nada. Quando você vai entender que dinheiro não é tudo? Se dinheiro fosse tudo, ele me devolveria as minhas lembranças.
— Eu queria e quero o seu bem. E ela não era especial na sua vida.
— Não? — Gritei. — Uma mulher que um cara está prestes a pedir em casamento é especial, sim.
— Esquece essa moça, ela só trouxe desgraça pra sua vida. — Gritou. — A culpada do seu acidente é essa mulher.
— Para de mentir. — Gritei — Eu vou procurar essa mulher e torça com todas as minhas forças que ela me perdoe, porque senão eu juro que nunca mais irei te perdoar. — Disse ríspido, peguei as chaves do carro e sai o mais rápido possível daquela casa. Dirigia em alta velocidade, precisava ir à casa da para conversarmos. Estacionei o carro de qualquer jeito, entrei em seu prédio e cumprimentei o porteiro. Toquei a campainha umas quatro vezes seguidas, estava desesperado devido a tantas informações e decisões que precisava tomar. Porém quando a abriu a porta, ela estava com um bebê em seu colo, seus olhos ganharam um tom de desespero misturado com nervosismo.
— De que é esse bebê? — Disse entrando em seu apartamento.
— M-meu sobrinho. — Disse séria segurando firme o bebê em seu colo. — , por que você está chorando? Aconteceu algo?
— Precisamos conversar. — Disse sério. — Mas pode terminar de fazer o que interrompi. — Apontei para o bebê sem roupas e com o corpo ensaboado. andou em direção a um dos cômodos da sua casa, fui até o local encontrando-a dando banho no menino que devia ter no máximo seis meses.
— Minha irmã precisou ficar até mais tarde no trabalho e deixou o John — apontou para o garotinho de olhos — sob os cuidados da titia. —Disse levando o bebê, até seu quarto em seguida, colocou uma roupa no menino e o fez dormir. Em seguida, caminhamos até a sala, sentou-se no braço do sofá. — O que aconteceu? — Perguntou com a voz preocupada. Seria mais difícil do que pensei durante o trajeto até o seu apartamento.
— Vou ser direto. — Disse olhando em seus olhos. — Descobri que antes do acidente, tinha uma mulher muito especial em minha vida. E a minha mãe a escondeu de mim durante esse último ano. E agora quero reencontrar essa mulher.
— E não tem espaço pra mim em sua vida? — Ela perguntou com os olhos marejados.
— Desculpa. — Disse com a voz folha, sentindo-me o pior homem do mundo. O que estava fazendo com aquela mulher? Agindo como o , fazendo-a sofrer, roubando seus sorrisos e causando suas lágrimas.
— Boa sorte, . — Disse enxugando suas lágrimas. — Seja muito feliz. — Disse com os olhos novamente marejados.
— … — Tentei me aproximar, porém ela se esquivou.
— É melhor você ir, daqui a pouco o John acorda e precisa da atenção da tia.
— Tudo bem. — Disse caminhando em direção, mas senti seus braços procurando pelos meus em um ato desesperado. Sentia que era meu dever cuidar e proteger essa mulher, mas precisava reencontrar a minha ex-namorada. Soltei meus braços do dela, sai do seu apartamento e podia ouvir seu choro tão alto e torturante. O acidente me deixou meses no hospital, depois roubou boa parte da minha memória e agora me fez magoar uma mulher, que sem dúvidas alguma era perfeita pra minha vida. Dirigi o mais rápido possível, não queria causar mais danos à vida da , ela não merecia um cara como eu, merecia um cara perfeito.
Mais um dos incansáveis dias que estou a procura da mulher que me fazia feliz antes do acidente roubá-la de mim e da minha mãe nos afastar. Se ao menos lembrasse a senha do meu antigo facebook, porém a amnésia não ajuda muito. Em quase um mês de buscas, tudo que encontrei foi uma foto das nossas mãos entrelaçadas, pra completar, a mulher não tinha uma tatuagem ou sinal de nascença, porque já seria uma ótima pista.
— , largue essa cerveja. — Gritei pregando a embalagem de suas mãos. — Tem estágio daqui a uma hora. — Sacudi a cabeça negativamente, disquei o número da pizzaria para pedir o nosso saudável almoço. Cozinhar não é um dos meus dotes e olha que são muitos. Quando a pizza chegou, sentamos no sofá e em pouco tempo já não tinha nenhum pedaço na caixa. Meu carro estava na revisão e iria pegar uma carona com o . Cada carona com o é uma prova de amizade, porque o menino dirige tão mal que não consigo entender o motivo de ter conseguido tirar a sua carta de habilitação. Das duas, uma: ou o instrutor era mais louco que ele, ou ele pagou uma propina, para alcançar os pontos precisos para ser aprovado. Chegamos à empresa onde estamos estagiando, seguimos em direção ao nosso setor, porém parou umas trocentas vezes para falar com algumas garotas. Em menos de quatro meses de estágio, o retardado do meu melhor amigo já as estava deixando loucas, apaixonadas e sonhando com um relacionamento sério. O não leva nem a universidade a sério, muito menos levaria um relacionamento a sério. Coitadas, sabem de nada, inocentes.
•••
O estágio terminou por volta das 16h00, saímos direto para a universidade, porque nossas aulas começam ás 18h00. Assim, que chegamos foi em direção a lanchonete, fui em direção a biblioteca precisava pegar uns livros para a aula de física. Porém quando adentrei a biblioteca, avistei a conversando com o Tom, sua feição era séria, mas não podia fazer absolutamente nada porque eu mesmo que a dispensei e a descartei da minha vida.
— Boa noite, . — A senhora, que cuidava da biblioteca disse educadamente. — E uma jovem, muito bonita. — Sorriu
— Boa noite. — Sorri. — Concordo. — Sorri, olhando para a , que agora se encontrava sozinha. — Peguei os livros e saí em direção ao quarto andar onde ficam as salas de física. Sentei-me em uma das cadeiras do fundão, afastado de tudo e todos, coloquei minha mochila em uma das cadeiras livres para se sentar quando e se voltar para a aula. Aproveite o tempo livre para fazer alguns exercícios e os fichamentos que eram para a próxima aula, porém ando tão ocupado com o estágio, que qualquer tempo livre, adianto tudo que pode ser adiantado.
