Capítulo Único
“Ilusão imaginar você pra mim… você jamais me olhou, sequer pensou que meu olhar fosse de amor! Meu coração dispara sempre que te vê, eu mal posso entender como é bom te querer!”
Os dois se encararam enquanto ela corria apressada até ele com os livros nos braços, os mesmos quase caindo. null sorriu sem mostrar os dentes para ela enquanto balançava a cabeça, divertido. Era sempre daquele jeito, desde que eles se conheciam! O coração dele bateu rápido…
E eles se conheciam há bastante tempo! Eram da mesma turma de amigos da faculdade, mas de um tempo para cá é que ficaram próximos… bem próximos já que ele estava ajudando null com aulas de reforço da matéria de cálculo ou ela não se formaria.
null, completamente apaixonado pelas matérias de exatas, cursava matemática e claro, era o melhor aluno do curso! null era curiosa (até demais) e tinha interesse (e paixão) sobre a formação do mundo e das pessoas: cursava geografia!
Odiava matemática e tinha dificuldades profundas com a matéria desde o ensino fundamental. E para piorar era o sonho dela trabalhar com Topografia que é a ciência geográfica que estuda os acidentes geográficos terrestres e até de outros planetas e corpos celestes. A topografia é imprescindível para projetos de engenharias, de edifícios e rodovias, então ela precisava dos cálculos. E consequentemente, precisava de null.
Ele retirou um dos fones do ouvido enquanto ela se sentava ao lado dele no refeitório da Universidade, esbaforida.
- Atrasada null? - null levantou uma sobrancelha - De novo?
- Eu vivo atrasada null! Você já deveria ter se acostumado! É o meu jeitinho!
null beijou a bochecha dele, que ficou vermelho como todos os dias.
- Fez o dever de casa?
null viu os olhos dela se fecharem. Ela nunca fazia!
- Fiz!
- O que? - ele gargalhou escandalosamente - Deixa de ser mentirosa!
- Eu não estou mentindo null! Que absurdo! - ela levou a mão até o peito, ofendida - Eu fiz! Ok? Inclusive, pode corrigir que eu estou ansiosa!
null retirou o caderno de dentro da mochila e entregou para null. Os olhos dela piscavam sem parar, e em instantes o bico que null achava a coisa mais fofa do mundo, estava lá. Ele balançou a cabeça em negativa enquanto ria e abria o caderno dela.
Há quanto tempo ele era apaixonado por ela? Ah, há pelo menos dois anos… o grupo de amigos era muito grande então os dois nunca conseguiram ser tão próximos como estão sendo agora, mas null se lembra de ter achando null a mulher mais linda do mundo desde que botara os olhos nela, e ai o amor platônico só ia aumentando com o tempo, com a convivência… Mas null não fazia ideia disso! null não era muito falante, não era de flertar com facilidade, tinha um pouco de dificuldade com essas coisas por ser tímido. Então ele nunca tivera coragem de falar sobre isso com a garota, ainda mais porque ela era apaixonada por um dos colegas de classe (que não estava nem aí para ela, diga-se de passagem), apesar de eles já terem ficado algumas vezes, em algumas festas. null não conseguia entender porque uma mulher inteligente como ela, era apaixonada por um babaca…
- Vou corrigir então! Enquanto isso, - ele passou o livro de algebra para ela - Vai lendo!
- Sim senhor! - ela fez continência com a mão, arrancando outra risada de null -
Depois da correção, ele ficou observando ela ler o livro. Passeou os olhos pelo nariz achatadinho dela, pela boca redonda e rosada dela, os olhos… ele umedeceu os lábios e então pensou: porque diabos ele tinha que ter se apaixonado por ela?
“Como é que eu posso ter coragem pra falar dessa paixão? Pois sei que vou morrer se você disser não… Então fico a sonhar com teu olhar e você dizendo sim, e o primeiro beijo de amor sem fim!”
null entregou o copo para ele, que olhou o líquido roxo lá dentro, fez uma careta e olhou para ela.
