Finalizada em: 11/01/2022

Capítulo Único

“I’ve been called an emotional disaster by myself and by so many others after. I had trials and tribulations mastered, tune it out with a little bit of paint and plaster.”

’s POV:

Eu encarava a parede branca do meu quarto na clínica, enquanto aguardava vir me buscar para a sessão de hoje de terapia. Uma das minhas últimas. Já fazia três anos que eu estava ali, que aquela era a minha casa e aquele o meu quarto. Aquelas pessoas haviam virado a minha família basicamente.
A dependência química não era fácil, tanto para o adicto, quanto para quem o cerca. E eu era viciada em drogas desde os meus quinze anos. No começo, eu achava que tinha pleno controle de tudo, achava que eu sairia daquele buraco quando eu quisesse. Mas as coisas não foram bem assim e eu fui me descontrolando cada ano mais. Emocionalmente as coisas desandaram também na minha vida. O divórcio dos meus pais foi o pontapé inicial para que no ensino médio eu começasse a usar maconha. O processo todo do divórcio foi horrível! E até eles chegarem mesmo ao divórcio, as coisas também não foram fáceis. Os dois brigavam 24/7, e as brigas eram pesadas, havia agressão tanto verbal, quanto física de ambos os lados. E eu via aquilo tudo acontecer diante dos meus olhos sem poder fazer nada, já que eu não sabia muito bem como lidar com aquilo tudo. Eu sempre fui uma criança calada e tímida. Meus pais tardaram a me colocar em contato com o mundo, com outras crianças e pessoas. Eu não sabia como lidar com as pessoas, desde sempre. E os dois só tinham tempo para seus respectivos trabalhos e para as intermináveis brigas. Então eu fui negligenciada, tendo crescido apenas com o carinho dos meus avós, mas não em tempo integral. E bom, quando eles morreram, foi uma perda significativa demais para a pequena eu de dezessete anos. Mais um gatilho. Já na faculdade, eu conheci drogas mais pesadas como a cocaína e a heroína. Já maior de idade, eu comecei a achar que era dona do meu próprio nariz mesmo não tendo onde cair morta e com um trabalho que mal dava para sustentar meus vícios. Meus pais, já divorciados a essa altura, mal prestavam atenção ao que acontecia comigo, então eu era um desastre emocional, ficava cada dia mais agressiva e sem controle das minhas emoções e da minha vida em geral. Eu nunca havia de fato conhecido o amor e todas as suas formas. Eu só fui entender sobre essa parada de amor, já internada na clínica de reabilitação.
Me lembro que meus pais só se atentaram ao meu estado quando eu fugi de casa e fui morar nas ruas. Eu já me encontrava em um estado deplorável, mal parando em pé. Não sei dizer ao certo quando foi que perdi completamente o controle sobre mim mesma, não sei dizer ao certo porque deixei que tudo chegasse ao ponto que chegou, não sei explicar porque não consegui simplesmente pedir ajuda. Eu acho que sempre me senti tão a parte da família, tão fora de lugar, tão sem importância que na minha mente tão bagunçada eu sabia que mais uma vez seria negligenciada e ninguém faria nada por mim.
Mas meus pais fizeram. Fui internada, contra a minha vontade de início. Eu achava besteira, achava que não tinha mais salvação e naquele momento eu, de fato, não queria ser salva.
Eu me sentia um peso morto na Terra, e só queria poder ficar sozinha - como sempre fui - e me afundar no caos que eu mesma havia criado. Como nunca tive ninguém se preocupando e cuidando de mim, aquilo não fazia diferença na minha vida. Eu só queria morrer ou desaparecer. E eu quase consegui! Mas hoje, aqui estou eu. Mais viva do que nunca e encarando a parede do quarto que fora meu por três anos.