— E a busca? — disse sentando-se. — Como está com a mulher misteriosa?
— Cara, você por acaso sabe de algo? Por favor, não diz que mentiu como a minha mãe fez.
— Não, cara. — Disse sério. — Estava estudando fora, não conversávamos há muito tempo, o que chega a ser estranho, por sermos melhores amigos desde de pirralhos. Mas na universidade que estudava era proibido celular e computadores.
— Sem problemas, irmão. — Sorri. — A cada dia acho que não reencontrarei essa mulher.
— Cara, vai com calma, ok? — Disse sério. — Você tem que estar preparado pra tudo, afinal, se passou um ano sem contar com os meses que sua a afastou de você. Pode ser que esteja namorando e até mesmo casada.
— Pior que eu sei, cara. — Disse com a voz preocupada. — Não irei me perdoar se tiver pedido essa mulher.
— , e a ? — Disse abrindo uma lata de refrigerante, mesmo com uma enorme placa dizendo que era proibido comer ou beber algo dentro da sala de aula, meu amigo não seria meu amigo, se não fosse desse jeito.
—No dia que descobri tudo, coloquei um ponto final em qualquer coisa que pudéssemos estar tendo.
— Gostava dela. — Disse abrindo seu livro de física. — Tom disse que vai sair com ela.
— O quê? Quer dizer, que bom… Ela merece ser feliz. — Sorri, tentando parecer o mais sincero possível.
— Cara você sabe que o Tom não irá fazê-la feliz. — Disse sério. — Tom quer transar com ela e depois falar pra metade do mundo. Tem certeza que não quer nada com ela? Porque se tiver, precisa agir logo.
— Deixa a seguir com a vida dela. — Disse abrindo meu livro. — Tenho uma mulher para encontrar e tomara que ela não se decepcione. — Disse cortando o assunto ao notar o professor adentrar a sala, carregando seus livros e os envelopes com as provas que por sinal devo ter me saído péssimo. A prova foi um dia depois de ter descoberto a existência de uma mulher em minha vida, de ter rompido com a . As aulas passaram na velocidade da luz, graças a Deus. me deu carona até o apartamento, agradeci e quando entrei em meu apartamento, tomei o Senhor Banho e depois me joguei na cama.
Acordei bem cedo com o meu estômago gritando, porém ao abrir a geladeira e armários, constatei que precisava fazer compras para meu apartamento, nas últimas semanas saía de casa às 07h e chegava ás 23h, ou seja, não notei que precisava comprar coisas básicas. Fiz a minha higiene matinal, coloquei uma roupa qualquer. Decidi tomar café da manhã no shopping e aproveitaria para fazer umas compras no supermercado que tinha no shopping. Tomei café da manhã em uma lanchonete, em seguida, caminhei em direção ao supermercado. Separei carnes, frango, biscoitos, refrigerantes, macarrões instantâneos, biscoitos recheados, pães, queijo, presunto e uma série de besteiras comestíveis. Enfrentei uma fila gigantesca, mas por sorte não demorou o tempo que pensei que fosse levar para pagar as minhas compras e voltar para meu apartamento e curtir meu dia de folga. Peguei as sacolas, caminhava tranquilamente pelo shopping quando avistei a brincando com o sobrinho, estava tão linda que deu vontade de ir até ela beijá-la sem parar, porém não seria certo com ela e com a minha ex-namorada. Eram tão adoráveis, parecia uma criança tentando falar com o sobrinho.
— … — me aproximei, ela me olhou de uma forma diferente. Segurava firme o sobrinho.
Há mais ou menos dois meses estou em busca da mulher que eu amava antes de esquecer boa parte da minha vida. Porém nenhuma pista me leva até o seu nome, nenhuma foto me leva ao seu rosto. A verdade é que parece que alguém fez questão de apagar tudo que me fizesse lembrar dela e consequentemente, não teria algo que pudesse me fazer lembrar dela. Minha relação com a minha mãe estava estremecida, não era fácil olhar pra ela e lembrar de todas as vezes que mentiu. O pior de tudo é ver a , seus braços tão solitários precisando de um abraço, mas não posso me aproximar, não tenho o direito de magoá-la.
— ! — gritou adentrando meu apartamento.
— O que você quer? — Disse desligando a televisão.
— Cara, a festa na praia… Você esqueceu? — Disse boquiaberto. — se esqueceu de uma festa? — Disse rindo. — Você está com febre, só pode ser isso. — Disse colocando as mãos na minha testa, porém o empurrei e ele começou a gargalhar.
— Não estou com clima para ir a essa festa.
— Desde quando você virou uma mulherzinha? — Disse rindo.
— , vai se tratar e me deixe em paz. — Disse pegando uma cerveja na geladeira.
— Se arruma e para de frescura. — Disse pegando uma cerveja. — Não saio daqui enquanto você não colocar uma roupa para irmos nessa festa. E você sabe, quando quero, sou muito irritante. — Disse rindo se jogando no sofá. Contrariado, levantei e fui me arrumar. Coloquei uma camiseta, uma bermuda e calcei meus chinelos. havia estacionado o carro em frente ao meu prédio, caminhei em direção ao estacionamento para pegar o meu carro, quando o encontrei dei partida no mesmo e comecei a seguir o , porque não sabia onde seria essa tal festa. Em algumas horas chegamos a casa, encontrei a galera da universidade conversando animadamente e ao fundo notei , conversando com o Tom e ignorei a cena. Peguei uma cerveja e me juntei aos caras. Confesso, ver a conversando com o Tom, me deixava com muita raiva. Comecei a beber sem me importar com a ressaca, fui até o bar e preparei um drinque bem forte.
— , qual a sensação de perdê-la, mais uma vez? — Tom sorriu debochado. Ignorei e continuei aguardando o meu drinque. — Tem uma cara de santinha, mas na cama é uma leoa. — Ele disse olhando para a . Quem ele pensava que era pra falar assim dela?