- Ah! Toma logo esse suco null! - ele cheirou o líquido e a careta ficou ainda mais intensa - O que?
null se fez de desentendida enquanto se sentava ao lado dele no sofá.
- Você acha que só porque eu sou nerd, eu sou bobo?
- Claro que não! Ai que horror!
- Você colocou vodka aqui dentro!
- Estamos numa festa null, você tem que beber!
- Não tenho não! Quem disse isso? É regra?
null gargalhou alto, jogando a cabeça para trás e null acabou acompanhando-a na risada. Ela estava ainda mais bonita hoje!
- Não é regra! Mas você precisa se soltar um pouco mais! Precisa viver sua vida! A vida não é só estudar não!
Ele engoliu seco e então levou o copo até os lábios, bebericando um gole do líquido que desceu queimando sua garganta enquanto ele fazia mais uma careta e sentia a espinha arrepiar.
- Porque você está dizendo isso? - ele encolheu os ombros -
- Não se ofenda null! Não foi um ataque à forma que você leva sua vida ou a você! Sou sua amiga, e quero ver você se divertindo mais! Só isso!
O coração dele rachou um pouquinho quando ela disse “Sou sua amiga”. null balançou a cabeça positivamente para null enquanto olhava para o copo vermelho de plástico nas mãos.
- Ah null! - ela cutucou ele com o cotovelo - Por favor! Só estou querendo ajudar! Não faz essa cara de tristeza!
- Não! - ele levantou o olhar e olhou para ela - Não estou triste! Talvez você tenha razão!
null sorriu, fazendo o coração dele começar a acelerar dentro do peito. A garota passou o braço no dele, empolgada.
- Vem, vamos procurar alguém para você beijar!
- O que? - ele arregalou os olhos com força - Não! Calma!
- Porque? Você tem namorada? Se sim, tá escondendo ela da gente?
- Não! Eu não tenho ninguém null! Eu sou nerd, tímido, curso matemática e mal venho nessas festas, como eu vou ter namorada?
- Então! O primeiro passo para se divertir nas festas é beber, você já está bebendo certo? - ela segurou o copo na mão dele e o levou até sua boca outra vez, forçando-o a beber mais - O segundo é arrumar alguém para flertar!
- É sério isso? - ele franziu a testa - Por isso eu não venho!
null gargalhou outra vez.
- Você já tem alguém em mente? Alguém que queria muito beijar?
A garganta de null fechou e ele sentiu um pouco de falta de ar com a pergunta e então a boca secou, o coração acelerou ainda mais. É claro que ele tinha alguém que queria muito beijar: ela.
Ele voltou a olhar para o chão. Não podia falar, ela iria rir da cara dele e dizer que não, que os dois eram bons amigos e que era apaixonada por null. E ele morreria por dentro, então era melhor não!
- Não! - ele respondeu simplesmente enquanto voltava a olhar para ela - E eu acho melhor a gente parar esse assunto por aqui! Eu já estou bebendo, então tá ótimo!
Voltou a dar um gole - longo dessa vez - e ela pegou o celular no bolso do short jeans que usava soltando o braço de null. Olhando para ela, ele imaginou como deveria ser bom poder tocar o rosto dela e acariciá-lo, depois ele pensou em como seria bom beijar os lábios pequenos dela… Se questionou se eles seriam tão macios quanto pareciam e que gosto eles teriam quando se chocassem com os dele e como seria a sensação de finalmente embrenhar as mãos nos cabelos brilhantes dela… ele suspirou alto e acabou chamando a atenção dela.
- Estou tentando arrumar alguma conhecida para você!
- Não null! Pelo amor de Deus! - ele tomou celular da mão dela bloqueando o mesmo -
- Ei! - ela acertou o ombro dele com um leve tapa - Tá doido? Me devolve meu celular null! Estou tentando te arrumar uma das minhas amigas mais bonitas, viu?
