20. Bubble Wrap

Finalizada em: Fanfic finalizada

Prólogo

"I wish I could Bubble Wrap my heart
In case I fall and break apart..."


Ela tinha mentido para mim novamente.
E não, eu não esperava que ela fosse voltar a fazer aquilo.
Eu sabia que ela era diferente de tudo que tinha visto no momento em que a conheci. era algo fora do normal, assustava os homens e fazia as mulheres sentirem uma inveja tão profunda que podia ser percebida por onde ela passava.
Seus olhos sempre doces, sempre angelicais. O oposto de sua alma.
Mas aquela foi a última vez que a via sair pela porta da minha mansão, ela nunca mais voltaria. Eu estava imune ao furacão .


CAPÍTULO 1

"I'm a little dazed and confused
Life's a bitch and so are you..."


Alguns anos antes...
Eu estava sentado no sofá da minha casa. Eu estava dando uma grande festa, comemoração porque meu time tinha ganhado o campeonato espanhol e as festas sempre rolavam na minha mansão. Isso porque eu não importava com a bagunça que eles faziam na minha casa. Eu sempre fui um fã de festas, essa era a grande verdade.
— Ei, pode me falar para que lado fica o banheiro? — uma garota loira sorridente, visivelmente bêbada, perguntou se aproximando demais de mim, exibindo um decote avassalador, que mostrava parte dos seios dela.
— Primeira porta daquele corredor — eu respondi, acostumado com aquele tipo de aproximação, e sorri da garota, que continuou sua saga.
— Poderia me levar lá?
— Ei, Laurel — uma garota chamou a oferecida, que já estava quase se sentando em meu colo. Eu paralisei quando a vi. — Me desculpe. Minha irmã se descontrola um pouco quando bebe.
— Sem problemas. Você precisa de ajuda?
— Seria bom se pudesse me ajudar a levá-la até meu carro — ela disse, tentando, em vão, puxar a irmã do sofá. A essa altura, a garota bêbada já tinha apagado.
Eu me levantei e peguei Laurel nos braços, ela era tão leve quanto uma pena. Eu passei pelas pessoas aglomeradas pela mansão, e elas nem notaram muito quando me movimentei. Carreguei a garota até o carro de luxo que a irmã de Laurel apontou.
— Sério, eu nem sei como te agradecer.
— Eu sei como — eu falei, colocando a garota bêbada no banco do carro e me virei para a até então desconhecida. — Me dê seu nome e número de telefone.
— Ah... Eu não posso — eu ia insistir, pensando que ela estava fazendo aquilo por conta da minha reputação não muito favorável, mas ela cortou minhas ideias. — Eu tenho um noivo bem ciumento.
— Claro. Linda desse jeito, não estaria sozinha. Posso saber quem é? É do time?
— Sim — ela respondeu. — Heinrinch Decker.
Eu quase engasguei quando ouvi o nome do técnico alemão que tinha começado a treinar nosso time na última temporada. Sorri meio sem-jeito e então voltei a falar, porque eu não desistiria daquela mulher facilmente.
— Ele não precisa saber, além do mais, pedi apenas seu nome.
— E meu telefone. Acho que não ia querer meu número para nada, .
— Você sabe quem eu sou e eu não sei quem você é ainda — sorri, sabendo que estava brincando com fogo. — Não acha isso um pouco injusto?
— A vida não é justa — ela piscou antes de entrar no carro, eu me afastei para que ela manobrasse. Ela parou o carro bem perto de mim, apertou o botão e abaixou o vidro da janela. — — ela estendeu um cartão e me entregou. — Nunca me ligue antes das onze da noite.
Ela acelerou o carro e eu fiquei ali, parado como um babaca, olhando para o carro que saía da minha vista pelo caminho que conduzia até a saída da minha casa. Olhei para o cartão, ela era design de interiores e eu decidi que precisava redecorar o ambiente da minha mansão naquele mesmo momento.