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“When I chose drugs over love, money over trust, till I found us...And I chose lust over love, danger over trust, till I found us.”

deu três batidinhas na porta e eu gritei para que ele pudesse entrar. Encarei os olhos negros dele enquanto ele abria a porta e então eu sorri.
- Pronta? - ele perguntou, com o sorriso de sempre nos lábios.
Não houve um dia sequer que eu me lembrasse de ter encarado em que ele não estivesse com um grande sorriso nos lábios. Ele era meu enfermeiro, na verdade não só meu, é claro. Mas nós passamos muito, muito tempo juntos. Ele era meu ponto de paz e esperança ali. Não só ele, todos ali eram a minha esperança de dias melhores. Mas era diferente, ele era especial. Na forma que cuidava de mim, desde que eu havia chegado ali. Quando cheguei à clínica eu era um trapo, eu pesava apenas quarenta e cinco quilos, não tomava banho a meses, estava suja e completamente debilitada. Eu me lembro muito bem dos olhos arregalados dele me encarando quando cheguei aqui. Logo depois, quando eu já estava de banho tomado e um pouco mais calma, ele se aproximou de mim, com um prato enorme de sopa e pães. Ele se sentou ao meu lado e sorriu. Me lembro de ter pensado que nunca em toda a minha vida tinha visto um sorriso como o dele. Eu ainda estava arisca, a agressividade ainda tomava conta de todo o meu corpo. Ele, experiente com esse tipo de situação, me acalmou. Ele era a primeira pessoa que, em anos, não havia me tratado como um animal. Primeiro ele conversou comigo, acariciou levemente minhas costas, começou a me contar a história da clínica. Depois ele mudou de assunto e começou a falar de si mesmo, contando como decidiu cursar enfermagem, depois que perdeu o irmão para o vício. Ele disse que a missão de vida dele havia se tornado aquilo: não deixar mais ninguém perder um ente querido para as drogas. E aquilo mexeu comigo. Ele me ajudou a me alimentar, estava tão fraca que mal conseguia segurar a colher e levá-la à minha boca. Se fossem em outras circunstâncias eu teria me sentido muito humilhada por ter alguém me alimentando e por estar ali tão vulnerável. Mas com ele, não. Com ele foi tudo tão fácil. Depois daquele dia, se tornou meu enfermeiro. Os terapeutas, médicos e psiquiatras, perceberam que eu havia me afeiçoado a ele de cara, então aquilo provavelmente ajudaria muito no meu tratamento. E foi verdade! salvava a minha vida todos os dias. Nós dois nos tornamos amigos muito rápido, e logo eu já não me enxergava mais longe dele. Logo eu, que evitava as pessoas, logo eu que fazia sexo em troca de drogas ou dinheiro e detestava os homens… Estava lá, rendida aos encantos de um enfermeiro.
O começo da reabilitação não havia sido nada fácil. Eu me recusei muitas vezes a fazer os tratamentos, ficava em silêncio nas terapias e só tomava os remédios porque era quem me dava. Com ele eu conversava, com ele eu me abria, com ele eu comia… E foi ele quem me convenceu, foi ele quem me mostrou que eu precisava daquilo, que eu estava ali para ser curada. Os enfermeiros são responsáveis por um trabalho importante e delicado: acompanhar de perto o passo a passo da recuperação do paciente. A dependência química é uma doença que precisa de atenção e cuidado, e o enfermeiro é o responsável por isso. E se tinha uma coisa que me dava era atenção!
Tive muitas recaídas durante o primeiro ano de tratamento, muitas crises de abstinência e em todos os momentos, ele estava lá. Me acalmava durante as crises, cuidava de mim… era meu confidente e meu melhor amigo. nunca deixou que eu desistisse.
- Pronta sim! - me levantei da cama.
- Então vamos? - ele ergueu a mão em minha direção.
Segurei com firmeza a mão dele e ele voltou a sorrir. Como eu amava aquele sorriso.
Caminhamos juntos até a sala de terapia e ele abriu a porta para que eu pudesse entrar, voltando a sorrir para mim antes que eu entrasse no recinto. Senti meu coração palpitar ao me lembrar que àquela seria uma das últimas vezes que eu veria aquele sorriso.

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“Now I'm in a good place. Spent my whole life chasin, chasin’ just to end up turned around. Took me to dark placеs, thought I’d never get out.”