— Você é um babaca. — Gritei. — Não sei como a consegue ficar com alguém como você. — Disse pegando meu drinque.
— Simples, proporciono a ela tudo o que você nunca proporcionou… Se é que me entende. — Disse debochado, pegou dois drinques que estavam no balcão e caminhou até o local onde estava com a e seus amigos.
Observei a cena com mais cuidado, ela sorria enquanto conversava com algumas amigas. Tom segurava as mãos da , ela não se importava e parecia gostar. É um pensamento egoísta, porém tudo que não queria era vê-la sorrir pra outro da forma que sorria pra mim, não quero vê-la olhar para outro cara como olhava pra mim. Aquela cena era demais pra mim, comecei a beber sem parar, cervejas e mais cervejas.
— Cara, onde tem vodka? — Perguntei ao .
— Está na cozinha. — Disse antes de pular na piscina. Com uma certa dificuldade, caminhei em direção a cozinha, porém preferia nunca ter visto a cena da minha garota, aos beijos com o Tom. Sacudi a cabeça negativamente e saí o mais rápido possível. Peguei uma cerveja e caminhei até o meu carro.
— , você bebeu demais, deixa que dirijo pra você. — disse com a voz preocupada.
— Não preciso de você, não preciso da sua ajuda. — Disse rude enquanto tentava abrir a porta do carro e sair o mais breve possível daquele local. Mas ela pegou as chaves da minha mão e colocou-as em sua bolsa.
— Olha pra você – apontou para mim — Bebeu além da conta, não se aguenta em pé e ainda acha que tem condições de dirigir. — Disse impaciente.
— Qual o seu problema? Por que não volta pro Tom e me deixa em paz? — Gritei.
— Meu problema? Você. — Gritou — E o Tom não é meu namorado, não quero me envolver com ninguém por um bom tempo, ou você esqueceu que me deu um pé na bunda? — Disse abrindo o carro. — Entra agora, fica quieto, porque irei levá-lo para sua casa antes que faça merda novamente. Contrariado, entrei no carro, coloquei o cinto de segurança e ela deu partida no carro. Todo o caminho de volta, ela não disse uma única palavra e muito menos me olhava. Quando chegamos ao meu prédio, ela estacionou meu carro e saiu em sentido oposto ao meu.
— . — Gritei e ela me olhou.
— O que quer? — Disse com a voz rude.
— Obrigado. — Sorri e ela se virou, voltando a caminhar em direção a saída do estacionamento. Quando entrei no elevador, fechei meus olhos tentando apagar a cena da beijando o Tom, mas era inútil porque aquilo tinha sido a verdade que vi com os meus próprios olhos, chutei a porta do elevador e a senhora, me olhou com uma feição de medo e sorri envergonhado tentando conter a minha raiva. Com uma dificuldade abri a porta do apartamento, me joguei no sofá, pensava na loucura que estava a minha vida e se nunca mais encontrasse a minha ex-namorada? Por que fico nesse estado ao ver a beijando outro? Muitas dúvidas e poucas respostas, porém estou começando a me cansar de tudo isso, dia após dia minha busca fica cada vez mais sem respostas e lembro que podia estar feliz com a , seguindo com a minha vida.
•••
Se for domingo, não beba. Não sabe o quanto é difícil acordar cedo, com uma ressaca infeliz, e ter que encarar um dia cheio na universidade. Tomei um banho gelado, peguei uma xícara de café e uma aspirina, tomei os dois juntos. No dia anterior cheguei em casa tão ruim que não lembro onde deixei meu celular e as chaves do carro. Acabei encontrando as chaves e o celular dentro vaso de plantas. Quando estou sobre-o acordo atrasado e quando estou com uma ressaca dos infernos, acordo mais cedo, mas o certo seria o contrário.
— , acorda. — Ouvi o grito do meu professor, de química.
— O quê? Como? — Disse um pouco assustado, todos me olhavam e o professor estava com uma feição de poucos amigos.
— , cansei da sua falta de responsabilidade. — O professor, disse impaciente. — A partir de agora, se quiser passar na minha matéria, terá que fazer por merecer, ou então irei reprová-lo, e adivinha? Se reprová-lo, não irá se formar junto a seus colegas.
Em seguida, o professor, retomou a sua aula chata de sempre. Quando as aulas terminaram, saí o mais rápido possível e acabei esbarrando na , porém ela me olhou com desprezo e seguiu seu caminho sem ao menos olhar pra trás. Caminhei em direção à lanchonete, comi algo bem rápido, em seguida, peguei meu carro e fui em direção ao estágio. Assim que cheguei ao estágio, encontrei o , com uma cara de poucos amigos, mas o supervisor pediu que fosse buscar uns relatórios.
— Cara, o que aconteceu? — Disse próximo ao .
— O babaca do Tom ganhou o emprego. — socou a mesa. — Aquele idiota, falta os dias de estágios e é contratado.
— Como assim? — Bufei — Esse imbecil não merecia e não merece. — Prosseguimos como nossas tarefas. As horas passaram tão rápido que agradeci mentalmente, não aguentava mais um segundo preso nesse escritório, e o alegou uma dor de cabeça e foi embora mais cedo. Peguei minhas coisas, dirigi em direção a pub perto da minha casa, bebi algumas doses em seguida, fui embora para o meu apartamento.
Quando acordei, estava deitado no chão da sala e minha cabeça latejava. Tomei um banho, fiz um café bem forte, tomei uma aspira e decidi esperar o efeito. Porém passaram algumas horas e a dor só aumentava. Lembrei que precisava achar um projeto antigo para levar para o estágio, caminhei em direção ao quarto de depósitos, porém um baú me chamou a atenção e ao abri-lo meu mundo inteiro desabou. Abri o baú e encontrei uma caixa de veludo com anel de noivado, cartas, fotos com a , e parecíamos estar felizes. De repente fui invadido por várias lembranças.
