Prólogo
“Guess you didn’t know that you were my favorite entertainer”
Meu relógio já estava com os ponteiros indicando que faltavam exatos 15 minutos para que a espetáculo de começasse, se ás 8 horas eu não estivesse dentro do grande Royal Opera House, com certeza poderia ser considerado um homem morto.
é minha irmã mais nova, tem 23 anos e é bailarina desde os 5, quando viu pela primeira vez o espetáculo do quebra nozes nesse mesmo lugar. Depois daquele dia ela não deu mais paz para os meus pais, dizendo que queria, todo santo dia, ser bailarina e interpretar esse mesmo espetáculo, e ela conseguiu aos 16 anos, quando se tornou uma das bailarinas do quebra nozes de Londres no natal. Foi alegria para a família toda, depois daquele dia, ela foi convidada a integrar a famosa companhia The Royal Ballet, o que encheu meus pais de alegria e orgulho, não só a eles, como a mim também.
e eu temos apenas 4 anos de diferença, ela com 23 e eu com 27, e sempre fomos unha e carne. Sempre a protegi e ela sempre me protegeu, nunca ocorreu entre nós aquela rivalidade de irmãos, então sempre soube o quanto ser bailarina importava para ela e ela sempre soube o quanto era importante para mim ser pesquisador da Universidade de Cambridge. E foi esse meu sonho que acabou nos separando. Tive que ir embora para Cambridge quando fui aprovado no programa de mestrado, anos atrás, e ela ficou em Londres para realizar o dela, o apoio sempre foi mútuo, e se não fosse pelos meus pais e ela, eu não estaria hoje a apenas um ano de defender a minha tese de doutorado.
Eu estava finalmente a apenas um quarteirão do Royal Opera House, uma fila imensa de carros se formava em frente à entrada principal, o que provavelmente me atrasaria mais uns minutos já que eu não estacionaria meu carro fora do estacionamento da casa. Por sorte, apenas dois minutos depois que havia entrado na fila o manobrista do local bateu na vidro do carro pedindo para que eu abaixasse.
— O senhor vai assistir ao espetáculo no Royal? — O manobrista estava vestido igual a um dos guardas da rainha, só que ao invés do grande chapéu ele usava um quepe.
— Sim, minha irmã é uma das bailarinas e estou extremamente atrasado — respondi.
— O senhor pode me mostrar a sua entrada? — perguntou ele.
Peguei a minha carteira que estava em cima do banco do passageiro e abri procurando a entrada e, então, entreguei ao manobrista.
Esperei alguns segundos enquanto ele analisava e em seguida ele me devolveu.
— Devido ao grande espetáculo, o Royal contratou mais manobrista no dia de hoje, se o senhor já quiser adentrar ao local, posso ficar em seu carro e depois levar ao estacionamento — avisou ele.
Se eu não fosse agora, com certeza que e meus pais me matariam.
— Okay — disse retirando o cinto e saindo do carro.
Assim que estava em pé para fora do carro o manobrista me deu uma comanda com todos os dados dele e do Royal para o caso de algo acontecer com meu carro, guardei no bolso e me direcionei até a entrada.
Obviamente eu estava de terno, era um espetáculo de gala. Entrei após entregar minha entrada e segundos depois já estava dentro do teatro principal observando todos os detalhes que amava naquele lugar, toda a sua arquitetura e construção, suas longas cortinas vermelhas e suas poltronas da mesma cor, a madeira marrom dos parapeitos dos camarotes, o palco e os desenhos entalhados em tons de dourado ouro, porque claramente era ouro de verdade, aquilo pertencia a realeza de britânica, então não seria diferente.
Meus pais estavam sentados na parte central do teatro, onde a maioria dos lugares sempre era reservado para os familiares da companhia de balé e pessoas importantes, era sempre o mesmo lugar. Ciente de onde era, segui para lá e encontrei os senhores sentados, Charlotte e William, vulgo meus pais. Quando eles me viram, sorriram e abriram passagem para que eu me sentasse na cadeira ao lado de minha mãe.
— Achei que não ia conseguir chegar, já estava preocupada — foram as primeiras palavras de Dona Charlotte a mim, e em seguida um beijo foi depositado na minha bochecha de forma carinhosa — Que bom que deu tempo!
— Se eu não viesse, me mataria!
— Disso eu tenho certeza — ouvi meu pai dizer.
As cortinas ainda estavam fechadas e uma leve música tocava ao fundo indicando que em instantes tudo poderia começar.
— também estará hoje? — minha mãe perguntou no meu ouvido.
— Não, mãe — respondi seco, não gostava de lembrar disso — A gente não tem mais contato a um ano, você sabe disso.
— Achei que ela poderia ter voltado — disse ela por fim.
Há dois anos eu e minha família estivemos aqui para também presenciar um espetáculo de gala em que estava, aquele espetáculo foi especial para mim, não o espetáculo em si, mas sim quem estava fazendo parte dele.
Eu só consegui prestar atenção em uma pessoa durante todas as duas horas em que estivemos ali, o resto do mundo era invisível, nada mais importava a não ser . Isso mesmo, dois anos atrás eu conheci a minha entertainer favorita.
Capítulo I
“ I watch you, I laugh with you, fuck with you”
Maio de 2017, Londres, reino unido.
O espetáculo de primavera do The Royal Ballet estava para começar, esse seria mais um dos grandiosos espetáculos que participaria, mas um em que eu e meus pais estávamos ali sentados bem no centro para poder ver toda a graciosidade e beleza que exalava dançando. Ela era perfeita fazendo isso, não havia pessoa melhor que ela, e acredito que não era apenas eu que via isso, afinal, ela seria um dos destaques de hoje.
— Como está indo o doutorado, meu filho? — Escutei a voz doce da minha mãe perguntar.
— Bem — respondi confiante — Estou acabando alguns ensaios confirmatórios com os camundongos e os medicamentos e aí venho passar o verão com vocês.
Dona Charlotte imediatamente sorriu animada, era óbvio que ela sentia minha falta e essas seriam as minhas primeiras férias desde que entrei para o doutorado, já estava no meu segundo ano e as únicas vezes que vinha para Londres era para os espetáculos de primavera e inverno de , e também para o natal, nada mais. Cambridge era meu novo lar, mas esse ano achei que era melhor tirar férias dignas e aproveitar a minha família. Eles eram meus grandes apoiadores e estar onde estou hoje só é possível graças a eles.
— Você ouviu isso, William? — Ouvi minha mãe disse baixinho ao meu pai, mas acabei ouvindo — ficará conosco no verão!
Meu pai me olhou com um sorriso de orelha a orelha e deu uma piscadinha, ele também sentia falta do filho. Eu era o único que o acompanhava em suas partidas de golf, já que odiava e ele teria isso de volta por dois meses.
Os meus pensamentos sobre as férias com os meus pais foram encerrados quando a música do espetáculo começou de forma suave, segundos depois as longas cortinas se abriram mostrando o longo palco com seis bailarinas vestindo suas esvoaçantes saias azul claro com pontas desiguais e colants da mesma cor. era uma das seis bailarinas. Passei meus olhos pelas outras para ver se reconhecia alguém, mas minha visão ficou penetrada em uma delas, depois disso não consegui prestar atenção em mais nada, apenas nela.
Aquela bailarina parecia ser mais velha que , tinha uma altura mediana, mas um corpo escultural, não tão magro igual ao da minha irmã, ela tinha curvas muito bem distribuídas. Tinha cabelos castanhos, os olhos eu não conseguia ver pela distância, mas o seu sorriso era, definitivamente, o mais bonito que eu havia visto em toda a minha vida.
Durante todo o espetáculo, por exatas duas horas, eu permaneci com o olhar vidrado nela, estudei e observei todos os seus movimentos e meu coração sentia um vazio quando ela saía do palco para alguma troca de figurino ou por não ser o seu momento de dança. Vê-la dançar era, com certeza, um dos maiores espetáculos que eu já havia presenciado, e eu precisava conhecê-la, saber seu nome para assisti-la quantas vezes fosse possível.
Nunca acreditei em amor à primeira vista, mas neste momento estou revendo todos os meus conceitos e acreditando fielmente que existe, sim.
Assim que tudo foi encerrado, eu e meus pais seguimos para a coxia atrás do palco, lá é onde toda a magia acontece, camarins, figurinos, cenário, tudo se encontrava ali, e, principalmente, as bailarinas.
Meu pai levava um lindo buquê de rosas para , esse era um ritual deles. Quando adentramos no local, meus olhos começaram a percorrer tudo buscando desesperadamente quem eles ficaram vidrados por horas.
— Como eu fui? — Senti alguém me abraçar por trás e dizer no meu ouvido. Era .
Me soltei dos braços da minha irmã e virei de frente para ela.
— Perfeita como sempre — disse de uma vez.
riu de forma sarcástica.
— Quem você está procurando? — perguntou.
— Quem disse que eu estou procurando alguém? — respondi ainda percorrendo o local todo com os olhos.
— Primeiro que você nunca fala que tudo foi perfeito, se você falou é porque não assistiu, você é a pessoa mais crítica que conheço, — Minha irmã começou a explicar.