’s POV:

Eu não tinha me preparado para aquilo. Amanhã eu estarei fora da clínica de reabilitação, depois de três anos. Tantas coisas rondavam minha mente, tantos questionamentos, tantas dúvidas e eu tinha tantos medos.
havia acabado de sentar ao meu lado e então ele colocou sua grande mão sobre a minha, que tremia. Virei o rosto na direção dele, que olhava o horizonte. Aquele era o nosso lugar preferido de toda a clínica, a vista era linda. Tantas e tantas vezes nós dois nos sentávamos ali e conversávamos por horas a fio. Tantas e tantas vezes ele me levava ali quando percebia que eu estava para ter uma crise de abstinência… O que seria da minha vida sem ele?
- Você já arrumou todas as suas coisas? Passei pelo seu quarto agora e vi suas malas lá, mas ainda tinham algumas coisas pelo quarto.
Ele ainda não me olhava.
- Ainda faltam algumas coisas! Hoje à noite eu termino de arrumar tudo! - engoli seco. - O que vai ser de mim fora daqui, ?
Ele sorriu, ainda sem me encarar e a mão dele apertou a minha com força.
- Você tem um futuro tão lindo fora daqui, !
- Eu passei a vida toda no piloto automático! Passei a vida toda achando que as drogas iam me mostrar o caminho certo, que um dia eu acharia o sentido da vida! Busquei tanto, tanto! Nunca encontrei nada! Passei por tanta coisa, quase morri tantas vezes!
- Mas você tá aqui! - ele finalmente virou o rosto na minha direção - Você tá viva! E você precisa viver! Você precisa viver, ! Por mim!
Senti uma pressão invadir meu peito com força e então meus olhos marejaram.
- E como eu vou viver longe de você?
Nós dois nunca havíamos tido aquela conversa. Na verdade, nunca de fato havíamos falado de nós dois… Eu não sei se ele sabia que o que sentia por ele, ia muito além de amizade e gratidão. E eu também não sei o que de fato significou tudo para ele, o que ele sente por mim, como seria tudo fora daqueles muros.
soltou um suspiro, exasperado e então soltou minha mão, passando as dele pelo próprio rosto.
- E quem disse que você precisa viver sem mim? - ele engoliu seco, voltando a me encarar.
- … - ele me interrompeu.
- Adiei essa conversa por muito tempo! Na verdade, nós adiamos essa conversa, não é? - assenti, sentindo as lágrimas começarem a descer por meu rosto - Mas agora não dá mais!
Limpei as lágrimas das minhas bochechas.
- O que você sente por mim? - ele perguntou.
- O que você sente por mim? – devolvi.
- Quer mesmo saber? - ele riu, parecendo nervoso. - Eu amo você!
Eu o encarei. Minha cabeça parecia não ter entendido muito bem aquelas palavras.
- Eu também amo você!
- Eu lutei muito contra esse amor, ! Tanto que você nem imagina! Porque eu não podia me apaixonar por uma paciente! Eu fiz tudo o que eu pude, tudo! Mas não consegui me livrar desse amor! Foi muito mais forte que eu! - ele balançou a cabeça negativamente - Você derrubou todas as paredes que eu construí!
Eu não sabia o que falar. Minha cabeça rodava! Ser correspondida era o que eu mais queria, mesmo sabendo que era errado.
- Eu também lutei! Lutei muito! Você chegou com esse seu jeito, nem pediu licença, entrou e se instalou logo no meu coração. Eu nem sabia que ainda tinha um e você me mostrou que ele pulsa aqui dentro, você me fez ser uma pessoa melhor, me fez sonhar acordada e rir para as paredes. Você me fez querer viver e me mostrou que ainda sou capaz de amar.
- Você é capaz de tanta coisa, ! - ele sussurrou, passando o polegar sobre a minha bochecha - Você é incrível! Pena que não se dá conta disso!
- Não fala assim, ! Você sabe que faz a minha cabeça dar um nó quando fala assim! - cocei a nuca, nervosa - Não sei como vai ser quando eu sair daqui! O que eu vou fazer da vida?
- Eu só quero te pedir uma coisa. - ele umedeceu os lábios com a língua e eu acompanhei o movimento, desejando mais que nunca poder beijar os lábios dele.
- O quê?
- Não me esquece!
Foi a vez dos olhos dele se encherem d’água e era a primeira vez em três anos que eu via algo daquele gênero acontecer. Quebrou meu peito em mil pedaços.
- Nem se eu quisesse, !
E então nós dois nos abraçamos com força, as mãos dele acariciando meus cabelos e eu inspirei o cheiro que emanava dele, como se pudesse sugá-lo para dentro de mim. Será que eu conseguiria sem ele?