Flashback Dirigia animadamente, tinha um buquê de flores e uma caixa de bombom, no banco carona. Era sexta-feira, estávamos libres da universidade e, enfim, poderíamos aproveitar um momento nosso. Tinha as chaves do apartamento da , e assim, que adentrei o apartamento, a encontrei sentada em uma das cadeiras, vestia apenas uma lingerie. Observei seu corpo sem deixar de notar qualquer detalhe. Sorriu maliciosa, fez um gesto com as mãos e prontamente atendi ao seu pedido. Tomei seus lábios em um beijo intenso, estava apaixonado por essa mulher. Flashback
Peguei as chaves do carro, dirigia em alta velocidade em direção ao apartamento da . Quando cheguei, peguei a carta com todos os objetos e lembranças, tocava a campainha desesperadamente e quando a abriu a porta, adentrei seu apartamento totalmente descontrolado.
— Aquele dia você sabia que era você, mas não contou. Por quê? — Gritei.
— Porque você não se lembrava de mim. E eu não aguentava mais essa espera. — Disse com os olhos marejados.
— Que espera, ?
— Esperei por seis meses você se lembrar de mim, mas nunca lembrou, e isso me destruiu. — Gritou. — Eu esperei por seis meses, . Não foram seis dias ou seis semanas, foram seis longos e torturantes meses. — Disse com a voz cansada. — E teve uma hora que fui obrigada a parar e seguir com a minha vida. E você saiu do hospital, e soube que estava feliz.
— Nunca pensou em me procurar ou que você era importante pra mim? — Gritei olhando no fundo dos seus olhos tão marejados quanto os meus. Porém ela não movia um único músculo, permanecia estática e sem esboçar qualquer reação.
— , você não se lembrava de mim. — Gritou com os olhos marejados. — A única pessoa que você não se lembrou foi de mim. Tem noção do quanto doeu? — Gritou desesperada.
— Se você me amasse, tentaria me fazer lembrar de você. — Olhei no fundo dos seus olhos e encarei seu rosto com desprezo.
— Não é tão fácil como você pensa. — Disse com a voz fraca.
— Por quê?
— Não quero falar. — Disse enxugando suas lágrimas.
— Mas eu quero ouvir. — Gritei próximo a , segurei seu corpo, a sacudi e ela chorava sem parar.
— Não, , por favor. — gritava enquanto chorava. Porém ouvi um barulho de um bebê chorando, correu e segui a mesma. Não entendi o motivo do sobrinho novamente estar em sua casa, que tipo de mãe é a irmã dela?
— , por que o seu sobrinho está aqui? — Perguntei sem entender, porém olhava preocupada para o sobrinho, que não parava de chorar por um segundo. pegou o sobrinho em seu colo, pegou sua bolsa e em seguida, calçou uma sapatilha e chorava muito.
— , você está com o seu carro? — perguntava, desesperada com o sobrinho em seus braços.
— Estou, por quê? — Disse sem entender.
— Por favor, me leve ao hospital mais próximo. — Dizia com os olhos marejados. — O John está ardendo em febre e está com dificuldades para respirar.
— Vamos. — Peguei a bolsa do John e descemos rapidamente em direção ao meu carro. segurava firme o bebê, que chorava sem parar, sua pele clara estava vermelha. Assim que chegamos ao hospital, ajudei a , saímos correndo desesperados em direção a emergência, mas por sorte tinha um pediatra de plantão. Colocaram John na maca, mas os médicos queriam conversar com a .
— O que houve? — O médico perguntava enquanto começava a examinar o John.
— Febre alta e falta de ar. — chorava sem parar.
— A senhora é o que do bebê? — O Médico perguntou antes de levar John, para fazer o procedimento.
— Sou a mãe. — dizia com os olhos marejados. Em poucos segundos levaram o bebê em direção a sala onde seria feito o procedimento. Mas como assim, o John é filho da ? Até chegarmos aqui, ele era apenas o sobrinho dela, e agora descubro que ele é filho dela.
— Senhora, o médico pediu para perguntá-la quantos meses o seu filho tem. — A enfermeira perguntou educadamente.
— Seis meses. — Chorava sem parar. — Por favor, salvem meu bebê. — A enfermeira voltou para o local onde estavam. chorava com as mãos apoiadas no joelho, abaixei e abracei a . Tudo que ela precisava era ver o filho bem, e depois conversaria com ela. Havia passado alguns minutos desde que levaram o John, para examiná-lo.
— Senhora. — O médico adentrou a sala de espera, levantou de pressa e encarou o médico.
— O que houve, doutor? Meu menino está bem? Por favor, diz que sim. Não suporto se algo acontecer com ele. — Abracei a pela cintura, tentando acalmá-la.
— Senhora, o seu bebê apresentou sintomas de uma doença crônica chamada bronquite, por isso a febre alta e dificuldade para respirar. — Disse tranquilizando a .
— Doutor, cadê o meu filho?
— Calma, meu amor. — Tentava acalmá-la.
— Ele está tomando a medicação. — Disse calmo — Porém, por precaução, pedirei que o John passe a noite no hospital. Podem ir vê-lo, mas façam silêncio, por favor. — O médico, se retirou e seguimos em direção ao quarto onde o John estava. — observava o filho dormindo tranquilamente no berço colocado no quarto. Ela deitou na cama e me juntei a ela, abraçando-a fortemente.
— , eu... — Tapei seus lábios, não seria ali e muito menos a hora certa para conversarmos.
— Amanhã a gente conversa. — Beijei o topo da sua cabeça. — Você precisa dormir.
— Não posso, vou vigiar o John. — Disse com a voz preocupada.
— Dorme e deixa que faço isso. — Tentou relutar, porém o sono venceu. Pouco a pouco seus olhos se fecharam. Observava o bebê dormindo tranquilamente, era tão lindo e era a cópia da mãe.
•••
Assim que amanheceu, acordou, correu em direção ao berço e pegou o filho em seus braços. O médico examinou o bebê por alguns minutos, em seguida, avisou que depois do café da manhã o bebê estava liberado, porém precisaria marcar uma consulta com um alergista para tratar a bronquite do bebê. Ajudei a com as bolsas, quando chegamos no meu carro, abri a porta para ela entrar, já que estava com filho em seu colo, e segui em direção ao apartamento dela. Assim que chegamos ao apartamento, peguei o John no colo e a procurou pelas chaves em sua bolsa. Adentramos o apartamento, John dormia tranquilamente em meus braços e observava o quanto seria feliz em ter um filho.