xxx


— Só aceitei jantar com você porque me contratou, disse, passando um lábio contra o outro de forma lenta, como se estivesse pensando em algo.
Já haviam se passado vários meses desde aquela festa em minha casa, o dia em que nos conhecemos e que me senti incrivelmente atraído pela noiva do técnico do meu time. Eu a havia convidado para jantar em minha casa com a desculpa de olhar por cima, para ter uma ideia do que poderia fazer no local. Mas a verdade é que não ligava a mínima para o que ela faria, eu só queria tê-la por perto.
— Eu sei, foi minha última jogada. Depois de tantas ligações para você e tentativas frustradas de sairmos, usei seu trabalho como cartada final. Parece ter dado certo.
— Eu avisei, sou comprometida. Nunca te dei esperanças.
Eu quis jogar na cara dela que ele a traía, mas desisti, porque fiquei com medo de fazer um estrago horroroso ali e não queria estragar a chance que ela estava me dando. Aquele jantar era para me aproximar da única mulher que me fez ficar completamente vidrado.
— Não era isso que parecia quando conversávamos ao celular ou por mensagens de texto.
Disse, lembrando-a das conversas que beiravam a intimidade, ela sempre recuava quando começava a virar um sexting de verdade, mas a vontade estava lá nas respostas ácidas e cheias de duplo sentido.
— Vai me dizer que nunca fez esse tipo de coisa, ?
— Não quando estava namorando. Imagino que estando noiva, o nível de comprometimento é maior ainda.
— Vai me mostrar os cômodos que quer eu trabalhe? — ela disse, mudando de assunto.
— Claro.
Mostrei cada um dos cômodos com paciência, enquanto ela analisava com calma e fazia anotações. Eu, enquanto isso, a analisava da mesma maneira que ela fazia com os cômodos da minha casa.
Depois de certo tempo, descemos e fomos até a sala de jantar, de forma agradável dividimos histórias de vida, mas sentia que ela escondia algo muito sério por trás daqueles olhos profundos.
— O que te levou a se interessar por Decker? — perguntei de supetão, ela me olhou por alguns milésimos de segundos antes de responder.
— Ele cuidou de mim quando eu precisei, conheço ele há anos.
— Ah, sério? Desde quando?
— Eu era adolescente quando ele ia a minha casa, e antes que pense com essa cabeça pervertida, não aconteceu nada. Ele era bem mais velho, mas quando fiz vinte anos, as coisas começaram a mudar.
— Vinte e cinco anos de diferença. Nem é muito — falei de forma irônica e revirou os olhos. — Certo, me desculpe.
— Enfim, ele me chamou para sair e eu aceitei. Fim da história.
— Você sabe quem é ele de verdade, ? — falei e quis me socar por estar falando aquilo, mas era tarde demais.
— Sei dos defeitos dele, .
— Sabe que ele te trai? Que ele sempre arruma uma mulher diferente nas festas de comemoração que você não vai?
comia a sobremesa e parou, a colher suspensa no ar com um bocado de mousse de chocolate, ela mordeu o lábio inferior e colocou a colher de volta no recipiente.
— Se me trouxe aqui para difamar meu noivo, me avise. Irei embora agora mesmo — ela falou, seus olhos profundos e misteriosos.
— Não. Me desculpe — pedi, de forma sincera. Ficamos em um silêncio que era constrangedor, e eu nunca passava por aquilo com mulher alguma.
— Eu sei que ele me trai, — ela falou simplesmente, quebrando o silêncio e me fazendo olhar para ela. — Eu só não me importo.
— Como assim? — perguntei, visivelmente curioso com aquele tipo de relação que ela possuía com o Decker.
— Eu sou cheias de segredos, . E eles não são bonitos.
— Eu também sou cheio de segredos, . Eles também não bonitos, mas não me importaria em dividir com você, se quisesse — eu falei e ela sorriu, bebeu um gole de água e então se levantou.
— Eu não sei se estou preparada para ouvi-los — ela abriu um sorriso que me fez estremecer. — Eu preciso ir embora. Te mando um e-mail com as ideias e com o orçamento.
— Você não pode me mostrar pessoalmente? — me levantei e fui guiando-a até a porta, paramos na mesma.
— Você não desiste, não é? — ela disse, sacudindo a cabeça com um divertimento visível nos olhos.
— Acho que já percebeu como sou determinado — eu falei, abrindo um sorriso e ela assentiu.
— Eu também sou determinada, e continuo firme. Melhor parar com essa ideia de tentar me conquistar, não vai dar certo.
— E eu posso saber o motivo? Porque, até onde eu percebo, você está sendo bem recíproca com tudo isso — eu falei, tombando a cabeça para um lado.
— Você é bem sonhador — ela disse e se virou, ia embora quando eu segurei sua mão, fazendo-a vira para mim. Seus olhos brilharam surpresos com a minha atitude, ela olhou para as nossas mãos entrelaçadas e depois seus olhos encontraram os meus.
Eu a puxei para perto, ela negou com a cabeça, mas antes que ela pudesse dizer outra palavra, colei meus lábios aos dela, e eu achei que ela fosse me empurrar ou recuar, mas ao contrário disso, seus braços circundaram meu pescoço.
E sua reação foi o suficiente para aprofundarmos o beijo, tornando-o intenso e cheio de desejo. Mas não durou muito depois disso, ela acabou com o meu momento sublime e mordeu meu lábio inferior, atiçando meus instintos.
— A gente não devia fazer isso — ela falou com os lábios vermelhos, seus nariz encostando ao meu de forma carinhosa, e seus olhos fechados.
— Mas a gente fez.
— É. Acho que eu só lamento por você, — ela disse e se afastou, um sorriso tímido surgiu em seu rosto e eu provavelmente a olhei confuso. Ela não me deu tempo nem mesmo de perguntar o motivo daquela afirmação, pois ela acenou brevemente e saiu andando, me deixando parado com o coração quase saindo pela boca.