- Eu não quero null! - ele se levantou e então guardou o celular dela no bolso de trás da calça -
Começou a caminhar entre as pessoas, sem rumo, estava começando a se sentir sufocado, só queria um pouco de ar. Resolveu que assim que se acalmasse ele iria embora! Era o melhor.
- null! - ouviu null chamar - Ei! Aonde você vai, maluco?
- Vou tomar um ar e ai vou embora! - ele se virou frente a ela enquanto falava -
O corpo dos dois se chocou bruscamente e o copo que null segurava caiu ao chão. Os dois se olharam, surpresos e as mãos de null foram parar na cintura dela com o susto. Os dois permaneceram em silêncio, encarando os olhos um do outro. O rapaz ficou completamente perdido dentro das orbes negras de null que envolveu os braços em volta do pescoço dele, enquanto os jovens passavam por eles apressados. Mas ali, para null foi como se o tempo tivesse parado e ele enxergava as coisas em câmera lenta, e só tinha olhos para ele e null.
Ela levou os olhos até os lábios miúdos de null, não sem antes admirar o nariz perfeito e pontudo de null que ela tanto achava bonito… null acompanhou os olhar dela, enquanto começava a ficar com a respiração descompassada.
“Te amo tanto e não sei mais como é que eu vou viver em paz! Se tudo que eu preciso é respirar teu ar... Te amo tanto e sem querer, mas sei que posso te perder para alguém sem tanto amor. Mas sem temer falar: ilusão.”
Os olhos dela pularam dos lábios de null para trás dele, e então null o soltou rapidamente.
- O null… - ela sussurrou -
null terminou de se afastar dela, frustrado e então terminou seu caminho, aumentando o ritmo dos passos, até que finalmente alcançou seu objetivo. Se escorou em uma das árvores da casa enquanto null se aproximava dele.
-O que? Eu não acredito no que meus olhos estão vendo! Você numa festa?
A risada dele ecoou próxima aos ouvidos de null.
- Mas já estou indo embora!
- Já sei! O null acabou de chegar e aí a null já foi correndo atrás dele e te largou sozinho aqui? - null colocou uma das mãos no ombro do mais novo -
- Quase isso! Eu quase criei coragem de beijá-la e ele apareceu!
- Infeliz! - gritou null se referindo a null- Você precisa acabar com isso null! Eu sei que isso te consome dia e noite!
- Você tem razão! - ele suspirou- Só não sei se estou preparado para perder tudo que consegui construir com ela…
- Tenho certeza que ela não vai se afastar de você! Mesmo sendo o ideal, para não terminar de matar você amigo!
null apertou o ombro dele com força.
- Ela está vindo aí! Provavelmente quer o celular dela que está comigo! - os dois se encararam -
- Boa sorte meu amigo! Você sabe que pode contar comigo e com os meninos não é?
Sem mostrar os dentes, ele sorriu para null que saiu e deixou um beijo na bochecha de null antes dela se colocar na frente de null.
- Não quis ficar com o null?
- Ele está acompanhando! - ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha - E eu estou me esforçando para esquecê-lo de vez!
null soltou um longo suspiro, tentando aliviar a tensão de seus músculos. Entregou o celular para null.
- Me dói tanto ser só um amigo, quando eu morro pra estar contigo! - ele fechou os olhos com força- Queria ser uma canção para tocar seu coração só uma vez! Queria ser tudo o que toca você!
- null, o que… - ele a cortou -
- Por favor! Me deixe ir até o final com isso! - ainda de olhos fechados ele continuou - Queria ser o chão que você pisa, a força que te empurra para a vida é estar aí, dentro de você!
- null, eu… - ela tocou o rosto dele que voltou a interrompê-la -
- Me dói tanto te ver em outros braços, e que não saibas o quanto te amo! Queria ser seu lençol para poder te acariciar só uma vez!
- Olha para mim! - null pediu -
Com o coração saltando com força dentro do peito ele abriu os olhos, que estavam marejados.