— , vou colocá-lo no berço. — Disse caminhando em direção ao quarto da , o coloquei no berço em seguida, voltei para a sala.
— Quer conversar agora?
— Primeiro preciso conversar com outra pessoa.
— Tudo bem. — me levou até a porta, porém fui surpreendido quando seus lábios foram de encontro aos meus. Cessamos o beijo por falta de ar, segui em direção ao meu carro e segui a caminho do pub mais próximo do meu apartamento. Comecei com uma dose, depois uma dupla e perdi a conta de quantas foram. Porém , adentrou o pub, me jogou dentro do carro e me deixou no meu apartamento.
•••
Logo cedo, acordei e fiz a minha higiene matinal. Coloquei qualquer roupa e segui sem direção à casa da minha mãe. Durante o caminho, pensava em tudo que lembrei desde aquele dia que senti fortes dores de cabeça. Quando adentrei a casa da minha mãe, ela não havia chegado do trabalho. Sentei em uma das poltronas decidido a esperá-la. Quando me viu sentado na poltrona, não entendeu o motivo, porém iria relembrá-la.
— Mãe, por que escondeu a de mim? — Gritava.
— Essa garota, não serve pra você. — Disse séria.
— Quantas vezes terei que dizer que quem decide sou eu. — Gritei. — Você não tem noção da besteira que você fez. Acabou com a minha vida.
— Deixe de ser dramático. — Gritou — Ficará grato ao saber o motivo que separei você dela. Você não lembra o motivo do seu acidente?
— Como assim? Não inverta os papéis, senhora .
— A sua querida traiu você com o Tom, lembra? — Quando minha mãe terminou de falar, minha cabeça começou a latejar e várias imagens embolavam a minha cabeça.
Flashback Dirigia em alta velocidade até o apartamento da , provaria à minha mãe que estava errada com o que falou da minha namorada. Subi as escadas o mais depressa possível, peguei a minha chave e quando adentrei o apartamento a estava aos beijos com Tom.
— Você.... você... não podia ter feito isso. — Gritei empurrando o Tom para o chão e encarava a com muita raiva.
— , não é o que você está pensando. — dizia chorando desesperadamente.
— Por favor, , sem frases clichês de filmes. — Tom sorriu debochado. Estava prestes a fazer uma besteira, olhei para a , em seguida para o Tom, e decidi ir embora. Dirigia em alta velocidade, não acreditava no que os meus olhos acabaram de presenciar. Um barulho se fez presente, meus olhos fecharam-se bruscamente. Flashback
Saí desesperado da casa da minha mãe, peguei meu carro e dirigia o mais rápido possível. Quando cheguei à universidade, perguntava as pessoas se por acaso, tinham visto o Tom, em algum lugar. Porém ninguém soube responder. O encontrei sentado em uma das mesas e conversava com seus amigos idiotas. A raiva me consumia, queria matar aquele desgraçado e eu faria isso. Cheguei próximo ao Tom, o puxei pela camisa, o empurrei no chão e comecei a socá-lo sem parar. Tom não conseguia reagir, porém não conseguia parar de bater naquele infeliz. O chutava sem parar, todos olhavam assustado com as minhas atitudes, porém quando ia tacar uma garrafa na cabeça dele a , segurou as minhas mãos.
— Você está louco? — gritou e quando olhei em seus olhos, comecei a lembrar de tudo, minha vista estava ficando embaçada e parou no momento em que presenciei a traição.
— Devo estar, porque estou brigando por uma piranha. — Gritei.
— Do que você está me chamando? — Gritou.
— Piranha, me traiu com esse infeliz, por isso sofri o acidente que quase tirou a minha vida. — Gritei encarando seus olhos marejados.
— De novo você me acusando. Nunca me escutou. — Disse séria. — Por muito tempo sofri pensando que a culpa era minha, por culpa de um mal-entendido, mas hoje eu não me culpo mais.
— Mal-entendido? Eu vi você aos beijos com esse verme. — Não me importava com todos observando a nossa cena.
— Sabe o que dói? Ver a mesma se repetir. — Gritou enxugando as lágrimas. — Você lembra de um mal-entendido, mas não lembra de mim, da nossa história. — Chorava.
— Não inverta os papéis. — Gritei
— Por isso, que sumi com o meu filho.
— Filho do Tom, né? — Soltei um sorriso irônico.
— Outro? — Sorri — Você é uma safadinha, .
— Filho do homem que eu mais amei. — Disse chorando desesperadamente. — O filho que sonhamos em ter. E que chegou no momento mais difícil da minha vida. Senão fosse o John, não suportaria tudo.
— C-como assim?
— Sua mãe armou tudo desde a cena que você presenciou até o nosso afastamento. — Gritou. — Ela não quis saber do John e muito menos que você ficasse perto dele. Sabe como iria visitá-lo? Ia escondida, porque sua mãe me ameaçou de formas horríveis. Porém um dia ela descobriu das minhas visitas, me expulsou, me humilhou e… — Chorava desesperada. — Passei muito mal… Descobri que estava com quatro meses de gestação e quase perdi o meu bebê.
— Minha mãe, não faria isso.
— Pense do jeito que quiser, mas pense fora da minha vida. — enxugou as suas lágrimas e aos poucos a perdi de vista. Caminhei em direção ao meu carro e dirigia sem saber pra onde ir.
Você ouve a porcaria de uma música, tudo que consegue pensar e na pessoa mais especial da sua vida. Os filmes idiotas começam a fazer sentido e te faz se sentir um perfeito idiota. Precisei de dois meses, para entender o que a havia me dito no nosso último encontro, nunca pensei em como tudo deve ter sido difícil para ela e nem ao menos pensei que pudesse estar certa em relação a tudo. Porém como sempre agi feito idiota, maltratei, e adivinha? Perdi.
— … — Tom Gritou.