CAPÍTULO 2

"And you wrote a book of how to be a liar
And lose all your friends..."


Os dias passaram devagar, e não dera nenhum sinal de vida, o que me deixava angustiado, me sentindo um fracassado, que a vida inteira teve a mulher que queria e, quando na verdade se dava conta de que queria uma única mulher, ela não estava nem um pouco interessada, ou estava e fingia não estar. A merda era aquela, eu estava interessado em alguém que me confundia até o último fio de cabelo.
Eu comecei a jogar quando era novinho, uma criança ainda, e logo um olheiro me viu fazendo dribles que um garoto de 11 anos não fazia normalmente, e foi muito rápido, quando me dei conta, estava em uma escola preparatória de futebol de um grande time. Depois disso, fui só melhorando, aprimorando, e quando fiz 18 anos entrei para o time principal daquele time que tinha me acolhido com tanto carinho.
Eu conseguia o que queria, quando queria, principalmente depois de ter começado a despontar no time e ter ficado famoso pelos vários gols que marcava, ou pelos meus dribles que impressionavam.
Com minha ajuda no time, fora vários títulos e os torcedores me veneravam. Quando me lesionava ou ficava fora de um jogo importante, era quase como se todos eles morressem de desespero. Houve uma época em que até eu achava que o time só prestava se fosse comigo em campo, uma fase em que a fama atingiu minha cabeça, quando eu ganhei várias vezes seguida o título de melhor do ano, mas essa fase passou rapidamente quando tive uma lesão e fiquei 6 meses sem jogar. Me fez repensar em tudo, e eu mudei completamente.
Não parei de comer várias nas noitadas, nem de aproveitar tudo que a fama podia me oferecer, mas me transformei em alguém menos babaca e me tornei o que os caras começaram a chamar de careta, porque cada vez menos fazia bagunça com eles. Coisa da cabeça deles, porque nunca deixei de gostar de uma boa diversão.
Mas desde que conheci , eu confesso que talvez tenha me tornado um careta, que até quando faz sexo com outras garotas, fica imaginando como seria gostoso foder a noiva do técnico do time. Elas perdem a graça fácil, não há atração, é só o desejo de satisfazer o tesão e pronto.
— Preparado? — Larry, zagueiro do time e meu amigo mais próximo, me perguntou. Estávamos enfileirados, prontos para entrar no jogo, que era uma semifinal.
— Sempre.
— Não parece.
— O que quer dizer? — perguntei, alarmado.
— Sei lá, você anda estranho por esses dias — Larry respondeu e eu ia falar algo, mas deixei de lado, pois era a hora do show.
Noventa minutos de puro suor, e uma vitória de 1x0. O gol não saiu dos meus pés, e sim dos pés de Gerard, uma nova promessa do futebol espanhol. Troquei a camisa com um jogador do time adversário, e segui para o vestiário pensando em tomar uma boa ducha e ir para a casa dormir.
Os outros jogadores me perguntavam ou comentavam algo comigo, mas nem pensava muito nas respostas, todas saíam monossilábicas. Terminei de me vestir e peguei meu celular.
Uma nova mensagem.
O nome brilhava na tela perto da notificação.