Ela tinha um sorriso presunçoso nos lábios.
— Segundo que você não parou de varrer esse lugar todo com os olhos, então está procurando alguém, quem? — disse ela por fim.
me conhecia bem. Soltei o ar me dando por vencido, olhei bem para os lados para ver se meus pais não estavam por perto e me aproximei da minha irmã para contar.
— Okay, tinha uma bailarina no seu grupo que me deixou vidrado, não consegui mais prestar atenção em nada.
abriu um largo sorriso, mas em seguida senti um tapa atingir meu ombro. Os tapas de sempre ardiam.
— Ai — disse reclamando
— Isso foi por você não ter me visto dançar — disse voltando a rir — Mas voltando, como ela era?
— Parecia ser mais a mais velha de vocês e não era tão magra, tinha cabelos castanhos e um dos sorrisos mais lindos que já vi — respondi vendo novamente aquelas imagens perfeitas na minha cabeça.
— É a , — Minha irmã respondeu fazendo com que eu voltasse minha atenção para ela — Quer que eu te apresente?
No mesmo momento comecei a ficar nervoso e minhas mãos começaram a suar.
— Ma-aas — disse gaguejando — ela é solteira?
— Eu não te apresentaria se ela não fosse, .
Respirei aliviado, isso poderia ser um sinal.
— Mas já vou te avisando — Começou — tem fama de não se apegar e tem o balé em primeiro lugar na vida, ela não se importa em quebrar corações por aí.
Apenas concordei com a cabeça. Nada importava agora, eu só queria ter uma chance de me apresentar e talvez ter algo com ela, uma única chance.
pegou na minha mão e começou a me guiar pela coxia indo mais para os fundos do palco, até que parou em frente a um camarim onde brilhava uma grande estrela dourada na porta. bateu na porta e então um “entre” foi pronunciado de lá de dentro.
Quando abriu a porta avistei pelo espelho que era realmente a bailarina que eu havia observado durante todo o show. Ela estava em frente ao espelho passando a mão pelo cabelo, que agora estava solto e levemente ondulado. As roupas de balé também tinham sumido, ela agora estava em um deslumbrante e colado vestido vermelho, que deixava suas curvas ainda mais avantajadas, e nos pés uma sandália de salto fino estava no lugar das sapatilhas.
— Olá, — ouvi ela cumprimentar a minha irmã enquanto passava gloss nos lábios — E esse é?
se virou para mim e me encarou com um sorriso nos lábios
— Esse é…. — não deixei que me apresentasse, a cortando imediatamente.
— Sou — disse enquanto estendia a minha mão para ela — Irmão da .
abriu um sorriso maior ainda e olhou profundamente em meus olhos, então estendeu a sua mão até a minha aceitando meus cumprimentos.
— Vim parabenizá-la, o espetáculo estava fantástico — disse cortando o silêncio — Você é…
— , Josh está me ligando, já volto — apenas avisou e saiu da sala imediatamente me deixando sozinho com . Sabia que Josh não estava ligando, tinha saído para me deixar sozinho com a minha mais nova bailarina favorita.
— Ela sempre mente mal assim? — me tirou daqueles pensamentos.
— O quê? — perguntei confuso.
riu de forma sarcástica.
— Ninguém estava ligando para ela — disse — ela saiu pra te deixar aqui sozinho, não foi?
Ela tinha percebido isso? Meu rosto começou a arder de vergonha, levei a mão até a nuca e a cocei sem jeito.
— É-é — comecei, mas acabei travando e depois ri envergonhado — Sim, queria nos deixar sozinhos, comentei com ela que tinha te achado fantástica dançando e queria te conhecer.
— Você já ganhou um ponto comigo, , gosto de pessoas sinceras — disse de uma forma que me pareceu ser sedutora, mas não sabia se era real ou apenas coisa da minha cabeça — E obrigada pelo elogio!
— Há anos não via alguém me encantar dessa forma — disse olhando para ela.
Dessa vez foi a vez de rir envergonhada, ela colocou uma mexa de seu cabelo atrás da orelha e abaixou a cabeça.
— E olha que já assisti muitos espetáculos por causa de , você realmente é fantástica — disse por fim.
então voltou seu olhar para mim novamente.
— Obrigada mais uma vez!
— E seu nome é….? — Eu sabia, mas queria que ela se apresentasse para mim.
— Oh meu Deus, que mal educada eu sou — ela então estendeu a mão mais uma vez — Me chamo .
— Muito prazer, — disse pegando sua mão — Sei que pode soar meio estranho ou precipitado, mas você gostaria de sair para jantar ou tomar um café comigo? — perguntei de uma vez, era agora ou nunca.
deu um sorriso tímido e olhou diretamente para os meus olhos.
— Eu adoraria.
Naquele momento eu sabia que ela entraria na minha vida e me proporcionaria diversos sentimentos, só não sabia se eles seriam bons ou ruins.
três semanas depois
Minhas mãos suavam sob o volante enquanto dirigia a caminho do apartamento de . Depois do espetáculo, ao qual a convidei para sair, nós trocamos números e ficamos conversando por mensagens, já que infelizmente tive que voltar para Cambridge no dia seguinte. Agora, finalmente de férias, conseguimos marcar um encontro para nos conhecermos melhor, não que eu não soubesse praticamente sobre a vida dela toda.
Nessas três semanas de troca de mensagens, nós ficamos sabendo sobre tudo um do outro, soube quando e como ela começou a carreira como bailarina, que ela havia nascido em Oxford, mas que se mudou para Londres para viver da dança, e que atualmente era uma das professoras do Royal Ballet, um grande feito para uma mulher de apenas 24 anos. Sim, ela com essa idade já tinha conquistado tudo o que mais desejava desde pequena. Já tinha seu próprio apartamento, carro, e havia dançado nos grandes palcos do mundo, como Nova York, Moscou e Londres. Também contei sobre mim e como estava finalizando meu doutorado, o que a deixou maravilhada, mas mesmo depois dessas três semanas nos falando todo dia, ainda estou nervoso em encontrá-la. é uma mulher extremamente confiante e que deixa qualquer homem extasiado com sua beleza.
Estava indo buscá-la para irmos a um dos pubs do centro de Londres, nós decidimos isso juntos, já que somos grandes fãs de cerveja. Virei a esquina onde o prédio de se encontrava, ela morava próximo a Notthing Hill, o que sempre foi considerado um bairro agradável e familiar, e que ganhou grande notoriedade após o filme com Julia Roberts e Hugh Grant. Havia avisado por mensagem que já estava chegando, então ela provavelmente já me aguardava no saguão do prédio. Encontrei um local para estacionar, peguei meu celular colocando no bolso e desci do carro para a encontrar.
Adentrei o grande prédio cinza, olhando para todos os lados a procurando, mas acabei não a encontrando. Me direcionei até o porteiro do prédio para ver se ele sabia algo sobre ela.
— Boa noite, senhor — Disse chamando a atenção dele.
O senhor de cabelos grisalhos rapidamente olhou em minha direção, mas não esboçou nenhum sorriso.
— Boa noite, em que posso ajudar?
— A senhorita não esteve no saguão por esses minutos? — o questionei.
O porteiro apenas negou com a cabeça e voltou a sua atenção para a pequena TV que tinha num canto de sua mesa.
— O senhor poderia interfonar para ela? — perguntei.
— Ela normalmente não deixa ninguém subir — Ele começou dizendo — Mas posso fazer isso sim.
Apenas concordei com a cabeça.
O senhor pegou o telefone, colocou no ouvido e então apertou os botões para falar com ela.
— Qual o seu nome mesmo? — Ele perguntou antes dela atender.
— .
Mal acabei de responder e atendeu.
— Boa noite, senhorita , tem um rapaz chamado aqui embaixo — Disse ele rapidamente — Okay, okay, o ensino então, boa noite para senhorita também — Continuou enquanto ainda falava com ela — O senhor pode subir — disse ele desligando o telefone e direcionando sua atenção a mim — Quarto andar, apartamento 405.
Provavelmente ainda não estava pronta e por isso deve ter pedido para que eu subisse.
— Como eu chego lá? — perguntei ao porteiro.
— O elevador é a sua esquerda, só apertar o quatro e estará no andar dela, o 405 é no fim do corredor a sua direita.
— Obrigada, Charles — Li o seu nome no crachá enquanto ele me anunciava.
— Por nada, boa noite, senhor .
Apenas acenei com a cabeça e fui em direção ao elevador, que já estava ali embaixo, rapidamente entrei, apertando o botão que me direcionaria até o andar de . Em poucos segundos, já no andar certo, caminhei pelo lado direito do corretor, encontrando a porta branca de seu apartamento, que era exatamente igual a todas as outras, e que continham seu respectivo número em uma plaquinha dourada. Porém, a porta de tinha uma peculiaridade que era muito fofa, por sinal: bem abaixo de sua plaquinha com o número 405 haviam duas sapatilhas do tamanho de um chaveiro penduradas. Imediatamente ri, aquilo era tão adorável. Apertei a campainha do seu apartamento, ainda estava nervoso e um pouco ansioso, mas isso não demorou muito, antes mesmo que eu apertasse uma segunda vez a porta foi aberta revelando uma totalmente arrumada, pronta. Ela estava com um vestido preto de alças finas liso, solto, algo que me lembrava seda, ele ia até o meio de suas coxas grossas e definidas, o que a deixava bem sexy. Bem diferente do que eu havia visto no dia do espetáculo.