— O que você quer? — O olhei com nojo. — Falar que pegou a minha mulher?
— Para com isso, cara. — Disse sério. — Você é muito burro.
— O que você disse? Quer apanhar de novo, Tom? — Gritei.
— Nunca existiu nada com a .
— Por favor, não minta e eu vi. — Disse sério. — Fala pra que a tentativa dela falh… — Fui interrompido pelo Tom, despejou tantas palavras e tudo começava a fazer sentindo pra mim.
— Você não merece a … Cara, que tipo de amor é esse? — Gritou e parecia estar irritado. — A garota, sempre foi louca por você, todos os caras tentaram ficar com ela, depois que você sofreu o acidente, e ela nunca aceitou, porque dizia que você seria pra sempre o amor da vida dela. — Gritou com raiva.
— Como assim?
— Lembra quando a chegou na universidade? Fiquei louco, ela era diferente de todas as garotas, porém ela se apaixonou pelo , vocês começaram a namorar e viveram felizes para sempre. — Seu tom de voz parecia enojado. — Porém bastou uma mentira idiota, pra você cair feito um pato e adivinha? Sua mãe armou tudo, pediu que fosse até o apartamento da , não queria fazer isso, mas sempre fui louco por ela e vi a chance de tê-la pra mim.
— Você é um babaca, Tom. — Gritei segurando sua camisa. — Eu quase morri, eu quase morri. — O empurrei contra o armário, quando ia socá-lo, começou a despejar mais palavras que me afetavam por demais.
— Não queria que nada acontecesse. — Disse sério. — Só queria a , porém o acidente quase tirou a sua vida, ela só fez ficar ainda mais apaixonada, mesmo com a sua mãe a humilhando, maltratando, nunca deixou de ir visitá-lo… Você precisava ver a dedicação dela. — Os olhos do Tom estavam marejados, aquilo estava começando a me assustar. — Eu queria aquele sentimento por mim, porém ela só tem olhos pra você e não sabe o quando doeu vê-la sofrer quando não se lembrou dela. — Disse sacudindo a cabeça negativamente. — A garota quase perdeu o bebê por culpa da desgraçada da sua mãe, porém ela teve o bebê e o cria com todo amor do mundo. — Disse sorrindo. — Esse filho é seu, , não tem como ser de ninguém a não ser você. Seria uma honra se eu fosse o pai do John, mas nunca aconteceu nada com a , aquele dia foi um beijo roubado, depois que você foi embora ela me socou, me xingou e me colocou pra fora do apartamento.
— Seu desgraçado! — Gritei batendo seu corpo contra o armário. — Você acabou com a minha vida, você e um psicopata e tudo pra poder roubá-la de mim. — Gritei e soquei seu rosto.
— , se você ousar encostar a sua mão em mim novamente, juro que quebro todos os ossos do seu corpo. — Gritou me jogando no chão. — Pra que perder tempo comigo? Vai atrás da , antes que eu faça isso, e juro que falta pouco. — Gritou. — Quer saber? Por mim prefiro que não vá, deixa o caminho livre, pouco a pouco irei conquistá-la, criarei o seu filho como se fosse meu e ele nunca saberá da sua existência. — Pegou sua mochila e saiu rapidamente. Permaneci no chão, chorava sem me importar com os olhares das pessoas, estava com raiva de mim mesmo. Peguei as chaves do carro, caminhava apressadamente em direção ao meu carro, precisava falar com a , porém , pegou as chaves das minhas mãos.
— Você não vai dirigir assim. — gritou.
— Devolva as chaves agora. — Gritei — Para de palhaçada .
— Palhaçada? Você é um moleque irresponsável. — Gritou — Você quer o quê? Se matar ou parar no hospital de novo? , pelo menos uma vez na sua vida, pensa antes de fazer uma merda. — Gritou. — Quer isso? — apontou para as chaves. — Toma essa porcaria de chave, porém pense bem antes de dirigir nesse estado, a sua vida que coloca em risco e a vida de outras pessoas. — Virou as costas, saiu andando e pela primeira vez vi o , falar sério. Quem eu queria enganar, não adiantaria nada ir até o apartamento da , ela não abriria a porta, não falaria comigo e muitos menos me pediria desculpas. Abri a porta do carro, quando entrei apoiei a minha cabeça no volante e decidi me acalmar antes de voltar para o meu apartamento.
O natal está se aproximando, a cidade está decorada, as pessoas, estão no clima natalino. A universidade entrou em recesso, para as festas de fim de ano. Devido aos meus horários confusos da universidade e estágio, dá pra contar nos dedos as vezes que encontrei com a , porém uma pedra de gelo não é fria quanto ela está agindo comigo. A campainha tocou, atendi e era o responsável pelos flyers de divulgação do meu show.
— , um importante produtor musical, comparecerá no show e agora só mostrar o seu talento, garoto. — O dono do pub, disse animado deixando alguns dos flyers comigo. Depois que ele foi embora, me arrumei e decidi convidar a pessoa, que me inspirou a escrever a minha nova música. Peguei minha carta, as chaves do carro e segui em direção ao apartamento da . Assim que cheguei ao seu prédio, cumprimentei o porteiro e adentrei o elevador. Toquei a campainha, porém com certeza ao olhar no olho mágico, optou por não abrir a porta.
— , tudo bem, você está chateada e eu compreendo. — Disse encostada na porta. — Descobri a verdade. Você estava certa, meu amor. — Disse sentando em frente a porta do seu apartamento. — Amanhã será o meu show… queria muito que fosse e levasse nosso filho. — Fechei os olhos, podia sentir que a estava encostada naquela porta ouvindo cada palavra que dizia, porém sempre foi orgulhosa demais para fazer o que estava com vontade. Coloquei o flyer por debaixo da porta, levantei e segui em direção ao meu apartamento.
•••
Os instrumentos estavam arrumados, havíamos passado o som pela tarde. Queria esperar mais um pouco, porém teríamos que começar o show. Todos pareciam animados, casais, amigos, crianças, famílias, porém nenhuma cena me preenchia porque falta as duas pessoas mais importantes da minha vida. A banda começou a tocar em seguida, a minha voz preencheu o local.