- Como queria ser a chuva em ti, caindo sobre a sua pele! Como queria ser o sol em você, estar aonde estiver… Como queria ser o céu sobre você pra te ver amanhecer! Para te ter sempre muito perto de mim, como eu queria ser…
- Seja! - ela sussurrou outra vez, com os lábios se encostando aos dele -
Ele subiu uma das mãos para o rosto pequeno de null que fechou os olhos, acariciou a pele macia dela com o polegar e então levou a outra mão até seu rosto, repetindo o gesto. O coração de null parecia querer rasgar a camiseta, tão forte batia. A boca dela pressionou a de null dando início ao beijo que ele tanto imaginara nesses anos…
A língua de null invadiu a boca quente dela, com pressa e null o agarrou pela cintura, colando o corpo dos dois. O gosto dela era ainda mais incrível do que null havia imaginado, então ele embrenhou uma das mãos nos cabelos da garota, como imaginou fazer mais cedo… e pode sentir null sorrir entre o beijo, o incentivando a puxar levemente os fios, só para fazê-la sorrir mais ainda.
A língua dos dois dançava uma com a outra como se fossem velhas conhecidas, e não havia estranhamento ali. O beijo foi ficando mais lento, enquanto as línguas agora só encostavam uma na outra e null se atreveu a deixar uma mordida leve no lábio inferior de null, que voltou a aprofundar o beijo.
As mãos dela passeavam pelas costas do rapaz que sentia o corpo arrepiar e ele tinha medo de estar sonhando. Pouco a pouco os dois foram soltando os lábios um do outro e então quando o beijo acabou, eles se olharam, com o rosto ainda a centímetros um do outro.
- Por favor! Não se afaste de mim!
- Porque eu faria isso?
- Porque não sou o dono do seu coração!
- Ainda! - ela roçou o nariz no dele -
Os dois voltaram a se beijar e null apertou o corpo dela, temendo que ela pudesse escapar. Dali para frente o que poderia acontecer com os dois? Ah, isso é assunto para outro dia…
Os dois se encararam enquanto ela corria apressada até ele com os livros nos braços, os mesmos quase caindo. null sorriu sem mostrar os dentes para ela enquanto balançava a cabeça, divertido. Era sempre daquele jeito, desde que eles se conheciam! O coração dele bateu rápido…
E eles se conheciam há bastante tempo! Eram da mesma turma de amigos da faculdade, mas de um tempo para cá é que ficaram próximos… bem próximos já que ele estava ajudando null com aulas de reforço da matéria de cálculo ou ela não se formaria.
null, completamente apaixonado pelas matérias de exatas, cursava matemática e claro, era o melhor aluno do curso! null era curiosa (até demais) e tinha interesse (e paixão) sobre a formação do mundo e das pessoas: cursava geografia!
Odiava matemática e tinha dificuldades profundas com a matéria desde o ensino fundamental. E para piorar era o sonho dela trabalhar com Topografia que é a ciência geográfica que estuda os acidentes geográficos terrestres e até de outros planetas e corpos celestes. A topografia é imprescindível para projetos de engenharias, de edifícios e rodovias, então ela precisava dos cálculos. E consequentemente, precisava de null.
Ele retirou um dos fones do ouvido enquanto ela se sentava ao lado dele no refeitório da Universidade, esbaforida.
- Atrasada null? - null levantou uma sobrancelha - De novo?
- Eu vivo atrasada null! Você já deveria ter se acostumado! É o meu jeitinho!
null beijou a bochecha dele, que ficou vermelho como todos os dias.
- Fez o dever de casa?
null viu os olhos dela se fecharem. Ela nunca fazia!
- Fiz!
- O que? - ele gargalhou escandalosamente - Deixa de ser mentirosa!