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“Through bad situations, fixed the foundation and now I'm doin’ alright! Through bad situations, fixed the foundation and now I'm doin’ alright.”

Storyteller’s POV:

Sempre que ia trabalhar fazia o mesmo caminho, não gostava de mudar, mesmo que houvessem atalhos. Hoje estava frio então se agasalhou o máximo que pôde e adentrou o prédio onde a imobiliária ficava. Ela amava o que fazia e atualmente, bem, ela andava se sentindo realizada com a profissão que acabou sendo obrigada a seguir.
Quando saiu da clínica de reabilitação aos vinte e três anos, ela descobriu que ainda não sabia nada da vida e do mundo. Estava cursando administração, então ela terminou a graduação e se viu obrigada a trabalhar com o pai na imobiliária dele, se tornando corretora de imóveis. A saída da clínica trouxe tantas coisas… muitas crises de abstinência, uma saudade absurda de e das outras pessoas da clínica, uma reaproximação dela com os pais, a descoberta de quem ela gostaria de ser de verdade… Tanta coisa havia mudado desde que saíra de lá. Hoje ela era uma das melhores - se não a melhor - corretora que o pai tinha. Se preparava para fazer uma especialização em marketing em uma das melhores faculdades do país. A vida dela definitivamente tinha dado uma guinada de um ano para cá. No começo, foi difícil, ela quase caiu em tentação tantas vezes… E em todas elas, ela pensava em , mesmo nunca tendo visto ou tido notícias dele depois que saiu da clínica. Os dois primeiros anos ela achou que fosse morrer sem tê-lo em sua vida, depois a dor adormeceu dentro do peito dela. Afinal de contas, mesmo que à distância, ele ainda era a força que ela tinha para não sucumbir de novo, afinal de contas, ela havia prometido a ele que nunca o esqueceria e o mais importante: que viveria!
Assim que entrou no escritório onde a imobiliária ficava, ela cumprimentou a recepcionista que a avisou que já havia uma pessoa esperando e ela assentiu e cumprimentou os colegas de trabalho. Girou a maçaneta da porta e adentrou a sala.
- Bom dia! Tudo bem? Sou ! - a pessoa então se levantou.
deu a volta na sala chegando até a sua mesa e depositando a bolsa sobre ela, quando então encarou a pessoa que já a esperava ali em sua frente. Os olhos dela se arregalaram levemente e sentiu o coração acelerar dentro do peito. Ficou estática, estava em choque.
- Bom dia, ! - ele sorriu - Tudo bem e você?
sentiu as pernas vacilarem e as mãos esfriarem. Era ele! Ali, em pé, parado na frente dela. O sorriso… o sorriso dele não havia mudado nada! Na verdade, ele não havia mudado nada! Apenas os cabelos, que agora estavam loiros. Ele havia ficado incrivelmente ainda mais bonito com o tempo. Ele vestia uma calça e uma camisa, ambas brancas. O cabelo num topete extremamente arrumado com apenas uma mecha do cabelo para baixo, deixando a testa dele completamente à mostra.
- O-o que você está fazendo aqui? - foi o que ela conseguiu sussurrar com dificuldade.
As pernas cederam e ela desabou, se sentando em sua cadeira. Achou que nunca mais fosse vê-lo.
- Bom… - ele coçou a nuca, visivelmente constrangido com a reação dela - Eu vim comprar um apartamento na melhor imobiliária da região!
- Você sabia que era eu?
- Soube quando um amigo me entregou o seu cartão! Ele fechou com você e teceu elogios aos apartamentos que vocês têm e a você também! Eu pensei que seria coincidência demais! O mesmo nome e o mesmo sobrenome? Impossível não ser você! Mas se quiser, eu volto em outro momento!
- Não! - ela balançou a cabeça em negativa - Não, !
Os dois se encararam por longos segundos, até que ela fez um sinal para que ele se sentasse novamente.
- Vou te mostrar o nosso portfólio! Você pode me dizer mais ou menos o perfil que está procurando?
- Primeiro, quero saber como você está!
sorriu, sem mostrar os dentes, enquanto ele sorria abertamente como sempre fazia. Foi aí que ela quis desmoronar outra vez. Ainda o amava! Aquele sorriso despertava nela as coisas mais insanas!
- Bem! Estou indo bem! Já são quase três anos, não é? Muitas coisas aconteceram, !
- Imagino, ! Digo, ! - ele se corrigiu, balançando a cabeça - Você terminou a faculdade?
- Terminei! Com muita dificuldade, mas terminei! Então meu pai me ofereceu um cargo aqui!
- Ah, a imobiliária é do seu pai? - assentiu - E você conseguiu reconstruir sua relação com eles?