— Boa noite, — disse ela me tirando daquele transe.
— Boa noite, — me aproximei dela e depositei um beijo demorado em sua bochecha.
— Pode entrar — disse apontando para dentro do apartamento.
Adentrei o lugar observando tudo atentamente e vendo como aquele apartamento parecia com ela. Tudo era em tons pastéis de rosa e cinza, tudo de forma delicada, claro, harmonioso.
— Seu apartamento é muito bonito — disse finalmente para ela.
— Obrigada! — respondeu — …. — Ela me chamou com um sorriso adorável no rosto — Trabalhei até tarde hoje e estou um pouco cansada, então pensei melhor e achei mais interessante ficarmos em casa. Vamos pedir uma pizza e beber um vinho, o que acha?
Achava interessante que mesmo cansada, como ela mesma havia dito, não tinha desmarcado comigo.
— Por mim, tudo bem — respondi.
— Pode se sentar no sofá, vou pegar um vinho pra gente.
disse e se retirou do cômodo, enquanto eu me sentei no sofá para aguardar. Segundos depois ela apareceu segurando uma garrafa de vinho cabernet sauvignon e duas taças, as depositou sobre a mesinha de centro que tinha em frente ao sofá e se sentou ao meu lado.
— Aceita uma taça? — perguntou.
— Sim!
abriu a garrafa, pegou uma taça e colocou vinho me dando a mesma em seguida. Ela então colocou vinho na outra taça, pegou em mãos, cruzou as pernas e deu um pequeno gole. Aquela tinha sido uma das cenas mais sexys que havia visto na vida.
tinha todo um ar delicado, extremamente feminino e eu poderia jurar que ela seria frágil e que eu teria que tomar cuidado para não a quebrar, mas depois dessa cena notei que ser sexy é algo mais natural para ela, mais presente, ela incendiava minha imaginação fazendo absolutamente nada, sendo apenas ela.
— Você está oficialmente de férias, então? — perguntou ela me tirando daquele transe de a observar.
— Sim! — a respondi — Fico aqui até o fim de julho.
— Quem diria que a vida de pesquisador era tão pesada — constatou ela.
— E é, eu estava sem férias há 4 anos — a contei — Mas e a vida de bailarina, como anda? Acho mais interessante falar de você do que de mim — disse.
riu sem graça e colocou uma mecha do seu longo cabelo atrás da orelha.
— É exaustiva para falar a verdade, ainda mais agora que temos um espetáculo marcado em Manchester — me contou.
— Ah é? E sobre o que é? — perguntei curioso.
Não me importaria de viajar algumas horas para ver sua apresentação, depois do espetáculo no Royal Opera, minha coisa favorita no mundo era vê-la dançar.
— Dessa vez é sobre o lago dos cisnes, vamos no apresentar num evento real.
— Então não poderei te ver dançar? — perguntei esboçando um bico.
dessa vez gargalhou, era maravilhoso ver que eu poderia causar isso nela.
— Então você quer me ver dançar? — perguntou ela em tom provocador.
— Sim, você me hipnotizou depois daquele dia.
gargalhou mais uma vez e deu mais um gole em sua taça de vinho.
— E você, , não dança? — perguntou ela se desencostando do sofá e ficando mais próxima a mim.
Apenas neguei com a cabeça rindo e dei mais um gole da minha taça. Eu realmente não era bom nisso. então se afastou e se levantou do sofá, pegou o celular procurando algo e o conectou na caixinha de som que tinha próxima da sua lareira. Uma música lenta e envolvente começou a tocar.
parou na minha frente, abriu um sorriso provador e me estendeu a mão.
— Vem dançar comigo — disse ela com a mão ainda estendida.
Acabei rindo.
— Não sei se é uma boa ideia, não sei dançar e você vai me achar um ridículo.
Aquilo era a mais pura verdade.
— Eu te ensino — disse ela por fim.
Eu sabia que era uma péssima pessoa dançando, mas havia me pedido tão lindamente que não tinha como negar. Acho que qualquer coisa que essa mulher me pedisse eu não teria como negar. Estendi minha mão pegando a dela e me levantando do sofá. nos guiou até a frente da lareira onde havia mais espaço, colocou suas mãos sobre meus ombros e levei as minhas até sua cintura. Nós dois começamos a dançar de forma lenta, um olhando diretamente para os olhos do outro, permanecemos num longo silêncio por minutos, apenas dançando de forma sincronizada.
— Você não é ruim, está no ritmo certinho e ainda não pisou no meu pé — disse ela por fim.
— Você que está comandando — respondi.
então riu, retirou seus braços dos meus ombros e em seguida jogou o corpo para trás fazendo com que eu segurasse sua cintura com firmeza. De forma delicada ela foi voltando para próximo de mim e ficou cara a cara comigo, eu estava ainda mais hipnotizado por aquela mulher.
— Agora você não me deixou cair — disse ela — Você sabe dançar muito bem, .
Não sei se era o vinho que já tinha mais na minha corrente sanguínea do que na garrafa ou o tesão daquele momento, mas eu estava desesperadamente necessitando sentir os lábios de nos meus.
— Acho que vou te beijar — a avisei olhando seus lábios.
abriu um sorriso largo.
— Não se eu te beijar antes.
então se aproximou mais de mim e juntou nossos lábios já pedindo passagem com a língua. Aquele era um beijo forte, provocante, quente, necessitado, já sentia todos os meus músculos queimarem de vontade dessa mulher.
Enquanto ainda nos beijávamos levantou uma das pernas e colocou na lateral do meu corpo, inevitavelmente, levei a minha mão até ela e segurei sua coxa com força. Ela estava me deixando louco. Quando o ar nos começou a faltar, nos separou e, ainda com a respiração ofegante, me olhou profundamente sorrindo. Desceu a sua perna que estava ao lado do meu corpo e se desgrudou de mim. Sem dizer uma palavra ela pegou em minha mão e começou a me puxar novamente em direção ao sofá. Me colocou sentado ali no mesmo lugar onde eu estava antes e em seguida se sentou sobre o meu colo com uma perna de cada lado do meu corpo, fazendo com que seu vestido levantasse uma boa parte. Eu não conseguia dizer nada, absolutamente nada, só a observar. era perfeita, e sabia o que queria, isso me deixava ainda mais fascinado.
— Gostou da nossa dança? — perguntou ela quebrando aquele silêncio confortável.
— Se dançar é o que fizemos, eu quero sempre dançar com você.
riu mais uma vez e se aproximou do meu ouvido mordendo o meu lóbulo, aquilo me arrepiou inteiro.
— Eu sei danças bem melhores que aquela — disse ela no meu ouvido.
— Então me mostre!
começou a beijar o meu pescoço e desceu com uma trilha de beijos até chegar a minha boca, ali, ela a atacou mais uma vez de forma feroz. Meu corpo pegava fogo e já sentia meu membro se animar na calça, e acho que também sentiu isso, pois durante o beijo ela sorriu minimamente e deu uma leve rebolada sobre mim.
Levei minhas mãos até suas coxas a apertando com força a fazendo respirar fundo e soltar um gemido baixo durante o beijo. Assim que desgrudamos nossos lábios olhei para , ela tinha um sorriso safado e provocador que me deixava ainda mais louco, mas eu precisava ser racional nesse momento, sabia onde iríamos chegar se não parássemos ali e eu não queria ser a razão do arrependimento de ninguém.
— Você tem certeza disso? — perguntei para , ela sabia do que eu falava.
Ela riu alto e se levantou do meu colo, parou em minha frente, levou as mãos até as alças finas do seu vestido a retirando do seu ombro, o deixando o cair de forma perfeita do seu corpo, ficando apenas de lingerie.
— Absoluta! — ela respondeu mordendo os lábios.
Essa mulher era tudo de mais sexy e excitante no mundo.
Me levantei imediatamente do sofá e fui até ela juntando nossos corpos e segurando forte em sua bunda. mais uma vez me beijou forte, nossas línguas dançavam de forma sincronizada, se completavam. Finalizei nosso beijo com selinhos e segui os distribuindo por seu pescoço e leves mordidas. respirava fundo e dava alguns gemidos. Ela levou suas mãos até a barra da minha camiseta a retirando do meu corpo, e, então, começou a passar a mão por todas as minhas tatuagens que tinham ali, no peito e no braço. Agora era ela que demonstrava estar impressionada.
— Elas são lindas — disse ela ofegante e passando os dedos pelo meu peito.