"Está no estádio? Preciso falar com você. Estou no estacionamento."

Não pensei duas vezes e saí dali do vestiário me despedindo dos caras, que me perguntavam porque estava tão calado, apenas mandei um sorriso para eles, que nem sei se viram o gesto.
Assim que cheguei a porta que dava acesso ao estacionamento, a avistei. Ela estava perto da porta, vestia uma blusa preta e uma calça que parecia de couro, preta também, os saltos altíssimos, que a faziam mais sensual do que já era.
Me aproximei e encarei seus olhos profundos, ela abriu um sorriso sem-jeito.
— Preciso que me leve embora daqui. Não me pergunte nada, apenas me leve para bem longe. Pode ser? — ela pediu, e eu assenti. Estava surpreso pelo pedido e, claro, muito curioso para saber o que tinha causado aquele pequeno surto de .

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— Como descobriu esse lugar? — perguntou enquanto estávamos sentados em frente a um lago.
— Eu venho aqui quando fico muito ansioso antes de algum jogo, esse lugar me relaxa.
— Entendo o motivo. Tem apenas alguns minutos que estou aqui e já me sinto mais tranquila. Obrigada.
— Eu posso saber o motivo? Sei que é cheia de segredos, mas mereço uma recompensa por ter te ajudado.
— Você não tem jeito — ela disse sorridente. — Eu fiz escolhas a alguns anos, . E essas escolhas me fazem entrar em colapso em alguns momentos.
— Escolhas. Hummm, entendo.
— Não vai perguntar quais escolhas foram essas?
— Não. Já sei o suficiente sobre você para saber que não me contaria.
— Aprendeu rápido.
— Sou um ótimo aprendiz — disse e pisquei.
— Você quer conhecer meu apartamento? — ela perguntou e eu a olhei franzindo o cenho, ela riu, se divertindo com minha expressão de espanto.
— Só para me fazer companhia, me sinto sozinha nos dias de comemoração do time — ela falou, e pela primeira vez percebi que ela estava abrindo um pouco de si para mim. Revelando algo que ninguém gosta de admitir.
— Porque não chama sua irmã? — perguntei, me lembrando do dia da festa em minha casa.
— Eu não gosto de mostrar para todos o quanto ficar com Decker é deprimente — eu a olhei, a minha expressão provavelmente estava de espanto absoluto, pois ela sorriu e assentiu. — Feliz? Era isso que queria ouvir, não era?
— Você me ofende ao pensar assim — falei, olhando em direção ao lago novamente. — Fico terrivelmente triste por saber que está com alguém que não gosta. Eu não me importo se está ou não com ele, ou se não se interessa por mim. Eu só quero que seja feliz.
Falei aquilo sabendo que no fundo era uma merda das grandes. Era óbvio que eu me importava por ela estar com Heinrinch, e também me importava por ela não querer ficar comigo. Mas eu queria mesmo que ela fosse feliz, independente de ficar comigo ou não.
Ela segurou meu queixo com a mão fria e virou meu rosto para si, me puxou em sua direção e então depositou um beijo quente em meus lábios, eu a olhava com adoração enquanto ela embrenhava os dedos em meus cabelos e fazia nosso contato cada vez mais tentador.
Minhas mãos deslizaram em sua cintura, e brincaram com a mesma por debaixo da blusa. Nossas línguas contemplando um momento íntimo e talvez o mais delicioso da minha vida, eu sabia que beijo nenhum seria como o dela desde o dia em que ela havia jantado em minha casa, mas ali eu tive certeza que as mulheres do mundo estavam arruinadas. Elas sempre teriam o defeito de não ser .
Quando separamos nossos lábios, ficamos nos encarando, as testas coladas.
— Seu apartamento? — perguntei e ela riu antes de assentir com a cabeça.