Era muito estranho ter aquele tipo de conversa com ele, ali, daquele jeito tão formal. Como ela desejou que o tempo não tivesse passado para os dois e que ele estivesse a par de tudo o que aconteceu e acontece na vida dela.
- Hoje sim! Bom, não é uma relação extremamente calorosa e cor de rosa, mas é bem diferente de como era!
- Você se tornou a melhor! - ele abaixou a cabeça, balançando-a positivamente enquanto sorria - Eu sabia! Sempre soube que você tinha um futuro incrível!
- Senti sua falta! - ela cuspiu, apressadamente - Todos os dias da minha vida!
levantou o olhar, encontrando o dela, marejado. Ele engoliu seco.
- Você vai fazer o que durante seu horário de almoço hoje?
- Almoçar em algum restaurante por aqui, como faço sempre! Por quê? - ergueu uma das sobrancelhas.
- Depois que resolvermos aqui, podemos almoçar juntos?
sorriu.
- Claro, ! - ela levou uma das mãos dela até a mão esquerda dele que estava sobre a mesa e colocou a dela sobre a dele.
Foi então que viu que os olhos dele também estavam marejados. Logo os dois trataram de se recompor e começaram a conversar sobre negócios. não fechou com ela logo de cara e ficou de dar uma resposta na semana seguinte. Ele disse que a esperaria no prédio mesmo para que pudessem almoçar juntos. O restante do expediente pareceu passar mais devagar do que nos outros dias para . Como ela queria poder abraçá-lo com força e chorar toda a saudade que sentiu dele nesses anos.
Assim que a porta do elevador abriu, ela deu de cara com ele sentado em uma das poltronas. O coração dela não havia se acalmado nem um pouco, desde que havia o visto, então ele batia rápido. se levantou ajeitando a roupa e ela caminhou até chegar nele. Os dois sorriram sem mostrar os dentes e saíram do prédio. Caminhavam lado a lado.
- Você ainda é enfermeiro lá? - virou o rosto na direção dele.
passou o olhar pelo corpo dela rapidamente. Como ela havia mudado!
- Você está linda! - ele soltou, olhando para baixo quando os olhos dela encararam os dele - Sim! Na verdade, hoje sou o enfermeiro chefe de lá!
sentiu os olhos se encherem d’água com a informação. Era o sonho dele!
- Que delícia, ! - ela se atreveu a segurar uma das mãos dele, apertando-a - Eu sabia que você ia conseguir! Sabia!
parou de andar subitamente, fazendo com que ela parasse também. Ele segurou a outra mão dela, umedeceu os lábios, encarando os olhos marejados dela.
- Você não saiu da minha vida! Nunca! Eu nunca esqueci você, !
Foi a vez de umedecer os lábios com a própria língua. O coração batendo rápido dentro do peito. Apertou as mãos dele.
- Não ter você do meu lado enquanto eu reconstruía a minha vida, foi a coisa mais dolorosa que já tive que fazer, ! Não poder correr para você quando eu queria chorar, ou rir. Não ter você cuidando de mim quando eu me sentia vulnerável…
- E você acha que foi fácil para mim não ter você mais comigo? Acha que foi fácil realizar meus sonhos sem ter você do meu lado para comemorar? Acha que eu não me torturei todos esses anos, imaginando como você estaria?
- Já faz tanto tempo! - ela falou baixinho - Achei que você nem lembrasse mais.
- Eu tentei não lembrar, !
As mãos de soltaram as dela, indo parar em sua cintura, puxando-a de encontro a ele. então colou os corpos dos dois e encostou a testa na dela. Durante anos ele quis aquilo.
- Mas eu não consegui! E graças a Deus eu reencontrei você!
- Achei que fosse morrer sem você! - depositou as mãos no rosto dele, segurando-o entre elas - Mas prometi a você que viveria!
- Você chegou tão longe! Eu sempre soube! - ele pausou, respirando fundo - Eu preciso perguntar! Você tem alguém?
balançou a cabeça em negativa repetidas vezes enquanto se apertava ainda mais no corpo dele. A boca rosada de se encostou delicadamente à dela. achou que fosse desmaiar de tanto que o coração batia forte e rápido. Ela sonhou tanto com aquilo, tantos anos…
O coração de também batia forte no peito, e ele queria aquilo mais do que tudo na vida. Quando a língua dos dois se encontrou, dando início a um beijo, teve medo que pudesse estar delirando, porque o gosto dela era tão gostoso que não parecia real! envolveu o pescoço dele com os braços enquanto ele apertava sua cintura com força. O beijo foi tomando intensidade e os dois poderiam ficar eternamente com as bocas grudadas. A sensação de beijá-lo era indescritível. mordeu o lábio inferior dele, recebendo uma risada abafada como resposta. Assim que o beijo foi lentamente acabando, os dois se abraçaram com força.
- Eu não posso perder você de novo! - acariciou os cabelos dela.
- Você nunca me perdeu, !