— Discordo — disse rindo — Você já se olhou no espelho?
então abriu um largo sorriso, se separou de mim e mais uma vez naquele dia me pegou pela mão. Ela começou a me guiar por um longo corredor que ao seu fim tinha uma porta branca. abriu aquela porta e pude ver que se tratava de seu quarto. Ela começou a me empurrar pelo peito até a sua cama e me pôs sentado sobre ela, se sentando sobre mim em seguida, antes de me olhar nos olhos e depois começou a distribuir beijos pelo meu pescoço indo até a minha orelha.
— Eu soube das suas intenções desde aquele dia que você entrou no meu camarim — começou — E preciso dizer que te achei interessante também, as suas intenções foram as mesmas que as minhas.
— E quais são as suas intenções? — perguntei me fazendo de desentendido.
— Transar com você! — disse ela na lata.
— WOW — Foi a única coisa que consegui dizer antes de beijar .
Eu não aguentava mais, eu precisava dessa mulher. Levei a minha mão até suas costas desabotoando seu sutiã. mesmo os tirou e deixou seus peitos disponíveis para mim. Me levantei com ela ainda em meu colo, virei e a coloquei deitada na cama me colocando sobre ela.
— Tão linda — disse mais para mim do que para ela, mas provavelmente ouviu, pois soltou mais uma de suas gargalhadas gostosas.
— O balé me faz ser assim — disse por fim.
Voltei a beijar seu pescoço e comecei a descer pelo seu colo até chegar em seus seios, onde me deliciei por um tempo. Os seios dela eram perfeitos, arredondados, nada muito grande, mas nem muito pequeno, era do tamanho certo para estar dentro da minha mão.
gemia e meu membro já latejava dentro da calça. Desci meus beijos até a barra da sua calcinha e a tirei rapidamente. A admirei ali completamente nua e entregue a mim. Enquanto estava em pé a observando, se sentou na cama e me puxou pela cintura, começou a desabotoar o meu cinto e depois a minha calça a tirando de uma vez junto com a cueca box.
Meu membro já estava completamente ereto e pronto para ela. Assim que o viu, o admirou e depois deu uma pequena lambida na glande me fazendo gemer baixo. Ela o colocou dentro da boca e começou a sugar lentamente fazendo movimentos de vai e vem, já me deixando mais louco ainda, já não tinha mais controle algum sobre os meus gemidos e respiração, e se ela não parasse eu não aguentaria muito tempo, por isso a tirei dali.
Ela riu de forma safada para mim. A deitei novamente sobre a cama ficando sobre ela.
— Você tá me deixando louco — disse olhando para ela e me segurando em meus braços.
— Essa era a intenção — Ela respondeu mordendo os lábios.
então levou a sua mão até o meu membro o acariciando. Sai de cima dela e fui até a minha calça buscando o preservativo dentro da carteira. O abri rapidamente o colocando. Me deitei novamente sobre e a penetrei devagar, sentindo sua intimidade abraçar meu membro de forma perfeita e a fazendo gemer.
Comecei os movimentos ainda devagar e sentindo todo o prazer que aquilo me proporcionou. enlaçou suas pernas sobre as minhas costas fazendo com que eu a sentisse mais ainda.
Era um misto de gemidos, suor e prazer, era algo fantástico. Continuava penetrando , mas agora de forma intensa, já sentia todo o meu corpo tremer com a ápice do prazer chegando, porém num movimento rápido, me colocou deitado de costas na cama e se sentou sobre mim sem deixar que eu saísse dela por um segundo sequer.
Ela começou a rebolar e cavalgar sobre mim gemendo ainda mais alto e fazendo com que eu a sentisse mais ainda por dentro, vi as gotas de suor descerem pelo seu rosto, seu cabelo já estava um pouco colocado ao pescoço, o que a tornava ainda mais linda.
Enquanto a observava daquela forma senti seu corpo se arrepiar e começar a se entregar ao prazer que já chegava. tornou os movimentos mais intensos e em poucos segundos senti sua intimidade contrair sobre mim, ela soltou um gemido longo e então senti seu corpo relaxar sobre o meu. Ela havia chegado ao seu ápice. Ela ainda rebolava devagar sentindo todo o êxtase do seu prazer quando senti que o meu começou a chegar, comecei a me movimentar com ela ainda em cima de mim e isso fez com que o meu por fim, chegasse, me senti explodindo dentro dela, meu corpo todo tremeu e o prazer absoluto me atingiu.
Assim que acabei, saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado ainda ofegante, colocou a cabeça sobre meu peito e começou a passar a ponta dos dedos pelas minhas tatuagens.
— Você foi — dei uma pausa para respirar — fantástica.
E realmente havia sido, nunca tinha tido algo como aquilo.
— Você ainda não viu nada — disse rindo ainda passando as mãos pela minhas tatuagens — Mas agora estou com fome, vamos pedir a pizza?
então se levantou e começou a andar pelo quarto ainda nua.
— E então? O que está esperando? — perguntou ela.
— Só te admirando — respondi meio bobo.
saiu rindo pela porta do quarto. Eu realmente estava louco por ela e ela poderia fazer o que quisesse comigo, inclusive, me destruir. parecia um anjo, dançava como tal, se vestia como um, mas na cama estava mais para um demônio.
Capítulo II
“When you lied to my face I could see the truth. Every step with the way I knew How you fooled me, boo”
Agosto de 2017, Londres, Reino unido.
Já fazia pouco mais de dois meses em que eu e estávamos juntos, ainda não sabia ao certo nomear o nosso relacionamento, não havíamos tido essa conversa e eu nem fazia muita questão, o lance de sexo casual e exclusividade estava presente, ao menos pra mim e acredito que para ela também. Nossa relação era boa, regada a muito vinho, músicas envolventes e sexo, sexo do mais alto nível e em todos os cantos possíveis do apartamento dela. No período de férias acabei ficando em Londres, nós dois nos víamos praticamente todos os dias e a grande maioria era no apartamento dela, foram poucas as vezes que acabávamos saindo como um casal de verdade, mas eu não me importava muito, eu queria estar com ela, então já era o suficiente.
Minhas férias haviam acabado há mais ou menos três semanas e desde então acabo dirigindo toda sexta de volta para Londres para ver e minha família. A distância entre Londres e Cambridge não é grande coisa, não chega a 100 km, mas as disciplinas e experimentos do doutorado acaba me impossibilitando de estar outros dias aqui. Minha mãe anda muito feliz por essa minha relação com , antes eu aparecia em Londres apenas para os recitais de e para datas importantes, agora, todo final de semana eu estou aqui. Almoços aos domingos em família se tornaram reais para ela.
Agora estou me dirigindo a uma cafeteria perto do Hyde Park onde eu e combinamos de nos encontrar antes de irmos para casa, íamos conversar sobre as novidades que nós dois tínhamos, ela sobre algumas apresentações de balé e eu sobre e o doutorado. Eu adorava essa minha relação com , apesar da diferença de idade, ela era minha melhor amiga e gostávamos dessa relação fora de casa.
Estacionei meu carro próximo a cafeteria e desci já avistando em pé do outro lado da rua acenando para mim. Ainda era verão em Londres, o dia estava ensolarado e extremamente quente, o que era incomum, mesmo para a época.
Me aproximei da minha irmã lhe dando um beijo na bochecha, nós dois então adentramos o local e sentamos numa mesa próxima a janela que dava uma visão completa da rua.
— Como foi sua semana? — perguntou minha irmã animada.
— Normal — respondi — A sua parece ter sido mais animada do que a minha pelo jeito que você está.
Nós dois acabamos rindo e antes que pudesse me responder o garçom do local chegou a nossa mesa.
— Sejam bem vindos, gostariam de pedir algo? — Ele disse nos entregando o cardápio.
O nome na plaquinha do seu avental era Andrew.
— Gostaria de um cold brew, Andrew — respondi.
— Eu quero o chá gelado de blueberry — Agora havia sido que havia feito o pedido.
— Em alguns minutos fica pronto e trago para vocês — Andrew disse se retirando em seguida.
— Cold brew, ? Desde quando você gosta de Café, ainda mais café gelado! — disse com uma cara indignada — Você era o louco do chá, igualzinho a mim!
— Comecei a beber com a e gostei — respondi.
revirou os olhos.
Por mais que tenha me apresentado a , ela ainda tinha um certo receio e não curtia muito a relação que eu tinha com sua colega de balé. Ela vive dizendo que vai triturar meu coração em milhões de pedacinhos e depois vai se maquiar com ele como se nada tivesse acontecido.
— Voltando ao nosso papo anterior — começou querendo desviar o assunto de — Estou animada porque eu finalmente consegui a vaga para ter algumas aulas em Nova York!
— Você vai ter aulas na American Ballet Theatre? — perguntei incrédulo.
Esse sempre foi o grande sonho de .
— SIM! — minha irmã respondeu praticamente gritando de tanta animação.
— Meu Deus, , estou extremamente feliz por você! — disse isso levantando do meu lugar e indo até a minha irmã a abraçar.
— Obrigada! — respondeu ainda em meus braços.
Quando nos soltamos pude ver o quanto a minha irmã estava radiante com aquele sonho se tornando realidade.
— Quando você vai? — perguntei curioso.
— Daqui quinze dias, vou ficar por lá duas semanas, é pouco tempo, mas sei que vou aprender tanto — Era possível ver os olhos de brilharem de tanta felicidade.