— Essa música se chama Amnesia. — Sorri fraco. — Há mais ou menos um ano e meio, a minha vida foi totalmente bagunçada, perdi a memória e as duas pessoas que eu mais amo. — Encarei a plateia, procurando pela e John, mas eles não estavam lá. — Essa é pra .
“Keeps coming closer, I don‘t but she thinks I know her (Continua chegando mais perto, eu não, mas ela acha que eu a conheço)
Beautiful smile with those sad eyes (Sorriso bonito com aqueles olhos tristes)
That was my type, amnesia, that’s over (Esse era o meu tipo, amnésia, acabou)
I can see your breathing, girl, is colder (Eu posso ver a sua respiração, menina, é fria)
I can see you need me but I don’t care” (Eu posso ver que você precisa de mim, mas eu não me importo)
Mantinha meus olhos fechados, imagina o sorriso da . Lembrava das suas manias, dos nossos beijos e brigas. Essa música é sobre ela, sobre mim e sobre a nossa vida. A é a mulher dos meus sonhos, a mulher que escolhi cuidar pro resto da vida, não é perfeita, mas é verdade com seus sentimentos e me faz bem como ninguém consegue. Em cada palavra dessa música, tem um pedaço dela, um pedaço de nós.
“My whole memory of me and I’ve gone so far from me, girl (Toda memória de mim agora está tão longe de mim, não é justo)
It’s not fair (Isso não é justo)
I could feel it almost starts to change (Eu podia sentir que quase começa a mudar)
But then it hurts too much, that’s when it starts to fade” (Mas, então, isso dói muito, e é quando ele começa a desaparecer)
Ao abrir meus olhos, encontrava-se no centro do pub, John estava em seus braços e seus olhos estavam marejados. Por mas que minha vontade fosse sair do palco, agarrar aquela mulher, beijá-la até faltar o ar e recuperar tudo que perdi com o meu filho.
“So cold, baby, now I’m going crazy (Foi tão frio, amor, agora eu estou ficando louco)
I don’t know why you need me alone (Eu não sei por que você precisa de mim sozinho)
If it was true, if it was you (Se fosse verdade, se fosse você)
Don’t you think, don’t you think I would know? (Você não acha, você não acha que eu saberia?)
Amnesia! Every memory fades away till it’s gone ( Amnésia! Cada memória desaparece desde que se foi)
Where did you go? (Aonde você foi?)
Amnesia, everything and nothing ( Amnésia, tudo e nada)
No 'we' anymore, she’s a stranger that I used to know” (Não existe mais “nós”, ela é uma estranha que eu costumava conhecer)
segurava firme nosso filho, seu sorriso com um misto de emoção, seus olhos estavam diferentes, de repente, as imagens invadiam a minha mente. Pedido de namoro, primeira vez, primeira viagem, primeira briga. Nossos momentos estavam de volta, para completar a minha felicidade falta os dois e lutarei para isso acontecer. De repente, seus olhos estavam marejados, me olhava como antes de tudo acontecer, nosso filho parecia estar tão inerte a tudo que estava acontecendo a sua volta. Olhei fixamente em seus olhos , continuei cantando a música feita pra ela.
“Now peace for those of us (Agora a paz para aqueles de nós)
Some have peace on inner (Alguns têm a paz no interior)
Tell me what happened? (Diga-me o que aconteceu?)
Who they? Where did they go? (Quem são? Para onde foram?)
And was he enough, enough? (E ele era o suficiente, o suficiente?)
When did all the fire turn colder? (Quando foi que o fogo todo ficou mais frio?)
When did your heart start to beat slower? (Quando o seu coração começou a bater mais devagar?)
My whole memory of me is now gone so far from me, it's not fair (Toda memória de mim agora está tão longe de mim, não é)
And I can feel it almost start to change (E eu posso sentir que quase começa a mudar)
But it just hurts too much, I let it go away” (Mas dói muito, eu deixar ir embora)
Tínhamos uma conexão perfeita, nossos olhares se encontravam e ela sorria feito um anjo. Não tinha dúvida alguma sobre o quão forte é o que sinto por ela, mesmo quando descobri que tinha outra mulher em minha vida, estava apaixonado e a verdade é que tentaram nos separar, porém nosso amor como sempre fala mais alto e é mais forte que tudo e todos. Não tem como mudar o que está predestinado a estar sempre junto e éramos assim, predestinados um ao outro, desde o dia em que encontrei a , na universidade, sabia que aquela mulher cheia de manias e defeitos mudaria a minha vida e fazer de um menino, um homem.
“So cold baby (so cold), now I’m going crazy (Foi tão frio, amor (muito frio), agora eu estou ficando louco)
I don’t know why you need me alone (Eu não sei por que você precisa de mim sozinho)
If it was true, if it was you (Se fosse verdade, se fosse você)
Don’t you think, don’t you think I would know? (Você não acha, você não acha que eu saberia?)
I got amnesia, every memory fades away till it’s gone” (Eu estou com amnésia, cada memória desaparece desde que se foi)
“Where did you go? (Aonde você foi?)
Amnesia, everything and nothing (Amnésia, tudo e nada)
No 'we' anymore she’s a stranger (Não existe mais “nós”, ela é uma estranha)
Amnesia, every memory fades away till it’s gone (Amnésia, cada memória desaparece desde que se foi)
Where did you go? (Aonde você foi?)
Amnesia, everything and nothing (Amnésia, tudo e nada)
No 'we' anymore she’s a stranger that I used to know (Não existe mais “nós”, ela é uma estranha que eu costumava conhecer)
And I don’t know you anymore (E eu não te conheço mais)
Everything and nothing (Tudo e nada)
Everything and nothing (Tudo e nada)
She’s a stranger that I used to know (Ela é uma estranha que eu costumava conhecer)
Amnesia, amnesia, amnesia” (Amnésia, amnésia, amnésia)
Sorri para a plateia, cantava enquanto descia as escadas do palco, caminhava em direção a , olhava no fundo dos seus olhos marejados. Peguei o John, segurando-o em meus braços, cantava próximo a , e todos olhavam achando tudo lindo. Nada mais me importava, estava ao lado das duas pessoas que eu mais amo no mundo e agora cuidarei deles em dobro, pelo tempo que não pude estar com eles.