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“Now I'm in a good place! Took a while to feel this way, no longer have to save face. Reconciled with okay. And with a whole lot of work, whole lot of hurt, whole lot of grace, now I'm in a good place.”

Com o coração a mil, eu olhava a cidade passando rápido pela janela do carro. Dentro da mente, eu repassava num rápido flashback tudo o que havia acontecido até o momento atual. Não queria chorar, mas sabia que era impossível aquilo não acontecer. Minha mãe, percebendo a emoção começar a tomar conta de mim, segurou minha mão direita, trêmula, com carinho.
- Pode chorar, sweetheart! A maquiagem é a prova d’água! - e então nós duas rimos.
Nem nos meus melhores sonhos imaginava que seria daquele jeito! Que tudo aquilo aconteceria. Me sentia num conto de fadas! O carro então parou de se movimentar e vislumbrei a igreja de portas fechadas enquanto a cerimonialista ia até o carro. Meu pai abriu a porta do carro para que eu descesse. Assim que meu pai desceu o olhar por meu corpo e seus olhos marejaram, eu derramei as primeiras lágrimas do dia. Com um rápido abraço eu dei meus braços para os dois. Resolvi um dia antes que queria entrar com os dois na igreja. Acho que simbolizava muito bem a importância que os dois vinham recuperando na minha vida. Senti meu coração querer rasgar o peito assim que as portas da igreja se abriram e então meu olhar se encontrou com o dele.
Ele nunca estivera tão bonito quanto hoje! Minhas mãos tremiam e eu voltei a chorar copiosamente enquanto caminhava em direção à no altar. Os olhos dele também estavam pesadamente marejados e eu quis muito chegar logo até ele.
Assim que me aproximei dele no altar, ele sorriu. O mesmo bendito sorriso pelo qual eu havia me apaixonado há anos! Segurei com firmeza o braço dele quando nos viramos em frente ao padre.
A cerimônia saiu conforme nós dois havíamos planejado e quando já estávamos do lado de fora da igreja com os padrinhos e convidados nos jogando arroz, nos beijamos. Um beijo profundo, mas calmo! Eu estava em casa, e tinha plena certeza disso. Ele era o meu lar, o meu lugar!
- Eu amo você, !
- E eu amo você, !




Fim!



Nota da autora: Oieee! Espero que tenham gostado! Qualquer coisa me chama no twitter que eu tenho mais de 20 fanfics no site! É @namjnhope





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