— Vocês já contou aos nossos pais? — a questionei.
— Sim, foram os primeiros a saber, mamãe está vendo de tirar umas férias do trabalho e ir comigo — Quando lembrou disso, fechou a cara imediatamente — Ela acha que eu ainda tenho dez anos, de um jeito nisso, .
— Ela só nos ama demais! — completei.
— É amor até demais, ela vai me sufocar lá, você sabe como ela é — implorava por ajuda.
— Okay, vou ver o que faço.
Assim que encerrei a frase, vi Andrew se aproximar da nossa mesa e trazer nossas duas bebidas geladas em uma bandeja.
— O cold brew do senhor — Colocou meu copo em minha frente — E o seu chá gelado, senhorita — E colocou o de em sua frente.
— Obrigado — respondi de imediato e fez o mesmo.
Andrew então se retirou.
— Eu não sou velho para ele me chamar de senhor — disse indignado para — Nós temos poucos anos de diferença e ele te chamou de senhorita.
soltou uma de suas gargalhadas altas e depois levou o grande canudo até a boca e bebeu um grande gole de seu chá, aparentemente ignorando o que eu havia dito. Levei meu copo até a boca e bebi um grande gole no líquido sentindo toda o conteúdo gelado me refrescar naquele dia quente.
— E então, quais são as suas novidades? — Minha irmã perguntou me analisando.
— Eu e estamos super bem — Comecei
mais uma vez revirou os olhos enquanto bebia seu chá, mas dessa vez fui eu quem resolveu ignorar.
— E meus experimentos estão indo da forma que eu queria, acho até que terei resultados suficientes para ir num congresso na frança que será em Novembro.
— Isso seria fantástico, mon seigneur — respondeu rindo.
— Sim e vou ignorar você me chamando de velho — Fiz uma careta para — E ainda consegui uma verba do departamento para realizar mais alguns experimentos que não estão no meu projeto, estou bem feliz!
— Quem diria, se dando bem na profissão e ainda por cima tendo vida sexual ativa — disse me zoando — Nunca achei que isso fosse acontecer!
Em seguida, soltou a sua típica gargalhada ao ver minha cara revirando os olhos, se tinha alguém nessa vida que conseguia me irritar, essa pessoa era .
— Vou falar para dona Charlotte que a filhinha dela está com medo de atravessar o oceano sozinha — imediatamente sumiu com o sorriso de sua cara e a fechou me fuzilando com o olhar.
— Você não faria isso! — disse ela com os dentes cerrados e me olhando ameaçadoramente.
— Continue a me zoar e verá!
— Okay, não zoarei mais meu big brother, fique tranquilo — disse levantando as mãos em rendição.
— Perfeito!
se levantou da cadeira e virou seu olhar para mim.
— Preciso ir ao banheiro, tomei muita água hoje, já volto — completou se retirando dali e seguindo em direção a parte dos banheiros.
Assim que saiu do meu campo de visão peguei meu celular em mãos para conferir se não havia ligado ou mandado alguma mensagem, e ela não tinha, o que era estranho, pois normalmente nos falávamos o dia todo e hoje tudo estava incrivelmente quieto, então, abri a janela de sua mensagens e comecei a digitar uma.
18.08.17 4:54 pm :
Babe, está tudo bem?
Babe, está tudo bem?
Poucos segundos depois ela já me respondeu.
18.08.17 4:54 pm:
Sim, porque não estaria?
18.08.17 4:54 pm :
Não falou comigo hoje.
18.08.17 4:54 pm:
Estou em casa ensaiando umas coisas, depois a gente se fala.
18.08.17 4:54 pm :
Okay <3
Sim, porque não estaria?
18.08.17 4:54 pm :
Não falou comigo hoje.
18.08.17 4:54 pm:
Estou em casa ensaiando umas coisas, depois a gente se fala.
18.08.17 4:54 pm :
Okay <3
Depois disso não respondeu mais, então, bloqueei meu celular e o coloquei sobre a mesa e resolvi apreciar a vista que eu tinha da janela da cafeteria. Não sei se foi ironia do destino ou algo do tipo, mas assim que coloquei meus olhos sob um famoso restaurante luxuoso que tinha quase em frente a cafeteria avistei saindo dele, ela vestia um vestido branco justo ao seu corpo e um blazer preto por cima e falava com o manobrista do lugar, provavelmente pedindo o carro, ela tinha acabado de falar para mim que estava em casa, porque mentiria? Resolvi me levantar para ir até ela, mas antes mesmo de fazer isso, um cara de terno, cabelo perfeitamente penteado para trás e um pelo bar de olhos azuis colocou a mão em sua cintura a fazendo virar para ele.
Ambos iniciaram uma conversa animada, pude notar, pois ria o tempo todo. Será que ela estaria vendo outras pessoas enquanto estava comigo? Será que ela era realmente a pessoa que dizia que ela era? Será que aquela pessoa ali seria mesmo ? Eu não conseguia acreditar nisso.
Peguei mais uma vez meu celular em mãos para tirar a prova.
18.08.17 5:06 pm :
Só confirmando, tudo certo para hoje a noite, né?
Só confirmando, tudo certo para hoje a noite, né?
Poucos segundos depois notei que levou a mão até a pequena bolsa e pegou o celular da mesma começando a digitar imediatamente, pouco tempo depois meu celular vibrou em minhas mãos mostrando a resposta dela.
18.08.17 5:07 pm:
Sim, você me pega às 20h?
Sim, você me pega às 20h?
Respirei fundo para a responder, estava mentindo na cara dura.
18.08.17 5:07 pm:
Sim, vamos direto para o pub.
18.08.17 5:08 pm:
Okay Z, nos vemos a noite! Estou muito ocupada agora.
Sim, vamos direto para o pub.
18.08.17 5:08 pm:
Okay Z, nos vemos a noite! Estou muito ocupada agora.
Ela realmente estava. Senti uma raiva subir pelo meu sangue, porque ela estaria mentindo para mim? Porque ela faria isso?
— Que cara é essa? — Ouvi me perguntar se sentando na mesa novamente — Parece que viu um fantasma.
“Não vi um fantasma, vi um demônio mesmo, um demônio que me deixa louco” Pensei comigo mesmo, então, respirei fundo para responder a minha irmã, não podia falar isso, não queria dar na cara o que havia acabado de acontecer e também não queria jogando na minha cara que estava certa o tempo todo.
— Nada — disse dando um sorrisinho falso — Acho só que bateu o cansaço.
me olhou desconfiada, mas não perguntou mais nada. Voltei meu olhar novamente para a entrada do restaurante, mas não havia mais ninguém por ali, provavelmente já havia saído com seu belo príncipe encantado de carro.
Hoje à noite perguntaria cara a cara para ela sobre isso, ela teve coragem de mentir por mensagem, mas garanto que pessoalmente não teria.
Algumas horas haviam se passado desde aquele momento em que havia visto saindo do restaurante acompanhada, agora estávamos juntos em um pub no centro de Londres. havia resolvido sair com alguns amigos e tinha me convidado para poder me apresentar para eles. Eu estava feliz com isso, mas aquela cena ainda martelava na minha cabeça, aquele maldito cara alto ao lado dela e como eles estavam confortáveis um conversando com o outro, como se já se conhecessem. Eu nunca tive ciúmes, nem quando namorei sério com Diana, que havia sido minha colega de sala na graduação, e agora, ver com aquele cara havia me deixado encanado.
O lugar que estávamos era aconchegante, era um pub de rock, havia muitas cervejas, hambúrgueres, e uma pista de dança que tocava Perfect Symmetry do Keane ao qual e as amigas estavam cantando e dançando animadas enquanto bebiam suas cervejas. Já eu e os namorados das amigas estávamos sentados em uma mesa que tinha uma visão privilegiada daquela pista. Eu não conseguia prestar atenção na conversa, e em mais nada que acontecia ao meu redor, para falar a verdade, ver dançar fazia tudo sumir, eu só conseguia pensar nela dançando para mim daquele jeito. Ela estava animada, dançava como só ela sabia; graciosa, mas ao mesmo tempo extremamente sexy.
— , né? — Ouvi um dos amigos de me chamar, Sam.
— Isso! — respondi tirando meu olhar da pista e dando atenção a mesa.
— deve estar louca por você mesmo, ela nunca apresentou ninguém a nós — Sam deu um tapinha no meu ombro e em seguida deu um gole em sua cerveja.
— Sério? — perguntei espantado.
Isso era, no mínimo, peculiar.
Sam apenas confirmou com a cabeça.
— Acha que é a hora de eu dar um passo adiante na relação? — estava realmente curioso sobre isso.
Sam fez uma cara de talvez, mas que dizia mais não do que sim.
— é complicada — começou ele — Mesmo ela nunca tendo apresentado alguém a nós, e você ser o único, não sei se ainda é a hora.
Aquilo havia me deixado confuso.
— Porque complicada? — o questionei.
— Do que vocês estão falando? — Ouvi a voz de e logo em seguida uma mão pousar sobre meu ombro — Interrompi alguma coisa?