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O apartamento dela era simples, algo moderno e limpo. Ela usava branco, preto e cinza em todo o espaço da casa. Móveis, enfeites, candelabros, tudo, tudo mesmo, parecia mais do que planejado.
— Pode ficar à vontade — ela disse, apontando para o sofá e eu assenti, me sentando no mesmo. — Vou pegar uma bebida pra gente. Pode ser um vinho?
— Claro. Eu adoro.
Ela ficou alguns minutos desaparecida, mas voltou trazendo duas garrafas de vinho, e eu percebi que eram vinhos caros. Algo difícil de possuir se não tiver bom gosto e dinheiro.
Ela colocou as garrafas sobre a mesa e foi até a cozinha, voltando com duas taças. Sentou-se ao meu lado e serviu vinho para nós. Segurou um controle remoto, apontou para a lareira e após pressionar um botão, as labaredas subiram crepitando pelo ar.
— Seu apartamento é lindo — comentei, bebendo um gole logo em seguida.
— Obrigada. Demorei um ano para conseguir colocar tudo o que queria aqui dentro, sem contar as modificações que fiz no local, foi uma briga complicada com o locatário.
— Ficou perfeito.
— Tudo o que faço é perfeito — ela falou, me olhando desafiadora.
— Não posso afirmar ou negar sobre isso, . Não fez nada que julgasse perfeito até hoje para mim.
— Não vou cair nessa — ela riu e depois ficou em silêncio. — Ei, obrigada pela força hoje.
— Não quer me contar o que aconteceu?
— A história não é bonita.
— Eu aguento o tranco. Pode contar.
— Não sou boa em contar, mas vou dar um resumo. Pode ser? — ela perguntou e eu assenti antes que ela prosseguisse. — A família do Heinrinch era muito amiga da minha, o próprio Heinrinch, aliás, era de confiança do meu pai. E então eles resolveram abrir um negócio juntos, e no começo foi ótimo, mas de repente o dinheiro começou a diminuir consideravelmente, mesmo que na empresa aumentasse cada vez mais os clientes. Meu pai percebeu que havia algo de muito errado, e quando se deu conta, Heinrinch tinha aberto outra empresa paralela, e o canalha deixou funcionando dentro da empresa do meu pai.
— E isso me deixa com a pergunta: Porque está com esse cara mesmo?
— Vingança.
— Ah, claro — falei em tom de desgosto. Vingança sempre machucava mais a pessoa que a procurava por ela do que o alvo da mesma.
— Porque esse tom?
— Tenho a ideia de que a vingança não trará benefícios para você.
— Eu só preciso me casar e arrancar o dinheiro dele, depois o humilhar da mesma maneira que ele fez com meu pai quando ele enfrentou Heinrinch em busca de respostas.
— Acha que vai se sentir bem depois disso?
— Tenho certeza.
— Apesar de não concordar, fico feliz que esteja dividindo isso comigo. O que te leva a confiar em mim dessa maneira? Não me conhece há muito tempo.
— Eu sei que não gosto do seu técnico e por algum motivo estranho me sinto conectada a você.
— Ah, por favor. Corta essa.
— É sério. E foi por isso que resolvi te evitar, porque senti uma atração forte por você de cara, e quando a gente começou a conversar por mensagens e telefonemas, percebi o quanto somos iguais.
— Como assim?
— Você batalhou e lutou muito pelo que queria, e conseguiu. Hoje é o jogador mais bem pago da Europa, sua foto está estampada em revistas, jornais, e é o garoto propaganda de várias marcas famosas. E eu tenho a mesma garra e determinação, eu tomo uma decisão e vou com ela até o fim.
— É uma qualidade e tanto, mas pode ser um defeito.
?
— Sim? — eu me virei, olhei para ela e seus olhos me engoliram por completo enquanto ela se aproximava e depositava um beijo leve e provocante em meus lábios. Eu a abracei, puxando-a para mim enquanto aprofundávamos o beijo.


CAPÍTULO 3

"Cause this is the last time
I give up this heart of mine
I'm telling you that I'm
A broken man who's finally realised"