- Eu não estou mentindo null! Que absurdo! - ela levou a mão até o peito, ofendida - Eu fiz! Ok? Inclusive, pode corrigir que eu estou ansiosa!
null retirou o caderno de dentro da mochila e entregou para null. Os olhos dela piscavam sem parar, e em instantes o bico que null achava a coisa mais fofa do mundo, estava lá. Ele balançou a cabeça em negativa enquanto ria e abria o caderno dela.
Há quanto tempo ele era apaixonado por ela? Ah, há pelo menos dois anos… o grupo de amigos era muito grande então os dois nunca conseguiram ser tão próximos como estão sendo agora, mas null se lembra de ter achando null a mulher mais linda do mundo desde que botara os olhos nela, e ai o amor platônico só ia aumentando com o tempo, com a convivência… Mas null não fazia ideia disso! null não era muito falante, não era de flertar com facilidade, tinha um pouco de dificuldade com essas coisas por ser tímido. Então ele nunca tivera coragem de falar sobre isso com a garota, ainda mais porque ela era apaixonada por um dos colegas de classe (que não estava nem aí para ela, diga-se de passagem), apesar de eles já terem ficado algumas vezes, em algumas festas. null não conseguia entender porque uma mulher inteligente como ela, era apaixonada por um babaca…
- Vou corrigir então! Enquanto isso, - ele passou o livro de algebra para ela - Vai lendo!
- Sim senhor! - ela fez continência com a mão, arrancando outra risada de null -
Depois da correção, ele ficou observando ela ler o livro. Passeou os olhos pelo nariz achatadinho dela, pela boca redonda e rosada dela, os olhos… ele umedeceu os lábios e então pensou: porque diabos ele tinha que ter se apaixonado por ela?
“Como é que eu posso ter coragem pra falar dessa paixão? Pois sei que vou morrer se você disser não… Então fico a sonhar com teu olhar e você dizendo sim, e o primeiro beijo de amor sem fim!”
null entregou o copo para ele, que olhou o líquido roxo lá dentro, fez uma careta e olhou para ela.
- Ah! Toma logo esse suco null! - ele cheirou o líquido e a careta ficou ainda mais intensa - O que?
null se fez de desentendida enquanto se sentava ao lado dele no sofá.
- Você acha que só porque eu sou nerd, eu sou bobo?
- Claro que não! Ai que horror!
- Você colocou vodka aqui dentro!
- Estamos numa festa null, você tem que beber!
- Não tenho não! Quem disse isso? É regra?
null gargalhou alto, jogando a cabeça para trás e null acabou acompanhando-a na risada. Ela estava ainda mais bonita hoje!
- Não é regra! Mas você precisa se soltar um pouco mais! Precisa viver sua vida! A vida não é só estudar não!
Ele engoliu seco e então levou o copo até os lábios, bebericando um gole do líquido que desceu queimando sua garganta enquanto ele fazia mais uma careta e sentia a espinha arrepiar.
- Porque você está dizendo isso? - ele encolheu os ombros -
- Não se ofenda null! Não foi um ataque à forma que você leva sua vida ou a você! Sou sua amiga, e quero ver você se divertindo mais! Só isso!
O coração dele rachou um pouquinho quando ela disse “Sou sua amiga”. null balançou a cabeça positivamente para null enquanto olhava para o copo vermelho de plástico nas mãos.
- Ah null! - ela cutucou ele com o cotovelo - Por favor! Só estou querendo ajudar! Não faz essa cara de tristeza!
- Não! - ele levantou o olhar e olhou para ela - Não estou triste! Talvez você tenha razão!
null sorriu, fazendo o coração dele começar a acelerar dentro do peito. A garota passou o braço no dele, empolgada.
- Vem, vamos procurar alguém para você beijar!
- O que? - ele arregalou os olhos com força - Não! Calma!
- Porque? Você tem namorada? Se sim, tá escondendo ela da gente?
- Não! Eu não tenho ninguém null! Eu sou nerd, tímido, curso matemática e mal venho nessas festas, como eu vou ter namorada?