— Não, estávamos falando de como vocês estavam belíssimas dançando na pista — Respondeu Sam.
As amigas de sentaram na mesa com seus respectivos namorados, ela permaneceu em pé ao meu lado, até que a senti abaixar e se dirigir ao meu ouvido.
— Quero dançar com você agora — disse apenas para que eu escutasse.
— Você sabe que vai passar vergonha comigo, né? — disse rindo.
— Não comigo, my love — então endireitou seu corpo e me estendeu a mão.
Eu não tinha como negar aquele convite, essa hipótese não existia, então, estendi a minha mão a juntando com a dela e assim nós dois seguimos até o centro da pista de dança onde anteriormente ela estava com as amigas. E como ação de alguma força maior ou destino, começou a tocar Imagine do John Lennon, fazendo com que assim pudéssemos dançar abraçados e de forma calma. estava com as duas mãos envoltas no meu pescoço e eu com as minhas em sua cintura, nenhum de nós ousou falar uma palavra, nossos olhares estavam tão conectados que aquilo seria cruel.
Durante toda a música eu não consegui parar de apreciar cada detalhe do seu rosto, cada parte perfeita que a deixava completa. A pele levemente bronzeada, os olhos extremamente negros como a noite, seu cabelo castanho que descia graciosamente até a altura dos seios, o nariz de boneca e a boca perfeitamente desenhada, eu podia a observar para sempre.
— Para de fazer isso — Ouvi ela dizer rindo sem graça me tirando daquele transe.
— O que eu estava fazendo? — perguntei.
— Estava me olhando como se estivesse apaixonado.
Engoli em seco, eu não estava apaixonado, ao menos eu achava, mas não queria dizer isso e estragar todo o momento.
— Você é linda e gosto de te admirar — disse fazendo um leve carinho em seu rosto — E você saberia se eu estivesse apaixonado — completei.
— Você também é — disse.
Em seguida ela tocou meus lábios com um selinho calmo, delicado e gostoso. Uma outra música começou a tocar e chegou mais perto de mim colocando seu queixo sobre o meu ombro. Enquanto dançávamos mais uma vez em silêncio as cenas de hoje à tarde voltaram a minha cabeça, eu precisava muito perguntar como quem não quer nada e tentar descobrir o porquê da omissão, e talvez agora ela poderia falar a verdade e explicar tudo.
— O que você ensaiou hoje à tarde, baby? — Quebrei o silêncio enquanto ainda dançávamos.
— Nada demais — começou — Estava pensando em mudar algumas coisas, estava tentando alguns passos de jazz.
Ela permanecia mentindo, mas eu resolvi ir mais fundo.
— Mas passou a tarde toda em casa? Não saiu nenhuma vez?
— Sim — respondeu confiante — E não saí, almocei em casa mesmo, Louisa estava comigo.
respondeu com tanta certeza que ela mesma acreditou na própria mentira. Ela realmente estava mentindo na minha cara sem saber que eu sabia de toda a verdade, mas eu continuaria dando corda, não só hoje, mas em outros dias também, queria ver até onde tudo isso ia dar.
Capítulo III
“I knew it right away when you stopped lovin' me, It happened when your touch wasn't enough for me”
Setembro de 2017, londres, reino unido.
Duas taças de vinhos sob a mesa de centro e dois corpos completamente nus e perfeitamente alinhados se encontravam no grande sofá branco da sala de . Isso mesmo, mesmo após eu saber da mentira que ela havia me contado, eu permanecia ali com ela, usufruindo daquela relação e do melhor sexo que eu havia tido na vida.
Nunca disse que tinha a visto naquele dia, mas não precisei, depois daquele dia no pub as coisas ficaram melhores do que já estavam para nós, agora não era apenas eu quem me dirigia até Londres, era mais difícil, claro, mas também havia ido até Cambridge, na verdade foi apenas uma vez, mas isso demonstrava o quanto ela também estava interessada em tudo o que andávamos vivendo. Nesse dia em que ela foi até mim, lhe mostrei todo o laboratório, a fiz conhecer todo o campus da Universidade de Cambridge e depois saímos para jantar num dos melhores restaurantes da cidade. Definitivamente, o melhor dia do relacionamento que estávamos vivendo. Infelizmente depois desse dia ficamos duas semanas sem nos ver, teve que viajar até Dublin para algumas apresentações da companhia e eu estava extremamente atarefado com alguns ensaios do meu projeto.
Hoje era o dia que estávamos matando a saudade, cheguei em Londres no começo da noite, depois seguimos até Zuma para comermos comida japonesa, a melhor, é claro, e então fomos para o apartamento de . Chegando lá todas nossas peças de roupas voaram para todos os lados da sala, resolveu pegar um vinho e bebemos enquanto nos deliciamos um com o outro, mas alguma coisa estava diferente naquele dia, algo que eu ainda não sabia ao certo o que era, mas que logo iria descobrir.
Durante todo nosso momento juntos, pareceu dispersa, mesmo que ela tivesse se entregado por inteira e aproveitado muito ela ainda estava diferente, pude perceber isso porque ela não falou meu nome em momento algum ou pediu para eu que fizesse algo, apenas aproveitou e era do tipo de mulher que gostava de mandar e te mostrar o que era melhor para ela, sem se importar muito com o que você pensava, e o dia de hoje havia acontecido o oposto. Pode ser apenas coisa da minha cabeça? Pode! Mas ainda assim me parecia diferente.
Ainda estávamos nus no sofá dela, onde tinha acontecido tudo, parecia querer começar a cochilar deitada em meu peito enquanto eu fazia carinho nos seus cabelos, mas antes dela finalmente dormir eu precisava saber, precisava ter certeza que eu não estava ficando louco.
— Babe — A chamei.
imediatamente desencostou a cabeça do meu peito e dirigiu seu olhar para mim dizendo com o olhar que estava me ouvindo.
— Você está bem? — perguntei.
— Melhor impossível — me olhava com uma cara confusa — por quê?
sempre era muito direta em todas as suas perguntas e respostas.
— Nad…
— Nada não é, porque se não você não teria perguntado — Assim que disse isso, ela se levantou do meu peito e do sofá, vestiu sua calcinha e a minha camiseta que estava no chão e saiu andando até a cozinha.
Apesar de toda a proximidade que eu e tínhamos, conversar sobre o dia a dia ou saber sobre o que cada um estava sentindo ou passando não era muito recorrente, e eu sentia que ela sempre ficava um pouco desconfortável com essa minha aproximação. Enquanto ela ainda estava na cozinha, vesti minha boxer e voltei a sentar no sofá. Logo após eu fazer isso, voltou para a sala com a garrafa de vinho que havia ficado na cozinha antes.
serviu as duas taças que estava ali, pegou uma e se sentou no sofá, colocando os pés sobre o mesmo.
— Então, por que aquela pergunta? — me questionou dando um gole em sua taça.
— Só estou te achando um pouco quieta e distante — respondi, e era realmente o que eu tinha sentido.
— Não posso ficar na minha que algo está errado? — perguntou me olhando enigmática.
— Não é isso — Comecei a me explicar — Eu só quero saber dos seus problemas e te ajudar com isso, só isso.
riu sarcasticamente.
— , my love — Ela permanecia rindo — Eu sei me virar sozinha, não preciso de nenhuma babá para isso, além de que, estou muito bem com a minha independência, não vai ser você ou qualquer outro homem a achar que “pode me ajudar”.
tinha ficado ofendida com o que eu tinha dito e eu não tinha intenção alguma que isso acontecesse.
— Eu sei disso, você é a mulher mais forte e corajosa que já conheci, tem seu próprio dinheiro, apartamento, carro, não depende de ninguém e isso é a coisa que mais admiro em você, é algo que sempre quis em uma mulher — disse isso me aproximando dela e depois dei um beijo em seu ombro.
olhou séria para mim e depois fez uma cara pensativa.
— Vamos manter tudo como está, okay? Sem mais perguntas invasivas e com você achando que pode me ajudar, fui clara? — Nunca havia visto dizer algo com tanta firmeza assim.
Apenas concordei com a cabeça e dei outro beijo em seu ombro.
— Mas se precisar de ajuda, ainda estarei aqui — disse.
não precisou dizer nada, ela apenas me lançou mais um olhar sério enquanto dava outro gole em sua taça.
As reações de aquela noite ainda martelavam na minha cabeça, eu ainda não achava normal ela estar daquela forma, parecia que ela se distanciava mais e mais.
Dei mais um beijo em seu ombro, e ela não teve nenhuma reação permaneceu bebendo seu vinho em silêncio, era possível ouvir os carros passando na rua do prédio, era um silêncio mortal.
— Vou ao banheiro — disse me levantando do seu lado e quebrando o silêncio.
Ela, ainda sem dizer nada, apenas concordou com a cabeça.
Peguei minha calça do chão e a coloquei, segui até o banheiro e retirei meu celular que ainda se encontrava no bolso da calça e comecei a procurar o nome de em meus contatos. Fechei a tampa do vaso para me sentar e então apertei o discar, poucos segundos depois minha irmã atendeu com a voz um pouco alegre.