Eu e estávamos juntos há um ano.
E não. Ela não tinha terminado com Heinrinch. Eu era o amante, eu era o outro.
Ela havia prometido que assim que se sentisse vingada, poderíamos contar do nosso relacionamento para o mundo. Mas eu desconfiava que aquilo fosse acontecer realmente.
O motivo era que ela havia se casado com Heinrinch e o andamento do plano dela deveria estar finalizando, mas pelo que ela estava prestes a me dizer, a coisa toda tinha desandado.
— Sozinho?
— Sou a estrela do time, . Tenho meu próprio espaço, não preciso dividir vestiário com ninguém, a não ser que eu queira, e hoje não estou com muita vontade de olhar para meus colegas. O que faz aqui?
— Vim te parabenizar pela vitória — disse, com um sorriso malicioso no rosto.
— Eu estou suado. Vai me abraçar assim mesmo?
— A gente resolve isso.
Ela se aproximou de mim e retirou a minha camisa, jogando-a no chão, todo o resto seguiu o mesmo caminho, e as roupas dela também. Entramos no chuveiro juntos, aproveitamos aquele tempo juntos. A ideia de sermos pegos fez com o sexo fosse mais quente do que o normal, eu adorava aquele jeito safado de . Tínhamos um fogo que não se apagava nunca.
— E então, o que queria falar comigo?
— Quem disse que eu queria falar? Queria foder com você debaixo do chuveiro, isso não ficou claro? — ela disse e um sorriso esperto surgiu em seu rosto, eu assenti e minha expressão de que aquilo era obviamente mentira. — Certo, eu vim te contar uma coisa.
— O quê?
— O plano não está indo como achei fosse acontecer.
não me contou exatamente qual era o plano dela, não sabia o que ela pretendia fazer e não fiz questão de me intrometer naquela história. Ela sabia que eu não estava interessado em me meter naquela sujeira toda, e que eu só queria que no fim das contas pudéssemos ficar juntos.
— Sério? , eu não sei se você percebeu, mas eu parei minha vida por você. Eu não namoro ninguém há um ano, e as pessoas já estão começando a achar que eu virei broxa ou algo assim.
— Eu não fiz nenhuma proibição de namoro por sua parte.
— Porra! Você ouviu o que acabou de dizer? Acabou de falar que eu posso foder outras pessoas e você não se importa? Eu adoraria fazer isso, ! Adoraria fazer se eu não te amasse.
respirou fundo, uniu os lábios em linha fina e então me olhou daquela maneira estranha, como se me engolisse, uma lágrima escapou de seus olhos.
— Lembra-se de quando demos nosso primeiro beijo? Eu te disse que não desisto do que eu quero, . E que eu me afastei de você porque sabia que o que tínhamos era uma ligação muito forte, eu sabia que se alguma pessoa pudesse me fazer mudar de ideia, seria você. Eu confesso que estou sentindo uma vontade muito grande de desistir, mas o amor que sinto por você não sobrepõe a dor que fora transmitida através dos olhos do meu pai quando ele estava morrendo. Eu quero me vingar, . Me desculpe, mas isso entre nós não vai dar certo se você se colocar no meu caminho.
Era isso, ela estava terminando comigo por amá-la. Enfiando a porra de uma faca através do meu peito após termos feito sexo quente, após um ano de companheirismo, mais meu do que dela. Eu era o trouxa do relacionamento.
— Estamos acabados, então?
— Pelo menos até eu me vingar de Heinrinch não posso ficar com você.
— Quer dizer que eu vou ter que esperar por você? Não é algo justo.
— Viva a sua vida, meu amor. Se no fim das contas você ainda me amar, a gente conversa e resolve isso — ela disse, lágrimas caindo de seus olhos, rolando por seu rosto enquanto saía do banheiro. E eu senti como se ela arrancasse a faca cravada em meu peito, e me deixasse sangrando para morrer ali naquele banheiro.

xxx

"You're standing in moonlight
But you're black on the inside
Who do you think you are to cry?
This is goodbye..."