- Então! O primeiro passo para se divertir nas festas é beber, você já está bebendo certo? - ela segurou o copo na mão dele e o levou até sua boca outra vez, forçando-o a beber mais - O segundo é arrumar alguém para flertar!
- É sério isso? - ele franziu a testa - Por isso eu não venho!
null gargalhou outra vez.
- Você já tem alguém em mente? Alguém que queria muito beijar?
A garganta de null fechou e ele sentiu um pouco de falta de ar com a pergunta e então a boca secou, o coração acelerou ainda mais. É claro que ele tinha alguém que queria muito beijar: ela.
Ele voltou a olhar para o chão. Não podia falar, ela iria rir da cara dele e dizer que não, que os dois eram bons amigos e que era apaixonada por null. E ele morreria por dentro, então era melhor não!
- Não! - ele respondeu simplesmente enquanto voltava a olhar para ela - E eu acho melhor a gente parar esse assunto por aqui! Eu já estou bebendo, então tá ótimo!
Voltou a dar um gole - longo dessa vez - e ela pegou o celular no bolso do short jeans que usava soltando o braço de null. Olhando para ela, ele imaginou como deveria ser bom poder tocar o rosto dela e acariciá-lo, depois ele pensou em como seria bom beijar os lábios pequenos dela… Se questionou se eles seriam tão macios quanto pareciam e que gosto eles teriam quando se chocassem com os dele e como seria a sensação de finalmente embrenhar as mãos nos cabelos brilhantes dela… ele suspirou alto e acabou chamando a atenção dela.
- Estou tentando arrumar alguma conhecida para você!
- Não null! Pelo amor de Deus! - ele tomou celular da mão dela bloqueando o mesmo -
- Ei! - ela acertou o ombro dele com um leve tapa - Tá doido? Me devolve meu celular null! Estou tentando te arrumar uma das minhas amigas mais bonitas, viu?
- Eu não quero null! - ele se levantou e então guardou o celular dela no bolso de trás da calça -
Começou a caminhar entre as pessoas, sem rumo, estava começando a se sentir sufocado, só queria um pouco de ar. Resolveu que assim que se acalmasse ele iria embora! Era o melhor.
- null! - ouviu null chamar - Ei! Aonde você vai, maluco?
- Vou tomar um ar e ai vou embora! - ele se virou frente a ela enquanto falava -
O corpo dos dois se chocou bruscamente e o copo que null segurava caiu ao chão. Os dois se olharam, surpresos e as mãos de null foram parar na cintura dela com o susto. Os dois permaneceram em silêncio, encarando os olhos um do outro. O rapaz ficou completamente perdido dentro das orbes negras de null que envolveu os braços em volta do pescoço dele, enquanto os jovens passavam por eles apressados. Mas ali, para null foi como se o tempo tivesse parado e ele enxergava as coisas em câmera lenta, e só tinha olhos para ele e null.
Ela levou os olhos até os lábios miúdos de null, não sem antes admirar o nariz perfeito e pontudo de null que ela tanto achava bonito… null acompanhou os olhar dela, enquanto começava a ficar com a respiração descompassada.
“Te amo tanto e não sei mais como é que eu vou viver em paz! Se tudo que eu preciso é respirar teu ar... Te amo tanto e sem querer, mas sei que posso te perder para alguém sem tanto amor. Mas sem temer falar: ilusão.”
Os olhos dela pularam dos lábios de null para trás dele, e então null o soltou rapidamente.
- O null… - ela sussurrou -
null terminou de se afastar dela, frustrado e então terminou seu caminho, aumentando o ritmo dos passos, até que finalmente alcançou seu objetivo. Se escorou em uma das árvores da casa enquanto null se aproximava dele.
-O que? Eu não acredito no que meus olhos estão vendo! Você numa festa?
A risada dele ecoou próxima aos ouvidos de null.
- Mas já estou indo embora!