— Zaaaaaayn, problemas no país das maravilhas? — disse ela soltando uma longa gargalhada em seguida.
Bingo, pensei comigo mesmo, mas não seria tão direto assim com , não dessa vez.
— Ainda não sei — a respondi.
Ouvi gargalhar mais alto do outro lado da linha.
— Pra você estar me ligando em uma sexta depois da meia noite, algum problema teve — Minha irmã disse em tom afirmativo.
— Certo — Comecei — Ando achando a um pouco distante, áerea, só isso.
saiu de onde estava, pois percebi que o barulho ao fundo da ligação havia sumido.
— Você perguntou o motivo? — me questionou.
— Óbvio, — confirmei — E depois ela deu o maior sermão de que eu não tinha o direito de saber da vida dela ou algo assim e que a gente deveria só ficar do jeito que está.
— Ouch, sério?
— Sim! — respondi
— Bom, meu querido irmão, ela quer apenas usar o seu corpinho, isso é o sonho de todo homem, não é? — disse dando uma risadinha — Aaaaaaaah, esqueci que você não é igual aos outros homens.
Bufei ao ouvir ela falar isso.
— Não é assim, — disse de forma manhosa.
— É sim, . Desde sempre você tem essa de se apaixonar por aquelas que gostam de quebrar seu coração, foi assim do Diana, vai ser assim com — disse de forma ríspida.
Ela tinha razão, mas eu sentia que com seria diferente.
— E quem disse que a vai quebrar?
— Por que você está me ligando mesmo? — perguntou com seu tom de voz sarcástico — Ela vai comer seu coração como se fosse um bolo red velvet, .
Um nó surgiu na minha garganta, o dia de hoje tinha feito com que essa frase de pudesse se tornar verdade, nunca havia visto tão dispersa daquele jeito, como se estar comigo ou não já não tivesse tanta importância ou não fosse mais suficiente para ela.
— ? — Ouvi me chamar no telefone me tirando dos meus pensamentos — Você ouviu o que eu disse.
— Ouvi e posso estar achando que você tem razão, mas acho que já me envolvi demais — disse por fim.
— Você já é bem crescido, sabe o que fazer — Ouvi dizer — Eu sempre estarei aqui para colar os seus cacos, você sabe disso.
— Eu sei, e agradeço! — disse com sinceridade.
— Tome uma providência, então — disse de forma dura — Bom, agora preciso voltar porque Josh está me esperando, qualquer coisa me ligue.
— Obrigado, little sister, você é tudo pra mim — disse a agradecendo.
— Eu sei — respondeu rindo — Se cuida, te amo!
então finalizou a ligação.
Me levantei do lugar que estava sentando, guardei o celular no bolso e joguei uma água no rosto, me olhei no espelho e minha cabeça voltou a tudo o que eu e havíamos passado, era bom tê-la do meu lado naquele lance casual, mas eu a queria por definitivo, queria poder chamá-la de namorada, compartilhar momentos e histórias, tudo. Sequei meu rosto com a toalha e segui em direção a porta para abri-la, estava decidido a ter uma conversa séria com e tentar entender tudo o que tínhamos, mas assim que abri a porta do banheiro e saí, notei que uma música suave vinha da sala, o que fez com que meus pensamentos se dispersassem, e eu a reconheci assim que dava mais passos em direção a sala, era Fuck do Johnny Rain, por mais que gostasse de música clássica e rock, eu havia apresentado algumas músicas diferentes e essa era uma delas.
Assim que cheguei na sala, estava em pé no centro do cômodo dançando levemente no ritmo da música, ela estava de costas e balançava os quadris de forma sexy e provocativa, como se soubesse que eu estava ali observando. Ela então se virou de forma graciosa, apontou para mim e me chamou com o dedo. Comecei a caminhar até ela, ainda a olhando dançar daquela mesma forma que só ela sabia, quando estava próximo o suficiente, me jogou sentado no sofá, enquanto ela permanecia em pé na minha frente.
continuou dançando ao som da música, colocou a mão na barra da minha camiseta que estava em seu corpo e começou a subir de forma provocativa, primeiro deixando sua calcinha à mostra, depois sua barriga e por fim seus seios até que a retirou por completo do seu corpo. Com seus seios já livres, se aproximou de mim se sentou no meu colo com uma perna de cada lado, juntou nossos peitos, fazendo com que eu sentisse a pele nua dela na minha, ela então se aproximou do meu pescoço e começou a dar beijos e mordidas na região até chegar a minha orelha.
— We should just calm down and fuck sometimes — disse ela junto com a música fazendo com que cada pelo do meu corpo se arrepiasse, e meu membro, mais uma vez naquela noite tomou vida.
também deve ter sentido como eu estava, pois imediatamente começou a rebolar no meu colo. A tirei do meu pescoço e juntei nossas bocas num beijo desesperado e feroz, fazendo até com que meus lábios doessem. Assim que nossas bocas se descolaram eu a levantei do meu colo deitando-a no sofá, ficando por cima.
— Nossa noite estava apenas começando, — começou a dizer — Ou você acha que apenas uma rodada de sexo é o suficiente para mim?
me olhava de forma provocativa, o que me deixava louco.
Todos os pensamentos e questões que haviam surgido na minha cabeça tinham se dissipado assim que a vi dançar, agora eu nem lembrava mais o porquê de ter ligado para ou qual era o meu nome, no mundo só me importava com e o quão louco eu estava por essa mulher.
Eu não conseguia responder, eu só conseguia observá-la com desejo.
— E espero que você não esteja cansado, porque a nossa noite só vai acabar quando eu....
Não deixei que ela terminasse, avancei em seus lábios. Ouvi soltar uma gargalhada, aquela gargalhada que só ela tinha, essa mulher realmente me levava a loucura e nada do que eu pensasse ou sentisse importava, era ela, era estar com ela, nada mais.
Capítulo 04
“When you need me the most, I will turn you down”
outubro de 2017, Londres, reino unido.
Já faziam mais de cinco meses em que havia conhecido e havíamos começado esse coisa casual que estávamos vivendo, mesmo tendo alguns momentos estranhos nós éramos perfeitos juntos, principalmente as rodadas de sexo, sempre sendo as mais prazerosas, cheias de luxúria, tesão, e posso dizer até amor às vezes, eu não podia negar mais, fazia meu coração bater mais forte toda a vez que a via, os olhos e os seus lábios já haviam se tornado a coisa que mais amava observar na vida, cada toque dela fazia meu corpo responder de uma forma diferente, eu sei que neguei diversas vezes para , mas não tinha mais como fazer isso, eu estava apaixonado por e eu sentia, dentro da minha alma, que ela era a mulher da minha vida, aquela com quem iria passar o resto da vida.
E foi pensando nisso que finalmente criei coragem para mudar o status do nosso relacionamento de casual para namorando, eu queria poder apresentá-la para minha família, mesmo meus pais já sabendo que eu estava com ela ainda tinha o resto da minha família que não sabia, queria poder levá-la para Cambrigde, viajar com ela, ir vê-la dançar em outros países, adotar um cachorro, fazer tudo com ela, realmente pensar num futuro juntos. havia se tornando tudo para mim, era o que eu mais pensava durante o meu dia, mesmo tendo que lidar com mil e uma coisas do doutorado, ela me fazia ficar animado e fazer tudo com perfeição para que no final de semana eu voltasse para Londres e pudesse ficar com ela.
Ainda era quarta-feira, como a vontade e coragem tinham surgido, eu estava chegando em Londres no meio da semana mesmo para finalmente pedir em namoro, havia comprado um bom vinho e um anel para ela, faria uma surpresa, mas antes precisava contar para , eu sei que ela não iria apoiar, mas eu contaria mesmo assim, apertei os botões de comando do meu carro e imediatamente a ligação começou a chamar.
— Ei — Ela disse atendendo — Me ligando uma hora dessa? Já chegou do laboratório? Normalmente você me liga depois das 10 horas da noite e ainda nem são 7 horas…
— Oi, , eu estou bem sim e você? — disse meio dramático.
— A gente se fala todo dia, para com esse drama, .
Ri, era sensacional, e eu amava tê-la como irmã.
— Então, tenho uma novidade — contei.
— Qual? — estava animada, ela sempre gostava de todas as novidades que eu contava a ela, mas sobre essa eu não teria tanta certeza.
— Estou em Londres…
— Fazendo? — me cortou.
— Vou pedir a em namoro, inclusive, estou chegando na rua dela.
— O QUE? — gritou do outro lado da linha — Você bateu com a cabeça? Porque só pode ser essa a explicação.
não estava com um tom nada agradável.
— ….
— , eu estou apaixonado por ela, você estava certa! — disse firme.
— MAS EU NÃO QUERIA ESTAR CERTA — disse irritada.
— , eu gosto dela e estou preparado para isso, inclusive, acabei de estacionar meu carro em frente ao apartamento dela, preciso desligar — disse rápido para parar de ouvir minha irmã e fazer o que eu estava extremamente preparado para fazer.