Eu e nos vimos várias vezes, mas não voltamos a nos relacionar. Ela se afastou por completo e ignorava quando eu agia de forma patética, pedindo que ela voltasse a se relacionar comigo. Ela sempre ignorava as mensagens e ligações.
Mas isso foi até ela me procurar, dias atrás, prometendo que enfim poderíamos ser felizes juntos. Pediu que eu terminasse com a minha nova namorada, falou que estava cansada de tentar se vingar e roubar todo o dinheiro de Heinrinch.
É, esse era o plano dela. Roubar o dinheiro dele e humilhá-lo depois.
Eu aceitei. Não entendia o motivo, no fundo achava que me ferraria de novo, mas meu sentimento por ela nunca sumira e eu acreditava que a única maneira de realmente viver bem e feliz era com ela.
Meu contrato com o time acabaria no verão, dali um mês, e eu ainda pensava se continuaria com a carreira ou a abandonaria para viver em algum lugar novo e isolado com ela por algum tempo. Seria tudo novo, eu perderia emprego e status, mas teria comigo, e isso era tudo o que importava.
— Tudo pronto? — perguntei assim que chegou em minha casa. Ela pulou em mim, circundando as pernas em volta da minha cintura, e eu entrelacei os braços na cintura dela antes de nos beijarmos.
— Não sei se vai dar certo — ela disse, acariciando meu rosto. Senti tudo despencando dentro de mim.
— O quê?
— Eu achei que não fosse dar conta mais de viver ao lado de Heinrinch, mas acontece que surgiu uma nova chance. Ele parece estar doente, não parece ser nada bom — ela falou com naturalidade, parecia até feliz com a notícia.
Ela desceu do meu colo e caminhou até o sofá, se jogando nele.
— Como?
— Um câncer raro, parece que o tratamento é novo e não é muito eficaz, estão trabalhando em um melhor, mas o estágio do câncer de Heinrinch é avançado. Não há muito que fazer, ele morre e o dinheiro é meu.
Foi então que a ficha caiu. Estava tudo errado.
era um monstro e ali estava ela me machucando novamente, pensando apenas em si mesma, como se aquilo fosse natural.
— Eu sei que prometi que íamos para um local bem distante e aproveitaríamos só nós dois, mas eu preciso continuar com ele, preciso continuar por perto até ele morrer — ela falou e tombou a cabeça. — Mas não precisa ficar com essa carinha. Não vou terminar com você dessa vez, eu percebi que esse tempo todo distante de você me deixou péssima. A gente pode ficar como antes, sabe?
— Eu sendo seu amante?
— É. Se quiser, pode até continuar com sua nova namorada, para manter as aparências, e depois a gente inventa para imprensa que se apaixonou nessa fase difícil que estou passando com meu marido e pronto. Final feliz.
— Final feliz? — eu perguntei, minha voz cheia de amargura. — Final feliz só se for para você, né? Não pensa nos outros, ? Não pensa nas coisas que me pediu para fazer por você? Porra, eu ia abandonar minha carreira, terminar um namoro que, apesar de recente, não me traz nenhum desgosto e, aliás, eu gosto muito da Noemi.
— Eu não estou entendendo esse tom de voz, e todo esse discurso — se levantou e já ia em direção à porta. — Quando seu estresse passar, me liga.
Eu corri e bloqueei sua passagem, ela me olhou surpresa diante da minha atitude.
— Eu vou te explicar esse discurso. Acabou, . Eu não sou seu brinquedinho sexual, cansei de ser um idiota que aceita tudo o que você quer, não me importo se você precisa se vingar e se a dor que viu nos olhos do seu pai é maior do que o seu sentimento por mim! Aliás, se prepare, porque a dor que você vai sentir quando sua vingança acabar vai ser muito pior, pois vai acabar sozinha. Nem mesmo sua irmã te quer por perto, sua mãe está em um asilo, esquecida. Eu não entendo onde estava com a cabeça para me deixar levar por isso que sinto por você, !
— Como você ousa falar tudo isso comigo? E dessa maneira, como se eu fosse suja?! — ela gritava comigo, lágrimas rolando pela sua face.
— Você é linda por fora, , mas a sujeira que há dentro de você é dez vezes maior. E não quero mais ouvir você e suas merdas, você não consegue conversar direito. Tudo que fala, acaba se tornando sobre você mesma, já conseguiu pensar em outra pessoa alguma vez na sua vida? Edifica o ser humano.
Eu abri a porta e indiquei a saída, ela enxugou as lágrimas em seu rosto.
— Então acabou?
— Sim. E dessa vez, é para sempre, .
E então ela saiu.
Era o fim e confesso ter sentindo um vazio pesado dentro de mim, mas eu sabia que, se fosse pelo outro caminho, me veria preso a um relacionamento infeliz. Ela não estava cem por cento para mim, e por mais que eu a amasse, ainda tinha o amor próprio e sabia que merecia ser feliz, assim como esperava que ela fosse também.


FIM!



Nota da autora: Obrigada por ter lido e espero que não esteja com vontade de me assassinar por esse final haha Mas eu avisei que não era uma história bonita de amor :(
Caso queira ler minhas outras fanfics (que são de muito amor) é só entrar lá no grupo das minhas fanfics "A confused heart", "Our life together", "Torn" e "03.Don't hold the wall".
Beijão e até a próxima! ;)



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