- Já sei! O null acabou de chegar e aí a null já foi correndo atrás dele e te largou sozinho aqui? - null colocou uma das mãos no ombro do mais novo -
- Quase isso! Eu quase criei coragem de beijá-la e ele apareceu!
- Infeliz! - gritou null se referindo a null- Você precisa acabar com isso null! Eu sei que isso te consome dia e noite!
- Você tem razão! - ele suspirou- Só não sei se estou preparado para perder tudo que consegui construir com ela…
- Tenho certeza que ela não vai se afastar de você! Mesmo sendo o ideal, para não terminar de matar você amigo!
null apertou o ombro dele com força.
- Ela está vindo aí! Provavelmente quer o celular dela que está comigo! - os dois se encararam -
- Boa sorte meu amigo! Você sabe que pode contar comigo e com os meninos não é?
Sem mostrar os dentes, ele sorriu para null que saiu e deixou um beijo na bochecha de null antes dela se colocar na frente de null.
- Não quis ficar com o null?
- Ele está acompanhando! - ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha - E eu estou me esforçando para esquecê-lo de vez!
null soltou um longo suspiro, tentando aliviar a tensão de seus músculos. Entregou o celular para null.
- Me dói tanto ser só um amigo, quando eu morro pra estar contigo! - ele fechou os olhos com força- Queria ser uma canção para tocar seu coração só uma vez! Queria ser tudo o que toca você!
- null, o que… - ele a cortou -
- Por favor! Me deixe ir até o final com isso! - ainda de olhos fechados ele continuou - Queria ser o chão que você pisa, a força que te empurra para a vida é estar aí, dentro de você!
- null, eu… - ela tocou o rosto dele que voltou a interrompê-la -
- Me dói tanto te ver em outros braços, e que não saibas o quanto te amo! Queria ser seu lençol para poder te acariciar só uma vez!
- Olha para mim! - null pediu -
Com o coração saltando com força dentro do peito ele abriu os olhos, que estavam marejados.
- Como queria ser a chuva em ti, caindo sobre a sua pele! Como queria ser o sol em você, estar aonde estiver… Como queria ser o céu sobre você pra te ver amanhecer! Para te ter sempre muito perto de mim, como eu queria ser…
- Seja! - ela sussurrou outra vez, com os lábios se encostando aos dele -
Ele subiu uma das mãos para o rosto pequeno de null que fechou os olhos, acariciou a pele macia dela com o polegar e então levou a outra mão até seu rosto, repetindo o gesto. O coração de null parecia querer rasgar a camiseta, tão forte batia. A boca dela pressionou a de null dando início ao beijo que ele tanto imaginara nesses anos…
A língua de null invadiu a boca quente dela, com pressa e null o agarrou pela cintura, colando o corpo dos dois. O gosto dela era ainda mais incrível do que null havia imaginado, então ele embrenhou uma das mãos nos cabelos da garota, como imaginou fazer mais cedo… e pode sentir null sorrir entre o beijo, o incentivando a puxar levemente os fios, só para fazê-la sorrir mais ainda.
A língua dos dois dançava uma com a outra como se fossem velhas conhecidas, e não havia estranhamento ali. O beijo foi ficando mais lento, enquanto as línguas agora só encostavam uma na outra e null se atreveu a deixar uma mordida leve no lábio inferior de null, que voltou a aprofundar o beijo.
As mãos dela passeavam pelas costas do rapaz que sentia o corpo arrepiar e ele tinha medo de estar sonhando. Pouco a pouco os dois foram soltando os lábios um do outro e então quando o beijo acabou, eles se olharam, com o rosto ainda a centímetros um do outro.
- Por favor! Não se afaste de mim!
- Porque eu faria isso?
- Porque não sou o dono do seu coração!
- Ainda! - ela roçou o nariz no dele -
Os dois voltaram a se beijar e null apertou o corpo dela, temendo que ela pudesse escapar. Dali para frente o que poderia acontecer com os dois? Ah, isso é assunto para outro dia…
Fim.