“Go on and tear me apart (Vá em frente e me rasgue)
And do it again tomorrow (E faça de novo amanhã)
I almost forgot , who you are (Eu quase me esqueci, quem você é)
I try to forget about it every time I see you (Eu tento esquecê-la cada vez que eu te vejo)
Thought I could do without ya (Pensei que eu conseguiria sem você)
Now I know I need ya, need ya (Agora eu sei que eu preciso de você, preciso de você)
This is turning into some kind, some kind of amnesia, amnesia (Isto está se transformando em algum tipo, algum tipo de amnésia, amnésia)
Memories fade away (Memórias desaparecem)
Thought I could do without ya (Pensei que eu conseguiria sem você)
Now I know I need ya, need ya (Agora eu sei que eu preciso de você, preciso de você)
This is turning into some kind, some kind of amnesia, amnesia (Isto está se transformando em algum tipo, algum tipo de amnésia, amnésia)
Memories fade away (Memórias desaparecem)
So tear me apart and do it again tomorrow (Então me rasgue e faça de novo amanhã)
I almost forgot whop we are (Eu quase me esqueci quem somos)
I’ll let you drive me crazy for another day (Eu vou permitir que você me deixe louco por mais um dia)
Isn’t this love insane, insane? Yeah” (Este amor não é louco, insano? Sim)
— , diante de todas essas pessoas, te peço desculpas por tudo te causei e por não estar ao seu lado quando mais precisou. — Acaricie seus cabelos. — Sei que dei todos os motivos do mundo para não ficar comigo, mas eu a amo, preciso de você e do nosso filho. — Sorri com John em meu colo.
— Eu te amo. — disse me olhando no fundo dos olhos. — Podiam se passar dez, vinte, trinta anos, mas sempre acreditei que um dia ouviria essa frase novamente… Não sabe como é bom ter o meu de volta. — Sorriu com seus olhos marejados.
— Eu te amo, minha princesa. — Sorri, pousei uma das minhas mãos na cintura dela. — “Now I know I need ya, need ya.” — Cantarolei próximo aos seus lábios em seguida, tomei seus lábios em um beijo desesperado, estava com tanta saudade de senti-la tão minha e entregue aos meus carinhos. Cessamos o beijo e todos batiam palmas, escondeu o rosto em meus ombros, sorri com tal gesto, porém permanecemos abraçados. Agora seria tudo diferente, tiraram de mim oito meses com o meu filho e a mulher que eu amo. Porém a Amnesia, quando me fez esquecê-la, só me provou o que eu já sabia, não importa o que aconteça sempre me lembrarei da , irei me apaixonar a cada dia ainda mais por ela, de todos os jeitos e formas.
— Primeiramente, gostaria de dizer que é um prazer representar a minha turma, diante de todos os mestres, familiares e amigos. — Sorri ao olhar para o meu filho, que me olhava com os seus olhos tão quanto os meus. — Hoje é um dia muito importante para todos nós e muito esperado também. — sorri — Afinal, quem queremos enganar? Não aguentávamos mais um dia se quer nessa universidade. — Todos sorriram. — Quando ingressamos na universidade, éramos apenas meninos e meninas, porém hoje sairemos homens e mulheres. — Sorri encarando todos sentados em suas respectivas cadeiras. — Nunca conseguirei agradecer o que fizeram por mim, quando sofri meu acidente, passei meses sem poder vir a universidade e quando retornei me abraçaram com todo carinho do mundo. — Sorri. — Demorou, porém conseguimos, a partir de hoje somos Engenheiros. Aos queridos mestres, a nossa eterna gratidão, por todo conhecimento que nos passaram. Pela paciência, por tolerar os atrasos, por nos ajudar com notas extras — sorri para o professor de química. — Obrigado por tudo, vocês participaram da fase mais bonita da minha vida, e até um dia. — Quando terminei, todos se levantaram e bateram palmas. — Quando desci do enorme palco, montado no lado externo da universidade, nos abraçamos, jogamos os capelos para o alto e o pegamos de volta.
— Meu engenheiro. — sorriu. — Tenho muito orgulho de você, por tudo que você é e por ter nos colocado acima de tudo em sua vida. Tem um ano que estamos morando juntos, você participa da vida do John, cuida de mim. — Sorriu. — Eu te amo, .
— Já disse o quanto você é maravilhosa? — A abracei — Nenhuma mulher do mundo ao menos se parece com você. — Sorri. — Não sabe o quanto sou grato por acordar ao seu lado todos os dias, por poder brincar com o nosso filho, logo pela manhã, e por você ser minha. — selei nossos lábios. — Eu te amo, futura senhora . — Sorrimos, levou seus lábios até os meus, beijá-la era a melhor sensação do mundo, senti lá tão minha, tão vulnerável aos meus toques.
— Pode tirar uma foto nossa? — pediu a uma das formandas. Abracei a , coloquei John em meus braços, sorrimos e naquele momento descobri que não são as coisas que fazem dos momentos algo único, são as pessoas. Não importa o quanto tenha em sua conta bancária, porque se não tiver as pessoas, que você ama ao seu lado, será apenas uma pessoa pobre de sentimentos com dinheiro no banco.
FIM
Nota da autora: Primeiramente gostaria de agradecer, por participar de algo tão especial. Essa fanfic é inspirada na música Amnesia – Justin Timberlake. Agradeço as minhas leitoras, que estão sempre comigo. Essa história se tornou muito importante, a cada capítulo que escrevia, me via cada vez ainda mais apegada a ela. De todo coração espero que curtam e quem não gostar pode deixar a sua crítica(não tenho problemas com críticas. Sempre são bem vidas, porque procuro melhorar a cada história que posto ou começo a escrever.) Quem quiser me encontrar vou deixar os links aqui em baixo. Foi um prazer participar do Ficstape. Beijos!!!!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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