— , se você quer namorar uma bailarina, eu te apresento uma que eu sei que não vai te fazer sofrer, mas a …
Desliguei o telefone antes de terminar a frase, eu já sabia o que ela falaria, agora era eu quem estava ficando bravo. poderia ter a opinião dela, mas não deveria interferir nas minhas decisões e não iria. Eu sei que ela ia ficar um dragão por eu ter desligado, mas depois a gente se acertava.
Retirei o cinto já respirando fundo, peguei os presentes que estavam no banco do passageiro e sai do carro, trancando em seguida. Eu ia fazer isso, era tudo o que eu queria e precisava.
Entrei dentro do seu prédio e me dirigi até o porteiro, Charles.
— Boa noite, Charles — o cumprimentei — está por aqui hoje?
Charles já estava mais familiarizado comigo, então já era mais simpático.
— Boa noite, . Sim, ela ainda não saiu. Posso te anunciar? — perguntou.
— Eu quero fazer uma surpresa pra ela, posso subir sem ser anunciado? — Eu precisava que ele deixasse, para que minha surpresa se concretizasse.
Charles pareceu pensar sobre algo, verificou algumas anotações em um caderninho e então voltou a olhar para mim.
— Normalmente eu não deixo isso acontecer, mas acredito que seja por uma boa causa e o senhor está sempre aqui mesmo, sempre vai para o apartamento dela, não vejo problema — Charles disse dando um sorriso.
— Muito obrigado! — respondi já me direcionando rápido para o elevador.
Apertei o botão do mesmo o solicitando já que não estava no hall.
— Vocês formam um belo casal — Charles disse enquanto eu aguardava o elevador.
— Nós somos! — respondi com um dos meus melhores sorrisos no rosto.
Charles tirou a sua atenção de mim e voltou para a TV, o elevador então anunciou a sua chegada, entrei apertando o botão do andar de . Enquanto estava no elevador me recordei da primeira vez que estive ali, o nervosismo era quase o mesmo, aquele dia era o de um primeiro encontro, hoje era porque eu queria que ela ficasse para sempre comigo. O elevador finalmente chegou no andar de , minhas mãos suavam, mas eu queria fazer isso, queria poder beijá-la e tocá-la para sempre.
Sai do elevador me dirigindo até a sua porta, aquelas sapatilhas na porta eram a coisa mais fofa do mundo, algo que me deixava ainda mais apaixonado por ela. Toquei a campainha e segundos depois escutei a porta começar a ser aberta.
— Okay, Duke, já estou descendo com as malas! — Escutei falar enquanto ainda abria a porta, e assim que ela me viu travou parecendo uma estátua — Já te retorno — Ela disse ao telefone antes de desligar.
— Duke? Você está indo viajar? — perguntei um pouco sem entender.
não respondeu apenas indicou com a cabeça para que eu entrasse. O apartamento dela estava com algumas coisas embaladas e várias malas estavam no canto da sala. Aquilo tudo estava ainda mais confuso para mim.
— O que está acontecendo? — perguntei tentando buscar uma explicação.
fechou a porta e parou atrás dela com os braços cruzados.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou com uma cara de poucos amigos.
Aquilo não era o que eu queria ouvir.
— Vim te fazer uma surpresa — disse mostrando o vinho em uma das minhas mãos — Mas fui eu quem foi surpreendido.
— Se você tivesse me ligado avisando que vinha, isso não teria acontecido — disse áspera.
— Eu vim te pedir em namoro, ! — disse de uma vez irritado. Essa reação dela havia sido um balde de água fria.
soltou uma gargalhada, não uma gargalhada de felicidade, uma gargalhada sarcástica.
— Quando você vai entender que eu não namoro, ? — Ela por fim disse ainda entre as gargalhadas.
Aquilo tinha atingido meu coração e o dilacerado de vez, mas antes mesmo que ela ou eu dissesse alguma coisa o interfone do apartamento tocou e saiu da sala indo até o objetivo que ficava na cozinha.
O que tinha acontecido com a minha doce ? Quem era aquela? Para onde estava indo? Com quem? O que significava tudo isso? Eu jurava que estávamos em sintonia e que ela estava gostando de mim da mesma forma que eu dela.
Ouvi voltar da cozinha, só agora tinha notado como ela estava vestida, ela realmente estava indo para algum lugar, mas antes que eu pudesse questionar novamente sobre algo a campainha tocou, foi até a porta abrindo e então o mesmo homem que eu vi com ela no restaurante entrou pela porta.
— Podemos ir? — Ele disse para ela sem ao menos me olhar.
— Preciso resolver uns problemas e já desço, pode levar minhas malas? — pediu ao homem parado na porta.
Mais uma facada, agora eu era um problema.
Quando ela disse isso ele virou o olhar até mim e disse um “ah” baixo.
Então, Duke apenas concordou com a cabeça, pegou as malas dela e saiu do apartamento.
— Quem é ele? Pra onde você vai? — A perguntei, eu estava tão confuso.
revirou os olhos e se sentou no sofá branco.
— Vou me mudar, estou de partida para Nova York — contou.
— O que? — eu estava realmente surpreso — Quando decidiu isso? E porque não me falou nada?
— E desde quando eu preciso de sua permissão para algo? — disse com aquele seu jeito superior de sempre.
— Achei que nós tínhamos algo — disse um pouco mais irritado.
— Achou? — soltou a sua gargalhada sarcástica novamente — , sweet, você nunca foi nada meu.
Engoli em seco quando ouvi aquelas palavras, e tudo o que tínhamos vivido, ficava onde?
— Nós apenas transavamos, nada além disso — Ela completou.
Mais uma facada no meu peito.
— Mas e os finais de semana, seus amigos, você em Cambridge, eu em Londres…
— Eu já sabia que ia me mudar desde aquele espetáculo em que nos conhecemos, vou ser professora na American Ballet Theater — ela começou a dizer com um ar superior e entediada por ter que explicar — Mas precisava ficar aqui por seis meses até a atual professora sair e meus documentos ficarem prontos, e eles ficaram. Quando você apareceu no meu camarim te vi como uma forma de passar o tempo aqui, um entretenimento, nada além disso.
— Você estava me usando? — perguntei incrédulo.
— E por que não? — respondeu — Nós tivemos momentos ótimos, mas não foram nada além disso.
Aquilo tinha feito meu sangue ferver, quem ela pensava que era.
— Ah, e não pense que não te vi com no café, vi sim, vi sua cara quando me viu com o Duke, ali eu já sabia que você sentia algo — disse rindo — Só quis continuar com isso, é muito bom ter alguém te idolatrando e você não sentir absolutamente nada pela pessoa.
A minha raiva já tinha me dominado por completo, eu sabia que um dia ela voltaria atrás, era impossível termos vivido tudo aquilo e ela nunca ter sentido nada, e quando ela sentisse, seria a minha vez de a usar.
— Você ainda vai precisar de mim, ah vai — comecei a dizer bufando de raiva — E quando você mais precisar, eu vou te rejeitar...
gargalhou e dessa vez gargalhou mais alto.
— Não vou mesmo, é você quem está precisando de mim agora e eu já estou fazendo isso com você.
Eu só queria ir embora e largar tudo para trás, esquecer que existiu, esquecer que ela havia entrado na minha vida e que havia brincado comigo. Não disse mais nada para ela, sai do meu lugar e fui em direção a porta pra sair dali.
— Ah, — Ela me chamou.
Olhei para trás encarando seus olhos e seu sorrisinho cínico.
— Você com certeza foi meu entertainer favorito.
E foi assim que eu saí por aquela porta deixando nossa história para trás. Apesar de tudo o que havia ouvido de ruim e da raiva presente no meu corpo naquele momento, eu precisava confessar que eu havia amado ; ela me hipnotizava com a sua dança e com seu corpo e fazia todo o resto do mundo parar de existir quando estava com ela, pois ela era a mulher perfeita. Porém, havia destruído meu coração e comido de sobremesa. Ela havia me surpreendido dizendo que eu era o seu entertainer favorito, porque na verdade ela era e sempre seria o minha...
Fim!
Nota da autora: Entertainer é a minha música favorita do Icarus Falls e fica empatada com Rear View em primeiro de todas a músicas do Zayn, eu não sei porque, mas eu amo cada parte dessa música, mesmo ela sendo “pesada” e devastadora. Pra quem já me conhece e lê histórias minhas, sabe disso, então foi um super desafio fazer a ficstape dela, porque fico morrendo de medo de todo mundo detestar, enfim, espero que tenham gostado, eu amei, mesmo com a pegada diferente.
Eu também tenho outras histórias no site, que inclusive são escritas com o Zayn, se caso alguém se interessar em conhecer, é fã e ídolo, mas tem uma pegada diferente, a fã quer conquistar ele e tudo isso se chama Backstage Queen [Link logo abaixo], que já está finalizada e também tem a sequência dela que se chama Queen of my heart [link logo abaixo]
E se caso alguém tiver interesse em conhecer mais sobre mim e minhas histórias podem entrar no grupo do facebook ou no grupo do whatsapp.
Outras Fanfics:
Backstage Queen
Queen Of My Heart
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